JAN / FEV / MAR 2010 • No 1 • ANO XXXIV O uso dos questionários de qualidade de vida em pacientes reumáticos SBR10.pmd 1 24/5/2010, 14:30 Melhora de sintomas articulares a longo prazo.1 Diminuição da dor2 • Ajuda na recuperação da rigidez articular.2 Glicosamina • Estimula a síntese de proteoglicanos.3 • Efeito anti-inflamatório.3 Condroitina • Estimula a síntese de hialuronato e proteoglicanos.3 Contraindicação: pacientes que apresentem hipersensibilidade a quaisquer componentes de sua fórmula. Interação medicamentosa: é recomendável que pacientes diabéticos monitorem seus níveis sanguíneos de glicose mais frequentemente durante o tratamento com Artrolive.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1) PAVELKA K. et al. Glucosamine sulfate use and delay of progression of knee osteoarthritis: a 3-year, randomized, placebo-controlled, doubleblind study. Arch. Intern. Med, 162:2113-23; 2002. 2) REGINSTER J. et al. Naturocetic (glucosamine and chondroitin sulfate) compounds as structure-modifying drugs in the treatment of osteoarthritis. Curr. Opin. Rheumatol, 15: 651-55; 2003. 3) Seda H & Seda AC. Osteoartrite. Reumatologia –Diagnóstico e Tratamento, 289-307; 2001. 4) Bula do produto: ARTROLIVE (sulfato de glicosamina / sulfato de condroitina). MS - 1.0573.028. INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO: ARTROLIVE. sulfato de glicosamina + sulfato de condroitina. MS – 1.0573.0286. INDICAÇÕES: ARTROLIVE é indicado para osteoartrite, osteoartrose ou artrose em todas as suas manifestações. CONTRA-INDICAÇÕES: ARTROLIVE É CONTRA-INDICADO EM PACIENTES QUE APRESENTEM HIPERSENSIBILIDADE A QUAISQUER DOS COMPONENTES DE SUA FÓRMULA; GRAVIDEZ E LACTAÇÃO. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: SÃO NECESSÁRIOS O DIAGNÓSTICO PRECISO E O ACOMPANHAMENTO CUIDADOSO DE PACIENTES COM SINTOMAS INDICATIVOS DE AFECÇÃO GASTRINTESTINAL, HISTÓRIA PREGRESSA DE ÚLCERA GÁSTRICA OU INTESTINAL, DIABETES MELLITUS, OU A CONSTATAÇÃO DE DISTÚRBIOS DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO OU DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA ASSIM COMO PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA DAS FUNÇÕES RENAL, HEPÁTICA OU CARDÍACA. SE OCORRER EVENTUALMENTE ULCERAÇÃO PÉPTICA OU SANGRAMENTO GASTRINTESTINAL EM PACIENTES SOB TRATAMENTO, A MEDICAÇÃO DEVERÁ SER SUSPENSA IMEDIATAMENTE. DEVIDO À INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL, ARTROLIVE NÃO ESTÁ INDICADO PARA SER UTILIZADO DURANTE A GRAVIDEZ. NÃO EXISTEM INFORMAÇÕES SOBRE A PASSAGEM DO MEDICAMENTO PARA O LEITE MATERNO SENDO DESACONSELHADO SEU USO NESSAS CONDIÇÕES E AS LACTANTES SOB TRATAMENTO NÃO DEVEM AMAMENTAR. PODE OCORRER FOTOSSENSIBILIZAÇÃO EM PACIENTES SUSCETÍVEIS, PORTANTO PACIENTES COM HISTÓRICO DE FOTOSSENSIBILIDADE A OUTROS MEDICAMENTOS DEVEM EVITAR SE EXPOR À LUZ SOLAR. FORAM DESCRITOS NA LITERATURA, ALGUNS CASOS DE HIPERTENSÃO SISTÓLICA REVERSÍVEL, EM PACIENTES NÃO PREVIAMENTE HIPERTENSOS, NA VIGÊNCIA DO TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA. PORTANTO, A PRESSÃO ARTERIAL DEVE SER VERIFICADA PERIODICAMENTE DURANTE O TRATAMENTO COM ARTROLIVE. FORAM RELATADOS POUCOS CASOS DE PROTEINÚRIA LEVE E AUMENTO DA CREATINOFOSFOQUINASE (CPK) DURANTE TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA, QUE VOLTARAM AOS NÍVEIS NORMAIS APÓS INTERRUPÇÃO DO TRATAMENTO. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: O tratamento concomitante com antiinflamatórios não-esteroidais pode incorrer no agravamento de reações adversas do sistema gastrintestinal, sendo recomendado um acompanhamento médico mais rigoroso nesses casos. Alguns autores da literatura médica descrevem que o uso de glicosamina e condroitina pode incorrer em um aumento da resistência à insulina, porém, esses estudos foram realizados com doses muito superiores às indicadas na terapêutica clínica normal e sua validade ainda é discutida por vários outros autores. Estudos recentes demonstraram que a associação condroitina e glicosamina, quando empregada em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo II, não levou a alterações no metabolismo da glicose. Os resultados destes estudos não podem ser extrapolados para pacientes com diabetes mellitus descompensado ou não-controlado. É recomendável que pacientes diabéticos monitorem seus níveis sanguíneos de glicose mais freqüentemente durante o tratamento com ARTROLIVE. O uso concomitante de ARTROLIVE com os inibidores da topoisomerase II (etoposídeo, teniposídeo e doxorrubicina) deve ser evitado, uma vez que a glicosamina induziu resistência in vitro a estes medicamentos em células humanas cancerosas de cólon e de ovário. O tratamento concomitante de ARTROLIVE com anticoagulantes como o acenocoumarol, dicumarol, heparina e varfarina, pode levar ao aumento das chances de sangramento, devido a alterações nos valores de INR (International Normalized Ratio). Há relato de um caso na literatura de potencialização do efeito da varfarina, com conseqüente aumento dos valores sanguíneos de INR. Portanto, o uso concomitante de ARTROLIVE com anticoagulantes orais deve levar em conta avaliações rigorosas do INR. Reações adversas: SISTEMA CARDIOVASCULAR: EDEMA PERIFÉRICO E TAQUICARDIA JÁ FORAM RELATADOS COM O USO DA GLICOSAMINA, PORÉM NÃO FOI ESTABELECIDA UMA RELAÇÃO CAUSAL. FORAM DESCRITOS NA LITERATURA, ALGUNS CASOS DE HIPERTENSÃO SISTÓLICA REVERSÍVEL, EM PACIENTES NÃO PREVIAMENTE HIPERTENSOS, NA VIGÊNCIA DO TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA. PORTANTO, A PRESSÃO ARTERIAL DEVE SER VERIFICADA PERIODICAMENTE DURANTE O TRATAMENTO COM ARTROLIVE. SISTEMA NERVOSO CENTRAL: MENOS DE 1% DOS PACIENTES EM ESTUDOS CLÍNICOS APRESENTARAM CEFALÉIA, INSÔNIA E SONOLÊNCIA NA VIGÊNCIA DO TRATAMENTO COM A GLICOSAMINA. ENDÓCRINO-METABÓLICO: ESTUDOS RECENTES DEMONSTRARAM QUE A ASSOCIAÇÃO CONDROITINA E GLICOSAMINA, QUANDO EMPREGADA EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO II, NÃO LEVOU A ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DA GLICOSE. OS RESULTADOS DESTES ESTUDOS NÃO PODEM SER EXTRAPOLADOS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS DESCOMPENSADO OU NÃO-CONTROLADO. É RECOMENDÁVEL QUE PACIENTES DIABÉTICOS MONITOREM SEUS NÍVEIS SANGUÍNEOS DE GLICOSE MAIS FREQUENTEMENTE DURANTE O TRATAMENTO COM ARTROLIVE. GASTRINTESTINAL: NÁUSEA, DISPEPSIA, VÔMITO, DOR ABDOMINAL OU EPIGÁSTRICA, CONSTIPAÇÃO, DIARRÉIA, QUEIMAÇÃO E ANOREXIA TÊM SIDO RARAMENTE DESCRITOS NA LITERATURA NA VIGÊNCIA DE TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA. PELE: ERITEMA, PRURIDO, ERUPÇÕES CUTÂNEAS E OUTRAS MANIFESTAÇÕES ALÉRGICAS DE PELE FORAM REPORTADAS EM ENSAIOS CLÍNICOS COM GLICOSAMINA. PODE OCORRER FOTOSSENSIBILIZAÇÃO EM PACIENTES SUSCETÍVEIS, PORTANTO PACIENTES COM HISTÓRICO DE FOTOSSENSIBILIDADE A OUTROS MEDICAMENTOS DEVEM EVITAR SE EXPOR À LUZ SOLAR. POSOLOGIA: Adultos: Recomenda-se iniciar a terapêutica com a prescrição de 1 cápsula via oral 3 vezes ao dia. Como os efeitos do medicamento se iniciam em média após a terceira semana de tratamento deve-se ter em mente que a continuidade e a não-interrupção do tratamento são fundamentais para se alcançar os benefícios analgésicos e de mobilidade articular. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. MB 08 SAP 4056603(A) 03/10 - MB 08 SAP 4056801(D) 03/10 Material produzido em Dez/2009 Editorial O valor da qualidade de vida E stá na moda abordar a qualidade de vida, mas não da maneira limitada e superficial como o fazem a publicidade, a imprensa, o ambiente corporativo, os órgãos públicos e até as instituições de ensino. O assunto, com o devido aprofundamento, tem sido a base de muitos estudos que visam ao desenvolvimento de instrumentos de avaliação da qualidade de vida de uso genérico ou específico, particularmente em determinadas doenças crônicas. Como, em nossa área, a medida da resposta ao tratamento muitas vezes depende da impressão do paciente, esses questionários têm grande utilidade para o acompanhamento e o ajuste das diferentes terapêuticas usadas sobretudo para o combate à dor. Contudo, ainda não caíram nas graças do clínico, que prefere os recursos tradicionais. É por conta disso que a Comissão de Epidemiologia de Doenças Reumáticas da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) está fazendo um amplo trabalho de divulgação dos instrumentos já traduzidos e validados para uti- lização em nossa população, os quais são apresentados nesta edição. E já que estamos falando de avaliação, o boletim traz, com exclusividade, uma entrevista com Rina Giorgi e Walber Pinto Vieira, os dois candidatos à presidência da SBR na gestão 2012-2014. Dessa forma, você vai poder comparar a trajetória, a experiência e as propostas de ambos e, assim, não terá dúvidas na hora de dar seu voto a um deles durante o próximo Congresso Brasileiro de Reumatologia, em Porto Alegre, sobre o qual, aliás, Fernando Neubarth dá as últimas novidades. Só para ter uma ideia, os organizadores estão esperando cerca de 2.500 participantes. A gente se vê por lá! Grande abraço e boa leitura! Marcelo Pinheiro, Fábio Jennings e Kaline Medeiros SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA Diretoria Executiva SBR – Biênio 2008-2010 Presidente Ieda Maria Magalhães Laurindo – SP Tesoureiro Manoel Barros Bertolo – SP Secretária-geral Claudia Goldenstein Schainberg – SP Vice-tesoureiro Célio Roberto Gonçalves – SP Primeiro-secretário Gilberto Santos Novaes – SP Diretor científico Eduardo Ferreira Borba Neto – SP Segundo-secretário Francisco José Fernandes Vieira – CE Presidente eleito Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro – RJ Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94 01402-000 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986 www.reumatologia.com.br @ [email protected] Jornalista responsável Solange Arruda (Mtb 45.848) Coordenação editorial Diretoria Executiva Conselho editorial Marcelo de Medeiros Pinheiro – SP Martin Fábio Jennings Simões – SP Kaline Medeiros Costa Pereira – SP Colaborador: Plínio José do Amaral – SP Layout Sergio Brito Índice 4 4 6 8 11 12 14 18 20 3 CBR 2010 SBR.doc O melhor do Brasil Primeira fila Coluna Seda Especial – Presidenciáveis Dia a dia Notas Impressão Sistema Gráfico SJS Tiragem: 2.000 exemplares BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd Palavra da presidente 3 24/5/2010, 14:30 Palavra da presidente Prezados associados: Enquanto nos preparamos para o Congresso Brasileiro de Reumatologia, em Porto Alegre, onde espero rever todos vocês, gostaria de convidá-los para algumas atividades. Nos dias 16 e 17 