Farmacêuticos - Ordem dos Farmacêuticos de Angola

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Ordem dos
Farmacêuticos
ANGOLA
REVISTA da
de
Trimestral | Ano 2
Número 6/7
ABR-SET 2015
Director:
Boaventura
Moura
6 e 7 de Outubro de 2015 · Hotel de Convenções de Talatona · Luanda
Coreia país convidado de honra
Alto patrocínio:
Organização:
Inclui o Programa e Catálogo
Nutrição parentérica:
o papel do farmacêutico
A nutrição parentérica consiste na
administração total ou parcial, por
via intravenosa, dos nutrientes
necessários à sobrevivência do
paciente. A inclusão do serviço
de nutrição parentérica dá um
contributo valiosíssimo à prestação
de cuidados de saúde de qualidade
e ao desenvolvimento da farmácia
hospitalar. | Pág.9
Quais os principais
problemas relacionados
com os medicamentos?
A prescrição de antipalúdicos
aos pacientes do hospital
Josina Machel
Os aspectos mais importantes a considerar nos medicamentos, as reacções
adversas e os erros de medicação. Como
estabelecer uma estratégia e objectivos
quando há suspeitas de problemas relacionados com medicamentos? Constitui
uma oportunidade de revisão e melhoria
das intervenções dos profissionais de
saúde? Reveja o essencial. | Págs. 15 a 18
O uso não adequado dos antipalúdicos pode
levar, entre outros problemas, ao incremento
da resistência e à ocorrência de reacções
adversas. Com o objectivo de avaliar a
qualidade de prescrição de antipalúdicos,
realizou-se um estudo observacional em
pacientes internados no Hospital Josina
Machel com diagnóstico confirmado
de malária. | Págs. 19 a 22
2
| Revista da
Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Abril/Setembro
2015
Revista da Ordem dos FarmacêuticosJaneiro/Março
de Angola2014
|3
Editorial
Índice
Índice
Boaventura Moura
Bastonário e Presidente do Conselho Nacional
Bem-vindos à II Semana
da Farmácia Angolana
Eventos
II Semana da Farmácia Angolana e Expo Farma
É já no início de Outubro que tem lugar a mais importante realização anual da OFA: a Semana da Farmácia Angolana. A segunda edição de um
evento que reúne toda a classe farmacêutica de Angola e convidados dos
países de língua portuguesa para debaterem as grandes questões que se
colocam à profissão. Um programa científico de excelência e um salão
profissional simultâneo mostram o vigor e a determinação dos farmacêuticos e da sua Ordem. | Págs. 4 a 8 e 10/11
Conselho Farmacêutico
Estimados colegas,
Nutrição parentérica: o papel do farmacêutico
É
É com muita alegria e satisfação que o/a acolhemos na II Semana da
Farmácia Angolana – o fórum e ponto de encontro dos farmacêuticos,
técnicos de farmácia e outros profissionais de saúde ligados ao medicamento e sector farmacêutico em Angola, este ano sob o lema “Acesso
a farmacêuticos é acesso a medicamentos eficazes, seguros e com qualidade".
O programa visa actualizar os nossos conhecimentos, partilhar experiências e debater as grandes questões que se colocam ao sector farmacêutico, à nossa farmácia angolana, à profissão farmacêutica e à
saúde em geral, reforçando o compromisso do farmacêutico angolano
para com a excelência na prestação de cuidados e serviços de saúde ao
utente e à população no seu todo, ao mesmo tempo que fortalece a nossa classe e desempenho profissional. Por essa razão, mantivemos e reforçámos a qualidade das nossas conferências, mas ampliámos também a nossa oferta através dos cursos pré e pós conferência, ao mesmo
tempo que alargámos a oferta disponível aos nossos alunos finalistas de
Ciências Farmacêuticas - um compromisso OFA.
Esta segunda edição conta com a Coreia como país convidado de honra,
pelo que teremos também a oportu- "A caminho da
nidade de conhecer as experiências
da evolução rápida deste país na área internacionalização:
da saúde em geral, e farmacêutica este ano contamos
em particular.
Para além do programa integral da II com a participação
Semana da Farmácia Angolana, po- da Coreia como país
de ler ainda nesta edição da sua revisconvidado de honra"
ta um artigo sobre a adequação da
prescrição de antipalúdicos aos pacientes do hospital Josina Machel,
uma matéria sobre a comunicação
em saúde, mais um caso de sucesso nas farmácias angolanas e a habitual Folha Farmacoterapêutica que analisa os principais problemas
relacionados com os medicamentos. Na coluna Conselho Farmacêutico veja a matéria sobre nutrição parentérica. No espaço regulamentar
encontra a continuação das bases gerais da política nacional farmacêutica - um diploma que devemos ter sempre presente.
Saudações farmacêuticas e aquele forte e caloroso abraço galénico!
“
Ficha Técnica
Propriedade:Ordem dos Farmacêuticos de Angola | Director:Boaventura Moura | Conselho editorial: João
Novo, Helena Vilhena, Pedro Zangulo e Santos Nicolau | Endereço: Rua Kwame Nkrumah, nº 52 / 53, Maianga,
Luanda, Angola. Tel.: (+244) 935 333 709 / 912 847 892 | E-mails: [email protected] [email protected]
| Web site:www.ordemfarmaceuticosangola.org | Editor: Rui Moreira de Sá - Marketing For You, Lda / Jornal da
Saúde www.marketingforyou.co.ao | Redacção: Cláudia Pinto; Francisco Cosme; Magda Cunha Viana | Marketing e publicidade: Eileen Barreto Tel.: (+244) 945046312 / 928013347 e-mail: [email protected] | Periodicidade: trimestral | Design e maquetização: Fernando Almeida | Impressão e
acabamento:EAL - Edições de Angola | Tiragem:3.000 exemplares
A nutrição parentérica consiste na administração total ou parcial, por via
intravenosa, dos nutrientes necessários à sobrevivência do paciente. A inclusão do serviço de nutrição parentérica dá um contributo valiosíssimo
para a prestação de cuidados de saúde de qualidade e para o desenvolvimento da farmácia hospitalar. | Pág. 9
Comunicação
Como deve o farmacêutico comunicar com o cliente
Cabe ao farmacêutico incentivar a adesão à terapêutica, entre outros aspectos fundamentais na área da comunicação e aconselhamento ao
doente, promovendo a sua segurança e conforto. | Págs. 12 a 14
Folha Farmacoterapêutica
Quais os principais problemas relacionados
com os medicamentos?
Os aspectos mais importantes a considerar nos medicamentos, as
reacções adversas e os erros de medicação. Reveja o essencial. | Págs. 15 a 18
Investigação
A prescrição de antipalúdicos aos pacientes
do hospital Josina Machel
O uso não adequado dos antipalúdicos pode levar, entre outros problemas, ao incremento da resistência e à ocorrência de reacções adversas,
com desfavorável repercussão para os pacientes e para o sistema de
saúde. Com o objectivo de avaliar a qualidade de prescrição de antipalúdicos, realizou-se um estudo observacional, descritivo e transversal, em pacientes internados no Hospital Josina Machel com diagnóstico confirmado de malária. Saiba quais foram as conclusões. | Págs. 19 a 22
Reportagem
Casos de sucesso de farmácias em Angola
Os jornalistas da OFA continuam a sair à rua e a visitar as farmácias,
procurando conhecer e relatar os bons exemplos. Nesta edição encontraram mais um caso de êxito bem no centro de Luanda. Saiba qual a estratégia por detrás do bom desempenho dos profissionais. | Pág. 23
Formação
A pele do adolescente, os cuidados diários
e o drama da acne
Cuidados de hidratação e limpeza a ter no quotidiano. | Págs. 24 e 25
Espaço Regulamentar
As bases gerais da política nacional farmacêutica
As bases gerais da política nacional farmacêutica foram definidas pelo
Decreto Presidencial n.º 180/10, de 18 de Agosto. Pela sua magna importância, a Revista OFA iniciou a sua publicação na última edição. Neste
número, publicam-se os capítulos referentes ao abastecimento de
medicamentos e meios médicos, à produção nacional de medicamentos
e garantia de qualidade dos produtos farmacêuticos. | Págs. 26 a 28
Crónica do exterior
Encontros internacionais
A reunião anual do Conselho do Colégio de Especialidades de Assuntos
Regulamentares da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal. | Pág. 30
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Eventos
Abril/Setembro 2015
6 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Eventos
Abril/Setembro 2015
8 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Eventos
Abril/Setembro 2015
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 9
Abril/Setembro 2015
Conselho Farmacêutico
Nutrição parentérica:
o papel do farmacêutico
Dr.ª Helena Vilhena
Dr.ª Lucinda Figueiredo
A estrutura e os serviços da farmácia hospitalar
sofreram inúmeras transformações nas últimas décadas. A farmácia hospitalar, como integrante do
ambiente hospitalar, possui acções avaliadas num
processo de acreditação hospitalar por meio dos
serviços prestados e de acordo com a complexidade do hospital. A inclusão do serviço de nutrição
parentérica contribui para a acreditação, dando
um contributo valiosíssimo para a prestação de cuidados de saúde de qualidade e para o desenvolvimento da farmácia hospitalar. Esta actividade envolve uma perfeita integração profissional entre a
equipa: farmacêutica, médica, enfermagem e nutricionistas.
A nutrição parentérica consiste na administração total ou parcial, por via
intravenosa, dos nutrientes A nutrição
necessários à sobrevivência parentérica
do paciente. Ela está indicaconsiste na
da nos casos em que a alimentação oral não é possí- administração
vel ou é indesejada, quando total ou
a absorção de nutrientes é parcial, por via
incompleta e, principal- intravenosa,
mente, quando as condi- dos nutrientes
ções acima estão associanecessários à
das ao estado de desnutrição. Os requisitos estrutu- sobrevivência
rais, ambientais, físicos do do paciente.
serviço de nutrição parentérica e as boas práticas de
manipulação são fundamentais para a garantia da qualidade da nutrição
parentérica.
O profissional farmacêutico é responsável pela
manipulação das nutrições parentéricas devido,
principalmente, à sua formação académica que
lhe confere habilidade para: seleccionar, adquirir,
armazenar e distribuir, criteriosamente, os produtos necessários para a preparação da nutrição parenteral; seleccionar e qualificar fornecedores que
assegurem a entrega dos produtos acompanhados
do certificado de análise emitido pelo fabricante;
avaliar a formulação da prescrição médica quanto
à adequação, concentração e compatibilidade físico-química e esterilidade; determinar prazos de
validade para cada nutrição parenteral padronizada, com base em critérios rígidos de controlo de
qualidade; assegurar que os rótulos da nutrição parenteral sejam claros e que seja feita a recolha correcta da amostragem da nutrição parenteral para
análise microbiológica; participar de estudos de
farmacovigilância com base em análise de reacções adversas e interacções fármaco-nutriente e
nutriente-nutriente, a partir do perfil farmacoterapêutico registado; participar, promover e registar as actividades de formação operacional e de
educação continuada, garantindo a actualização
de todos os profissionais envolvidos na preparação
para garantir a competência técnica da equipe de
trabalho.
Além das actividades de supervisão na manipulação das formulações e controle de qualidade, o
farmacêutico participa no acompanhamento clínico do paciente, juntamente com a equipa multidisciplinar.
A comunicação é fundamental nas relações entre o farmacêutico-paciente e o farmacêutico e os
demais profissionais de saúde, para a condução de
uma orientação técnica que traga benefícios à terapia nutricional.
A implantação do serviço do serviço de nutrição
parentérica significa um avanço na abordagem farmacêutica a nível da farmácia hospitalar, promovendo uma perfeita integração do farmacêutico
com a restante equipa envolvida no processo.
Referências bibliográficas
1.Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar/Maria José Vasconcelos do Magalhães Gomes, Adriano Max Moreira Reis. – 1. Ed. São
Paulo: Editora Atheneu, 2001
2. Nutrição parentérica em pediatria – Abordagem e experiência farmacêutica fonte:http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAy1gAJ/central-misturaintravenosa#ixzz20EhSccX7
3.Nutrição parentérica fonte: http://www.infarmed.pt/formulario/navegacao.php?paiid=197
4.http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/670/atuacao-do-farmaceutico-hospitalar-na-equipe-multidisciplinar
5.http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&categoria=5&id=149
10 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Abril/Setembro 2015
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equipamentos médicos Empresa representada:Balaxi Produtos:Boadent desinfetante bucal, Reality
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Rua João de Deus, 19, Amadora Tel.:+(244)940904064
/+(244)916660404 E-mail: [email protected]
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farmacêuticos.
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Rua Salvador Allende, 64, 1º Esq., Luanda Telefone:
921106296 E-mail: [email protected]: Paula Guerreiro Actividade:indústria farmacêutica, comércio de medicamentos Produtos: medicamentos
anti-infecciosos, aparelho cardio-vascular, aparelho
digestivo, aparelho locomotor, sistema nervoso central, aparelho geniturinário, medicação anti-alérgica,
medicamentos não sujeitos a receita médica, dispositivos médicos. Empresas representadas:BLUEPHARMA GENÉRICOS, SA; BLUEPHARMA INDÚSTRIA, SA
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Via Expresso, sentido Viana, Km 1,5, Luanda
Tel.:938219722 E-mail:globomedica.angola @hotmail.com Contacto:Amélia Armada, Suzana Santos
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Produtos: fraldas, equipamento hospitalar.
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Rua Dr. Américo Boavida, 131-133, Ingombota, Luanda Tel.:915170883 Fax:222334461
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Actividade:fabricação e comercialização de especialidades farmacêuticas Produtos:Baldacci, Lauroderme.
n FARMALOG
Povoação do Musseque, Kikoca, Comuna Barra do
Dande, Província do Bengo Tel.:929205842E-mail:
[email protected] Contacto: Sónia Pacheco
web:www.farmalog.co.ao Actividade:importação e
distribuição de medicamentos Empresas representadas:NBC MEDICAL, SANOFI AVENTIS, ASTRA
ZENECA, BIAL, BAYER HEALTHCARE, BLUEPHARMA, TECNIFAR, MSD, MEDINFAR, MEDTRONIC
Produtos:distribuição de medicamentos e outros
produtos da área da saúde, representação de marcas,
medicamentos, dispositivos médicos
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Av. D. João II, nº 44 C - 1º B, Lisboa
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supositórios, suspensão oral; Dol-u-ron cápsulas,
comprimidos; Tram-u-ron cápsulas, comprimidos;
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FARMACÊUTICA, LDA.
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Rua da Maianga, 26 A, Luanda Tel.: 925488000
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Rua Assalto Moncada, 14, Luanda Tel.: 931534915
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BETER, PHILIPS AVENT, NUK Marcas: Avène, ADerma, Ducray, Elgydium, Butix, Klorane, Pedi-Relax,
Elancyl, Uriage, Lierac, Pedialac, Beter Farmacy, Beter
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maquilhagem, puericultura e acessórios, sexualidade
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n LABCONCEPT
Rua Joaquim da Graça, nº 94, Bairro Azul, Luanda
Tel.: 932730724 E-mail: [email protected]
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co.ao Actividade: distribuição e importação Empresas representadas:ATLANTICONCEITO,
HVNKAR, FRESENIUS, CLETRAINING Marcas: Nimo, Fresubin Produtos:medicamentos, nebulizadores, alimentação entérica, formação.
n LABOREX
Rua do CFA 1º, 3-5, Bungo, Luanda Tel.: 938777318 Email:[email protected] Contacto: Jean Yves Richard Actividade: distribuição de
produtos de saúde Empresas representadas: DAFRA PHARMA, DENY PHARMA,INOTECH INTERNATIONAL, GSK, MEDINFAR, MSD, SANOFI Produtos: medicamentos de especialidade, medicamentos
Abril/Setembro 2015
genéricos, medicamentos de venda livre, produtos
dermocosméticos, consumíveis hospitalares, medicamentos hospitalares, alimentação parenteral.
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Rua do Chinguar, Bairro Benfica, Luanda Tel.:
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E-mail: [email protected] Contacto: António
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Rua Frederico George, nº 39, 7º piso, fracção A/I, Lisboa Tel.:+(351)915253512 E-mail:monica.silva
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Web:www.maxud-internacional.com Actividade:
intermediação, importação, exportação e venda de
produtos farmacêuticos e cosméticos Empresas representadas: APOTHEKE, CORINE DE FARME,
EVIAN, HYGIE´NET, KILLYS, PLACEMATRIX, SARO
BABY, SARO CLASSIC, URGO Marcas: Pedirelax,
Dim, Optrex, Listerine, Pic Solution, Fuss Frisch, Ky,
Hansaplast, Megared, Arkocápsulas, Avène, A-derma,
Elancyl, Lierac, René Furterer, Klorane, Ducray, Chicco, Dodot, Lauroderme, Johnson’s, Milupa, Medela,
Lustine, Blédina, Elgydium, Oral B, Fluocaril, Reach,
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Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 11
ção de alimentos infantis, medicamentos e cosméticos Produtos:Nutribén – alimentação infantil; Interapothek – cosméticos infantis e adultos, mobiliário
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medicamentos Produtos:medicamentos, produtos
hospitalares, produtos de higiene pessoal
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FARMACÊUTICA ANGOLANA, SA
Expositor e Patrocinador Platina
Rua Marien N’Gouabi, nº 45, Maianga, Luanda Tel.:
222326440/ 927491328/931535653 E-mail:[email protected] Contacto: Filipe Cigarro
Web: www.socifarma.com Actividade:importação,
distribuição e logística farmacêutica Produtos:medicamentos, consumíveis e equipamentos hospitalares, material de ortopedia ligeira e pesada, dermocosmética e higiene corporal, produtos de puericultura
ligeira e pesada, testes de diagnóstico rápido, produtos de alimentação e higiene infantil, material de hospitalização domiciliária, medicamentos veterinários,
alimentação animal, acessórios para animais de pequeno, médio e grande porte.
n SOUTHMED – DISTRIBUIÇÃO
E LOGÍSTICA, LDA.
Rua do Mat, 372, Talatona, Luanda Tel.: 936961005
/993460867 E-mail: [email protected]/
mariofilipe.goncalves @gmail.com Contacto:Mário
Gonçalves, Aires Guilherme Actividade:importação
e distribuição de medicamentos Marcas:MARVIS,
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www.tecnosaude.net Actividade:formação, consultoria e apoio à indústria farmacêutica Produtos:formação para farmácias e outras unidades de saúde,
consultoria de gestão, apoio à indústria farmacêutica.
12 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Abril/Setembro 2015
Comunicação
Como o farmacêutico deve
comunicar com o cliente
Uma das tarefas mais
importantes da prestação de cuidados
de saúde é a promoção da segurança e
do conforto daqueles que sofrem por
causa da doença, pelo que é necessário
fornecer ao doente
explicações sobre a
doença e a melhor
forma de lidar com
ela.
Daí que o comportamento do
farmacêutico e seus colaboradores tenha que ser de grande
pragmatismo quanto ao desempenho da sua função. Na realidade, cabe aos farmacêuticos incentivar a adesão à terapêutica
instituída pelo médico, pelo que
é fundamental, no exercício da
sua atividade laboral, ter um
adequado comportamento comunicacional no tocante às relações com outros profissionais
de saúde, em especial o clínico.
Cabe assim ao farmacêutico
uma função de inegável importância, dada a sua posição privilegiada no contexto do circuito
do doente no sistema de saúde,
considerando que constitui o último contacto do doente antes
de iniciar uma terapêutica que,
em larga maioria, é efectuada
com recurso a medicamentos. A
proximidade de relação com o
doente, já que em muitas circunstâncias este frequenta assiduamente a mesma farmácia,
pode propiciar uma importante
ajuda ao médico no sentido de
serem dados contributos significativos quanto à inserção social e cultural do paciente.
Boa abordagem
Da mesma forma que um
bom acolhimento se torna relevante para uma boa comunicação com o cliente, é imprescindível que a equipa utilize uma boa
abordagem.
Assim, expressões como "O
que é que quer?", "Diga lá ... ", devem ser substituídas por "Em
que posso ser-lhe útil", "Tenha a
amabilidade de dizer", já que estas palavras transmitem uma
forma mais educada de comunicação, e toda a gente aprecia ser
correctamente tratada.
No caso de existir um sistema
de chamada de vez (ordenação
de pessoas em fila de espera), é
aconselhável não chamar ninguém pelo número, mas com
um "quem está a seguir por favor", tal como, quando se pretende perguntar ao cliente, no
decurso do atendimento, se
quer levar mais alguma coisa, ao
invés do tradicional " ... e mais
por favor" ou "mais alguma coisa?", utilizar expressões como
"vai pretender algo mais" ou "deseja mais algum produto?".
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 13
Abril/Setembro 2015
A gestão da comunicação
corrente
Um aspecto que habitualmente concorre para a percepção, por
parte do cliente, de um serviço eficaz , é seguramente a forma como
se comunicam alguns aspectos.
Por exemplo, quando não existe
em stock um medicamento que o
cliente necessita, deve-se referir
"De momento não disponho do
produto X. Se necessita urgentemente, posso arranjá-lo para as Y
horas", ou "O produto que é solicitado pelo seu médico(a) está em
falta. Vou tentar saber se o consigo
encomendar para as Z horas: fazlhe diferença voltar a essa hora?".
Um dos aspectos que se deve procurar gerir com eficácia é facultar
ao cliente uma informação correcta e concreta, sem ambiguidades.
Desta forma, em situações em
que não haja o produto em stock,
dever-se-á dizer de imediato ao
cliente que está esgotado no mercado, caso exista essa informação
actualizada. Caso se verifique que
é uma falta pontual na farmácia, é
aconselhável a gestão da encomenda do produto de acordo com
as necessidades do cliente. Se se
tratar de um caso urgente, a alternativa será ligar para uma farmácia próxima com quem habitualmente exista troca de produtos.
Caso isso não seja possível, deverse-á solicitar ao fornecedor que faça uma entrega dentro do prazo
pretendido. O facto de procurar
resolver de imediato o problema
do cliente, não só é fundamental
para este ter uma maior percepção da eficácia do serviço da farmácia, como igualmente permite
ao farmacêutico poder confirmar
de imediato a entrega do produto
e comprometer o cliente a vir buscá-lo.
A comunicação nestas situações deve ser feita em tom cordato, não forçando o cliente a aceitar
nada, mas informando-o sobre as
opções para o satisfazer. A resolução de uma situação deve fazer
parte da conduta ética e profissional do farmacêutico, pois contribui para a melhoria do estado de
saúde das populações que serve e
somente para a comercialização
de medicamentos e outros produtos.
Causas de má comunicação
Comunicar é também aceitar
o nosso interlocutor na sua globalidade, independentemente do
seu sexo, raça, idade, preferência
sexual ou estatuto social, procurando reconhecer em que aspectos as opiniões convergem, bem
como identificar os pontos de discórdia.
Por esta razão, emitir uma
mensagem clara pressupõe o conhecimento das razões que presidem à sua génese, a compreensão
da existência de diferentes pontos
de vista e a modulação da comunicação em função do interlocutor de forma a assegurar o impacto final dessa mesma mensagem.
Embora se possa reconhecer
maior ou menor facilidade de expressão num determinado indivíduo, a comunicação é algo que se
apura em função da utilização de
determinadas técnicas.
Para se perceber até que ponto
são relevantes o seu emprego, repare-se nas causas que mais frequentemente afectam a comunicação, no decurso de um atendimento:
Receio do envolvimento pessoal - Certas expressões, quando
mal usadas provocam retração no
cliente. Por exemplo em vez de se
dizer "Pode comprar o artigo X
que melhorará após uma toma de
y dias" deveria optar-se por "Eu
aconselho o artigo X e estou certo
que após uma toma de y dias, sentir-se-á melhor”.
Serviço executado contra-relógio- O serviço de atendimento e o
aconselhamento associado não
devem ter como pressuposto a rapidez de execução. Os clientes são
também, na grande maioria,
doentes que, como tal, precisam
de atenção, mesmo nas horas de
maior afluxo.
Espaço inadaptado às exigências actuais- A farmácia deve ser
um espaço onde se possa falar
Melhorar a
capacidade
de escuta
Observar para
uma escuta objectiva
Ser atento ao desenrolar do estado de
saúde dos clientes é algo que deve fazer
parte das competências de um técnico
superior de saúde. Numa farmácia,
pela frequência de visitas por parte da
população, é relativamente fácil à
equipe técnica aperceber-se de alterações nos clientes, devendo por isso,
não só estar atenta à automedicação
efectuada pelos mesmos, que em
muitas situações é desadequada e mascara os sinais da doença, como igualmente conduzir a conversação de forma a conhecer mais profundamente as
causas da eventual patologia, e assim
poder orientar mais convenientemente o tratamento, ganhando simultaneamente a confiança do cliente.
Colocar o corpo em
posição de escuta
Naturalmente que, para escutar, precisamos de ouvir, pelo que a posição do
corpo tem, não só de refletir predisposição para o acto (com o tronco
ligeiramente inclinado para a frente, a
cabeça inclinada, os braços ao longo do
corpo ou repousando sobre o balcão),
como igualmente se deve promover
uma predisposição especial, com o
olhar direccionado para o cliente, sem
naturalmente o fixar exageradamente,
o que o poderá tornar menos acolhedor. As palavras devem ser proferidas
em tom baixo, mas de forma clara e audível.
Estar atento às particularidades linguísticas
Cada pessoa utiliza no decurso da sua
comunicação como que uma linguagem própria, com determinado
tipo de vocabulário e referências culturais particulares. Deve-se procurar
detectar rapidamente tais particularidades e utilizar referências semelhantes no decurso da conversação,
pois facilitará bastante o entendimento.
14 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Abril/Setembro 2015
Comunicação
sem elevar a voz e em ambiente de
intimidade. O espaço deve ser
portanto concebido em função da
dimensão da relação humana que
se pretende estabelecer, quer com
os clientes, quer com os próprios
colaboradores.
Linguagem inapropriada- O estar no mesmo "comprimento de
onda" do cliente é fundamental
para se transmitir uma mensagem. Deve-se pois utilizar uma linguagem simples e de fácil compreensão, mesmo que isso signifique ter de recorrer a expressões
populares ou sem carácter técnico.
Curiosidade - Colocar questões
que entram na intimidade do
cliente sem ter justificação ou permissão do mesmo, é algo que seguramente condiciona a evolução
da relação. Por isso deve-se deixar,
dentro do possível, ser o cliente a
escolher a direcção que pretende
dar à conversação.
Desumanidade- Independentemente de se ser profissional de
saúde é-se igualmente, e em primeiro lugar, um ser humano. Ninguém se deve alhear deste facto,
pois só assim será possível ganhar
a confiança do cliente.
Demissão- Escutar e compreender o interlocutor sem abandonar
a própria opinião, mesmo que isso
signifique dizer não às suas críticas, é algo que deve fazer parte da
postura do farmacêutico, enquanto profissional.
Rotina - O quotidiano laboral gera por vezes situações de acomodação que são totalmente contrárias ao espírito de missão que
deve nortear a profissão. Deve-se
lutar contra a inércia que se tende a estabelecer no seio da organização e ter suficiente motivação para servir quem mais precisa: o cliente.
