ISSN:Revista 1984 - 2848 da Faculdade Estácio de Sá de Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 01, Dez. 2008 / Jun. 2009 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, Set. 2009 / Dez. 2009 Ficha Catalográfica da Revista LOPES, Edmar Aparecido de Barra e. Revista de Ciências da Saúde. Faculdade Estácio de Sá de Goiás- FESGO. Goiânia, GO, v.01, nº02, set.2009/dez.2009. Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO. I.Ciências da Saúde. II‐ Título: Revista de Ciências da Saúde. III.Publicações Cientificas. CDD 600 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CPI) Faculdade Estácio de Sá de Goiás Catalogação na Fonte / Biblioteca FESGO Jacqueline R.Yoshida – Bibliotecária – CRB 1901 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS – FESGO VOLUME 1-1, N. 02, SETEMBRO DE 2009, PERIODICIDADE: SEMESTRAL. ISSN: 1984 – 2848 ______________________________________________________________________________ ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO Cursos de: GO Administração Enfermagem Farmácia Educação Física Fisioterapia Recursos Humanos Redes de Computadores ______________________________________________________________________________ ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Editor Cientifico: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Conselho Editorial Executivo: Adriano Luis Fonseca Ana Claudia Camargo Campos Claudio Maranhão Pereira Edson Sidião de Souza Júnior Patrícia de Sá Barros Guilherme Nobre Lima do Nascimento Conselho Editorial Consultivo: Adriano Luís Fonseca Andréia Magalhães de Oliveira Denise Gonçalves Pereira Elder Sales da Silva Jaqueline Gleice Aparecida de Freitas Karolina Kellen Matias Marc Alexandre Duarte Gigonzac Marco Túlio Antonio Garcia-Zapata Marise Ramos de Souza Marizane Almeida de Oliveira Sandro Marlos Moreira Equipe Técnica: Editoração Eletrônica , Coordenação Gráfica e Capa e Ltda e Revisão de Texto em Inglês: Edclio Consultoria: Editoria, Pesquisa e Comunicação Ltda Revisão Técnica: Josiane dos Santos Lima Projeto Editorial, Projeto Gráfico, Preparação, Revisão Geral e Capa: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Endereço para correspondência/Address for correspondence: Rua, 67-A, número 216 – Setor Norte Ferroviário, Goiânia-GO, CEP: 74.063-331. Coordenação do Núcleo de Pesquisa. Informações: Tel.: (62) 3212-0088 Email: [email protected] edmar.lopesgo.estacio.br FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS-FESGO Diretora Geral: Sirle Maria dos Santos Vieira Diretor Acadêmico: Adriano Luís Fonseca Diretor Financeiro: Vicente de Paula Secretária Geral de Cursos: Auricele Siqueira Ferreira Coordenadores de Cursos Administração/RH Ana Cristina Pacheco Veríssimo Enfermagem Cristina Galdino de Alencar Farmácia Edson Sidião Souza Junior Fisioterapia Patrícia de Sá Barros Redes de Computadores Samir Youssif Wehbi Arabi Educação Física Adriano Luis Fonseca COORDENADORES DE NÚCLEOS Coordenação do Núcleo de Pesquisa: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Coordenação do Núcleo de EAD: Mara Silvia dos Santos SUMÁRIO EDITORIAL APRESENTAÇÃO ARTIGOS 10 - 18 Influência Do Vírus Herpes Humano Tipo 6 Em Mucosites Bucais De Pacientes Imunossuprimidos Claudio Maranhão Pereira 19 - 36 Série Neuroevolutiva Funcional Adriano Luís Fonseca Daniela Rosana Pedro Fonseca Patricia de Sá Barros Luis Gustavo Amorin Marcelo Jota Rodrigues 34 - 39 Comparação Da Eficácia De Drogas No Controle Da Dor Associada Ao Elástico Separador Ortodôntico: Proposta De Estudo Vivianne da Veiga Jardim Costa Marcos Augusto Lenza Edson Sidião de Souza Júnior 40 - 36 Avaliação do potencial mutagênico e\ou antimutagênico de panax ginseng c.. A. Meyer contra genotoxicidade de doxorrubicina em células somáticas de drosophila melanogaster Denise G. Pereira Ulrich Graf Mário A. Spanó 58 - 66 Úlcera Por Pressão: Uma Revisão Integrativa Da Literatura Lorena Leodécima Rocha Marcela Cristina Coelho Guimarães Maísa Xavier Ferreira Nelma Maria dos Santos Thaisa Dias de Melo Débora Zanoni Antunes 67 - 78 A Educação Em Saúde No Programa Saúde Da Família Sandra Oliveira Santos Lílian Dias Gonçalves Silva Rosana Bastos Bittencourt Xistos Sena Passos PESQUISAS 79 - 96 Avaliação Da Incidência De Neoplasia Trofoblástica Gestacional Em Gestantes De Goiânia-Goiás: Estudo Retrospectivo E Revisão Da Literatura Julianna Caruliny de Miranda Keila Moreira Marques Maiza Gomes de Melo e Souza Raquel Pires da Silva Claudio Maranhão Pereira 97 - 112 Centralização de artigos médico hospitalares: Revisão de literatura Débora Zanoni Antunes. Adriana Cândido de Araújo Lélia Leal Gondim Borges Lívia Noêmia de Morais Gomes Núria Micheline Pereira Silva 113 - 115 A Importância Do Auto-Exame Das Mamas Na Prevenção Do Câncer De Mama Edcassia Gonçalves. Cleidiane Gonçalves Pires Gilson G. de Souza RESUMO DE TESE 117 - 120 121 Estudo Dos Protozoários Intestinais Oportunistas Por Meio Da Reação De Polimerase Em Cadeia (Pcr), Em Goiânia-Go, Brasil (1999-2007) Edson Sidião de Souza Júnior A importância da qualidade dos estudos randomizados e a padronização "consort" Camargo-Campos, A.C. estudos clínicos EDITORIAL A Revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde chega ao seu segundo número elencando fortes motivos para comemorar. Primeiro, apesar de muito nova, a Revista já conta hoje com colaboradores de diversas instituições do país (Federais, Estaduais e privadas). Portanto, a Revista Estácio de Sá - Ciências Humanas já se caracteriza como periódico de circulação nacional desde seu primeiro número. Segundo, a Revista conseguiu atingir seu objetivo de se tornar um periódico científico de livre e irrestrito acesso, através de sua versão eletrônica, que pode ser acessada pelo endereço: http://www.saps.com.br/sites/estacio/downloads/revista/rev_ciencia_humanas_n_1_ok_ red.pdf Terceiro, outro motivo para celebrar é o de termos alcançado já no número II da Revista um aumento muito expressivo de qualificados colaboradores no conselho científico da mesma. São professores/pesquisadores de inúmeros centros de excelência federais e estuaduais do país, que se juntam aos professores desta Instituição no trabalho de consolidação deste periódico. É verdade que há muito ainda o que fazer, mas devemos comemorar o que já foi alcançado e não perdemos de vista a necessidade de buscar cada vez mais qualidade e respeitabilidade científicas. Edmar Aparecido de Barra e Lopes Editor-Científico APRESENTAÇÃO A Faculdade Estácio de Sá-GO tem ousado novos e importantes passos na área de pesquisa, ensino, extensão e de sua própria administração. A presidência da Faculdade Estácio de Sá - GO juntamente com a direção acadêmica desta, não têm poupado esforços para fazer com que a Instituição se consolide como uma referência de ensino e pesquisa na microrregião do Estado de Goiás na qual está inserida. Um exemplo desta nova postura administrativa, que tem na constante busca por qualidade seu principal eixo orientador, é a Revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Mais que uma publicação científica fomentada pela Instituição, trata-se de um dos novos marcos que caracterizam uma gestão preocupada em levar o nome da Faculdade Estácio de Sá-GO, além das fronteiras local e regional. Trata-se de um esforço de estimular o diálogo do corpo docente e discente de nossa Instituição com o universo da comunidade científica em geral. Tal como o contínuo e permanente esforço de auto-superação na busca de mais e mais qualidade institucional experimentado cotidianamente por funcionários, professores, alunos e comunidade. A Revista Estácio de Sá Ciências da Saúde, número II, também se auto-supera em qualidade formal e de conteúdo. Trata-se de um movimento tendencial que bem conhecemos na produção do conhecimento científico e que é imprescindível também à nossa administração. Sirle Maria dos Santos Vieira Diretora Geral da Faculdade Estácio de Sá-GO Adriano Fonseca Diretor Acadêmico da Faculdade Estácio de Sá-GO Artigos ISSN: 1984 - 2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE ISSN: 1984 - 2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 10-18, Set. 2009/Dez. 2009 INFLUÊNCIA DO VÍRUS HERPES HUMANO TIPO 6 EM MUCOSITES BUCAIS DE PACIENTES IMUNOSSUPRIMIDOS Claudio Maranhão Pereira Resumo: Abstract: O vírus herpes humano 6 (HHV-6) é um dos oito tipos de vírus da família Herpesviridae que tem como hospedeiro primário o homem. A prevalência do vírus HHV-6 na população adulta saudável pode variar de 50 a 90%, sendo que infecção primária se dá geralmente nos dois primeiros anos de vida. Transplante de Medula Óssea (TMO) tem sido rotineiramente usado para o tratamento de uma variedade de doenças incluindo malignidades hematológicas, imunodeficiências e síndromes com deficiência medular. Infecções virais, especialmente com herpesvirus, são uma das principais causas de morbidade e mortalidade em pacientes submetidos a este tratamento. Estes pacientes apresentam alteração da imunidade e quadro clínico composto de mucosites bucais, as quais podem estarem associadas a efeitos secundários da quimioterapia, infecções secundárias ou ainda alterações bucais da Doençaenxerto-contra-hospedeiro (GVHD). Por esta razão é necessário uma avaliação da real influência o vírus HHV-6 em mucosites bucais destes pacientes, correlacionando com quadro clínico e evolução das lesões. The Herpes Human Virus 6 (HHV6) is one on eight kind of virus of Herpesviridae family, what has man how primary graft. The prevalence of virus HHV6 in the healthy adult population may to alternate on 5090%, besides primary infection to occur in the firsts years on the life. Bone Marrow Transplantation has been make useful on management for vary disease enclosed hematological cancer, immunodeficiency and syndromes with medullary deficiency. Viral infections, especially by herpesvirus, are main cause of morbidity and mortality on these patients. They have immunity disorders and clinic features compost by oral mucositis, what may to be association with secondary effects of chemotherapy, secondary infections or oral alterations of Graft-versus-hostdisease (GVHD). Therefore is necessary the assessment the real influence of virus on these patients’ mucositis, association with clinic features and evolution of these lesions. Palavras-chave: Key-words: Herpes, estomatite, transplante de medula óssea, imunossupresão. Herpes, stomatitis, bone marrow transplantation, immunocompromised. Professor Doutor de Patologia da Faculdade Estácio de Sá de Goiás/Professor titular de Patologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista-Goiania/GO. Autor correspondente: Claudio Maranhão Pereira Faculdade Estácio de Sá de Goiás – Departamento de Ciências da Saúde Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista, campus Flamboyant Patologia Oral -Diagnóstico Oral BR-153, KM 503, Fazenda Botafogo - CEP: 74845-090 Goiania/GO – Brazil + 55 62 32394000 e-mail: [email protected]; [email protected] PEREIRA, Claudio Maranhão. Influência do vírus herpes humano tipo 6 em mucosites bucais de pacientes imunossuprimidos – revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 10-18, Set. 2009/Dez. 2009. 12 O vírus herpes humano 6 (HHV-6) é um dos oito tipos de vírus da família Herpesviridae que tem como hospedeiro primário o homem (PELLETT et al.27, 1992). Foi primeiramente isolado pôr Sallahuddin et al.31, (1996) em cultura de linfócitos do sangue periférico de pacientes portadores de distúrbios linfoproliferativos e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Foi denominado de HBLV (Vírus Humano Linfotrópico B) devido ao tropismo inicial apresentado para os linfócitos B. Trabalhos posteriores comprovaram que esse tropismo se dava para linfócitos T (ABLASHI et al.2, 1987), mas especificamente para linfócitos T CD4+, além de poder infectar uma variedade de outras células da linhagem T e B (BECKER et al.5, 1989). Devido a sua semelhança genética com o Citomegalovírus humano (CMV), foi incluído na subfamília beta-HHV (ROIZMAN et al.30, 1992). Duas variantes do HHV-6 são consideradas, A e B, sendo suas diferenças baseadas principalmente em suas características de crescimento “in vitro”, imunorreatividade e sequência de DNA (PELLETT et al.27, 1992). A variante B é considerada a principal causa do exanthema subtum, enquanto a variante A apresenta-se mais citolítica além de ser mais virulenta, sendo que sua etiologia não foi totalmente identificada (SCHIEMER et al.32, 1991; DEWHURST et al.12, 1993). O HHV-6 assemelha-se a outros vírus herpéticos da subfamília betaherpesvirinae devido a sua permanência, quando em latência, nas glândulas salivares e células mononucleares do sangue (FOX et al.15, 1990; ROIZMAN et al.30, 1992; LUPPI et al.23, 1993). Esta característica pode explicar a alta incidência do vírus na saliva de adultos saudáveis, bem como a alta taxa de infecção em crianças (JARRET et al.19, 1990; HARNETT et al.18, 1990; LEVY et al.21, 1990; CONE et al., 1993; DI LUCA et al.13, 1995; ABERLE et al.1, 1996). A presença de aftas recorrentes concomitantes a infecção pelo HHV-6 já foi estudada por GHODRATNAMA et al.16 (1997), relatando haver relação entre esta lesão e a infecção viral. A prevalência do vírus HHV-6 na população adulta saudável pode variar de 50 a 90% (PELLETT et al.27, 1992), sendo que infecção primária se dá geralmente nos dois primeiros anos de vida. A saliva tem sido considerado um meio de transmissão viral importante (PIERTROBONI et al.29, 1988). No Japão a freqüência de exantema em crianças infectadas pelo HHV-6 é de cerca de 60%. Nos Estados Unidos 70% dos casos de infecção primária não apresentam manifestações clínicas ou resultam apenas PEREIRA, Claudio Maranhão. Influência do vírus herpes humano tipo 6 em mucosites bucais de pacientes imunossuprimidos – revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 10-18, Set. 2009/Dez. 2009. 13 em febre ou “rash cutâneo” (NIEDERMAN et al.26, 1988; SOBUE et al.33, 1991; AKASHI et al.3, 1993; FRANCESCO DRAGO et al.16, 1999). Após a infecção primária, o HHV-6 geralmente permanece em latência e pode ser isolado em saliva de indivíduos infectados que não apresentem quaisquer alterações clínicas (CONE et al.10, 1993). Ainda não foi totalmente esclarecido os locais de latência viral, porém pode ser identificado em células mononucleares de sangue periférico de 17 a 90% dos adultos saudáveis (GOPAL et al.17, 1990; CUENDE et al.11, 1994). Isto leva crer que o retículo linforeticular é o local de permanência do vírus, enquanto as glândulas salivares podem representar os sítios de replicação e o reservatório viral (FOX et al.15, 1990). Ao exame histológico em culturas de linfócitos, pode-se notar o efeito citopático do HHV-6 caracterizado pela presença de células baloniformes e sincício, indicando a porcentagem de células infectadas (SALLAHUDDIN et al.31, 1986; LUSSO et al.24, 1989). Culturas mistas de HHV-6 e HHV-1 têm demostrado coinfecção de linfócitos T CD4+, resultando na aceleração da expressão viral do HHV-1 e da apoptose celular. Além, disso, o HHV-6 pode infectar os linfócitos T CD8+, células “natural Killer” (NK) além de fagócitos mononucleares (LUSS0 et al.24, 1989). Em indivíduos imunocompetentes a infecção pelo HHV-6 está relacionada a doenças inflamatórias como o exanthema, febre infantil, hepatite, síndrome da fadiga crônica, doenças autoimunes, histiocitose, síndrome das “luvas e meias”, mononucleose infecciosa “like” e ainda estar relacionado a casos de esclerose múltipla. Também são encontrados indícios dessa infecção herpética em pacientes com distúrbios linfoproliferativos malignos como linfomas e leucemias linfoblásticas (NIEDERMAN et al.26, 1988; SOBUE et al.33, 1991; AKASHI et al.3, 1993; FRANCESCO DRAGO et al.16, 1999). Pacientes portadores sintomáticos do vírus HIV podem manifestar infecções disseminadas nos pulmões, fígado, rins, baço e linfonodos além de doenças no Sistema Nervoso Central (SNC) como distúrbios de desmielinização. O uso de medicações imunossupressoras mieloablativas em pacientes submetidos ao tratamento antineoplásico, propicia a infecção secundária pelo HHV-6. As manifestações comuns nesses pacientes são os “rash” de pele, pneumonite interticial e encefalites. Formas mais graves da doença do enxerto-contra-hospedeiro (GVHD), podem estar relacionados a presença do HHV-6 (DRAGO14, 1999). PEREIRA, Claudio Maranhão. Influência do vírus herpes humano tipo 6 em mucosites bucais de pacientes imunossuprimidos – revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 10-18, Set. 2009/Dez. 2009. 14 Em pacientes receptores de medula óssea, devido a períodos extensos de imunossupressão, a infeção pelo HHV-6 tem papel importante na perda do enxerto e no aumento da morbidade dos pacientes (YOSHIKAWA et al.39, 1991). A presença de partículas virais na saliva de pacientes imunossuprimidos é alta, porém não se pode afirmar que a imunossupressão é pré-requisito para isto, pois sua incidência nesses pacientes não difere consistentimente das dos indivíduos saudáveis (LEVY et al.21, 1990; LYALL et al.25, 1995). A quimioterapia e radioterapia têm fundamental importância no tratamento contra o câncer. Estas terapias causam, com alta freqüência na cavidade bucal, um efeito adverso denominado mucosite. A mucosite é uma alteração extremamente dolorosa produzida por citotoxicidade, extremamente dolorosa, que restringe a função mastigatória e de deglutição (SONIS34, 1997). Clinicamente varia de edema a úlceras graves podendo agir como sítio de infecção secundária e porta de entrada para microbiota bucal endógena, tornando os pacientes vulneráveis a infecções locais ou sistêmicas (LIESCHKL22, 1992). Dos pacientes que recebem quimioterapia, cerca de 40 a 100% deles apresenta algum grau de mucosite (SONIS34, 1997; BLIJLEVENS et al.6, 2000). Estima-se que 50% desses pacientes desenvolvem lesões graves, levando a modificações nos planos de tratamento do câncer e/ou analgesia parenteral. A incidência é consistentemente mais alta entre pacientes que recebem terapia de condicionamento para Transplante de Medula Óssea (TMO), terapia de infusão contínua para câncer de mama e cólon e terapia para tumores de cabeça e pescoço. Como conseqüência, não é incomum, a necessidade da alteração do protocolo utilizado (SONIS34, 1997). A mielossupressão em decorrência da quimioterapia resulta em neutropenia, o que faz com que a mucosite seja um fator de risco significante para infecção local e sistêmica. Pacientes com mucosite e neutropenia estão quatro vezes mais expostos ao risco de septicemia quando comparados aos pacientes sem mucosite (SONIS34, 1997). A mucosite, além de apresentar um grande impacto na qualidade de vida, morbidade e mortalidade, também demanda um alto custo de tratamento aumentando o tempo de internação e uso de drogas (SONIS34, 1997). A qualidade da higiene oral do paciente é um modificador bem estabelecido. Pacientes com boa condição bucal, que mantêm boa higiene durante o tratamento de PEREIRA, Claudio Maranhão. Influência do vírus herpes humano tipo 6 em mucosites bucais de pacientes imunossuprimidos – revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 10-18, Set. 2009/Dez. 2009. 15 câncer, tendem a ter menos episódios de mucosite do que pacientes com higiene e manutenção bucal precária (SONIS34, 1997). São várias as publicações de diferentes tipos classificação para a mucosite: WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990 (WHO); ORAL MUCOSITIS ASSESSMENT SCALE (OMAS), 1999; e ORAL ASSESSMANT GUIDE (OAG), 1988. A WHO em 1990 classificou a mucosite da seguinte forma: Grau 0: ausência de estomatite; Grau I: eritema clinicamente visível e/ou paciente menciona sensação de ardência na cavidade oral; Grau II: eritema e ulceração ou mancha branca presente ao exame clínico. Paciente queixa-se de dor intra-oral, mas está hábil para comer; Grau III: eritema e ulceração ou mancha branca presente ao exame clínico. Paciente queixa-se de severa dor intra-oral e está impossibilitado de ingerir alimentos sólidos. Grau IV: eritema e ulceração ou mancha branca presente ao exame clínico. Paciente queixa-se de severa dor intra-oral e está impossibilitado de ingerir alimentos sólidos e líquidos. A mielossupressão em decorrência da quimioterapia ocorre a partir do sétimo dia da terapia e aproximadamente no 10º e 11º dias após o momento mais grave da mucosite. A colonização bacteriana na ulceração da mucosa bucal pode ser um achado comum. Podendo, essa condição, evoluir para infecções locais e sistêmicas. Importante ressaltar que a microbiota bucal do paciente neutropênico difere da que a da população saudável, devido ao uso de antibióticos (SONIS34, 1997). Para se propor um tratamento adequado a essas lesões, faz-se necessário o diagnóstico diferencial das lesões resultantes da citotoxicidade medicamentosa daquelas fúngicas ou virais que se sobrepõem a essas alterações epiteliais. O HHV-6 é um vírus que acomete quase toda população e em pacientes imunossuprimidos estes podem tornar-se ativos ou infecta-los de forma primária. GHODRATNAMA et al.16, em 1999, identificaram anticorpos contra o HHV-6 em pacientes com estomatites aftosas recorrentes. YADAV et al.37, em 1997, também identificaram o DNA do HHV-6 em lesões ulcerativas em cavidade bucal. Transplante de Medula Óssea (TMO) tem sido rotineiramente usado para o tratamento de uma variedade de doenças incluindo malignidades hematológicas, imunodeficiências e síndromes com deficiência medular. Infecções virais, PEREIRA, Claudio Maranhão. Influência do vírus herpes humano tipo 6 em mucosites bucais de pacientes imunossuprimidos – revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 10-18, Set. 2009/Dez. 2009. 16 especialmente com herpesvirus, são uma das principais causas de morbidade e mortalidade depois do transplante de medula óssea (MAEDA et al.26, 1999). Infecção pelo HHV-6 em um período logo após o transplante de medula óssea é comum com predominância, mas não exclusividade, da variante B. Há uma associação do HHV-6 com uma variedade de doenças clínicas incluindo encefalites, pneumonias, linfoma T pos-transplante, microangiopatia trombótica, perda do enxerto e supressão da medula óssea. Estudos têm demostrado atividade supressiva do HHV-6 na maturação e crescimento dos precussores da medula óssea normal, incluindo granulócitos/macrófagos, eritroides e linhagens megacariocíticas (CLARK et al.8, 2000). A importância de um tratamento para a mucosite consiste numa melhora na qualidade de vida. A eliminação da dor, que limita as funções do aparelho estomatognático, das feridas, e do foco de infecções estão diretamente relacionados com a morbidade do tratamento antineoplásico. No intuito de amenizar a sintomatologia tratamentos foram propostos, muitos deles como alternativas paliativas que apresentam resultados variados em decorrência da individualidade de cada paciente tanto para com a resposta como a aceitação do tratamento (SONIS34, 1997). Diversos são os exames utilizados para o diagnóstico da infecção pelo HHV-6. A presença do anticorpo IgM anti-HHV-6 pode indicar infecção recente ou reativação viral, enquanto a infecção crônica é geralmente caracterizada pela presença do anticorpo IgG anti-HHV-6, presente em 80 a 90% da população adulta (BRIGGS et al.7, 1988; LEVY et al.21, 1990; SUGA et al.35,1992). A presença e a quantificação do genoma viral à partir de fluidos corporais como a saliva, pode ser obtido através de biópsias, citologias esfoliativas ou mesmo do sangue periférico através da técnica de PCR (Polimerase Chain Reaction) (NIEDERMAN et al.26, 1988; BRIGGS et al.7, 1988; KIDO et al., 1990; GOPAL et al.17, 1990; JARRET et al.19, 1990; AUBIN et al.4, 1991; YAMOMOTO et al.39, 1994; CUENDE et al.11, 1994; WILBORN et al.36, 1994; ABERLE et al.1, 1996; PIETROBONI et al.29, 1998). Uma vez que a grande maioria da população mundial é portadora do vírus HHV-6 e, sabendo que pacientes imunossuprimidos são mais susceptíveis a desenvolverem infecções, torna-se necessário no futuro próximo estudos do HHV-6 nos pacientes submetidos a transplante de medula óssea. São pacientes que sabidamente apresentam alteração da imunidade e quadro clínico composto de mucosites bucais PEREIRA, Claudio Maranhão. Influência do vírus herpes humano tipo 6 em mucosites bucais de pacientes imunossuprimidos – revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 10-18, Set. 2009/Dez. 2009. 17 decorrentes da imunossupressão, quimioterapia, podendo estar ou não associadas a lesões em mucosa bucal da Doença do Enxerto contra Hospedeiro (GVHD). Desta forma, torna-se necessário uma avaliação da real influência o vírus HHV-6 em mucosites bucais, correlacionando com quadro clínico e evolução das lesões, para que dessa forma no futuro, seja possível de se estabelecer melhores formas terapêuticas e preventivas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABERLE, S. W., MANDL, C. W., KUNZ, C., et al. Presence of humanherpes virus 6 variants A and B in saliva and peripheral blood mononuclear cells of health adults. J. Clin. Microbiol., 34, 3223-3225, dec., 1996. 2. ABLASHI, D. V., SALAUHUDDIN, S. Z., JOSEPHS, S. F., et al. HBLV (or HHV-6) in human cells lines. Nature. 329, 207, 1987. 3. AKASHI, K., EIZURU, Y., SUMIYOSHI, Y., et al. Brief report: severe infectious mononucleosis-lyke syndrome and primary human herpesvirus 6 infection in adult. N. Eng. J. Med., 329, 168-171, 1993. 4. AUBIN, J., COLLANDRE, H., CANDOTTI, D., et al. Several groups among human herpesvirus 6 strains can be distinguished by souther blotting and polimerase chain reaction. J. Clin. Med. 29, 367-372, feb., 1991. 5. BECKER, W. B., ENGELBRECHT, S., BECKER, M. L. B., et al. New T-lymphotropic human herpesvirus. The Lancet. i, 41, 1989. 6. BLIJLEVENS, N.M.A.; DONNELLY J.P.; DE PAUW B. – Mucosal barrier injury: biology, pathology, clinical counterparts and consequences of intensive treatment for haematological malignancy: an overview. Bone Marrow Transplantation, 25: 1269-1278, 2000. 7. BRIGGS, M., FOX, J., TEDDER, R. S. Age prevalence of antibody to human herpesvirus 6. The Lancet. 1058-1059, may., 1988. 8. CLARCK, D. A., ALEXANDER, F. E., MCKINNEY, P. A., et al. The seroepidemiology of human herpesvirus 6 from a case control study of leukaemia and lymphoma. Int. J. Cancer. 45, 829-833, 1990. 9. CLEMENT. M., MENZO, S., MANZIN, A. et al. Quantitative molecular methods in virology. Arch. Virol. 140, 1523-1539, 1995. 10. CONE, R. W., HACKMAN, R. C., HUANG, M. W., et al. Human herpesvirus 6 in lung tissue from patients with pneumonitis after bone marrow transplantation. N. Engl. J. Med., 329, 156-161, lul., 1993. 11. CUENDE, J. I., RUIZ, J., CIVEIRA, M. P., et al. Hight prevalence of HHV6 DNA in peripheral blood mononuclear cells of health individuals detected by Nested-PCR. J. Med. Virol. 43, 115-118, 1994. 12. DEWHURST, S., MCINTYRE, K., SCHNABEL, K., et al. Human Herpesvirus (HHV6) variant B accounts for the majority of symptomatic primary HHV6 infections in a population of U,S. infants. J. Clin. Microbiol., 31, 416-418, feb., 1993. PEREIRA, Claudio Maranhão. Influência do vírus herpes humano tipo 6 em mucosites bucais de pacientes imunossuprimidos – revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 10-18, Set. 2009/Dez. 2009. 18 13. DI LUCA, D., MIRANDOLA, P., RAVAIOLI, T., et al. Human Herpesvirus 6 and 7 in salivary gland and human immunodeficiency virus poritive individuals. J. Med. Virol., 45, 426465, 1995. 14. DRAGO, F., REBORA, A. The new herpesviruses: emerging pathogens of dermatological interest. Arch. Dermatol. 135, 71-75, jan., 1999. 15. FOX, J. D., BRIGGS, M., WARD, P. A., et al. Human herpesvirus 6 in salivary glands. The Lancet. 336, 590-593, sep., 1990. 16. GHODRATNAMA, F., RIGGIO, M. P., WRAY, D. search for human herpesvirus 6, human cytomegalovirus and varicela zortes virus DNA recorrent aphthous stomatitis tissue. J. Oral Pathol. Med., 26, 192-197, 1997. 17. GOPAL, M. R., THOMSON, B. J., FOX, J., et al. Detection by PCR of HHV6 and EBV DNA in blood and oropharynx of health adults and HIV-seropositives. The Lancet. 335, 15981599, jun., 1990. 18. HARNETT, G. B., FARR, T. J., PIETROBONI, G. R., et al. Frequent shedding of human herpesvirus 6 in saliva. J. Med. Virol., 30, 128-130, 1990. 19. JARRET, R. F., CLARK, D. A., JOSEPHS, S. F., et al. Detection of human herpesvirus 6 DNA in peripheral blood and saliva. J. Med. Virol., 32, 73-76, 1990. 20. KIDO, S., KONDO, K., KONDO, T., et al. Detection of human herpesvirus 6 DNA in throat swabs by polimerase chain reaction. J. Med. Virol. 32, 139-142, 1996. 21. LEVY, J. A., FERRO, F., GREESPAN, D., et al. Frequent isolation of HHV6 from saliva and hight seroprevalence of the virus in the population. The Lancet. 