a brincadeira e a matemática na educação infantil

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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA
DE GOIÁS – AECG
FACULDADE PADRÃO III
A BRINCADEIRA E A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO
Goiânia, julho/2013
1
Alaise Goes de Sousa
Ariany Kamilla Rodrigues de Oliveira
Rúbia Rodrigues de Araújo
A BRINCADEIRA E A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO
Goiânia, julho/2013
2
Alaise Goes de Sousa
Ariany Kamilla Rodrigues de Oliveira
Rúbia Rodrigues de Araújo
A BRINCADEIRA E A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca
examinadora como requisito para a obtenção do título de
Pedagogo – Licenciatura plena em Pedagogia da Faculdade
Padrão de Goiânia, sob a orientação da Profª. Ms. Daura
Aguiar.
Goiânia, julho/2013
3
TERMO DE APROVAÇÃO
Orientandos: ________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Tema: _____________________________________________________________
___________________________________________________________________
Os (as) acadêmicos (as) acima identificados, regularmente matriculados (as) na
disciplina Trabalho de Conclusão de Curso (8º. Período), do Curso de Pedagogia,
apresentaram e defenderam a presente Monografia, obtendo na Banca Examinadora
a média final de ____________ (____________________________) tendo sido
considerados (as) APROVADOS (AS).
Goiânia, ____ de ____________ de ______.
_____________________________________________________
Prof.ª (Avaliadora)
_____________________________________________________
Prof.ª (Avaliadora)
_____________________________________________________
Prof.ª Daura Aguiar
Orientadora
Coordenação _____________________________
4
A Deus, autor das nossas realizações. Aos nossos
familiares pela estimada colaboração!
5
AGRADECIMENTOS
A Deus,
A nossa gratidão em nos ajudar a concluir mais uma etapa da nossa
carreira acadêmica.
Aos nossos familiares, em especial citamos aqueles que decisivamente
sem eles não completaríamos esta vitória, como nossos pais, nossos estimados
esposos, e nossos preciosos filhos (as), a nossa eterna gratidão.
Agradecemos a Orientadora Daura Aguiar pelo importante incentivo e
apoio para a conclusão dessa pesquisa.
Agradecemos também aos demais docentes e direção da Faculdade
Padrão, pelo esforço em nos tornar profissionais mais habilitadas.
As demais colegas do curso e a todos os envolvidos nesta mesma
jornada.
6
"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer
coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram.
Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta
da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar,
verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe"
(Jean Piaget)
7
SUMÁRIO
8
Resumo
Este trabalho objetiva estabelecer um diálogo entre a brincadeira e a matemática na
Educação Infantil. Muitas atividades realizadas naturalmente pelas crianças na
Educação Infantil podem apontar para possíveis dificuldades das crianças nas mais
diversas situações. Autores como Lorenzato (2005) trazem uma relação muito
próxima entre a brincadeira e a matemática nesta faixa etária, considerada
fundamental para a percepção matemática. Por meio de questionário buscam-se
com os professores da Educação Infantil as suas concepções e avaliações que
poderão apontar para a relação proposta na presente investigação. A análise dos
dados de forma qualitativa, relacionando com a teoria pertinente ao assunto aponta
alguns parâmetros fundamentais para o trabalho na Educação Infantil, que poderá
subsidiar os profissionais na avaliação de seu trabalho. Da mesma forma
possibilitará uma visão geral acerca da Educação Infantil, sua trajetória histórica, a
criança, os professores e a relação destes com a matemática, objeto de estudo
desta pesquisa.
Palavras–chave: Brincadeira, Matemática, Educação Infantil.
9
Abstract
This work aims to establish a dialogue between the play and mathematics in
kindergarten. Many activities carried naturally by children in kindergarten may point
to possible difficulties of children in various situations. Authors like Lorenzato (2005)
bring a very close relationship of play and mathematics in this age group, considered
fundamental to the perception mathematics. Through questionnaire seek with
teachers from kindergarten their conceptions and assessments that may point to the
relationship proposed in this research. Data analysis in a qualitative manner, relating
to the theory relevant to the subject points out some basic parameters for the work in
kindergarten, that may help professionals in the assessment of their work. Likewise
allow an overview about the kindergarten, its historical trajectory, children, teachers
and their relationship with mathematics, the subject of this study.
Keywords: Play, Math, Early Childhood Education.
10
Considerações Iniciais
Este estudo versa sobre “A brincadeira e a Matemática na Educação
Infantil: um diálogo necessário”. O que nos levou a realizar o presente estudo foi a
interação com a educação infantil nos períodos dos estágios, isso nos aguçou a
curiosidade de estudar o envolvimento da brincadeira como ferramenta principal
para a aprendizagem da matemática na educação infantil, apontando a importância
do brincar no desenvolvimento infantil de uma forma prazerosa, possibilitando um
maior encanto e sentido no processo ensino
e aprendizagem, estimulando nas
crianças o desenvolvimento social e construtivo.
A presente pesquisa foi realizada de forma bibliográfica e, também,
através de pesquisa de campo. Cinco instituições de educação infantil –
compreendendo a rede pública e particular de ensino foram entrevistas.
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de observar como a
matemática é introduzida no universo infantil, quais recursos são utilizados para
facilitar o acesso da criança ao aprendizado de uma disciplina considerada espinha
dorsal da área de exatas.
Através da pesquisa de campo faremos uma sondagem acerca da visão
da comunidade educadora sobre estratégias que utilizam recursos lúdicos no ensino
da matemática.
11
1. A educação e a Educação Infantil: breve histórico
O começo da evolução do ensino no Brasil remete à mão-de-obra escrava
que evoluiu com a economia brasileira, onde o trabalho diário era tratado como uma
mercadoria que podia ser vendida ou trocada. Esses eram negros traficados e
trazidos da África para o Brasil.
A educação começa a surgir quando a família burguesa da época
demonstra interesse pela cultura europeia que se tornaria natural segmento de uma
sociedade mais evoluída. Esta educação era restrita e cabia o direito apenas aos
senhores donos de terra, engenho e aos filhos que não fossem primogênitos e nem
bastardos, sendo uma educação de como se preparar para assumir o lugar do pai.
Esse ensino era ministrado pelos padres jesuítas, no entanto, a preocupação da
igreja católica era de conseguir servos e o ensino era totalmente fora da realidade
de vida da colônia, mas a preocupação era de ensinar a cultura como um todo e não
de ensinar como trabalhar. Os trabalhos eram braçais não necessitando de ensino,
para tanto, aos olhos dos administradores, o ensino ainda continuava sem serventia,
para um país que ainda trabalhava com a mão-de-obra escrava (ROMANELLI,
1998).