Saber escutar
Quarenta por cento do tempo
da vida de um farmacêutico é dispendido a escutar. Provavelmente mais no caso de um farmacêutico comunitário. Naturalmente
que o receptor tem uma posição
activa na comunicação interpessoal. Da qualidade da sua escuta
depende igualmente o sucesso ou
insucesso deste processo.
A escuta tem dois objetivos:
descortinar o mais apuradamente possível o pedido efectuado
pelo cliente (de forma verbal e
não verbal) e demonstrar a este a
disponibilidade e interesse para
resolver a situação.
Para se saber escutar tem de
existir uma condição mental adequada, ou seja, manifestar um
comportamento e atitudes voluntárias.
O comportamento
preliminar de escuta
Existem seguramente algumas
circunstâncias que permitem melhorar a escuta, nomeadamente:
- Reconhecer o outro como
portador de uma mensagem.
Significa ter a percepção do tipo
de necessidades e expectativas de
quem procura.
Talvez já lhe tenha acontecido
entrar numa casa comercial e existir um funcionário que, após algum tempo de espera e observação do seu comportamento, o
aborda simpaticamente e parece
adivinhar o que quer. Compreenderá facilmente que tal atitude gera uma enorme fidelização do
cliente e que haverá uma predisposição suplementar para este se dar
mais a conhecer ao dito funcionário. Numa farmácia, em que os
problemas dos clientes assumem
porventura uma dimensão ainda
mais intimista, é fundamental que
tal postura exista e se promova inclusive o seu desenvolvimento no
seio da equipe técnica.
- Permanecer "aberto", pois a escuta exige uma primeira recepção da mensagem, sem qualquer
julgamento a priori. O aspecto, raça ou etnia, linguagem e idioma
não devem influenciar a forma
como os farmacêuticos e seus colaboradores encaram a sua missão social e muito menos pautam
a sua intervenção profissional.
- Conhecer-se a si mesmo, já
que a capacidade de escuta dos
receptores está ligada a factores
pessoais. Os problemas e desordens dos clientes podem encontrar um eco particular, já que os
receptores têm as próprias dificuldades e limites, tendo assim de
saber gerir todas as solicitações,
inclusivamente aquelas que são
provenientes de contextos desfavoráveis à escuta. O cliente irritado, de mau humor e fatigado, é
sempre um interlocutor mais
complexo de servir.
Adaptado de: Aguiar, António Hipólito.
Boas Práticas de Comunicação na Farmácia – Guia de acção para o sucesso. Hollyfar;
Lisboa, 2014
Abril/Setembro 2015
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 15
Folha Farmacoterapêutica
Órgão informativo
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL
DE MEDICAMENTOS E EQUIPAMENTOS
CINFARMA– Centro de Informação Farmacêutica no
Departamento de Farmacovigilância
DNME/MINSA
ANO 0 Nº 6 Abril a Junho de 2015
MENSAGEM
DE ABERTURA
Todo o nosso esforço tem um
único objectivo: proporcionar-lhe, a si e à sua família,
melhores dias. Com o seu
apoio e amizade atingimos
grandes metas, e outras nos
esperam. Sentimo-nos realizados com a sua alegria,
prosperidade e felicidade,
bem como com a valorização
da nossa profissão.
Nós acreditamos que é
preciso acreditar.
Nós acreditamos que só acreditando é possível construir.
Nós acreditamos que só
construindo conseguiremos
vencer.
Nós acreditamos na nossa
profissão. Em si.
Por isso, apresentamos-lhe
mais um feito farmacêutico
que gostaríamos que fizesse
parte do seu quotidiano laboral, para a sua actualização
profissional. Pedimos-lhe que
contribua para a sua
melhoria.
Esta Folha Farmacoterapêutica estará sempre presente
nesta sua Revista da OFA.
Abrace esta causa.
O Director Nacional
Boaventura Moura
QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS
RELACIONADOS COM OS MEDICAMENTOS?
Introdução
A partir da década de 40 (século XX), o uso de fármacos em
larga escala foi acarretando uma preocupação em relação
à utilização de medicamentos 1,2. Em 1985, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) definiu o uso racional de medicamentos como sendo “o emprego de medicamentos apropriados para a situação clínica, nas doses que satisfaçam as
necessidades individuais, por um período adequado e ao
menor custo possível” 3. Desta forma, a prescrição de um
medicamento deveria estar baseada em uma análise prévia
da relação risco/benefício e também do custo do tratamento. Apesar dos esforços em prol do uso racional de medicamentos, existem estudos que demonstram a existência de
problemas de saúde cuja origem está relacionada ao uso de
medicamentos 4,5. Entre as causas mais comuns encontramse: cumprimento inadequado do tratamento, automedicação, interacções medicamentosas, reacções adversas, intoxicações, falhas terapêuticas e erros de medicação 5.
A farmacoterapia acessível e rápida, na qual se analisa apenas a eficácia e efectividade relegando para segundo plano
o aspecto segurança, parece ser a predominante 6.
O aumento no consumo de medicamentos, nos últimos
tempos, permite visualizar o problema crescente relacionado ao uso destes produtos 7,8. De facto, o tema “problemas
relacionados com medicamentos (PRM)” tem-se mostrado
cada vez mais frequente na literatura 5-12.
Em 2002, foi elaborado o Segundo Consenso de Granada
sobre Problemas Relacionados com Medicamentos que definiu PRM como sendo problemas de saúde, entendidos como resultados negativos, derivados da farmacoterapia que,
produzidos por diversas causas, conduzem à não obtenção
do objectivo terapêutico ou ao aparecimento de efeitos indesejados 12.
O uso em larga escala pode apresentar situações adversas
que são classificadas como problemas relacionados com
medicamentos (PRM) BARBERO GONZÁLES & AFONSO
GALÁN, 1999). Os primeiros trabalhos sobre o tema datam
do início da década de 70 e os que relatam esse tipo de estudo em emergências acontecem na década seguinte. Entretanto, segundo STRAND e colaboradores 1999, foi em 1990
que se estabeleceu uma definição e uma classificação sistemática para PRM.
As pressões sociais às quais estão submetidos os prescritores, a estrutura de sistema de saúde e o marketing farmacêutico são habitualmente citados como factos envolvidos
nesta problemática a (TUNEAU VALLS et al.; 2000).
Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs) é um termo frequentemente utilizado na Atenção Farmacêutica e
na Farmácia Clínica. Os PRM’s podem estar relacionados a
Reacções Adversas a Medicamentos (RAM’s), consideradas
não evitáveis e que sempre produzem dano ao paciente, ou
Erros de Medicação (EM), considerados evitáveis e que podem ou não causar danos ao paciente. Os EM classificamse em erros de prescrição, dispensa e administração.
DEFINIÇÃO DE PROBLEMAS RELACIONADOS COM
MEDICAMENTOS (PRMS)
Em 1999, durante a Conferência Europeia sobre Atenção
Farmacêutica da “Pharmaceutical Care Network Europe”
(PCNE), o Problema Relacionado ao Medicamento (PRM)
já havia sido definido como “a ocorrência de problemas na
farmacoterapia de um indivíduo que causa, ou pode causar,
interferência nos resultados terapêuticos”. Assim, um PRM
acontece se houver uma ocorrência ou mesmo a possibilidade de uma ocorrência na terapêutica medicamentosa
(Ivama et al., 2002). Por outro lado, segundo o II Consenso
de Granada (2002) “PRMs são problemas de saúde entendidos como resultados clínicos negativos, derivados da farmacoterapia que, produzidos por diversas causas, interferem no resultado terapêutico ou levam a efeitos indesejados”. Esta definição contraria o conceito estabelecido pela
PCNE que considera também como PRM todas as ocorrências que possam gerar danos (potenciais) à saúde, não sendo necessária a real ocorrência de efeitos indesejados.
Os PRM’s incluem também o Erro de Medicação (EM), que
é definido como “qualquer erro que ocorra durante o processo de prescrição e utilização do medicamento” (Bates et
al., 1993). Estes erros podem estar relacionados com os procedimentos e sistemas da prática profissional que incluem:
a prescrição, comunicação de pedido, rotulagem, dispensa,
distribuição, administração e adesão do paciente. Implícito
na definição de EM está que ele é evitável (Aspden et al.,
2007) e ocorre devido a limitações do conhecimento, lapsos,
falhas ou defeitos no sistema. Podem ser cometidos, tanto
por profissionais inexperientes como pelos experientes, sejam médicos, farmacêuticos, enfermeiros, técnicos, cuidadores e o próprio paciente.
O termo PRM não é o único utilizado para descrever um
problema farmacoterapêutico. Outros termos têm sido propostos como: Problemas Relacionados à Terapia (Cipolle,
1998), Falhas Farmacoterapêuticas (FernandezLlimos,
2004), entre outros (Van Mill, 2004; Rissato et al., 2008).
De acordo com o segundo consenso de granada (comité de consenso, 2002), os problemas relacionados com
medicamentos (PRMs), são classificados em12:
Necessitude
PRM 1: O paciente sofre um problema de saúde em conse-
16 | Revista da ordem dos farmacêuticos de angola
Abril/Setembro 2015
Folha Farmacoterapêutica
quência de não receber um medicamento de que necessita.
PRM 2: O paciente sofre um problema de saúde em
consequência de receber um medicamento de que
não necessita.
efectividade
PRM 3: O paciente sofre um problema de saúde em
consequência de uma inefectividade não quantitativa
do medicamento.
PRM 4: O paciente sofre um problema de saúde em
consequência de uma inefectividade quantitativa do
medicamento.
segurança
PRM 5: O paciente sofre um problema de saúde em
consequência de uma insegurança não quantitativa
de um medicamento.
PRM 6: O paciente sofre um problema de saúde em
consequência de uma insegurança quantitativa de
um medicamento.
Quanto à ocorrência, os PRMs podem ser:
• Os não evitáveis que causam dano ao paciente. São
as reacções adversas a medicamentos (RAMs).
• Os evitáveis que podem ou não causar dano. São os
erros de medicação (EM).
RaMs não evitáveis - Causam dano ao paciente
Actualmente, as RAMs são classificadas em seis tipos
segundo sua origem e características (Tabela 1)
(WHO, 2002). O tipo A de RAM está relacionado a um
efeito farmacológico conhecido do fármaco (como,
por exemplo, os efeitos anticolinérgicos dos antidepressivos tricíclicos). Mesmo sendo previsível, a sua
prescrição não deve ser considerada um erro de medicação. Quando a necessidade clínica supera o risco
de ocorrência de efeitos adversos já descritos, a sua
prescrição não deve ser considerada como um erro de
medicação. Assim, caso este efeito adverso venha a
ocorrer, o apropriado é considerá-lo como uma RAM.
Os PRMs levam a um aumento substancial na morbidade (Mannesse et al., 2000) e da mortalidade (Ebbesen et al., 2001), assim como aumentam os custos nos
cuidados da saúde (Ernst, 2001), prejudicando tanto
o indivíduo, como a sociedade. A prevenção de um
PRM seria a condição ideal para que não fosse necessária a sua correcção. Todavia, alguns PRMs podem
ser consequência de uma reacção particular e não evitável de um paciente, como é o caso das reacções de
hipersensibilidade causadas por agentes anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), antibióticos, anticonvulsivantes, entre outros, comumente diagnosticadas como Síndrome de Stevens-Johnson (Ghislain
& Roujeau, 2002). Nesse caso, os PRMs se constituem
nas Reacções Adversas aos Medicamentos (RAMs).
ERROS DE MEDICAÇÃO EVITÁVEIS
PODEM OU NÃO CAUSAR DANO
São comuns em toda parte do mundo. Na Inglaterra,
cerca de 85 mil erros de medicação foram registados
pelo Serviço Nacional de Saúde14. Nos EUA, os erros de
medicação contribuíram, anualmente, com a morte
de mais de sete mil pacientes dentro e fora dos hospitais16. Além disso, o custo das doenças relacionadas
aos medicamentos triplicou nos últimos anos e excedeu os USD 175 bilhões16. Esses números podem estar
subestimados, pois, centenas de milhares de erros associados ao uso de medicamentos, nunca foram relatados15. Segundo Timbs14, os erros de medicação estão
divididos nas etapas de prescrição, dispensa e administração. Na Argentina, uma pesquisa detectou um
alto índice de prescrições ilegíveis, tanto no sector público, quanto no privado, possivelmente originando
Tabela 1 - ClassifiCação das RaMs eM Relação às suas CaRaCTeRísTiCas e oCoRRênCias
Tipo de reacção
Característica
exemplos
A (aumento)
Relacionado à dose comum. Relacionado
a um efeito farmacológico da droga esperada.
Baixa mortalidade
Efeitos tóxicos:intoxicação
digitálica;síndrome
serotoninérgica com ISRSs; efeitos
colaterais: efeitos anticolinérgicos
de antidepressivos tricíclicos
B (bizarro)
Não relacionado à dose incomum.
Não relacionado a um efeito farmacológico
da droga inesperada. Alta mortalidade
Reacções imunológicas:
hipersensibilidade à penicilinas;
reacções idiossincráticas: porfiria
aguda, hipertemia maligna,
pseudoalergia (ex rash em uso
de ampicilina)
C (crónico)
Relacionada à dose e ao tempo de uso
incomum relacionada ao efeito cumulativo
do fármaco
Efeitos tromboembólicos com o uso
de anticoncepcional; infarto agudo
do miocárdio com Rofecoxibe
D (atraso,
Relacionada ao tempo de uso incomum.
do inglês delayed) Normalmente relacionada à dose. Ocorre
ou aparece algum tempo após
o uso do medicamento.
Teratogênese (ex: adenocarcinoma
associado ao dietietilbestrol);
carcinogénese; discinesia tardia
E ( fim do uso;
Ocorre durante a abstinência. Ocorre logo
do inglês end of use) após a suspensão do medicamento
Síndrome de abstinência a opiáceos.