de julho, realizaremos, em São Paulo, o II Fórum de Novos Recursos em Reumatologia – A SBR na Era dos Biológicos, evento que, desta vez, terá o centro de infusão como tema central. Na oportunidade, esperamos definir um posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Reumatologia ao término das palestras e das nossas discussões. Continuando com a tradição de cursos de ultrassonografia antes de jornadas e congressos brasileiros, também estamos organizando um grande curso intermediário e básico entre os dias 4 e 6 de setembro, em São Paulo. Nesse evento, contaremos com a presença de oito docentes, reumatologistas de vasta experiência, professores dos cursos dos congressos da Eular e da Panlar e autores de artigos e livros na área. Será um excelente evento, condizente com o congresso que virá a seguir, de 18 a 22 de setembro, na capital gaúcha. Finalmente, para os médicos com maior experiência nas articulações dos pés, vamos promover, no fim de julho, um outro curso de ultrassom que vai abordar a aquisição de imagens e a padronização de técnicas, além de sonoanatomia e principais patologias. As inscrições para esses três eventos começam no dia 1o de junho. Reservem essas datas e preparem-se para grandes atividades reumatológicas! Um grande abraço, Ieda Laurindo Presidente da SBR Neste ano, é Porto Alegre que chama Fernando Neubarth, presidente do Congresso Brasileiro de Reumatologia 2010 O Boletim Informativo entrevistou Fernando Neubarth, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) no biênio 2006-2008 e presidente do Congresso Brasileiro de Reumatologia 2010, que será realizado em Porto Alegre, de 18 a 22 de setembro, e configura o evento máximo da SBR. Além de ser o palco de importantes cursos, tanto pré-evento quanto paralelos às suas atividades oficiais, o congresso também demarca gestões e eleições, funcionando como o cenário ideal para encontros de colegas e amigos. Não por acaso, está sendo aguardado com muito interesse e expectativa pelos associados e organizadores. Como estão os preparativos para o XXVIII Congresso Brasileiro de Reumatologia? Um evento dessa magnitude assemelha-se a um espetáculo, a uma peça de teatro ou a um grande concerto. Há uma preparação, um ensaio cuidadoso e um afinar de vozes, instrumentos e posturas. A apresentação se fará em poucas horas, dias, mas nada poderá falhar. É um trabalho de bastidores, mas com muita gente empenhada, ajudando, preocupando-se e, principalmente, confiando nos afazeres, nos detalhes. Estamos tendo cuidado com o cenário, com a mobilidade e com a programação. O conteúdo científico está sendo elaborado para que não faltem os temas principais do nosso dia a dia nem os últimos conceitos e conhecimentos no diagnóstico e na terapêutica. Também existe a preocupação de dar destaque à produção científica nacional, aos novos, àqueles que, com suas teses e recentes trabalhos, já são o presente e o futuro da Reumatologia Brasileira. E muito também se prepara para a programação social, no intuito de que todos se sintam bem acolhidos em nossa cidade. O que há por trás do símbolo do CBR? Alguma história especial? Sem dúvida. Em geral, a escolha dos símbolos em nossos eventos acaba sendo repetitiva e eles são utilizados à exaustão. Apesar de valorizarmos as figuras do Laçador, a cuia de chimarrão e a Ponte do Guaíba, pensamos em algo que também dissesse um pouco do que pretendemos, do que sentimos que so- BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 4 SBR10.pmd CBR 2010 4 24/5/2010, 14:30 vante na programação. Os interessados devem ficar atentos aos prazos de inscrição e envio. A data-limite é 15 de junho e os detalhes podem ser encontrados em nossa página na internet. É conveniente lembrar que as premiações oficiais da Sociedade Brasileira de Reumatologia e os prêmios SBR, Luiz Verztman, Edgard Atra e Jovem Talento são tradicionalmente divulgados na abertura dos congressos e têm prazos de inscrição que se aproximam. mos e do que queremos demonstrar. A figura é a imagem do pórtico de nosso cais. Um trabalho especial da artista Cylene Dallegrave, com tratamento digital de fotografia. O pórtico é uma referência histórica do passado, mas também reflete uma preocupação com o futuro. Há um movimento para revitalizar a cidade a partir do cais, como tem sido feito em outras paragens, daí um sentido de renovação, de progresso, de desenvolvimento. Por outro lado, Porto Alegre tem seu nome vinculado a essa vocação para o acolhimento, somos uma terra miscigenada, de muitas culturas. Hoje, mais de 25 grupos étnicos se entendem como gaúchos. O porto simboliza todos esses elementos, o acolhimento, a troca, a chegada e a partida de informações, a capacidade de interlocução, de discutir opiniões, de entender o novo, o diferente. Não foi por acaso que aqui nasceu o Fórum Social Mundial. Queremos tudo isso também para o nosso congresso. Qual é a expectativa da organização em relação ao número de participantes? Estamos vivendo um crescente interesse por nossos últimos congressos, também reflexo da valorização de nossa especialidade, pelas novidades científicas e pelo desenvolvimento institucional. Não nos parece muito otimismo preparar o evento para 2.500 participantes. Também contamos com a proximidade geográfica com os países do Prata. E posso dizer que a participação estrangeira em nosso congresso será a maior de todos os tempos. A indústria vem querendo trazer personalidades de destaque. Entre os convidados estrangeiros de renome há representantes de muitos países da Europa, da Austrália, dos EUA e de todas as Américas. Não citarei um a um porque todos são igualmente importantes, mas os colegas podem conhecer a lista, ainda parcial, dos confirmados no site do nosso congresso: www.reumato 2010.com.br. Ali existe uma profusão de bandeiras que permite vislumbrar o sucesso e a responsabilidade que todos nós, gaúchos e brasileiros, teremos com esse evento. E como estão as inscrições para os trabalhos científicos? A organização do evento já está recebendo os trabalhos que serão apresentados na forma de pôsteres e/ou temas livres. Também haverá uma avaliação para que sejam incluídos numa sessão de destaques, ao fim do evento, quando teremos um balanço do que foi mais rele- Alguma mensagem final? Quero dizer apenas que o Rio Grande do Sul, em especial Porto Alegre, é também um destino turístico e cultural que poucos conhecem. Uma cidade com jeito de metrópole, mas que guarda ainda amenidades de província. Ares e lugares com marcas de culturas distintas. Nela ainda sobrevivem alguns detalhes arquitetônicos europeus e influências da proximidade com nossos “hermanos” uruguaios e argentinos. Temos uma grande tradição em teatros, além de importantes museus, e me parece desnecessário falar na riqueza de nossa gastronomia. Nos dias do nosso evento, comemoramse histórias de epopeias que criaram a identidade do Estado e muito por aqui, nessa ocasião, gira em torno dessas tradições, sendo comum nos depararmos com figuras trajadas a caráter, em típica indumentária, cruzando ruas e avenidas movimentadas, assim como gaúchos montados em seus “pingos”, na companhia inseparável de um “cusco”. Não se pode falar do clima, mas São Pedro, padroeiro dessa província do Sul, com certeza nos ajudará com uma bela primavera, nessa que é uma das cidades mais arborizadas do Brasil. Quem conhece Porto Alegre sabe do que falo, quem não a conhece vai querer retornar. Faremos tudo para que isso aconteça. E aproveito para agradecer a ajuda de tantos que têm nos auxiliado com a dedicação de muito trabalho ou a solidez da confiança. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd 5 5 24/5/2010, 14:30 SBR.doc Medidas de avaliação das doenças reumáticas ba A tualmente, as medidas de avaliação das doenças reumáticas baseadas na opinião do paciente, ou patient report outcomes (PRO), são consideradas importantes instrumentos nas avaliações clínicas e de cuidados com a saúde. Entre elas, destacam-se diversos questionários para mensurar a qualidade de vida relacionada à saúde, como SF 36, HAQ, SLEQoL, FIQ e ASQoL, além de outros métodos, como a escala visual analógica de dor, o DAS 28, o SLEDAI, etc. Esses recursos têm grande utilidade na análise do impacto de doenças crônicas, na identificação de grupos de pacientes com melhor e pior estado de saúde, no rastreamento de distúrbios físicos e psicológicos, na identificação de fatores prognósticos e na escolha de tratamentos. Em algumas enfermidades, como a artrite reumatoide, as medidas de avaliação baseadas na opinião do paciente têm se associado a desfechos clínicos importantes, como incapacidade, mortalidade e utilização de recursos, com desempe- nho superior às medidas clínicas, laboratoriais e radiográficas, tradicionalmente utilizadas para esse fim. É crescente o número de publicações sobre esses instrumentos, tanto a respeito de seu desenvolvimento e seu processo de validação, quanto de suas possibilidades de aplicação. Contudo, o uso dos questionários na prática clínica como meio de avaliar os cuidados prestados aos pacientes ainda é limitado, o que se deve não apenas ao desconhecimento sobre o assunto, mas igualmente a dúvidas so- Questionários de qualidade de vida mais utilizados para a avaliação de doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo Instrumentos genéricos Instrumento genérico Avaliação Nº de questões Autor Tradução para o português Validação SF 36 (Outcomes Study 36-Item Short Form Health Survey) QV 36 Sherbourne CD, Ware JE Ciconelli RM Ciconelli RM NHP (Nottingham Health Profile) QV 38 Hunt S, McEwen J, McKenna SP Teixeira-Salmela LF SF 6D QV - QALY 6 Braizer Campolina AG Campolina AG Instrumentos específicos Vários questionários têm sido desenvolvidos para a avaliação de aspectos específicos relacionados à qualidade de vida de indivíduos com doenças reumáticas. Ao longo do tempo, alguns deles sofreram alterações, tendo sido reduzidos para facilitar sua aplicação e/ou modificados em algumas questões e formas Instrumento específico População Avaliação Nº de questões Autor Tradução para o português Validação AIMS-2 (Arthritis Impact Measurement Scales 2) Artrite reumatoide/ osteoartrose QV 78 Meenan RF Brandão L Brandão L HAQ (Stanford Health Assessment Questionnaire) Artrite reumatoide Capacidade funcional 20 Fries JF Ferraz MB Ferraz MB ASQoL (Ankylosing Spondylitis Quality of Life Questionnaire) Espondilite anquilosante QV 18 Galen Research Torres TM Torres TM BASDAI (Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index) Espondilite anquilosante Capacidade funcional/ atividade da doença 6 Calin A Cusmanich KG Cusmanich KG BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 6 SBR10.pmd de pontuação. Há instrumentos que foram elaborados especificamente para avaliar um determinado aspecto da qualidade de vida em uma dada doença, mas que novos estudos demonstraram ser também úteis na avaliação de outras moléstias, como o Stanford Health Assessment Questionnaire (HAQ). 