Como a população buscava educação no ensino pregado pelos jesuítas,
os padres ministravam uma educação elementar para a população índia e branca
em geral, educação média para os homens da classe dominante, que estudavam
nos colégios, entre esses aos que buscavam entrar na classe sacerdotal. A
catequese que foi pregada pelos jesuítas à população indígena tinha como objetivo
principal obter seguidores. Com o tempo, essa catequese foi se acabando dando
lugar à educação das elites que culminou com a expulsão dos jesuítas no século
XVIII (ROMANELLI, 1998).
Com a expulsão dos jesuítas, o Brasil tornou-se um país com uma
educação alienadora por um lado e por outro, revolucionária, ou seja, reproduzia a
ideologia política administrativa dominante, porém estendia a oferta escolar aos mais
pobres.
Ao passar do tempo, com a evolução da educação, foi surgindo a
necessidade de uma educação voltada para a infância. No início dos anos 60, essa
necessidade ainda não havia acontecido, pois o sistema educacional se mostrou
12
incapaz de absorver a crise da universidade e a Lei de Diretrizes e Bases, somente
em meados de 1970, no Brasil, houve uma intensificação da luta, por
reconhecimento maior da educação pré-escolar e, como resultado dessa luta,
aumentaram estudos e pesquisas, novas publicações sugiram, muitas escolas
apareceram, congressos e encontros de estudos realizados. Além disso, muitos pais
tiveram outro olhar para a educação pré-escolar, deixando assim de vê-la como um
lugar onde a criança pudesse ficar enquanto eles trabalhassem e passaram a vê-la
como um lugar adequado para que ela tivesse um desenvolvimento cognitivo que
preparasse seu sucesso nas séries iniciais do ensino fundamental.
13
2. A Educação Infantil: um novo perfil
A posição da Educação Infantil(EI) nunca foi tão discutida quanto
atualmente, fato que pode ser visto por diferentes causas: nos últimos anos em
virtude da mão de obra feminina no mercado de trabalho, o papel dos pais na
educação dos filhos tem sofrido mudanças; grandes transformações têm ocorrido na
sociedade; grandes avanços tecnológicos têm oferecido à educação novos
horizontes; recentes descobertas a respeito do desenvolvimento infantil têm exigido
uma nova concepção de escola.
Pela legislação atual (LDB, Lei 9394/96), a EI deixou de ter uma marca
apenas assistencial e recreativa e assumiu um novo papel, muito mais importante e
amplo que o anterior. Educação infantil a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional aprovada em 1996, dispõe no art. 29, educação
infantil como uma
educação para o desenvolvimento pleno de crianças de 0 a 6 anos, no
desenvolvimento cognitivo, intelectual, social e aspectos físicos, com base na lei que
garanta o direito da criança e sendo dever do estado promover educação infantil
para todas as crianças até o final da década. No entanto, houve uma divisão de
responsabilidade dos poderes e ficou a cargo dos municípios a oferta dessa
modalidade de educação com o apoio do governo.
O art. 30 da LDB afirma que a educação infantil se desenvolve em creches
para crianças de até 3 anos de idade e pré-escolas para crianças de 4 a 5 anos,
assim o trabalho pedagógico atende as dificuldades das crianças, percebendo que
são seres pensantes e ativos e que já carregam um pequeno conhecimento de
mundo. Com isso, o docente precisa promover aulas dinâmicas e produtivas,
estimulando o ensino-aprendizagem do alunado. No (art. 213 da CF/88), diz que o
prazo é de três anos após a publicação, para que as creches e pré-escolas se
adéquem ao novo sistema de ensino, tendo a preocupação com a formação de
professores.
BRZEZINSKI (2010), diz enredado pela ideologia dos financiadores, o Brasil
tem adotado um “modelo” de formação de professores que consiste muito mais em
conceder uma certificação do que conferir uma boa qualificação aos leigos atuantes
no sistema educacional e aos futuros professores. Com essa afirmação é possível
14
compreender e entender a importância do assunto, pois esses docentes são
formadores de opiniões e por esse motivo está explícito em sua leitura esta
preocupação sobre a formação de professores para trabalhar na educação infantil.
Um dos principais pensadores da EI, considerado o “Pedagogo do Jardim
da Infância”, FROEBEL (1887), propõe alguns princípios na educação de uma
criança. O primeiro é a percepção. Esse princípio tem como base a iniciação da
educação conhecida como primeira infância, nessa percepção, a criança formaria o
conhecimento do mundo e linguagem representados por objetos do mundo externo e
das relações entre os mesmos; o segundo princípio é se a percepção explorada
desde a infância seria o ponto principal da educação, a mulher, como educadora
nata, realizaria um papel importante na educação infantil, cabendo a ela desenvolver
atividades que explorassem a potencialidade da criança; o terceiro seria o saber
educar, de forma espontânea, na prática. (FROEBEL, 1887, p. 43).
O autor segue apontando outro princípio importante que é a “autoatividade livre”, onde a criança necessita de uma mente ativa e livre para pesquisar,
decidir, indagar e agir, a aprendizagem deve sempre partir do que o indivíduo
possui. Este ouvir o conhecimento da criança é fundamental para alcançar êxito na
educação, sendo estes os principais pilares que desencadeariam o movimento
escolanovista: liberdade e atividade. (FROEBEL, 1887, p. 55).
Nos desenvolvimentos, a relação Deus, natureza e humanidade seria um
triangulo inseparável onde se formaria a “unidade vital”, na qual a educação estaria
alicerçada conduzindo o ser humano ao desenvolvimento pleno. Este princípio da
“unidade vital” levaria o indivíduo à educação, através do processo da interiorização
e exteriorização (FROEBEL, 1887, p. 45).
