Conhecimento Sobre a Insuficiência Cardíaca em Participantes e

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International Journal of Cardiovascular Sciences. 2016;29(6):453-459
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ARTIGO ORIGINAL
Conhecimento Sobre a Insuficiência Cardíaca em Participantes e não Participantes de
Reabilitação
Knowledge About Heart Failure in Participants and Non-Participants Cardiac Rehabilitation
Christiani Decker Batista Bonin1, Rafaella Zulianello dos Santos1, Nathascha Erkmann2, Viviane Fernandes de
Souza2, Amberson Vieira de Assis3, Magnus Benetti1
Universidade do Estado de Santa Catarina1, Florianópolis, SC; Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis2, São José, SC; Instituto de
Cardiologia de Santa Catarina3– Brasil
Resumo
Fundamento: A insuficiência cardíaca é uma síndrome de caráter sistêmico, cuja complexidade, agregada à falta de
conhecimento dos pacientes sobre a doença, pode afetar a aderência ao tratamento.
Objetivo: Comparar o nível de conhecimento sobre a doença de pacientes com insuficiência cardíaca, participantes
e não participantes de programas de reabilitação cardiopulmonar e metabólica.
Método: Estudo transversal com amostra intencional estratificada em dois grupos: 61 participantes e 62 não participantes
de programas de reabilitação. O nível de conhecimento sobre doença foi avaliado por meio de um questionário.
Resultados: Os participantes de reabilitação apresentaram maior conhecimento quando comparados aos não
participantes (41,9 ± 8,5 e 33,8 ± 11,6, respectivamente; p < 0,003) e houve correlação negativa moderada entre idade
e nível de conhecimento apenas no grupo não participante de reabilitação (p < 0,001).
Conclusão: Pacientes portadores de insuficiência cardíaca que participam de programas de reabilitação apresentaram
mais conhecimento sobre sua doença em relação aos não participantes. (Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(6):453-459)
Palavras-chave: Insuficiência Cardíaca; Reabilitação; Adesão à Medicação; Inquéritos e Questionários.
Abstract
Background: Heart failure is a systemic character syndrome whose complexity aggregate to lack of knowledge of the patients about the disease
can affect adherence to treatment.
Objective: To compare the level of knowledge about the disease in patients with heart failure participants and non-participants of
cardiopulmonary and metabolic rehabilitation programs.
Method: Cross-sectional study with an intentional sample stratified into two groups: 61 participants and 62 non-participating of rehabilitations.
The level of knowledge about the disease was assessed by the questionnaire.
Results: Participants rehabilitations had higher knowledge when compared to non-participants (41.9 ± 8.5 and 33.8 ± 11.6, respectively;
p <0.001). The level of knowledge had positive correlations with sociodemographic variables schooling for both group of rehabilitation (p <
0.001) and for the group of non-participants (p < 0.001). We found moderate positive correlation between income and the level of knowledge
only in the group of rehabilitation participants (p < 0.003) and moderate negative correlation between age the level of knowledge only in the
non-participant group of rehabilitation (p < 0.001).
Conclusion: Patients with heart failure participating in rehabilitations programs had more knowledge about their disease compared to nonparticipants. (Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(6):453-459)
Keywords: Heart Failure; Rehabilitation; Medication Adherence; Surveys and Questionnaires.
Full texts in English - http://www.onlineijcs.org
Correspondência: Christiani Decker Batista Bonin •
Rua Paschoal Simone, 358. Coqueiros, CEP 88.080-350. Florianópolis, SC - Brasil.
E-mail: [email protected]
DOI: 10.5935/2359-4802.20170001
Artigo recebido em 11/8/2016; revisado em 30/09/2016 aceito em 21/11/2016
Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(6):453-459
Bonin et al.