335, 1047-1050, may., 1990. 22. LOCATELLI, G., SANTORO, F., VEGLIA, F., et al. Real-time quantitative PCR for human herpesvirus 6 DNA. J. Clin. Microbiol. 38: 11, 4042-4048, nov., 2000. 23. LUPPI, M., MARASCA, R., BAROZZI, P. Frequent detection of human herpesvirus 6 sequences by polimerase chain reaction in paraffin-embedded lymph nodes from patients with angioimunoblastic lynphadenophathy and angioimunoblastic linphadenophathy-like lymphoma. Leuk. Res. 17, 1003-1011, 1993. 24. LUSSO, P., ENSOLI, B., MARKHAM, P. D., et al. Productive dual infection of human CD4 + lynfocytes by HIV-1 and HHV-6. Nature. 337, 370-373, jan., 1989. 25. LYALL, E. G. H., CUBIE, H. A. Human herpesvirus 6 DNA in the saliva of pediatric oncology patients and controls. J. Med. Virol., 47, 317-322, 1995. 26. NIEDERMAN, J. C., LIU, C., KAPLAN, M. H., et al. Clinical and sorological features of human herpesvirus 6 infections in three adults. The Lancet. 817-818, oct., 1988. 27. PELLETT, P. E., BLACK, J. B., YAMAMOTO, M. Human herpesvirus 6: the virus and the search for its role as a human patogen. Adv. Virus Res. 41, 1-52, 1992. 28. PETER, J. B. The polimerase chain reaction: amplifying our options. Rev. Infect. Dis. 13, 166-171, 1991. 29. PIERTROBONI, G. R., HARNETT, G. B., BUCENS, M. R., et al. Antibody to human herpesvirus 6 in saliva. The Lancet. 1059, may., 1988. 30. ROIZMAN, B., DESROISIERS, R. C., FLECKENSTEIN, B., et al. The family herpesviridae: an update. Arch. Virol., 123, 425-449, 1992. 31. SALAHUDDIN, S. Z., ABLASHI, D. V., MARKHAN, P. D., et al. Isolation of a new virus, HBLV, in patients with lymphoproliferatives disorders. Science. 234, 596-601, oct., 1986. PEREIRA, Claudio Maranhão. Influência do vírus herpes humano tipo 6 em mucosites bucais de pacientes imunossuprimidos – revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 10-18, Set. 2009/Dez. 2009. 19 32. SCHIRMER, E. C., WYATT, L. S., YAMANISHI, K., et al. Diferentiation between two distintic classes of viruses now classified as human herpesvirus 6. Proc. Natl. Acad. Sci. USA. 88, 5922-5926, jul., 1991. 33. SOBUE, R., MIYAZAKI, H., OKAMOTO, M., et al. Fulminants hepatitis in primary human herpesvirus 6 infection. N. Eng. J. Med. 324, 1290, may., 1991. 34. SONIS, S.T. – Mucositis as a biological process: a new hypothesis for the development of chemotherapy-induced stomatotoxicity. Oral Oncology 34-39-43, 1997. 35. SUGA, S., YOSHIKAWA, T., ASSANO, Y., et al. IgM neutralizing antibody responses to human herpesvirus 6 in patients with exanthem subitum or organ transplantation. Micribiol. Immunol., 36, 495-506, 1992. 36. WILBORN, F., BRINKMANN, V., SCHIMIDT, C. A. et al. Herpesvirus type 6 in patients undergoing bone marrow transplantation: serologic features and detection by polimerase chain reaction. Blood. 83, 3052-3058, may., 1994. 37. YADAV, M., ARIVANANTHAN, M., CHANDRASHEKRAN, A., et al. Human herpasvirus 6 (HHV6) DNA and virus-encoded antigen in oral lesions. J. Oral Pathol. Med. 28 (1), 12-15, jan., 1999. 38. YAMAMOTO, T., MUKAI, T., KONDO, K., et al. Variation of DNA sequence in immediate-early gene of human herpesvirus 6 and variant identification by PCR. J. Clin. Med. 32, 473-476, feb., 1994. 39. YOSHIKAWA, T., SUGA, S., ASANO, Y., et al. Human herpesvirus 6 infection in bone marrow transplantation. Blood. 78, 1381-1384, sep., 1991. 40. ZERR, D. M., HUANG, M-L., COREY, L, et al. Sensitive method for detection of human herpesviruses 6 and 7 in saliva collected in field studies. J. Clin. Microbiol., 38: 5, 1981-1983, may., 2000. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 19-36, Set. 2009/Dez. 2009 SÉRIE NEUROEVOLUTIVA FUNCIONAL Adriano Luís Fonseca Daniela Rosana Pedro Fonseca Resumo: Abstract: A Série neuroevolutiva Funcional (SNF) é uma técnica de tratamento fisioterapêutico neurológico que visa complementar aos outros, métodos, técnicas e conceitos de reabilitação física neurológica já conhecidos. Esta serie de exercícios foi idealizada e desenvolvida em 1999 pelo Professor de Educação Física e Fisioterapeuta Adriano Luís Fonseca, e vem sendo estudada e aperfeiçoada pelo Grupo de Estudos em Reabilitação Física do Estado de Goiás. A série consiste em exercícios divididos em conformidade a sua complexidade e visam o bem estar geral e a completa independência nas atividades diárias do paciente. O principio básico da serie é determinado pelo máximo de estímulos fornecidos ao paciente através do uso de uma bola de vinil. Functional Series Neuroevolutive (SNF) is a technique of neurological physical therapy that is designed to complement other methods, techniques and concepts of physical rehabilitation neurological known. This series of exercises was designed and developed in 1999 by Professor of Physical Education and Physical Therapist Adriano Luís Fonseca, and has been studied and developed by the Study Group on Physical Rehabilitation of the State of Goiás The series consists of exercises divided according to their complexity and seek the general welfare and complete independence in daily activities of the patient. The basic principle of the series is determined by the maximum stimulus provided to the patient through the use of a ball of vinyl. Palavras-chave: Série, complementação, reabilitação. Key-words: Series, complementation, rehabilitation. Introdução Segundo Leitão (1974) a reabiliatação física neurológica clássica é fundamentada pelos tradicionais neuro evolutivos e neuro sensitivos, observamos hoje os seguintes métodos: Rood, Perfetti, PNF (Kabat), Bobath e a técnica de Feldenkrais. Os métodos Rood e Perfetti baseiam-se na estimulação sensoriomotora e proprioceptiva para modulação do tônus. Feldenkrais preconizava o conhecimento auto-postural e o despertar cognitivo dos pacientes, enquanto, o método PNF (Kabat) ampara-se na reintegração proprioceptiva e o conceito Neuroevolutivo Bobath fundamentam-se pela estimulação motora proprioceptiva postural, tendo como fundamento o conceito evolutivo. FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 21 Em uma analise irrestrita podemos afirmar que estes métodos, conceitos e tecnicas mencionados partiram dos princípios elaborados por Temple Fay e de Doman Delacatto, os quais preconizaram a exploração e aplicação de mecanismos neurofisiológicos, através de movimentos ontogenéticos e filogenéticos, da reflexoterapia, da oxigenação dos centros nervosos, da restauração do centro de gravidade e da exploração sensória [1] Ao analisar as técnicas, supracitadas, em seu contexto amplo observamos que todos estes, apesar de divergirem quanto o emprego da técnica e suas prioridades, possuem características semelhantes e fundamentações alicerçadas pelo desenvolvimento ontogenéticos e filogenéticos que visam a reabilitação do quadro clínico dos pacientes portadores de distúrbios neurocinéticos. No ano de 1999, o educador físico e fisioterapeuta Adriano Luís Fonseca desenvolveu um conjunto de exercícios voltados a restauração cinética funcional que visa complementar as necessidades cinético-funcionais não supridas por outros tratamentos já existentes. A este conjunto de exercícios deu-se o nome de Série Neuroevolutiva Funcional (SNF). Inicialmente foi desenvolvida para atletas lesionados, procurando restaurar a força, a amplitude de movimento, a resistência muscular e proprioceptiva durante a fase aguda da lesão. Somente após estudos aprofundados sobre os métodos e as técnicas neurológicas, Fonseca propôs adaptá-la para reabilitação de pacientes neurológicos, acometidos por acidente vascular cerebral. Este artigo tem como desígnio demonstrar a seqüência de exercícios propostos pelo idealizador da técnica bem como discutir, refletir e analisar as informações a respeito da SNF. Conceitos e Objetivos A Série Neuroevolutiva Funcional consiste em grupos de exercícios específicos, divididos de acordo com a sua complexidade. Tendo como principio fundamental a exarcebação dos estímulos sensório motores, por tanto, através desta série, os pacientes recebem estímulos sensitivos, proprioceptivos, visuais e perceptivos, ampliando o canal de estimulação neurológica focados, diametralmente, aos reflexos e FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 22 reações para a obtenção do rendimento de consciência corporal, equilíbrio, propriocepção, força muscular, amplitude de movimento, seletividade motora, trabalho cardio-respiratório, regulação do tônus, além do despertar da consciência corporal e do despertar da memória cinética funcional. Para garantir bons resultados observa-se que o autor dispõe de uma série de exercícios os quais fazem uso das propriedades biofísicas da bola de vinil (Figura 1) para promoção da evolução neurofisiológica do paciente em resposta da melhora da cinética funcional. Figura 1: Avaliação das Propriedades Biofísicas da Bola Terapêutica para Análise Quantitativa no Tratamento Proprioceptivo de Portadores de Acidente Vascular Encefálico. Fonte: do autor. Sendo as propriedades biofísicas compreendidas: elasticidade; pressão; força; (Lei da ação de reação), para Fonseca a compreensão de elasticidade permeia a propriedade que o material possui em retornar as dimensões iniciais depois de cessada a aplicação da força sobre ele [3] . O idealizador ainda defende que devido à pequena espessura do vinil a bola terapêutica apresenta uma grande elasticidade e deformação o que a torna possível de ser usada no tratamento, visto que as forças aplicadas sobre ela são, relativamente, de baixa intensidades, porém, de grande recrutamento da seletividade muscular. Desta forma, Fonseca corrobora com a definição de FUKE (1998) e relata que em deferência ao modelo cinético de um gás o número de moléculas é muito grande e estas se encontram em constante movimento. Em conseqüência disto, as moléculas colidem, continuamente, contra as paredes do recipiente que contém o gás, exercendo FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 23 pressão [4], porém, como o número de colisões é muito grande, não se percebe o efeito do choque de cada partícula, o que pode observar é o efeito médio das freqüentes sucessões de colisões, que ocasionam o aparecimento de uma força contínua, sem flutuações, pressionando as paredes do recipiente. Máximo [3] verificou que a pressão que um gás exerce sobre as paredes do recipiente que o contém é devido às incessantes e contínuas colisões das moléculas do gás contra as paredes do recipiente no caso a bola de vinil, assim o autor justifica a força gradual que o paciente exerce, o ganho cinético funcional e principalmente, justifica o ganho da seletividade neuromotora. Ainda em defesa a sua argumentação FONSECA relata os achados de MAXIMO (2000). “... quando se aplica uma força perpendicular a uma bola apoiada em uma superfície plana, a compressão é distribuída em toda a área de contato a bola com a superfície. Máximo [3] define-se, então, a pressão de uma força perpendicular a uma superfície, e distribuída sobre a área como a relação entre o módulo da força e o valor da área [P =F/A]”. Portanto, quando uma pessoa exerce uma força contra a bola, seja esta força aplicada no sentido antero-posterior e ou supero-inferior e em analise ao membro que esta sujeito a demanda da força apresente direção perpendicular ao movimento executado o meio gerador da força (membro em analise) deverá manter constância do torque e da força para manter a bola em movimento e em controle, sendo que o membro em exposição da força receberá força proporcional gerada pela bola em direção ao membro em ação. Carron [5] observou que o valor da pressão depende não só dá força exercida, mas também da área na qual a força está distribuída. Uma vez fixado o valor da área, a pressão será diretamente proporcional à força, através desta fundamentação o idealizador da serie relata que poderá selecionar o tipo de trabalho a ser desenvolvido pelo individuo acometido por distúrbio cinético funcional. Para tanto, se verifica a necessidade de controlar a pressão exercida na bola e a pressão que a bola exerce no membro em observação, o sistema Internacional de Unidades (S.I.), tem, como definição de pressão, a unidade dada pela relação entre uma unidade de força e uma unidade de área. Neste sistema, a unidade de força é 1 N (Newton) e a unidade de área é 1 m2 (metro quadrado). Então, no S.I., a unidade de pressão será 1N/m2 = pascal [Pa]. Quando estamos tratando com fluidos (líquidos ou gases), é comum usar como unidade de pressão milímetro de mercúrio de 1mmHg à pressão exercida, sobre FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 24 sua base, por uma coluna de mercúrio de 1 mm de altura. A pressão de 1mmHg é muito pequena e esta unidade é usada nos laboratórios, para a medida da pressão de gases rarefeitos. Intuitivamente todas as pessoas têm boa idéia do que seja força, isso porque constantemente estamos empurrando, levantando, forçando algo, seja durante o trabalho ou qualquer situação cotidiano. Quando exercemos um esforço muscular para puxar ou empurrar um objeto, estamos lhe comunicando uma força. Quando uma força (peso de um corpo ou outra força qualquer) é exercida na extremidade de uma mola, esta se deforma. Este fato é usado para medir as forças [6]. No caso da força, uma unidade escolhida por convenção entre os físicos é o peso de um corpo padrão (quilograma – padrão), e se denomina quilograma-força = Kgf. Por definição um Kgf é o peso do quilograma padrão ao nível do mar e a 45º de latitude [3]. Outra unidade muito usada na medida de forças é 1 newton = 1N. Sabemos que: 1 Kgf = 9,8 N.Segundo Junior (1999) “ Portanto, a força de 1N equivale, aproximadamente, ao peso de um pacote de 100 gramas.”Em seus estudos sobre Dinâmica, Newton percebeu que as forças sempre aparecem como resultado da interação de dois corpos. Em outras palavras, a ação de uma força sobre um corpo não pode se manifestar sem que haja um outro que provoque esta ação. Newton constatou que, na interação de dois corpos, as forças sempre aparecem aos pares: para cada ação de um corpo sobre outro existirá sempre uma reação igual e contrária deste outro corpo sobre o primeiro [3]. Assim, quando o paciente com entorse de tornozelo, aplica uma força com o seu pé sobre a bola, esta, reage e devolve ao pé do paciente uma força de igual intensidade. Ferraro [7] diz que a ação está aplicada em um corpo e a reação está aplicada no corpo que provocou a ação. Ao se trabalhar com a bola terapêutica, baseado na lei de ação e reação, o paciente terá um ganho de força muscular, visto que é um exercício resistido, e ganho na propriocepção, devido à instabilidade da bola, o que fornece estímulos aos receptores cutâneos e cerebelar, principalmente. Ao se avaliar uma bola é necessário conhecer alguns parâmetros importantes, dentre os quais se destacam: Raio: distância do centro da bola até sua parede; FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 25 Diâmetro: corresponde ao dobro do raio; Volume: está relacionado com as dimensões da bola (raio e diâmetro). Quanto maior o raio e o diâmetro maior será o volume da bola; Material: todas as bolas avaliadas são feitas do mesmo material (vinil) e de espessuras iguais [7]. A Série Neuroevolutiva Funcional tem como objetivos: - Melhorar a propriocepção: a SNF oferece uma variedade de sensações, como por exemplo, a tensão da musculatura e dos tendões, a angulação das articulações e a pressão intensa na planta dos pés e palma das mãos. Desta forma , melhora a integridade das informações e de suas respostas, favorecendo um movimento eficaz e equilibrado através da ação conjunta dos músculos agonistas e antagonistas; - Restabelecer a coordenação e o equilíbrio: com a melhora da propriocepção obtida com a aplicação da serie irá haver uma percepção melhor de posicionamento do segmento no espaço, permitindo a execução precisa dos movimentos; - Aumentar a força muscular: a resistência imposta pela bola utilizado nos exercícios da SNF induz o músculo a produzir grandes quantidades de tensão na musculatura, recrutando maior quantidade de fibras e consequentemente, melhorando tanto a força quanto a resistência muscular; - Aumentar a amplitude de movimento (ADM): em alguns exercícios específicos da SNF utiliza-se ADM máxima, conseguida pelo paciente, alongando a musculatura adjacente à articulação, intensificando assim o ganho de amplitude durante a execução dos movimentos; os exercícios são realizados contra o padrão assumido pelo paciente, restabelecendo-se a mobilidade do segmento, pois ocorre a prevenção de contraturas e deformidades; - Melhora a cognição e percepção, pois os exercícios exigem do paciente o máximo de concentração e atenção aos comandos verbais do fisioterapeuta, associada a realização dos movimentos; - Melhora a imagem / esquema corporal: a consciência do corpo deriva da integração das sensações táteis e proprioceptivas que são obtidas pelos exercícios realizados na SNF. FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 26 Exercícios e materiais Os materiais usados na SNF são de baixo custo financeiro como bola de vinil de 10 – 20 cm de diâmetro (evoluindo de uma bola com menos ar para bola com mais ar). O terapeuta deve solicitar do paciente a execução da força e o tempo máximo de contração muscular possível e, simultaneamente, este deve observar o membro lesado, proporcionando assim o restabelecimento da cognição e a percepção do esquema corporal. A freqüência, a intensidade e o tempo dos exercícios, são planejados de acordo com a capacidade do paciente, considerando que uma das características dos exercícios da SNF pode levar a fadiga. Devido a este fator, é aconselhável que cada serie tenha poucas repetições e que o intervalo entre termino de uma e o inicio de outra seja o tempo suficiente de proporcionar ao paciente um relativo descanso físico. Exercícios em Decúbito Dorsal: Primeiro Exercício Posicionando o paciente em decúbito dorsal, deve-se apoiar uma bola sob a escápula e outra sob o cotovelo de um hemicorpo homolateral a escapula em contato com a bola, após ter posicionado as bolas, solicita-se ao paciente através do comando de voz do fisioterapeuta, para exercer uma força sobre a bola que esta localizada na escápula, em seqüência solicita-se para realizar uma segunda força na bola que esta apoiada no cotovelo; mantendo as bolas pressionadas o fisioterapeuta realiza a extensão ao limite da amplitude de movimento máxima do cotovelo. Após ter conseguido a extensão desejada, deve-se retirar a bola sob o cotovelo do paciente e recolocar sob o punho do mesmo, em seguida pedir para o paciente realizar uma força no ombro, depois realizar uma força na bola que está posicionada no punho. Realizando este exercício em três séries, contendo cada série um tempo de vinte segundos. Após o término das séries o fisioterapeuta realiza uma abdução do membro do paciente em ângulos que variam conforme a goniometria em graus de 450, 900, 1400, sendo que, em cada ângulo são realizadas mais três séries. FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 27 Segundo Exercício Posiciona-se uma bola sob a escápula e outra sob o punho de um hemicorpo, em seguida é posicionada uma terceira bola no membro inferior oposto, como apresenta a figura 2. Neste exercício deve-se primeiramente realizar uma força no membro inferior, depois, por radiação de força realiza-se uma pressão sobre a segunda bola que está apoiada na escápula e conseqüentemente se realiza uma terceira força, sendo esta localizada no punho, realizando a mesma seqüência e ângulos, conforme já pré-escrito no exercício anterior. Figura 2 – Segundo exercício Fonte: do Autor. Terceiro Exercício Posicionando o paciente em decúbito dorsal, coloca-se uma bola sob a região da escápula de um hemicorpo e outra bola sob a região do quadril oposto. Após ter posicionado as bolas deve-se pedir para o paciente exercer uma força sobre as duas bolas ao mesmo tempo, realizando assim uma dissociação de quadril. Quarto Exercício Este exercício o paciente deve permanecer em decúbito dorsal, posiciona-se uma bola sob a escápula de um hemicorpo e outra bola sob o quadril do mesmo lado. O fisioterapeuta deve estabilizar os membros inferiores e conseqüentemente deve exercer uma força que possa puxar o membro superior oposto ao que está posicionado a bola, fazendo com que o paciente se equilibre em cima das FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 28 bolas, porem não deve esquecer de pedir para o mesmo exercer uma força com o corpo encima das bolas, facilitando o rolamento (Figura 3). Figura 3 – Quarto exercício Fonte: do Autor. Quinto Exercício Mantendo o Paciente numa posição supina, o fisioterapeuta deve posicionar uma única bola sob o quadril de um hemicorpo do paciente, conseqüentemente deve-se exercer uma força puxando o mesmo para a posição sentada, mantendo-se em equilíbrio sobre a bola, porém é fundamental que exerça uma força sobre a bola facilitando o rolamento. Sexto Exercício Mantendo o paciente em decúbito dorsal, o terapeuta deve posicionar uma bola entre os joelhos do mesmo, conseqüentemente pedir para que o paciente realize uma pressão na bola, forçando os dois joelhos contra a bola e em seguida levantar o quadril, realizando um exercício de ponte sem retirar a bola entre os joelhos. Sétimo Exercício Realizando a mesma conduta do sexto exercício, o terapeuta deve posicionar mais uma bola sob cada pé do paciente. Para realizar este exercício o terapeuta deve pedir para o paciente apertar as bolas que estarão sob seus pés e em seguida pedir para apertar a bola que estará entre os joelhos, porem é fundamental que não se esqueça de realizar ponte durante o exercício. FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 29 Oitavo Exercício Para realizar este exercício deve posicionar uma bola sob a escápula esquerda, outra sob a escápula direita, as outras devem ser posicionadas uma em cada mão, e sob cada pé posicionar mais uma bola, uma outra bola deve-se posicionar entre os joelhos, conseqüentemente pedir para o paciente exercer uma força sobre as bolas realizando o movimento levantar o quadril, chamado de ponte (Figura 4). Porém, para dificultar este exercício basta retirar a bola que está posicionada entre os joelhos, aumentando o grau de dificuldade. Figura 4 – Oitavo exercício Fonte: do Autor. Nono Exercício Neste exercício deve-se posicionar da mesma forma do oitavo exercício, sendo que, deve-se retirar uma bola sob um dos pés, alternando o apoio dos pés de acordo com o tempo. Neste exercício deve-se pedir para que o paciente primeiramente exerça uma força nos ombros, depois exercendo uma força sobre as bolas que estão posicionadas sob as mãos, após deve-se pedir para apertar a bola que está posicionada no membro inferior, sob o pé; ao comando do fisioterapeuta este paciente deve estender o tronco realizando o exercício de ponte. Não esquecendo que o mesmo deve exercer uma determinada força sobre as bolas durante o tratamento. FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 30 Exercícios na Posição Sentada Primeiro Exercício Posicionando o paciente sentado deve-se colocar uma bola entre os joelhos, realizando um movimento de adução de quadril, pedindo que o paciente exerça uma força sobre a bola, provocando uma pressão sobre esta. Segundo Exercício O paciente em posição sentado pede-se para o mesmo realizar uma pressão sobre as bolas posicionadas sob os pés. Não esquecendo que o joelho deve estar numa posição de flexão. Terceiro Exercício Mantendo na mesma posição sentada, o terapeuta deve solicitar ao paciente os movimentos de flexão e extensão do joelho, fazendo com que os pés deslizam sobre as bolas, não esquecendo de estabilizar a articulação, e sempre pedir para que o paciente realize uma força compressiva sobre as bolas durante o movimento (Figura 5). Figura 5 – Terceiro exercício Fonte: do Autor. Quarto Exercício Na posição sentada, com os ombros em flexão e os cotovelos estendidos, o paciente deve segurar a bola com as duas mãos posicionando sobre o joelho, em FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 31 seguida o mesmo deve realizar movimentos em diagonal, não esquecendo de apertar a bola durante o movimento, e sempre manter o tronco estendido (Figura 6). Figura 6: Quarto exercício Fonte: do Autor. Quinto Exercício Neste exercício deve-se posicionar a bola entre as mãos com os ombros estendidos e os cotovelos em extensão, realizando pressão sobre a bola e movimentos de pronação e supinação de acordo com o tempo, ao comando do fisioterapeuta o paciente deve estender o tronco realizando o exercício de forma correta. Sexto Exercício Posicionando o paciente em sentado com o tronco estendido, deve-se apoiar uma bola sob a mão direita e outra sob a mão esquerda, após ter posicionado as bolas, pede-se ao paciente por ordem do fisioterapeuta em exercer uma força sobre as bolas, mantendo as bolas pressionadas com a abdução dos ombros e a extensão dos cotovelos. FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 32 Sétimo Exercício Realiza o procedimento do sexto exercício, em seqüência pede-se para realizar movimentos de flexão e extensão dos ombros alternadamente. Não esquecendo de colocar pressão sobre as bolas (Figura 7). Figura 7 – Sétimo exercício Fonte: do Autor. Exercícios Para Treino Ortostático da Marcha Primeiro Exercício Posicionando de forma que fique em pé, deve-se posicionar uma bola sob o pé, pedindo para o mesmo realizar movimentos de apertar e soltar a bola. Segundo Exercício Posicionando de forma que fique em pé, deve-se posicionar uma bola sob o pé, pedindo para o mesmo realizar movimentos de apertar e soltar a bola, juntamente com movimentos de flexão e extensão do quadril (Figura 8). FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 33 Figura 8 – Segundo exercício Fonte: do Autor. Terceiro Exercício Posicionando de forma que fique em pé, deve-se posicionar uma bola sob o pé, pedindo para o mesmo realizar movimentos de apertar e soltar a bola, juntamente com movimentos de adução e abdução do quadril. Conclusão A Série neuroevolutiva Funcional consiste em exercícios realizados em diversas posições, estas posições variam em relação ao posicionamento da bola, e em relação à posição do paciente sendo subdividido da seguinte forma: nove exercícios em decúbito dorsal; sete exercícios na posição sentada e três exercícios em ortostatismo, tendo como principal objetivo complementar outros métodos de tratamento. Atualmente vem sendo feito um estudo para aperfeiçoamento da técnica pelo professor Adriano Luiz Fonseca, em conjunto com o Grupo de Estudos Sistêmicos em Reabilitação em Goiânia, Goiás. Esta série tem como finalidade primordial, a busca do bem estar geral, máxima independência nas atividades de vida diária de pacientes portadores de lesões no sistema nervoso. FONSECA, Adriano Luís e FONSECA, Daniela Rosana Pedro Série Neuroevolutiva Funcional. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 19-33, Set. 2009/Dez. 2009. 34 Referências 1. LEITÂO, Araújo. Clinica de Reabilitação na Hemiplegia. 1º ed.Rio de janeiro: artenova, 1974. 2. Durward, B. R. et al. Movimento funcional humano: mensuração e análise. 1. ed., São Paulo, Manole (2001). Gallahue, DL; Ozmun JC. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebê. Crianças e adultos. 3ª ed. São Paulo: Phorte (2003). Gesell, A. Amatruda. Diagnóstico do desenvolvimento. 1 ed. Ateneu. Rio de Janeiro (2002). 3. MÁXIMO, Antônio. et all. Curso de Física Volume 1 e 2. 5° ed. São Paulo: Scipione, 2000. 4. FUKE, Luís F. et all. Os Alicerces da Física. Volume 1. 12° ed. São Paulo: Saraiva, 1998. 5. CARRON, Wilson. et all. As Faces da Física. 2° ed. São Paulo: Moderna, 2002. 6. JUNIOR, Francisco R. et all. Os Fundamentos da Física 1. 7° ed. São Paulo: Moderna, 1999. 7. FERRARO, Gilberto N. et all. Aulas de Física 1. 2003. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 34 -39, Set. 2009/Dez. 2009 COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DE DROGAS NO CONTROLE DA DOR ASSOCIADA AO ELÁSTICO SEPARADOR ORTODÔNTICO: PROPOSTA DE ESTUDO Vivianne da Veiga Jardim Costa Marcos Augusto Lenza * Edson Sidião de Souza Júnior ** Resumo: Abstract: A dor e desconforto durante o tratamento ortodôntico é motivo de queixas constantes na clínica odontológica, apesar disso não temos na literatura um protocolo terapêutico estabelecido para o controle dos mesmos. O objetivo desse trabalho será o de comparar a efetividade de drogas comumente utilizadas pela população no controle da dor e desconforto causado por elásticos separadores ortodônticos, identificando quais serão as drogas mais usadas pelos pacientes e em quais períodos elas serão administradas, bem como caracterizar os períodos críticos de dor. Serão ainda avaliadas as variáveis: sexo, idade, número de dentes separados, presença de terceiro molar. Os resultados apresentados revelarão que medicamentos são úteis no controle da dor proveniente da separação ortodôntica e fundamentais na promoção do conforto para os pacientes que se submetem a este tratamento. The pain and discomfort during orthodontic treatment is cause for complaint in the dental clinic, though we do not have the literature established a therapeutic protocol to control them. The aim of this study is to compare the effectiveness of drugs commonly used by people in control of pain and discomfort caused by orthodontic elastic separators, identifying which are the drugs most used by patients and at which times they are administered, and characterize the periods critical pain. Will be assessed the following variables: gender, age, number of teeth separated, the presence of the third molar. Os results presented show that drugs are useful in controlling the pain of separation from orthodontic and fundamental in the promotion of comfort for patients who undergo to this treatment. Palavras-chaves: Key words: Separação ortodôntica; Dor; Analgésicos. Orthodontic Separation, Pain, Analgesics. Aluna do curso de especialização e m Ortodontia da EAP-GO. ** Coordenador do curso de especialização em ortodontia da UFG, EAP-GO, Instituto Lenza. *** Coordenador do curso de Farmácia da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Endereço para correspondência: Rua 03 Qd.14 Lt.09 St. Morais Fone: 8424-2187– e-mail: [email protected] COSTA, Vivianne da Veiga Jardim; LENZA, Marcos Augusto e SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de. Comparação da eficácia de drogas no controle da dor associada ao elástico separador ortodôntico: proposta de estudo. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 34-39, Set. 2009/Dez. 2009. 36 INTRODUÇÃO O paciente ortodôntico invariavelmente é acometido pelo fenômeno da dor, ele geralmente é informado que algum desconforto irá sentir quando da colocação de elásticos separadores, arcos ortodônticos iniciais e durante o período de ajustes de seu aparelho ortodôntico. Mas a intensidade e duração do desconforto não são ainda bem discutidas e os mecanismos que causam a dor resultante da movimentação ortodôntica não são totalmente esclarecidos10, 11. Entretanto, a dor é subjetiva, imensurável e individual, por isso dificulta a sua interpretação e requer um adequado controle proveniente de um diagnóstico preciso e cauteloso6. A percepção da dor pode ser influenciada por diferentes fatores, tais como: psicossomático, ambiental, cultural, experiências anteriores. É proveniente de estímulos nervosos capazes de produzir experiências de desconforto, variável em intensidade e extensão, a qual representa significativo mecanismo de alerta e proteção do organismo6. Estudos que investigaram experiências de dor durante um tratamento comum ortodôntico verificaram que 87% dos pacientes apresentaram dor na primeira noite e que a intensidade de dor era maior no dia seguinte à colocação de elásticos separadores ortodônticos2. A dor apresentada pelo paciente ortodôntico está geralmente associada à mastigação, apreensão dos alimentos, ato de cortá-los e uso dos dentes posteriores e anteriores, sendo que aquela se inicia por volta de quatro horas após a inserção dos elásticos, tendo o seu pico às 24 horas depois e decresce ao sétimo dia2, 10. O elástico separador ortodôntico é colocado geralmente, nos pontos de contatos dos dentes posteriores para posterior bandagem. O período de permanência é variável, podendo se estender por até uma semana4. A percepção da dor é maior no período de 24 a 48 horas, diminuindo consideravelmente depois10, 11, 14,15. Alguns pacientes descrevem até ocorrências de dores de cabeça e dores em alguns músculos faciais, tais como o masseter e temporal anterior, geralmente relacionados a pacientes que usam AEB, elásticos intermaxilares ou elásticos separadores8. COSTA, Vivianne da Veiga Jardim; LENZA, Marcos Augusto e SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de. Comparação da eficácia de drogas no controle da dor associada ao elástico separador ortodôntico: proposta de estudo. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 34-39, Set. 2009/Dez. 2009. 37 Sendo assim, alguns pacientes sentem-se desmotivados a iniciar ou mesmo dar continuidade a um tratamento ortodôntico já iniciado, por isso o controle da dor torna-se justificado durante a terapia ortodôntica, principalmente nos seus estágios iniciais e logo após os ajustes periódicos7, 11. Assim, muitos ortodontistas indicam o uso de analgésicos para o controle e alívio da dor pós-operatória1. Mas também é desconhecida qual droga analgésica os ortodontistas brasileiros têm elegido como a de escolha, qual posologia eles têm adotado, tempo de administração da droga e resultados efetivos no controle da dor. O presente estudo tem como objetivo traçar o perfil clínico da dor em pacientes submetidos à separação ortodôntica correlacionando ao uso de medicamentos para controle da dor. Constitui um estudo prospectivo, em que pacientes foram acompanhados através de um questionário da intensidade de dor através de uma escala analógica visual (EAV) 9 e observados quanto ao uso de medicação analgésica e/ou antiinflamatória administrada para controle da dor. Assim a percepção de desconforto, dor e a efetividade da droga analgésica poderão ser graduadas, item essencial para a construção de protocolos terapêuticos necessários para fornecer um melhor conforto aos pacientes submetidos a estes tratamentos ortodônticos. MATERIAL E MÉTODOS População: Trata-se de um estudo prospectivo a ser realizado com pacientes ortodônticos do curso de especialização em Ortodontia da EAP-GO (Escola de Aperfeiçoamento Profissional de Cirurgiões-Dentistas do estado de Goiás) e de pacientes de consultório particular do pesquisador. Serão incluídos no estudo indivíduos voluntários, que estão dando início ao tratamento ortodôntico, de ambos os sexos, que aceitaram em participar do Projeto, após ter tomado conhecimento das informações básicas do mesmo, dos seus procedimentos e de seus riscos; e que assinaram, na presença de uma testemunha, o “Termo de Consentimento livre e esclarecido”. Aspectos éticos: Essa pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa “Dr. Henrique Santillo”- Superintendência Leide das Neves-SES/GO. Separação ortodôntica: Será usado o elástico separador ortodôntico da cor verde em forma de anel, Ø 3/16" = 4.80mm, da marca Morelli para separar as faces mesiais e distais dos dentes molares e /ou pré-molares. O profissional que realizará a COSTA, Vivianne da Veiga Jardim; LENZA, Marcos Augusto e SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de. Comparação da eficácia de drogas no controle da dor associada ao elástico separador ortodôntico: proposta de estudo. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 34-39, Set. 2009/Dez. 2009. 38 separação terá o cuidado de não esticar o elástico antes de inseri-lo e passar primeiramente pelo ponto de contato dos dentes e só depois subir o elástico até a face oclusal dos dentes. Este profissional será o mesmo em toda a pesquisa e foi quem fará os questionamentos e explicações a todos . Avaliação clínica: Serão aplicados questionários em forma de “cartão de índice de desconforto” que contém uma escala analógica visual (VAS) 9, com 10 cm de comprimento, variando de “sem dor” até “pior dor”, sendo estas acompanhadas de faces ilustrativas (fig.1). A representação da dor será feita com um pequeno traço vertical em cada linha da escala horizontal para indicar a quantidade de desconforto sentida naquele momento. A medida é feita em milímetros, a partir do lado esquerdo da escala até a marca vertical feita pelo paciente. Essa distância representará a severidade da dor sentida ou o score da dor. O paciente responderá o questionário em três diferentes períodos: T1= (4 horas após a inserção dos elásticos), T2= (24h após) e T3= (7 dias após). Além deste preenchimento será questionado ao paciente se ele fez uso de algum tipo de medicação neste período de separação, e se sim, quais foram os critérios de escolha (prescrição, custo, eficácia, segurança, etc.). Serão avaliadas ainda as variáveis: idade, sexo, número de dentes separados, presença de terceiros molares e apinhamento dentário. Figura 1- escala analógica visual (VAS) utilizada no estudo (adaptado de MCCORMACK HM, HORNE DJ, SHEATHER S, 1988). Análise estatística: A análise estatística dos dados será feita através dos testes: Wilcoxon, Fisher, Spearman, Mann Whitney, todos do software spss versão 13.0. Pela natureza do estudo serão calculados testes não-paramétricos. O nível de significância dos testes não foi menor de 5%. COSTA, Vivianne da Veiga Jardim; LENZA, Marcos Augusto e SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de. Comparação da eficácia de drogas no controle da dor associada ao elástico separador ortodôntico: proposta de estudo. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 34-39, Set. 2009/Dez. 2009. 39 RESULTADOS ESPERADOS E CONCLUSÃO Neste estudo esperamos identificar as drogas analgésicas mais utilizadas pela população de pacientes ortodônticos, caracterizar os períodos críticos de dor durante o pós-tratamento ortodôntico e determinar a efetividade das drogas analgésicas durante os diferentes períodos críticos de dor durante o pós-tratamento ortodôntico. A dor é uma sensação constante em quase todos os pacientes que são submetidos à separação ortodôntica, variando de indivíduo para indivíduo1, 2, 3, 10 . Portanto, é de extrema importância que se estabeleça um protocolo de controle da dor e desconforto destes pacientes, para que se tenha a devida colaboração dos mesmos com o tratamento a que irão se submeter, alcançado o seu bem-estar7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ARIAS, O.R.; OROZCO, M.C.M. Aspirin, acetaminophen and ibuprofen: Their effects on orthodontic tooth movement. American Journal of Orthodontics Dentofacial Orthopedics, México, n.130, p. 364-370, 2006. 2. BERGIUS,M.; BERGGREN,U.; KILIARIDIS,S. Experience of pain during an orthodontic procedure. European Journal of Oral Sciences, n.110,p.92-98,2002. 3. BONDEMARK, L.; FREDRIKSSON,K.;ILROS,S. Separation effect and perception of pain and discomfort from two types of orthodontics separators. World Journal of Orthodontics, v.5, n.2, 2004. 4. DAVIDOVITCH,M., et al. Duration of elastomeric separation and effect on interproximal contact point characteristics. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, v.133, n.3, p.414-22, 2008. 5. ESTRELA,C. Metodologia Científica: ensino e pesquisa em odontologia. 2 ed. São Paulo: Artes Médicas,2001. 6. ESTRELA,C.Dor Odontogênica. São Paulo: Artes Médicas,2001. 7. FREIRE,M.M. Avaliação da eficácia do diclofenaco sódico no controle da dor, após instalação de separadores elásticos ortodônticos.2006. Dissertação (Mestrado)- Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, 2006. 8. MICHELOTTI, A.; FARELLA,M.;MARTINA,R. Sensory and motor changes of the human jaw muscles during induced orthodontic pain. European Journal of Orthodontics, n.21, p. 397404, 1999. 9. MCCORMACK HM, HORNE DJ, SHEATHER S. Clinical applications of visual analogue scales: a critical review. Psychol Medicine, 18:1007–19, 1988. 10. NGAN, P.;KESS,B.;WILSON,S. Perception of discomfort by patients undergoing orthodontic treatment. , American Journal of Orthodontics Dentofacial Orthopedics, n.96, p.4753, 1989. COSTA, Vivianne da Veiga Jardim; LENZA, Marcos Augusto e SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de. Comparação da eficácia de drogas no controle da dor associada ao elástico separador ortodôntico: proposta de estudo. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 34-39, Set. 2009/Dez. 2009. 40 11. POLAT, O. Pain and discomfort after Orthodontic Appointments. Seminars in Orthodontics, v.13, n.4, p.292-300, 2007. 12. ROCHE, J.J.; CISNEROS,G.J.The effect of acetaminophen on tooth movement in rabbits. The Angle Orthodontist, v.67, n.3, p.231-236, 1997. 13. SARI,E.;OLMEZ,H.; GURTON, A.U. Comparison of some effects of acetylsalicylic acid and rofecoxib during orthodontic tooth movement. American Journal of Orthodontics Dentofacial Orthopedics, v.125,n.3, p.310-315, 2004. 14. SCHEURER,P.A.;FIRESTONE,A.R. ;BURGIN,W.B. Perception of pain as a result of orthodontic treatment with fixed appliances. European Journal of Orthodontics, v.18, n.4, p.349357, 1996. 15. STEEN LAW,S.L., et al. An evaluation of preoperative ibuprofen for treatment of pain associated with orthodontic separator placement. American Journal of Orthodontics Dentofacial Orthopedics, v.118, n.6, p.629-635, 2000. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL MUTAGÊNICO E\OU ANTIMUTAGÊNICO DE PANAX GINSENG C.. A. MEYER CONTRA GENOTOXICIDADE DE DOXORRUBICINA EM CÉLULAS SOMÁTICAS DE DROSOPHILA MELANOGASTER Denise G. Pereira Ulrich Graf * Mário A. Spanó ** Resumo: Abstract: O Panax ginseng é uma das ervas medicinas mais extensamente prescritas para o tratamento do cancêr, diabetes, inflamação crônica e de doenças neurodegenerativas e cardiovasculares. Desde que o uso de medicinas alternativas em combinação com a terapia convencional pode aumentar o risco de interações não desejadas, nós investigamos a genotoxicidade possível de uma fórmula solúvel em água da raiz seca do Panax ginseng (2.5, 5.0 ou 10.0 mg/mL) e de sua habilidade proteger contra a genotoxicidade da doxorubicina (DOX; 0.125 mg/mL) usando o teste de mutação e recombinação somática através do teste da asa em Drosophila melanogaster (SMART/asa) com cruzamento padrão e de alta-bioactivação das moscas. O Panax ginseng não foi genotóxico nas concentrações testadas, visto que a genotoxicidade induzida pela DOX em moscas com marcador-heterozigoto resultou principalmente de recombinação mitótica. Em baixas concentrações, o P. ginseng teve a atividade antirecombinogênica independente da concentração de extrato usada. Os eventos de recombinação podem promover o câncer, mas pouco é sabido sobre a habilidade do P. ginseng de inibir tal recombinação ou de modular mecanismos de reparo do DNA. Panax ginseng is one of the herbs most widely prescribed medicines for the treatment of cancer, diabetes, chronic inflammation and cardiovascular and neurodegenerative diseases. Since the use of alternative medicines in combination with conventional therapy may increase the risk of unwanted interactions, we investigated the possible genotoxicity of a water-soluble formulation of the dried root of Panax ginseng (2.5, 5.0 or 10.0 mg / mL) and their ability to protect against the genotoxicity of doxorubicin (DOX; 0125 mg / mL) using the test of somatic recombination and mutation by testing the wing in Drosophila melanogaster (SMART / wing) with crossing pattern, high-bioactivação flies. Panax ginseng was not genotoxic in concentrations, whereas the genotoxicity induced by DOX in flies with heterozygous marker mainly resulted from mitotic recombination. At low concentrations, P. ginseng had antirecombinogênica activity independent of the concentration of extract used. The events of recombination may promote cancer, but little is known about the ability of P. ginseng inhibit such recombination or modulate mechanisms of DNA repair. Palavras-chave: Key-words: Laboratório de Mutagênese, Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia. *Physiology and Animal Husbandry, Institute of Animal Sciences, ETH Zurich, ** Physiology and Animal Husbandry, Institute of Animal Sciences, ETH Zurich, Schwerzenbach, Switzerland. PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 42 Introdução Produtos vegetais são cada vez mais utilizados como complemento ou alternativa medicamentosa para o tratamento de uma variedade de doenças, incluindo câncer (Meijerman et al., 2006), embora em muitos casos, ainda há pouca evidência científica para a sua eficácia terapêutica. A raiz de Panax ginseng CA Meyer (Araliaceae), uma planta comum no Leste da Ásia, é amplamente utilizado na medicina natural Chinês (Lee et al., 2004; Yoshikawa et al., 2007). Há um crescente interesse na identificação de plantas medicinais e compostos presentes em alimentos que podem prevenir ou reduzir os riscos de câncer ou servir como agentes terapêuticos (Rauscher et al., 1998, Li et al., 2000). Um resultado destes esforços é que a quimioprevenção surgiu como uma boa relação custoeficaz meio de prevenção de mutagênese e carcinogênese, bem como uma abordagem promissora para minimizar os efeitos adversos da exposição humana a carcinógenos ambientais (Pool-Zobel et al., 1997; Rauscher et al., 1998). Panax ginseng também está sendo cada vez mais prescrita na Coréia, Japão e nos países ocidentais para o tratamento do câncer, diabetes, inflamação crônica, doença neurodegenerativas e cardiovasculares (Yun, 1996; Radad et al., 2006). Vários estudos demonstraram o potencial terapêutico do ginseng no sistema nervoso central através da sua capacidade de melhorar a longevidade (Attele et al., 1999, Li et al., 2000) e de desempenho cognitivo (Kennedy et al., 2004; Reay et al., 2005), bem como as suas propriedades adaptogênicas em contribuir para o devido processo de equilíbrio do corpo humano sob estresse prolongado (Kumar et al., 1996). Ginseng contém muitos componentes fisiologicamente importantes que incluem entre eles as saponinas, óleos, fitoesterol, carboidratos, ácidos orgânicos, substâncias nitrogenadas, aminoácidos e peptídeos, vitaminas e sais minerais (ferro, cobre, zinco), e várias enzimas (Hou, 1977; Attele et al., 1999). Entre os vários compostos isolados da raiz do ginseng, os ginsenosídeos são conhecidos por ter várias atividades farmacológicas (Deng e Zhang, 1991; Baek et al., 2006, Wang et al., 2007). Sendo as raízes secas e rizomas do ginseng as partes usadas comumente (Radad et al., 2006). PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 43 Doxorrubicina (DOX), um antibiótico antraciclínico de largo espectro, genotóxico e cancerígeno, porém, largamente utilizado como um agente antitumoral para o tratamento do câncer (Minotti et al., 2004). A potencial utilidade deste fármaco é limitada pelo desenvolvimento de efeitos adversos, como cardiotoxicidade e nefrotoxicidade. Estudos mostram que DOX também podem estar envolvidos em doenças malignas secundárias. Os principais mecanismos de ação propostos para DOX incluem a inibição da topoisomerase II, intercalação com DNA, formação de radicais livres, bioactivation redutora do anel quinino para um radicais semiquinona (Gewirtz, 1999; Ramji et al., 2003 ; Navarro et al., 2006). Estes mecanismos podem resultar na clivagem do DNA que, se não for reparada, pode conduzir a mutações e aberrações cromossômicas em tumores, bem como em células saudáveis (Antunes e Takahashi, 1998; Gentile et al., 1998; Islaih et al., 2005 ; Antunes et al., 2007; Costa e Nepomuceno, 2006; Fragiorge et al., 2007; Valadares (et al., 2008). Temos usado a Drosophila melanogaster (mosca-de-frutas) e o teste de mutação e recombinação (SMART), como um indicador biológico de produtos químicos ou genotoxicidade e antigenotoxicidade. Este teste é muito eficiente e sensível, baseado na capacidade de larvas metabolizarem certos metabólitos reativos de procarcinógenos e tem sido utilizado para o estudo da genotoxicidade e antigenotoxicidade de vários compostos naturais (Idaomar et al., 2002 ;e Laohavechvanich et al., 2006; Silva et al., 2006; Fragiorge et al., 2007; Mezzoug et al., 2007; Tellez et al., 2007; Valadares et al., 2008). O teste SMART/asa é baseado no princípio de que a perda de heterozigose leva à expressão de genes marcadores recessivos em células de discos imaginais de larvas, produzindo, assim, clones de células mutantes que podem ser identificados como manchas nas asas (Graf et al., 1984 , Graf et al.,. 1998). Essas manchas podem ser produzidas por recombinação mitótica ou mutações (deleções, mutações pontuais, de tipos específicos de translocação, etc). A análise dos dois genótipos (um com cromossomos estruturalmente normal e outro com multiplicas inversões) permite a determinação quantitativa da atividade dos compostos recombinagênicos genotóxicos (Graf et al., 1998; Spanó et al., 2001). A identificação de novos e mais eficazes compostos antigenotoxicos podem contribuir PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 44 para o desenvolvimento de suplementos alimentares úteis à quimioterapia. A utilização de medicamentos alternativos em combinação com a terapia convencional pode aumentar o risco de interações indesejáveis em doentes com cancêr (Meijerman et al., 2006), neste trabalho foi utilizado o ala SMART para investigar a possível genotoxicidade de três doses de uma solução aquosa da raiz seca de P. ginseng e a sua capacidade de proteger contra a genotoxicidade da DOX. . MATERIAIS E MÉTODOS Agentes químicos A Raiz seca de Panax ginseng (C.A Meyer) solúvel em água, foi obtida a partir oficinal Farmácia -Òde Manipulação (Goiânia, GO, Brasil), nas seguintes doses ((2,5g, 5,0g e 10,0g/10ml). Como controle positivo usou-se doxorrubicina (DOX, Doxina Eurofarma Laboratórios Ltda., São Paulo, Brasil; CAS No. 23214-92-8) obtido do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (Uberlândia, MG, Brasil) e dissolvido em água ultrapura. Água Ultrapura, usada como um controle negativo, foi obtida a partir de um sistema MilliQ (Millipore, Vimodrone, Milão, Itália). Todas as soluções foram preparadas em água ultrapura imediatamente antes da utilização. Linhagens de D. melanogaster e Cruzamentos 1 - Multiple wing hairs (mwh) geneticamente apresentando y; mwh jv. 2 - Flare 3 (flr3) apresentando geneticamente flr3 / In(3LR)TM3, ri Pp sep l(3)89Aa bx34e e Bds. 3 - ORR; flare3 (ORR; fl3) com constituição genética ORR/ORR; flr3 / In(3LR)TM3, ri Pp sep l(3)89Aa bx34e e Bds. Os estoques foram mantidos em laboratório em frascos de ¼ de litro contendo meio de cultura banana-ágar, a uma temperatura de 25 + 1ºC e umidade relativa de 60%. PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 45 Foram feitos dois cruzamentos que consistiram de: i) um cruzamento padrão (ST) onde moscas fêmeas flare-3 foram acasaladas com machos mwh (Graf et al., 1989) e ii) um cruzamento de alta bioactivativção (HB) onde moscas fêmeas ORR; flare-3 foram acasaladas com mwh do sexo masculino (Graf e van Schaik, 1992). Este último cruzamento é muito sensível aos promutágenos e procarcinógenos por causa do aumento do nível de citocromo P450 presentes na linhagem ORR; flare-3. Tratamento Fêmeas virgens, de ambos cruzamentos, foram coletadas e cruzadas com machos mwh. Ovos foram coletados por um período de 8 horas em frascos previamente preparados com base sólida de ágar e uma camada de fermento biológico e açúcar até o ponto ideal. Larvas de 3º estágio foram coletadas após 72 +4 horas e lavadas em água corrente com auxílio de uma peneira de malha fina. Aproximadamente 100 larvas foram colocadas em tubos de vidro (medindo 2,5cm de diâmetro e 8,0cm de altura) com 1,5g de meio de cultura instantâneo (fórmula 4-24 Carolina Biological Supply Co., Burlington, NC, USA) contendo 5ml das diferentes concentrações das substâncias que foram testadas. A partir desses cruzamentos, foram obtidos dois tipos de descendentes: Heterozigoto marcado (mwh +/+ flr3) asas fenotipicamente selvagem (MH); Heterozigoto balanceado (mwh +/+ TM3 Bds) asas com fenótipo do tipo serrilhado (BH). As moscas adultas emergentes foram coletadas e fixadas em etanol 70% (Dapkus e Merrel, 1977; HALLSTROM e Blanck, 1985; Graf et al., 1989; Graf e van Schaik, 1992; Saner et al., 1996). Montagem das Asas As asas das moscas foram retiradas e embebidas em solução de Faure (30g de goma arábica, 20ml de glicerol, 15g de hidrato de cloral e 50ml de água destilada) e foram distendidas sobre uma lâmina seca, previamente identificadas e colocadas sobre PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 46 uma placa aquecedora (+ 40ºC) por 8 horas. Após este tempo foram cobertas com lamínula sobre a qual colocou-se um peso de aproximadamente 500g para que as asas não apresentem ondulações. Análise Microscópica das Asas Moscas adultas foram coletadas e armazenadas em etanol 70%. As asas das moscas MH foram montados em lâminas, fixadas com solução de Faure. A análise das asas foi feita com microscópio óptico de luz, utilizando-se objetiva de 400X. Foi registrado em uma folha de dados, o número de moscas analisadas, tipo de manchas encontradas (simples ou gêmeas), assim com o tamanho das mesmas e a posição em que se encontram na asa. Analisou-se aproximadamente 24.800 células por asa. As asas das moscas BH foram montadas e analisadas sempre que houve uma resposta positiva apartir da análise da progênie MH. Manchas simples resultaram de eventos como mutações pontuais, aberrações cromossômicas, ou recombinações e manchas gêmeas (MWh e flr3) foram produzidas por recombinação mitótica entre o marcador proximal flr3 e do centrômero do cromossomo 3. Apenas manchas simples mwh foram observadas nas asas do BH moscas. Os resultados obtidos nas progênies MH e BH foram utilizadas para avaliar o potencial recombinagênico da solução aquosa da raiz seca de P. ginseng e DOX (Frei et al., 1992; Graf et al., 1992; Spanó et al. 2001). Análise Estatística Após a análise microscópica das asas, os resultados do experimento de: [1] genotoxicidade foram submetidos a uma análise estatística feita de acordo com o teste do X2 para proporções bicaudal, tendo um nível de significância: a=b=o,5 segundo Frei Würgler (1988). [2] antigenotoxicidade, tiveram suas freqüências comparadas aos pares (doxorrubicina isolada e doxorrubicina associada ao Ginseng nas doses: 2,5g, 5,0g e 10,0g/10ml) empregando-se o teste U, não paramétrico, de Mann, Whitney e Wilcoxon, Frei Würgler (1988). PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 47 RESULTADOS Para avaliação do potencial genotóxico do Panax ginseng (C. A. Meyer), através do teste SMART/asa com D. melanogaster, foram feitos dois tipos de cruzamentos: padrão (ST) e de bioativação (HB). Para ambos os cruzamentos ST e HB, realizados paralelamente, as larvas obtidas foram tratadas sob idênticas condições. Foram analisadas asas de adultos emergentes de quatro experimentos simultâneos e independentes, usando como controle positivo (água destilada estéril), controle positivo (DXR - 0.125 mg/ml) e Ginseng coreano – Extrato aquoso de Panax ginseng (EAPg) em 3 diferentes concentrações ( 2.5; 5.0; 10.0 mg/mL) isoladas. A Tabela 1 mostra a freqüência de manchas mutantes observadas nos descendentes MH de D. melanogaster do cruzamento padrão (ST) tratados com diferentes concentrações do EAPg. Não foram observados aumentos estatisticamente significativos nas freqüências de manchas mutantes encontradas nos diferentes tratamentos e concentrações de EAPg, em ambos os cruzamentos, quando comparados com os respectivos controles negativos. A Tabela 2 apresenta a freqüência de manchas mutantes observadas nos descendentes MH de D. melanogaster do cruzamento de alta capacidade de ativação metabólica (HB) tratados com diferentes concentrações do EAPg. Este resultado nos permite concluir que EAPg não apresenta efeitos genotóxicos ou mutagênicos. Diante destes resultados negativos observados nos indivíduos MH, não foram analisados indivíduos dos descendentes BH. Não foram encontradas diferenças significativas na freqüência de manchas mutantes entre moscas tratados com P. ginseng nas doses 2,5, 5,0 e 10,0 mg/ mL e do controle negativo no cruzamento ST em moscas MH (Tabela 1) e MP cruz MH moscas (Tabela 2). DOX (controle positivo) causou indução significativa de todas as categorias de manchas em ambos os cruzamentos ST e HB (Tabelas 1 e 2).No cruzamento ST de moscas MH, com tratamento simultâneo com P. ginseng 2,5 ou 5,0 mg/ mL apenas inibiu fracamente o aumento do número total de manchas causadas por DOX, o tratamento com 10 mg de P. ginseng / mL, não alterou a freqüência mutante de manchas (Tabela 1). No cruzamento de MH moscas, do tratamento simultâneo com P. ginseng PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 48 com doses 2,5 ou 10,0 mg / mL reduziu o número total de manchas produzidas pela DOX isolada (Tabela 2). A freqüência de manchas mutantes induzidas pela DOX não foi alterada pelo tratamento simultâneo com P. ginseng nas doses 2,5 ou 5,0 mg/ mL em ST do cruzamento com moscas BH (Tabela 1), ou 2,5 ou 10,0 mg / mL em MP cruz BH moscas (Tabela 2). Assim, P. ginseng não interferir com as freqüências de manchas induzidas por DOX de origem mutacional (gênica e cromossômica). 