Esses processos serviriam para indicar a passagem do indivíduo da
primeira
infância
para
a
infância
propriamente
dita,
necessária
para
o
desenvolvimento do ser humano. Esses processos na primeira infância são
confusos, mas, uma vez entendidos pela criança, essa torna-se apta para entrar na
próxima fase do seu desenvolvimento que é a infância (FROEBEL, 1887, p. 46). O
autor revela ainda que:
Assim que a atividade dos sentidos, do corpo e dos membros é
desenvolvida a tal grau que a criança começa a representar o interno
externamente, o estágio da primeira infância no desenvolvimento humano
15
acaba e o estágio da infância propriamente dita começa. Ate este estágio, o
ser interno do homem ainda esta desorganizado, indiferenciado. Com a
linguagem, a expressão e a representação do interno começa; com a
linguagem, a organização ou a diferenciação com referência a meios e
modos ocorre. O interno é organizado, diferenciado, e luta para se
manifestar para se anunciar externamente. O ser humano luta pelo seu
próprio poder ativo para representar seu interno externamente, de forma
permanente e com material sólido(...). neste estágio da infância – quando aí
se torna minifesta a tendência e esforço para representar o interno através
do externo, e para unir os dois encontrando a unidade que os liga – a
educação verdadeira do homem começa e a atenção e o cuidado são
direcionados menos para o corpo e mais para a mente (Froebel, 1887, p.4647).
Este movimento de exteriorização e interiorização precisa da ação para
mediá-lo, ou seja, inclui vida e atividade, não de palavras e conceitos (COLE, 1907
p.47 apud FROEBEL, 1887), destaca que o “aprender fazendo, antes de mais nada,
respeita a metodologia natural da criança”. Segundo FROEBEL, (1887, p. 47) “[...]
observar, apenas observar, pois a criança mesmo te ensinará”.
[...] eis a máxima que deve reger a educação, pois só assim o professor
será capaz de conhecer realmente o seu aluno, entendendo sua dinâmica
interna e descobrindo sua essência humana, seu potencial, seu talento.
Individualizar o ensino e os processos de aprendizagem é necessário
destacar o desenvolvimento dos talentos de cada ser humano em harmonia
com a natureza como objetivos da educação (Cole, 1907, p. 47 apud
Froebel, 1887, p. 47).
O trabalho e o desenvolvimento na educação com o princípio “unidade
vital”, é fundamental para uma aprendizagem viva. Neste contexto, KOCH (1985, p.
48-49), apresentou 3 pontos fundamentais na metodologia froebiliana: O primeiro
ponto seria a atitude do educador, dando a entender ao educando que ambos estão
ligados à “unidade vital”; segundo ponto da metodologia seria relativo ao processo
da educação: educar nada mais é que despertar no educando a consciência dessa
realidade; o terceiro ponto seria relativo à função permanente do educador: a
educação deve brotar do livre desenvolvimento, não sendo prescritiva, determinista
e interventora, dessa forma apenas destruiria a origem pura do educando.
Em meados de 1837, Froebel fundou o Instituto de Educação Intuitiva
para a Auto-Educação, nesse mesmo ano a instituição ganhou outro nome, e
passou a ser conhecida como Instituto Autodidático, onde foram elaborados
materiais para as crianças expressarem de maneira intuitiva seu interior,
exteriorizando-se nesses materiais. Nesse processo era possível levar a criança a
16
descobrir sua essência e suas reais potencialidades. A proposta seria uma
educação na qual a criança se auto-educasse através das suas atividades.
Nos anos de 1840, Froebel fundou o Primeiro Jardim de Infância
(Kindergarten), constituindo-se em um centro de jogos trabalhando com crianças
menores de 6 anos de idade. O Kindergarten conseguiu unir todas as idéias
froebianas, nelas estava aplicada toda a sua plenitude da educação ao estágio de
desenvolvimento da criança (ARCE, 2002, p. 66).
17
3. A brincadeira como recurso no desenvolvimento da criança na
Educação Infantil
A brincadeira permite a contratação de novas possibilidades de ação e
formas diferentes de arrumar os elementos do ambiente. Os objetos manuseados na
brincadeira são, especialmente, os que são usados de modo simbólico, como um
substituto para outros, por intermédio de gestos imitativos reprodutores das
posturas, expressões e verbalizações que ocorre no ambiente da criança. Ao
brincar, as funções conectivas da criança se desenvolvem e criam condições para
uma transformação significativa da consciência infantil, por explorar as formas mais
diferenciadas de se relacionar com o mundo. Isso ocorre em função das
características da brincadeira. Por meio da brincadeira, a criança exercita
capacidades nascentes, como as de representar o meio em que vive e de distinguir
entre pessoas.
Segundo FROEBEL (1887), o desenvolvimento da criança, como a
brincadeira e a fala, uma vez observado pelos educadores, permite perceber o nível
de desenvolvimento e relacionamento da criança, tornando a observação e o
trabalho com a brincadeira e a fala importantes para uma educação que anseia ser
verdadeiramente eficiente. Através da brincadeira
torna-se possível conhecer a
criança. O autor segue dizendo que:
[...] a brincadeira é a fase mais alta do desenvolvimento da criança – do
desenvolvimento humano neste período; pois ela é a representação autoativa do interno – representação do interno, da necessidade e do impulso
internos. A brincadeira é a mais pura, a mais espiritual atividade do homem
neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana como um todo –
da vida natural interna escondida no homem e em todas as coisas. Por isso
ela da alegria, liberdade, contentamento, descanso interno e externo, paz
com o mundo. Ela tem a fonte de tudo o que é bom. A criança que brinca
muito com determinação auto-ativa, perseverantemente até que a fadiga
física proíba, certamente será um homem (mulher) determinado, capaz do
auto-sacrifício para a promoção de bem estar próprio e dos outros. Não é a
expressão mais bela da vida da criança neste momento, uma criança
brincando? Uma criança totalmente absorvida em sua brincadeira? Uma
criança que caiu no sono tão exausta pela brincadeira? Como já indicado, a
brincadeira neste período não é trivial, ela é altamente seria e de profunda
significância. Cultive-a e crie-a, mãe; proteja-a e guarde-a, pai! Para a visão
clama e agradável daquele que realmente conhece a Natureza Humana, a
brincadeira espontânea da criança revela o futuro da vida interna do
homem. As brincadeiras da criança são as folhas germinais de toda a vida
futura; pois o homem todo é desenvolvido e mostrado nelas, em suas
disposições mais carinhosas, em suas tendências mais interiores (Froebel,
1887, p.60 e 61).
18
Os brinquedos educativos e brincadeiras elaborados para este fim foram
chamados por Froebel de “dons”, na verdade eram ferramentas para ajudar as
crianças a descobrir os próprios dons. O foco educacional referente aos dons era
desenvolver a inteligência e a essência humana da criança brincando, para isso, a
criança precisaria dos materiais que a impulsionassem a agir. O intuito não era
apenas
construir
brinquedos,
mas
sim,
trazer
à
existência
estruturas
matematicamente perfeitas, pelas quais a criança poderia aprender, materiais que
fossem representar o que elas já sabiam e agregar algo novo, um material que
conseguisse fazer as crianças expressarem o que ocupava suas mentes,
apresentando seus talentos.