Isquémia miocárdica (suspensão de
alfa bloqueador)
F ( falha)
Dosagem inadequada de
anticoncepcional oral
particularmente quando utilizados
indutores enzimáticos
Falha inesperada da terapia comum
relacionada à dose. Frequentemente causada
por interacção medicamentosa
enormes danos à população17. Outro estudo demonstrou que prescrições erradas levaram ao óbito ou geraram lesões graves em mais pacientes norte-americanos do que se poderia ter imaginado, tendo sido estimado que dois terços desses problemas poderiam
ter sido evitados18.
Desta forma, uma vez estabelecidos os conceitos, podemos classificá-los em função de sua ocorrência na
terapêutica. As tabelas 2, 3, 4 mostram a classificação
dos EM que podem ser erros de prescrição, erros de
dispensa e erros de administração. A tabela 5 classifica
os EM em função da sua gravidade (Van den Bemt,
2007), enquanto a tabela 1 classifica as RAM
em relação as suas características e ocorrências
(WHO, 2002). A utilização de vários termos para tratar
do mesmo assunto dificulta a comunicação entre os
profissionais de saúde. Assim, é conveniente a uniformização nas definições e classificações.
A classificação apresentada reflecte uma tendência
mundial de artigos científicos publicados nesta área,
especialmente os desenvolvidos no continente europeu (Paulino et al., 2004).
A utilização de definições e classificações adequadas,
aceites pela comunidade científica, facilitará a comunicação entre os profissionais de saúde e pesquisadores.
Dessa forma, comunicações sobre esta questão tão
importante poderão ser confrontadas, propiciando a
geração de atitudes para o uso racional de medicamentos.
Tabela 2 - Classificação dos eventos relacionados
a erros de prescrição
erros administrativos e de procedimento
• Gerais (ex. Legibilidade)
• Dados do paciente (ex. Confusão entre pacientes)
• Dados da enfermaria e dados do prescritor
• Nome do medicamento
• Forma farmacêutica e via de administração
erros de dosagem
• Concentração
• Frequência
• Dose muito alta ou muito baixa
• Ausência de dose máxima em prescrição “se
necessário”
• Duração da terapia
• Orientações de uso
erros terapêuticos
• Indicação
• Contraindicação
• Monitorização
•Interacções medicamentosas
• Monoterapia incorrecta
• Terapia duplicada
Tabela 3 – Classificação dos eventos relacionados
a erros de dispensa
• Para a enfermaria errada, ou para o paciente
errado
• Monitorização
• Interacções medicamentosas
• Monoterapia incorrecta
• Terapia duplicada
• medicamento errado
• forma farmacêutica errada
• concentração errada
• período ou horário errado
Tabela 4 – Classificação dos eventos relacionados
a erros de administração
• Omissão
• Não prescrito
• Preparação errada
Abril/Setembro 2015
• Forma farmacêutica errada
• Via de administração errada
• Horário errado (pelo menos 60 minutos
mais cedo ou mais tarde)
• Não consentimento ou não aderência
Tabela 5 – Classificação dos erros de medicação
em classes de gravidade
Classe
Descrição
A O erro ocorreu, mas o paciente não recebeu
o medicamento.
B O erro ocorreu, o paciente recebeu o
medicamento, mas não houve dano.
C O erro ocorreu resultando em aumento
na frequência de monitorização,
mas não houve dano.
D O erro ocorreu e houve dano.
D1 Dano temporário necessitando tratamento.
D2 Dano temporário resultando em
aumento no tempo de internamento.
D3 Dano permanente.
D4 Paciente em estado grave.
E
O erro ocorreu resultando no óbito
do paciente.
MEDICAMENTOS
É importante conhecer os problemas de saúde e os
medicamentos em profundidade. Ajudará a esclarecer muitas dúvidas. Porém, nunca se poderá assegurar
nada até que o PRM desapareça após uma intervenção.
Para a análise dos medicamentos é importante levar
em conta que:
- É necessário realizar um bom estudo dos medicamentos que o paciente utiliza, para que a intervenção
tenha maiores garantias de ser útil na sua saúde.
- O estudo dos medicamentos deve ser realizado partindo das características gerais do grupo terapêutico
a que pertence cada fármaco, até à análise dos aspectos mais particulares. Isto é muito importante quando
se trata de medicamentos novos em determinado
grupo, pois estes poderão apresentar os mesmos problemas derivados de seu uso que seus antecessores, e
ainda não estar descrito, devido ao pouco tempo de
utilização. No caso de medicamentos mais antigos,
que aparentemente não apresenta nenhum problema
de segurança, em relação a seu grupo, isso pode ser devido mais à falta de existência de publicações, que a
ausência de efeito indesejado.
Os aspectos mais importantes a considerar dos medicamentos são os seguintes:
• indicações autorizadas
• Acção e mecanismo de acção
• Posologia
• Margem terapêutica
• Farmacocinética
• interacções
• interferências analíticas
• Precauções
• Contraindicação
• Problemas de segurança
indicações autorizadas: aponta o uso recomendado
dos medicamentos e explicam o porquê de se encontrarem no estado de situação. Ajudam a interpretar a
forma que o médico selecciona o tratamento da doença. Também podem explicar os resultados atingidos,
desejados ou não, experimentados pelos pacientes.
Mecanismo de acção: indica a maneira pela qual o
medicamento actua na doença. Permite que o farmacêutico entenda o que está ocorrendo quando um medicamento é efectivo ou o que deveria ocorrer e não
ocorre quando é inefectivo. Desta forma, ao explicar
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 17
como se manifesta uma possível insegurança do medicamento, o farmacêutico poderá encontrar a chave
que o ajudará a planejar a melhor intervenção possível, buscando o benefício do paciente, tanto a curto,
como a longo prazo.
Também poderia explicar por meio de reacção química o balanço entre a efectividade desejada e a insegurança previsível. Assim, facilitaria programar uma
possível intervenção quando se deseja preservar um
medicamento ou explicar uma insegurança justificada pelo mecanismo de acção habitual do medicamento.
Pode dizer-se que, entendendo o mecanismo de acção de um medicamento, entendem-se os efeitos deste no organismo, tanto os desejados como os não desejados.
Margem terapêutica:é aquela descrita na bibliografia como a que produz habitualmente a efectividade
do medicamento. Ou seja, a dose que vai da mínima
efectiva à máxima segura. Denomina-se janela terapêutica à margem terapêutica aplicada a um paciente
de forma individual, e, por vezes, diferente da margem
habitual de utilização do medicamento. Cipolle já havia descrito que os pacientes são que têm doses e não
os medicamentos19. Desta forma, uma determinada
quantidade de medicamento, que está dentro de sua
margem terapêutica usual, em determinado paciente,
poderá apresentar-se como uma dose acima da máxima segura, podendo ser efectiva ou jamais chegar a
ser.
É muito importante, desta forma, conhecer o que
acontece no paciente, pois a margem estabelecida na
literatura apenas nos orienta. Dessa forma, é necessário levar sempre em conta os indicadores de efectividade e segurança reais.
Farmacocinética(Tmax, meia vida de eliminação...):
fornecem-nos informação para tentarmos conhecer
quando medir parâmetros clínicos de efectividade e
de segurança, avaliar a possibilidade de interacções,
interferências analíticas, efeitos sinérgicos intencionais e a duração do efeito do medicamento.
interacções:é importante conhecê-las e tentar explicá-las através do mecanismo de acção dos medicamentos e assim entender como se produzem e se manifestam. Avaliar se têm relevância clínica e se podem
ser utilizadas de forma intencional como sinérgicas
para a acção dos medicamentos.
interferências analíticas: Determinarão a importância clínica de cada caso, indicando se um valor biológico será consequência do mecanismo de acção do
medicamento, ou consequência do processo patológico, apresentando, neste caso, a possível correlação
com a evolução da doença. Um caso típico é o da elevação das transaminases produzidas pelas estatinas.
É lógico que um medicamento que actua sobre a síntese de colesterol a nível hepático eleva o nível destas
enzimas, o que nos indica que o fígado está a funcionar. Uma discreta elevação das transaminases pode
indicar que o medicamento está a actuar e, junto ao
valor do colesterol, expressará a sua efectividade e não
um problema de segurança.
Contraindicações: são situações pelas quais algum
medicamento não deverá ser utilizado em determinado paciente. Devem ser entendidas no contexto do
mecanismo de acção do medicamento ou de alguma
situação de risco do paciente, o que nos leva a pensar
que o risco de utilização supera o benefício do mesmo.
Em todo caso, estas devem ser diferenciadas dos efeitos secundários e de outros problemas de segurança.
Problemas de segurança:englobam todos os efeitos
não desejados do medicamento. É importante discriminar se são consequência do mecanismo de acção
ou, pelo contrário, se não guardam nenhuma correlação com este. Isso amplia as possibilidades de actuação sobre eles, permitindo também estabelecer relações entre problemas de saúde tratados com os medicamentos, e os que aparecem como consequência
da utilização destes.
Com frequência, aparecem problemas de segurança
que podem ser consequência de vários medicamentos utilizados pelo paciente. É interessante ter isso em
conta pois, por mais lógica que possa ser a implicação
de um medicamento no surgimento de um determinado efeito, nem sempre isso corresponderá à realidade e deve considerar-se todas as possibilidades
COMO ESTABELECER UM OBJECTIVO PARA AS
SUSPEITAS DE PRM DE UM PACIENTE19?
É primordial ter uma visão de conjunto, realizando
uma sucinta revisão do estado de situação do paciente, para determinar o perfil do paciente e estabelecer
prioridades em relação ao balanço efectividade-segurança.
Dentro de uma estratégia farmacoterapêutica para
um problema se saúde, as perguntas que determinam
as três propriedades que a farmacoterapia deve apresentar: necessidade, efectividade e segurança são as
seguintes:
• Paciente necessita do (s) medicamento (s)?
• Está, ou não, a ser efectivo?
• É seguro?
Em caso de estratégias terapêuticas, as perguntas sobre necessidade e efectividade, deverão ser respondidas conjuntamente. Não é aconselhável questionar as
estratégias determinadas pelo médico, não se deve
duvidar da necessidade de nenhum medicamento
que esteja autorizado para tratar um determinado
problema de saúde; e uma falta de efectividade não deverá ser interpretada como responsabilidade de um
medicamento específico e sim como falha da estratégia terapêutica adoptada.
Entretanto, para os problemas de segurança, que são
intrínsecos de cada medicamento, a pergunta relacionada a esta propriedade, deverá ser feita a cada um
dos medicamentos utilizados pelo paciente.
Para descrever as suspeitas de PRM que o paciente
possa apresentar, utiliza-se a classificação sobre Problemas Relacionados com os Medicamentos do Segundo Consenso de Granada2 descrita anteriormente:
Para o(s) medicamento(s), de cada fila do estado de situação, deve-se realizar as seguintes perguntas:
O paciente necessita do (s) medicamento (s)?
Deve-se considerar como necessário todo tratamento que apresente uma prescrição consciente por
parte de um médico e que o paciente apresente um
problema de saúde que a justifique. Em princípio,
não se poderá apontar, um medicamento ou uma estratégia terapêutica, como não necessário(s). Apenas ao se verificar que um problema de saúde tratado com um determinado medicamento desapareceu após a intervenção, poderá concluir-se que um
medicamento prescrito por um médico não era necessário.
Se a resposta da questão acima é NÃO, suspeitar-seá de PRM 2, de um ou de cada um dos medicamentos da estratégia, pois não existe problema de saúde
que justifique o uso. Neste caso, não será necessário
continuar a fazer as outras perguntas sobre o referido medicamento. Não se pode avaliar a efectividade
de um medicamento desnecessário, que por si só é
inseguro para o paciente, pois, todo medicamento
desnecessário é potencialmente inseguro.
18 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Abril/Setembro 2015
Folha Farmacoterapêutica
Desta forma, os PRMs 2 originam-se como consequência de:
- Utilização de medicamentos sem a existência de
um problema de saúde que o justifique, como o uso
de analgésicos na ausência de dor.
- Automedicação com fármacos de prescrição, sem
ter sido avaliado em consulta médica, como: tomar
um hipnótico indicado por um familiar para poder
induzir sono.
– Uso de medicamentos prescritos por um médico
para um problema de saúde diagnosticado e que
não são efectivos para tratar o referido problema,
pois a sua origem é consequência da insegurança de
outro medicamento. Um exemplo seria a utilização
de antitussígenos para acalmar a tosse originada por
um tratamento anti-hipertensivo com inibidores da
enzima conversora da angiotensina (IECA).
Não seriam considerados PRM 2 situações em
que:
- A intervenção do médico para simplificar uma estratégia de abordagem de um problema de saúde,
como por exemplo, reduzir politerapias anti-hipertensivas ou analgésicas (casos frequentes), pois em
ambos os casos, existia um problema de saúde e
uma estratégia consciente de tratamento farmacológico.
No entanto, também não seria um PRM 1 a situação contrária:
- A adição de um novo medicamento a uma terapia
já instaurada, quando previamente já existia o problema de saúde e este já estava a ser tratado.
O(s) medicamento(s) está(ão) sendo efectivo(s)?
Uma resposta negativa a esta segunda pergunta levar-nos-ia a suspeitar de problemas de efectividade,
tais como:
Os quantitativos, PRM 4, que se referem àqueles problemas de falta de efectividade que provavelmente
sejam devido a um problema de quantidade de medicamento em algum momento da evolução do paciente, como dose baixa, interacções com outros
medicamentos, fenómenos de tolerância, etc.