5 As freqüências de 10 células por clone induzidas em moscas MH e BH tratadas com DOX sozinho ou associado com P. ginseng foram utilizados para avaliar o potencial recombinagênico e/ou mutagénico de P. ginseng. A genotoxicidade em moscas MH as foi atribuídol principalmente à recombinação mitótica. O extrato aquoso da raiz seca de P. ginseng apresentou atividade antirecombinogênica que não foi dose-dependente. DISCUSSÃO A pesquisa com plantas medicinais e sua produção, tem recebido um aumento da atenção em recentes anos porque estes são alimentos nutritivos com propriedades e efeitos medicinais que estimulam a saúde (Jung et al., 2004). De forma geral, as plantas produzem uma variedade de substâncias antioxidantes contra danos moleculares de espécies de oxigênio reativos (ROS), sendo os compostos fenólicos a maior classes de antioxidante derivados de plantas (Di Mambro e Fonseca, 2005). Em recentes anos, tem sido feita pesquisa farmacêutica em gêneros alimentícios para estudo dos chamados antioxidantes, especialmente naqueles alimentos de origem natural (Roesler et al., 2008). Típicos compostos que possuem atividade antioxidante, incluem fenóis, ácidos fenólicos e seus derivados: flavanóides tocolferóis, fosfolipídios, amino ácidos, e peptídeos, ácido ascórbico, pigmentos e esteróis. Muitos fenóis exercer poderosos efeitos antioxidantes em vitro, inibindo peroxidação lipídica ação de captura e quebra de cadeia do radical peróxido (Roesler et al., 2008; Xing e White,1996). PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 49 Este trabalho foi desenvolvido com objetivo de avaliar o potencial genotóxico e/ou antigenotóxico da planta medicinal Panax ginseng (C. A. Meyer). O Ginseng é uma planta medicinal comumente usada pelo povo e medicina tradicional na Coréia, Japão, China e Ásia, (Naval et al., 2007), por seus efeitos cardiovasculares, imunes, endócrinos e no sistema nervoso (Oliveira et al., 2005), e na prevenção da perda de memória (Jin et al.,1999). A eficiência das suas propriedades é devida às substâncias presentes em sua composição química. As principais substâncias ativas do Ginseng são as mais de vinte saponinas triterpenóides glicosiladas, alguns peptídeos e proteínas (Jin et al.,1999). Sua composição química tem sido investigada, e, vários compostos como ginsenosideos tem mostrado estar presente e exercer efeitos terapêuticos (Oliveira et al., 2005). Ginsenosides são os constituintes biológicos ativos do Panax ginseng C.A. Meyer que atua como agente tônico para pacientes com câncer, para reduzir os efeitos secundários na aplicação clínica (Qiu et al.,2008). Várias propriedades biológicas foram atribuídas as saponinas, como sua ação junto aos antígenos nas respostas humoral e celular (Sun et al., 2004), antiinflamatório; antioxidante (kiefer, 2002), anticâncer (Kim et al., 2003), neuroprotetora e neurotrófica (Radad et al., 2004), antidiabética (kuo, 2003), cardio-protetora, imunomodulatório, anti-fadiga, hepato-protetor, efeitos fisiológicos e farmacológicos (Tang e Eisembrand, 1992, apud Yu et al., 2005). O teste aplicado para verificação da ação genotóxica e/ou antigenotóxica do Ginseng, foi o teste SMART/asa por ser um ensaio caracterizado como de uma única geração, de baixo custo, baseado na perda de heterozigose para dois marcadores recessivos mwh (multiple wing hairs) e flr3 (flare 3), (Graf et al.,1984; Guzmán-Rincón e Graf, 1995), permitindo a detecção de manchas mutantes simples ou gêmeas para esses marcadores recessivos (Frei et al., 1992). Este teste é adaptado para estudos de antigenotoxicidade (Graf et al., 1998); sendo capaz de detectar uma amplitude de mutações de ponto, deleções, recombinações mitóticas, aberrações cromossômicas e conversões gênicas (Graf et al., 1986) bem como PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 50 mutágenos de ação direta, promutágenos, mutágenos instáveis e mutágenos com diferentes modos de ação (Graf et al., 1984). A D. melanogaster foi o organismo teste escolhido, por ser eucarioto com tempo de geração curto (aproximadamente 10 dias a 25º.C) (fig. 5), tem suas características morfológicas geneticamente detectadas e controladas (fig. 6), largo número de linhagem mutante geneticamente caracterizada e avaliada, fácil cultivo, permitem a procriação de um grande número de progênie, pequeno tamanho do corpo, baixo custo de manutenção e análise estatística facilmente aplicada (Graf et al.,1996). Além de um sistema versátil para o metabolismo de xenobióticos (Baars, 1980, apud Graf e van Schaik, 1992). O EAPg foi aplicado isoladamente para verificação de genotóxicidade em diferentes doses (2.5, 5.0 e 10.0) e em associação com Doxorrubicina (DXR) para antigenotóxicidade. Foram feitos quatro experimentos paralelos, sob mesma condição ambiental de temperatura e umidade. Na análise feita para verificação dos efeitos mutagênicos, apresentados na tabela 1 e 2 não foram observados aumentos estatisticamente significativos nas freqüências de manchas mutantes encontradas nos diferentes tratamentos e concentrações de EAPg, e em ambos cruzamentos ST e HB, quando comparados com os respectivos controles negativos. Para o cruzamento HB, houve um aumento da quantidade de manchas esperadas, por ser a DXR um antineoplásico altamente mutagênico. Permitindo concluir que o Ginseng não é capaz de induzir mutações em células somáticas. Os resultados obtidos para ação antigenotóxica apresentados na tabela 1 e 2 mostraram que Ginseng é capaz de reduzir estatisticamente de forma significante a freqüência de manchas mutantes induzidas pela DXR, quando associada com as diferentes concentrações de EAPg, em ambos cruzamentos, quando comparadas com os respectivos controles positivos (DXR isoladamente), não sendo genotóxica, porém, moduladora dos efeitos produzidos pela DXR. PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 51 Observou-se com os resultados, que EAPG exerceu um papel modulador contra as mutações induzidas por DXR, antigenotóxco, bem como desmutagênico de ação direta com o mutágeno. Diferentes testes bem como diferentes organismos são também utilizados para verificação de ação genotóxica e/ou antigenotóxica de diversas substâncias ou compostos como: Chá verde e chá preto (Gupta et al., 2002), testados através do Teste de Ames; B-ionone (Gomes-carneiro et al., 2005) em Salmonella/ ensaio microssomo; o Óleo de Origanum onites L e carvacrol analisado pelo teste Ames Salmonella/Teste microssomal (Ipek et al., 2005); Hexane Extrato de Agaricus blazei avaliado pelo Teste Cometa (Machado et al., 2005). Nossos resultados estão de acordo com trabalhos feitos aplicando o Panax ginseng (C.A.Meyer) mostrando uma ação não mutagênica e/ou genotóxica. O ginsan, um purificado polissacarídeo extraído da raiz do Panax ginseng (C. A. Meyer), foi usado no teste de micronúcleo por Ivanova et al. (2006), para verificar sua ação antimutagênica, mostrou-se capaz de suprimir efeitos de radiação via captura de radicais livres por catalase enzimática ou influenciando o processo de reparo durante as fases G1 e G2 do ciclo celular. Cobre (CU) é um essencial micronutriente para plantas e animais, podendo ser tóxico em excesso, por produção de espécies de oxigênios reativos. Ali et al., (2006) em experimentação para verificar o efeito deste metal no crescimento da raiz de P. ginseng, observou que a mesma induz vários processos de defesa antioxidante enzimática e não enzimática contra danos provocados pelo cobre. Avaliando a ação de CO2 sobre a raiz do ginseng Ali et al (2005) observou que pode ocorrer não só o aumento da produção de compostos fenólicos como também da sua capacidade antioxidante. A raiz do Panax ginseng quando submetidas a uma pequena concentração de O2, apresenta um aumento na quantidade de gisenosídeo e enzimas antioxidante. Em contraste com este resultado, a presença excessiva de O2, pode ser tóxico para planta (Ali et al., 2005). PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 52 O estresse oxidativo pode contribuir para patogênese de diferentes complicações do diabetes. Estudos feitos com Panax ginseng em ratas diabéticas, demonstraram a sua ação efetiva na ativação de enzimas antioxidantes e na captura de radicais livres, produzidos em situações de diabetes (Jung et al., 2005). Cho et al., 2006 avaliando o feito do gisenosídeo Re em ratos mostraram que Panax ginseng CA Meyer, foi capaz de promover a redução significativa do níveis totais de glicose, colesterol e de triglicerídeos do sangue. Naval et al. 2007 mostra que o EAPg exerceu um efeito protetor contra danos oxidativos induzidos por H202 em cultura de astrócitos primários por redução da apoptose (Naval et al., 2007). Os benefícios à saúde pela alimentação a base de comida de soja fermentada foram atribuído à capacidade de antioxidante de determinados compostos estruturalmente modificado ou lançado depois da hidrólise bacteriana. Os produtos fermentados conseguidos por soja numerosos são comercialmente disponível, a maior parte dos quais são feitos de o as sementes de feijão-soja inteiras ou da proteína de soja isolam (Hubert et al., 2008). Conclusão - O extrato aquoso de Ginseng coreano (Panax ginseng C. A. Meyer) possui efeito modulador (antirecombinogênico), na concentração de 2,5 mg/mL em associação à DXR, em células de asas de D. melanogaster, quando empregado nessas condições experimentais. - EAPg não apresenta efeitos genotóxicos ou mutagênicos. - O ginseng não foi capaz de induzir em células somáticas. PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 53 Referência ALI MB, THANH NT, YU K W, HAHN EJ, PAEK KY, LEE HL. 2005. Induction in The Antioxidante Systems and Lipid Peroxidation in Suspension Culture Roots of Panax Ginseng Induced By Oxygen Bioreactors. Plant Science. ALI MB, SINGHN, SHOHAED AM, HAHN EJ, PAEK KY. 2006. Phenolics metabolism and lignin synthesis in root suspension cultures of Panax ginseng in response to copper stress. Plant science. ANTUNES LMG E TAKAHASHI CS. 1998. Effects of high doses of vitamins C and E against doxorubicin-induced chromosomal damage in Wistar rat bone marrow cells. Mutat Res. 419:137-143. ANTUNES LMG, BUENO RBL, DIAS FL, BIANCHI MLP. (2007). Acetylsalicylic acid exhibits anticlastogenic effects on cultured human lymphocytes exposed to doxorubicin. Mutat. Res 626:155-161. ATTELE AS, WU JA, YUAN CS. 1999. Ginseng pharmacology: Multiple constituents and multiple actions. Biochem Pharmacol 58:1685-1693. BAARS AJ. 1980. Biotransformation of Xenobiotics in D. melanogaster and its Relevance for Mutagenicity Testing. Drug Metab Rev. 11, n. 2, p: 191- 221. BAEK SH, PIAO XL, LEE UJ, KIM HY, PARK JH. (2006) Reduction of cisplatin-induced nephrotoxicity by ginsenosides isolated from processed ginseng in cultured renal tubular cells. Biol Pharm Bull 29:2051-2055. CHO WCS, CHUNG WS, LEE SKW, ALBERT W.N, LEUNG AWN, CHRISTYOPHER HK. CHENG C, KEVIN KM. 2006. Ginsenoside Re of Panax ginseng possesses significant antioxidant and antihyperlipidemic efficacies in streptozotocin-induced diabetic rats. Eur. J Pharmacol. 550:173–179. COSTA WF, NEPOMUCENO JC. (2006) Protective effects of a mixture of antioxidant vitamins and minerals on the genotoxicity of doxorubicin in somatic cells of Drosophila melanogaster. Environ Mol Mutagen 47:18-24. DAPKUS D, MERRELL D J. 1977. Chromosomal Analysis of DDT- Resistance in AlongTerm Selected Population of D. melanogaster. Genetics. 87: 685-697. PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 54 DENG HL, ZHANG JT. 1991. Anti-lipid peroxidative effect of ginsenoside Rb1 and Rg1. Chin Med J 104:395-398. Di MAMBRO V M, FONSECA M J V, 2005. Assays of physical stability and antioxidant activity of a topical formulation added with different plant extracts. J Pharm Biomed Anal. 37(2): 287–295. * FRAGIORGE EJ, SPANÓ MA, ANTUNES LMG 2007. Modulatory effects of the antioxidant ascorbic acid on the direct genotoxicity of doxorubicin in somatic cells of Drosophila melanogaster. Genet Mol Biol 30:449-455. FREI H, CLEMENTS J, HOWE D, WURGLER FE. 1992. The Genotoxicity of the Anti-cancer Drug Mitoxantrone in Somatic and Germ Cells of D. melanogaster. Mutat Res, v. 279, p: 21-33. GENTILE JM, RAHIMI S, ZWIESLER J, GENTILE GJ AND FERGUSON LR. 1998. Effect of selected antimutagens on the genotoxicity. of antitumor agents. Mutat Res 402:289-298. GEWIRTZ DA. 1999..A critical evaluation of the mechanisms of action proposed for the antitumor effects of the anthracycline antibiotics adriamycin and daunorubicin. Biochem Pharmacol. 57:727-741. GRAF U; WÜRGLER FE, KATZ A.J, FREI H, JUON H, HALL CB, KALE PG. 1984. Somatic Mutation and Recombination Test in D. melanogaster. Environ Mol Mutagen, 6: 153188. GRAF U; WÜRGLER FE. 1986. Investigation of Coffe in Drosophila Genotoxicity Test. Food Chem Toxicol. 24: 835-42. GRAF U, FREI H, KÄGI A, KATZ AJ, WÜRGLER FE. 1989. Thirty compounds tested in the Drosophila wing spot test. Mutat. Res 222:359-373. GRAF U, VAN SCHAIK N, 1992. Improved High Bioactivation Cross for the Wing Somatic and Recombination Test in D. melanogaster. Mutat Res, 271: 59-67. GRAF U, SPANÓ MA, RINCÓN JG, ABRAHAM SK, ANDRADE HH, 1996. The Wing Somatic Mutation and Recombination Test (SMART) in D. melanogaster. An Efficient tool for the Detection of Genotoxic Activity of Pure Compounds or Complex Mixtures as Well as for Studies on Antigenotoxicity. Afr Newslett on Occup Health and Safety, 6 (Suppl 1): 9 -13. PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 55 GRAF U; WÜRGLER FE, 1998. The Somatic White ivory Spot Test does not Detected the Same Spectrum of Genotoxic Events as the Wing Somatic Mutation and Recombination Test in D. melanogaster. Environ Mol Mutagen, v. 27, p: 219-226. HÄLLSTRÖM I, BLANK A. 1985. Genetic regulation of the cytochrome P-450 system in Drosophila melanogaster. I. Chromosomal determination of some cytochrome P-450-dependent reactions. Chem Biol Interact 56:151-171. HUBERT J, BERGER M, NEPVEU F, PAUL F, DAYDE J. 2008. Effects of fermentation on the phytochemical composition and antioxidant properties of soy germ. Food Chemistry 109: 709–721 IDAOMAR M; EL HAMSS R; BAKKALI F; MEZZOUG N; ZHIRI A; BAUDOUX D; MUNÕZ- SERRANO A; LIEMANS V; ALONSO-MORAGA A.. 2002. Genotoxicity and Antigenotoxicity of Some Essentials Oils Evaluated by Wing Spot Test of D. melanogaster. Mutat Res, 513, p: 61-68. IPEK E, ZEYTINOGLU H, OKAY S, TUYLU BA, KURKCUOGLU M, BASER KHC. 2005. Genotoxicity and antigenotoxicity of Origanum oil and carvacrol evaluated by Ames Salmonella/microsomal test. Food Chemistry. 93: 551-556. ISLAIH M, HALSTEAD BW, KADURA IA, REID-HUBBARD JL, FLICK F, ALTIZER JL, THOM DJ, MONTEITH DK, NEWTON RK, WATSON DE. 2005. Relationships between genomic, cell cycle, and mutagenic responses of TK6 cells exposed to DNA damaging chemicals. Mutat Res 578:100-116. IVANOVA T, HAN Y, SON HJ, YUN YS AND SONG JY. 2006. Antimutagenic effect of polysaccharide ginsan extracted from Panax ginseng. Food Chem Toxicol 44:517-521. JIN SH, PARK JK, NAM KY, PARK SN, JUNG NP. 1999. Korean Red Ginseng Saponins With Low Ratios of Protopanaxadriol and Protopanaxatriol Saponins Improve Scopolamineinduced Learning Disability and Spatial Working Memory in Mice . J Ethnopharmacol. 66(2): 123-129. JUNG C-H, SEOG H-M, CHOI I-W, CHOI H-D, CHO H-Y. 2005. Effects of Wild ginseng (Panax ginseng C. A. Meyer) Leaves on Lipid Peroxidation and antioxidant Enzyme Activities in Streptozotocin Diabetic Rats. Journal of Ethnopharmacology. PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 56 KENNEDY DO, HASKELL CF, WESNES KA, SCHOLEY AB. 2004. Improved cognitive performance in human volunteers following administration of guarana (Paullinia cupana) extract Comparison and interaction with Panax ginseng. Pharmacol Biochem Behav. 79:401411. KIEFER D, PANTUSO T. 2002. Panax ginseng. Am Fam Physician. 68 (8): 1539-1542. * KIM SH, PARK KS, 2003. Effects of Panax ginseng Extract on lipid Metabolism in Humans. Pharmacol Res. 48 (5): 511-513. KUMAR R, GROVER SK, DIVEKAR HM, GUPTA AK, SHVAM R AND SRIVASTAVA KK. 1996. Enhanced thermogenesis in rats by Panax ginseng, multivitamins and minerals. Int J Biometerol. 39:187-191. KUO YH, IKEGAMI F, LAMEIN F. 2003. Neuroactive and Other free Amino Acids in Seed and Young Plants Of Panax ginseng. Phytochemistry. 62 (7): 1087-1091. LEE TK, ALISSON RR, O’BRIEN KF, KHAZANIE PG, JOHNKE RM, BROWN R, BLOCH RM, TATE ML, DOBBS LJ, KRAGEL PJ. 2004. Ginseng reduces the micronuclei yield in lymphocytes after irradiation. Mutat Res 557:75-84. LI W, WANIBUCHI H, SALIM EI, WEI M, YAMAMOTO S, NISHINO H, FUKUSHIMA S. 2000. Inhibition by ginseng of 1,2-dimethylhydrazine induction of aberrant crypt foci in the rat colon. Nutr Cancer 36:66-73. MACHADO MP, FILHO ER, TEREZAN AP, RIBEIRO LR, MONTOVANI MS. 2005. Cytotoxicity, Genotoxicity and Antimutagenicity of Hexane Extracts of Agaricus blazei Determined in Vitro by the Comet Assay and CHO/HGPRT Gene Mutation Assay. Toxicology in Vitro. 19: 533-539. MINOTTI G, MENNA P, SALVATORELLI E, CAIRO G,GIANNI L. 2004. Anthracyclines: Molecular advances and pharmacologic developments in antitumor activity and cardiotoxicity. Pharmacol. Rev 56:185-229. NAVAL MV, GOMEZ-SERRANILLOS MP,CARRETERO ME, VILAR AM. 2007. Neuroprotective effect of a ginseng (Panax ginseng) root extract on astrocytes primary culture. J Ethnopharm. 112: 262–270. PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 57 NAVARRO R, BUSNADIEGO I, RUIZ-LARREA MB, RUIZ-SANZ JI. 2006. Superoxide anions are involved in doxorubicininduced ERK activation in hepatocyte cultures. Ann NY. Acad Sci 1090:419-428. OLIVEIRA ACC, PEREZ AC, PRIETO JG, DUARTE IDG, ALVAREZ AI, 2005. Protection of Panax ginseg in Injured Muscles Alter Eccentric Exercise. J Ethnopharmacol. 97 (2): 211214. POOL-ZOBEL BL, BUB A, MULLER H, WOLLOWSKY I, RECHKEMMER G.1997. Consumption of vegetables reduces genetic damage in humans: First results of a human intervention trial with carotenoid-rich foods. Carcinogenesis. 18:1847-1850. QIU HZ, Wu ZCF, DUAN L, YANG JYY. 2008. Protective effects of total saponins from stem and leaf of Panax ginseng against cyclophosphamide-induced genotoxicity and apoptosis in mouse bone marrow cells and peripheral lymphocyte cells. Food Chem Toxicol. 46: 293–302. RADAD K, GILLE G, LIU L AND RAUSCH W-D. 2006. Use of ginseng in medicine with emphasis on neurodegenerative disorders. J Pharmacol Sci 100:175-186. RAMJI S, LEE C, INABA T, PATTERSON AV, RIDDICK DS .2003. Human NADPHcytochrome P450 reductase overexpression does not enhance the aerobic cytotoxicity of doxorubicin in human breast cancer cell lines. Cancer Res. 63:6914-6919. RAUSCHER R, EDENHARDER R AND PLATT KL. 1998. In vitro antimutagenic and in vivo anticlastogenic effects of carotenoids and solvent extracts from fruits and vegetables rich in carotenoids. Mutat Res 413:129-142. REAY JL, KENNEDY DO AND SCHOLEY AB. 2005. Single doses of Panax ginseng (G115) reduce blood glucose levels and improve cognitive performance during sustained mental activity. J Psychopharmacol. 19:357-365. SANER C, WEIBEL B, WÜRGLER FE AND SENGSTAG C. 1996. Metabolism of Promutagens catalyzed by Drosophila melanogaster CYPA2 enzyme in Saccharomyces cerevisae. Environ Mol. Mutagen 27:46-58. SPANÓ MA, FREI H, WÜRGLER FE AND GRAF U. 2001. Recombinogenic activity of four compounds in the standard and high bioactivation crosses of Drosophila melanogaster in the wing spot test. Mutagenesis 16:385-394. PEREIRA, Denise G. GRAF, Ulrich e SPANÓ, Mário A.. Avaliação do Potencial Mutagênico e\ou Antimutagênico de Panax ginseng C.. A. Meyer Contra Genotoxicidade de Doxorrubicina em Células Somáticas de Drosophila melanogaster. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 41-58, Set. 2009/Dez. 2009. 58 SUN HX, YE YP, PAN HJ. 2004. Adjuvant Effect of Panax notoginseng Saponins on the Immune Responses to Ovalbumin in Mice. VACCINE. 22 (29-30): 3882-3889. TANG W, EISENBRAND G, 1992. Panax Ginseng C. A. Meyer. Chinese Durg of Plant Origin. Berlim: Springer. 710 – 737. VALADARES BLB, GRAF U, SPANÓ MA. 2008. Inhibitory effects of water extract of propolis on doxorubicin-induced somatic mutation and recombination in Drosophila melanogaster. Food Chem Toxicol 46:1103-1110. WANG W, ZHAO Y, RAYBURN ER, HILL DL, WANG H, ZHANG R. 2007. In vitro anticancer activity and structure-activity relationships of natural products isolated from fruits of Panax ginseng. Cancer Chemother Pharmacol 59:589-601. YOSHIKAWA M, SUGIMOTO S, NAKAMURA S AND MATSUDA H. 2007. Medicinal flowers. XI. Structures of new dammarane-type triterpene diglycosides with hydroperoxide group from flower buds of Panax ginseng. Chem Pharm Bul 55:571-576. YOU J-S, HUANG H-F AND CHANG Y-L. 2005. Panax ginseng reduces adriamycin-induced heart failure in rats. Phytother. Res 19:1018-1022. YUN TK. 1996. Experimental and epidemiological evidence of cancer preventive effects of Panax ginseng C.A. Meyer. Nutr Res 54:71-81. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 58-66, Set. 2009/Dez. 2009 ÚLCERA POR PRESSÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA Lorena Leodécima Rocha Marcela Cristina Coelho Guimarães Maísa Xavier Ferreira Nelma Maria dos Santos Thaisa Dias de Melo Débora Zanoni Antunes Resumo: Abstract As úlceras por pressão podem ser definidas como uma área localizada de necrose celular que tende a desenvolver-se quando os tecidos moles são comprimidos entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado de tempo. Esta pesquisa de revisão bibliográfica teve como objetivo identificar e analisar os diversos tipos de pesquisa que vêm sendo publicados sobre as úlceras de pressão, destacando a importância da prevenção, os fatores de risco que levam ao seu desenvolvimento e a dimensão dos custos do tratamento dessas feridas e fornecendo informações sobre os diversos pontos que englobam esta temática, em uma visão geral. A análise dos dados coletados permite concluir que o fator de risco de maior incidência para o desenvolvimento das UPs são pacientes internados em unidade de terapia intensiva e, seguindo-se, pacientes acamados por longo tempo em conseqüência de doenças crônicas. A temática, na maioria dos artigos pesquisados, volta-se para a prevenção das UPs, seguido do demonstrativo da redução dos custos e da importância de um sistema de classificação para a avaliação das UPS. Com os resultados percebe-se a necessidade do aprimoramento do conhecimento acerca do tema para que se possa oferecer maior qualidade de vida aos pacientes. This Ulcer for Pression can be definite how to surface localiazate on the necrose cellular. That develop when the soft tissues are compressed betwen one prominence osseous., and a hard surface for a lon period of time. This dilligence of bibliografic revision has with objective identify and analyze a lot of kind of dilligences that have been publicade about Ulcer Pression,whith prevention importance, and risk factores,witch take our desenvolvment and a dimension about the costs of a cure about this wound and furnishing informations about the diferents kinds points.That enclose this topic vision this times results. Results This dices colecteds consent that risk factor of big incidence for desenvolvment to UPS that be pacients admitted in a Hospital on a Unity from Intensive Therapy and bedridden pacients for a long time in a hospital.,because cronicle diseases.This team, of this articles return for prevention from UPS,followed to less costs and importance by sistem of classification from exam to UPS. With this results perceive a necessity to aprimority this team for a big life quality of pacients. Palavras-chave: Key-word: Úlceras por pressão, classificação, prevenção. Ulcer for pression, prevention, classification, diseases. Acadêmicas do 8º período do curso de Enfermagem da Universidade Paulista (UNIP). * Professora orientadora com especialização em Saúde Pública pela Universidade de Ribeirão Preto-SP. ROCHA , Lorena Leodécima ; GUIMARÃES, Marcela Cristina Coelho ; FERREIRA, Maísa Xavier ; SANTOS, Nelma Maria dos; MELO, Thaisa Dias de. e ANTUNES, Débora Zanoni Úlcera por Pressão: uma revisão integrativa da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 58-66, Set. 2009/Dez. 2009. 60 Introdução A pele é considerada a primeira linha de defesa do nosso organismo contra patógenos. Quando essa barreira é quebrada, o corpo torna-se vulnerável à invasão microbiana, ou seja, temos aí uma ferida caracterizada pela interrupção da integridade de um tecido ou órgão1. Define-se como UP uma área localizada de necrose celular que tende a desenvolver-se quando os tecidos moles são comprimidos entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado de tempo7. As úlceras podem se desenvolver em áreas onde existe pressão sobre proeminências ósseas, tais como o sacro, o ísquio, o trocânter ou, menos freqüentemente, o calcâneo, a região occipital, o dorso do pé, o maléolo e a patela3. Estas UPs podem ser “graduadas, faseadas ou classificadas” para que o perito consiga ter um parâmetro que o ajude a prevenir ou tratar0 essas feridas8. O cuidado de enfermagem deve estar focado em uma assistência holística, que observe o paciente como um todo, não somente a ferida – neste caso, na UP –, mas os fatores que levam a seu desenvolvimento. Nos últimos anos, pode-se observar um aumento no interesse dos profissionais da enfermagem em buscar evidências científicas para resolver problemas complexos da prática assistencial6. Esta pesquisa de revisão bibliográfica tem como objetivo identificar e analisar os diversos tipos de pesquisa que vêm sendo publicados sobre as úlceras de pressão (UPs), destacando a importância da prevenção, os fatores de risco que levam ao desenvolvimento da úlcera de pressão (UP) e a dimensão dos custos do tratamento dessas feridas e fornecendo informações sobre os diversos pontos que englobam esta temática, em uma visão geral. Espera-se que os leitores consigam, com base em sua leitura, fazer uma auto-análise a respeito de seu conhecimento sobre o assunto e como vem sendo sua aplicação no decorrer da assistência prestada. Material e Métodos O estudo realizado neste trabalho é uma análise descritiva qualitativa de revisão bibliográfica. A leitura analítica é feita com base nos textos selecionados e tem a finalidade de ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, de forma que estas possibilitem a obtenção de respostas ao problema da pesquisa4. ROCHA , Lorena Leodécima ; GUIMARÃES, Marcela Cristina Coelho ; FERREIRA, Maísa Xavier ; SANTOS, Nelma Maria dos; MELO, Thaisa Dias de. e ANTUNES, Débora Zanoni Úlcera por Pressão: uma revisão integrativa da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 58-66, Set. 2009/Dez. 2009. 61 A pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando resolver um problema ou adquirir conhecimentos a partir do emprego predominante de informações advindas de material gráfico, sonoro e informatizado2. As informações foram coletadas em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na Bireme. Foram utilizadas três palavras-chave – úlcera, pressão, tratamento –, e considerados os resultados do Scielo, Lilacs e Medline. Após a leitura exploratória, foram excluídos aqueles artigos publicados antes de 1997, com limite até o ano de 2007. Resultados Observou-se que a maioria das publicações sobre UP deu-se no ano de 2005, com sete publicações, seguidas do ano 2000, com quatro. O idioma predominante nas publicações foi o português, com 84%. O site que mais publicou artigos sobre a temática descrita foi o Scielo, com 14 artigos. De acordo com a Tabela 1, o tipo de estudo dos artigos com maior publicação foi o descritivo com 32% enquanto o de menor publicação com 4% foi o estudo prospectivo exploratório quantitativo. A análise dos dados da Tabela 2 permitenos concluir que, de acordo com a literatura explorada, os fatores de risco de maior incidência para o desenvolvimento das UPs são de pacientes acamados com 28%, seguindo-se, pacientes internados em unidades de terapia intensiva e pacientes com tempo prolongado de hospitalização 16%. Os dados da Tabela 3 mostram que a maioria dos artigos utilizados para a realização deste trabalho está voltada para a prevenção das UPs 50%, seguido do demonstrativo da redução dos custos e da importância de um sistema de classificação para a avaliação das UPS 20%. Observa-se, também, que o estudo sobre a incidência dessas úlceras está intimamente relacionado com a identificação dos fatores de risco que levam a seu surgimento. A tabela 4 nos mostra a relação custo/benefício, deixando evidente que o curativo preventivo torna-se uma opção imprescindível quando se trata da diminuição dos custos no tratamento das úlceras por pressão. ROCHA , Lorena Leodécima ; GUIMARÃES, Marcela Cristina Coelho ; FERREIRA, Maísa Xavier ; SANTOS, Nelma Maria dos; MELO, Thaisa Dias de. e ANTUNES, Débora Zanoni Úlcera por Pressão: uma revisão integrativa da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 58-66, Set. 2009/Dez. 2009. 