UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR RESUMO (Seminário de Tema Livre) A FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO E SEUS ORGANISMOS ASSOCIADOS Mestranda: Hellen R. Martins dos Santos Orientador: Eduardo Gross O nitrogênio (N) é considerado elemento essencial para os organismos vivos, pois juntamente com o carbono, oxigênio e hidrogênio, está presente na composição das mais importantes biomoléculas, tais como ATP, NADH, NADPH, clorofila, proteínas e inúmeras enzimas [1,2]. A fixação do nitrogênio atmosférico em amônia e posteriormente em compostos orgânicos é uma parte crucial no ciclo do nitrogênio. A nitrogenase, enzima responsável por essa fixação, tem uma ampla distribuição taxonômica em organismos procariotos (bactérias e arqueobactérias), mas está confinada a um limitado número de espécies. Entre estas, os rizóbios, bactérias fixadoras de nitrogênio simbiontes que formam estruturas hipertróficas (nódulos) nas raízes das leguminosas, são conhecidos como os maiores contribuintes para esse processo. Estes microssimbiontes são um grupo de α-Proteobacterias aeróbias obrigatórias sem endósporos, que possuem a enzima nitrogenase e na simbiose com leguminosas cedem a amônia e absorvem fotossintatos da planta hospedeira, estabelecendo assim uma relação mutualística [3]. A nitrogenase parece estar organizada em um “cluster”, no cromossomo ou em plasmídeo dependendo da espécie bacteriana, com diversos genes denominados de nif (nitrogen fixation) responsável por codificar proteínas envolvidas diretamente no processo de fixação biológica de nitrogênio [4]. A simbiose entre rizóbios e leguminosas é muito importante por poder dispensar parcial ou totalmente a utilização de fertilizantes nitrogenados, contribuindo assim para a nutrição da planta e aumento do N2 disponível no solo. A diversidade de bactérias fixadoras de nitrogênio é bastante ampla, elas podem ser do tipo simbiontes mutualísticas, como rizóbios, Frankia e Burkholderia, ou de vida livre, como cianobactérias, Beijerinkia e Clostridium. Algumas espécies de vida livre são freqüentemente encontradas em associação com raízes de plantas e, devido à sua habilidade de interferir na morfologia das raízes e crescimento das plantas, podem ser consideradas rizobactérias promotoras de crescimento de plantas (RPCPs) [5]. As bactérias fixadoras de nitrogênio não pertencem a um único grupo filogenético. Segundo classificação a partir do seqüenciamento de RNA ribossômico [6], existem bactérias fixadoras de nitrogênio em proteobactérias, cianobactérias, bactérias Gram positivas e bactérias verdes enxofradas. As alfa e betaproteobactérias podem se associar com as raízes de plantas da família Leguminosae (Fabaceae). As leguminosas são, geralmente, divididas em três subfamílias: Caesalpinoideae, Mimosoideae e Papilionoideae, as quais diferem bastante em relação ao hábito de crescimento de suas espécies, assim como na capacidade de formar simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio. Essas plantas apresentam uma grande diversidade anatômica e morfológica de seus nódulos, mas basicamente, estes podem ser classificados em dois tipos: os determinados e os indeterminados, os quais diferem anatomicamente, dentre outras características, pela presença de um meristema permanente no ápice do nódulo, nesse caso, classificado como indeterminado. Os diferentes tipos de nódulos geralmente estão relacionados com a tribo a qual a planta pertence [5]. Devido à importância ecológica e econômica dos rizóbios e com o surgimento e aplicação de novas técnicas moleculares, esses microrganismos têm sido intensivamente estudados durante a última década. Entretanto, a nodulação somente tem sido avaliada numa pequena parte das leguminosas (8% num total de 18000 espécies conhecidas) [7]. Não existem dúvidas, portanto, sobre a ocorrência de grande diversidade dessas bactérias ainda por ser explorada, com possibilidades de surgimento de novas espécies em estudos futuros, especialmente em leguminosas nodulíferas tropicais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: [1] Miflin, B.J.,Lea, P.J.The pathway of nitrogen assimilation in plants. Phytochemistry, New York, v.15, 1976. [2] Harper, J.E. Nitrogen metabolism. In: BOOTE, K.J.,BENNETT. J.M., SINCLAIR, T.R. et al. Physiology and determination of crop yield. Madison: ASA/CSSA/SSSA, 1994. [3] Moreira, F.M.S. & Siqueira, J.O.. Microbiologia e bioquímica do solo. Editora UFLA: 2002. [4] Sprent, J. I.. Nodulation in Legumes. Kew: Royal Botanic Gardens, 2001. [4] Baldani, J. I.; Baldani, V. L. D. History on the biological nitrogen fixation research in graminaceous plants: special emphasis on the Brazilian experience. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v.77, 2005. [6] Woese, C. R. Bacterial evolution. Microbiological Reviews, v. 51, 1987. [7] Sprent, J.I. Legume trees and shrubs in the tropics: N2 fixation in perspective. Soil Biology and Biochemistry, v. 27, 1995. Ciente: