ALGUMAS INFORMAÇÕES GERAIS Willy Ank de Morais ([email protected]) NORMATIZAÇÃO Existem várias aplicações dos produtos siderúrgicos, sendo que estes são definidos por normas técnicas. As normas técnicas são criadas por entidades normativas que basicamente podem ser de dois tipos: regionais ou setoriais. As entidades normativas regionais atuam em uma determinada região, que normalmente é um país, como é o caso da ABNT (Brasil), DIN (Alemanha), JIS (Japão), ANSI (Estados Unidos), entre outras. Estão se tornando mais conhecidas as entidades normativas que englobam vários países, tais como: NM (Mercosul), EURONORM (Europa) e COPANT (Américas). A mais abrangente seria a ISO, de abrangência mundial. Por outro lado, as entidades normativas setoriais possuem foco em um determinado setor econômico, tais como: SAE (automobilístico), API (petróleo e gás), ASME (vasos de pressão), ABS (naval) e normalmente são utilizadas internacionalmente no setor específico. REQUISITOS GERAIS E REQUISITOS ESPECÍFICOS Existem basicamente dois tipos de normas: as que contêm requisitos gerais, válidas para vários tipos de aços, e as normas de requisitos específicos, válidas para uma determinada aplicação. As normas com requisitos específicos versam sobre produtos siderúrgicos utilizados em aplicações específicas: botijões de gás, chapa de piso, geral, esmaltagem, estacas, estampagem, estrutural, fins elétricos, longarinas, naval, relaminação, rodas, tubos e vasos de pressão. As características mecânicas que estas normas abrangem refletem a aplicação final. Existem normas que focam na resistência mecânica do material, para aplicações tais como: vasos de pressão, estrutural e longarinas. Por outro lado, normas de produtos aplicados em estampagem focam na capacidade de deformação do material. Existem normas que solicitam requisitos especiais, para aplicações tais como: naval, tubos para petróleo e gás e rodas. Muitas destas normas estão citadas neste guia (). As normas de requisitos gerais complementam as informações das normas de requisitos específicos e são aplicáveis de forma mais abrangente. Normalmente uma ou duas normas de requisitos gerais, estabelecidas pelas entidades normativas, devem ser obrigatoriamente aplicáveis juntamente com as normas de produtos siderúrgicos. As mais utilizadas são a NBR 11888 e NBR 11889 da ABNT e estão contidas neste guia. Importante também é atentar que existem normas de requisitos gerais que também versam sobre a composição química. Normalmente as normas de requisitos específicos estabelecem um limite de composição química de panela (feita no aço líquido), mas as normas de requisitos gerais definem faixas permissíveis de variação desta composição em relação a uma análise feita em produtos de aço já solidificados. Por exemplo, a norma SAE J403 define um valor máximo de corrida 0,50%C para o grau 1045, porém a norma SAE J403 oferece uma permissão para um teor de até 0,53%C na análise de um produto classificado como SAE 1045. ALGUMAS DEFINIÇÕES PARA AÇOS Existem várias classificações dos aços, algumas são citadas para estabelecer, por exemplo, tolerâncias dimensionais. É comum, neste sentido, definir aços de baixa e alta resistência. A NBR 11888:2008 define aços de baixa resistência (BR) e de alta resistência (AR). Aços de Baixa Resistência (BR): aços carbono com limite de escoamento (L.E.) mínimo especificado menor que 280MPa. Nos casos onde o limite de escoamento não é especificado, cosideram-se os aços com teor de manganês inferior a 1,2%. Aços de Alta Resistência (AR): são àqueles com limite de escoamento (L.E.) mínimo especificado maior ou igual à 280MPa. Nos casos onde este não é especificado, consideram-se os aços com teor de manganês igual ou superior a 1,2%. A NBR 11888 também define uma faixa intermediária de resistência mecânica de aços para fins de tolerância dimensional que aqui será designada como média resistência (MR) quando o limite de escoamento (L.E.) mínimo especificado maior ou igual à 280MPa a até 360MPa. Não é previsto outro critério, baseado na análise química. Deve-se considerar os aços de média resistência como iguais aos de alta (MR=AR) quando não são citados no texto. Análise química de panela (heat analysis) – análise química realizada na última etapa de tratamento do aço líquido, normalmente realizada em amostras obtidas diretamente do metal líquido do