62 Considerações Finais Entendemos que todos os pacientes de risco de acometimento de feridas crônicas e os já lesionados devem ser assistidos de forma sistemática, durante o período de internação e também em seu domicílio. Essa forma de análise do paciente irá subsidiar a tomada de decisão a respeito das medidas preventivas a serem implementadas. Concluindo a presente revisão integrativa da literatura em relação ao tema UP, observamos, com base nos artigos analisados, que existe uma necessidade notória de se promover, aos profissionais da área da saúde, especialmente entre os graduandos do curso de Enfermagem e os enfermeiros, um maior conhecimento sobre essa temática, a fim de que estejam aptos a atenderem as necessidades reais do paciente. Ao longo da revisão, observamos também que existem poucas pesquisas relacionadas com UPs em unidades de pediatria. Entendemos que esta lacuna necessita ser suprida. Ante esta lacuna, revela-se a necessidade de se intensificar esforços para o desenvolvimento de pesquisas que produzam subsídios científicos relativo ao tema investigado, para que assim seja moldada a realidade prática da assistência de enfermagem aos pacientes com UPs e aos propensos ao seu desenvolvimento. Referências 1. Backes DS, Guedes, SMB, Rodrigues ZC. Prevenção de úlceras de pressão: uma maneira barata e eficiente de cuidar. Nursing versão portuguesa 1999; 2(2): 22-26. 2. Barros SJA, Lehfeld SAN. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 2. ed. ampliada. São Paulo: Makron Books; 2000. 3. Costa MP, Sturtz G, Costa FPP, Ferreira MC, Barros Filho TEP. Epidemiologia e tratamento das úlceras de pressão: experiência de 77 casos. Acta Ortop Bras 2005; 13(3): 124-133. 4. Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas; 2006. 5. Healey F. Classificação das úlceras de pressão II. Nursing 2000; 12(146): 21-25. 6. Pereira AL, Bachion MM. Tratamento de feridas: análise e da produção científica publicada na Revista Brasileira de Enfermagem de 1970-2003. Rev Bras Enferm, 2005; 58(2): 208-213. 7. Rangel EML, Prado KG, Machry AL, Rustici ACF, Caliri MHL. Prática de graduandos de enfermagem referentes a prevenção e tratamento de úlcera de pressão. Rev Latino-Am Enf 1999; 7(2): 89-90. 8. Young T. Classificação das úlceras de pressão. Nursing 1997; 9(107): 21-25. ROCHA , Lorena Leodécima ; GUIMARÃES, Marcela Cristina Coelho ; FERREIRA, Maísa Xavier ; SANTOS, Nelma Maria dos; MELO, Thaisa Dias de. e ANTUNES, Débora Zanoni Úlcera por Pressão: uma revisão integrativa da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 58-66, Set. 2009/Dez. 2009. 63 Quadro 1: Métodos da Descrição Clínica das Escaras DESCRIÇÃO CLÍNICA Tamanho MÉTODO O tamanho pode ser medido pelo registro simples do comprimento e largura da úlcera em acelato ou numa luva de plástico limpa. Pode ser utilizada a fotografia, quer com uma grelha, quer com uma régua incluída para fornecer a escala. O volume de uma úlcera de pressão pode ser medido pelo registro da quantidade de salina normal necessária para enchê-la, e moldes de espuma podem ser guardados para registrar as alterações nas dimensões da úlcera de pressão. A profundidade pode ser medida colocando-se uma sonda em ângulo reto na parte mais profunda da cratera. Profundidade As medições de volume acima fornecerão também a indicação da profundidade. Exsudação O volume de exsudato poderá ser estimado com base na freqüência com que o penso fica saturado ou verte, e da aparência do penso quando é mudada. As alterações de cor ou cheiro do exsudato poderão indicar infecção. O tecido necrótico pode ser descrito como negro morto como amarelo, tecido granulado como vermelho e epitelização como rosa. Cor A cor constitui, portanto, um indicador do processo de cicatrização da ferida e pode ser registrada sombreando áreas num mapa da úlcera, por fotografia ou anotando as proporções num mapa da úlcera (por exemplo, 30% vermelho, 70% amarelo). Odor O odor em úlceras de pressão poderá resultar de infecções, colonização ou tecido neurótico e provocará potenciais perturbações no doente. Outros A dor provocada pela úlcera de pressão e quando se mudam os pensos e o estado da pele ao redor da úlcera de pressão poderão também ser aspectos importantes da descrição clínica. Fonte: Healey (2000).5 ROCHA , Lorena Leodécima ; GUIMARÃES, Marcela Cristina Coelho ; FERREIRA, Maísa Xavier ; SANTOS, Nelma Maria dos; MELO, Thaisa Dias de. e ANTUNES, Débora Zanoni Úlcera por Pressão: uma revisão integrativa da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 58-66, Set. 2009/Dez. 2009. 64 Tabela 1: Tipos de Estudo dos Artigos Selecionados para Revisão da Literatura TIPO DE ESTUDO NÚMERO DE ARTIGOS PORCENTAGEM (%) Descritivo 8 32 Qualitativo e quantitativo 5 20 Quantitativo 6 24 Descritivo exploratório 3 12 Revisão da literatura 2 8 Prospectivo exploratório quantitativo 1 4 25 100 TOTAL Fonte: site: <http://www.bireme.br/php/index. Php>. ROCHA , Lorena Leodécima ; GUIMARÃES, Marcela Cristina Coelho ; FERREIRA, Maísa Xavier ; SANTOS, Nelma Maria dos; MELO, Thaisa Dias de. e ANTUNES, Débora Zanoni Úlcera por Pressão: uma revisão integrativa da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 58-66, Set. 2009/Dez. 2009. 65 Tabela 2: Principais Fatores de Risco versus Números de Artigos para o Desenvolvimento das UPs FATORES DE RISCO NÚMERO DE ARTIGOS PORCENTAGEM (%) Pacientes com lesão medular 3 12 Pacientes em UTI 4 16 Pacientes acamados 7 28 Sexo masculino 1 4 Estado nutricional 1 4 Pacientes portadores de doenças crônicas 2 8 Tempo prolongado de hospitalização 4 16 Idade acima de 40 anos acamados 3 12 25 100 TOTAL ROCHA , Lorena Leodécima ; GUIMARÃES, Marcela Cristina Coelho ; FERREIRA, Maísa Xavier ; SANTOS, Nelma Maria dos; MELO, Thaisa Dias de. e ANTUNES, Débora Zanoni Úlcera por Pressão: uma revisão integrativa da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 58-66, Set. 2009/Dez. 2009. 66 Tabela 3: Resultados RESULTADOS ENCONTRADOS NÚMERO DE ARTIGOS PORCENTAGEM (%) Prevenção/Conhecimento atualizado 5 50 Prevenção/Diminuição de custos 2 20 Incidência/Necessidade de novas pesquisas 1 10 Sistema de Classificação das UPs 2 20 10 100 TOTAL ROCHA , Lorena Leodécima ; GUIMARÃES, Marcela Cristina Coelho ; FERREIRA, Maísa Xavier ; SANTOS, Nelma Maria dos; MELO, Thaisa Dias de. e ANTUNES, Débora Zanoni Úlcera por Pressão: uma revisão integrativa da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 58-66, Set. 2009/Dez. 2009. 67 Tabela 4: Relação Custo/Benefício CURATIVOS TRADICIONAIS (valores em R$) Tamanho pequeno com troca 3 vezes ao dia. 15,36 27,75 Tamanho médio com troca 3 vezes ao dia. 50,04 Tamanho grande com troca de 3 vezes ao dia. CURATIVOS ESPECIAIS (com filme transparente – valores em R$) Tamanho pequeno com troca de 5 em 5 dias 2,19 Tamanho médio com troca de 4 em 4 dias 5,35 CURATIVO PREVENTIVO (com filme transparente – valores em R$) Filme pequeno 1,63 Filme Grande 3,67 Fonte: (BACKES et al., 1999).1 Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009 A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA Sandra Oliveira Santos Lílian Dias Gonçalves Silva * Rosana Bastos Bittencourt ** Xistos Sena Passos *** Resumo Abstract Este trabalho tem por finalidade revisar alguns artigos que tratam da importância do processo educativo no âmbito das ações do Programa de Saúde da Família, com o propósito de melhorar a qualidade de vida dos usuários através do atendimento em vários níveis, de forma integral e com premissas de atendimento humanizado. This assigment has for purpose to revise some articles that deal with the importance of the educative process in the scope of the actions of the Family’s Health Program with the intention to improve the quality of life of the users through the attendance in some levels, of integral form and with premises of human attendance Palavras-chave Key-word Education over health, Health Program of Family, Promotion and prevention. Educación en Salud, PSF, la Promoción y la Prevención. Introdução Em 1978, realizou-se a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde na cidade de Alma-Ata, Cazaquistão, antiga União Soviética, promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e teve a participação de 134 países. Médica Veterinária, Especialista em Biologia, Mestre em Biologia, Especializanda em Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família do CEEN/UCG. E-mail: [email protected]. *Cientista da Computação, Especializanda em Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família do CEEN/UCG. E-mail: lí[email protected]. **Fonoaudióloga, Administradora de Empresas, Especializanda em Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família do CEEN/UCG. E-mail: [email protected]. ***Biólogo, Doutor em Medicina Tropical, docente do CEEN, Goiânia-Goiás. E-mail: [email protected]. SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 69 Esta conferência culminou com a “Declaração de Alma-Ata”, cujo objetivo maior de promoção e assistência à saúde a todos, incluía também a educação para a saúde com maior participação e controle pela sociedade(1). A importância da promoção à saúde foi reafirmada, em 1986, através da Carta de Ottawa, a qual capacitou a comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, utilizando-se da mudança de estilo de vida. Ainda hoje, esta é a peça central de direcionamento da estratégia de promoção à saúde em todo o mundo(2). No Brasil, o marco das transformações políticas foi a Constituição de 1988, na qual foi Instituído do Sistema Único de Saúde (SUS), delineado durante a 8ª Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em 1986, momento áureo da Reforma Sanitária Brasileira(3). O setor passou a incorporar em suas práticas de assistência, às pessoas e coletividades, a compreensão de que promover a saúde implica cobrar dos governos e da sociedade novas ações e compromisso, sobretudo porque a saúde passa pelo campo das macro-políticas, as quais englobam, em especial, geração e oportunidades de trabalho, meios garantidores do acesso das pessoas a bens e serviços produzidos pela sociedade(4). A promoção da saúde pode ser alcançada com a capacitação da sociedade em poder “resolver seus problemas” e melhorar a qualidade de vida alicerçada ao compromisso dos profissionais da saúde que devem responder às necessidades do grupo populacional em questão(5). Percebe-se então a necessidade de qualificação profissional, exigindo atualização nas capacitações, pois muitas vezes os cursos, treinamentos e outras modalidades de educação ocorrem desarticulados do contexto dos serviços e nem sempre respondem às necessidades dos gestores e trabalhadores(6). Diante desta necessidade foi criado o Programa de Saúde da Família – PSF (1994) que objetiva a integração e a organização das atividades em um território definido, com o propósito de enfrentar e resolver os problemas identificados, com vistas a mudanças radicais no sistema de forma articulada e perene5, o território georeferenciado e população adscrita por famílias resulta em uma combinação de formação de unidades de natureza coletiva orientadas por uma equipe multi-profissional(4). SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 70 De acordo com a OMS, o PSF poderá contribuir para a modalidade de educação, em uma estratégia que se inicia com a preparação dos profissionais (ainda na academia) e com treinamentos de capacitação com enfoque à promoção da saúde na população atendida1. Para isto, torna-se necessário uma parceria com instituições sociais, como as escolas, a fim de que as mesmas possam assumir a responsabilidade de disseminar as informações de educação em saúde no meio familiar e comunitário no sentido de produzir uma nova cultura em relação ao processo saúde-doença(5). Em uma análise simplista é possível perceber algumas vantagens desta parceria: evitar situações de perigo potencial/real para a saúde do indivíduo, zelar pela prevenção de doenças e fomentar a adoção de estilos de vida mais saudáveis(7). Dentro do PSF, emergem ações educativas como ferramenta essencial para incentivar a auto-estima e o auto-cuidado dos membros das famílias, promovendo reflexões que conduzam a modificações nas atitudes e comportamentos(8). As ações de processo educativo no PSF devem ser pautadas em uma proposta problematizadora, em que a solução adequada seja amparada pela explicação. Os elementos interpretativos obtidos de uma análise das condições de vida da clientela sobreporão os arraigados conceitos da clássica medicina(9), ou seja, dialogar com as práticas e concepções vigentes através de argumentos de sensibilidade com abordagens humanizada e de qualidade(10). Neste entender, a humanização ganha dimensões quando os profissionais de saúde e os pacientes são situados como sujeitos de sua própria história, configurando uma política pública assumida na interface entre os setores da educação e saúde(11). Assim sendo, a integralidade (um dos princípios básicos do SUS) deve ser o eixo norteador das capacidades em saúde, pois considera a articulação dos saberes e práticas multi-profissionais a partir de um conceito ampliado de saúde que respeita a subjetividade do usuário mediante o acolhimento e a responsabilização(12). Para atender a esta perspectiva é fundamental estabelecer um modelo de capacitação que promova a atenção integral à saúde, alicerçado na aprendizagem significativa: a Educação Permanente em Saúde(6), que proporciona movimentos de mudança na formação dos profissionais de saúde onde a noção de aprender a aprender, de trabalhar em equipe e de construir cotidianos traduziriam em objeto de aprendizagem individual, coletiva e institucional. Assim é possível estabelecer ações intersetoriais, SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 71 oficiais e regulares com o setor da educação com ampliação dos direitos de saúde da população, respeitando os princípios da integralidade e eqüidade(10). Portanto, a Educação Permanente em Saúde (EPS) propõe que a transformação das práticas profissionais deve estar baseada na reflexão crítica e em espaços coletivos, promovendo o encontro entre o usuário e a equipe de saúde mediante diálogo, considerando a integralidade6. Ao resultado destas ações, busca-se construir protocolos e projetos terapêuticos individualizados(13). Como ferramenta à eqüidade, é essencial incentivar a auto-estima e o autocuidado dos membros da família, promovendo reflexões que conduzam a modificações nas atitudes e comportamentos(8). A educação é uma ferramenta indispensável na busca da promoção à saúde e melhoria da qualidade de vida e um processo em permanente construção. Buscando certificar as ações educativas, revisou-se alguns trabalhos científicos que chegaram a esta conclusão através de suas pesquisas. Objetivo Analisar os artigos científicos que associam o processo educativo aos atendimentos do Sistema Único de Saúde, especialmente no Programa de Saúde da Família, como fator primordial à promoção da saúde. Material e Métodos Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, pesquisados em sites especializados, Biblioteca Virtual em Saúde (MS) e revistas científicas eletrônicas através do indexador Scielo no referido assunto, buscando artigos indexados no período de 2001 a 2008. Utilizou-se para isso os descritores: PSF e educação, promoção à saúde e ações de integralidade no PSF. Obteve-se também alguns parâmetros no site do Ministério da Saúde e no Departamento de Atenção Básica, onde manuais e dados estatísticos do Datasus foram relatados. SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 72 Para a construção do desenvolvimento do trabalho, de acordo com o levantamento do estudo, propôs-se a discussão do tema Educação em Saúde como proposta a atender as demandas sociais e pactuar como uma das diretrizes do SUS, o modelo de integralidade, agindo de forma humanizada a fim de propiciar a redução das desigualdades sociais. Construiu-se uma tabela contendo artigos previamente selecionados que possuíam em suas conclusões comentários intrínsecos ao tema aqui proposto. Resultados e Discussão A Educação em Saúde constitui um conjunto de saberes e práticas orientados para a prevenção de doenças e promoção da saúde (Costa & Lopes in 14). No âmbito do PSF, figura-se como uma prática prevista e atribuída a todos os profissionais que compõem a equipe de saúde da família5 e promove a autonomia dos indivíduos e profissionais, para que em conjunto possam compreender a saúde como resultante das condições de vida e propiciar um desenvolvimento social mais eqüitativo2. A Educação Permanente em Saúde possibilita a articulação do fazer e aprender, produzindo conhecimento, construindo e desconstruindo saberes, valores e concepções.11. Trata-se de uma metodologia participativa com processo de ensino dinâmico, envolvendo a interação6. É comum que conceitos sejam reproduzidos mecanicamente nas Instituições Educadoras dificultando a aceitação de novos paradigmas e a construção de pensamentos que possam dar sustentação a essa nova prática de atendimento. As atividades de educação em saúde estão incluídas entre as responsabilidades dos profissionais do PSF e é caracterizada pela assistência que procura ir além da doença e do sofrimento manifesto, buscando apreender necessidades mais abrangentes dos sujeitos14 e promover autonomia aliada à busca de mudanças de atitudes de acordo com a necessidade da aplicabilidade do processo.6 O trabalho educativo a ser feito extrapola o campo da informação ao integrar a consideração de valores, modelos, costumes e símbolos sociais que levam as formas específicas de condutas e práticas15. Esta inovação educativa exige que haja novos patamares de organização e produção do conhecimento, conectados com os desafios da prática e com as lutas que emergem nos diferentes campos sociais16. Essa SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 73 ruptura de práticas convencionais incomoda a equipe por modificar hábitos descritos por catedráticos autores e por exigir que o tão repetido sujeito paciente, passe a ser também um agente neste processo. Portanto, é necessário a educação permanente do profissional de saúde, exigindo atualizações nas capacitações, a fim de aumentar sua autonomia e articulação nos saberes e práticas multiprofissionais6. Um dos desafios nesta transdisciplinaridade são as novas modalidades da organização do mundo do trabalho em saúde e as exigências em relação ao perfil dos novos profissionais12, ou seja, é necessário promover um profundo processo de mudança que alce os estudantes a condição de sujeitos no processo de aprendizagem e que tome como ambientes de prática a comunidade, o domicílio e a rede básica do SUS17. Para repensar novas modelagens assistenciais na integralidade do cuidado a saúde há que se aprofundar o debate sob novos fundamentos teóricos, particularmente sobre a natureza do processo de trabalho8. É importante a participação popular nas decisões políticas por tratar-se de um princípio norteador das políticas públicas, o controle social12. Consta na Constituição Nacional (1988)18, na Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/1990)19 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais (Lei 9.394/1996- LDB)20, que as pessoas devem ser vistas de forma integral e cabe ao Estado garantir a todos oportunidades para seu pleno desenvolvimento pessoal e social. Então, mesmo que a produção e a reprodução do conhecimento congreguem os principais alvos da política pública atual15 é importante salientar que transmitir conhecimento é também criar hábitos e métodos que valorizem o auto-aprendizado, dentro de uma abordagem crítica e que permita uma permanente inquietação17. Esta inquietação vem de encontro com uma medicina humanizada, que alie a uma sólida formação ética há possibilidade de manter a relevância social sem abrir mão da excelência técnica17. A humanização está voltada para a melhoria da qualidade da atenção prestada, com um possível acréscimo na capacidade de reflexão e crítica acerca dos modelos e ações em saúde11. Na direção das discussões acerca da humanização e do processo de trabalho em saúde, uma das locuções presentes diz respeito à integralidade, que está intrinsecamente associada à capacidade e à sensibilidade dos profissionais de saúde em SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 74 abordar as situações, confrontando com os limites de sua ação e em procurar incorporar revisões e redefinições de seus processos de trabalho11. Assim, levar o atendimento médico a um plano inferior às ações educativas, pode requerer de todos envolvidos mudanças criativas no modo de agir, presteza, paciência e determinação. Estes adjetivos nem sempre são alcançados no decorrer de uma formação acadêmica, pois há toda uma história de vida a ser analisada caso a caso. Enfim, para garantir uma educação permanentemente eficaz é necessário interrogar também se os trabalhadores de saúde estão em condições de garantir um atendimento orientado pela perspectiva política crítica da humanização. Tal preocupação se concretiza no fato de que quase sempre tais trabalhadores se encontram inseridos em processos de trabalho muito precários em decorrência de baixos salários, sobrecarga de trabalho e alta carga de estresse, em função da tensão provocada, seja pelas chefias superiores, como pelos próprios usuários sobre quem está na ponta do sistema11. Diante disto, manter uma relação de diálogo entre os profissionais e usuários do Sistema Único de Saúde permite realizar ações voltadas às reais necessidades daqueles que buscam a melhoria na qualidade de vida, também através das ações educativas surgidas dentro do Sistema. Somente essa associação permitiria que ambos executem suas funções sociais com mais eficácia e menos conflitos. A tabela 1 demonstra o claro desejo dos autores em reforçarem a necessidade de ampliar o processo educativo dentro do Sistema Único de Saúde, especificamente no Programa de Saúde da Família. Os termos Educação em Saúde e Educação Permanente em Saúde são utilizados como metas de transformação de ações. Estratégias que teriam significado se inseridas no cotidiano dos sujeitos envolvidos no processo, analisando as representações sociais e a experiência com o adoecimento. O fortalecimento da ética seria embasado em uma perspectiva de atendimento humanizada com abordagem problematizadora e interdisciplinar. Com essas mudanças seria viável acreditar em perspectivas na melhoria da qualidade de vida para a população brasileira. Tabela1 - Comentários dos artigos pesquisados Referência SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 75 Comentários Heidmann et al. 2006 (2) A maioria dos profissionais desconhece o verdadeiro significado do tema Promoção à Saúde. Silva et al. 2006(5) O entendimento da saúde como produção social e construção coletiva, passa pela participação de dimensão educativa, uma vez que neste espaço possibilita a produção e a reprodução do conhecimento e congrega os principais alvos da política pública atual Silva, Ogata, Machado, 2007 (6) Promover a Educação Permanente em Saúde com reflexões críticas em espaços coletivos. Machado et al. 2007 (8) A Educação em Saúde como processo político pedagógico requer o desenvolvimento e um pensar crítico e reflexivo, permitindo desvelar a realidade e propor ações transformadoras que levem o indivíduo sua autonomia e emancipação enquanto sujeito histórico e social capaz de propor e opinar nas decisões de saúde para o cuidar de si, de sua família e da coletividade Souza e Moreira 2008(11) A mudança de estratégias não necessariamente resulta numa transformação real no nível das ações, valores, significados e práticas com as quais os sujeitos se encontram envolvidos em seu dia-a-dia. Ceccim e Feuerwerker 2004(12) Quanto maiores os índices de interdisciplinaridade mais diversificados os cenários de aprendizagem e os fatores de exposição dos alunos e maior a instauração de possibilidades à integralidade das práticas em saúde Alves 2005 (14) Dentre os modelos de educação em saúde o modelo dialógico conforma-se à proposta da integralidade, uma vez que favorece o reconhecimento dos usuários enquanto sujeitos portadores de saberes sobre o processo saúde-doença-cuidado e de condições concretas de vida. Contribui para uma apreensão abrangente das necessidades de saúde dos sujeitos e na humanização da ação educativa. Gazzinelli et al. 2005(15) Percebe-se que a educação em saúde deve partir de uma necessária articulação entre as representações sociais e a experiência da doença. Batista et al. 2005(16) Experiências problematizadoras precisam ser partilhadas, viabilizando a produção de um conhecimento que fortaleça a mudança. Campos e Belisário 2001.(17) SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 76 É consensual que a mudança deva incluir a interdisciplinalidade, a mudança dos cenários, nos quais se realiza a ação educativa, para locais mais representativos da realidade sanitária e social, a abordagem problematizadora, a educação permanente e o compromisso ético e humanístico. Benevides e Passos 2005(21) É preciso manter vivo o processo de humanização afirmando o seu não esgotamento. Considerações Finais Desde que ocorreu a Conferência Internacional sobre os cuidados primários de saúde, em Alma-Ata (antiga URSS, 1978), os governos passaram a ter uma responsabilidade mais extensa que somente às adequadas medidas sanitárias e sociais do seu povo e a perspectiva de atingir um nível de saúde que permita a população levar uma vida social e economicamente produtiva. Assim, não cabe somente trabalhar a saúde sob o ponto de vista de ausência de doença ou aplicar métodos curativos que insistam em negar a cumplicidade das condições ambientais que vivem as pessoas. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde19, o usuário do Sistema Único de Saúde, tem por direitos, acesso ordenado e organizado ao sistema, adequação ao seu tipo de tratamento, humanização no atendimento e por fim, as informações pertinentes aos agravos e acesso aos processos de prevenção e promoção da saúde individual e coletiva. Segundo esta proposta, tem-se o trabalho executado pelo Programa de Saúde da Família que visa entre outros a educação permanente a fim de estreitar o vínculo entre a Equipe e o Usuário, permitindo a maximização da qualidade dos atendimentos. Atualmente um decreto presidencial22 prevê atuações entre os Ministérios da Saúde e da Educação, na perspectiva da atenção integral ocorrendo não somente nas Unidades de Saúde, mas especificamente no âmbito das escolas, realizadas pelas Equipes de Saúde da Família. Assegurar que a prática dos profissionais de saúde execute um atendimento integrado e contínuo, com pensamentos críticos e ações adequadas a cada caso clínico, de forma ética e transparente, a partir do comprometimento da equipe com a sociedade nela inserida e com apoio de ações educativas a todos. SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 77 Referências (1) Aleixo JLM. A Atenção Primária à Saúde e o Programa de Saúde da Família: Perspectivas de Desenvolvimento no Início do Terceiro Milênio. Revista Mineira de Saúde Pública, nº1, JanJun; 2002. (2) Heidmann ITSB, Almeida MCP, Boehs AE, Wosny AM, Monticelli M. Promoção à saúde: Trajetória histórica de suas concepções. Florianópolis: Texto Contexto Enfermagem, Abr-Jun, 15(2):352-8; 2006. (3) Conferência Nacional de Saúde 8ª; de 17 a 21 de março de 1989; Curitiba (PR). Revista Espaço para a Saúde do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva: NESCO; (1989) (4) Peres EM. O Programa de Saúde da família no enfrentamento das desigualdades sociais. Chia, Colômbia: Revista Aquicham, Ano 7, 7(1); Abril 2008; (5) Silva CC, Silva ATMC, Lonsing A. A Integração e a Articulação entre as ações de saúde e de educação no PSF. Revista Eletrônica de Enfermagem, 8(1):70-74. disponível em http://www.fen.ufg.br/revista8; 2006. (6) Silva JAM, Ogata MN, Machado MLT. Capacitação dos trabalhadores de saúde na atenção básica: impactos e perspectivas. Revista Eletrônica de Enfermagem [serial on line], Mai-Ago; 9(2):389-401. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/revista/v9/n2/v9n2a08.htm; 2007. (7)Correia R. Enfermeiros recém-formados e cuidados de saúde comunitários: as lógicas subjacentes à escolha. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 05:45-58, Jan-Abril; 2008. (8)Machado MFAS, Monteiro EMLM, Queiroz DT, Vieira NFC, Barroso MGT. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS – uma revisão conceitual. Ciência & Saúde Coletiva, 12(2):335-342; 2007. (9)Zanotto MAC, Rose TMS. Problematizar a própria realidade: análise de uma experiência de formação contínua. São Paulo: Educação e Pesquisa, 29(1):45-54, Jan-Jun, 2003. (10)Ceccim RB. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. InterfaceComunic., Saúde, Educ., 9(16):161-177, Set/2004-Fev/2005; 2005. (11)Souza WS, Moreira MCN. A temática da humanização na saúde: alguns apontamentos para debate. Interface-Comunic., Saúde, Educ.. Disponível em: http://www.interface.org.br/arquivos/aprovados/artigo64pdf; 2008. (12)Ceccim RB, Feuerwerker LCM. Mudança na graduação das profissões de saúde sob o eixo da integralidade. Cadernos de Saúde Pública, 20(5):1400-1410; 2004. (13)Merhy EE. O desafio que a educação permanente tem em si: a pedagogia da implicação. Interface-Comunic., Saúde, Educ., 9(16):161-177, Set/2004-Fev/2005; 2005. (14)Alves VS. Um modelo de educação em saúde para o Programa de Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface-Comunic., Saúde, Educ., 9(16):39-52, Set/2004-Fev/2005; 2005. (15)Gazzinelli MF, Gazzinelli A, Reis DC, Penna CMM. Educação em Saúde: conhecimento, representações sociais e experiências da doença. Rio de Janeiro: Cadernos de Saúde Pública, 21(1):200-206, Jan-Fev; 2005. (16)Batista N, Batista SH, Goldenberg P, Seiffert O, Sonzogno MC. O enfoque problematizador na formação de profissionais da saúde. Rev. Saúde Pública, 39(2):231-7; 2005. SANTOS, Sandra Oliveira ; SILVA, Lílian Dias Gonçalves; BITTENCOURT, Rosana Bastos e PASSOS, Xistos Sena .A Educação em Saúde no Programa Saúde da Família. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 67-78, Set. 2009/Dez. 2009. 78 (17)Campos FE & Belisário SA. O Programa de Saúde da Família e os desafios para formação profissional e a Educação Continuada. Interface-Comunic., Saúde, Educ., ago 2001; 9. 2001. (18)BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado, 1988. (19)BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, de 20 set. 1990. Seção 1, pt18055. (20)BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece diretrizes e bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, n.248 de 23 dez. 1996. (21)Benevides R, Passos E. A humanização como dimensão pública das políticas de saúde. Interface- Comunic, Saúde, Educ., 9(16):39-52, Set/2004-Fev/2005; 2005. (22)BRASIL. Decreto nº 6286, de 5 de dezembro de 2007. Institui o Programa de Saúde nas Escolas e dá outras providências. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, n.234 de 06 dez. 2007. Pesquisas ISSN: 1984 - 2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE ISSN: 1984 - 2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009 AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL EM GESTANTES DE GOIÂNIA-GOIÁS: ESTUDO RETROSPECTIVO E REVISÃO DA LITERATURA Julianna Caruliny de Miranda Keila Moreira Marques Maiza Gomes de Melo e Souza Raquel Pires da Silva Claudio Maranhão Pereira * Resumo: Abstract: A Neoplasia trofoblástica gestacional (DTG) representa um grupo de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e invasão do trofoblasto. As molas hidatiforme podem ser classificadas como molas completas ou parciais, com base na morfologia macroscópica, na histopatologia e no cariótipo. O diagnóstico é feito baseado nas alterações clínicas e nos exames complementares, como raios–x e dosagem de ß gonadotrofina coriônica. Sua ocorrência vem gradativamente aumentando e com isso tornando-se um dos principais responsáveis por gestações anômalas. Baseado nisto, foi proposto estudar a incidência dessa doença e de suas varias formas na população da cidade de Goiânia. Foi realizado um estudo retrospectivo de 146 pacientes atendidos na maternidade do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás de janeiro de 2003 à julho de 2008 com diagnóstico de neoplasia trofoblástica gestacional, por meio da analise de seus prontuários. Destes 146 pacientes, 66 (45,2%) apresentavam mola hidatiforme enquanto 22 (15,7%) foram diagnosticados com gestação molar. The gestational trofoblastic neoplasia (DTG) represents a group of illnesses characterized for the abnormal growth and invasion of trofoblast. The mole’s hydatiform can be classified as complete or partial, on the basis of the macroscopic morphology, in the histopathology and karyotype. The diagnosis is made based in the clinical features and the complementary exams, as rays-x and ß gonadotrofina chorionic dosage. Its occurrence comes gradual increasing and with this becoming one of main the responsible ones for anomalous gestations. Based in this, it was study the incidence of this illness and it does vary forms in the population of the Goiânia city. We were a retrospective study of 146 patients of the Clinics Hospital on Medicine College of the Goiás Federal University of January of 2003 to the July of 2008 with diagnosis of gestational trofoblastic neoplasia. Of these 146 patients, 66 (45.2%) presented hydatiform mole while 22 (15.7%) had been diagnosis with molar gestation. Graduadas em Biomedicina *Professor Doutor de Patologia da Faculdade Estácio de Sá de Goiás/Professor titular de Patologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista-Goiania/GO. Autor correspondente: Claudio Maranhão Pereira Faculdade Estácio de Sá de Goiás – Departamento de Ciências da Saúde Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista, campus Flamboyant Patologia Oral -Diagnóstico Oral BR-153, KM 503, Fazenda Botafogo - CEP: 74845-090 Goiania/GO – Brazil + 55 62 32394000 e-mail: [email protected]; [email protected] MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 81 Palavras-chaves: Key-words: Neoplasia trofoblástica hidatiforme, gestação. gestacional, mola Gestational trofoblstic neoplasia, hydatiform mole, gestation. 1. INTRODUÇÃO A Doença trofoblástica gestacional (DTG) inclui um grupo de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e invasão do trofoblasto. A base molecular dessa condição é desconhecida, pela dificuldade de dispor de modelos biológicos adequados (Bernal et al, 2006). Engloba um intrigante inter-relacionado grupo de doenças derivadas de placenta trofoblástica. Suas formas clinicas são representadas por mola hidatiforme, mola invasora, coriocarcinoma e tumor trofoblástico do sitio placentário (PSTT), possuindo formas benignas e maligna (Belfort & Braga, 2004). A forma mais grave, o coriocarcinoma, geralmente é precedida por uma mola hidatiforme (HM), podendo ocorrer na seqüência de uma gravidez (Suzuki et al, 1996). Durante as últimas duas ou três décadas, em muitas regiões do mundo, foram estabelecidos registros dedicados ao estudo das taxas de incidência da DTG. Apartir destes registros epidemiológicos começou a ser apresentado um relatório de incidência em determinadas populações. Novas tecnologias utilizadas para o diagnóstico clínico e laboratorial, incluindo citometria para fluxo de DNA, hibridização in situ, PCR e o reconhecimento das variantes raras têm melhorado a exatidão das estimativas sobre o número absoluto de casos de DTG em alguns centros, no entanto, esses avanços tecnológicos ainda não estão universalmente aplicados (Smith & Seung, 2006). Através das taxas de incidência relatadas pelos hospitais em diversas regiões do mundo criaram-se especulações que a partir do ambiente, e talvez por diferenças genéticas entre as diversas etnias de grupos raciais aumentava-se a incidência de DTG (Smith & Seung, 2006). Sendo a Neoplasia Trofoblástica Gestacional um grupo de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e invasão do trofoblasto derivadas de placenta, cuja sua ocorrência vem gradativamente aumentando em mulheres gestantes, e sendo responsáveis por grande quantidade de gestações anômalas, é importante a realização de MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 82 uma revisão de literatura aprofundada sobre o assunto além de um estudo sobre a incidência dessa doença e de suas varias formas na população da cidade de Goiânia atendidas na Maternidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. HISTÓRICO A mola hidatiforme foi descrita pela primeira vez no século VI por Aécio de Amida, que foi chamada de hydrops uteri. No século XVI, Ambrósio Pare admitiu tratar-se, cada vesícula de um embrião (Berkowitz & Goldstein, 1998). Cem anos depois, em 1664 Mauriceau, colocou em pauta ser sua principal causa o excesso de relações sexuais. Em 1827 Boivin e Velpau descreveu a mola hidatiforme como doença do tecido corial. Em 1853 Virchow descobriu tratar-se de degeneração mixomatosa do tecido conjuntivo das vilosidades coriais (“myxoma corii”). Em 1967 Gore e Hertig nomeou como doença trofoblástica gestacional por está relacionada à gravidez. Em 1967 após identificação citogenética da mola hidatiforme por Kaji & Ohama suas síndromes ficaram definidas como mola parcial e mola completa. Em 1983 a OMS sugeriu nova sistematização, através do Grupo Cientifico de Doença Trofoblástica Gestacional, ficando assim definido os termos para classificar e estadiar esta enfermidade: mola hidatiforme (completa e parcial), mola invasora, coriocarcinoma e tumor trofoblástico do sítio placentário (Belfort & Rezende). 2.2 CLASSIFICAÇÃO A Organização Mundial de Saúde (OMS) divide histologicamente as DTG em grupos distintos, incluindo mola hidatiforme, coriocarcinoma, mola invasora e tumor trofoblástico do sítio placentário (Smith & Seung, 2006). As molas hidatiforme podem ser classificadas como molas completas ou parciais, com base na morfologia macroscópica, na histopatólogia e no cariótipo (Berkowitz & Goldstein, 1998). MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 83 2.2.1 MOLA HIDATIFORME COMPLETA (MHC) A mola hidatiforme completa resulta da fertilização de um óvulo que, por motivos totalmente desconhecidos, perde os seus cromossomos, esvazia-se e é fecundado por um espermatozóide que se reproduz por partenogênese. As molas completas são compostas por genoma exclusivamente paterno, ou seja, apresentam natureza androgenética (Maestá et al, 1998). As molas completas não possuem tecidos embrionários ou fetais identificáveis, e as vilosidades coriônicas apresentam edema hidatiforme generalizado e hiperplasia trofoblástica difusa (Berkowitz & Goldstein, 1998). Estudos citogenéticos demonstraram que as molas hidatiforme completas geralmente possuem um cariótipo 46XX e os cromossomos molares são de origem totalmente paterna. Estas geralmente parecem originar-se de um óvulo que foi fertilizado por um espermatozóide haplóide, que então duplica seus próprios cromossomos. O núcleo do óvulo pode estar ausente ou inativo. Embora a maioria das molas completas possua um padrão cromossomial 46XX, cerca de 10% possuem cariótipo 46XY (Berkowitz & Goldstein, 1998). 2.2.2. MOLA HIDATIFORME PARCIAL (MHP) Na mola parcial, o óvulo normal com seus cromossomos é fecundado por 2 espermatozóides determinando um cariótipo triploíde composto por 1 haplóide materno (23X) e 2 paternos (46XX ou 46 XY). A maior parte das molas parciais apresenta cariótipo 69 XXX ou 69 XXY, sendo a dispermia o mecanismo mais freqüente de fertilização (Maestá et al, 1998). Segundo Berkowitz & Goldstein (1998), as molas hidatiforme parciais são caracterizadas pelos seguintes aspectos patológicos: 1. Vilosidades coriônicas de tamanho variável, com edema hidatiforme focal, cavitação e hiperplasia trofoblástica. 2. Invaginações vilosas acentuadas 3. Proeminentes inclusões trofoblásticas do estroma 4. Tecidos embrionários ou fetais identificáveis. MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 84 2.2.3 MOLA INVASORA (MI) É a mola hidatiforme que invade o miométrio, desenvolve metástases ou apresenta as duas complicações. Pode evoluir para formas mais graves, entretanto podendo regredir espontaneamente (Rezende & Belfort, 2005). 2.2.4. CORIOCARCINOMA (CCA) No coriocarcinoma gestacional, a neoplasia maligna derivada do citotrofoblasto e do sinciciotrofoblasto, caracteriza-se pela ausência de elementos vilositários e normalmente evolui para o óbito, gerando metástases caso a terapêutica não for oportuna e enérgica. No entanto, o CCA pode surgir antes da gravidez levando a um aborto espontâneo (Rezende & Belfort, 2005). 2.2.5 TUMOR TROFOBLÁSTICO DO SÍTIO PLACENTÁRIO (PSTT) Caracteriza-se por população celular monomórfica composta de células do trofoblasto intermediário (TI) o qual, por sua vez, provém de células tronco do citotrofoblasto. O processo de replicação do TI ocorre com infiltração do miométrio criando sítio de implantação (Shin et al, 1996). 2.3. EPIDEMILOGIA Nos Estados Unidos os casos de NTG ocorrem 1 a cada 1.500 nascimentos. Estima-se que, no Brasil ocorra 1 caso de mola em cada 200 nascimentos. Na China, um estudo nacional de coordenação do grupo de investigação Chorioma encontrou uma incidência de 0,78/0,81 por cada 1.000 gravidezes (Belfort & Braga, 2003). A incidência de gravidez molar no Japão (2,0 por 1.000 gravidezes) é aproximadamente três vezes maior do que a incidência na Europa ou na América do Norte (0,6 a 1,1 por 1000 gravidezes). As mulheres Japonesas e Filipinas têm taxas mais elevadas do que caucasianos e americanos (Martin, 1978; Camilo & Ponce, 2002). Existe também uma considerável variabilidade nas taxas de incidência em negros, embora os dados disponíveis sejam limitados. Em Rhode Island (EUA) durante MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 85 cerca de dez anos (1956-65), a incidência de mola hidatiforme entre os negros foi mais elevada do que para brancos, mas esta diferença não era estatisticamente significativa (Smith & Seung, 2006). Belfort e Viggiano (1988) analisando 596 casos de NTG seguidos no Rio de Janeiro e 226 em Goiânia encontraram a incidência respectiva de 1:53 e 1:20 casos de mola (parcial e completa) no total de nascimentos. A freqüência de coriocarcinoma nos dois centros foi: Rio de Janeiro 1:514 e Goiânia 1:925 nascimentos (Smith & Seung, 2006). 2.4 MANIFESTAÇÕES CLINICAS Os primeiros sinais e sintomas são aqueles encontrados no início de toda gestação: suspensão da menstruação, tensão nos seios, enjôos, náuseas, vómitos. Estes sintomas, algumas vezes, estão exacerbados. O diagnóstico da mola é firmado através da história e dos sintomas que a pessoa sente e, também, com o auxílio de exames de laboratório: ultra-sonografia, exame dos tecidos retirados do útero e contagem hormonal (b-hCG). Os sinais clínicos e os sintomas da gestação molar são, muitas vezes, característicos, levando facilmente o médico a suspeitar da presença da doença. Entretanto, em algumas pacientes, a sintomatologia não é clara e os sinais não são bem característicos, porém, há sempre indícios clínicos que podem levar a uma investigação conclusiva (Belfort & Viggiano, 2007). Os indicadores clínicos estão relacionados ao volume da mola hidatiforme, que por sua vez depende da taxa de proliferação do trofoblasto. Entre estes indicadores podemos citar: volume uterino grande para a idade gestacional, altos níveis de gonadotrofinas circulantes e seus efeitos: cistos teca-luteínicos e outras complicações como hipertiroidismo (Tiezzi, et al, 2005). A mola é rica em informações que deverão ser sempre investigadas e valorizadas: ausência de menstruação, seguida de hemorragia, é o sintoma presente na quase totalidade dos casos; sangramento indolor, seguido algumas vezes da saída de pedaços de mola (vesículas), intercalado de corrimento branco ou amarelado, de cheiro forte, consequência da ruptura de uma ou mais vesículas. Nos cinco primeiros meses, o sangramento pode aparecer como um tipo de "borra de café", tornando-se, em seguida, abundante a tal ponto podendo até causar queda da pressão arterial, embora em geral, a MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 86 hemorragia seja pouca e persistente, durante dias, semanas ou meses (Belfort & Viggiano, 2007). Existem vários indicativos de mola e, em 2005, Belfort & Viggiano descreveram estes como os principais indícios: 1. Náuseas e vómitos incontroláveis, levando a paciente ao emagrecimento e à desidratação. 2. Alterações uterinas estão presentes: consistência amolecida do útero, desproporcionalidade entre a idade gestacional e o seu volume, diminuindo de tamanho a cada episódio de sangramento. 3. Ausência de sinais relacionados ao feto (mola completa) como partes fetais, movimentos fetais, batimentos do coração. 4. Ovários aumentados de volume, sob a forma de cistos, que causam muita dor no ventre. 5. Estado de intoxicação do organismo: elevação da pressão arterial, pernas inchadas e perda de proteína pela urina, na primeira metade da gravidez. 2.5 DIAGNÓSTICO Dosagem de gonadotrofina coriônica (hcg) Como anormalidades trofoblástica têm papel central na fisiopatologia da pré-eclâmpsia, tem sido encontrada produção aumentada de hcg neta condição, acreditando-se que sua maior produção seja uma resposta benéfica a hipoxia trofoblástica, favorecendo a invasão trofoblástica (Medeiros & Norman, 2006; Delmanto et al,2007). Pacientes portadoras de NTG apresentam valores de hcg que excederam o limite superior da curva normal em 5,0 ± 3,8 semanas e o platô ou ascensão ocorreu em 7,1 ± 3,2 semanas. Portando, a curva de regressão da hcg é útil na discriminação entre NTG pós-molar e mola hidatiforme completa (MHC) com remissão espontânea, sendo mais precisa e precoce que a identificação com base no platô ou ascensão (Delmanto et al,2007). Ultra-sonografia Permite afirmar, quase com absoluta certeza, que existe mola. O aspecto é inconfundível: imagens claras e escuras (as vesículas cheias de líquido), o útero de MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 87 tamanho às vezes maior do que deveria nessa idade de gestação, ausência de feto e das batidas do seu coração, presença de ovários grandes (cistos), entre outros (Berkowitz & Goldstein, 1998). Dopplerfluxometria Técnica moderna de ultra-sonografia que auxilia o seguimento da mola invasora ou de sua forma maligna coriocarcinoma (Belfort & Viggiano, 2007). Exame Histopatológico O exame sistemático de todo material obtido da cavidade uterina é indispensável, pois algumas vezes pode revelar a presença de material molar (Belfort & Viggiano, 2007). 2.6. PATOGENIA Numerosas causas têm sido estudadas para explicar as NTG. Informações sobre o papel da dieta alimentar e nutricional é inconclusivo, e indissoluvelmente ligada a outros fatores incluindo potenciais sócios econômicos e localização geográfica. Acredita-se estar na origem desses tumores defeito gênico conseqüente a dieta deficiente e de baixo conteúdo protéico. Outros autores defendem a tese que o que predispõe a mola são as causas opostas às dos abortamentos espontâneos. Teria substância no soro da gestante, capaz de evitar a invasão do meio materno para o trofoblasto. Por fim, também postulam que alterações endócrinas desempenham papel preponderante cabendo aos estrogênios a proteção fisiológica contra a atividade molar (Rezende & Belfort, 2004). A cura espontânea da lesão primária ou das metástases blastomatosas malignas da ênfase á idéia de estarem as NTG, de alguma forma, relacionadas com a falta de respostas de anticorpos maternos ao tecido embrionário já no coriocarcinoma o trofoblasto pode por falta de resposta imunológica, levar a destruição do organismo materno (Rezende & Belfort, 2004). Baggiish & Lean (1974) submeteram 60 pacientes com mola a questionário diante os hábitos alimentares e compararam os resultados com os de outras 60 mulheres MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 88 sadias, concluindo que o passado daquelas é de boa qualidade e não transparece qualquer influência imputável ao fator argüido. Mais recentes avanços tecnológicos que possam elucidar ainda mais variantes genéticas incluem a identificação dos genes supressores tumorais específicos (ou seus receptores). Na Neoplasia Trofoblástica Gestacional há transformação total ou parcial do ovo em pequenas vesículas cheias de líquido claro que se eliminam aos poucos ou em grande quantidade, podendo estar associadas a coágulos escuros. O sangue ao se derramar no útero se coagulado formando a mola sanguínea. A reabsorção do plasma, pigmentos sanguíneos e líquidos ovulares conferem a massa feição de pasta de carne e esta leva o nome de mola carnosa. A ocorrência das NTG benignas é comum no primeiro trimestre, mas podem ser vistas em todo o transcurso da gestação. A neoplasia trofoblástica resultante de gravidez “normal”de termo é entretanto sempre coriocarcinoma (Smith & Seung, 2006). 2.7. TRATAMENTO Após o diagnostico de gravidez molar, a paciente deve ser avaliada cuidadosamente quanto à presença de complicações clinicas associadas: pré-eclâmpsia, hipertireoidismo, desequilíbrio eletrolítico e anemia. Depois de estabilização da condição da paciente, deve ser tomada a decisão sobre qual o método mais apropriado de eliminação (Berkowitz & Goldstein, 1998). Para saber qual o melhor tratamento do Tumor Trofoblástico Gestacional (TTG), ou seja, quando a mola não cura espontaneamente, é preciso levar em conta os seguintes fatores: Valor inicial do hormônio (hcg) Tempo transcorrido entre o esvaziamento uterino e o início do tratamento Aparência microscopia dos tecidos examinados no laboratório de anatomia patológica. Invasão (ou não) da musculatura uterina Presença prolongada dos cistos ovarianos e suas dimensões. Presença de metástases à distância (Belfort & Viggiano, 2007). O acompanhamento do tratamento devera ser realizado em centro MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 89 especializado e durante período de tempo nunca inferior a 1 ano. A principio as pacientes deverão se apresentar semanalmente, de 15/15 dias e mensalmente para que seja avaliado o estado clínico, os níveis de hcg, e as imagens ultra-sonografias e dopplerfluxométricas. A cura só poderá ser atestada após 1 ano de acompanhamento e caso os sintomas haverem desaparecidos, a saúde esteja recuperada, a menstruação regular e os níveis de hormônio negativos. Só então poderá ser tentada nova gravidez (Madi et al ,2003). Tratamentos mais indicados atualmente: 1. Histerectomia Se a paciente desejar esterilização cirúrgica, pode ser realizada uma histerectomia com a mola in situ. Os ovários podem ser preservados no momento da cirurgia, mesmo que haja proeminentes cistos teca–luteínicos. Grandes cistos ovarianos podem ser descomprimidos por aspiração (Berkowitz & Goldstein, 1998). 2. Curetagem por Aspiração A curetagem por aspiração é o método preferido de evacuação, independentemente do tamanho uterino, em pacientes que desejem preservar a fertilidade (Belfort & Viggiano, 2007). 3. MATERIAIS E METÓDOS Foi realizado um estudo retrospectivo de 146 pacientes com diagnóstico de neoplasia trofoblástica gestacional, por meio da analise de seus prontuários, atendidos na maternidade do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, sitoada à 1ª Avenida Q 68, s/n, setor Leste Universitário - Goiânia – GO, sob responsabilidade do médico Dr. Mauricio Viggiano, no período de janeiro de 2003 à julho de 2008. Foram considerados variáveis como: idade do paciente, tempo de MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 90 amenorréia, paridade, estado civil, alterações clínicas, exames, diagnóstico e tratamento. Quanto ao diagnóstico, a nomenclatura utilizada pelos médicos responsáveis foi de mola hidatiforme, mola hidatiforme parcial, mola (sem outra especificação), gestação molar, mola invasora com ou sem metástase, DTG (para doença trofoblástica gestacional sem outra especificação) e NTG (para neoplasia trofoblástica gestacional sem outra especificação). Os dados foram digitados em tabela do programa Excel, Microsoft Windows XP (EUA) e analisados de forma descritiva em forma de gráficos e tabelas. 4. RESULTADOS Dos 146 pacientes atendidos de janeiro de 2003 à julho de 2008 com diagnóstico de doença trofoblástica gestacional, foi observado média de idade de 23,9 anos, variando com a idade mínima de 13 anos e a máxima de 45 anos. Das 146 pacientes, 27 (18,49%) eram casadas, 26 (17,8%) eram solteiras, 1 (0,68%) era divorciada ,1 era “amigada” (0,68%) e 91 (62,32%) não relataram seu estado civil. Em relação à quantidade de gestação das mulheres analisadas, a quantidade máxima de paridade foi de 8, encontrada em apenas 1 (0,73%) paciente e a mínima foi de zero gestações, em 14 (9,58%) pacientes, sendo que a maior parte, 17 (11,64%) pacientes, tive apenas 1 gestação, entretanto cabe ressaltar que das 146 pacientes, 90 (61,64%) não estava relatada a quantidade de paridade nos prontuários analisados. Quanto ao diagnóstico clinico encontrado, 66 (45,0%) eram de mola hidatiforme, 23 (15,7%) de gestação molar, 19 (13,0%) de NTG, 15 (10,27%) de mola, 13 (7,5%) de DTG, e 7 (4,79%) de mola hidatiforme parcial, conforme descrito no Gráfico 1. Mola invasora sem metástase, mola hidatiforme recidiva e mola hidatiforme com metástase pulmonar e para bexiga foram encontradas em um 1 caso (0,68%) cada, conforme observado na Tabela 1. Em relação aos sintomas das pacientes, observamos que o sangramento foi o sinal clinico mais importante, tendo este ocorrido em 104 pacientes (71,2%). Além do sangramento podemos verificar que dor ocorreu em 20 pacientes (13,7%) e náuseas e vômitos em 20 pacientes (13,7%), conforme descrito no gráfico 2. MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 91 O diagnostico foi feito baseado nas alterações clinicas, exames radiográficos de Tórax, dosagem de ßhcg e USG, conforme o gráfico 3. Em 100% dos casos o procedimento realizado como tratamento foi a curetagem seguida de acompanhamento através da dosagem do hormônio gonadotrófico (ß-hcg). Os títulos de ß-hcg foram mensurados semanalmente ou quinzenalmente, até a normalização por três dosagens consecutivas seguidas de avaliação mensal durante seis meses. Em apenas dois casos foi adicionado ao tratamento à quimioterapia por se tratar de um tipo maligno. Quando consideramos os anos de incidência das DTG, observamos um aumento abrupto da quantidade de casos entre os anos de 2004 e 2005 e depois uma estabilização desta incidência nos anos subseqüentes, conforme mostra o gráfico 4. 5. DISCUSSÃO O diagnostico da mola hidatiforme vem sendo feito cada vez mais cedo, fundamentado nas alterações clinicas e nos exames complementares como raios-X, dosagem de ß gonadotrofina coriônica (Maestá et al, 1998). A principal evidência da neoplasia trofoblástica gestacional é a amenorréia durante algumas semanas, logo após se inicia o quadro de metrorragia seguido de dores abdominais, náuseas e vômitos (Belfort & Viggiano, 2007). Comparando o Brasil com outras regiões do mundo, este apresenta alta taxa de incidência de DTG. Segundo Belfort & Braga (2003), enquanto nos EUA a incidência é de 1:1.500 nascimentos, no Brasil é de 1:200 nascimentos. Neste levantamento realizado no HC/UFG observamos cerca de 29 casos de DTG diagnosticados em média por ano. Entretanto quando analisamos os anos estudados de forma separada, observamos uma baixa incidência nos dois primeiros anos e um grande aumento nos anos subseqüentes - 2003: 3 casos; 2004: 4 casos; 2005: 30 casos; 2006: 46 casos; 2007: 44 casos; 2008: 19 casos. Não foi possível determinar qualquer fator responsável por este súbito aumento da incidência das DTG. Provavelmente houve uma adequação do serviço do Hospital para o diagnóstico correto destas patologias o que acarretou em um aumento no número de diagnóstico os quais antes não eram estabelecidos. Cabe ressaltar que a diminuição da incidência no ano de 2008 deve-se ao MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 92 fato que neste ano a análise ocorre apenas durante o seu primeiro semestre. De acordo com Belfort & Braga (2003) a predileção por idade ocorre de forma bimodal, acometendo principalmente antes dos 15 anos ou após os 40 anos de idade. No trabalho realizado, das 146 pacientes avaliadas observamos uma média de idade de 23,9 anos, diferente do que é publicado na literatura mundial especializada. Entretanto não foi possível identificar nenhum fator inerente desta pesquisa que justifique este resultado. Os autores são unânimes em relatar que as alterações clinicas mais comuns são: sangramento, náuseas e vômitos (Belfort,et al, 2004). Após nossa analise constatamos que os sinais encontrados por nós, são semelhantes aos da literatura, sendo que sangramento foi o mais encontrado (71,2%) seguido de náuseas e vômitos (13,7%). Segundo Sun (1992) a alta incidência da mola hidatiforme nas pacientes está relacionado ao grande numero de gestações e à idade avançada. Foi verificado que uma variação de zero até 8 gestações em nossas pacientes. Entretanto esta relação entre a paridade e a NTG não foi possível de se estabelecer em nosso estudo devido à falta desses dados na maior parte dos prontuários. As doenças trofoblásticas gestacionais são classificadas em várias formas clínicas distintas. Segundo Madi (2003) a mola hidatiforme parcial é a mais comum, seguida da Mola hidatiforme completa e mola invasora. Após analise das 146 pacientes observamos que a forma clinica mais encontrada foi a mola hidatiforme (45,2%) e a forma mais rara mola invasora (0,68%), concordando com os dados publicados na literatura médica. De acordo com Coukos (1999) após o advento da ultrasonografia, o diagnóstico precoce da mola permiti a sua eliminação imediata. No trabalho realizado foi possível constatar que após feito o diagnóstico, a paciente era internada para o esvaziamento (curetagem), ficando posteriormente em observação por um determinado período, recebendo alta mediante suas condições fisiológicas. Apesar da quantidade razoável de casos analisados durante este período, não temos subsídios para determinar a real incidência das DTG na população de Goiânia. Faltam órgãos capacitados para diagnóstico e principalmente registro destas patologias não só em Goiânia como nas demais regiões do Brasil. Isto ocorre provavelmente pela aparente raridade das DTG e também pela dificuldade de diagnóstico correto e precoce, MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 93 assim como desconhecimento das características clinicas pelos profissionais responsáveis. Aparentemente as DTGs são raras entre as mulheres goianienses. No entanto acreditamos que, estudos com maior casuística são necessários para comprovar a correta incidência de DTG em Goiânia, possibilitando mais recursos e divulgação na área da saúde para mulheres acometidas com a doença. 