Ordem dos Farmacêuticos ANGOLA REVISTA da de Trimestral | Ano 2 Número 6/7 ABR-SET 2015 Director: Boaventura Moura 6 e 7 de Outubro de 2015 · Hotel de Convenções de Talatona · Luanda Coreia país convidado de honra Alto patrocínio: Organização: Inclui o Programa e Catálogo Nutrição parentérica: o papel do farmacêutico A nutrição parentérica consiste na administração total ou parcial, por via intravenosa, dos nutrientes necessários à sobrevivência do paciente. A inclusão do serviço de nutrição parentérica dá um contributo valiosíssimo à prestação de cuidados de saúde de qualidade e ao desenvolvimento da farmácia hospitalar. | Pág.9 Quais os principais problemas relacionados com os medicamentos? A prescrição de antipalúdicos aos pacientes do hospital Josina Machel Os aspectos mais importantes a considerar nos medicamentos, as reacções adversas e os erros de medicação. Como estabelecer uma estratégia e objectivos quando há suspeitas de problemas relacionados com medicamentos? Constitui uma oportunidade de revisão e melhoria das intervenções dos profissionais de saúde? Reveja o essencial. | Págs. 15 a 18 O uso não adequado dos antipalúdicos pode levar, entre outros problemas, ao incremento da resistência e à ocorrência de reacções adversas. Com o objectivo de avaliar a qualidade de prescrição de antipalúdicos, realizou-se um estudo observacional em pacientes internados no Hospital Josina Machel com diagnóstico confirmado de malária. | Págs. 19 a 22 2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Setembro 2015 Revista da Ordem dos FarmacêuticosJaneiro/Março de Angola2014 |3 Editorial Índice Índice Boaventura Moura Bastonário e Presidente do Conselho Nacional Bem-vindos à II Semana da Farmácia Angolana Eventos II Semana da Farmácia Angolana e Expo Farma É já no início de Outubro que tem lugar a mais importante realização anual da OFA: a Semana da Farmácia Angolana. A segunda edição de um evento que reúne toda a classe farmacêutica de Angola e convidados dos países de língua portuguesa para debaterem as grandes questões que se colocam à profissão. Um programa científico de excelência e um salão profissional simultâneo mostram o vigor e a determinação dos farmacêuticos e da sua Ordem. | Págs. 4 a 8 e 10/11 Conselho Farmacêutico Estimados colegas, Nutrição parentérica: o papel do farmacêutico É É com muita alegria e satisfação que o/a acolhemos na II Semana da Farmácia Angolana – o fórum e ponto de encontro dos farmacêuticos, técnicos de farmácia e outros profissionais de saúde ligados ao medicamento e sector farmacêutico em Angola, este ano sob o lema “Acesso a farmacêuticos é acesso a medicamentos eficazes, seguros e com qualidade". O programa visa actualizar os nossos conhecimentos, partilhar experiências e debater as grandes questões que se colocam ao sector farmacêutico, à nossa farmácia angolana, à profissão farmacêutica e à saúde em geral, reforçando o compromisso do farmacêutico angolano para com a excelência na prestação de cuidados e serviços de saúde ao utente e à população no seu todo, ao mesmo tempo que fortalece a nossa classe e desempenho profissional. Por essa razão, mantivemos e reforçámos a qualidade das nossas conferências, mas ampliámos também a nossa oferta através dos cursos pré e pós conferência, ao mesmo tempo que alargámos a oferta disponível aos nossos alunos finalistas de Ciências Farmacêuticas - um compromisso OFA. Esta segunda edição conta com a Coreia como país convidado de honra, pelo que teremos também a oportu- "A caminho da nidade de conhecer as experiências da evolução rápida deste país na área internacionalização: da saúde em geral, e farmacêutica este ano contamos em particular. Para além do programa integral da II com a participação Semana da Farmácia Angolana, po- da Coreia como país de ler ainda nesta edição da sua revisconvidado de honra" ta um artigo sobre a adequação da prescrição de antipalúdicos aos pacientes do hospital Josina Machel, uma matéria sobre a comunicação em saúde, mais um caso de sucesso nas farmácias angolanas e a habitual Folha Farmacoterapêutica que analisa os principais problemas relacionados com os medicamentos. Na coluna Conselho Farmacêutico veja a matéria sobre nutrição parentérica. No espaço regulamentar encontra a continuação das bases gerais da política nacional farmacêutica - um diploma que devemos ter sempre presente. Saudações farmacêuticas e aquele forte e caloroso abraço galénico! “ Ficha Técnica Propriedade:Ordem dos Farmacêuticos de Angola | Director:Boaventura Moura | Conselho editorial: João Novo, Helena Vilhena, Pedro Zangulo e Santos Nicolau | Endereço: Rua Kwame Nkrumah, nº 52 / 53, Maianga, Luanda, Angola. Tel.: (+244) 935 333 709 / 912 847 892 | E-mails: [email protected] [email protected] | Web site:www.ordemfarmaceuticosangola.org | Editor: Rui Moreira de Sá - Marketing For You, Lda / Jornal da Saúde www.marketingforyou.co.ao | Redacção: Cláudia Pinto; Francisco Cosme; Magda Cunha Viana | Marketing e publicidade: Eileen Barreto Tel.: (+244) 945046312 / 928013347 e-mail: [email protected] | Periodicidade: trimestral | Design e maquetização: Fernando Almeida | Impressão e acabamento:EAL - Edições de Angola | Tiragem:3.000 exemplares A nutrição parentérica consiste na administração total ou parcial, por via intravenosa, dos nutrientes necessários à sobrevivência do paciente. A inclusão do serviço de nutrição parentérica dá um contributo valiosíssimo para a prestação de cuidados de saúde de qualidade e para o desenvolvimento da farmácia hospitalar. | Pág. 9 Comunicação Como deve o farmacêutico comunicar com o cliente Cabe ao farmacêutico incentivar a adesão à terapêutica, entre outros aspectos fundamentais na área da comunicação e aconselhamento ao doente, promovendo a sua segurança e conforto. | Págs. 12 a 14 Folha Farmacoterapêutica Quais os principais problemas relacionados com os medicamentos? Os aspectos mais importantes a considerar nos medicamentos, as reacções adversas e os erros de medicação. Reveja o essencial. | Págs. 15 a 18 Investigação A prescrição de antipalúdicos aos pacientes do hospital Josina Machel O uso não adequado dos antipalúdicos pode levar, entre outros problemas, ao incremento da resistência e à ocorrência de reacções adversas, com desfavorável repercussão para os pacientes e para o sistema de saúde. Com o objectivo de avaliar a qualidade de prescrição de antipalúdicos, realizou-se um estudo observacional, descritivo e transversal, em pacientes internados no Hospital Josina Machel com diagnóstico confirmado de malária. Saiba quais foram as conclusões. | Págs. 19 a 22 Reportagem Casos de sucesso de farmácias em Angola Os jornalistas da OFA continuam a sair à rua e a visitar as farmácias, procurando conhecer e relatar os bons exemplos. Nesta edição encontraram mais um caso de êxito bem no centro de Luanda. Saiba qual a estratégia por detrás do bom desempenho dos profissionais. | Pág. 23 Formação A pele do adolescente, os cuidados diários e o drama da acne Cuidados de hidratação e limpeza a ter no quotidiano. | Págs. 24 e 25 Espaço Regulamentar As bases gerais da política nacional farmacêutica As bases gerais da política nacional farmacêutica foram definidas pelo Decreto Presidencial n.º 180/10, de 18 de Agosto. Pela sua magna importância, a Revista OFA iniciou a sua publicação na última edição. Neste número, publicam-se os capítulos referentes ao abastecimento de medicamentos e meios médicos, à produção nacional de medicamentos e garantia de qualidade dos produtos farmacêuticos. | Págs. 26 a 28 Crónica do exterior Encontros internacionais A reunião anual do Conselho do Colégio de Especialidades de Assuntos Regulamentares da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal. | Pág. 30 4 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Eventos Abril/Setembro 2015 6 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Eventos Abril/Setembro 2015 8 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Eventos Abril/Setembro 2015 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 9 Abril/Setembro 2015 Conselho Farmacêutico Nutrição parentérica: o papel do farmacêutico Dr.ª Helena Vilhena Dr.ª Lucinda Figueiredo A estrutura e os serviços da farmácia hospitalar sofreram inúmeras transformações nas últimas décadas. A farmácia hospitalar, como integrante do ambiente hospitalar, possui acções avaliadas num processo de acreditação hospitalar por meio dos serviços prestados e de acordo com a complexidade do hospital. A inclusão do serviço de nutrição parentérica contribui para a acreditação, dando um contributo valiosíssimo para a prestação de cuidados de saúde de qualidade e para o desenvolvimento da farmácia hospitalar. Esta actividade envolve uma perfeita integração profissional entre a equipa: farmacêutica, médica, enfermagem e nutricionistas. A nutrição parentérica consiste na administração total ou parcial, por via intravenosa, dos nutrientes A nutrição necessários à sobrevivência parentérica do paciente. Ela está indicaconsiste na da nos casos em que a alimentação oral não é possí- administração vel ou é indesejada, quando total ou a absorção de nutrientes é parcial, por via incompleta e, principal- intravenosa, mente, quando as condi- dos nutrientes ções acima estão associanecessários à das ao estado de desnutrição. Os requisitos estrutu- sobrevivência rais, ambientais, físicos do do paciente. serviço de nutrição parentérica e as boas práticas de manipulação são fundamentais para a garantia da qualidade da nutrição parentérica. O profissional farmacêutico é responsável pela manipulação das nutrições parentéricas devido, principalmente, à sua formação académica que lhe confere habilidade para: seleccionar, adquirir, armazenar e distribuir, criteriosamente, os produtos necessários para a preparação da nutrição