Artigo Original
Conhecimento sobre a doença
Introdução
Métodos
A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma complexa
síndrome clínica de caráter sistêmico marcada por
disfunção cardíaca, levando a um suprimento sanguíneo
debilitado para prover as necessidades tissulares e
metabólicas. 1,2 Esta síndrome vem se tornando um
problema crescente em saúde pública, uma vez que, no
mundo, aproximadamente 23 milhões de pessoas são
acometidas por IC.1,3 Ainda, a IC é uma das principais
causas de internações hospitalares em todo o mundo,
resultando em grande impacto econômico, mortalidade
e qualidade de vida.1,3,4
Estudo transversal, realizado com pacientes portadores
de IC selecionados intencionalmente por conveniência
em duas instituições públicas de saúde na região da
Grande Florianópolis (SC) no período de setembro a
outubro de 2014.
Assim, têm se buscado alternativas que possam
reduzir as taxas de mortalidade e morbidade, causadas
pela IC. 4 Dentre elas, destaca-se a necessidade de
o paciente ter maior acesso ao conhecimento sobre
desenvolvimento e tratamento de sua própria síndrome,
contribuindo diretamente para melhor terapêutica de
sua enfermidade.5
Acredita-se que a falta de conhecimento dos
pacientes contribua para a piora da qualidade de vida,
o isolamento social, o aumento das comorbidades, a
falta de autocuidado, o desconhecimento de sinais e
sintomas, e a falta de adesão ao tratamento na IC.6,7
Tais fatores são inerentes aos crescentes gastos com
saúde, visto que o conhecimento dos pacientes sobre
sua condição é considerado um componente central
do tratamento clínico e reabilitativo de pacientes
portadores de IC.8-10
Prover conhecimento sobre a doença é determinante
para a aderência e o sucesso do tratamento. 7,11
Segundo a Diretriz de Reabilitação Cardíaca, 12
os programas de reabilitação são desenvolvidos
com o propósito de trazer os pacientes de volta às
suas atividades habituais, acompanhadas de ações
educacionais voltadas a mudanças no estilo de
vida.12,13 Entretanto, as informações relacionadas ao
conhecimento sobre a doença de pacientes com IC
são restritas a fatores rotineiramente registrados por
pacientes que realizam apenas o tratamento clínico da
doença, restringindo o conhecimento sobre limitações
encontradas no conhecimento de pacientes participantes
desses programas.2
O objetivo deste estudo foi comparar o nível de
conhecimento sobre sua doença de pacientes com
diagnóstico de IC participantes e não participantes
de programas de Reabilitação Cardiopulmonar e
Metabólica (RCPM).
A amostra foi composta por portadores de IC (classes
I a IV), participantes e não participantes de RCPM
divididos em dois grupos: participantes de RCPM
(GR) e não participante de RCPM (grupo controle, GC).
Os pacientes de ambos os grupos atenderam aos critérios
de inclusão propostos, a saber: ter diagnóstico clínico de
IC e idade superior a 18 anos. Foram excluídos do estudo
pacientes com alterações cognitivas que dificultassem o
preenchimento do questionário.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa em Seres Humanos da Universidade do Estado
de Santa Catarina (UDESC), sob o protocolo 775.993/14.
Todos os participantes concordaram em participar e
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
de acordo com a resolução 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde.
O instrumento utilizado para avaliar o nível de
conhecimento foi o Questionário de Conhecimento
da Doença para Pacientes com IC. 2 O questionário
é composto por 19 itens de múltipla escolha, que
abrangem áreas vinculadas ao conceito, fisiopatologia,
fatores de risco, sinais e sintomas, hábitos de vida,
diagnóstico, medicamentos, tratamento, autocuidado e
exercício físico.2
Cada item do questionário apresenta quatro
alternativas de respostas, uma correta, uma incompleta,
uma errada e uma “não sei”. Os pacientes deveriam
assinalar apenas uma alternativa em cada questão, a
qual julgassem correta. Os escores estabelecidos para
as alternativas foram: 3 se correta; 1 se incompleta;
zero se errada; zero se não sei. A pontuação máxima foi
estabelecida de acordo com o número final de questões
respondidas. A soma dos escores estabeleceu o nível total
de conhecimento do paciente.2
Análise estatística
Para análise dos dados, foi utilizada estatística
descritiva, utilizando-se média e desvio padrão para
as variáveis com distribuição normal, e mediada
e amplitude interquartílica para as variáveis com
distribuição não normal. Para testar a normalidade dos
dados, foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov.