Em princípio, diante de uma falta de informação adicional, considera-se como inefectividade quantitativa quando os medicamentos possam ser utilizados
em maior quantidade segundo a bibliografia. Porém,
nem sempre é assim, pois muito frequentemente encontramos medicamentos, aos quais, mesmo se aumentando a dose, o paciente não responderá. Por isso, é importante ter o máximo de dados possíveis de
efectividade para melhor determinar se realmente
é a quantidade ou a estratégia que está a falhar.
O medicamento é seguro?
Essa pergunta realiza-se a cada medicamento da estratégia, individualmente, pois como foi dito anteriormente essa característica de segurança é particular de
cada medicamento.
Se a pergunta de segurança for respondida de modo
negativo, teremos duas possibilidades:
- Problemas de segurança não quantitativos, PRM5,
ou seja, o efeito indesejado não depende da quantidade do medicamento. Isto ocorre nos casos em que o
problema não tem relação com o mecanismo de acção do medicamento ou naqueles em que o medicamento não chegou a ser efectivo e já está a apresentarse como inseguro.
- Problemas de segurança quantitativos, PRM6, se o
efeito depende da quantidade de medicamento administrado, o paciente manifesta-se como se a dose
tivesse ultrapassado a dose máxima segura.
É importante discernir no paciente se realmente o
problema de segurança é quantitativo, ou não, independentemente se a dose está dentro da margem habitual do medicamento.
No caso de medicamentos que são inefectivos e inseguros, ainda que a bibliografia estabeleça que a dose
do medicamento possa ser aumentada, o problema
de inefectividade nunca será quantitativo. Neste caso,
apesar de não se ter passado da dose mínima efectiva,
o medicamento já se apresenta inseguro e um aumento de dose só agravaria o problema de segurança. Um
medicamento que nunca tenha sido efectivo em determinado paciente e que já se manifesta como inseguro, não será o mais adequado a ser utilizado.
e existe algum problema de saúde que não está a
ser tratado?
Uma vez analisado cada medicamento que o paciente
utiliza, a última pergunta será:
Ainda existe algum problema de saúde que não está
sendo tratado? Isso levar-nos-ia a suspeitar de PRM 1.
Os PRM 1 passam a ter mais relevância que no princípio, na medida em que se realizam as primeiras intervenções. Isto é o que acontece com certos problemas
de saúde que, a princípio, podem ser interpretados como estando relacionados com o uso de algum medicamento e, após as intervenções, passam a ser vistos
como problemas de saúde não tratados, quando não
se consegue o objectivo. Isso não deve ser entendido
como uma falha do farmacêutico que realiza a intervenção mas sim como um passo necessário para confirmar a resolução de um problema.
Isto é similar ao primum non nocere dos médicos (pri-
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meiro causar o menor dano possível). Isso significa
que, para abordar um problema de saúde como tal, é
necessário em primeiro lugar descartar que este seja
originado pelo uso de outro medicamento. Uma vez
descartada essa possibilidade, o problema passará a
ser visto de uma maneira mais clara.
O final desta fase é a elaboração de uma lista de suspeitas de PRMs, isto é, de problemas de saúde a melhorar, devido a distintas formas de uso de diversos
medicamentos.
Frequentemente nesta lista, um mesmo PRM pode ser
devido a vários medicamentos ou ao contrário. Isso
obrigaria o farmacêutico a estabelecer uma sequência
de probabilidades, baseada na sua experiência e formação clínica.
Nesta fase, existe algo especial para se levar em conta:
nunca os PRMs se classificarão pela estratégia resultante e pela solução proposta, mas sim, pelo efeito sobre a saúde do paciente que apresenta como falha da
farmacoterapia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As intervenções educativas devem ser mais exploradas, pois o compartilhar do conhecimento e das
experiências, enriquece e fortalece a relação terapêutica. Não basta apenas traçar diagnósticos e esquemas de tratamento, é preciso aprofundar-se na
essência do paciente, pois somente assim, será possível intervir com efectividade e eficácia, e os resultados serão muito melhores.
É importante evitar a administração simultânea de
medicamentos que podem interagir entre si ou com
alimentos. A monitorização das RAMs implicadas em
desfechos negativos são algumas estratégias que podem ajudar a prevenir e minimizar os eventos adversos.
Sendo assim, é preciso mudar a visão em relação aos
PRMs, procurando aceitá-los como evidência de falha,
e encará-los como uma oportunidade de revisão e de
melhoria das intervenções dos profissionais de saúde,
aprimorando, assim, a assistência prestada ao paciente.
O PRM é um importante problema de saúde pública;
portanto, é preciso considerar o potencial de contribuição do farmacêutico e efectivamente incorporá-lo
nas equipas de saúde a fim de garantir a melhoria da
utilização dos medicamentos, com redução dos riscos
de morbimortalidade e que o seu trabalho proporcione meios para que os custos relacionados à farmacoterapia sejam os menores possíveis para a sociedade.
10. STRAND, L.M.; P.C. MORLEY; R.J. CIPOLLE; R. RAMSEY & G.D. LAMSAM (1999) Pharm. Care Esp.
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Farmacoterapêutico, GIAF-UGR, 2004.
Direcção Técnica Dr. Boaventura Moura -Director Nacional de Medicamentos e Equipamentos
Conselho Redactorial Dra. Isabel Margareth Malungue - Chefe de Departamento Nacional de Farmacovigilância e Remédios Tradicionais;
Dr. José Chocolate Lelo Zinga - Chefe do Centro de Informação Farmacêutica.
Abril/Setembro 2015
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 19
Investigação
Avaliação da qualidade entre Janeiro e Julho 2014
A prescrição de antipalúdicos aos
pacientes do hospital Josina Machel
Mateus Sebastião João Fernandes
Licenciado em Ciências Farmacêuticas, Mestrando em Farmacoepidemiologia,
diretor da CECOMA
Boaventura Moura
Licenciado em Ciências Farmacêuticas e Bioquímica, Especializado em Administração
Hospitalar e em Análises Clínicas, director da Direcção Nacional
de Medicamentos e Equipamentos, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos
Professor Doutor Héctor Lara Fernández
Especialista de primeiro grau em Higiene e Epidemiologia, master
em Farmacoepidemiologia, Doutor em Ciências Médicas, MINSA
Professor Doutor Vladimir Calzadilla Moreira
Especialista de segundo grau em Ortopedia e Traumatologia, Doutor
em Ciências Médicas, Hospital Josina Machel
Lic. Lúcia Gomes Fraga
Licenciada em Ciências Farmacêuticas – Hospital Josina Machel
A malária constitui o principal problema de saúde pública em Angola, sendo a primeira causa de morbilidade e mortalidade. O uso não adequado
dos antipalúdicos pode levar, entre outros problemas, ao incremento da
resistência e à ocorrência de reacções adversas, com desfavorável repercussão para os pacientes e para o sistema de saúde.
Com o objectivo de avaliar a qualidade de prescrição de antipalúdicos, realizou-se um estudo observacional, descritivo e transversal, do tipo dos estudos de utilização de medicamentos (EUM), em pacientes internados no
Hospital Central Josina Machel com diagnóstico confirmado de malária.
Este estudo de indicação-prescrição foi efectuado de Janeiro a Julho de
2014, numa amostra de 151 doentes internados nos serviços de medicina
e terapia.
A adequação da prescrição foi avaliada em função das características clínicas do paciente e da terapêutica instituída (fármaco, dose, intervalo e duração do tratamento), utilizando como padrão o guia terapêutico do Programa Nacional de Controlo da Malária em Angola.
Registou-se uma prevalência elevada de uso inadequado de antipalúdicos, observada em 70 dos 151 doentes estudados (46,4 por cento). Este
facto ocorreu mais frequentemente nos casos de malária complicada e entre os doentes internados no serviço de medicina. As causas mais frequentes de uso inadequado dos antipalúdicos foram a «combinação imprópria
ou não necessária» e o «emprego não apropriado para esse uso». Os antipalúdicos mais utilizados de forma inadequada foram o quinino EV e o arteméter IM.
20 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Abril/Setembro 2015
Investigação
Introdução
O medicamento é, na actualidade, o recurso terapêutico mais
utilizado e, em consequência, o
gasto farmacêutico é o capítulo
mais importante dos recursos
consumidos nos sistemas de saúde, depois dos gastos com pessoal. Daí a importância que tem
qualquer estratégia ou investigação destinada a fomentar o seu
uso racional1,2.
O uso racional de medicamentos requer que os pacientes
recebam os medicamentos apropriados às suas necessidades clínicas, nas doses adequadas, por
um período correcto de tempo,
ao mais baixo custo e com um
menor número de reacções adversas3. Na maioria dos grupos
farmacológicos, os critérios de
seleção baseiam-se na eficácia,
na segurança, na conveniência e
no custo4,5. No entanto, diversos
estudos internacionais estimam
que 50 por cento dos medicamentos são prescritos, dispensados e consumidos pela população de forma inadequada6.
Os antimicrobianos constituem um grupo terapêutico problemático, não só pelos riscos
inerentes associados ao seu uso
mas também pela ameaça do aumento crescente da resistência
aos mesmos7,8. Nos países em
vias de desenvolvimento, o gasto
do orçamento de saúde em antibióticos estima-se em 35 por cento9.
Os antipalúdicos estão incluídos no grupo farmacológico
dos antimicrobianos e são utilizados a nível mundial para o tratamento da malária, apresentando na atualidade problemas
associados ao seu uso inadequado e à elevada prevalência de resistência10-12. Embora a quinina
permaneça efetiva em muitos
lugares do mundo, verificou-se
que a falha no tratamento com
este fármaco pode ocorrer em
pelo menos 50 por cento dos casos13. Em 1973, a cloroquina foi
substituída pela combinação de
sulfadoxina + pirimetamina
(Fansidar), mas, em 1985, também esta já não era efectiva. En-
tre 1985 e 1990 preconizava-se o
tratamento de mefloquina combinado com sulfadoxina + pirimetamina. No entanto, em 1990
a proporção de curas era de apenas 71 por cento em adultos e de
50 por cento em crianças14.
Atualmente, a artemisinina e
seus derivados representam os
medicamentos antimaláricos
mais recentes e efectivos. Mas
torna-se imprescindível advertir
para o seu uso racional, de forma a prevenir durante o maior
tempo possível a emergência de
resistência do Plasmodium falciparum a estes medicamentos.
Na verdade, já foi demonstrada
a ocorrência de resistência à artemisinina15,16.
A malária constitui um problema de saúde dominante em
Angola. Segundo estimativas, representa 35 por cento da procura de cuidados médicos, 20 por
cento dos internamentos hospitalares, 40 por cento das mortes
perinatais e 25 por cento da
mortalidade materna. Em 2013
foi estimada a ocorrência de cerca de dois milhões e meio de casos de malária17,18.
Em Angola não existem investigações que abordem o tema da qualidade da prescrição
de antipalúdicos na atenção secundária de saúde que permitam valorar oportunamente o
cumprimento dos protocolos de
tratamento instaurados no país
pelo Programa de Controlo e Luta contra a Malária, bem como
oferecer possíveis soluções para
o uso racional destes medicamentos19. Com essa finalidade,
foi realizado o presente estudo,
que teve como objetivo avaliar a
qualidade da prescrição de antipalúdicos no Hospital Central
Josina Machel de Luanda no período de Janeiro a Julho de 2014.
Método
Realizou-se um estudo observacional descritivo e transversal,
do tipo dos estudos de utilização
de medicamentos (EUM), classificado como um estudo de tipo
indicação-prescrição para análise dos elementos do esquema
terapêutico. O estudo incidiu
numa amostra de 151 pacientes
internados no Hospital Central
Josina Machel, nos serviços de
medicina e terapia, com o diagnóstico confirmado de malária
e que cumpriam os critérios de
seleção.
A informação foi obtida através da revisão diária de histórias
clínicas dos pacientes e das pautas terapêuticas instituídas ( fármaco, dose, intervalo e duração
do tratamento). A adequação da
prescrição foi avaliada pelos investigadores e por um grupo de
peritos do Programa Nacional
de Controlo da Malária, em
apoio às normas de tratamento
estabelecidas no país. Considerou-se um tratamento adequado quanto a indicação do antipalúdico e o esquema terapêuti-
co estavam de acordo com o
Programa Nacional de Controlo
da Malária em Angola, tendo em
conta o quadro clínico do paciente.
A informação recolhida foi
processada numa base de dados construída para o efeito em
MS Excel e SPSS versão 21.0.
Após codificação e validação da
informação recolhida foi efetuada uma análise descritiva
global usando como critério de
significado estatístico um nível
de significância de 5 por cento
(p <0,05), mediante cálculo das
frequências absolutas e relativas. Na investigação foram tidas
em conta os princípios básicos
da ética médica, fazendo-se o
uso da beneficência no tratamento e na divulgação dos dados.
Abril/Setembro 2015
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 21
Resultados
A média de idades dos 151 pacientes que integraram o estudo
era de 29 anos, sendo de 31 anos
para o género feminino e de 28
anos para o masculino. Cerca de
71,5 por cento dos doentes (108
de 151) tinham diagnóstico de
paludismo grave e 28,5 por cento
(43 de 151) de paludismo simples.
Cento e treze doentes (74,8
por cento) estavam internados
no serviço de medicina e os 38
restantes no serviço de terapia
(25,2 por cento).
Relativamente à distribuição
dos pacientes em função da sua
história clínica verificou-se que
47 reportaram infeções anteriores (31,12 por cento), 37 apresenta- vam anemia (24,50 por cento)
e 18 eram também diabéticos
(13,90 por cento).