parenteral; seleccionar e qualificar fornecedores que assegurem a entrega dos produtos acompanhados do certificado de análise emitido pelo fabricante; avaliar a formulação da prescrição médica quanto à adequação, concentração e compatibilidade físico-química e esterilidade; determinar prazos de validade para cada nutrição parenteral padronizada, com base em critérios rígidos de controlo de qualidade; assegurar que os rótulos da nutrição parenteral sejam claros e que seja feita a recolha correcta da amostragem da nutrição parenteral para análise microbiológica; participar de estudos de farmacovigilância com base em análise de reacções adversas e interacções fármaco-nutriente e nutriente-nutriente, a partir do perfil farmacoterapêutico registado; participar, promover e registar as actividades de formação operacional e de educação continuada, garantindo a actualização de todos os profissionais envolvidos na preparação para garantir a competência técnica da equipe de trabalho. Além das actividades de supervisão na manipulação das formulações e controle de qualidade, o farmacêutico participa no acompanhamento clínico do paciente, juntamente com a equipa multidisciplinar. A comunicação é fundamental nas relações entre o farmacêutico-paciente e o farmacêutico e os demais profissionais de saúde, para a condução de uma orientação técnica que traga benefícios à terapia nutricional. A implantação do serviço do serviço de nutrição parentérica significa um avanço na abordagem farmacêutica a nível da farmácia hospitalar, promovendo uma perfeita integração do farmacêutico com a restante equipa envolvida no processo. Referências bibliográficas 1.Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar/Maria José Vasconcelos do Magalhães Gomes, Adriano Max Moreira Reis. – 1. Ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2001 2. Nutrição parentérica em pediatria – Abordagem e experiência farmacêutica fonte:http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAy1gAJ/central-misturaintravenosa#ixzz20EhSccX7 3.Nutrição parentérica fonte: http://www.infarmed.pt/formulario/navegacao.php?paiid=197 4.http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/670/atuacao-do-farmaceutico-hospitalar-na-equipe-multidisciplinar 5.http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&categoria=5&id=149 10 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Setembro 2015 EXPO FARMA 2015 Expositores e patrocinadores Visite os stands das empresas de referência do sector farmacêutico em Angola. n A. SATTAR ENTERPRISES (BALAXI) Rua Nicolau Gomes Spencer, nº205, 2º A, Maculusso, Luanda Tel.: 997203040/924281142 Fax.:222446041 E-mail: [email protected] Contacto:Umesh Manglani Web:www.balaxi.com Actividade: medicamentos e equipamentos médicos Empresa representada:Balaxi Produtos:Boadent desinfetante bucal, Reality extra comprimidos, Venorai Plus 100 mg comprimidos, Amoxicilina 125 mg xarope, Amoxicilina 250 mg xarope, Nantoux Antitoux xarope, Mixagrip xarope, Nanvit xarope, Nankoalin xarope, Acido fólico comprimidos 5 mg, Captopril 25 mg comprimidos, Dolargin 550 mg comprimidos, Penicilina 500 mg, Chloranphenicol capsulas 250 mg, CO-Lumex artemeter 20 mg, Lumefantrina 120 mg, Arimet Artemether 180 mg/60 ml xarope, Ciprofloxacin Intravenous soro, Lumox Amoxicilina 500 mg cápsula, Indonan Indomethacin 25 mg cápsula, Lucillin Ampiciclina sódica injectável 1 g. n BIAL Angola Belas Business Park, Edifício Malange, Piso 2, sala 202 B, Talatona, Luanda Telefone:947017419 E-mail: [email protected] Contacto:Nuno Cardoso Web:www.bial.com Actividade:indústria farmacêutica Produtos:medicamentos. n GENERIS FRAMACÊUTICA, SA Rua João de Deus, 19, Amadora Tel.:+(244)940904064 /+(244)916660404 E-mail: [email protected] Contacto: Luis Monteiro web:www.generis.pt Actividade:fabrico e comercialização de produtos farmacêuticos. n BLUEPHARMA GENÉRICOS Rua Salvador Allende, 64, 1º Esq., Luanda Telefone: 921106296 E-mail: [email protected]: Paula Guerreiro Actividade:indústria farmacêutica, comércio de medicamentos Produtos: medicamentos anti-infecciosos, aparelho cardio-vascular, aparelho digestivo, aparelho locomotor, sistema nervoso central, aparelho geniturinário, medicação anti-alérgica, medicamentos não sujeitos a receita médica, dispositivos médicos. Empresas representadas:BLUEPHARMA GENÉRICOS, SA; BLUEPHARMA INDÚSTRIA, SA n GLOBOMÉDICA Via Expresso, sentido Viana, Km 1,5, Luanda Tel.:938219722 E-mail:globomedica.angola @hotmail.com Contacto:Amélia Armada, Suzana Santos Actividade:comércio de equipamentos e medicamentos Empresas representadas:NUNEX, BRAUN Produtos: fraldas, equipamento hospitalar. n AUSTRALPHARMA Rua Dr. Américo Boavida, 131-133, Ingombota, Luanda Tel.:915170883 Fax:222334461 E-mail:patricia.pereira844@ gmail.com Contacto: Patrícia Pereira Actividade:Distribuidor de produtos farmacêuticos, consumíveis, diagnóstico e equipamentos