6 24/5/2010, 14:30 Comissão de Epidemiologia da SBR seadas na opinião do paciente bre a relevância de seu emprego no dia a dia, a preocupações com o custo de sua implantação e a incertezas sobre a praticidade de sua administração. Diante disso, a Comissão de Epidemiologia de Doenças Reumáticas da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) criou um espaço, no site da entidade, para divulgar informações básicas sobre qualidade de vida, aí incluindo conceito, formas de avaliação e questionários disponíveis para mensurar esse parâmetro em pacientes reumáticos, com des- Presidente: Eutília Andrade Medeiros Freire [email protected] taque para os modelos já traduzidos, adaptados e validados para nosso idioma. Dessa maneira, a SBR espera ampliar os conhecimentos e o interesse de todos a respeito da qualidade de vida, estimular a aplicação dos instrumentos na prática clínica e estreitar os laços entre os que querem se aprofundar no tema. Compartilhe as novidades Membros: Ana Beatriz C. Azevedo (SP) Gustavo Paiva (DF) Nazira Mahary (SP) Francisco Bezerra Neto (RN) Para conhecer instrumentos de qualidade de vida e pesquisas desenvolvidas no Brasil, acesse www.proqolid.com e www.cpes.org.br. Se você estiver trabalhando na validação de algum novo instrumento, mande uma mensagem para [email protected], a fim de manter a informação atualizada e facilitar novas pesquisas na área, otimizando tempo e recursos dos pesquisadores. Instrumento específico População Avaliação Nº de questões Autor Tradução para o português Validação BASFI (Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index) Espondilite anquilosante Capacidade funcional 10 Calin A Cusmanich KG Cusmanich KG CHAQ (Childhood Health Assessment Questionnaire) Artrite idiopática juvenil QV e sinais e sintomas 37 Singh G Len CA Len CA FAOS (Foot and Ankle Outcome Score) Artrite reumatoide ou outras afecções do pé e tornozelo Capacidade funcional 42 Roos EM Imoto A Imoto A SLEQoL (Systemic Lupus Erythematosus Quality of Life Questionnaire) Lúpus eritematoso sistêmico QV 40 Galen Research Leong KP et al Freire EAM Freire EAM Lupus Checklist (Systemic Lupus Erythematosus Symptom Checklist) Lúpus eritematoso sistêmico QV 38 Grootscholten C Freire EA Freire EA FIQ (Australian/Canadian Osteoarthritis Hand Index) Fibromialgia Capacidade funcional, QV, sinais e sintomas 20 Bennett R, Burckhardt C, Clark S Marques AP Marques AP WOMAC (Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index) Osteoartrose QV 24 Bellamy N Fernandes MI Fernandes MI OPAQ (Osteoporosis Assessment Questionnaire) Osteoporose QV 34 Mason J, Silverman S Cantarelli FB Cantarelli FB Qualeffo-41 (International Osteoporosis Foundation Quality of Life Questionnaire) Osteoporose QV 41 Lips P The IOF Working Part on Quality of Life Roland-Morris Questionnaire Lombalgia Capacidade funcional 24 Roland M, Morris R BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd Boris Cruz (MG) Ana Maria Pereira (ES) Abel Souza Jr. (SP) 7 Ferreira NO Nusbaum L Nusbaum L 7 24/5/2010, 14:30 Notícias das regionais O melhor do Brasil Mato Grosso do Sul Sorems tem nova diretoria E m assembleia ordinária, realizada no dia 25 de fevereiro de 2010, foi eleita a diretoria executiva da Sociedade de Reumatologia do Mato Grosso do Sul (Sorems) para o biênio 2010-2012. A Sociedade Brasileira de Reumatologia dá as boas-vindas ao novo grupo, formado por Marcelo Cruz Rezende (presidente), Fabiana Aguiar Vera Cruz Moreno (secretária-geral), Érica Naomi Naka (tesoureira) e Izaías Pereira da Costa (diretor científico), e aproveita para informar o novo endereço de correspondência da entidade: SOCIEDADE DE REUMATOLOGIA DO MATO GROSSO DO SUL A/C Marcelo Cruz Rezende Rua Jeribá, 325, sala 18 Chácara Cachoeira, Campo Grande – MS Telefax: (67) 3349–1515 E-mail: [email protected] Ceará Mutirão de atendimento reduz fila de espera por consulta com reumatologista N este ano, a Sociedade Cearense de Reumatologia viabilizou, junto à Prefeitura de Fortaleza, um mutirão de atendimento aos sábados, com três reumatologistas para atender os pacientes e fazer a triagem dos casos que precisam ser avaliados nos ambulatórios de Reumatologia implantados nas unidades de assistência da prefeitura durante a semana. O projeto nasceu de uma demanda criada pela própria entidade, que há várias gestões tem promovido campanhas de divulgação da especialidade. Por ocasião dessas ações, a comunidade e a imprensa vinham cobrando, da Sociedade Cearense de Reumatologia, uma solução para minimizar a fila de espera para a consulta com o reumatologista. Afinal, apesar de haver três serviços públicos que respondem pelo atendimento de Reumatologia do adulto no SUS – o Hospital-Geral de Fortaleza, coordenado pelo Dr. Walber Pinto Vieira, o Hospital Universitário Walter Cantídio, coordenado pelo Dr. Francisco Airton, e o Hospital-Geral Cesar Cals, coordenado pelo Dr. José Gerardo Paiva –, todos estão em hospitais terciários e, atualmente, encontram- sidente da Sociedade Cearense de Reumatologia, Max Victor Carioca Freitas, o mutirão demonstra uma forte inserção da entidade na comunidade nos diferentes níveis de atenção do SUS. “Durante anos se consagraram os serviços de atenção terciária, com organização e eficiência reconhecidas”, assinala Freitas. “Hoje, avançamos nos terrenos fascinantes e desafiadores que constituem a atenção primária e secundária, sempre em busca de um modelo mais eficiente”, arremata. Curso mostra, na teoria e na prática, as aplicações do ultrassom na Reumatologia A ultrassonografia osteoarticular foi tema de um curso promovido pela Sociedade Cearense de Reumatologia e pela Sociedade Brasileira de Reumatologia nos dias 19 e 20 de março, em Fortaleza, com 19 participantes. O evento apresentou os principais achados desse método de imagem em mãos e punhos, cotovelos, ombros, quadril, joelhos, tornozelos e pés, além de pro- porcionar aos especialistas um workshop prático em cada uma dessas articulações. No decorrer do curso, a organização deixou uma surpresa para o encerramento das atividades, sempre relacionada com o conteúdo. O primeiro dia terminou com uma sessão de discussão de casos clínicos e o segundo, com um quiz. Um sucesso! BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 8 SBR10.pmd se saturados. Como se não bastasse, grande parte da população necessita mesmo de atenção primária ou secundária. Com esse panorama, portanto, o mutirão iniciou-se em fevereiro com a expectativa de dar conta de toda a fila de espera do município – uma meta bem factível, pois, até a primeira semana de março, mais de 500 pacientes já haviam sido atendidos. Após essa primeira fase, a prefeitura se comprometeu a manter o atendimento de Reumatologia nas principais unidades de assistência. Para o pre- 8 24/5/2010, 14:30 Notícias das regionais O melhor do Brasil Alagoas Cartão-postal de Maceió vira palco de ação para o Dia de Luta contra o Reumatismo Atitude Reumato. Com essa chamada, a Sociedade Alagoana de Reumatologia realizou, em 1º de novembro de 2009, uma ação dirigida ao público leigo na Praia de Ponta Verde, em Maceió, dentro do chamado Dia de Luta contra o Reumatismo. De acordo com a presidente da entidade, Janaína Rozendo, a iniciativa contou com a presença de reumatologistas do Estado, que passaram o dia todo tirando dúvidas, orientando as pessoas interessadas e distribuindo panfletos explicativos. “Programamos essa ação com o intuito de esclarecer a população sobre o reumatismo, além de reforçar a importância do diagnóstico precoce”, resume Janaína. Goiás Eventos educacionais formam a base das ações da Sociedade Goiana de Reumatologia em 2010 A educação médica dos associados e da população tem sido o foco das atividades da Sociedade Goiana de Reumatologia neste ano. Para os médicos, a diretora científica e a presidente da entidade, as doutoras Jozélia Rego e Eleusa Fleury Taveira, respectivamente, elaboraram um programa de reuniões para a discussão de casos clínicos com a participação dos residentes do Hospital-Geral de Goiânia e do Hospital das Clínicas. Uma delas já ocorreu no último dia 27 de março e a outra está marcada para 21 de agosto. Além disso, a regional planejou, para os próximos meses, duas reuniões em conjunto com outras especialidades da medicina – uma com a Dermatologia, de atualização terapêutica nas manifestações dermatológicas das doenças reumáticas, e outra com a Neurologia, a respeito do uso da pregabalina. Ainda ao longo de 2010, a entidade promoverá um encontro científico com a Reumatologia do Distrito Federal. Não vai faltar oportunidade para os especialistas da região se atualizarem! O público leigo, por sua vez, contará com a repetição, em outubro, do evento de maior sucesso da Sociedade Goiana de Reumatologia, o Dia de Luta contra o Reumatismo, cujo objetivo é prestar esclarecimentos à população sobre as principais doenças reumáticas. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd 9 9 24/5/2010, 14:30 Notícias das regionais O melhor do Brasil Santa Catarina Sociedade Catarinense de Reumatologia apresenta sua nova diretoria Confira, abaixo, quem são os colegas que, durante todo este ano e o próximo, estarão à frente da Sociedade Catarinense de Reumatologia, cuidando dos interesses e da educação continuada de seus associados e dando maior visibilidade à especialidade na Região Sul do Brasil, sempre em parceria com a Sociedade Brasileira de Reumatologia. Sejam bem-vindos! Presidente: Vice-presidente: Secretária-geral: Primeiro-secretário: Segunda-secretária: Tesoureiro-geral: Primeiro-tesoureiro: Segunda-tesoureira: Gláucio Ricardo Werner de Castro Pedro Weingrill Sonia Cristina de M. Souza Fialho Vidal de Souza Mara Suzana Loreto Gomes de Pinho Jerônimo Soares Benittes Junior Jorge Teodoro Nicolacópulos Giovana Gomes Ribeiro Comissão Científica: Ivânio Alves Pereira (diretor) Antônio Carlos Althoff Adriana Fontes Zimmermann Barbara Janke Pretto Comissão de Ética e Defesa Profissional: Maria Amazile Ferreira Toscano Udson Piazza Williams Willrich Luciana Maria Fornari Silvia Dobes Raymundi Comissão de Divulgação e Imprensa: Jaime Baião Ana Maria Camargo Gallo Pedro Weingrill Caris de Rezende Pena Fabricio de Souza Neves Maria Aparecida Scottini Reumatologia Pediátrica: Nadyesda Didieh Brandão Rejane Leal Araújo Comissão de Ensino: Adriana Fontes Zimmermann João Elias de Moura Jr. Mara Suzana Loreto Gomes de Pinho Pedro Weingrill Rejane Leal Araujo Williams Willrich Comissão de Medicação Especial: Adriana Fontes Zimmermann Ana Maria Camargo Gallo Glaucio Ricardo Werner de Castro Maria Amazile Ferreira Toscano Site: Daniele Fernandes Godoi Jaime Baião Sonia Cristina de M. Souza Fialho Aracaju vai ter segunda edição da campanha Reumatismo é Coisa Séria Em 2010, a Sociedade Sergipana de Reumatologia está programando repetir a campanha Reumatismo é Coisa Séria, que, em Aracaju, foi realizada pela primeira vez em julho do ano passado e alcançou uma grande repercussão entre a população leiga, alvo da ação, e os meios de comunicação. “Tivemos muito espaço na mídia graças ao trabalho da SBR, com entrevistas na Globo, na Record e nas emissoras locais, além da TV Aperipê, nas quais pudemos falar um pouco sobre as doenças reumáticas e divulgar a campanha e seus objetivos”, conta a presidente da regional sergipana, Monica Valeria Siqueira Santana de Vechi. Isso sem contar o Jornal da Cidade e o Cinform, que igualmente noticiaram a iniciativa. A campanha, porém, não se limitou à mídia, mas fez o corpo a corpo com a população, instalandose num movimentado shopping da cidade para distribuir folhetos e esclarecer dúvidas. Para 2010, Monica salienta que a ideia é promover a ação nos mesmos moldes de 2009, na mesma ocasião do ano e, claro, com os mesmos parceiros – a SBR e a Abbott. Em time que está ganhando não se mexe. Da esquerda para a direita, os médicos Ana Cristina Rocha, José Menezes, Regina Adalva Océa, Monica Valeria, Luciana Calvo e Daniela Ramos durante a ação em Aracaju. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 10 SBR10.pmd Sergipe 10 24/5/2010, 14:30 Primeira fila O que nossos colegas andam estudando Pesquisa clínica Papel dos polimorfismos da lectina ligadora da manose em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico* Odirlei André Monticielo1 João Carlos Tavares Brenol2 José Artur Bogo Chies3 Introdução O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica autoimune, cuja etiopatogênese envolve fatores genéticos, hormonais, imunológicos e susceptibilidade ambiental. O gene que sintetiza a lectina ligadora da manose (MBL), conhecido como MBL-2, tem emergido como um forte candidato para o desenvolvimento de LES devido ao papel da MBL no sistema imune inato e à possível associação entre sua deficiência e doenças autoimunes. Objetivos Examinar potenciais associações dos alelos G57E, G54D, IVSnt5, R52C e R52H do gene MBL-2 com a susceptibilidade ao LES e com expressões clínicas e laboratoriais dessa doença. Material e métodos Trezentos e vinte e sete pacientes com diagnóstico de LES, segundo o ACR, todos em acompanhamento no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), e 165 controles saudáveis da mesma região geográfica foram genotipados por Restriction Fragment Length Polymorphism - Polimerase Chain Reaction (RFLP-PCR) para os polimorfismos G57E, G54D, IVSnt5, R52C e R52H do gene MBL-2. A metodologia também incluiu a coleta de dados clínicos, demográficos e laboratoriais de todos os participantes do estudo. Resultados Observou-se diferença estatisticamente significativa na frequência do alelo R52C entre pacientes eurodescendentes com LES e os controles (9,6% versus 3,3%, P=0,001, odds ratio 3,01; 95% IC 1,582-6,060; P<0,05). As frequências dos alelos G54D e G57E não se mostraram diferentes em pacientes e controles (G54D: 15,9% versus 18,8%, P=0,317; G57E: 3,6% versus 3,0%, P=0,796). Por fim, os alelos IVSnt5 e R52H não foram encontrados neste estudo. Convém acrescentar que não houve discrepância entre os achados clínicos e laboratoriais nos indivíduos com LES de acordo com a presença ou a ausência das variantes alélicas. Conclusão Os resultados comprovam aumento do risco de desenvolvimento de LES em indivíduos com o alelo R52C. Pacientes com esse alelo têm aproximadamente três vezes mais chance de apresentar a doença quando comparados com os controles. Contudo, tais dados não suportam a associação entre qualquer polimorfismo do gene da MBL com expressões clínicas e laboratoriais do LES em nossa população. * Dissertação apresentada para a obtenção do título de mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com o apoio da Fipe/HCPA e da Capes. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd 11 1 Aluno do doutorado 2 Orientador da tese 3 Coorientador da tese 11 24/5/2010, 14:30 Coluna Seda O REUMATISMO DO SENHOR PICKWICK Hilton Seda O Clube Pickwick era presidido por Samuel Pickwick, personagem dos mais intrigantes e figura central da obra de Charles Dickens intitulada Pickwick Papers, conhecida entre nós como As Aventuras do Sr. Pickwick1. Essa história, na realidade um verdadeiro romance, com inúmeros personagens, nasceu de um fato inusitado. O famoso artista Robert Seymor fez vários desenhos para ilustrar as reuniões de um clube de esportes e os editores do Morning Chronicle, o jornal londrino de maior circulação, tiveram a ideia de acrescentar textos a essas gravuras, de forma a criar uma publicação seriada mensal. Convidaram Boz, pseudônimo usado por Charles Dickens, que estava com muita popularidade em virtude do sucesso dos seus artigos sobre a vida da classe média londrina. Dickens, entretanto, impôs uma condição: os desenhos é que ilustrariam seus escritos, e não o contrário. Foi assim que nasceu a série sobre o Clube Pickwick. Roberto Seymor sofria de “ataques nervosos” e só ilustrou os dois primeiros episódios, assim mesmo com grande dificuldade, e suicidou-se a seguir, em 1836, muito moço, pois nascera em 1800. De início, a publicação não despertou grande interesse no público, o que levou Dickens a modificar sua estrutura, criando a figura de Samuel (ou Sam) Weller, o criado notável do senhor Pickwick, às vezes comparado ao Sancho Pança de Dom Quixote. Essa mudança caiu nas graças do público e o sucesso da série foi total.2 O senhor Pickwick era reumático, mas não há informações que permitam definir um diagnóstico, ainda que aproximado, do tipo da doença. Não são muitas as referências ao seu reumatismo. A primeira está no capítulo XVII, cujo título é “Em que se evidencia que um acesso de reumatismo pode, em certos casos, obrar como estimulante do engenho inventivo”, que se inicia dizendo: “O organismo do Sr. Pickwick, embora capaz de suportar uma soma assaz considerável de exercício e de fadiga, não estava à prova de uma combinação de ataques como os que sofrera na noite memorável, referida no capítulo anterior. O sistema de lavar-se à noite, ao ar livre, e de enxugar-se depois num gabinete fechado, é tão perigoso quanto singular. O Sr. Pickwick foi acometido de um acesso de reumatismo.” No referido capítulo Até a cadeira parecia ter gota O capítulo XIV traz “A História do Caixeiro-Viajante”. Tom Smart, chegando a certo local onde se iria acomodar, “foi conduzido através de um labirinto de quartos e corredores ao BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 12 SBR10.pmd anterior (XVI), o personagem metera-se em uma aventura para tentar salvar uma jovem de ser levada de um internato por um cidadão inescrupuloso, tendo sofrido bastante para pular o muro do jardim, mas verificado, por fim, que fora logrado ao acreditar em uma história fantasiosa. No capítulo XVIII, nova menção ao seu reumatismo: “– É o reumatismo que apanhei naquele jardim – rematou o Sr. Pickwick –, deixou-me coxo neste momento”. Um diálogo a seguir confirma que ele estava coxo: “– Mas hei de esclarecer tudo isso – disse o Sr. Pickwick, erguendo a cabeça e martelando a mesa. – Vou procurar esses Dodson e Fogg! Irei a Londres amanhã. – Amanhã, não – disse Wardle. – Você está mancando muito.” Esclareça-se que Dodson e Fogg eram advogados que o estavam processando por um suposto assédio a uma senhora. No capítulo XXX, o senhor Pickwick afundou em um local onde seu grupo de amigos patinava: “Um grande pedaço de gelo desaparecera; a água borbulhava sobre ele; o chapéu, as luvas e o lenço do Sr. Pickwick flutuavam na superfície; e eram os únicos vestígios visíveis de seu dono.” Ele foi salvo, voltou a pisar terra firme, foi embrulhado em xales, correu para onde estava hospedado e meteu-se na cama. Seu quarto foi aquecido e serviram-lhe ponche à vontade. “... E quando o Sr. Pickwick despertou, na manhã seguinte, não apresentava um único sintoma de reumatismo; o que prova (...) que não há nada como o ponche quente nesses casos; e que, se este deixava, às vezes, de obrar como preventivo, era apenas porque o paciente incidia no erro vulgar de não tomar a dose necessária.”1 O senhor Pickwick passou uma temporada em Bath, cidade inglesa às margens do Avon, famosa como estância termal3, mas não há referência de que para lá tenha ido por causa do seu reumatismo. Além do reumatismo do senhor Pickwick, há, em Pickwick Papers, outras situações interessantes, curiosas e até inusitadas relacionadas a esse conjunto de doenças. 