A prescrição de antipalúdicos
foi considerada ade- quada em 81
pacientes (53,6 por cento) e não
adequada nos restantes 70 doentes (46,4 por cento). Foi no tratamento da malária complicada
que se registou uma maior proporção (48,1 por cento) de casos
de prescrição inapropriada, observada em 52 doentes. Nos
doentes com malária simples, a
proporção de prescrição inadequada foi registada em 18 casos
(41,9 por cento) (Tabela 1). No
entanto, as diferenças observadas quanto à adequação da prescrição nos dois grupos de doentes não foram estatisticamente
significativas (p >0,05).
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos doentes em função do
serviço de internamento e da
adequação da prescrição antipalúdica, verificando-se que a proporção do uso inadequado da terapêutica foi mais elevado no serviço de medicina (54,4 por cento)
do que no serviço de terapia (23,7
por cento) e que, neste caso, a diferença foi estatisticamente significativa (p=0,001).
As causas de uso inadequado
da terapêutica frequentemente
observadas foram a «combinação imprópria ou não necessária», em 33 pacientes (47,14 por
cento), e a «terapêutica não apropriada para este uso», em 18 pacientes (25,71 por cento) (Gráfico
1).
Dentro dos antipalúdicos utilizados inadequadamente no tratamento da malária simples destacou-sea utilização de arteméter IM em monoterapia em
quatro pacientes e a sua combinação com outros antipalúdicos
orais em seis doentes. No tratamento da malária complicada
observou-se o uso de combinações desnecessárias do quinino
EV, arteméter IM e outro antipalúdico oral em oito doentes. Além
disso, foram prescritos de forma
prolongada sem uma justificação racional o quinino endovenoso e arteméter intramuscular
em cinco pacientes.
Discussão
A malária constitui um problema de saúde dominante em
Angola e apresenta-se como a
primeira causa de morbilidade e
de mortalidade, representando
ainda cerca de 20 por cento dos
casos de internamento hospitalar. Em 2013 foram reportados
cerca de 3,1 milhões de casos e
quase seis mil óbitos no país20.
A resistência aos medicamentos contra a malária tem dificultado os programas de controlo
da enfermidade durante quase
60 anos. Por isso, um elementochave todos os medicamentos
antipalúdicos sejam utilizados
de forma adequada e que o maior
número de pacientes seja completamente recuperado.
De acordo ao Programa Nacional de Controlo da Malária,
nos últimos anos registou-se um
aumento do número de casos tratados, o que se explica, entre outras causas, pelo aumento da infraestrutura de unidades sanitárias, com a consequente melhoria
no acesso aos serviços de saúde
pela população. Além disso, exerce um importante papel a introdução dos derivados da artemisina, de forma gratuita, na atenção
pública, que oferecem melhores
garantias à população e confiança nos serviços de saúde.
22 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Abril/Setembro 2015
Investigação
Não obstante, segundo os dados de reporte do Centro de Vigilância Epidemiológico do país, a
malária mantém-se ainda como
o principal problema de saúde de
Angola. Este aspecto tem uma
maior importância a nível hospitalar, onde a atenção aos pacientes com malária se deve centrar
no adequado diagnóstico, manuseio dos casos e no seu tratamento21. Um estudo realizado
na Nigéria para descrever o padrão de prescrição de antimaláricos em dois hospitais e para
avaliar o cumprimento da Guia
Nacional de Tratamento Antimalárico, num período de seis
meses em 2008, mostrou um aumento do uso de combinações
com artemisina para tratamento
de malária22. Estes resultados
coincidem com o elevado uso
dos ACT no hospital Josina Machel. Aquele estudo também revela a necessidade de um sistema de garantia de qualidade interna entre os profissionais
sanitários, controlando o cumprimento e o conhecimento das
guias clínicas, que assegure a prática baseada na evidência22.
Um estudo de utilização de
medicamentos realizado no
Equador em pacientes com diagnóstico de malária mostrou que,
por cada três tratamentos corretos, há dois incorretos23. Diversos estudos indicam que o não
cumprimento das normas esta-
belecidas está associado significativamente ao desconhecimento da gravidade da infecção
e dos efeitos secundários aos medicamentos23-26.
No controlo da malária, a meta do tratamento é reduzir a
transmissão da infeção a outros,
ou seja, reduzir o reservatório infecioso e prevenir a ocorrência e
propagação de resistência aos
medicamentos antimaláricos. O
perfil de efeitos adversos, a tolerância aos medicamentos e a velocidade de resposta terapêutica
também são, igualmente, considerações importantes27.
Conclusões
1. Observou-se um uso inadequado dos antipalúdicos,
com uma maior repercussão
na malária complicada e no
serviço de medicina.
2. As causas mais frequentes
de uso inadequado no tratamento da malária simples e
complicada foram a
«combinação imprópria ou
não necessária» e o «emprego não apropriado para
este uso».
3. Os antipalúdicos mais utilizados de forma inadequada
foram o quinino EV e o
arteméter IM.
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Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 23
Abril/Setembro 2015
Reportagem
Casos de sucesso de farmácias em Angola
Deborah de Almeida, directora da farmácia Kinaxixi
“Uma equipa de trabalho coesa, focada
nos objectivos, e a aposta na formação,
é o segredo do nosso êxito”
“O segredo do sucesso consiste na coesão da equipa de trabalho e no foco dos seus profissionais numa
única direcção, num objectivo comum, para que a empresa cresça”, revelou à revista da OFA a directora da
farmácia Kinaxixi, do grupo Socinter, Deborah de Almeida. De acordo com esta responsável, a aposta incide também “na experiência dos técnicos nas farmácias e na actualização constante dos seus conhecimentos, a nível das patologias e em todo o universo farmacológico”. Francisco Cosme
A Socinter faz parte dos mais antigos e renomados grupos nacionais que investem no sector da
saúde. Constituída em Maio de
1991 – inicialmente para comercializar em Angola medicamentos e material médico-cirúrgico,
no segmento da distribuição por
grosso – a empresa ganhou experiência no sector e entrou no mercado de venda de medicamentos
a retalho, inaugurando a sua primeira farmácia, em Janeiro de
1998, no Kinaxixi, uma das mais
antigas e reputadas de Luanda. Informatizada e com mobiliário
moderno, foi a primeira a estar
aberta 24 horas. Dispõe actualmente de 25 trabalhadores, três
armazéns, uma sala de puericultura e um escritório
Com uma equipa de profissionais com fortes competências na
área da saúde, beleza e bem-estar,
o grupo abriu, em 2012, a farmácia
Atrium Nova Vida “um espaço
moderno e inovador de qualidade
onde os clientes se podem dirigir
para adquirir medicamentos, produtos de saúde e de bem-estar,
mas também para obter esclarecimentos em relação ao seu estado clínico ou aos medicamentos
mais indicados para cada uma
das patologias”, disse.
Segundo Deborah de Almeida,
a Socinter “tem a missão de garantir os melhores produtos no mercado de forma a contribuir para o
tratamento e promoção da saúde
das comunidades, garantindo
medicamentos com qualidade e
A técnica de farmácia Maria Augusta, o auxiliar de limpeza Miguel Cavila, a
farmacêutica Déborah Almeida, a técnica de cosmética Ricardina Pereira e a
técnica de farmácia Tânia Ribeiro
acessíveis às pessoas certas nos
momentos certos, de acordo com
indicações médicas, sempre com
suporte de um farmacêutico”. Para a directora, as farmácias do grupo Socinter “diferenciam-se da
concorrência pela experiência
que detêm e pela forma como se
abastecem, com uma elevada
preocupação na qualidade dos
medicamentos, gestão dos armazéns e disponibilidade de stock
para suprir todas as necessidades
dos clientes”.
As farmácias atendem, em média, diariamente, cerca 300 clientes por dia. “Em dias muito movimentados recebemos cerca de
450 a 500 pessoas.”, afirmou.
O abastecimento é efectuado
junto de “vinte distribuidores
grossistas – que se encontram actualmente bem organizados no
mercado farmacêutico nacional,
incluindo a própria distribuidora
do grupo”, referiu.
Os produtos mais procurados
são os artigos de puericultura, os
medicamentos infantis (xaropes,
soluções) e a nutrição infantil, devido alta taxa de natalidade que se
regista no país.
Novidades para o futuro
“Ainda este ano, vamos proceder à mudança dos armazéns
grossistas do bairro Morro Bento
para o Lar do Patriota – um espaço moderno, com maiores dimensões, que beneficiará, não só os
funcionários do grupo, como
também os seus clientes. Em
2016, apesar da crise, há uma
grande vontade no grupo Socinter para aumentar a rede de farmácias”, revelou.
Quanto ao futuro a médio e
longo prazo, “a nossa visão é de
que temos de aprender com os
bons exemplos dos países mais desenvolvidos, acompanhar a inovação, de forma a se atingirem níveis
de serviço de alta qualidade. Devese primar ainda mais na melhoria
do ensino, abrindo mais universidades e escolas técnicas para que
haja mais profissionais qualificados e especializados”, defendeu.
A farmacêutica perspectiva
ainda que a farmácia do futuro terá uma nova gama de serviços
complementares, como laboratórios, consultas de nutrição e outros serviços essenciais “que fazem imensa falta ao nível das comunidades”, a par de uma melhoria significativa no atendimento.
A profissão farmacêutica
“A profissão farmacêutica está
em permanente evolução. Nestes
últimos anos, observou-se um
crescimento satisfatório nos parâmetros de qualidade, resultado
do trabalho das autoridades que
dão suporte e regulam a actividade farmacêutica. Uma última palavra vai para congratular as actividades desenvolvidas pela Direcção Nacional dos Medicamentos
e Equipamentos e pela fundação
da Ordem dos Farmacêuticos de
Angola. Temos o exemplo da realização da Semana da Farmácia
Angolana, iniciativa que fortifica
o mercado angolano, tornando-o
cada vez mais coeso, melhorando
o sector e promovendo mais aberturas para interacção entre os profissionais de saúde.
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24
| Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola
Abril/Setembro
Janeiro/Março 2015
2014
Editorial
Formação
A pele do adolescente, os cuidados
diários e o drama da acne
Nádia Noronha
Farmacêutica e Consultora Farmacêutica
da Tecnosaúde Angola
A adolescência é um
período caracterizado por imensas alterações que fazem a
passagem da infância para a fase adulta. Neste período,
ocorrem modificações não só a nível
psicológico, como
também a nível físico e social. As novas
funções biológicas,
formas de relação
interpessoal e responsabilidades familiares e sociais,
exigem uma adaptação profunda por
parte do adolescente. Sendo a pele o
órgão mais visível, e
um dos que mais
demonstra as alterações ocorridas nesta
fase, torna-se fundamental adquirir conhecimentos sobre
os cuidados de hidratação e limpeza a
ter no quotidiano.
A pele apresenta características
morfológicas e funcionais diferentes, mediante as várias fases
da vida do ser humano. Na adolescência, a estimulação hormonal que ocorre faz com haja necessidade de serem utilizados
produtos de hidratação e limpeza diferentes dos da infância.
Nesta faixa etária, que podemos
considerar ser compreendida entre os 10 e os 19 anos de idade, a
pele é a imagem do adolescente,
pelo que vai interferir directamente com a sua autoestima, o
que faz com que estes exijam (cada vez mais) produtos e serviços
adequados para a manutenção
de uma pele saudável. Deste modo, o farmacêutico deve estar apto para aconselhar os cuidados a
ter com a pele, neste período,
muitas vezes difícil de ultrapassar.
Alterações hormonais
As alterações hormonais que
ocorrem vão influenciar as quantidades de sebo produzidas, e diferem em ambos os sexos. No caso do sexo masculino, existe
maior quantidade de sebo, os poros são maiores e a pele é muito
espessa e com maior quantidade
de pelos, comparativamente ao
sexo feminino. O aumento exponencial na produção de sebo,
quer seja no rapaz ou na rapariga,
vai estar intrinsecamente associado ao aparecimento da acne
juvenil, pelo que a correta limpeza da pele é essencial.
Na maioria dos adolescentes
a pele é mista ou oleosa. Considerando os diferentes tipos de pele,
os produtos utilizados na limpeza diária do rosto e dos olhos divergem. Para uma pele oleosa,
devem ser aconselhados produtos de limpeza sem constituintes
oleosos, como por exemplo um
gel adequado, que deve ser usado
diariamente (duas vezes por dia),
conferindo uma sensação de
frescura à pele.
O uso de esfoliantes (emulsões
de limpeza mecânica) permite a
remoção de sujidade e de células
mortas por ação física.
Os produtos que contenham
α-hidroxiácidos vão possibilitar,
também, a realização de uma esfoliação química. Este método de
limpeza só deve ser efetuado,
contudo, uma a duas vezes por
semana.
Nas peles oleosas, o uso de
máscaras de argila é também
muitas vezes benéfica. Para além
disto, é muito importante a utilização de produtos cujas matérias-primas sejam não comedogénicas.
As fórmulas galénicas, como
por exemplo os geles, loções ou
leites de limpeza, ao fazerem parte do ritual de higiene diária, devem conter compostos activos
seborreguladores e total ausência de álcool na formulação, dado
que o álcool aumenta a quantidade de óleo à superfície da pele.
A utilização de um tónico é crucial para complementar a limpeza da pele e prepará-la para a hidratação.
A barba
Relativamente ao sexo masculino existe ainda a particularidade da barba. O barbear é uma
agressão para a pele masculina,
pelo que se deve ter em atenção
os produtos escolhidos. Os geles
e espumas são as formulações de
eleição enquanto os after-shave
permitem amaciar a pele. Após o
barbear, o ideal será sempre utilizar um creme hidratante.
A hidratação da pele está dependente de factores hormonais,
associados à secreção sebácea.
Existe uma perda superior de
água através da pele se a secreção
sebácea estiver diminuída. Para
além deste fator, a existência de
um clima seco, lavagens muito
frequentes com sabões, radiação
UV e uma ingestão de líquidos insuficiente também conduz à desidratação da pele.