de ortopedia Produtos:medicamentos, produtos de dermocosmética, puericultura, ortopedia, ajudas técnicas, consumíveis clínicos e hospitalares, testes rápidos, equipamentos de diagnóstico e equipamentos hospitalares. n ECOMAR Av. 4 de Fevereiro, 87, Ingombota, Luanda Tel.: 922096989/ 222331494 E-mail: daniel.braz @ecomar.co.ao/[email protected]: Daniel Braz, Mauro Moreira. n BALDACCI PORTUGAL, S.A. Rua Cândido de Figueiredo, 84-B, Lisboa Tel.: +351 217783031/+351 937318092E-mail:jose.canas @baldacci.pt Contacto:José Canas Web:www.baldacci.pt Actividade:fabricação e comercialização de especialidades farmacêuticas Produtos:Baldacci, Lauroderme. n FARMALOG Povoação do Musseque, Kikoca, Comuna Barra do Dande, Província do Bengo Tel.:929205842E-mail: [email protected] Contacto: Sónia Pacheco web:www.farmalog.co.ao Actividade:importação e distribuição de medicamentos Empresas representadas:NBC MEDICAL, SANOFI AVENTIS, ASTRA ZENECA, BIAL, BAYER HEALTHCARE, BLUEPHARMA, TECNIFAR, MSD, MEDINFAR, MEDTRONIC Produtos:distribuição de medicamentos e outros produtos da área da saúde, representação de marcas, medicamentos, dispositivos médicos n BENE FARMACÊUTICA, LDA. Av. D. João II, nº 44 C - 1º B, Lisboa Tel.:+(351)211914455 E-mail:[email protected] Contacto: Gabriela Alves, Jorge Araújo Web: www.benefarmaceutica.pt Actividade:Indústria farmacêutica Produtos:Ben-u-ron comprimidos, cápsulas, supositórios, xarope; Ib-u-ron comprimidos, supositórios, suspensão oral; Dol-u-ron cápsulas, comprimidos; Tram-u-ron cápsulas, comprimidos; rombocid pomada e gel. n FARWELL – SOCIEDADE FARMACÊUTICA, LDA. Expositor e Patrocinador Platina Rua da Maianga, 26 A, Luanda Tel.: 925488000 E-mail:[email protected] Contacto:Jalaludin Massanali Actividade:medicamentos, reagentes e equipamentos. n HE FARMACÊUTICA Rua Assalto Moncada, 14, Luanda Tel.: 931534915 E-mail:geral@ he.co.ao Contacto:Andrea Ferraz Actividade:saúde e bem estar Empresas Representadas: PIERRE FABRE, URIAGE, LIERAC, PEDIALAC, BETER, PHILIPS AVENT, NUK Marcas: Avène, ADerma, Ducray, Elgydium, Butix, Klorane, Pedi-Relax, Elancyl, Uriage, Lierac, Pedialac, Beter Farmacy, Beter Look, Philips Avent, Nuk, Harmony, Doomoo, Delta, Philips Respironics Produtos: dermo-cosmética, cuidados buco-dentários, nutrição infantil, acessórios e maquilhagem, puericultura e acessórios, sexualidade e bem estar, nebulizadores, escovas de dentes eléctricas. n LABCONCEPT Rua Joaquim da Graça, nº 94, Bairro Azul, Luanda Tel.: 932730724 E-mail: [email protected] Contacto:Carlos Vicente Web: www.labconcept. co.ao Actividade: distribuição e importação Empresas representadas:ATLANTICONCEITO, HVNKAR, FRESENIUS, CLETRAINING Marcas: Nimo, Fresubin Produtos:medicamentos, nebulizadores, alimentação entérica, formação. n LABOREX Rua do CFA 1º, 3-5, Bungo, Luanda Tel.: 938777318 Email:[email protected] Contacto: Jean Yves Richard Actividade: distribuição de produtos de saúde Empresas representadas: DAFRA PHARMA, DENY PHARMA,INOTECH INTERNATIONAL, GSK, MEDINFAR, MSD, SANOFI Produtos: medicamentos de especialidade, medicamentos Abril/Setembro 2015 genéricos, medicamentos de venda livre, produtos dermocosméticos, consumíveis hospitalares, medicamentos hospitalares, alimentação parenteral. n LUZOFARMA Rua do Chinguar, Bairro Benfica, Luanda Tel.: 222028880 E-mail:[email protected] Web: www.luzofarma.com Contacto:Silvio Samuel Actividade: comércio de medicamentos e equipamentos Produtos: Galénicos Luzofarma – álcool etílico, óleo de amêndoas doces, água oxigenada, água de rosas, soro fisiológico, tintura de iodo, vaselina purificada, violeta de genciana, eosina, soluto de dakin, acetona suavizada, azul de metileno, bicabornato de sódio, acetona pura, iodopovidona, hidroálcool. n MADMAG – TECKPHARMA Rua Jaime Curtizão, Bairro Maianga, Zona 9, Luanda Tel.: 226434575/949388834 E-mail: [email protected] Contacto: António Alcântara Web:www.teckprojects.com / www.tpharma.pt Actividade:projectos chave na mão de farmácias e clínicas. n MAXUD INTERNACIONAL, LDA. Rua Frederico George, nº 39, 7º piso, fracção A/I, Lisboa Tel.:+(351)915253512 E-mail:monica.silva @maxud-internacional.com Contacto:Mónica Silva Web:www.maxud-internacional.com Actividade: intermediação, importação, exportação e venda de produtos farmacêuticos e cosméticos Empresas representadas: APOTHEKE, CORINE DE FARME, EVIAN, HYGIE´NET, KILLYS, PLACEMATRIX, SARO BABY, SARO CLASSIC, URGO Marcas: Pedirelax, Dim, Optrex, Listerine, Pic Solution, Fuss Frisch, Ky, Hansaplast, Megared, Arkocápsulas, Avène, A-derma, Elancyl, Lierac, René Furterer, Klorane, Ducray, Chicco, Dodot, Lauroderme, Johnson’s, Milupa, Medela, Lustine, Blédina, Elgydium, Oral B, Fluocaril, Reach, Durex, Harmony, Control, Gillete, Dr. Scholl, OB, Carefree Produtos: produtos farmacêuticos, cosméticos, dermocosméticos, produtos de puericultura. n MOSEL, SA Expositor e Patrocinador Prata Rua Pedro de