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Artigo Original
Conhecimento sobre a doença
Para comparação da idade e do tempo de diagnóstico
entre os grupos foi utilizado o teste t para amostras
independentes. Para as variáveis com distribuição não
normal foi aplicado o teste U de Mann-Whitney, para a
comparação de variáveis contínuas entre os grupos, e o
qui quadrado, para associação de variáveis categóricas
entre os grupos. Para verificar a existência de relação
entre o nível de conhecimento sobre a doença e as
variáveis escolaridade, nível socioeconômico e idade,
utilizou-se a correlação de Spearman. Para todas as
análises, foi utilizado o software Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS), versão 20.0. O nível de significância
foi de 5% para todos os testes.
Resultados
Foram identificados 144 pacientes portadores de
IC (classes I a IV) com potencial para participarem do
estudo. Destes, três foram excluídos pelos critérios
estabelecidos, e 18 pacientes se recusaram a participar
por motivos pessoais. Um total de 123 (85,4%) pacientes,
sendo 61 do GR (56 ± 12 anos; 23% mulheres) e 62 do
GC (57,2 ± 11,1 anos; 28% mulheres) participou do
estudo. Não houve diferença significativa entre a idade
dos pacientes dos dois grupos (p = 0,394). O tempo de
diagnóstico para IC foi similar entre os grupos, sendo
que o GR teve média de 7,9 ± 6,8 anos e o GC de 6,7
± 4,4 anos (p = 0,225). As demais características dos
participantes estão na tabela 1.
A tabela 2 apresenta as médias dos escores por itens
de cada grupo. Apenas no item 19 os pacientes em GC
apresentaram conhecimento superior ao GR. Quando
comparado o escore total do questionário entre os
grupos, observou-se que o GR demonstrou conhecimento
mediano de 42 (13) pontos e o GC de 33,5 (18) pontos,
sendo que o GR apresentou significativamente maior
conhecimento que o GC (p < 0,001; U = 1.117,5).
Quando comparados os grupos, segundo os fatores
do questionário, o GR apresentou maior conhecimento
em relação ao GC em quatro dos cinco fatores (Tabela 3).
Foram encontradas correlações positivas
moderadas entre o nível de conhecimento e a variável
sociodemográfica escolaridade, tanto para o GR
(rho = 0,466; p < 0,001) quanto para o GC (rho = 0,633;
p < 0,001). Foi encontrada correlação positiva moderada
entre a renda e o nível de conhecimento apenas no GR
(rho = 0,372; p < 0,003), bem como correlação negativa
moderada entre idade e nível de conhecimento apenas
em GC (rho = -0,419; p < 0,001).
Discussão
Este estudo investigou o nível de conhecimento
sobre a doença de pacientes com IC participantes e não
participantes de programas de RCPM, contexto este
pesquisado pela primeira vez, ao nosso conhecimento.
Os resultados demostraram que os pacientes do GR
apresentaram maior conhecimento sobre a IC quando
comparados aos pacientes do GC. Estes resultados
indicam que a participação em programas de RCPM
repercute na aquisição do conhecimento do paciente
sobre sua doença.2,13-17
Quando analisadas as perguntas do questionário
isoladamente, verificou-se que o GR obteve maior
conhecimento que o GC na maioria dos itens do
questionário. Estes resultados vão ao encontro do estudo
de Castro et al.,18 que constataram que pacientes com IC
que possuíam conhecimento prévio sobre sua doença
eram mais aderentes aos cuidados não farmacológicos.