Toda a atividade externa da criança te o seu fundamento Inal na sua
natureza e vida íntima. O anseio mais profundo desta vida interna é se ver
espelhado em algum objeto externo. Em e através de tal reflexo a criança
aprende a conhecer sua própria atividade, essência, direção e objetivo, e
aprende também a ordenar e determinar sua atividade em correspondência
com o fenômeno externo. Tal como refletir a vida interna, fazer esta objetiva
é essencial para que através disso a criança tenha a conscientização e
aprenda a ordenar, determinar e se controlar. A criança deve perceber e
manter sua própria vida em uma manifestação objetiva antes que ela possa
percebê-la e mantê-la nela mesma. Esta lei de desenvolvimento prescrita
pela Natureza e pelo caráter essencial da criança deve sempre ser
respeitada e obedecida pelo educador verdadeiro. Seu reconhecimento é o
objetivo dos meus dons e jogos. Os fenômenos externos na vida ativa da
criança não devem ser considerados externamente e isoladamente pelo
educador. Eles devem sempre ser estudados em suas relações com a vida
interna como procedendo ou recuando dela. As próprias crianças são
nossos guias e professores nesta consideração dupla. A criança menor
move-se, prazerosamente, pula alegremente, saltita para cima e para baixo
ou balança seus braços quando vê um objeto se movendo. Isto não é
certamente um mero deslumbre pelo movimento do objeto diante dela, mas
é o funcionamento da atividade interna despertada nela pela visão da
atividade externa (Froebel, 1917, p.62-63).
Conforme observado, vimos que a brincadeira teve como pioneiro
Froebel. O autor levou a sério a brincadeira como elemento de aprendizagem para
crianças pequenas. Elemento fundamental para conhecer de perto a criança, como
ela pensa, age e sente o mundo ao redor, sendo a observação atenta da brincadeira
o principal instrumento para essa transformação (ARCE, 2002).
A brincadeira é considerada como fator primordial para o início da
aprendizagem da criança. Nesta prática, a observação e a atenção dos educadores
em meio às brincadeiras seria a forma mais lúdica de conhecê-las mais de perto,
19
instigando-as a fluírem suas ideias, dando liberdade para elas expressarem seu
mundo interior e exterior. Nestas atividades é extraída e desenvolvida a capacidade
potencial da criança, dando ênfase a sua realização individual.
Para WAJSKOP (1995), a brincadeira consiste em um fato social, espaço
privilegiado de interação, atividade cuja base genética é comum à arte; uma
atividade voluntária, consciente e organizada.
Na perspectiva vygotskyana,
brincadeira é coisa séria, pois é no brincar que as crianças expressam aquilo que
não são, de uma forma que elas queriam ser, ou seja, num verdadeiro faz de conta.
KISHIMOTO (1996), considera que a criança aprende de modo intuitivo,
em processo interativo adquire noções espontâneas, envolvendo o ser humano com
suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais. O brinquedo desempenha
um papel de grande relevância para desenvolvê-la.
O brincar é um ato fundamental à saúde física e mental, emocional, e
intelectual do indivíduo, esta atividade esteve sempre presente em qualquer povo
desde os mais antigos períodos. É através do brincar que a criança desenvolve a
linguagem, o pensamento, a socialização, a ação e a autoestima.
Brincar significa fazer o corpo sentir, amar, viver e vibrar; e não levá-lo a
executar tarefas. O brinquedo transforma o corpo num instrumento musical;
a cada movimento vive uma emoção, a cada toque um sentimento. Brincar
é amar e viver a plenitude do corpo em todas as nuances que compõem a
melodia da vida (Santos, 2011, p.169).
O brinquedo e a brincadeira tiveram sua importância no desenvolvimento
da criança a partir do momento em que se apresentou, através deles, a
probabilidade de estudar a afinidade da criança com o mundo externo. Infelizmente,
nos tempos atuais, a criança tem perdido a essência do brincar, considerado ato
importante para o seu desenvolvimento bio-psico-social. Brincar é um ato de
sobrevivência saudável. Através da brincadeira, a criança desenvolverá habilidades
para perceber suas atitudes de cooperação, no período de formação, oportunidades
para encontrar seus próprios recursos testando suas capacidades e gerando
convivência com os colegas nessa interatividade (SANTOS, 2011, p.135).
É através do jogo, do brinquedo e da brincadeira que a criança
compreende sua sociedade e cultura na qual está inserida, pois eles são portadores
20
de seus valores e aceitam, ao mesmo tempo, a construção de significados e
interpretações que se adaptam às diversas realidades (BROUGÈRE, 1995, p. 10).
A brincadeira é a melhor forma da criança se comunicar e se relacionar
com as demais crianças. Brincando, a criança aprende sobre o que a rodeia
procurando integrar-se a ele. Na brincadeira, a criança entende a importância de
conhecer e aceitar a existência do outro, organizando, assim, suas emoções e
criando relações sociais. Nesta atividade lúdica, a criança aprende a conviver com
as diversidades e sentimentos no interior que as cercam.
Para WINNICOTT (apud BOMTEMPO, 1985, p. 160), afirma que a criança
adquire experiência, brincando. O brincar proporciona aprender-se fazendo, o
avanço da linguagem, o sentido de companheirismo e criatividade.
É considerado que a criança aprende
interativo adquire noções espontâneas,
com suas cognições, afetividade, corpo
desempenha um papel de grande
(Kishimoto,1996, p.161).
de modo intuitivo, em processo
envolvendo o ser humano inteiro
e interações sociais, o brinquedo
relevância para desenvolvê-la
Essas atividades assumem função lúdica e educativa, entendendo que
brinquedo, brincadeira e jogo estabelecem recursos que ajudam no crescimento do
desenvolvimento físico, mental e socioemocional da criança, suas principais funções
são: a função lúdica, o brinquedo gera diversão, prazer ou até desprazer, mesmo
quando escolhido voluntariamente; a função educativa: o brinquedo ensina tudo
aquilo que completa a criança em seu saber, seus conhecimentos e suas
apreensões do mundo (KISHIMOTO, 1996, p. 161).
A avaliação é importante em qualquer tarefa realizada, pois é ela que
apontará os erros e os acertos das brincadeiras realizadas pelos alunos e corrigirá
os erros e persistirá nos acertos das atividades. Para um bom resultado com as
brincadeiras, os idealizadores devem ter o cuidado de explicar as regras do jogo
cuidadosamente tanto no jogo, como na vida mesmo de cada jogador ou cidadão.
21
3.1.
As brincadeiras e a matemática: um diálogo necessário
Desde o início da humanidade, as atividades lúdicas fazem parte da vida
cotidiana do ser humano, principalmente quando criança. Por muitos séculos, essas
atividades passaram despercebidas, algo insignificante. Apenas em meados dos
anos 50 é que o brinquedo e o jogo começaram a ser valorizados. Essa percepção
de mudança se deu através da psicologia trabalhada com crianças pequenas, onde,
os mesmos se utilizavam das atividades lúdicas em destaque, por ser o brinquedo a
essência da infância (SANTOS, 1997).
A autora enfatiza que apesar da ludicidade ser considerada uma atividade
importante e gerar desenvolvimento na criança, por muitas vezes a sociedade tem
um olhar apoiado no naturalismo em seu todo, fazendo com que as oportunidades
de vivenciá-las entre as crianças torna-se cada dia mais limitadas. Essas limitações
se referem à violência urbana, a individualidade dos pais, o trabalhar para se manter
na sociedade, excesso de atividades educativas entre outras, podemos dizer que
muitas crianças estão confinadas em casas e instituições longe do verdadeiro
brincar. Neste contexto, a criança deixa a cultura vivenciada na infância e passa a
adquiri-la através de adultos e instituições, levando a criança a entender a
brincadeira como perda de tempo ou como atividades realizadas em horas vagas.
Os efeitos dessas práticas na vida das crianças têm sido avaliadas e conforme
resultados baseados nessas práticas, as consequências são problemas psicológicos
ligados à solidão.
Atualmente as atividades lúdicas tem uma ligação que extrapola a
infância e, com a expansão da ludicidade, foi necessário construir espaços
direcionados a essas atividades, aos quais deram o nome de Brinquedoteca. A
Brinquedoteca surgiu em 1980 e nada mais é que um espaço destinado à
ludicidade, ao prazer, às emoções, às vivências corporais, ao desenvolvimento da
criatividade, da identidade, da curiosidade, da afetividade, da cooperação, da
comunicação, da construção de conhecimentos e habilidades. (SANTOS, 2011, p.58
e 61).
Considera-se também como um espaço produzido para que a criança
possa brincar livremente. Através de brinquedos e atividades lúdicas, propiciando o
verdadeiro brincar, a criança expressa de alguma forma suas necessidades ocultas,
22
ou até bloqueios que a impossibilitam de expressar suas potencialidades e acesso à
felicidade. Este espaço lúdico proporciona o momento de liberdade da criança, no
qual ela se descobre, elabora os fatos significativos do dia-a-dia colocando-se como
indivíduo, sendo um espaço coletivo, incluindo a função social do brincar, do jogar e
do aspecto cultural. As escolas que aderiram à Brinquedoteca têm enfatizado que o
jogo e o brinquedo são estratégias poderosas para o desenvolvimento e construção
do conhecimento, pelos desafios que o lúdico oferece. (SANTOS, 2011, pg.58).
Toda criança vive inquieta e em intensa evolução de desenvolvimento
corporal e mental. Nesse desenvolvimento, a criança expressa a própria natureza,
sendo assim, requer em cada momento uma nova função e a exploração de
habilidades. É através dessas funções e habilidades que leva a criança a buscar
novas atividades, podendo se expressar de uma forma mais completa. A essencial
linguagem dessas atividades é o brincar, é o jogar. Sendo assim, a brincadeira
infantil está muito mais ligada a estímulos internos do que a contingências externas.
Segundo LORENZATO (2005), a criança aprende pela sua ação sobre o
meio em que vive: o comportamento da criança sobre os objetos através dos
sentidos é um meio inevitável para que ela consiga desenvolver uma aprendizagem
significativa. Os elementos, objetos, fenômenos, nomes, situações, ainda não
conhecidos pelas crianças, precisam ser a elas apresentados um de cada vez, caso
contrário poderá haver dificuldade de compreensão pela criança.
Um mesmo conceito a ser desenvolvido deve ser mostrado de diferentes
maneiras. A aquisição de conceito e a generalização são facilitadas quando a
criança repete o experimento várias vezes, mas de modo diferenciado. Por isso, é
preciso variar o emprego do vocabulário, a utilização da visão, da audição, do tato e
da motricidade, a ordem nas apresentações, a disposição espacial, os tipos de
objetos manuseados (LORENZATO, 2005).
Sempre que possível, o material didático e os exemplos, bem como a
linguagem a ser utilizada em sala de aula devem ser baseados no dia à dia das
crianças, isto é, inspirados em sua vivência. Desmistificar a idéia de que a
matemática existe só num certo horário escolar, mostrando que ela está presente ao
fazer a merenda, nas aulas de artes e de educação física, na recreação, durante o
transporte casa-escola-casa.
23
De acordo com LORENZATO (2005), o desenvolvimento da matemática
depende de uma hierarquia estabelecida por dois fatores: de um lado, as próprias
crianças colocam limites inerentes às suas fases de desenvolvimento mental e, de
outro lado, as características das noções de matemática a serem aprendidas, que
variam em sua complexidade. Para muitas crianças, a fase do registro com
desenhos pode ser extremamente necessária para chegar à representação da
linguagem matemática; esses desenhos cumpre notar, podem ser diferentes dos
objetos representados. Como a linguagem matemática é simbólica, ela é a última
das linguagens na ordem crescente de dificuldades e, portanto, deve ser última a ser
didaticamente apresentada. Deve ser horrível para qualquer criança ter de aprender
algo começando por um símbolo, definição ou fórmula.
O desenvolvimento do conhecimento matemático pode ser feito através
das brincadeiras se cuidarmos das crianças em constante resolução de problemas.
Neste sentido, cabe ao professor problematizar a situação da brincadeira e isso
pode ser realizado de diferentes formas e diferentes momentos.
A brincadeira é um momento onde a criança percebe que ela não está
sozinha no mundo, que nem tudo que ela pensa ou faz é o que o mundo vai aceitar
ou perceber, saber que o outro é diferente dela, essa possibilidade de tocar o outro,
disputar o espaço com o outro, negociar ponto de vista com outras crianças é
fundamental para a constituição do ser humano, a brincadeira traz tudo isso de
forma mais natural. Durante a brincadeira é extremamente importante a participação
do professor, primeiro para que ele sirva de modelo para que a criança perceba as
regras e a melhor maneira de brincar.
LORENZATO (2005) reforça que a participação do professor permite que
ele conheça seus alunos e perceba, ao brincar junto com ele, características que
são importantes entre elas: localizar as crianças que são mais tímidas e que ele
possa organizar e respeitar de forma que ela vá sendo incluída no grupo, brincando
com o professor ou com um grupo menor.
O mesmo autor defende que uma das vantagens de se trazer as
brincadeiras infantis para as aulas de matemática é que elas se constituem em um
recurso bastante acessível para o professor e para a própria escola. Como o
processo de aprendizagem da matemática se inicia com a prática de vida das
crianças, desde muito cedo, o ato de relacionar-se com os elementos que fazem
24
parte delas, já percebe e reconhece semelhanças e diferenças entre um ou outro
objeto.
O autor enfatiza que a capacidade de agir e de manusear objetos é o
início para que a criança possa desenvolver o raciocínio lógico e fazer suas próprias
descobertas. Essa aprendizagem tem início muito antes de entrarem na escola, em
algumas famílias, o acesso a estímulos ricos e variados favorece que a criança
adquira algumas habilidades básicas necessárias para o desenvolvimento do
raciocínio lógico, tão importante para o ensino da matemática. É sempre importante
dar ênfase às descobertas feitas pelas crianças, dar atenção a suas soluções,
questioná-las, argumentar com elas, é sempre o melhor meio para estabelecer um
processo contínuo e crescente no aprendizado da matemática. As crianças só
chegarão à abstração que é o ponto crucial, para o raciocínio lógico, depois de um
longo tempo de manipulação concreta.
LORENZATO (2005) traz alguns elementos fundamentais na vida de
qualquer pessoa. Classificar é a ação de agrupar objetos por semelhanças. O
critério de classificação deve inicialmente ser proposto às crianças de forma
espontânea. Ao oferecermos materiais aos alunos para serem classificados, é
provável que os critérios que eles utilizem sejam muito variados. É interessante
conhecê-los, permitindo que expressem suas intenções ao proceder daquela forma.
Aos poucos a evolução desses critérios são percebidos e demonstram que as
crianças já estão aptas a estabelecer relações mais complexas: deixam de observar
o objeto na sua função primeira, para observar seus atributos. Exemplo: ao
oferecermos um conjunto de figuras geométricas, as crianças organizam uma
casinha com elas. Com a evolução de seu raciocínio lógico, elas iniciam outro tipo
de classificação, ou seja, separam as peças de acordo com um de seus atributos: a
cor (todos azuis), por exemplo, ou forma (todos os triângulos) ou o tamanho (só os
pequenos).
Identificar é observar com atenção um objeto, percebendo os atributos
que lhe são próprios, em relação principalmente à cor, ao tamanho e à forma. A
ação direta da criança sobre objeto é fundamental. Selecionar é capacidade de
separar ou de destacar determinados objetos de outros, de acordo com um de seus
atributos. Comparar é estabelecer relação entre dois elementos, destacando suas
semelhanças e diferenças, com base em algum atributo específico. Seriar é arranjar,
25
organizar e estabelecer uma sequência de objetos de modo que eles mantenham
com os vizinhos uma relação de diferença. Para uma boa visualização da seriação é
conveniente que as crianças façam um arranjo linear dos objetos, isto é, que eles
sejam sentido único, crescente ou decrescente. Os principais objetivos a serem
desenvolvidos no trabalho com a matemática são:
Descrever atributos de um objeto; Identificar o conjunto dos objetos cujos
elementos possuam atributos comuns; Separar os elementos de um
conjunto de objetos em classes que possuam um atributo comum; Ordenar
os elementos de um conjunto de objetos, segundo um determinado critério;
Classificar elementos segundo diferentes critérios, como cor, forma,
tamanho, posição etc; Adquirir conceitos que se constituam em elementos
fundamentais da matemática e aplica-los, sempre que necessário;
Identificar elementos para formar conjuntos; Ler e escrever numerais,
associando-os às quantidades que representam; Agrupar quantidade.
(LADEIRA, 1990, p. 280-281).
Para SMOLE (2001) o ensino da matemática na educação infantil é
pautado na concepção de que o aprendizado se dá ao exercitar habilidades e ao
ouvir o professor falar.
A autora pontua ainda que os desafios, que os alunos enfrentam ao
encontrar problemas que os obrigam a pensar com rapidez, levando-os a encontrar
formas e maneiras de se atingir o objetivo final e a troca de opiniões que acontece
durante os jogos, são importantes para os alunos desenvolverem uma coerência de
pensamentos e sua organização mental trazendo clareza na sua comunicação
matemática com os colegas.
Da mesma forma, SMOLE (1994), o trabalho na educação infantil é levar
as crianças a entender a natureza das ações matemáticas, explorando idéias
matemáticas relacionadas às medidas, aos números, à estatística e à geometria.
Segundo MOREIRA (1993), é necessário ter tempo vivido com os
problemas presentes na matemática; GARDNER (1994), diz que as capacidades
ligadas a uma inteligência pode ser usada para adquirir informações levando o
conhecimento através da exploração de vários códigos simbólicos. Sendo assim, o
trabalho da matemática na educação infantil não deve ser de forma esporádica, mas
sim, de forma constante e atrativa, onde a criança se encontre rodeada por
propostas que a levem a usar seu conhecimento lógico e matemático.
Para SMOLLE (2000) além das habilidades lógicas matemáticas é
necessário que os educandos tenham a oportunidade de ampliar suas competências
26
espaciais, corporais, intelectuais, intrapessoais e interpessoais. A brincadeira
possibilita explorar idéias referentes a números de um modo diferente do
convencional, pois o brincar é mais do que uma atividade lúdica é um modo de obter
informações, além de aquisição de hábitos e atitudes importantes. SMOLE (1994),
as brincadeiras permitem ao professor que ele investigue os conhecimentos dos
alunos e incentive o aprendizado criando possibilidades de observar como é o
processo de construção de conceitos matemáticos mostrando formas de construir
esses conhecimentos.
Os jogos são formas estimulantes que resgatam o brincar do aluno e o
deixa livre para construir seus conhecimentos; desenvolvendo seu raciocínio e sua
maturidade mental para a resolução de problemas matemáticos.
Os jogos, brinquedos e brincadeiras são atividades importantes na
infância. O brinquedo pode servir para a imaginação, confiança e a curiosidade da
criança, gerando a socialização, proporcionando o desenvolvimento da linguagem,
do raciocínio, da criatividade e da concentração.