Castro Van-Dúnem Loy, Kilamba, 3205, Luanda Tel.: 222442084/935590059 E-mail: [email protected]/[email protected] Contacto: Edson Faria Actividade:distribui- Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 11 ção de alimentos infantis, medicamentos e cosméticos Produtos:Nutribén – alimentação infantil; Interapothek – cosméticos infantis e adultos, mobiliário de farmácia e hospitalar; Tecnyfarma, Indas – material gastável hospitalar, equipamentos hospitalares e de farmácia, medicamentos. n NEOFARMA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS E COSMÉTICOS, LDA. Via CS-1, Area CS4, Projecto urbanístico de Luanda Sul, Talatona Tel.: 222460416 / 923718653 Fax:222460503 E-mail:comercial @neofarma.co.ao Contacto:Luiz Viana Web:www.neofarma.co.ao Actividade: venda/distribuição de medicamentos e gastáveis Empresas representadas: TEUTO BRASILEIRA, BIOLINE, JOHNSON & JOHNSON Produtos: medicamentos genéricos, suturas Bioline, suturas Johnson & Johnson, testes rápidos. n OMEGA PHARMA Av. Tomás Ribeiro, 43, Edifício Neopark, Bloco 1-3º C, Carnaxide Tel.: +(244) 924804830 E-mail: [email protected] Contacto: Diogo Charneca Web:www.omega-pharma.co.ao Produtos:Viterra, Caladryl, Vitacê, XLS, Benegast, CB12, Paranix, Nailler, Predictor, Pregnacare. n SHALINA HEALTHCARE Expositor e Patrocinador Ouro Rua do Cafaco, nº 1, 2º andar, Ingombota, salas B,C,D,E, Luanda, Tel.: 222394461 /222394315 E-mail:shalina.angola @shalina.com Contacto:João de Barros Web:www.shalinahealthcare.com Actividade:comercialização de medicamentos Produtos:medicamentos, produtos hospitalares, produtos de higiene pessoal n SOCIFARMA, SOCIDADE FARMACÊUTICA ANGOLANA, SA Expositor e Patrocinador Platina Rua Marien N’Gouabi, nº 45, Maianga, Luanda Tel.: 222326440/ 927491328/931535653 E-mail:[email protected] Contacto: Filipe Cigarro Web: www.socifarma.com Actividade:importação, distribuição e logística farmacêutica Produtos:medicamentos, consumíveis e equipamentos hospitalares, material de ortopedia ligeira e pesada, dermocosmética e higiene corporal, produtos de puericultura ligeira e pesada, testes de diagnóstico rápido, produtos de alimentação e higiene infantil, material de hospitalização domiciliária, medicamentos veterinários, alimentação animal, acessórios para animais de pequeno, médio e grande porte. n SOUTHMED – DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA, LDA. Rua do Mat, 372, Talatona, Luanda Tel.: 936961005 /993460867 E-mail: [email protected]/ mariofilipe.goncalves @gmail.com Contacto:Mário Gonçalves, Aires Guilherme Actividade:importação e distribuição de medicamentos Marcas:MARVIS, PRO-RASO, SULFILLO Produtos:dentífricos de qualidade, produtos para barbear e cuidado do rosto. n SUPER FRESCO – INDÚSTRIA E COMÉRCIO ALIMENTAR Rua de Aveiro, 12 Tel.:+(244) 948495670 E-mail:[email protected] Contacto: Manuel Rodrigues Actividade:indústria e comércio alimentar Produtos:suplemento alimentar Allshanti. n TECNOSAÚDE ANGOLA, SA Edifício Presidente Business Center, Largo 17 de setembro, nº 3, 2º andar, Sala 211, Luanda Tel.: 222714015 E-mail:[email protected] Contacto: Filipa Madeira, Nádia NoronhaWeb: www.tecnosaude.net Actividade:formação, consultoria e apoio à indústria farmacêutica Produtos:formação para farmácias e outras unidades de saúde, consultoria de gestão, apoio à indústria farmacêutica. 12 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Setembro 2015 Comunicação Como o farmacêutico deve comunicar com o cliente Uma das tarefas mais importantes da prestação de cuidados de saúde é a promoção da segurança e do conforto daqueles que sofrem por causa da doença, pelo que é necessário fornecer ao doente explicações sobre a doença e a melhor forma de lidar com ela. Daí que o comportamento do farmacêutico e seus colaboradores tenha que ser de grande pragmatismo quanto ao desempenho da sua função. Na realidade, cabe aos farmacêuticos incentivar a adesão à terapêutica instituída pelo médico, pelo que é fundamental, no exercício da sua atividade laboral, ter um adequado comportamento comunicacional no tocante às relações com outros profissionais de saúde, em especial o clínico. Cabe assim ao farmacêutico uma função de inegável importância, dada a sua posição privilegiada no contexto do circuito do doente no sistema de saúde, considerando que constitui o último contacto do doente antes de iniciar uma terapêutica que, em larga maioria, é efectuada com recurso a medicamentos. A proximidade de relação com o doente, já que em muitas circunstâncias este frequenta assiduamente a mesma farmácia, pode propiciar uma importante ajuda ao médico no sentido de serem dados contributos significativos quanto à inserção social e cultural do paciente. Boa abordagem Da mesma forma que um bom acolhimento se torna relevante para uma boa comunicação com o cliente, é imprescindível que a equipa utilize uma boa abordagem. Assim, expressões como "O que é que quer?", "Diga lá ... ", devem ser substituídas por "Em que posso ser-lhe útil", "Tenha a amabilidade de dizer", já que estas palavras transmitem uma forma mais educada de comunicação, e toda a gente aprecia ser correctamente tratada. No caso de existir um sistema de chamada de vez (ordenação de pessoas em fila de espera), é aconselhável não chamar ninguém pelo número, mas com um "quem está a seguir por favor", tal como, quando se pretende perguntar ao cliente, no decurso do atendimento, se quer levar mais alguma coisa, ao invés do tradicional " ... e mais por favor" ou "mais alguma coisa?", utilizar expressões como "vai pretender algo mais" ou "deseja mais algum produto?". Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 13 Abril/Setembro 2015 A gestão da comunicação corrente Um aspecto que habitualmente concorre para a percepção, por parte do cliente, de um serviço eficaz , é seguramente a forma como se comunicam alguns aspectos. Por exemplo, quando não existe em stock um medicamento que o cliente necessita, deve-se referir "De momento não disponho do produto X. Se necessita urgentemente, posso arranjá-lo para as Y horas", ou "O produto que é solicitado pelo seu médico(a) está em falta. Vou tentar saber se o consigo encomendar para as Z horas: fazlhe diferença voltar a essa hora?". Um dos aspectos que se deve procurar gerir com eficácia é facultar ao cliente uma informação correcta e concreta, sem ambiguidades. Desta forma, em situações em que não haja o produto em stock, dever-se-á dizer de imediato ao cliente que está esgotado no mercado, caso exista essa informação actualizada. Caso se verifique que é uma falta pontual na farmácia, é aconselhável a gestão da encomenda do produto de acordo com as necessidades do cliente. Se se tratar de um caso urgente, a alternativa será ligar para uma farmácia próxima com quem habitualmente exista troca de produtos. Caso isso não seja possível, deverse-á solicitar ao fornecedor que faça uma entrega dentro do prazo pretendido. O facto de procurar resolver de imediato o problema do cliente, não só é fundamental para este ter uma maior percepção da eficácia do serviço da farmácia, como igualmente permite ao farmacêutico poder confirmar de imediato a entrega do produto e comprometer o cliente a vir buscá-lo. A comunicação nestas situações deve ser feita em tom cordato, não forçando o cliente a aceitar nada, mas informando-o sobre as opções para o satisfazer. A resolução de uma situação deve fazer parte da conduta ética e profissional do farmacêutico, pois contribui para a melhoria do estado de saúde das populações que serve e somente para a comercialização de medicamentos e outros produtos. Causas de má comunicação Comunicar é também aceitar o nosso interlocutor na sua globalidade, independentemente do seu sexo, raça, idade, preferência sexual ou estatuto social, procurando reconhecer em que aspectos as opiniões convergem, bem como identificar os pontos de discórdia. Por esta razão, emitir uma mensagem clara pressupõe o conhecimento das razões que presidem à sua génese, a compreensão da existência de diferentes pontos de vista e a modulação da comunicação em função do interlocutor de forma a assegurar o impacto final dessa mesma mensagem. Embora se possa reconhecer maior ou menor facilidade de expressão num determinado indivíduo, a comunicação é algo que se apura em função da utilização de determinadas técnicas. Para se perceber até que ponto são relevantes o seu emprego, repare-se nas causas que mais frequentemente afectam a comunicação, no decurso de um atendimento: Receio do envolvimento pessoal - Certas expressões, quando mal usadas provocam retração no cliente. Por exemplo em vez de se dizer "Pode comprar o artigo X que melhorará após uma toma de y dias" deveria optar-se por "Eu aconselho o artigo X e estou certo que após uma toma de y dias, sentir-se-á melhor”. Serviço executado contra-relógio- O serviço de atendimento e o aconselhamento associado não devem ter como pressuposto a rapidez de execução. Os clientes são também, na grande maioria, doentes que, como tal, precisam de atenção, mesmo nas horas de maior afluxo. Espaço inadaptado às exigências actuais- A farmácia deve ser um espaço onde se possa falar Melhorar a capacidade de escuta Observar para uma escuta objectiva Ser atento ao desenrolar do estado de saúde dos clientes é algo que deve fazer parte das competências de um técnico superior de saúde. Numa farmácia, pela frequência de visitas por parte da população, é relativamente fácil à equipe técnica aperceber-se de alterações nos clientes, devendo por isso, não só estar atenta à automedicação efectuada pelos mesmos, que em muitas situações é desadequada e mascara os sinais da doença, como igualmente conduzir a conversação de forma a conhecer mais profundamente as causas da eventual patologia, e assim poder orientar mais convenientemente o