O GC apresentou conhecimento sobre a doença
superior ao GR apenas no item que se refere aos
medicamentos utilizados. Estes achados são bastante
peculiares, uma vez que estudos demonstram que é
comum que os pacientes com IC sigam o tratamento
medicamentoso sem saber os nomes ou os efeitos das
drogas.19,20 Resultados semelhantes foram encontrados
por Freitas et al.,20 que verificaram que 72% dos pacientes
ambulatoriais portadores de IC avaliados desconheciam
o nome e a indicação dos medicamentos que utilizavam.
Tais resultados revelam conhecimento insuficiente para
compreender o problema e, assim, manejar a doença.20
Quando o instrumento é analisado segundo seu escore
total, o GR apresentou conhecimento significativamente
maior que o GC. Segundo a classificação do ICQ,2 o
GR apresentou “bom” conhecimento sobre a doença,
enquanto que o GC foi classificado apenas como
“aceitável”. Ainda que não tenha sido objetivo da
pesquisa, especula-se que estes achados possam ser
advindos, em partes, do contato rotineiro dos pacientes
de programas de RCPM com a equipe de saúde,
recebendo mais informações sobre sua doença.21,22
A RCPM se insere, neste contexto, como uma
importante ferramenta na educação do paciente com IC.
Além do fator exercício físico, um dos objetivos centrais
dos programas de RCPM, o contato contínuo a equipe
de reabilitação e as demais ações educacionais facilitam a
aquisição de conhecimentos sobre a doença. Assim, além
da melhora na qualidade de vida e no estado funcional,2
e da diminuição de hospitalizações e dos custos médicos
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Bonin et al.
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Conhecimento sobre a doença
Tabela 1 – Características dos participantes
GR
GC
(n=6)
n (%)
(n=62)
n (%)
Masculino
44 (72)
48 (77)
Feminino
17 (28)
14 (23)
HAS
36 (59)
AVE
Característica
x²
Valor de p
0,456
0,499
20 (32)
8,877
0,003*
5 (8
2 (3)
1,416
0,234
DAC
39 (64)
19 (31)
13,674
< 0,001*
DM
19 (31)
18 (29)
0,65
0,798
RM
17 (28)
10 (16)
2,474
0,116
Angioplastia
29 (47)
5 (8)
23,957
< 0,001*
8 (3)
12 (19)
0,879
0,348
33 (54)
37 (60)
0,39
0,532
DPOC
-
4 (6)
4,068
0,044*
DAOP
9 (15)
7 (11)
0,326
0,568
1 (1,6)
2 (3,2)
0,325
0,568
Ensino Fundamental incompleto
13 (21,3)
39 (62,9)
21,796
< 0,001*
Ensino Fundamental completo
13 (21,3)
6 (9,7)
3,186
0,074
Ensino Médio incompleto
9 (14,7)
3 (4,8)
3,434
0,064
Ensino Médio completo
15 (24,6)
9 (14,5)
1,987
0,159
Ensino Superior incompleto
1 (1,6)
1 (1,6)
0
1
Ensino Superior completo
6 (9,8)
1 (1,6)
3,874
0,049*
Pós-Graduação
3 (4,9)
1 (1,6)
1,068
0,301
6 (9,8)
15 (24,2)
4,777
0,054
1-5
42 (68,5)
44 (71)
0,065
0,798
5-10
8 (13,1)
2 (3,2)
4,026
0,054
10-20
4 (6,5)
1 (1,6)
1,928
0,207
Mais de 20
1 (1,6)
-
1,025
0,496
Sexo
Comorbidades
Obesidade
Dislipidemias
Grau de escolaridade
Nunca estudou
Renda familiar (salário)
Até 1
GR: grupo reabilitação; GC: grupo controle; HAS: hipertensão arterial sistêmica; AVE: acidente vascular encefálico; DAC: doença arterial coronariana;
DM: diabetes melito; RM: cirurgia de revascularização do miocárdio; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; DAOP: doença arterial obstrutiva
periférica. * p< 0,05.