A alegria no brincar é um sentimento muito prazeroso e importante, pois,
o sentir da felicidade produz manifestação de potencialidades, gerando coragem
para passar pelos desafios e motivação para criar. É, porém, um fator indispensável
para a operatividade. (SANTOS, 2011, p.29)
27
4. Pesquisa de campo: uma leitura da realidade
Para buscar dados que possam referendar nossa pesquisa, usamos o
questionário. Este foi respondido por professoras da Educação Infantil de escolas
públicas e particulares de Goiânia. Foram distribuídos 20 questionários, sendo que
destes houve um retorno de 10. Considerando a turbulência diária e os afazeres
pedagógicos das professoras pesquisadas, consideramos possível fazer análise
destes para o apontamento de parâmetros que indiquem respostas as nossas
indagações.
Quando questionadas: “Como o ensino da matemática é pensado neste
centro de Educação”?
Obtivemos respostas que apontam para uma concepção ainda mítica na
sociedade da importância da matemática como por exemplo.
A3: “O ensino da matemática é pensado como uma das disciplinas mais importantes
da grade curricular. Inclusive o estado disponibiliza um caderno educacional para os
alunos do 5º ano com as disciplinas de Português e Matemática como uma forma de
auxiliar no conhecimento dos alunos”.
Percebe-se
claramente
o
direcionamento
ao
ensino
engessado
da
matemática preso, ainda a uma “grade” de conteúdos que devem ser cumpridos pelo
professor. Neste momento o professor passa a ser um mero repetidor de conteúdos.
A figura do professor ainda carrega a mística do positivismo. A matemática como
uma “coisa” pronta e acabada. Segundo D’Ambrósio (2005) na educação e nas
relaçõers interculturais ainda persiste um “caráter utilitário (p. 78). Nacarato, et al
(2009) reforça a fala de D’Ambrósio dizendo que “uma concepção de aprendizagem
na perspectiva histórico-cultural” passa por uma significação de produção social (p.
83).
Algumas respostas apontam que apesar da concepção tradicional, é
possível trazer a matemática para um contexto em que é valorizada a multiplicidade
de linguagens como vemos nas respostas a seguir:
A2: “Pensado como uma das muitas linguagens que devem ser trabalhadas com a
criança, favorecendo seu desenvolvimento”.
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A4: “A instituição busca ao trabalhar a matemática despertar nas crianças o desejo
de conhecer e ir sempre em busca do saber para que elas possam ter uma visão
holística do mundo em que estão inseridas, não utilizando e memorizando números,
mas sim saber utilizá-los e aplicá-los em seu cotidiano”.
A maneira de se apresentar à criança conceitos matemáticos na
Educação Infantil estão diretamente relacionados à brincadeira. De forma lúdica e
interdisciplinar é possível proporcionar à criança a interação com a matemática de
maneira inter e intraconectiva (BLUMENTHAL, s/d) que irá acompanhar a pessoa
para toda a sua vida. Quando questionados sobre “Os números e figuras
geométricas são apresentados às crianças com quais recursos didáticos?”
apresentam-se respostas que apontam uma melhora significativa na concepção dos
professores sobre a importância da apresentação à criança os conceitos
sistematizados presentes no campo escolar. Mesmo com algumas contradições das
“coisas” prontas vemos nas respostas a seguir muitos progressos em relação aos
materiais didáticos e presentes no cotidiano do aluno.
A1: “Através de desenhos feitos no quadro, figuras concretas de caixas, bolas...
conseguimos identificar as figuras geométricas. Os números podemos observar em
nosso calendário, que é permanente em sala de aula, brinquedos pedagógicos com
numerais, etc”.
A2: “Por meio de cartazes construídos partindo de um contexto significativo e junto
com as crianças. Também por meio de músicas, vídeos e brincadeiras”.
A3: “São apresentados através do material adotado pela escola, através de jogos e
também através de material concreto encontrado no ambiente escolar”.
A4: “Para aguçarmos o raciocínio lógico matemático das crianças são utilizados
recursos didáticos como: Cartazes, jogos matemáticos, material dourado, data show,
quebra-cabeça com figuras geométricas, musicas relacionadas a números”.
Quanto ao material concreto específico percebe-se uma aproximação da
realidade e próximas dos alunos, saindo da concepção de que material bom é
material pronto e comprado. A pergunta específica sobre os materiais utilizados
mostram um pouco dessa concepção como podemos perceber a seguir:
29
A1: “Tampinhas de refrigerante, canudinho, palito de picolé colorido, entre outros”.
A2: “Materiais que são confeccionados junto das crianças, tornando os mesmos
mais significativos. Para isso, usamos desde jogos, tabuleiros e material dourado
reutilizando materiais recicláveis”.
A3: “Tangran, revistas, apagador, cadeiras, enfim, todas os objetos da sala de forma
que eles consigam identificar as mesmas”.
Através das evidências apresentadas, é possível perceber que os
professores estão atentos em relação ao ensino aprendizagem, que é possível
aprender a matemática através dos brinquedos e brincadeiras de uma forma gostosa
e prazerosa, principalmente quando os objetos são confeccionados pelos alunos,
neste processo, ela se sente importante e assim desenvolve o raciocínio lógico, a
capacidade de pensar e expressar. MARANHÃO (2004) afirma que o brinquedo
estimula a representação da realidade ao representá-lo ela estará vivendo algo ou
alguma coisa situação remoto ou real naquele momento.
Quando perguntados “Além de materiais concretos, que tipo de
brincadeiras vocês realizam com as crianças, para ensinar a elas aspectos da
matemática?” podemos perceber a importância que os professores dão a introdução
da brincadeira nas suas aulas. Exemplos vemos nas seguintes respostas:
A1: “Corre cotia (contamos a quantidade de crianças que estão participando da
brincadeira), pular corda (quantidade que cada criança consegue pular), coelhinho
sai da toca (contamos quantas tocas tem)”.
A2: “Brincadeiras de roda, palavra cantada (brinquedo cantado) amarelinha, jogos
(futebol, basquete e etc), votação democrática para escolha de algo (estatística /
gráfico), número”.
O brincar é muito importante na vida da criança, este brincar, auxilia no
desenvolvimento matemático e possibilita o aluno a desenvolver capacidades
mentais, motoras e raciocínio, estimulando a criatividade e o desenvolvimento de
suas habilidades, enfim, o brincar é a forma mais fácil e simples que existe para um
bom desenvolvimento de uma criança.
30
Quando perguntados sobre a receptividade das crianças as respostas
foram unanimes. Todos disseram que as crianças adoram.