tratamento, ganhando simultaneamente a confiança do cliente. Colocar o corpo em posição de escuta Naturalmente que, para escutar, precisamos de ouvir, pelo que a posição do corpo tem, não só de refletir predisposição para o acto (com o tronco ligeiramente inclinado para a frente, a cabeça inclinada, os braços ao longo do corpo ou repousando sobre o balcão), como igualmente se deve promover uma predisposição especial, com o olhar direccionado para o cliente, sem naturalmente o fixar exageradamente, o que o poderá tornar menos acolhedor. As palavras devem ser proferidas em tom baixo, mas de forma clara e audível. Estar atento às particularidades linguísticas Cada pessoa utiliza no decurso da sua comunicação como que uma linguagem própria, com determinado tipo de vocabulário e referências culturais particulares. Deve-se procurar detectar rapidamente tais particularidades e utilizar referências semelhantes no decurso da conversação, pois facilitará bastante o entendimento. 14 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Setembro 2015 Comunicação sem elevar a voz e em ambiente de intimidade. O espaço deve ser portanto concebido em função da dimensão da relação humana que se pretende estabelecer, quer com os clientes, quer com os próprios colaboradores. Linguagem inapropriada- O estar no mesmo "comprimento de onda" do cliente é fundamental para se transmitir uma mensagem. Deve-se pois utilizar uma linguagem simples e de fácil compreensão, mesmo que isso signifique ter de recorrer a expressões populares ou sem carácter técnico. Curiosidade - Colocar questões que entram na intimidade do cliente sem ter justificação ou permissão do mesmo, é algo que seguramente condiciona a evolução da relação. Por isso deve-se deixar, dentro do possível, ser o cliente a escolher a direcção que pretende dar à conversação. Desumanidade- Independentemente de se ser profissional de saúde é-se igualmente, e em primeiro lugar, um ser humano. Ninguém se deve alhear deste facto, pois só assim será possível ganhar a confiança do cliente. Demissão- Escutar e compreender o interlocutor sem abandonar a própria opinião, mesmo que isso signifique dizer não às suas críticas, é algo que deve fazer parte da postura do farmacêutico, enquanto profissional. Rotina - O quotidiano laboral gera por vezes situações de acomodação que são totalmente contrárias ao espírito de missão que deve nortear a profissão. Deve-se lutar contra a inércia que se tende a estabelecer no seio da organização e ter suficiente motivação para servir quem mais precisa: o cliente. Saber escutar Quarenta por cento do tempo da vida de um farmacêutico é dispendido a escutar. Provavelmente mais no caso de um farmacêutico comunitário. Naturalmente que o receptor tem uma posição activa na comunicação interpessoal. Da qualidade da sua escuta depende igualmente o sucesso ou insucesso deste processo. A escuta tem dois objetivos: descortinar o mais apuradamente possível o pedido efectuado pelo cliente (de forma verbal e não verbal) e demonstrar a este a disponibilidade e interesse para resolver a situação. Para se saber escutar tem de existir uma condição mental adequada, ou seja, manifestar um comportamento e atitudes voluntárias. O comportamento preliminar de escuta Existem seguramente algumas circunstâncias que permitem melhorar a escuta, nomeadamente: - Reconhecer o outro como portador de uma mensagem. Significa ter a percepção do tipo de necessidades e expectativas de quem procura. Talvez já lhe tenha acontecido entrar numa casa comercial e existir um funcionário que, após algum tempo de espera e observação do seu comportamento, o aborda simpaticamente e parece adivinhar o que quer. Compreenderá facilmente que tal atitude gera uma enorme fidelização do cliente e que haverá uma predisposição suplementar para este se dar mais a conhecer ao dito funcionário. Numa farmácia, em que os problemas dos clientes assumem porventura uma dimensão ainda mais intimista, é fundamental que tal postura exista e se promova inclusive o seu desenvolvimento no seio da equipe técnica. - Permanecer "aberto", pois a escuta exige uma primeira recepção da mensagem, sem qualquer julgamento a priori. O aspecto, raça ou etnia, linguagem e idioma não devem influenciar a forma como os farmacêuticos e seus colaboradores encaram a sua missão social e muito menos pautam a sua intervenção profissional. - Conhecer-se a si mesmo, já que a capacidade de escuta dos receptores está ligada a factores pessoais. Os problemas e desordens dos clientes podem encontrar um eco particular, já que os receptores têm as próprias dificuldades e limites, tendo assim de saber gerir todas as solicitações, inclusivamente aquelas que são provenientes de contextos desfavoráveis à escuta. O cliente irritado, de mau humor e fatigado, é sempre um interlocutor mais complexo de servir. Adaptado de: Aguiar, António Hipólito. Boas Práticas de Comunicação