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Tabela 2 – Comparação da média dos escores de cada item do questionário entre os grupos de reabilitação (GR) e
controle (GC)
GR
GC
(n = 61)
Mediana (IQ)
(n = 62)
Mediana (IQ)
1. Conceito – Fisiopatologia
3 (2)
2. Conceito – Fatores de Risco
Teste U de
Mann-Whitney
Valor de p
0 (3)
1.150
< 0,001*
3 (2)
1 (3)
1.540
0,053
3. Sinais e Sintomas – Autocuidado
3 (0)
3 (0)
1.862
0,807
4. Autocuidado – Sinais e sintomas – Fatores de risco
3 (3)
3 (2)
1.703
0,288
5. Tratamento – Exercícios Físicos
3 (2)
1 (3)
988,5
< 0,001*
6. Conceito – Sinais e Sintomas
3 (3)
0 (1)
1.110
< 0,001*
7. Tratamento – Diagnóstico
3 (2)
3 (0)
1.624
0,088
8. Tratamento – Autocuidado – Hábitos de Vida
3 (0)
3 (0)
1.709
0,052
9. Autocuidado – Hábitos de Vida - Fatores de Risco
3 (0)
2 (3)
1.268
< 0,001*
10. Tratamento – Fatores de risco – Hábitos de Vida
3 (2)
3 (3)
1.729,5
0,314
11. Tratamento – Exercício Físico
3 (2)
0 (3)
1.016,5
< 0,001*
12. Exercício físico – Tratamento
3 (2)
1 (3)
1.054
< 0,001*
13. Tratamento
3 (0)
3 (3)
1.442,5
0,003*
14. Fisiopatologia
1 (2)
1 (2)
1.785,5
0,565
15. Autocuidado
3 (1)
3 (2)
1.747
0,193
16. Exercício Físico – Tratamento
3 (2)
2 (3)
1.356,5
0,002*
17. Tratamento – Medicamento - Autocuidado
3 (3)
1 (3)
1.657
0,193
18. Autocuidado
3 (2)
1 (2)
1.456
0,013*
19. Tratamento – Medicamento
3 (3)
3 (0)
1.483
0,010*
Temática de cada item
* p< 0,05. IQ: amplitude interquartílica; U: teste U de Mann-Whitney.
gerais, a RCPM também atua no processo de educação do
paciente, possibilitando a ampliação de conhecimentos
relacionados à IC.2,22-27
de fazer escolhas corretas. Isso porque o conhecimento sobre
Salienta-se que, ainda que haja diferença entre os grupos,
ambos apresentaram um conhecimento mínimo sobre a IC,
provavelmente pelo fato de que o convívio com a doença
crônica afeta diversos hábitos de vida dos pacientes. Assim,
o impacto da IC, por sua progressão e pelo tratamento,
influencia no conhecimento do paciente, pelo desafio que
coloca em seu dia a dia e pelo impacto que traz ao seu
cotidiano, na vida familiar e profissional.23-26
em seus hábitos de vida diária.11
O conhecimento do paciente sobre sua doença faz
parte do sucesso no tratamento da IC.2,13 Aumentando o
conhecimento sobre a doença, mais chances o paciente tem
conhecimento sobre a doença. Estes resultados estão
a doença contribui para alcançar uma percepção adequada
de seu estado de saúde, o que possibilita uma modificação
Os resultados também demonstraram que os pacientes
do GR com maior renda familiar, apresentaram maior nível
de conhecimento sobre a IC. Tais achados corroboram
estudos já publicados, em que o nível socioeconômico
tem influência direta na aquisição de conhecimentos
relacionados a doença.2,13,16 Os pacientes do GR com
maior grau de escolaridade também demonstraram maior
em conformidade com a literatura vigente, segundo a
qual a escolaridade influencia positivamente no melhor
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Conhecimento sobre a doença
Tabela 3 – Comparação do conhecimento sobre a insuficiência cardíaca entre os grupos reabilitação (GR) e controle
(GC), segundo os fatores do questionário
GR (n = 61)