A1: “Elas gostam, pois vivenciam a aprendizagem através do lúdico”.
A2: “As crianças interagem muito bem, gostam e participam na construção e
elaboração de conceitos matemáticos, pois partimos do eixo: Brincar”.
A3: “Ótima, os alunos gostam do ensino da matemática, principalmente quando é
feito de forma lúdica”.
Portanto essa aprendizagem através do lúdico vem de forma prazerosa,
pois envolve brinquedos e brincadeiras, não envolve competições, mas interagem os
alunos. NEGRINE (2000), afirma que a capacidade lúdica está diretamente
relacionada à sua pré-história de vida.
A partir do brincar, o educador consegue com mais facilidade fazer que
todos os educandos se interessem pela atividade prosposta, porque se torna uma
realização de algo agradável, estimulante e gostoso de se fazer.
A pergunta foi clara “Qual a importância necessária que você atribui ao
ensino da matemática na Educação Infantil”? As respostas mostram as
considerações dos professores sobre a importância da aprendizagem matemática
por meio das brincadeiras como vemos nas seguintes respostas:
A1: “Super importante, pois desde cedo elas aprendem que a matemática esta
ligada a outras áreas também, alem de começar a gostar e se interessar pela
disciplina”.
A2: “Dentre muitos aspectos que podemos citar, elegemos: o desenvolvimento do
raciocínio lógico matemático, capacidades como estimar, problematizar, concentrar,
memorizar, decifrar, selecionar, agrupar, relacionar e outros, que às vezes não são
trabalhados na Educação Infantil, por substimar a capacidade de nossas crianças”.
A3: “O ensino da matemática na Educação Infantil significa a base para o posterior
aprendizado, ou seja, quando a criança consegue entender o básico da matemática
logo no inicio a criança tem grandes chances de ter um melhor desempenho no
futuro”.
31
A4: “O ensino matemático é de grande importância para a Educação Infantil, pois ao
aprendê-la a criança estará se descobrindo e compreendendo conceitos que serão
trabalhados por toda sua vida social, assim será um ser crítico, sabendo atuar em
uma sociedade”.
Diante das evidências apresentadas nas entrevistas pode-se perceber
que alguns parâmetros apontam para a importância dada à brincadeira para o
ensino da matemática. Os professores manifestam compreender que as brincadeiras
contribuem para o aprendizado dos conceitos fundamentais voltada para esta
disciplina na educação infantil.
Apesar de algumas pedagogas entrevistadas estarem presas a uma
grade de conteúdos, a outra parte entrevistada considerada maior, entende que
utilizar das brincadeiras na educação infantil para o ensino da matemática é dar a
oportunidade de desenvolver nas crianças noções lógicas de espaço, tempo,
grandeza, medidas, formas geométricas, cores, quantidades, números, resolução de
problemas, etc.
Para aguçar o raciocínio lógico das crianças, as pedagogas utilizam
conteúdos lúdicos envolvendo a música, os jogos, as brincadeiras, as histórias, os
materiais concretos e atividades empresas, de maneira dinâmica, divertida e
prazerosa, atraindo o interesse dos alunos, pois brincando a criança expressa seus
pensamentos e adquire conhecimento de forma espontânea, desenvolvendo
também sua autonomia, imaginação, habilidades, criatividade, inteligência, além da
cognição e motricidade. PIAGET (1977) diz que a atividade lúdica é o berço
obrigatório das atividades intelectuais da criança.
Sendo assim, percebe-se que a prática do professor faz toda a diferença
no ensino da matemática através das brincadeiras na educação infantil. Por isso, o
professor deve estar sempre atento buscando novas metodologias deixando em
destaque atividades que envolva este ensino, pois a brincadeira é vista como uma
fonte de conhecimentos, onde a criança constrói seus saberes matemáticos de
forma significativa através do brincar.
32
5. Considerações finais
Depois de realizada a presente pesquisa, consideramos que os objetivos
propostos foram alcançados, isto é, de conseguir elaborar o material para
posteriores consultas aos profissionais dessa área e ressaltar a importância da
brincadeira na educação infantil para a introdução da matemática, enfatizando que
a linguagem da matemática, através da brincadeira na educação infantil, deve ser
realizada de forma significativa e prazerosa, pois a brincadeira, por si só, cria uma
situação de aprendizagem para a criança.
De acordo com esta pesquisa, pode-se caracterizar a brincadeira como
um instrumento lúdico, favorável para o ensino da matemática na educação infantil.
Durante o estudo foi possível observar e analisar como a brincadeira dentro da
matemática tem uma influência positiva para as crianças da primeira fase
educacional, trazendo assim uma aprendizagem prazerosa e diversificada. A
brincadeira é a melhor forma da criança se comunicar e se relacionar com as demais
crianças.
O professor deve ter uma postura dinâmica e sempre ressaltar a
importância da brincadeira envolvendo a matemática, pois essa estimula o exercício
do raciocínio, a lateralidade, o desenvolvimento motor e, sobretudo, a alegria e o
prazer.
Assim, observamos que o brincar envolve inúmeros aspectos de
desenvolvimento do educando, sendo eles, físico, afetivo, cognitivo e social. Por
isso, é fundamental que a escola, pais e professores estejam comprometidos com
recursos que facilitem o acesso da criança ao aprendizado. As escolas devem
proporcionar um espaço harmonioso que atenda a ludicidade necessária à faixa de
idade da Educação Infantil.
Acreditamos que o espaço escolar é o cartão de visita de uma escola, ela
precisa assegurar aos pais que seu ambiente é prazeroso e harmonioso, de forma
que a criança se envolva e desenvolva plenamente no processo ensinoapredizagem, satisfazendo todas as suas expectativas, anseios, ou seja, toda sua
vontade de aprender interagindo no mundo como cidadão. Dessa forma, os pais
devem acompanhar o cotidiano de seus filhos no ambiente escolar, fazendo a crítica
construtiva à escola.
33
A
Educação Infantil tem como objetivo o desenvolvimento integral da
criança, pois ela é a base para as demais etapas relacionada ao processo
educacional, toda sua proposta pedagógica deve estar direcionada às experiências
e vivências do educando, tornando-se possível a formação do indivíduo.
Portanto, a Educação Infantil deve sempre desenvolver no educando
habilidades e capacidades, levando o sujeito envolvido a buscar realizações nos
vários aspectos, social, econômico, político, cognitivo e emocional, sendo eles
participantes na sociedade, com possibilidades, inclusive de transformá-la.
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