molde de lingotamento ou da panela que está vazando o metal para a lingoteira ou molde de fundição. É considerada a forma mais representativa de representar a análise química de uma corrida de aço por ser obtida a partir de uma amostra naturalmente homogeneizada e de composição definida. Análise química de produto (product analysis) – análise química de produtos ou semiprodutos normalmente feita para validar a conformidade com os requisitos da especificação. A faixa da composição química permissível é normalmente expandida pelas normas de especificação para considerar os desvios associados a possíveis heterogeneidades do aço. Produto laminado quente – obtido pela laminação a quente de semi-acabados de aço. No caso dos produtos planos, quando a laminação é conduzida em um laminador contínuo são obtidas bobinas finas ou grossas, que podem ser transformadas em chapas. Quando a laminação é executada em um laminador reversível são obtidas chapas grossas. A norma brasileira define chapas finas com espessuras abaixo ou iguais à 5,00mm e chapas grossas com espessuras acima de 5,00mm. Neste guia os materiais laminados a quente produzidos por laminadores contínuos são identificados pela sigla “LQ” e os produzidos por laminadores reversíveis por “LCG”. Produto laminado a frio – obtido pela redução a frio de produtos laminados a quente decapados até se obter um produto nas dimensões exigidas. Após a conformação a frio, normalmente são aplicados processos de recozimento e algum grau de encruamento para conferir ao produto as características desejadas de propriedades mecânicas e rugosidade superficial. Limite de Escoamento (SLE) – Por definição é o valor da carga por unidade de área (ou tensão) acima da qual o material (aço) irá apresentar deformação plástica, que não é perdida mesmo quando o material é descarregado. O Limite de Escoamento (SLE) é a propriedade básica para qualquer projeto mecânico. Existem algumas pequenas variações no método de medição desta propriedade, cuja descrição é oferecida pelas normas aplicáveis. Limite de Resistência (SLR) – Máxima carga por unidade de área (tensão) que um material (aço) suporta em uma amostra antes da sua ruptura. O limite de resistência (SLR) pode ser numericamente associado à dureza. No caso dos aços carbono-manganês comuns, é possível estimar a dureza Brinell (HB) a partir do Limite de Resistência (L.R.), ou vice versa, pela relação: L.R. = 3,44×HB. Alongamento – Máximo aumento de comprimento relativo em uma amostra testada por tração. Sabe-se que a geometria do corpo de prova influencia no resultado do alongamento. O alongamento proporcional é a única forma de medir o alongamento de um material sem que o resultado dependa da geometria do corpo de prova. Este valor pode ser diretamente de ensaios de tração feitos em corpos de prova de tamanho proporcional ou convertidos pela equação de Oliver, contida na norma ISO 2566: Alongament oL0 ÁreaCP Alongamento Proporcional 2 L0 0 , 4 Onde: AlongamentoL0 é o valor do alongamento medido em um CP com base de comparação L0; ÁreaCP é o valor da área da seção reta do CP de tração utilizado para se medir o alongamento, L0 é o valor da base de comparação. Coeficiente de Anisotropia (R) – O coeficiente de anisotropia ou coeficiente de Lankford (R) é a razão entre a deformação verdadeira na largura (b) e na espessura (e) de um CP de tração, após determinada deformação longitudinal pré-definida. Este coeficiente está diretamente associado à capacidade de estampagem da chapa e pode ser definido segundo diferentes direções de laminação (0°, 45° e 90°). Pode ser expresso resumidamente pelo Coeficiente de Anisotropia Normal: R = (R0°+2R45°+R90°)/4, ou como Coeficiente de Anisotropia Planar R= (R0°-2R45°+R90°)/4. Coeficiente ou Expoente de Encruamento (n) – Valor numérico que quantifica o grau de encruamento que um metal apresenta sob deformação plástica. É comum haver gradientes de deformação em operações de conformação, por exemplo, por estampagem. Se o coeficiente de encruamento for suficientemente grande, haverá a redistribuição das deformações e a peça sendo conformada suportará mais deformações, antes que a estricção localizada se inicie. Então, para operações que exigem altos graus de estiramento, exigem-se materiais com altos valores de n. Também pode ser definido segundo diferentes direções de laminação (0, 45 e 90°).