Mediana (IQ)
GC (n = 62)
Mediana (IQ)
Teste U de MannWhitney
Valor de p
8 (6,5)
9 (6)
1.684
0,291
Autocuidado
Hábitos de vida
Sinais e sintomas
9 (2)
9 (3)
1.546
0,045*
3. Exercício físico
Tratamento
Autocuidado
Fisiopatologia
11 (6,5)
7,5 (8)
1.086
< 0,001*
4. Medicamento
Tratamento
Autocuidado
4 (3)
3 (3)
1.136
< 0,001*
Medicamentos
Tratamento
Autocuidado
Hábitos de vida
Conceito
Fatores de risco
9 (3)
7 (4)
1.307,5
0,003*
Fatores
Áreas de
conhecimento
Exercício físico
Tratamento
Medicamentos
1. Fator geral
Conceito
Sinais e sintomas
Diagnóstico
Hábitos de vida
Fatores de risco
2. Tratamento
5. Diverso
* p< 0,05. IQ: amplitude interquartílica.
entendimento do paciente sobre sua doença.15,28 Ainda, o
nível educacional é um fator importante para a aquisição de
novos conhecimentos sobre a doença,15,28 além de beneficiar
as mudanças no estilo de vida, a procura precoce dos
serviços médicos,28 e as melhores compreensão e adesão
ao tratamento.11 Os pacientes participantes de RCPM
que possuem menor renda necessitaram de informações
complementares sobre diagnóstico e tratamento.23
Da mesma forma, os indivíduos com baixa escolaridade
tendem a ter um menor conteúdo de conhecimentos básicos,
o que pode resultar na diminuição da compreensão sobre
sua doença,2,29,30 influenciando na adesão ao tratamento.9
Neste sentido, os baixos níveis de renda e escolaridade
estão associados a um risco aumentado de doenças
cardiovasculares27-30,31 e reinternações,10,28-32 além de uma
limitação para o cumprimento das recomendações médicas
e orientações de autocuidado.14,24,33
Assim como no instrumento original, este estudo foi
conduzido em uma região específica (Região Sul do Brasil),
sendo que estes resultados não podem ser extrapolados
para outras regiões, havendo a necessidade de estudos em
outros locais do país. Uma das implicações da utilização do
ICQ em pesquisas é seu uso para fins clínicos e geopolíticos.
O uso desse instrumento pode facilitar a identificação
de necessidades educacionais entre diferentes regiões e
diferentes organizações de saúde.
Conclusões
Pacientes portadores de insuficiência cardíaca
que participaram de programas de reabilitação
cardiopulmonar e metabólica apresentaram melhor nível
de conhecimento sobre sua doença, quando comparados
aos pacientes não participantes.
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Artigo Original
Conhecimento sobre a doença
Contribuição dos autores
Concepção e desenho da pesquisa: Bonin CDB, Santos
RZ, Benetti M; Obtenção de dados: Bonin CDB, Erkmann
N, Souza VF, Assis AV; Análise e interpretação dos
dados: Bonin CDB, Santos RZ, Erkmann N, Souza VF,
Benetti M; Análise estatística: Bonin CDB, Santos RZ;
Redação do manuscrito: Bonin CDB, Santos RZ, Erkmann
N, Souza VF, Assis AV, Benetti M; Revisão crítica do
manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante:
Bonin CDB, Assis AV, Benetti M.
Potencial conflito de interesse
Declaro não haver conflito de interesses pertinentes.
Fontes de financiamento
O presente estudo não teve fontes de financiamento
externas.
Vinculação acadêmica
Não há vinculação deste estudo a programas de
pós-graduação.
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