12 24/5/2010, 14:30 aposento que lhe fora destinado (...). Era um quarto espaçoso (...); mas o que mais lhe chamou a atenção foi uma cadeira esquisita, de sinistro aspecto, costas altas, talhada de fantástica maneira, com uma almofada estampada de damasco, e com os pés arredondados cuidadosamente envolvidos num pano vermelho, como se tivesse gota nos dedos. (...) Sentouse diante do lume e, durante meia hora, cravou o olhar na velha cadeira; diabos a levassem, era uma velharia tão esquisita que não conseguia desviar os olhos dela.” Depois de acordar de um sonho confuso, “Tom olhou para a cadeira; e, de repente, enquanto olhava para ela, pareceu-lhe presenciar extraordinária alteração. Os entalhes das costas assumiam gradualmente os traços e a expressão de um velho rosto humano encarquilhado; a almofada de damasco se converteu num colete antigo, com bicos; os pés arredondados de madeira transmudaram-se em pés humanos, envoltos em chinelos vermelhos; e a velha cadeira se tornou semelhante a um velho muito feio, do século anterior.”1 Esse velho tanto podia ter gota como artrose! Há uma passagem muito interessante, no capítulo XX, em que é proposto um tratamento infalível para a gota. Trata-se de um diálogo entre Sam Weller, criado do senhor Pickwick, e seu próprio pai: “– Muito bem, pai – disse Sam –, tome cuidado, ou ainda terá notícias da sua velha doença, a gota. – Achei um remédio soberano para isso, Sammy – disse o Sr. Weller, colocando o copo sobre a mesa. – Um remédio soberano para a gota? – perguntou o Sr. Pickwick, tomando do livrinho de notas. – Qual é? – A gota, senhor – retrucou o Sr. Weller –, a gota é uma doença que vem de um excesso de luxos e comodidades. Se for alguma vez atacado de gota, senhor, case-se com uma viúva que tenha uma boa voz e muita vontade de usá-la, e nunca mais lhe voltará a moléstia. É uma excelente receita, senhor. Uso-a regularmente e posso garantir-lhe que acaba com todos os achaques causados pelos excessos de alegria.” O último capítulo do livro (LVI) faz mais uma menção à gota: “O velho Sr. Weller andou a guiar uma diligência durante um ano, mas se viu obrigado a aposentarse, depois de um forte ataque de gota.”1 No capítulo XXIV, em virtude do processo que contra ele era movido, o senhor Pickwick deveria ser levado à casa do prefeito. “(...) E, precisamente no instante em que os beleguins se dispunham a vencer as objeções do Sr. Pickwick por meio do expediente comum de carregá-lo à força, alguém lembrou que havia no pátio uma velha cadeirinha, originariamente construída para um senhor gotoso e abastado, capaz de comportar o Sr. Pickwick (...).”1 O capítulo XXIX conta o episódio dos duendes que roubaram o coveiro: “Infelizmente, porém, foram essas histórias algo prejudicadas pela reaparição inesperada do próprio Gabriel Grub uns dez anos depois, quando era um velho esfarrapado, reumático, mas contente. (...) Visto haver Gabriel Grub sofrido de reumatismo até o fim de seus dias, essa história tem, pelo menos, uma moral, à falta de coisa melhor: quando um homem de mau gênio bebe sozinho na véspera de Natal, pode ter certeza de que não há de sentir-se melhor por causa disso (...).” No capítulo XXXII, nova referência a um objeto que lembrava a gota, em uma festa: “Os copos da casa eram finos e delgados e os que haviam sido pedidos por empréstimo à taberna eram grandes, hidrópicos e inchados, cada qual apoiado sobre um enorme pé gotoso.”1 No capítulo XXXIII, o pai de Samuel Weller esclarece: “A sua madrasta ia à reunião, Sammy, mas ficou com reumatismo e não pôde ir ...”1 No capítulo XXXVIII, o doutor Bob Sawyer, sucessor de Nockemorf – era comum essa informação àquela época –, usa do expediente de enviar, por um menino, remédios de sua farmácia para endereços errados, recuperando-os, depois, com pedido de desculpas pelo engano, como forma de sugerir que tinha uma vasta clientela. Por causa disso, pergunta ao garoto se fez a entrega: “– Os pós para a criança, na casa grande para onde se mudou aquela família nova, e as pílulas que devem ser tomadas quatro vezes por dia, em casa do velho rabugento que sofre de gota?” No capítulo XLI, o senhor Pickwick tomou uma atitude drástica, quando estava na prisão por não ter aceitado uma decisão da Justiça no caso que era movido contra ele, ao investir sobre um cidadão que lhe arrancara da cabeça o barrete de dormir. Saltando da cama, desferiu-lhe forte murro no peito e recuperou a peça que lhe havia sido tirada. Disse o agredido: “– Muito bem; o senhor é valente, hein? (...) Agora pule outra vez para a cama, pois, do contrário, apanha reumatismo.”1 Referências 1 Dickens C: As Aventuras do Sr. Pickwick, Abril Cultural, São Paulo, 1970. 2 Seda H: A gota de Charles Dickens, Bol Soc Reumatol RJ, 36(130): 4-6, 2008. 3 Dicionário Enciclopédico Larousse Ilustrado, Editora Abril, São Paulo, 2006. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd 13 13 24/5/2010, 14:30 Especial - Presidenciáveis Escolha bem seu candidato também na SBR Dois mil e dez é ano de eleição igualmente para os sócios da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), que vão escolher, durante o próximo congresso, em setembro, quem vai comandar os destinos da entidade entre 2012 e 2014. A missão não é fácil porque, mais uma vez, a disputa se dá entre dois profissionais extremamente dedicados à formação de novos especialistas, mas que, contudo, não abrem mão da essência de sua profissão: diagnosticar e tratar pacientes. Nesta edição do Boletim Informativo da SBR, preparamos uma entrevista especial com os candidatos para ajudar você a tomar sua decisão. De um lado, a chefe da Seção de Diagnóstico e Terapêutica do Serviço do Reumatologia do Hospital Servidor Público do Estado de São Paulo (HSPE-SP), Rina Giorgi, e, de outro, o chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital-Geral de Fortaleza (HGF), Walber Pinto Vieira. Confira a história e as propostas de cada um e ponha certeza em seu voto! Walber Pinto Vieira – Eu me sentirei muito honrado caso os colegas reumatologistas de todo o Brasil me escolham para dirigir a nossa Sociedade Brasileira de Reumatologia no biênio 2012-2014. Nessa oportunidade, gostaria de realizar uma gestão compartilhada, com participação representativa de todas as regiões do Brasil. Nosso país é muito extenso e apresenta variações regionais, tanto do ponto de vista cultural e de costumes quanto étnico, razão pela qual, por exemplo, as mesmas doenças em nossas regiões podem ter comportamento e evolução diferentes. Portanto, considero muito relevante que a nossa administração seja compartilhada. Preocupa-me muito também o desejo de fortalecer a imagem da Reumatologia. Nossa especialidade tem tomado um impulso muito grande nestes últimos anos, o que vem sendo demonstrado pela maior procura pela residência médica, pelo surgimento de novos serviços em varias regiões do Brasil, mesmo em lugares mais remotos, onde nunca houve Reumatologia, e também pelo desenvolvimento de novos tratamentos. O resultado disso é que ganhamos espaço e começamos a chamar a atenção dos gestores da saúde, da indústria farmacêutica, da mídia e de outros profissionais. Considero que o resultado foi muito bom, mas precisamos transformar este momento favorável em ganhos reais e concretos para os reumatologistas. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 14 SBR10.pmd Quais são seus planos para a SBR, caso seja eleito(a) presidente para o próximo biênio? Rina Giorgi – Planos, sempre temos muitos. Precisamos, porém, discutir metas e linhas de interesse para o desenvolvimento e a visibilidade da nossa especialidade, visando ao profissionalismo, aos meios de sustentabilidade, à maior oferta de serviços e ao acesso crescente às inovações. Programas de sucesso, como o BiobadaBrasil, o Pronuclear, os consensos elaborados em conjunto com a Associação Médica Brasileira e outras iniciativas das gestões em curso, devem ser apoiados e amplificados. Por outro lado, precisamos valorizar nosso associado e dar-lhe ainda mais suporte, implementando módulos de educação continuada presenciais. Não pode faltar o apoio ao ensino da Reumatologia na graduação e às ligas contra o reumatismo, base inicial para tornar a especialidade conhecida entre o corpo médico do País e, assim, atrair jovens estudantes para nossa área. Devemos também zelar pela qualidade do especialista, prestar assessoria jurídica aos nossos associados e apoiá-los nas ações de classe e nas reivindicações por remuneração justa. Por fim, acho ainda importante dar suporte à compra de equipamentos para os serviços formadores de especialistas, a exemplo do ultrassom com Doppler e do capilaroscópio, além de incentivar e captar recursos para programas de pesquisa e epidemiologia de interesse da entidade, coordenados pelos serviços universitários. 14 24/5/2010, 14:30 Rina Giorgi, chefe da Seção de Diagnóstico e Terapêutica do Serviço de Reumatologia do Hospital Servidor Público do Estado de São Paulo. Como acredita que poderá contribuir para ampliar a visibilidade da Reumatologia nacional? Rina – A Reumatologia avançou muito nos últimos 15 anos e se tornou uma especialidade mais resolutiva, apesar de haver ainda muito que pesquisar em nossa área. A SBR possui hoje inúmeros sócios que se destacam no cenário internacional. Da mesma forma, nossos pacientes vêm sendo mais bem tratados e têm acesso aos novos recursos terapêuticos, não só nos grandes centros, mas também em cidades menores, que dispõem de excelentes reumatologistas. Nos últimos concursos para o título de especialista, quase todos os residentes formados em serviços de capitais menores das Regiões Norte, Nordeste e CentroOeste obtiveram êxito. É certo, porém, que existem regiões sem reumatologistas e que a SBR precisa incentivar essa migração. Para tanto, pode expor, em seu site, as oportunidades de emprego em cidades menores e os concursos para professor nas inúmeras faculdades existentes, assim como fazer um mapeamento dos municípios com mais de Walber Pinto Vieira, chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital-Geral de Fortaleza, ao lado dos filhos. 20.000-30.000 habitantes e sem nenhum reumatologista. Talvez possamos também discutir a possibilidade de oferecer, aos profissionais de regiões mais carentes, estágios em serviços qualificados, com supervisão contínua e pontuação durante cinco anos nas atividades de acreditação, de forma que, assim, eles se sintam estimulados a prestar o título de especialista. Walber – O caminho para ampliar a visibilidade da Reumatologia em âmbito nacional passa pela valorização do reumatologista, seja como médico atuando na medicina privada e/ou pública, seja como pesquisador. Todo esse contexto citado anteriormente deve ser revertido nessa valorização. É fundamental que a SBR mantenha os esforços para consolidar a indexação da Revista Brasileira de Reumatologia (RBR). É esperado que, no próximo biênio, a RBR já tenha conseguido a indexação, o que nos trará um desafio diferente, ou seja, sua consolidação. Para isso, precisamos incentivar os pesquisadores em Reumatologia a optarem pela publicação na RBR, não apenas de artigos de revisão ou de relato de casos, mas principalmente de artigos originais, que resultem das dissertações e teses por eles orientadas, assim como dos resultados de seus projetos financiados por entidades como CNPq e fundações de apoio à pesquisa. Logo após a indexação da RBR, a grande meta deve ser conseguir que seus artigos sejam citados e, para isso, é essencial a qualidade. Em futuro não muito distante, é possível imaginar nossa revista sendo mais bem classificada pela Capes, quando, então, esses pesquisadores poderão colher seus frutos. Outro ponto importante será a avaliação periódica das residências médicas em Reumatologia. Como o número de serviços e residências tem aumentado, considero fundamental que a qualidade do profissional egresso desses serviços seja destacada. De forma alguma podemos nos esquecer daquele que é o principal