Pele oleosa
No que concerne à pele oleosa
esta deve ser preferencialmente
hidratada com cremes de fase
aquosa, com intuito de não exacerbar o nível de oleosidade. Os
produtos a utilizar devem ser
também pouco detergentes, de
modo a evitar a seborreia reacional e a irritação, suaves, emolientes e devem possuir a capacidade
de incorporação de substâncias
ativas, que atuem nos vários factores intervenientes na etiopatogenia da acne.
A acne
A acne é uma patologia que
afecta milhões de adolescentes e
jovens adultos em todo o mundo. No entanto, pode ser tratada
e prevenida. Trata-se de uma patologia inflamatória crónica e
autolimitada do folículo pilossebáceo, em que ocorre obstrução
dos poros e consequente aparecimento das lesões cutâneas. A
bactéria Propionibacterium acnes está normalmente presente
na pele. No entanto, no caso da
acne, está presente em maior
quantidade.
A acne afeta principalmente
as áreas cutâneas com maior
densidade de folículos sebáceos.
Desta forma, as zonas em que
mais vulgarmente aparece são a
face, o dorso e a parte superior
do tórax.
A sua etiologia é ainda desconhecida, mas existem determinados factores que podem desencadear a hiperseborreia, hiperqueratização das células
epiteliais, colonização bacteriana, inflamação e a libertação de
mediadores inflamatórios.
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 25
Abril/Setembro 2015
Deve ser também do conhecimento do farmacêutico, que a
acne pode ter uma origem iatrogénica, isto é, o seu aparecimento é favorecido pelo uso de determinados fármacos, tais como os
anticontraceptivos orais, ciclosporina, corticosteróides, antiepiléticos, tuberculostáticos, entre
outros.
Para além dos fármacos referidos anteriormente, outros factores desencadeantes da acne
são os androgénios maternos
(acne neonatal), agentes tópicos
(maquilhagem comedogénica),
pressão física (capacetes desportivos), factores ambientais (calor
e humidade) e stress.
Relativamente ao tratamento,
o objetivo é curar as lesões, prevenir o aparecimento de novas
lesões e ajudar a diminuir o efeito
Na maioria dos adolescentes a pele é mista ou
oleosa. Considerando os
diferentes tipos de pele,
os produtos utilizados
na limpeza diária do rosto e dos olhos divergem.
Para uma pele oleosa,
devem ser aconselhados
produtos de limpeza
sem constituintes oleosos, como por exemplo
um gel adequado, que
deve ser usado diariamente (duas vezes por
dia), conferindo uma
sensação de frescura à
pele.
negativo, a nível emocional e psicológico, que advêm da acne.
Deste modo, existem vários tratamentos disponíveis na farmácia, tais como retinóides tópicos
ou orais, peróxido de benzoílo,
antibióticos tópicos ou orais e terapêutica antiandrogénica.
Os retinóides (exemplo, isotretinoína e tretinoína) são os
agentes comedolíticos mais eficazes, contudo podem ser extremamente irritantes. O peróxido
de benzoílo diminui a secreção
sebácea, é antibacteriano e comedolítico. Os antimicrobianos
(exemplo, minociclina, doxixiclina e eritromicina) e antiandrogénios (exemplo, acetato de ciproterona e etinilestradiol) só
devem ser utilizados em casos
de acne resistente à terapêutica
tópica.
O papel do farmacêutico
Assim, o farmacêutico assume um papel decisivo nesta
problemática, uma vez que está
próximo da população e pelo
seu conhecimento e experiência na área deve incentivar e
motivar a adesão à terapêutica.
Em simultâneo, este profissional pode ajudar a clarificar
ideias, mitos e realidades acerca
da acne.
Uma das temáticas existentes no diversificado portefólio
de formação da Tecnosaúde
Angola é o “Aconselhamento
em Dermocosmética” (24 de Setembro nas nossas instalações),
que visa a preparação e diferenciação de farmacêuticos e técnicos de farmácia para problemáticas do quotidiano africano,
como é o caso da acne juvenil.
2 | Revista
26
| Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola
Abril/Setembro
Janeiro/Março 2015
2014
EditorialNacional Farmacêutica
Política
As bases gerais da política
A política nacional farmacêutica é a expressão do compromisso e do engajamento do Executivo em matéria de assistência farmacêutica em todo o território
nacional. Visa garantir o abastecimento do
país com medicamentos seguros, eficazes
e de qualidade, bem como assegurar a
permanente disponibilidade e acessibilidade de medicamentos a toda a população, aos melhores preços, promovendo o
seu uso racional.
As bases gerais da política nacional farmacêutica foram definidas pelo Decreto presidencial n.º 180/10, de 18 de Agosto. Pela
sua magna importância, a Revista OFA entendeu publicá-lo na íntegra para que,
quer os farmacêuticos, quer os estudantes
de ciências farmacêuticas, quer outros
profissionais de saúde interessados, tenham aqui o acesso facilitado ao documento que baliza e orienta toda a actividade farmacêutica em Angola.
Dada a sua extensão, iniciámos na edição
anterior a publicação dos três primeiros
capítulos, designadamente:
Disposições gerais
A fiscalização da actividade
farmacêutica
O registo e selecção de produtos
farmacêuticos
Na preseste edição, publicamos os capítulos referentes a:
Abastecimento de medicamentos e
meios médicos
Produção nacional de medicamentos
Garantia de Qualidade dos Produtos
Farmacêuticos
Nas próximas edições serão publicados os
artigos referentes ao uso racional de medicamentos, estratégias para a sua disponibilidade e acessibilidade, formação e desenvolvimento de recursos humanos, medicamentos tradicionais, investigação
científica e o controlo da implementação
da política farmacêutica.
Abastecimento
de Medicamentos
e Meios Médicos
(CAPÍTULO IV)
Abastecimento de medicamentos
e meios médicos
(ARTIGO 11.º)
O abastecimento de medicamentos e meios médicos visa assegurar a aquisição de matéria-prima e de medicamentos seguros, eficazes, de boa
qualidade e aos melhores preços possíveis para
a satisfação das necessidades assistenciais de toda a população.
Sectores público e privados
(ARTIGO 12.º)
1. Somente os medicamentos registados em Angola podem ser adquiridos e comercializados.
2. Os fornecedores de produtos farmacêuticos
devem inscrever também, adjacente à designação comercial, o nome genérico do medicamento nas respectivas embalagens, devendo os caracteres da inscrição do nome genérico ter pelo
menos cerca de dois terços do tamanho dos da
designação comercial.
3. Como forma de promover o uso de medicamentos genéricos (vitais e essenciais), os mesmos beneficiam de procedimentos de registo
mais simples, e os custos relativos são inferiores
aos dos produtos sob designação comercial.
4. Todas as compras de medicamentos devem
salvaguardar a boa qualidade dos produtos na
origem e na rede de distribuição através dos seguintes mecanismos:
a)Possuir certificados analíticos do produto
acabado, ou da matéria-prima se for este o objecto da aquisição;
b) Ter originais dos documentos do sistema
de certificação de qualidade da OMS que devem
estar sempre disponíveis para verificação durante um período mínimo de dois anos, contados a
partir da data de expiração do prazo de validade
dos fármacos adquiridos.
5. À data de entrada em Angola, os produtos
importados têm um prazo de consumo mínimo
de 75% do período total de validade.
6 .Todas as importações de medicamentos devem ser autorizadas e controladas pela Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico
em colaboração com a Inspecção Farmacêutica.
Abastecimento do sector público
(ARTIGO 13.º)
1.Tendo em conta a necessidade de garantir a
melhor utilização possível dos fundos disponibilizados, os procedimentos de aquisição visam
obter produtos de boa qualidade aos mais baixos
custos possíveis.
2. O sistema que melhor assegura compras de
medicamentos em quantidades consideráveis
e a preços reduzidos é o de compras agrupadas,
devendo, por conseguinte ser este o modelo
aplicado.
3.A aquisição de produtos farmacêuticos fazse através de concursos públicos nacionais ou
internacionais, abertos ou limitados a fornecedores préqualificados e devidamente registados junto da Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico, e sempre de acordo com o estabelecido em regulamento próprio.
4. Em situações de carência de medicamentos
vitais para o tratamento de doenças graves, o
Ministro da Saúde pode autorizar o recurso a
concursos mais restritos, a compras negociadas ou directas.
5. A avaliação dos concursos, a negociação dos
preços e a escolha dos fornecedores são feitas
por uma comissão independente, Comissão
Nacional de Compras, constituída por representantes dos Ministérios da Saúde, Comércio, Finanças e de outras entidades que venham a ser indicadas, aplicandose este procedimento de aquisição aos medicamentos
constantes da lista nacional de medicamentos
essenciais ou da lista complementar.
6. Os concursos devem ser lançados e os medicamentos adquiridos pela respectiva designação genérica.
7. Em igualdade de circunstâncias, dáse preferência aos medicamentos produzidos localmente.
8. Os fornecedores preferenciais dos produtos
farmacêuticos são os fabricantes dos mesmos.
9. Uma base de dados actualizada relativa a todos os fornecedores autorizados deve ser assegurada pela Autoridade Reguladora do Sector
Farmacêutico, com informações inerentes à
qualidade, capacidade, preços, e demais aspectos relevantes.
10. O Ministério da Saúde assegura as condições adequadas (estruturas físicas, recursos
materiais e financeiros) para o bom trabalho da
Comissão Nacional de Compras, funcionando
esta junto da Autoridade Reguladora do Sector
Farmacêutico.
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 27
Abril/Setembro 2015
nacional farmacêutica
11. O serviço de inspecção farmacêutica faz auditorias regulares aos processos de aquisição
mencionados nos pontos anteriores, a fim de garantir a sua transparência.
Critérios de abastecimento
investigações farmacológicas e toxicológicas
já realizadas em animais e no homem, ou em
culturas de células humanas;
c) Protocolo do estudo a realizar, lista dos centros envolvidos e dos investigadores responsáveis.
(ARTIGO 14.º)
1. Todas as importações de medicamentos devem ser autorizadas e controladas pela Direcção
Nacional de Medicamentos e Equipamentos.
2. Os fornecimentos de produtos farmacêuticos sujeitos às convenções internacionais, como os psicotrópicos e estupefacientes, estão sujeitos a medidas adequadas de controlo.
Donativos (ARTIGO 15.º)
1. Todas as doações de fármacos devem
regerse pelos seguintes critérios:
a) Serem previamente autorizadas e controladas pela Autoridade Reguladora do
Sector Farmacêutico;
b)Possuir os documentos de certificação de
qualidade da OMS e da Autoridade Nacional
do Medica mento do país de origem;
c) Ser constituída por medicamentos constantes da lista nacional de medicamentos
essenciais ou da lista complementar;
d) Ter prazo de consumo mínimo de 75% do
prazo de validade, à data prevista de entrada em Angola;
e) Trazer inscrito o nome genérico nas respectivas embalagens, em português, entre
outros idiomas;
f) Respeitar as normas a propósito estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde.
2. Ao Ministro da Saúde cabe decidir, em situações excepcionais e que não comprometam a
boa qualidade dos medicamentos, os procedimentos relativos a doações de produtos farmacêuticos fora do preceituado no número anterior.
Amostras de medicamentos
(ARTIGO 16º)
1. A introdução no país de qualquer amostra de
medicamentos deve ser previamente autorizada pela Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico.
2.Para os produtos destinados aos ensaios clínicos é exigida a apresentação de:
a) Comprovativos de que os estudos foram
previamente autorizados pela autoridade
competente do Ministério da Saúde;
b) Documentos com informação científica,
completa e actualizada, sobre os resultados de
Armazenamento e distribuição de
medicamentos pelo sector público
(ARTIGO 17º)
l. O armazenamento e distribuição de medicamentos pelo sector público permite desenvolver
um sistema seguro e eficiente, capaz de garantir
uma distribuição atempada e equitativa dos recursos farmacêuticos para toda a população, aos
melhores preços.
2. O Ministério da Saúde propicia condições para
a criação de um sistema de armazenagem de medicamentos bem organizado, capaz de garantir:
a) Um volume de produtos em armazém correspondentes às necessidades das áreas servidas;
b) A conservação da boa qualidade dos fármacos;
c) A segurança dos produtos farmacêuticos
guardados;
d)O respeito pelas boas práticas de distribuição de medicamentos;
e) O controlo rigoroso dos prazos de validade.
3. A recepção e o armazenamento dos medicamentos para o sector público são, sempre que
possível, descentralizados.
4. Uma rede nacional eficiente de estocagem de
medicamentos requer estruturas adequadas e
convenientemente equipadas ao nível central,
regional, provincial e municipal, para além de
um bom sistema de comunicação.
5. Para o efeito de distribuição no sector público,
o Ministério da Saúde apoia o desenvolvimento
de uma rede nacional de distribuição de medicamentos, promovendo a criação de uma central de compras e aprovisionamento, como
aconselhado pela OMS para os países de baixos
recursos, e que assegure:
a) Aos diferentes níveis da rede de assistência sanitária, a permanente disponibilidade
de medicamentos qualitativa e quantitativamente ajustados aos serviços prestados e
ao nível de formação dos técnicos, de acordo
com o estabelecido na lista nacional de medicamentos essenciais;
b)Rapidez e baixo custo dos fornecimentos:
c) A observância das regras das boas práticas
de armazenamento e distribuição recomendadas pela Organização Mundial da Saúde.
6. O Ministério da Saúde deve assegurar que progressivamente sejam reabilitadas ou construídas
e convenientemente equipadas, as infraestruturas nacionais, regionais e provinciais
destinadas ao bom armazenamento dos produtos farmacêuticos.
7. Procedimentos uniformes, práticos e sistemáticos de registo de dados devem ser implementados e regularmente actualizados nas diferentes instituições sanitárias de forma a monitorizar e controlar os respectivos consumos.