6. CONCLUSÃO Apesar da incidência relativamente baixa das DTGs nas mulheres de Goiânia atendidas na Maternidade do Hospital das Clinicas (cerca de 29,2 casos/ano) podemos concluir que: 1. A idade de predileção está se alterando com o passar dos anos. 2. As características clinicas mais evidentes para auxiliar no diagnostico foram, sangramento, dor, náuseas e vômitos. 3. A forma de DTG mais freqüente foi a mola hidatiforme seguido da gestação molar. 4. Os exames laboratoriais mais solicitados foram à dosagem de ß gonadotrofina coriônica, raios-X e ultra-sonografia. Entretanto sugerimos que novos estudos semelhantes e com casuísticas maiores devem ser realizados para confirmar os resultados obtidos. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AITKEN, S.S.; BENAVIDES, A.M.; SMIRNOW, M.S. Neoplasia Trofoblástica Gestacional: Hospital Félix Bulnes Cerda, 1992 – 2002. Rev. Chil. Obstet. Ginecol., 69 (5): 353-356, 2004. BELFORT, P. & BRAGA, A . Mudanças na Apresentação clínica da Gravidez Molar. Rev Bras Gin. 26 (6): 483-488, 2004. BELFORT, P. & BRAGA, A. Doença Trofoblástica Gestacional Recorrente. Rev. Bras. Gin. Obst., 25 (1): 61-66, 2003. BELFORT, P. & VIGGIANO, M. O ABC da “Mola” (Neoplasia Trofoblástica Gestacional). 5º edição, 2007. BELFORT, P.; BUENO, L. G.; NOVAES, C. E.; REZENDE, J. Doença Trofoblástica Gestacional Complicada por Hemorragia. Rev Bras Gin Obst, 26 (7): 551-556, 2004. BERKOWITZ, R. S. & GOLDSTEIN, D. P. Doença Trofoblástica Gestacional. Tratado de Ginecologia – Jonathan S. Berek; Eli Y. Aldashi; Paula A. Hillardi, 12ª edição. Editora Guanabara Koogan (Novak), 1998. MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 94 COUKOS G, MAKRIGIANNAKIS A, CHUNG J, RANDALL TC, RUBIN SC, BERGAMIN I. Complete hydatidiform mole: a disease with a changing profile. J Reprod. Med. 1999; 44:698-77. DELMANTO, L.R.M.G.; MAESTÁ, I.; NETO, A. R. B.; MICHELIN, O. C. ; PASSOS, J. R.S. ; GAIOTTO, F. R. ; RUDGE, M. V. C. A curva de regressão da gonadotrofina coriônica humana é útil no diagnostico precoce da neoplasia trofoblástica gestacional pós-molar? Rev Bras Gin e obst, 29 (10): 506-510, 2007. MADI, J.M.; SERAFINI, E.P.; COELHO, C.P.; SEBBEN, F.; FRANCO, P.O. A Propósito de um caso de mola hidatiforme completa triploíde. Rev Cien. Méd., 1 (1): 38-43, 2003. MADI, S.R.C.; BATASSINI, L.A.; MADI, J.M.; GODOY, A. E.G. Violência sexual e mola hidatiforme parcial: uma associação insólita. Rev Cien. Méd., 5 (13) : 45-47, 2007. MAESTÁ, I.; CALDERON, I.M.P.; RUDGE, M.V.C.; SALES, M.M.; SAGGIORO, F.P.; PERAÇOLI, J.C. Mola Completa em Gravidez Gemelar: Relato de Caso. Rev Bras Gin. Obst., 20 (7): 415-419, 1998. MEDEIROS, S.F.; NORMAN, R.J. Formas moleculares da gonadotrofina coriônica humana: características, ensaios e uso clinico. Rev Bras Gin. Obst., 28 (4): 251-263, 2006. REZENDE, J. & BELFORT, P. Neoplasias Obstetrícia, ed. Guanabara Koogan, 10ª edição: 809-834, 2005. Trofoblásticas Gestacionais. SMITH, H. O. & KIM, S. J. Epidemiology. International Society for the Study of Trophoblastic Diseases (ISSTD), Chapters (3): 39-64. SUN, S. Y.; TABORDA, W. C.; BERTINI, A. N.; CAMARO, L. Correlação entre malignização de mola hidatiforme e o numero de gestações. Febrasgo, 20 (8): 806 -811, 1992. SUZUKI, T.; GOTTO, S.; NAWA, A.. KURAUCHI, O.; SAITO, M.; TOMODA, Y. Identification of the pregnancy responsible for gestational trophoblastic disease bu DNA analysis. Obstretric Gynecologi, 82, 629-634, 1996. MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 95 LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS Distribuição das formas clinicas menos encontradas nas 146 pacientes 7,53% 13,01% 45,21% 4,79% 10,27% 15,75% mola hidatiforme Gestação Molar Mola Mola Parcial NTG Gráfico 1 – Distribuição das formas clínicas de DTG encontradas nas 146 pacientes DTG MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 96 SINTOMAS RELATADOS PELAS PACIENTES ATENDIDAS NO HC 71,2% 80,00 70,00 60,00 outros sintomas 50,00 sangramento 40,00 dor nauseas e vômitos 30,00 13,7%13,7% 20,00 10,00 1,3% 0,00 Gráfico 2 – Sintomas relatados pelas pacientes atendidas no HC/UFG. EXAMES UTILIZADOS PARA O DIANÓSTICO DA NTG NAS 146 PACIENTES 1% 3% 21% BHCG USG RX TORAX N/I 75% Gráfico 3- Exames utilizados para o diagnóstico da NTG nas 146 pacientes MARQUES, Keila Moreira; MIRANDA, Julianna Caruliny de; PEREIRA, Claudio Maranhão e SOUZA, Maiza Gomes de Melo e. Avaliação da incidência de neoplasia trofoblástica gestacional em gestantes de Goiânia-Goiás: estudo retrospectivo e revisão da literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 79-96, Set. 2009/Dez. 2009. 50 46 45 97 44 40 35 2003 30 2004 30 2005 25 19 20 2006 2007 2008 15 10 5 3 4 0 Gráfico 4 – Incidência de DTG por ano (2003 a 2008). Tabela 1 - Distribuição das formas clínicas menos encontradas nas 146 pacientes Diagnostico clinico encontrado nas pacientes Porcentagem do HC Mola invasora sem metástase 0,68% Mola hidatiforme com metástase 0,68% pulmonar e bexiga Mola hidatiforme recidiva 0,68% Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009 CENTRALIZAÇÃO DE ARTIGOS MÉDICO HOSPITALARES: REVISÃO DE LITERATURA Débora Zanoni Antunes. Adriana Cândido de Araújo Lélia Leal Gondim Borges Lívia Noêmia de Morais Gomes Núria Micheline Pereira Silva * Resumo: Abstract Esta pesquisa tem por objetivo apresentar as vantagens da centralização dos processos realizados junto aos artigos médico hospitalares em um único local, CME. Onde sob a supervisão de um profissional habilitado, haja um melhor planejamento das ações, determinando e gerenciando o cuidado, registrando tudo o que foi planejado e executado, e finalmente avaliar essas ações, permitindo assim gerar conhecimentos a partir da prática. A pesquisa foi realizada em caráter descritivo com analise qualitativa, por meio de revisão bibliográfica onde foram encontrados 28 artigos dentre os quais utilizados 21. E também demonstra a centralização como meio de redução de acidentes ocupacionais, redução do risco de infecção, redução de custos para a instituição e aumento da vida útil dos mesmos. Observando então que a CME antes relegada e colocada em segundo plano, passa a ter papel principal dentro do processo centralizado. This research has for objective to present the advantages of the centralization of the processes carried through together to hospital articles medical in an only place, CME. Where under the supervision of a qualified professional, it has one better planning of the actions, determining and managing the care, registering everything what it was planned and executed, and finally to evaluate these actions, thus allowing to generate knowledge from the practical one. The research was carried through in descriptive character with analyzes qualitative, by means of bibliographical revision where 28 articles amongst which had been found used 21. E also demonstrates the centralization as half of reduction of occupational accidents, reduction of the infection risk, reduction of costs for the institution and increase of the useful life of the same ones. We observe then that the CME before relegated and placed in second plain, starts to inside have main paper of the centered process. Palavras-chave: Key- words Centro de Material e Esterilização, C.M.E, Esterilização, Limpeza, desinfecção, estrutura. Center of Material and Sterilization, C.M.E, Sterilization, Cleanness, disinfection, structure. Enfermeira. Orientadora e professora especialista em saúde pública do curso de enfermagem da Universidade Paulista – UNIP, 2007/2 e-mail: [email protected] *Graduandos do curso de enfermagem da Universidade Paulista – UNIP, 2007. [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. E-mail: ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 99 1. INTRODUÇÃO Devido o aumento da demanda de materiais médico hospitalares, foi necessário centralizar as atividades do preparo em um único local onde seriam realizados processos como: recepção de materiais contaminados, procedimentos de descontaminação, limpeza, secagem, preparo, acondicionamento, esterilização, armazenamento e distribuição dos mesmos adequadamente. Todos esses processos então começaram a ser organizados e centralizados em uma única unidade chamada Centro de material e esterilização. 18 A centralização desse processo começou a ser implantada nos hospitais brasileiros por volta 1950, embora essa centralização fosse apenas parcial, pois os mesmos continuavam a ser preparados pelas próprias unidades e sua esterilização, até então era realizado em local totalmente inadequado, como internação e por pessoal não habilitado para desenvolver determinada tarefa. Atualmente os processos na maioria das instituições de saúde são semi-centralizados, pois muitas vezes a limpeza e o preparo, fases de suma importância e de uma delicada avaliação são realizadas nos setores e logo após enviados para a CME para serem esterilizados. 18 O processamento de tais materiais de forma correta, incluindo as etapas limpeza, empacotamento e esterilização dentro das normas exigidas, não são indicadores para uma provável infecção. Já o processo inadequado de tais materiais pode se tornar uma fonte de contaminação e transmissão de microorganismos causadores de infecção, podendo levar a morte do paciente. 5 A infecção hospitalar é um grave problema no serviço de saúde. A conscientização e o conhecimento dos vários riscos de transmissão de infecções, das dificuldades de processamento de acordo com a natureza de cada artigo e das limitações dos processos de desinfecção e de esterilização são de suma importância para que se possa intervir de forma a evitar. O conhecimento e divulgação dos métodos de proteção anti-infecciosa são relevantes, uma vez que a atuação do profissional de saúde está na interdependência do material que está sendo usado que pode ser uma fonte de infecção, tanto para o paciente como para o profissional na manipulação dos artigos sem os devidos cuidados. 14 No combate a infecção hospitalar o processamento desses artigos ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 100 dentro de um padrão arquitetônico da área onde se é processado tais materiais é de suma importância. 10 Ao contrário do que se pensa o centro de material e esterilização não é mais considerado como parte do Centro Cirúrgico, devido as suas peculiaridades. Ele presta serviços a todo hospital, não apenas ao Centro Cirúrgico. Os diversos serviços realizados por ele devem ter o mesmo padrão de qualidade tanto para um setor quanto para o outro. Por esta razão a CME centralizada é responsável pelo material de todas as unidades do hospital, isto é, pela limpeza, preparo esterilização, guarda distribuição e controle. Sendo um sistema efetivo, seguro e econômico, pois todos os cuidados necessários ao material são processados em um só local com equipamentos adequados, sob uma supervisão habilitada e por pessoal treinado. 18 O intuito desta pesquisa justifica-se a necessidade de centralizar os processos realizados junto aos artigos médico hospitalares sob a supervisão de um profissional habilitado, e assim planejar as ações, determinar e gerenciar o cuidado, registrar o que foi planejado e executado e finalmente avaliar essas ações, permitindo assim gerar conhecimentos a partir da prática. A rotina de limpeza é a etapa mais importante do processamento de desinfecção dos artigos médicos hospitalares porque, se não for adequada, existe a possibilidade de que a desinfecção e a esterilização não sejam eficazes. Os instrumentais médicos podem ser efetivamente limpos, seguindo-se procedimentos básicos e utilizando-se materiais de fácil acesso, tais como escovas, seringas, detergentes enzimáticos e água corrente. Tanto a limpeza manual quanto a automatizada que tem como objetivo remover fisicamente as sujidades. Para isso a Centralização dos Artigos médicos hospitalares promove benefícios como redução de custos para a instituição, aumento da vida útil dos instrumentais e artigos hospitalares, centralizando assim a manipulação destes artigos ao Centro de Materiais e Esterilização. 7 Diante da proposta de se conhecer a, tendência da centralização de artigos médico hospitalares propomos através de uma revisão bibliográfica uma metodologia especifica para validação dos processos realizados em artigos médico hospitalares, demonstrando assim os benefícios como qualidade, segurança, redução de acidentes ocupacionais, custos para a instituição e aumento da vida útil dos mesmos. ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 101 2 - METODOLOGIA O método do trabalho em questão consiste em uma revisão bibliográfica “desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (Gil, 1996, p.48). 4 Os artigos foram levantados em bancos de dados como LIFEMED, SCIELO, ANVISA, LILACS, BIREME por meio de palavras chaves “Centro de Material e Esterilização”, “CME”, “Esterilização”, “Limpeza”, “Desinfecção” e “Estrutura” em sites de busca como Google e Cadê e de Revistas eletrônicas e Revistas de Enfermagem como Sobecc. Foi realizada a coleta do material bibliográfico, onde iniciamos nossa pesquisa exploratória e qualitativa, com a finalidade de identificar e separar os referenciais sobre a Centralização e o seu processo no Centro de Material e Esterilização, sem, no entanto nos preocuparmos com a sistematização das informações. Ressaltamos a opção da organização dos conteúdos, onde optamos em apresentá-los na seqüência em que são abordados na literatura: classificação, limpeza e desinfecção, preparo esterilização e armazenamento destes no Centro de Material e Esterilização. 3 - REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS O avanço tecnológico e o desenvolvimento de técnicas e procedimentos cirúrgicos, cada vez mais modernos, demonstraram nas últimas décadas do século XX, a necessidade de um aprimoramento das técnicas e dos processos de limpeza, preparo esterilização e armazenagem dos artigos hospitalares e, do pessoal capacitado para o desenvolvimento de tais tarefas. 21 Devido o aumento do consumo de materiais, a necessidade de centralizar os processos em uma só unidade, de forma racional onde o preparo, a guarda e a distribuição desses materiais e a otimização no uso dos equipamentos de esterilização que antes dispersos em unidades sem nenhuma estrutura adequada representavam um problema para o serviço de saúde, tanto pela dificuldade de manutenção e a falta de uma ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 102 adequação na esterilização, como pelo fato de estar abrigado em locais que poderiam ser utilizados de forma adequada. Daí surgiu o CME – Centro de Material e Esterilização. 21 O CME centralizado pode ser definido como unidade de apoio técnico, responsável pelo processamento e distribuição de artigos devidamente processados, sob a supervisão de um enfermeiro subordinado ao serviço de enfermagem. 17 O enfermeiro de CME se difere do enfermeiro assistencial, mas isso não quer dizer que os cuidados são reduzidos pelo contrário. O enfermeiro de CME deve obter conhecimentos específicos de artigos e equipamentos médicos de forma a decidir qual o melhor método para o processamento dos mesmos, garantindo assim um produto seguro para uso. A enfermagem atual possui atividades que se diferem da assistência a pacientes, sendo que a sua função principal passa a ser administrativa. 22 No início, quando todos os processos passaram a ser centralizados na CME, o perfil dos funcionários enviados para desempenhar as atividades centralizadas, eram de pessoas mais idosas com problemas de saúde ou mesmo eram enviados funcionários que possuíam problemas de relacionamentos inter-pessoais. O que de certa forma, não era agradável para eles, pois se fossem para optar com certeza a CME, não seria um local de preferência desses trabalhadores e nos dias de hoje, não é diferente, podemos observar uma ignorância quanto importância dos processos realizados pela CME. 17 Para se compreender a importância da centralização dos processos em artigos médico hospitalares na CME, se deve ao fato do não comprometimento na qualidade do produto final oferecido, ou seja, é necessário que tais artigos sejam submetidos dentro de um fluxo unidirecional, onde qualquer falha implica em uma conseqüência como a infecção. 9 Os artigos compreendem instrumentos de naturezas diversas utilizados na assistência médica hospitalar, compreendendo materiais termo-resistentes ou termosensíveis. O método a ser adotado deve levar em conta tais característica, não se esquecendo também de classificar os artigos segundo riscos potenciais de transmissão de infecções para os pacientes em três categorias: Críticos, Semi-Críticos e Não Críticos. 11 Os artigos críticos que são artigos destinados à penetração, através da pele e mucosas, nos tecidos sub-epiteliais e no sistema vascular, tecidos estes isentos de flora ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 103 microbiana própria, requerem esterilização, pois são de alto risco na transmissão de infecção se contaminados por qualquer tipo de microorganismos. Como exemplo, temos instrumentais cirúrgicos e outros. Já os artigos semi-críticos são artigos que entram em contato com mucosas íntegras ou pele lesada. Estes artigos devem ser submetidos ao processo de esterilização ou desinfecção de alto nível. Como exemplo, temos os circuitos de terapia respiratória, endoscópios, tubos endotraqueais. E os artigos nãocríticos que são artigos destinados ao contato com a pele íntegra e também não entram em contato invasivo junto ao paciente e requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou médio nível, dependo do uso a que se destinam ou do último uso realizado. 19 A limpeza desses artigos pode ser definida como procedimento de remoção de excrementos e resíduos no intuito de obtermos limpos os artigos, reduzidos de carga microbiana. A limpeza deve ser realizada antes dos procedimentos de desinfecção ou de esterilização, reduzindo assim, como já dissemos, a quantidade de microorganismos pela remoção matéria orgânica presentes nos materiais, permitindo um contato maior do agente antimicrobiano e o artigo. 5 Na limpeza manual usual é necessário, o uso apropriado de EPI ao responsável na realização do processo e o cuidado ao processá-los também. Alguns recursos auxiliam na limpeza de detritos, como os detergentes enzimáticos que é a associação da enzima ao detergente facilitando a remoção de sujidades de locais estreitos e inacessíveis. Eles oferecem bons resultados na limpeza de artigos e conseqüentemente reduz o risco de acidente ocupacional. 5,7 Já os desincrostantes, detergentes para limpeza de artigos, por imersão. Possui uma eficiência de limpeza inferior à ação dos produtos enzimáticos, ele é indicado para uso em artigos com pouca matéria orgânica, devido ao baixo custo relativo. Nunca realizar misturas de tais produtos, pois altera e reduz a sua ação, além de aumentar o risco de acidentes. 19 A limpeza automatizada realizada pelas lavadoras mecânicas de vários modelos e recursos, opera em parâmetros variáveis de temperatura e tempo. As lavadoras funcionam com o auxílio de detergentes enzimáticos. A limpeza automatizada reduz a exposição dos profissionais aos riscos ocupacionais. 7 ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 104 É importante observar, no processo que de lavagem automatizada, todos os instrumentos devem ser previamente enxaguados, para a retirada de detritos, antes de serem colocados no equipamento, uma vez que houver presença de grandes quantidades de resíduos, absorve a energia sonora emitida pela máquina, tirando a efetividade do processo. 7 Mas o uso dos detergentes enzimáticos, não deve ser dispensados a ação mecânica da limpeza, seja ela manual, seja ela automatizada, por meio de escovação ou das máquinas lavadoras e/ou ultra-sônicas, sobretudo nas regiões críticas dos objetos, como articulações, ranhaduras e lumens. Os detergentes enzimáticos reduzem a necessidade de escovação, porém não a substituem. 5 O acidente ocupacional pode ocorrer do contato do profissional com sangue ou qualquer material biológico, que coloque em risco a sua saúde. A perfuração com artigos perfuro-cortantes contaminados, respingos ou espirros nas mucosas oral, nasal e ocular ou mesmo o contanto com a pele lesionada são exemplos de exposição do trabalhador a esses riscos. Oferecem riscos mentais e físicos ao trabalhador, por isso é importante ressaltar a necessidade do uso de EPI’s.15. O destaque nesse serviço centralizado é o trabalho em equipe atuando com qualidade em todas as etapas do trabalho, pois é uma atividade delicada e repetitiva, que requer muita atenção dos responsáveis por realizá-las. 2 A desinfecção dos artigos médico hospitalares é de grande importância dentro dos processos realizados pela CME. Ela é responsável pela destruição de bactérias e esporos patogênicos ou não, na forma vegetativa e presentes em superfícies inertes, mediante aplicação de agentes químicos e físicos chamados de desinfetantes ou germicidas. Esse processo é dividido em três níveis: alto nível, nível intermediário e baixo nível. 8 A desinfecção de alto nível destrói os microorganismos existentes nos artigos exceto os esporos bacterianos. As soluções mais utilizadas para obter tal desinfecção são o glutaraldeído e ácido peracético, além do processo de pasteurização. Como eles normalmente são reutilizados, devem ser testados, com testes que avaliam o seu pH para garantir a sua eficácia dentro do prazo e da concentração recomendados. 19 ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 105 Na desinfecção de nível intermediário tem ação virucida, bactericida para formas vegetativas, inclusive contra o bacilo da tuberculose, mas não tem ação ativa junto aos esporos. As soluções mais utilizadas são cloro, iodóforos, fenólicos e álcoois. Enquanto a de baixo nível é capaz de eliminar todas as bactérias na forma vegetativa, porém não tem ação contra esporos, vírus não lípidicos, nem contra o bacilo da tuberculose. Sua ação contra fungos é relativa. A solução mais utilizada para realizar este nível de desinfecção é o quaternário de amônia. 19 A etapa da secagem que antecede o processo de desinfecção, muitas vezes é esquecida e realizada de forma inadequada ou não realizada. É nesse processo que conseguimos constatar danos no material e prover a sua manutenção antes de reprocessá-lo. 9 O métodos de desinfecção se dividem em desinfecção pelo processo físico que compreende a exposição a agentes físicos como temperatura, pressão e radiação eletromagnética, calor úmido, ou, preferencialmente, utlizando-se sistemas mecânicos automáticos, com pressão de jatos d´água à temperatura entre 60ºC e 90ºC durante 15 minutos, a exemplo das máquinas lavadoras, esterilizadoras, de alta pressão, termo desinfetadoras e similares. E a desinfecção por processo químico que compreende a utilização de produtos químicos, como: Aldeídos (formaldeído e Glutaraldeído), Fenólicos (fenol sintético), Quaternário de amônio, Compostos orgânicos liberadores de cloro ativo, Composto inorgânicos liberadores de cloro ativo (hipoclorito de sódio), Álcoois e Peróxidos. 19 O embalo dos materiais submetidos à desinfecção é uma etapa importante, pois muitas vezes ele é envolvido de forma inadequada, possibilitando sua recontaminação. 9 O consumo desses artigos submetidos a desinfecção tem que ser imediato pois o mesmo não pode ser estocado.19 A esterilização é o processo no qual os microorganismos são mortos a tal ponto que não detecte por meio de cultura a presença de microorganismos. 11 Dentro dos métodos físicos a esterilização em esterilização por vapor saturado sob pressão. Os tipos de autoclave são: Gravitacional e Pré-Vácuo e seus parâmetros do processo é a avaliação do vapor, temperatura e pressão e o tempo. Já a esterilização ciclo flash, uma esterilização rápida, consiste na esterilização do material ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 106 por meio do vapor saturado sob pressão, em um equipamento ajustado para efetuar o processo em tempo reduzido diante de situações de urgências, seus parâmetros são semelhantes a Gravitacional e Pré-Vácuo. 19 A esterilização química é indicada aos artigos termossensíveis. Dentre dos métodos químicos, temos a esterilização por vapor de baixa temperatura e formaldeído gasoso, processo realizado em autoclaves, por meio da combinação de solução de formaldeído na presença de vapor saturado, com temperatura entre 50 e 78ºC. O formaldeído esta sendo abolido do uso das instituições e em substituição entram acido peracético, glutaraldeído e a esterilização por óxido de etileno. 6,19 Já a esterilização por óxido de etileno, é a mais usada e indicada em substituição das pastilhas de formaldeído, nela se utiliza o gás oxido de etileno, sendo realizado em autoclave à temperatura entre 50ºC e 60ºC. Na esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio que é realizado por meio de autoclave própria (Sterrad) que gera plasma por meio do substrato de peróxido de hidrogênio bombardeado por ondas de radiofreqüência. O glutaraldeído é usado na esterilização de artigos termossenssíveis, onde o material é submergido na solução e deixado por um período de 8 horas para obtermos uma esterilização química. 1 Dentre os processos de desinfecção pastilhas de para-formaldeído, ácido peracético e a mais utilizada por glutaraldeído.6,19 O preparo e empacotamento são definidos com a preparação do artigo de acordo a sua classificação e embalado em invólucro compatível com o processo e com o próprio artigo. Oferecendo um artigo em boas condições de funcionalidade e com proteção adequada, com principal atenção ao preparo dos artigos a serem esterilizados para favorecer a transferência asséptica, sem risco de contaminação. Os invólucros mais utilizados são: Tecido de Algodão, Papel Grau Cirúrgico, Papel Kraft, Filmes, Tyvek Papel Crepado, Caixas metálicas. O papel Kraft atualmente já não esta sendo utilizado por muitas instituições devido a sua baixa qualidade como invólucro. 19 Os aspectos a serem observados nos métodos de embalagem, são a integridade da embalagem em armazenamento, a selagem a prova de violação, ser livre de corantes, não liberar partículas, ser barreira microbiana, compatível ao material e ser de custo reduzido. 11 ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 107 O controle do processo de esterilização é uma etapa de validação dos processos, onde o uso de testes biológicos, químicos e físicos, vão confirmar a letalidade do ciclo. Ele se divide em controles químicos que são: Classe I Indicadores de processo – um sistema químico aplicado a um substrato (tiras de papel) ou impresso na embalagem, que muda de coloração ou estado físico. Deve-se utilizar em todos os pacotes. E os da Classe IV Indicadores Multiparamétricos, constituído por um tira adesiva plástica de Tyvek, impregnado com tinta especial que muda de coloração quando exposta às condições essenciais ao processo de esterilização. 