membro dessa sociedade, o médico reumatologista que destina a maior parte do seu tempo em consultório e ambulatório. De modo geral, nosso especialista é muito respeitado como detentor de conhecimento aprofundado e bastante especifico, estando apto a resolver aqueles casos mais complexos e BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd 15 15 24/5/2010, 14:30 >> Especial >> incomuns. Daí porque os programas de educação continuada, assim como o acesso à informação, devem ser oferecidos e facilitados para todos esses profissionais. Um exemplo da eficiência desse processo é a publicação de consensos sobre diversas doenças como resultado da atuação de comitês específicos. Podemos observar que, após essa iniciativa, as condutas tendem a se tornar mais homogêneas, o que valida a atuação dos profissionais em qualquer região do País. O que o(a) levou a concorrer à presidência da SBR? Rina – Primeiramente, vontade de concorrer. Conquistei meu título de especialista em 1979 e, desde essa época, sempre participei da SBR e me interessei “Não pode faltar o por suas atividades, apoio ao ensino da Reumatologia na por suas conquistas e graduação e às ligas por seu crescimento. contra o reumatismo, Além disso, gosto base inicial para muito da área admitornar a especialidade nistrativa e tenho um conhecida entre o corpo médico do País e, assim, senso prático, criatiatrair jovens estudantes vo e prazeroso com para a nossa área.” esse tipo de atividade. Rina Giorgi Outra razão foi que, desde jovens, eu e a Dra. Gesabel Marques, infelizmente já falecida, sonhamos em um dia concorrer à presidência da SBR. E o terceiro motivo, e, talvez, o mais relevante, é que venho do HSPE-SP, dirigido pelo professor Wiliam Chahade, que sempre incentivou o trabalho da SBR e soube passar para cada um de seus mais de 200 ex-residentes e especializandos a importância da atividade associativa e do título de especialista para nos tornarmos membros efetivos e, portanto, participativos do desenvolvimento da entidade. Walber – Sou membro da SBR desde 1969 e tenho um carinho muito grande pela nossa especialidade. Além disso, O (a) senhor (a) tem experiência anterior em cargos de comando de sociedades médicas? Quais são suas atividades profissionais atuais e pregressas? Rina – Participei de inúmeras comissões, inicialmente da Sociedade Paulista de Reumatologia, tendo sido eleita para presidi-la no biênio 1999-2001. Nessa gestão, realizamos, juntamente com o grupo da professora Eloisa Bonfá, em 2000, o XXVIII Congresso Brasileiro de Reumatologia, em São Paulo, que contou com mais de dez convidados internacionais em diferentes áreas e teve um curso pré-congresso de Imunologia básica, uma vez que os avanços na terapêutica das doenças autoimunes já despontavam como uma grata realidade para nossos pacientes. Na SBR, a partir da gestão do professor Ximenes, participei de diversas comissões sucessivamente, que culminaram com a presidência da Comissão de Título de Especialista e de Ensino e Educação. Também tomei parte da presidência da Comissão de Ética em Pesquisa do Seconci-São Paulo durante dez anos, bem como das Comissões de Ética Médica ligadas ao Cremesp, tanto no Seconci como no HSPE-SP. Contudo, é como chefe da Seção de Diagnóstico e Terapêutica do Serviço de Reumatologia do HSPE-SP, onde estou desde 1989, que desenvolvo a medicina de que gosto, tanto na área administrativa quanto na formação de novos especialistas para a realidade de um atendimento humanizado, ético e voltado a uma prática médica em que o conhecimento tem, no paciente, o principal objetivo. Walber – Fui diretor científico e presidente da Sociedade Cearense de Reumatologia, presidi o XXII Congresso Brasileiro de Reumatologia e tive a honra de participar da fundação da Sociedade Cearense de Reumatologia, da Sociedade Maranhense de Reumatologia e da Sociedade Paraense de Reumatologia. Da mesma forma, fui um dos idealizadores e responsável pelas Jornadas Regionais de Reumatologia de todo o Brasil. A primeira ocorreu em 1972, aqui em Fortaleza, tendo sido denominada I Jornada Norte/Nordeste do Brasil de Reumatologia. Daí para frente sucederam-se outras, de acordo com cada região do País. Também idealizei e fundei o Grupo de Apoio aos Pacientes Reumáticos do Ceará, o Garce, hoje com mais de 3 mil associados. Qual é sua formação completa? Dentro da Reumatologia, por que linha de pesquisa ou área tem mais interesse? Rina – Fiz minha residência médica no HSPE-SP em apenas dois anos (1978-1979), na época, e depois cursei meu mestrado em Reumatologia na Faculdade de Medicina da USP, no serviço do professor Wilson Cossermelli, tendo tido o professor Alexandre Gabriel como orientador e, depois, amigo. Prestei meu título de especialista em 1979, ano em que a SBR era presidida pelo professor Israel Bonomo e a Comissão do Título de Especialista, pelo professor Ronaldo Batista. Minha atual área de interesse é a artrite reumatoide, mas gosto de toda a Reumatologia – aliás, gosto mesmo de ver doente, examinar, fazer diagnóstico e tratar. Dentro do HSPE-SP, somos formados para o atendimento do paciente, com uma ampla visão de todas as patologias. Além disso, o ensino médico também me interessa e, hoje, tenho lido muito sobre essa área. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 16 SBR10.pmd mantenho livre trânsito com os todos os colegas, sem nenhuma má querência, atrito ou divergência, e isso me credencia e estimula a galgar a presidência da nossa sociedade. 16 24/5/2010, 14:30 “Nosso país é muito extenso e apresenta variações regionais, razão pela qual as mesmas doenças, em regiões distintas, podem ter comportamento e evolução diferentes. Portanto, considero muito relevante que a nossa administração seja compartilhada.” Walber Vieira Walber – Fiz residência no Centro de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no serviço do professor Israel Bonomo. Como membro do corpo clínico do Hospital-Geral de Fortaleza (HGF), fui preceptor de Reumatologia da Residência em Clínica Médica e do Internato da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) até a criação do serviço de Reumatologia e a instalação da residência médica dessa especialidade, aprovada pelo MEC. Atualmente, sou mestrando em Farmacologia Clínica pela Faculdade de Medicina da UFC, professor-associado da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual do Ceará, chefe do Serviço de Reumatologia do HGF e coordenador da Residência Médica em Reumatologia do mesmo hospital. Jacob Rubinstein, Flamarion Dutra e Maria Lúcia. Certa do que queria, a partir de 1975 passei a assistir a cursos e jornadas da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro. No Internato do Hospital da Lagoa, frequentei a enfermaria de Reumatologia, chefiada, na ocasião, pelo Dr. Emílio Medauar e pelo Dr. Roque Ricarte, assim como a Fisiatria, que tinha então à frente o professor Roberto Carneiro. Fiz ainda estágio na Santa Casa com o professor Samuel Roimicher, que era muito amigo de um primo de minha mãe, o Dr. Arnaldo Bonfim. E passei um mês extremamente proveitoso como residente do Hospital de Bonsucesso no serviço do professor Geraldo Castellar Pinheiro, juntamente com os doutores Newton de Azevedo, Cecília Salgado e Fernando Coimbra. O fato é que tive, em minha fase inicial na especialidade, a oportunidade de conviver e aprender com grandes professores da Reumatologia Brasileira. Além de admirá-los profundamente, sou muito grata a todos eles. Por que escolheu a Reumatologia? O que o(a) influenciou? Rina – Eu me formei em medicina pela Faculdade de Medicina da FTE Souza Marques, em 1977. Na época, havia terminado o científico no Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro, não fiz cursinho e me questionei muito se deveria fazer novo vestibular. Escolhi não esperar e ficar na Souza Marques, do que não me arrependo, pois a qualidade do ensino foi muito boa. O corpo docente era composto de professores como Berardinelli Tarantino, Doyle Maia, Hildebrando Marinho, Jarbas Porto, Oswaldo Seabra e Anadyl Roseli, entre muitos outros excelentes profissionais. Contudo, a cadeira com que mais me identifiquei foi a de Reumatologia, no quarto ano, que era chefiada pelo professor Luiz Verztman e tinha, como preceptores, os professores Nocy Leite, Walber – Fui influenciado para estudar Reumatologia pelo professor Geraldo Gonçalves, nosso mestre pioneiro e primeiro reumatologista do Estado do Ceará. Quando eu cursava o sexto ano de medicina, o professor me chamou para trabalhar com ele, despertando em mim o desejo e a vontade de fazer essa especialidade. Quando não está se dedicando à sua profissão, que outras atividades o(a) encantam, além da medicina? Rina – Praticamente só faço medicina, absorvendo-me com a formação de residentes e especializandos do nosso serviço e com toda a atividade decorrente da nossa profissão. Trabalho também no consultório, que tenho muita honra de dividir, há quase 25 anos, com a professora Elda Hirose Pastor, com quem aprendo muito. Fora o trabalho, gosto de pequenas felicidades, como o nascer e o pôr do sol, a lua e paisagens memoráveis. Adoro cozinhar e comer também. Cinema, leitura e história são meus passatempos, sem esquecer das viagens. Sou católica de formação e prática. Se tivesse de fazer uma nova faculdade, seria de geologia ou geografia, pois adoro entender o Universo e o nosso planeta. Mais isso talvez lá pelos 75 anos! Walber – Curto muito minha família, minha mulher, meus filhos. Gosto de conversar e trocar ideias com eles e partilhar um ambiente de paz, descontração e tranquilidade. Meus hobbies preferidos são cinema, livros de ficção policial e música, pois, como dizia Artur da Távola, de saudosa memória, “música é vida interior e quem tem vida interior jamais padece de solidão”. Perfil Carioca de São Paulo A caçula entre oito irmãos, Rina Giorgi nasceu no Rio de Janeiro, no ano de 1953. Mudou-se para São Paulo em 1978, para fazer sua residência médica, e da capital paulista não saiu mais, a ponto de se considerar hoje uma típica paulistana. “Apesar das saudades das praias do Rio”, pondera. Casou-se em 1980 e teve dois filhos, Gabriel, hoje com 29 anos, e Camila, com 24, ambos terminando medicina e administração, respectivamente. Franciscano de nascimento Já Walber Pinto Vieira é natural de Canindé, interior do Ceará, um município famoso pela romaria a São Francisco de Assis. “Por ocasião da romaria, mais de um milhão de pessoas visitam essa cidade”, orgulha-se. Casado com Maria Luiza há 31 anos, é pai de quatro filhos: o advogado Walber, de 40 anos, o engenheiro mecânico Fábio, de 37 anos, o administrador Haendel, de 29 anos, e o bacharel em comércio exterior Hegel, de 28 anos. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd 17 17 24/5/2010, 14:30 Dia a dia Por dentro dos questionários de avaliação da qualidade de vida Veja, aqui, como escolher, aplicar, traduzir, adaptar e validar esses instrumentos, que comprovadamente ajudam a melhorar a assistência prestada ao paciente. N as últimas décadas, tem se observado um aumento significativo das publicações sobre qualidade de vida, como descrições de perfis de saúde, avaliações do impacto de novas tecnologias em saúde na qualidade de vida dos pacientes com diferentes doenças e análises econômicas ou árvores de decisão que levam em conta esse parâmetro. Tal preocupação reflete o reconhecimento de que é fundamental incorporar o ponto de vista do paciente como medida de desfecho em estudos na área da saúde. Apesar disso, para a maioria dos profissionais da saúde, a prática da medicina está centrada na doença e focada em problemas, com a atenção concentrada em medidas tradicionais, como a análise de resultados de exames complementares. Entretanto, existem evidências de que a aplicação clínica das ferramentas de avaliação da qualidade de vida baseadas na opinião do paciente traz diversos benefícios que melhoram a assistência médica, da identificação de problemas prioritários à verificação da resposta aos tratamentos instituídos. Os instrumentos mais utilizados na avaliação da qualidade de vida são constituídos por questionários, genéricos ou específicos, compostos de uma série de perguntas que, divididas em subgrupos, permitem investigar grandes dimensões da vida, ou domínios, o termo usado com mais frequência para se referir a determinada área do comportamento ou condição humana. Por exemplo, questões sobre mobilidade e capacidade de autocuidado podem ser agrupadas num domínio que avalie função física, enquanto perguntas sobre depressão e ansiedade podem ser reunidas num outro domínio que avalie o estado emocional. Assim como ocorre com outros meios de avaliação, como as medidas antropométricas e testes diagnósticos, os questionários de qualidade de vida devem ser testados quanto às suas propriedades de medida, entre as quais validade, reprodutibilidade e sensibilidade a mudanças. Na prática, portanto, um bom instrumento deve ter sido adequadamente validado, ser reprodutível e mostrar-se capaz de detectar alterações na qualidade de vida que reflitam as mudanças observadas na condição clínica do indivíduo. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 18 SBR10.pmd Tipos de questionário Os questionários genéricos de qualidade de vida estão divididos entre os que analisam perfis de saúde e os que levantam preferências por estados de saúde e tratamentos, conhecidos em inglês pela expressão utility-measures of quality of life. Os instrumentos destinados à avaliação de perfis de saúde permitem avaliar simultaneamente vários domínios, com escores de pontuação individualizados para cada um deles. Podem ser utilizados em diferentes populações, independentemente das condições clínicas subjacentes, e possibilitam comparações da qualidade de vida de subgrupos com características diferentes. Contudo, nem sempre conseguem identificar mudanças na qualidade de vida relacionadas a modificações numa condição clínica específica. Já o utility-measures of quality of life deriva da teoria econômica de tomada de decisão sob incerteza (Jonh Von Neumann e Oscar Morgenstern, 1944). Esses instrumentos refletem as preferências dos indivíduos por um determinado estado de saúde ou tratamento, considerando diversas variáveis e cenários possíveis, desde a saúde perfeita até a morte. Os resultados obtidos são expressos em um único número que varia de zero a dez, numa escala contínua, na qual zero representa a morte e dez, um estado de saúde perfeita. O escore final das medidas de utility aponta não só o que a pessoa prefere em matéria de saúde, mas também o valor que atribui a esse estado. As medidas de utility são importantes para o cálculo dos anos de vida ajustado pela qualidade (quality-adjusted life years – QALYS), o que se emprega nas análises econômicas de custo-benefício e na elaboração de árvores de decisão. Entretanto, o valor final não fornece informações sobre os domínios considerados na avaliação da qualidade de vida. Já os instrumentos específicos servem para a análise de aspectos da qualidade de vida em uma determinada área de interesse, ou seja, podem ser específicos para estudar uma determinada doença, população ou função. A grande vantagem desses questionários é sua maior sensibilidade a mudanças na condição clínica do indivíduo, razão pela qual oferecem grande auxílio na avaliação de estratégias instituídas para 18 24/5/2010, 14:30 o tratamento de pacientes, tanto na prática clínica quanto em ensaios clínicos. Formas de administração Os instrumentos de avaliação da qualidade de vida podem ser administrados por entrevistadores treinados ou, então, ser autoadministrados. A aplicação por meio de entrevista confere uma melhor qualidade à coleta de dados, uma vez que garante que todas as questões sejam respondidas e diminui a quantidade de erros relacionada a fatores como interpretação da pergunta e/ou distração no momento de responder ao questionário. A forma autoadministrada, embora mais barata que a conduzida por entrevistador, aumenta a chance de questões não respondidas de maneira adequada por esquecimento ou distração do entrevistado. É claro que a supervisão do preenchimento do instrumento pode amenizar esses problemas. Uma alternativa a essas duas formas é a administração do questionário por telefone, que reduz a possibilidade de perda de dados, mas exige uma estrutura relativamente simples do modelo a ser aplicado. Algumas vezes, a aplicação dos instrumentos pode ser realizada via computador/ internet. A escolha do instrumento A opção por um ou outro questionário depende do objetivo de sua aplicação. Os instrumentos genéricos são mais adequados para documentar o perfil de saúde de uma população geral ou de um grupo de pacientes, considerando-se vários domínios da qualidade de vida, como capacidade funcional, saúde mental e aspectos sociais. Os resultados da avaliação podem ser úteis na comparação do perfil de saúde dos indivíduos estudados com o de outras populações ou grupo de pacientes, mesmo diante de condições clínicas distintas. Por conta disso, as ferramentas de avaliação da qualidade de vida têm sido cada vez mais utilizadas em ensaios clínicos para o estudo de novas opções terapêuticas, seja como medida de desfecho primário, seja como medida de desfecho secundário. Para essa finalidade, os instrumentos específicos têm se mostrado os mais adequados, pois apresentam sensibilidade maior a mudanças no estado clínico do paciente. Muitas vezes, os instrumentos genéricos também entram em ensaios clínicos, porém com o objetivo de complementar as informações sobre as alterações observadas na qualidade de vida dos pacientes com a terapêutica instituída. Uma vez comprovada a eficácia da intervenção em estudo, o interesse pas- sa a se concentrar em estimar o impacto do efeito do novo tratamento na qualidade de vida dos pacientes. Em seguida, é possível elaborar análises econômicas e modelos para a tomada de decisão, os quais auxiliam os gestores do sistema de saúde na avaliação da incorporação de novas tecnologias. Tradução, adaptação cultural e validação Definidos os objetivos da avaliação de qualidade de vida e feita a escolha do tipo de questionário, é preciso checar se o instrumento em questão foi elaborado em uma língua diferente. Se a versão original for de um outro idioma, deve-se verificar se foi traduzida e adaptada culturalmente. Ainda que o processo de tradução tenha sido realizado de forma adequada – tradução, back-translation –, antes de utilizar o instrumento há necessidade de realizar um teste de sua aplicação para assegurar que a versão obtida seja interpretada da mesma maneira que a original, ou seja, que haja equivalências semântica, idiomática, conceitual e gramatical entre as duas. A validade de um instrumento que mede qualidade de vida, por sua vez, depende de seu número de utilizações. Para garanti-la, portanto, é necessário que o questionário tenha sofrido novo processo de validação na língua para a qual ele foi traduzido. Convém ainda averiguar se o questionário depende de autorização prévia para ser utilizado, já que alguns requerem a obtenção de licença ou permissão, conforme a finalidade do uso. É uma boa prática, antes de iniciar quaisquer utilizações de instrumentos de qualidade de vida com fins de pesquisa, seja para tradução/adaptação cultural/validação, seja para ensaios clínicos ou outros propósitos, fazer contato com seus autores para obter a autorização por escrito, a fim de evitar problemas com consequências legais. Cada um sente a qualidade de vida de um jeito Vários estudos têm demonstrado que a saúde é um dos fatores mais importantes na elaboração do conceito de qualidade de vida, em grande parte influenciado pela definição da própria Organização Mundial da Saúde, que, em 1947, declarou que a saúde não se refere somente à ausência de doença, mas a uma sensação de bem-estar físico, mental e social – que, portanto, é muito pessoal. Até o momento, não existe um conceito único de qualidade de vida, mas é possível afirmar que ela consiste numa percepção individual do estado de saúde, avaliado em grandes domínios ou dimensões da vida, o que caracteriza sua face subjetiva e multidimensional. Mais um ponto a favor desses questionários. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd 19 19 24/5/2010, 14:30 Notas Confira os aprovados na prova do título 2010 É com grande satisfação que a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) divulga a relação de médicos aprovados na prova de suficiência para a obtenção do título de especialista em Reumatologia, aplicada nos dias 5 e 6 de março, em São Paulo. Contendo questões abrangentes dos diversos campos de atuação do reumatologista, a prova foi elaborada pela Comissão do Título de Especialista da SBR, presidida pela professora doutora Emília Inoue Sato (SP) e constituída pelos membros Alexandre Wagner S. Souza (SP), Cristina Costa Duarte Lanna (MG), Elisa Marins das Neves de Albuquerque (RJ), Fernanda Rodrigues Lima (SP), Jozélia Rego (GO), Nafice Costa Araújo (SP) e Ricardo Machado Xavier (RS). Neste ano, o concurso teve alguns diferenciais importantes, segundo a professora Emília. “A prova prática foi composta de duas partes: uma feita em computador, com imagens clínicas, histopatológicas, radiográficas, tomográficas e de ressonância, além de outras imagens radiológicas, e outra de discussão de casos clínicos”, conta. Nesses itens, os avaliadores corrigiram as respostas e deram as notas segundo um checklist, criado previamente pela comissão, no qual os candidatos tinham de comentar cada um dos aspectos listados ou a maioria deles, a fim de que a correção fosse a mais homogênea possível. O fato é que a prova está ficando cada vez mais desafiadora. Mais do que nunca, portanto, os aprovados merecem nossos parabéns! Os aprovados de 2010 • Alessandra Cardoso Pereira • Fernando Henrique Carlos de Souza • Aline Assaf Branco • Fernando Villela Andrigueti • Amir Sadalah Fakhouri • Flávia Soares Machado • Ana Cecília Diniz Oliveira • Francieli de Sousa Rabelo • Ana Letícia Pirozzi Buosi • Francisco Gustavo Mendes e Ferreira • Ana Luísa Garcia Calich de Araujo • Ana Luísa Vanalle Ferrari • Gisele Coelho Pacheco Cabral • Anna Lydia Mol Ferreira • Gisele Cristine Dyonísio Fernandes • Briele Keiserman • Giselle Baptista Maretti • Camila Lobo Pedroso • Glauce Leão Lima • Carina Mori Frade Gomes • Guilherme de Freitas Barcelos • Cássia de Fátima Monteiro Franchini • Juliane Mezetti Cunha • Christiane Aguiar Nobre • Karina Rossi Bonfiglioli • Christina Paesano Marques Garcia • Leandro Tavares Finotti • Cintia Zumstein Camargo • Letícia Martins Faleiros • Corina Quental de Menezes Alvarenga • Luciana Feitosa Muniz • Cristiane Junqueira de Carvalho • Luciano Junqueira Guimarães • Cristiane Mendes da Silva • Luiza Fuoco da Rocha • Daiana Martins de Campos • Marina Gonçalves Veras de Morais • Daniele Souza Freitas • Natália Pereira Machado • Dante Valderato Bianchi • Nilton Salles Rosa Neto • Danyele Mylena Lopes de Andrade • Osvaldo Antonio Haider Junior Azevedo Dias • Paula Miguel Lara • Davi da Costa Furtado • Renata Miossi • Débora Karine Marinello • Robson Luiz Dominoni • Deise Marcela Piovesan • Tatiane Galdino Leal Calumby • Fabrícia Santos de Melo Kobayashi • Vanessa Miranda Pereira • Felipe César Freire • Yadine Alcolumbre • Fernanda Manente Milanez BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 20 SBR10.pmd Dois momentos do título de especialista 2010: hora de os futuros reumatologistas prestarem a prova e hora de a comissão corrigir a prova. 20 24/5/2010, 14:30 Notas Temos novos especialistas também na área pediátrica Paralelamente à prova tradicional, a Sociedade Brasileira de Reumatologia e a Sociedade Brasileira de Pediatria comandaram o concurso para a obtenção do título de habilitação em Reumatologia Pediátrica, realizado na mesma ocasião, mas sob a coordenação de um grupo formado pelos professores Claudia Machado, Sheila Knupp, Maria Odete Hilário, Clóvis Artur Silva, Tereza Robazzi e Claudio Len (da esquerda para a direita na foto ao lado). Os aprovados foram: • Aline C. Fraga • Bruno L. Carneiro • Clarissa H. Omori • Gleice S. Silva • Luciene L. Campos • Melissa M. Fraga • Octavio Pracchi • Rodrigo M. Silva • Roberta T. Almeida • Taciana A. Fernandes • Vanessa Bugni Projeto Diretrizes avança e ganha novas adesões A Sociedade Brasileira de Reumatologia participou, nos dias 5 e 6 de março, de mais uma oficina do Projeto Diretrizes, uma iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina para conciliar informações da área médica com o objetivo de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. Em paralelo, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) concretizou, também no início do mês, mais uma etapa do acordo assinado em fevereiro do ano passado para implementar algumas das diretrizes já elaboradas. Na oportunidade, foram assinados termos de cooperação técnica com instituições hospitalares brasileiras que participam da ANS, destacando-se, entre elas, a Associação Nacional de Hospitais Privados. Atualmente, estão disponíveis as seguintes diretrizes para Reumatologia no site do projeto (http://www.projetodiretrizes.org.br/ novas_diretrizes_sociedades.php). Vale a visita! Vacina contra o vírus A/H1N1 é mais que bem-vinda entre reumáticos • • • • • • • • • • • • • • • Artrite reumatoide – diagnóstico e tratamento Diabetes mellitus: neuropatia Coluna vertebral: cirurgia com fixação dinâmica posterior Doença de Paget Escoliose idiopática no adolescente: instrumentação posterior Escoliose idiopática no adolescente: utilização de autoenxerto e homoenxerto no tratamento cirúrgico posterior Espondiloartropatias: espondilite anquilosante e artrite psoriásica Espondiloartropatias: outras artropatias Fibromialgia Lombalgias e lombociatalgias Lúpus eritematoso sistêmico – tratamento do acometimento cutâneo/articular Lúpus eritematoso sistêmico – tratamento do acometimento sistêmico Osteoartrite (artrose) – tratamento Osteoporose em mulheres na pós-menopausa Tromboembolismo venoso: profilaxia em pacientes clínicos (partes I, II e III) O lembrete ainda é válido: todos os pacientes que tenham doenças reumáticas crônicas e que estejam em uso de medicações imunossupressoras devem ser vacinados contra a gripe pandêmica H1N1. A imunização está contraindicada apenas para indivíduos com antecedente pessoal de doença desmielinizante, história de Guillan-Barrè, febre ou infecção ativa no momento da aplicação da vacina e alergia ao ovo, em decorrência do risco de reação anafilática. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd 21 21 24/5/2010, 14:30 Notas Especialistas discutem novas recomendações para a abordagem das espondiloartrites De 25 a 27 de março, a cidade de São Roque, no interior de São Paulo, reuniu 30 reumatologistas do Registro Brasileiro de Espondiloartrites (RBE), da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e do Registro Ibero-Americano de Espondiloartrites (Respondia) para a 2ª Revisão do Consenso Brasileiro de Espondiloartrites e para o 1º Encontro do Registro Brasileiro de Espondiloartrites. Na oportunidade, os participantes discutiram a padronização da avaliação clínica e radiográfica das espondiloartrites, as recomendações para o diagnóstico clínico e por imagem dessas condições e o tratamento da espondilite anquilosante e da artrite psoriásica. Além disso, todos receberam orientações e assessoria estatística para a melhor caracterização e definição dos resultados do RBE. As conclusões do encontro serão divulgadas pelo Projeto Diretrizes, coordenado em parceria com a Associação Médica Brasileira. Acompanhe. RBE Dr. Percival D. Sampaio-Barros (coordenação nacional) Dr. Célio Roberto Gonçalves (SP) Dr. Eduardo de Souza Meirelles (SP) Dr. Marcelo Medeiros Pinheiro (SP) Dra. Sônia Anti Loduca Lima (SP) Dr. Rubens Bonfiglioli (SP) Dra. Rita de Cássia Menin (SP) Dr. Nocy Leite (RJ) Dra. Sueli Coelho da Silva Carneiro (RJ) Dr. Washington Alves Bianchi (RJ) Dra. Elisa das Neves Albuquerque (RJ) Dr. Marco Antonio Parreiras de Carvalho (MG) Dra. Elizandra Polito (MG) Dra. Maria Bernadete de Oliveira Gavi (ES) Dra. Caroline Xavier (RS) Dr. Charles Kohem (RS) Dr. Ivânio Alves Pereira (SC) Dr. Valderílio Feijó Azevedo (PR) Dra. Telma Larocca Skare (PR) Dr. Antonio Carlos Ximenes (GO) Dr. Izaías Pereira da Costa (MS) Dra. Hellen Mary da Silveira de Carvalho (DF) Dr. José Antonio Braga da Silva (DF) Dr. Mittermayer Santiago (BA) Dra. Geisa Maria Leal (CE) Dr. Walber Vieira (CE) Dra. Ângela Duarte (PE) Dra. Maria de Fátima L. da Cunha Sauma (PA) Dra. Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro (AM) Dr. Cristiano Barbosa Campanholo (SP) SBR Dra. Ieda Maria Laurindo (presidente) Dr. Eduardo Borba (diretor científico) Dr. Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro (presidente eleito) Ana Maria (secretária) Adriana B. Bortoluzzo (estatística) Respondia Dr. Eduardo Collantes-Estevez (Regisponser – Espanha) Dra. Janitzia Vazquez-Mellado (Respondia – México) BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 22 SBR10.pmd Quem participou das discussões 22 24/5/2010, 14:30 Notas Rubem Lederman recebe título de professor emérito durante o Congresso Português de Reumatologia Durante a solenidade de abertura do Congresso Português de Reumatologia, que ocorreu de 7 a 14 de abril, em Funchal, na Ilha da Madeira, o reumatologista Rubem Lederman tomou posse como professor emérito, título que lhe foi outorgado pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia. Atualmente presidente executivo da Federação Nacional de Pacientes com Osteoporose e membro do board da International Osteoporosis Foundation, Lederman tem uma vasta lista de contribuições à especialidade. Já presidiu a Sociedade Brasileira de Reumatologia e a Sociedade Brasileira de Osteoporose, assim como a edição do Congresso Mundial de Osteoporose que foi realizada no Brasil, em 2004. Muito oportuno o reconhecimento! O professor emérito Rubem Lederman entre os brasileiros que testemunharam a homenagem: Marcia Sion e Ângela Brakarz (à esquerda) e Ieda Laurindo, presidente da SBR, Geraldo Castelar Pinheiro e Maria de Fatima Castro (à direita). Instrumento para avaliação funcional e banco nacional de dados: vêm aí boas-novas sobre a fibromialgia Recentemente, o Fibromyalgia Impact Questionaire (FIQ) foi reformatado e publicado por Robert M. Bennett e colaboradores (Arthritis Res Ther. 2009;11(4):R120). Pela importância desse questionário para a avaliação funcional dos indivíduos com fibromialgia, o Comitê de Fibromialgia, Dor e Outros Reumatismos de Partes Moles da Sociedade Brasileira de Reumatologia iniciou a revalidação do instrumento para a língua brasileira, já tendo, inclusive, obtido a autorização expressa de Bennett. Paralelamente a esse trabalho, o comitê está finalizando a formatação de um software próprio para a construção de um banco de dados nacional de pacientes com fibromialgia. Para participar da iniciativa e receber mais informações a respeito, entre em contato com Roberto Heymann pelo e-mail [email protected]. Esse é um projeto da SBR e, portanto, um projeto todo seu. Participe! Sociedade de Medicina de Pernambuco homenageia professora da UFPE No último dia 13 de abril, a professora doutora Ângela Pinto Duarte, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), recebeu uma justa homenagem da Sociedade de Medicina de Pernambuco – a Medalha do Mérito Maciel Pinheiro. Esse reconhecimento se destina a homenagear os três médicos que mais se destacam na medicina, no ensino e na ética profissional. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2010 SBR10.pmd 23 23 24/5/2010, 14:31 SBR10.pmd 24 24/5/2010, 14:31