8. Mecanismos de gestão farmacêutica hospitalar informatizados devem ser ensaiados nos estabelecimentos assistenciais centrais e regionais, e ser generalizados com as adaptações que
vierem a ser identificadas.
9.O Ministério da Saúde deve garantir a formação adequada de profissionais, e a permanente
actualização dos mesmos, através da participação em seminários, cursos de reciclagem e de
formação contínua, entre outras. A integração
destes profissionais numa carreira deve possibilitar o seu fácil recrutamento e enquadramento.
10. Manuais de procedimentos contendo normas de armazenagem, conservação e gestão de
produtos farmacêuticos nos varies níveis do sistema devem ser criados, aplicados e regularmente revistos e actualizados, sempre em respeito pelas boas práticas de distribuição de
medicamentos, devendo esses serem periodicamente auditados.
11. O Ministério da Saúde define as normas e
regulamentos para o armazenamento de produtos farmacêuticos, incluindo as boas práticas de
distribuição de medicamentos.
Eliminação de produtos
farmacêuticos (ARTIGO 18º)
1. Deve ser estabelecido um Sistema adequado para destruir os produtos farmacêuticos
impróprios para o consumo, sem pôr cm risco
a saúde das comunidades, nem o equilíbrio do
meio ambiente.
2. Critérios básicos para a eliminação de produtos farmacêuticos:
a) Os produtos farmacêuticos impróprios
para consumo devem ser eliminados logo
que possível, e através do procedimento
adequado a cada medicamento;
b) O processo de eliminação dos produtos
farmacêuticos tem de salvaguardar as comunidades e o meio ambiente dos poten-
28 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola
Abril/Setembro 2015
Política Nacional Farmacêutica
ciais riscos decorrentes do mecanismo utilizado para esse efeito;
c) A deterioração ou expiração de produtos
farmacêuticos deve ser sempre objecto de
investigação, não só pela eventual necessidade de responsabilização dos culpados,
mas também pelos ensinamentos que importa reter no sentido de prevenir, sempre
que possível, os factores que podem ter estado na origem da ocorrência;
d) Nas situações em que se verifique a deterioração de um medicamento antes de expirar o seu prazo de validade, deve ser elaborado um relatório, previamente à sua
destruição, com informações relativas ao
produto, comprador, data de entrada no
país, data de recepção, quantidades fornecidas ao armazém ou unidade sanitária,
fornecedor, prazo de expiração, quantidades
a eliminar e respectivo valor financeiro,
bem como as razões desse procedimento;
e) A eliminação dos medicamentos abrangidos pela alínea d) só pode ocorrer depois
de superiormente autorizada pela Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico,
ou pelas Direcções Provinciais da Saúde,
com conhecimento à Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico;
f) O Ministério da Saúde deve criar normas
que definam as práticas, documentos e responsáveis para a eliminação dos produtos
farmacêuticos;
g) A eliminação de medicamentos, produtos ou substâncias classificadas como substâncias controladas (nomeadamente, estupefacientes e psicotrópicos), deve ser
objecto de regulamentação a ser aprovada
pelo Ministério da Saúde.
Produção Nacional
de Medicamentos (CAPÍTULOV)
Produção nacional
de medicamentos (ARTIGO 19º)
1. A produção nacional de medicamentos visa
contribuir para o abastecimento contínuo de
medicamentos de qualidade.
2.Para se desenvolver a produção nacional de
medicamentos e atingir indicadores que satisfaçam as necessidades do país em qualidade e
quantidade, o Executivo, através de uma acção
concertada dos Ministérios da Saúde, Finanças,
Comércio e Indústria deve criar as condições necessárias para a promoção, a protecção e o desenvolvimento da indústria farmacêutica nacional.
3. O Executivo deve mobilizar os investimentos
necessários para a transferência de tecnologias
apropriadas para a produção de medicamentos,
adquiridas através da cooperação e intercâmbio internacionais.
4. Uma politica de desenvolvimento dos recursos humanos deve ser assegurada para disponibilizar técnicos com formação direccionada pa-
ra a indústria farmacêutica nacional.
5. O desenvolvimento das indústrias que fornecem meios indispensáveis à industria farmacêutica, como papel, vidro, plástico, etc., deve
contribuir para o aumento da componente nacional na produção de medicamentos.
6. O Ministério da Saúde deve regulamentar o
mercado de produção farmacêutica, com base
na avaliação da qualidade dos bens produzidos,
e fazendo aplicar a legislação relativa as patentes e marcas.
7. O licenciamento de novas unidades de produção é condicionado pela verificação final da
conformidade do projecto com as condições
técnicas que as segurem o cumprimento das
boas práticas de fabrico de medicamentos definidas pela OMS.
Garantia de Qualidade
dos Produtos
Farmacêuticos (CAPÍTULOVI)
Garantia de qualidade
de medicamentos (ARTIGO 20º)
O estabelecimento de um sistema de garantia
de qualidade de medicamentos tem como meta
garantir ao utilizador o acesso a produtos dentro
dos padrões e especificações aprovados e internacionalmente aceites.
Gestão do Sistema de Garantia
de Qualidade de Medicamentos
(ARTIGO 21º)
1. Deve ser criado dentro da Inspecção Farmacêutica uma área específica para velar pelo cumprimento de todos os aspectos relativos à garantia
de qualidade dos produtos farmacêuticos.
2. Um corpo de inspectores farmacêuticos é organizado, convenienternente treinado e equipado, com o apoio da cooperação internacional.
3. É imprescindível a criação de um laboratório
nacional de controlo de qualidade de produtos
farmacêuticos.
Bases técnicas para o sistema de
garantia de qualidade de medicamentos ( ARTIGO 22º)
l. Todas as unidades que fabricam produtos farmacêuticos devem respeitar as boas práticas de
fabrico de medicamentos.
2. A introdução de qualquer produto farmacêutico no país deve fazerse com elementos e procedimentos que comprovem e garantam a sua qualidade, nomeadamente:
a) Certificados de qualidade da matéria-prima
(para as matériasprimas) e/ou do produto
acabado (para os produtos farmacêuticos);
b) Documento comprovativo do respeito pelo
sistema de certificação da OMS, para os produtos farmacêuticos provenientes do mercado internacional;
c)Amostras para controlo de qualidade, sempre que tal se entenda conveniente.
3. A garantia da qualidade dos produtos farmacêuticos aplicase a todas as matériasprimas, etapas do processo de produção e ao produto acabado. Aplicamse estas mesmas exigências, com
as devidas adaptações, à produção de preparações à base de plantas medicinais, minerais, órgãos ou partes de animais, a utilizar na cura e
prevenção de doenças, Encontramse igualmente
abrangidos outros produtos, tais como dietéticos, cosméticos e de perfumaria.
4.A construção de novas unidades de produção
no país está sujeita a uma análise prévia da viabilidade técnica do project0.
Procedimentos básicos para o funcionamento do sistema de qualidade de medicamentos (ARTIGO 23º)
1. Apenas os produtos que estejam de acordo
com os padrões de qualidade internacionalmente reconhecidos Podem ser adquiridos, distribuídos, dispensados e administrados em Angola.
2. Só é autorizada a actividade aos importadores,
armazenistas, distribuidores e retalhistas que
disponham das condições adequadas à boa
conservação dos produtos farmacêuticos, garantindo o cumprimento das condições de conservação aprovadas para cada um dos produtos
comercializados.
3. Um sistema efectivo de inspecção e de controlo de qualidade dos produtos farmacêuticos deve ser posto em funcionamento, dentro do Ministério da Saúde, para garantir que os medicamentos existentes em toda a rede nacional de
distribuição estejam de acordo com os padrões
de qualidade previstos no presente regulamento
e sempre respeitando as especificações aprovadas para cada medicamento.
4. Sempre que a aparência de um produto suscite dúvidas sobre a sua qualidade, deve imediatamente notificarse a Autoridade Reguladora do
Sector Farmacêutico para que as medidas adequadas sejam tomadas.
5. O fabricante nacional ou o importador de qualquer produto que se revele impróprio para o consumo deve, no mais curto prazo de tempo possível, definido pela entidade competente, retirar
do mercado a totalidade do fármaco distribuído
e, depois da sua inventariação e devida autorização, proceder à sua eliminação, sob pena de procedimento judicial.
Controlo para o sistema de garantia
de qualidade de medicamentos
(ARTIGO 24º)
O Ministerio da Saúde deve fazer aprovar a legislação adequada que confira a necessária autoridade ao corpo de inspectores da Inspecção Farmacêutica para agir livremente nos limites da
sua competência, bem como prever as penalidades e procedimentos judiciais para todas as
entidades singulares ou colectivas que atentem
contra a saude pública ou infrinjam as disposições relativas à garantia da qualidade dos produtos farmacêuticos.
Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 29
Abril/Setembro 2015
Indústria
Carcinoma pulmonar
Medicamento Anamorelina
vai chegar a Angola
A BIAL e a Helsinn, grupo suíço focado no desenvolvimento de terapêuticas na área oncológica, anunciaram um
acordo de licenciamento e distribuição exclusiva da Anamorelina em
Angola e Portugal, entre
outros países.
A Anamorelina é um novo medicamento, de toma oral diária, em
fase final de investigação para o
tratamento da anorexia-caquexia
em pacientes que sofrem de certos tipos de carcinoma pulmonar.
A anorexia-caquexia associada
às neoplasias malignas é uma síndrome multifatorial caracterizado pela perda contínua de massa
muscular esquelética, impossível
de reverter sem medicação(1). Ao
imitar a hormona grelina, conhecida como “hormona da fome”, a
Anamorelina tem demonstrado
eficácia no aumento da massa
corporal e do apetite.
Nos termos desta parceria, a
Helsinn fica responsável pelo desenvolvimento clínico e regulamentar da Anamorelina e pelo
fornecimento deste medicamento e a BIAL será responsável pelas
actividades de distribuição e comercialização.
Sobre a Anamorelina
A Anamorelina é um agonista
seletivo do receptor da grelina inovador, de toma oral, que está de
momento na fase final da investigação para o tratamento da anorexia-caquexia em pacientes com
carcinoma pulmonar não peque-
nas células. A Anamorelina é administrada oralmente, 100mg
uma vez ao dia. Recentemente foi
concluída a Fase III dos ensaios
clínicos (programa ROMANA).
No ROMANA 1 e 2, a Anamorelina
foi bem tolerada, aumentou, em
relação ao placebo, o peso corporal e a massa magra, tendo também melhorado os sintomas relatados pelos pacientes, como as
preocupações relativas à anorexia-caquexia(2).
(1) Fearon K et al., Definition and classification of
cancer cachexia: an international consensus. Lancet Oncol 2011;12:489–95
(2) Temel J, et al, Annals of Oncology, Volume 25,
Supplement 4, 2014 (Abstract 1483O_PR)
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2 | |Revista
Revistada
daOrdem
Ordemdos
dosFarmacêuticos
Farmacêuticosde
deAngola
Angola
Abril/Setembro
Janeiro/Março 2014
2015
Editorialdo exterior
Crónica
A OFA continua de parabéns!
João Novo, Conselho redactorial
da revista OFA
É muito bom que, apesar de ainda jovem, a
OFA começa a ser reconhecida também internacionalmente, e convidada para eventos públicos.
Aconteceu no passado dia 25 e
26 de Junho. Fomos convidados
a participar na reunião anual
promovida pelo Conselho do Colégio de Especialidades de Assuntos Regulamentares da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal.
O evento contou com a presença de inúmeros especialistas,
quer portugueses, quer internacionais, e ainda de representantes da CPLP, entre os quais Moçambique, na pessoa da Dra. Tânia Sitoie, Cabo Verde, representada pela Dra. Djamila Reis e Angola cuja OFA esteve representada pelo nosso Bastonário, Dr.
A chefe do departamento farmacêutico do Ministério da Saúde de Moçambique, Tânia Sitoe, ladeada pelo Director Nacional de Medicamentos e Equipamentos de Angola, Bastonário da OFA e Vice Presidente do Conselho Directivo
do Farmed, Boaventura Moura, pelo representante das relações internacionais e cooperação da OFA, João Novo e outras colegas farmacêuticas, entre
as quais, à direita, Djamila Reis, PCA da ARFA
O secretário de estado da Saúde de Portugal, Manuel Teixeira, conversa com o
representante da Embaixada de Angola em Portugal, Mateus Breganha, na
presença do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, Maurício
Barbosa, e de João Novo
Boaventura Moura – que foi palestrante convidado, tendo feito
uma comunicação sobre as competências farmacêuticas em assuntos regulamentares na lusofonia –, pelo Presidente da Mesa
da Assembleia-geral da OFA, Dr.
João Lelessa — que se encontra
em tratamento médico e a quem
desejamos rápidas melhoras – e
pelo autor desta crónica, na sua
qualidade de responsável pelas
relações internacionais e cooperação.
É de enaltecer que esteve
sempre a acompanhar a comitiva da OFA a Embaixada de Angola em Portugal representada ao
mais alto nível na pessoa do Dr.
Mateus Breganha.
A sessão de encerramento foi
presidida pelo Secretário de Estado da Saúde de Portugal, Dr.
Manuel Teixeira, após a qual fez
questão de manter um ameno
diálogo com os representantes
da OFA.
Caros colegas,
É nestes eventos que projectamos a OFA, com humildade,
mas com a certeza de que estamos a fazer o nosso melhor no
engradecimento da nossa Ordem e do nosso País.
Bem hajam!
Boaventura Moura apresentou uma comunicação sobre as competências farmacêuticas em assuntos regulamentares na lusofonia
O presidente da Assembleia Geral da OFA, João Lelessa, e demais membros da
delegação de Angola
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