19 Temos também o controle biológico que são sistemas que detectam atividade biológica, permitindo a validação de processos de desinfecção ou descontaminação, é determinado por meio de cultura de indicadores biológicos e teste de esterilidade nos produtos. É utilizado para o controle da eficácia do processo de esterilização. 13 A área de estocagem deve facilitar a localização do item e manter a integridade da esterilização e do conteúdo. Tem que ser em um ambiente limpo, seco e livre de pó. Um local de circulação restrita, janela fechadas para evitar a circulação de ar e com um controle de temperatura e umidade rigoroso de maneira a oferecer melhores condições de manutenção e esterilidade desses materiais. Deve conter carro específico para transporte de material estéril, mesa, escada, armários, prateleiras e cestos aramados para facilitar sua identificação e armazenamento. A verificação do estoque deve ser realizada diariamente, desde da integridade da embalagem a validade do material esterilizado. 18 Em alguns serviços de saúde, essa centralização é colocada em segundo plano, não reconhecendo as vantagens oferecidas tanto no ponto de vista econômico, quanto administrativo e assistencial. A centralização desses processos torna a unidade centralizada independente e autônoma quanto à realização desses processos, ou seja, os processos de limpeza, preparo, esterilização, desinfecção, armazenamento e outros, são realizados somente na CME, garantindo assim um processo padrão controlado e uma qualidade superior do produto final. 5,12 A aquisição de novas tecnologias pelo Centro de Material e esterilização é de grande importância, mas se torna arriscado se as mesmas não forem utilizadas por uma equipe treinada que conheça o funcionamento de todo o processo. 5,20 Novos ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 108 processos tecnológicos vêm sendo desenvolvidos nos últimos tempos no intuito de uma transformação. A gerência desses processos é de responsabilidade do enfermeiro, mas muitas vezes, ele não consegue gerenciar adequadamente devido a pouca importância dada pela administração da instituição que pouco investe nessa centralização e não consegue visualizar os benefícios por ela oferecidos. 3 E de conhecimento de muitos que a qualidade do artigo processado, esta ligado ao responsável por processá-lo, não nos esquecendo da organização de serviços de atendimento aos clientes. 14 Nesse caso o enfermeiro é um educador, pois se torna responsável pela administração, pelo ensino e pesquisa. Ele deve conhecer a fundo o funcionamento dos processos e equipamentos para transmitir a sua equipe de forma que a mesma, realizem as atividades com êxito. 15 A qualidade do material preparado pelo CME e fornecido aos setores em geral, tem como foco a satisfação do cliente, embora também esteja relacionada ao tipo de serviço prestado e a satisfação da equipe multi-profissional. Temos que ressaltar fatores importantes como recursos humanos, materiais, condições dos equipamentos, estrutura física, educação e planejamentos que influenciam positivamente para uma qualidade do produto. 16 A centralização da limpeza dos artigos médico hospitalares como todos os outros processos deve ser vista como foco de economia. Pois se esses processos tiverem descentralizados, com certeza teremos um custo desnecessário com profissionais, para realizar essa atividade setorial e também gastos com o mau uso dos produtos, materiais e equipamentos, além dos riscos de falha nos processos o que pode acarretar em infecções, e infecções para a unidade hospitalar implica em prejuízos, porque nos dias de hoje ao se comprovar uma infecção hospitalar, a unidade é obrigada a tratar o doente até que o mesmo se restabeleça. 5 O uso de mão de obra inabilitada gera prejuízos não apenas ao doente, mas também financeiro a unidade, pois na busca de alternativas que atingem um menor custo nessa assistência, acabam onerando cada vez mais os serviços que são realizados inadequadamente levando ao desperdício. 22 Observamos também certa resistência por parte de outros profissionais de unidades de saúde, em unificar a sua CME com a da Enfermagem. Mas o intuito é a ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 109 centralização, atualmente a maioria dos hospitais e instituições de saúde trabalham com CME semi-centralizadas. A centralização das mesmas seria muito importante na qualidade desse produto final, sem contar vantagens como melhor controle quantitativo de materiais e instrumentais, maior segurança nos procedimentos de desinfecção e esterilização, uma segurança maior ocupacional. 11,12 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES Dos 28 artigos encontrados, 6 foram excluídos por não se encaixarem no critério de inclusão. Podemos ver na tabela 1 que dos 21 artigos, 15 (68,2%) foram encontrados em revistas eletrônicas e 7 (31,8%) em literaturas como revistas de enfermagem, manuais e outros. Por sua vez a tabela 2 e 3 nos permite conhecer a divisão desses artigos de acordo com as revistas eletrônicas e literaturas pesquisadas. Podemos observar a predominância de artigos encontrados na Revista Esc. Enfermagem da USP onde foram usados 5 (33,35%) e também a predominância do uso de informações fornecidas pela Revista Sobecc que foram 2 (28,6%). Tabela 1 - Caracterização do tipo de pesquisas encontradas F.A F.R% Revistas eletrônicas 15 68,2 Literaturas 7 31,8 Total 22 100% Tabela 2 – Distribuição dos artigos eletrônicos encontrados F.A F.R% Anvisa 1 6,66 Bireme 2 13,35 Cogitare 1 6,66 Lifemed 1 6,66 Rev. Elet. Enferm. UFG 1 6,66 Rev. Latino Americana 3 20 ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. Rev.Esc. Enferm. USP 5 33,35 Scielo 1 6,66 Total 15 100% F.A F.R% Como elaborar projetos (Gil, 1996) 1 14,28 Guia Elaborado por enfermeiros 1 14,28 Infecções Hospitalar e suas inferfaces na área da saúde 1 14,28 Práticas Recomendadas Sobecc 1 14,28 Revista Sobecc 2 28,6 Senac 1 14,28 Total 7 100% 110 Tabela 3 – Distribuição de literaturas encontradas A tabela 4 nos apresenta a quantidade de descritores encontrados nos 22 artigos e mostra que o tema “Centralização”, foco de nossa pesquisa foi pouco abordado, sendo encontrado apenas 1 (4,54%) artigo que aborde sobre o tema, mas ao contrário o descritor CME se destacou ao expor 8 (36,4%) artigos que abordaram sobre o tema de forma indireta, pois abordava as vantagens da CME, mas não expunha o nosso objetivo. Tabela 4 - Distribuição dos descritores usados e encontrados F.A F.R% ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. Centralização 1 4,54 CME 8 36,4 Esterilização 2 9,1 Estrutura 1 4,54 Indicador Biológico 1 4,54 Infecção 1 4,54 Limpeza e desinfecção 5 22,72 Metodologia 1 4,54 Qualidade Equipe CME 1 4,54 Risco Ocupacional 1 4,54 Total 22 100% 111 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao revisarmos as literaturas, pudemos observar dentro das 22 (100%) artigos encontrados, a predominância dos artigos pesquisados em revistas eletrônicas de Enfermagem 15 (68,2%) e outras literaturas que correspondem a 7 (31,8%). Observamos também uma grande carência de literaturas que abordam o tema propriamente dito “Centralização” sendo apenas 1 (4,54%) dentro dos descritores encontrados que aborda diretamente ao tema. Mas em contrapartida o tema CME prevaleceu sendo abordado em 8 (36,4%) artigos. Conhecemos através dessa pesquisa, as vantagens desses processos em uma só unidade, pois ao centralizarmos estas atividades teremos uma rastreabilidade de todos os processos e assim uma qualidade maior, garantindo uma segurança no uso desses artigos, e um produto final eficiente além da redução de acidentes ocupacionais, da redução do risco de infecção, redução de custos para a instituição e aumento da vida útil dos mesmos. Concluímos então, que a CME Centralizada antes deixada de lado e colocada em segundo plano pelas instituições, começa a ser vista como a parte ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 112 fundamental de uma instituição de saúde, pois o controle efetivo e supervisionado realizado por ela, garante inúmeros benefícios tanto financeiros, quanto ocupacionais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informe Técnico nº04/07. Glutaraldeído em estabelecimentos de assistência à saúde. BRASIL 2007. Disponível em: www.anvisa.gov.br 2. ARAÚJO,G.A.; Santos, I.B.C.; Oliveira, E.F. Reflexões sobre o desempenho dos colaboradores no centro material e esterilização. Rev. Sobecc v.4 2006. 3. BARTOLOMEI,S.R. T; Lacerda, R.A. Trabalho do enfermeiro no Centro de Material e seu lugar no processo de cuidar pela enfermagem. Rev. Esc. Enfermagem USP 2006. Disponível em: www.ee.usp.br 4. GIL,A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996. 5. GRAZIANO,K.U. et al A importância dos procedimentos de limpeza nos processos de desinfecção e esterilização de artigos. Rev. SOBECC 2002: 7(3): 19-23. Disponível em: www.lifemed.com.br 6. GRAZIANO,K.U. Atividade antimicrobiana das pastilhas de paraformaldeído reproduzindo as condições de uso nas instituições do Brasil. São Paulo 1999. Disponível em: www.bireme.br 7. GRAZIANO,K.U. et al Inovações tecnológicas no processamento de limpeza de artigos médico hospitalares. Disponível em: www.ee.usp.br 8. GRAZIANO,K.U. et al. Limpeza, desinfecção, esterilização e anti-sepsia. In: Fernandes, AT. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo, Atheneu, 2000 p. 266 – 308. 9. GRIEP,R.; Picolli,M. Validação dos processos de limpeza e desinfecção dos artigos de inaloterapia e oxigenoterapia. Rev.Cogitare Enfermagem v.7 nº2 2002. Disponível em: www.calvados.c3sl.ufpr.br 10. GUADAGNIN,S.V.T. Centro de Material e Esterilização: padrões arquitetônicos e o processamento de artigos. Rev. Eletrônica de Enfermagem, v.07 nº3, p.285-294 Goiânia 2005. Disponível em: www.fen.ufg.br 11. GUIA ELABORADO POR ENFERMEIROS BRASILEIROS. Recomendações práticas em processos de esterilização em estabelecimentos de saúde. ParteI: Esterilização a calor. São Paulo: Komedi, 2000. 12. LAZZARINI,M.P.T. Reorganização de centrais de material e esterilização no modelo da atenção básica de saúde em Ribeirão Preto-SP 2007. Disponível em: www.portalbvsenf.eerp.usp.br 13. MAZZOLA,P.G. Resistência de microorganismos presentes em ambiente hospitalar e sistema de purificação de água e uso de proteína verde fluorescente (GFP) como potencial indicador biológico. V1 São Paulo, 2006. Disponível em: www.teses.usp.br 14. MOURA,M.L.P. Gerenciamento da Central de Material e Esterilização para Enfermeiros: Fundamentos Teóricos, Organizacionais e Estruturais. São Paulo (SP): SENAC; 1996. 15. NISHIMURA,K.Y.N.; Ferreira,M.M. Riscos de contaminação ocasionados por acidentes de trabalho com material perfuro-cortante entre trabalhadores de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Ribeirão Preto v.12 Janeiro/Fevereiro 2004. Disponível em: www.scielo.br 16. Roman,C.C. Avaliação de qualidade no centro de material e esterlização. Rev. Sobecc nº1 2005 17. SILVA,M.D.A.; RODRIGUES,L.A.; CEZARETTI,I.U.R. Estrutura Organizacional da Central de Material. Enfermagem na Unidade de Centro Cirúrgico. São Paulo: EPU/EDUSP, 1997. 18. SILVA,A. Organização do trabalho na unidade centro de material. Rev.Esc. Enf.USP, v.32, n.2, p.169-78, ago.1998. Disponível em: www.ee.usp.br ANTUNES, Débora Zanoni; ARAÚJO, Adriana Cândido de; BORGES, Lélia Leal Gondim; GOMES, Lívia Noêmia de Morais e SILVA Núria Micheline Pereira .Centralização de artigos médico hospitalares: revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 97-112, Set. 2009/Dez. 2009. 113 19. Sociedade Brasileira de enfermeiros do centro cirúrgico, recuperação anestésica e centro de material e esterilização. Manual de práticas recomendadas da SOBECC. São Paulo; 2005. 20. SOUZA,MC.B. Enfermagem no centro de material esterilizado – a prática da educação continuada. Rev. Latino Am. Enfermagem v.12 nº5 Ribeirão Preto 2004. Disponível em: www.ead.eerp.usp.br 21. TIPPLE,AC.F.V. et al O Trabalhador sem formação em enfermagem atuando em centro de material e esterilização: desafio para o enfermeiro. Rev. Esc. Enferm. USP 2005. V.39. Disponível em: www.ee.usp.br 22. TONELLI,S.R.; Lacerda,R.A. Refletindo sobre o cuidar no centro de material e esterilização. Rev. Sobecc. V. 1 2005 p.28. Disponível em: www.bireme.br Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 113-115 Set. 2009/Dez. 2009 A IMPORTÂNCIA DO AUTO-EXAME DAS MAMAS NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA Edcassia Rodrigues de Morais Cardoso Cleidiane Gonçalves Pires * Gilson G. de Souza ** INTRODUÇÃO O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres; sua incidência maior é na faixa etária entre 25 a 50 anos. Representa, em média, 15% das mortes por câncer. Inicialmente apresenta um nódulo palpável, de consistência endurecida, quase sempre indolor e fixo. Para combater essa doença, o Ministério da Saúde recomenda o auto-exame das mamas como um instrumento básico para se reduzir a incidência de câncer de mama. Ele é preconizado como forma de rastreamento da mama, objetivando um diagnóstico precoce e, consequentemente, um decréscimo na mortalidade da população feminina. OBJETIVO Demonstrar a importância do auto-exame das mamas na prevenção e controle do câncer de mama, ajudando a reduzir a mortalidade e as repercussões físicas, psíquicas e sociais dessa neoplasia na mulher; além do que, a detecção do câncer em estágios iniciais, permite maiores perspectivas de tratamento e reabilitação. METODOLOGIA Trata-se de um estudo bibliográfico baseado em literaturas da área da saúde, como também em artigos científicos que abordam a problemática. Professora e coordenadora do curso de enfermagem da Estácio de Sá Goiás. *Acadêmica do Curso de Enfermagem, da Faculdade Estácio de Sá – Campus Goiânia. **Acadêmico do Curso de Enfermagem, da Faculdade Estácio de Sá – Campus Goiânia. e-mail para contato: [email protected] CARDOSO, Edcassia R. de M; SOUZA, Gilson G. de. e PIRES, Cleidiane Gonçalves . A importância do auto-exame das mamas na prevenção do câncer de mama. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 113- 115, Set. 2009/Dez. 2009. 115 RESULTADOS O auto-exame das mamas deve ser realizado uma vez em cada mês, sendo o período posterior ao da menstruação ou de melhor escolha. O hábito da mulher de examinar suas próprias mamas favorece o conhecimento melhor de seu próprio corpo, bem como a identificação de alterações existentes. As mulheres praticantes do autoexame das mamas tendem a ter diagnóstico de tumores primários menores e com menor número de linfonodos axilares comprometidos, quando comparadas com as que não o praticam. Estudos realizados por Batista e colaboradores (2005) demonstram que apenas que apenas 25 a 35% das mulheres fazem o auto-exame das mamas de forma correta, adequada e regular, em cada mês; o restante enquadra em uma situação de realização de forma incorreta em períodos aleatórios, outras, nem fazem esse procedimento tão importante na prevenção de câncer de mama (Ver quadro I). As mulheres amenorréicas também não estão isentas da necessidade de realizar tal procedimento, devendo fazer uma vez por mês, porém no mesmo dia, o qual deve ser estabelecido pela mulher. Ter conhecimento sobre a importância de se realizar o auto-exame das mamas faz com que a mulher tenha mais disponibilidade para executá-lo, valorizando a prevenção do câncer. Mas, faz-se necessário que os profissionais de saúde orientem essa clientela quanto à importância do exame clínico da mamas, de rotina, aquele que o profissional da área da saúde (o médico ou enfermeiro) faz durante a consulta para a coleta de material para exame citopatológico do colo do útero (Papanicolaou) na unidade básica de saúde, o qual deve ser realizado anualmente. Quadro I – Discursos de mulheres, que não realizam o auto-exame das mamas ou realizam de forma incorreta, ao serem questionadas se têm habito de examinar as mamas em casa: 1. De vez em quando, eu faço em casa; 2. É difícil fazer porque cansa; 3 . Eu examino, mas acho que não faço certo; 4. Não, nunca fiz esse exame não; 5. Eu nunca fiz isso, mas estou precisando fazer porque estou sentido muitas dores. Fonte: Batista e colaboradores (2005) CARDOSO, Edcassia R. de M; SOUZA, Gilson G. de. e PIRES, Cleidiane Gonçalves . A importância do auto-exame das mamas na prevenção do câncer de mama. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 02, 113- 115, Set. 2009/Dez. 2009. 116 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para uma realização correta do auto-exame das mamas, é necessário que as mulheres sejam orientadas por profissionais de saúde habilitados para esse fim. Vale ressaltar que a repetição sistemática do auto-exame das mamas levará ao conhecimento das próprias mamas, facilitando, assim, a percepção de qualquer alteração das mesmas. Esse exame é de fundamental importância para a diminuição de casos de câncer de mama e conseqüentemente, da taxa de mortalidade, pois, na detecção precoce dessa neoplasia maligna, é possível obter a cura. Isso desperta nos enfermeiros uma reflexão quanto à prevenção e controle do câncer de mama, tanto através de consulta de enfermagem abordando o exame clínico das mamas e orientando o auto-exame das mamas, quanto através de palestras e reuniões. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATISTA, Patricia Serpa de Souza. Auto-exame das mamas: vivência de mulheres atendidas em uma Unidade Básica de Saúde. Revista Nursing.Dez. 2005. FREITAS JÚNIOR; Ruffo et al. Conhecimento e prática do auto-exame de mama. Revista Associação Médica Brasileira. Out 2006. Resumo de Tese ISSN: 1984 - 2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE ISSN: 1984 - 2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 117-120, Set. 2009/Dez. 2009 ESTUDO DOS PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS OPORTUNISTAS POR MEIO DA REAÇÃO DE POLIMERASE EM CADEIA (PCR), EM GOIÂNIA-GO, BRASIL (1999-2007) Edson Sidião de Souza Júnior Os Coccídios do gênero Cryptosporidium, Cyclospora (Filo Apicomplexa) e os Microsporídios (Filo Microspora) são responsáveis por quadros clínicos com expressivos índices de morbimortalidade, sobretudo em pacientes que apresentam comprometimento do Sistema Imunológico. A ocorrência desses agentes tem sido subestimada em nosso meio, seja pelo desconhecimento por parte dos profissionais da saúde ou por existirem poucos laboratórios qualificados para sua identificação. O reconhecimento da espécie desses protozoários que está causando a infecção é fundamental para guiar a terapêutica a ser adotada e para a definição do prognóstico do indivíduo infectado. Este reconhecimento só é possível por meio da microscopia eletrônica e de técnicas biomoleculares, destacando-se a técnica da Reação da Polimerase em Cadeia (PCR). Considerando a importância da água na veiculação desses agentes, o monitoramento ambiental, realizado com técnicas viáveis e eficientes, como as supracitadas, é de extrema importância epidemiológica. O presente trabalho faz parte de um estudo longitudinal, desenvolvido no IPTSP/UFG, sobre o perfil clínico, epidemiológico e laboratorial desses agentes. Visa, especificamente, descrever a padronização e a utilização da PCR no diagnóstico laboratorial das enteroparasitoses oportunistas em amostras clínicas humanas e como instrumento de monitoramento de águas de consumo humano, no município de Goiânia-GO. Além disso, contém uma revisão sistemática da literatura que trata da utilização deste instrumento para identificar Resumo de tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Publica da Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG), sob orientação do Prof. Marco Túlio Antonio García-Zapata, para obtenção do título de Doutor em Medicina Tropical na área de concentração de Parasitologia, em Goiânia-GO, 2008. Endereço para correspondência: Rua Delenda Rezende de Melo, esq. com 1ª Avenida, Setor Universitário. Caixa Postal 131, CEP 74605-050, Goiânia, GO. E-mail: [email protected]; [email protected] SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião De. Estudo dos protozoários intestinais oportunistas por meio da reação de polimerase em cadeia (pcr), em Goiânia-Go, Brasil (1999-2007). Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 02, 117-120, Set. 2009/Dez. 2009. 119 esses parasitos em populações com déficit imunitário e imunocompetentes. O estudo foi realizado entre outubro de 1999 e dezembro de 2007. No total foram avaliados 994 pacientes: 664 com diarreia e/ou com algum tipo de imunossupressão e/ou imunodepressão, procedentes dos hospitais-escola da UFG e de unidades referenciais em assistência à saúde no estado de Goiás; 330 indivíduos da comunidade, selecionados aleatoriamente, aparentemente imunocompetentes, provenientes de unidades de saúde de referência (amostra única). Todas as amostras (2.526 amostras de fezes) foram submetidas às técnicas de Hoffman-Pons-Janner, Rugai, e colorações específicas para o diagnóstico de Coccídios (Kinyoun a quente) e Microsporídios intestinais (HotChromotrope-Kokoskin), incluindo concentração coprológica prévia pela técnica de formalina-acetato de etila. Os achados laboratoriais genéricos de infecção por esses agentes, num total de 45 amostras, foram confirmados pela técnica de PCR. A confirmação e a identificação da espécie por esta técnica indicaram a presença de Encephalitozoon intestinalis, Enterocytozoon bieneusi, Cryptosporidium parvum/hominis e Cyclospora cayetanensis nas amostras clínicas analisadas. A padronização da técnica de PCR para amostras ambientais (água) foi feita com base em um levantamento realizado nos rios e lagos do município de Goiânia. Dentro desse quantitativo, foram identificados oocistos de Cryptosporidium parvum/hominis, o que demonstrou a viabilidade da PCR para análises ambientais que busquem a presença de enteroparasitos oportunistas na água. Por um lado, os achados revelam que esses agentes estão presentes em nosso meio e podem causar infecções isoladas ou associadas entre eles ou com outros agentes infecto-parasitários, constituindo-se num risco para as populações de pacientes imunossuprimidos. Por outro, sugerem a necessidade de que, em nosso estado, sejam implantadas técnicas diagnósticas mais aprimoradas para a definição dos aspectos clínicos e epidemiológicos das parasitoses intestinais oportunistas humanas. Study of intestinal protozoan through the opportunity of polymerase chain reaction (pcr), in Goiânia-GO, Brazil (1999-2007). The coccidia of the genus Cryptosporidium, Cyclospora (Phylum Apicomplexa) and Microsporidia (Filo Microspora) are responsible for clinical with SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião De. Estudo dos protozoários intestinais oportunistas por meio da reação de polimerase em cadeia (pcr), em Goiânia-Go, Brasil (1999-2007). Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 02, 117-120, Set. 2009/Dez. 2009. 120 significant rates of morbidity and mortality, especially in patients with compromised immune system. The occurrence of these agents has been underestimated in our country, either by ignorance on the part of health professionals or because there are few qualified laboratories for identification. Recognition of species of protozoa that is causing the infection is essential to guide the therapy to be adopted and for defining the prognosis of the infected. This recognition is only possible by means of electron microscopy and molecular techniques, especially the technique of polymerase chain reaction (PCR). Considering the importance of water in the transmission of these agents, the environmental monitoring, conducted with technical viable and efficient, as above, is of utmost epidemiological importance. This work is part of a longitudinal study, developed in IPTSP / UFG, the clinical profile, these epidemiological and laboratory staff. Search, specifically describe the standardization and use of PCR in laboratory diagnosis of intestinal opportunistic in human clinical samples and as a tool for monitoring water consumption in the municipality of Goiânia-GO. It also contains a systematic review of literature that deals with the use of this tool to identify these parasites in populations with immunocompetent and immunocompromised hosts. The study was conducted between October 1999 and December 2007. In total 994 patients were evaluated: 664 with diarrhea and / or with some type of immunosuppression and / or with compromised immune, from the hospitals, schools and units of UFG benchmarks in health care in the state of Goiás, 330 individuals from the community, randomly selected apparently immunocompetent, from the health units of reference (one sample). All samples (2,526 samples of feces) were the techniques of Hoffman-Pons-Jann, Rugai and specific staining for the diagnosis of coccidia (hot Kinyoun) and intestinal Microsporidia (HotChromotrope Kokoskin), including stool concentration prior the technique of formalinethyl acetate. The laboratory findings of infection by these generic agents, a total of 45 samples were confirmed by PCR technique. Confirmation and identification of the species by this technique indicated the presence of Encephalitozoon intestinalis,Enterocytozoon bieneusi,Cryptosporidium parvum /hominis and Cyclospora cayetanensis in clinical samples analyzed. The standardization of the PCR technique in environmental samples (water) was based on a survey carried out in rivers and lakes in the municipality of Goiânia. Within this amount, were identified oocysts of Cryptosporidium parvum/hominis, which demonstrated the feasibility of PCR for environmental analysis that seek the presence of opportunistic intestinal parasites in the SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião De. Estudo dos protozoários intestinais oportunistas por meio da reação de polimerase em cadeia (pcr), em Goiânia-Go, Brasil (1999-2007). Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO VOL. 01, Nº 02, 117-120, Set. 2009/Dez. 2009. 121 water. First, the findings show that these agents are present in our environment and can cause infections alone or associated among themselves or with other infectious and parasitic, becoming a risk to the population of immunocompromised patients. On the other, suggest the need for that in our state, are established diagnostic techniques for the more refined definition of clinical and epidemiological aspects of intestinal parasitic opportunistic human. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 02, 121, Set. 2009/Dez. 2009 A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DOS ESTUDOS ESTUDOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS E A PADRONIZAÇÃO "CONSORT" Camargo-Campos, A.C. Os ensaios clínicos randomizados (ECR) são considerados “padrão-ouro” para a avaliação de tratamentos e servem como referência para a tomada de decisão por médicos e profissionais da saúde. Estes ensaios estão sujeitos a potenciais erros de interpretação devido à inconsistência na padronização do estudo. O objetivo desta revisão foi avaliar os principais estudos nesta área e apresentados informações sobre as particularidades dos ensaios randomizados. Para isso, foi utilizado uma metodologia de busca baseada nos bancos de dados do PubMed (http://www.pubmed.gov) para a recuperação de artigos originais e revisões sobre o tema apresentado. Para entender os resultados dos ECRs, o leitor precisa conhecer seu desenho, modo de condução, análise e interpretação. Tais critérios só são alcançados se houver transparência completa dos autores sobre o trabalho. Para melhorar a qualidade do relato dos ECRs, investigadores e editores criaram as recomendações conhecidas como "CONSORT" (Consolidated Standards of Reporting Trials), que se traduzem pelo emprego de uma lista de checagem (check list) e de um fluxograma que foi publicada em diversas línguas e tem sofrido modificações que continuamente aperfeiçoam seu uso. O relato de um ECR deve conduzir o leitor, de forma transparente, a tomar amplo conhecimento dos motivos que o levaram a ser feito e de como foi conduzido. Assim, as recomendações do CONSORT destinam-se a aperfeiçoar o relato de qualquer ECR, levando o leitor a compreender melhor a sua condução e, conseqüentemente, a validade e aplicabilidade de suas conclusões, além de estabelecer medidas que visem o aperfeiçoamento da qualidade da publicação final através de resultados padronizados. Palavras-chave: Randomização, Ensaios clínicos, Resultados padronizados.