na Farmácia – Guia de acção para o sucesso. Hollyfar; Lisboa, 2014 Abril/Setembro 2015 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 15 Folha Farmacoterapêutica Órgão informativo REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA SAÚDE DIRECÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS E EQUIPAMENTOS CINFARMA– Centro de Informação Farmacêutica no Departamento de Farmacovigilância DNME/MINSA ANO 0 Nº 6 Abril a Junho de 2015 MENSAGEM DE ABERTURA Todo o nosso esforço tem um único objectivo: proporcionar-lhe, a si e à sua família, melhores dias. Com o seu apoio e amizade atingimos grandes metas, e outras nos esperam. Sentimo-nos realizados com a sua alegria, prosperidade e felicidade, bem como com a valorização da nossa profissão. Nós acreditamos que é preciso acreditar. Nós acreditamos que só acreditando é possível construir. Nós acreditamos que só construindo conseguiremos vencer. Nós acreditamos na nossa profissão. Em si. Por isso, apresentamos-lhe mais um feito farmacêutico que gostaríamos que fizesse parte do seu quotidiano laboral, para a sua actualização profissional. Pedimos-lhe que contribua para a sua melhoria. Esta Folha Farmacoterapêutica estará sempre presente nesta sua Revista da OFA. Abrace esta causa. O Director Nacional Boaventura Moura QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS RELACIONADOS COM OS MEDICAMENTOS? Introdução A partir da década de 40 (século XX), o uso de fármacos em larga escala foi acarretando uma preocupação em relação à utilização de medicamentos 1,2. Em 1985, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o uso racional de medicamentos como sendo “o emprego de medicamentos apropriados para a situação clínica, nas doses que satisfaçam as necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo possível” 3. Desta forma, a prescrição de um medicamento deveria estar baseada em uma análise prévia da relação risco/benefício e também do custo do tratamento. Apesar dos esforços em prol do uso racional de medicamentos, existem estudos que demonstram a existência de problemas de saúde cuja origem está relacionada ao uso de medicamentos 4,5. Entre as causas mais comuns encontramse: cumprimento inadequado do tratamento, automedicação, interacções medicamentosas, reacções adversas, intoxicações, falhas terapêuticas e erros de medicação 5. A farmacoterapia acessível e rápida, na qual se analisa apenas a eficácia e efectividade relegando para segundo plano o aspecto segurança, parece ser a predominante 6. O aumento no consumo de medicamentos, nos últimos tempos, permite visualizar o problema crescente relacionado ao uso destes produtos 7,8. De facto, o tema “problemas relacionados com medicamentos (PRM)” tem-se mostrado cada vez mais frequente na literatura 5-12. Em 2002, foi elaborado o Segundo Consenso de Granada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos que definiu PRM como sendo problemas de saúde, entendidos como resultados negativos, derivados da farmacoterapia que, produzidos por diversas causas, conduzem à não obtenção do objectivo terapêutico ou ao aparecimento de efeitos indesejados 12. O uso em larga escala pode apresentar situações adversas que são classificadas como problemas relacionados com medicamentos (PRM) BARBERO GONZÁLES & AFONSO GALÁN, 1999). Os primeiros trabalhos sobre o tema datam do início da década de 70 e os que relatam esse tipo de estudo em emergências acontecem na década seguinte. Entretanto, segundo STRAND e colaboradores 1999, foi em 1990 que se estabeleceu uma definição e uma classificação sistemática para PRM. As pressões sociais às quais estão submetidos os prescritores, a estrutura de sistema de saúde e o marketing farmacêutico são habitualmente citados como factos envolvidos nesta problemática a (TUNEAU VALLS et al.; 2000). Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs) é um termo frequentemente utilizado na Atenção Farmacêutica e na Farmácia Clínica. Os PRM’s podem estar relacionados a Reacções Adversas a Medicamentos (RAM’s), consideradas não evitáveis e que sempre produzem dano ao paciente, ou Erros de Medicação (EM), considerados evitáveis e que podem ou não causar danos ao paciente. Os EM classificamse em erros de prescrição, dispensa e administração. DEFINIÇÃO DE PROBLEMAS RELACIONADOS COM MEDICAMENTOS (PRMS) Em 1999, durante a Conferência Europeia sobre Atenção Farmacêutica da “Pharmaceutical Care Network Europe” (PCNE), o Problema Relacionado ao Medicamento (PRM) já havia sido definido como “a ocorrência de problemas na farmacoterapia de um indivíduo que causa, ou pode causar, interferência nos resultados terapêuticos”. Assim, um PRM acontece se houver uma ocorrência ou mesmo a possibilidade de uma ocorrência na terapêutica medicamentosa (Ivama et al., 2002). Por outro lado, segundo o II Consenso de Granada (2002) “PRMs são problemas de saúde entendidos como resultados clínicos negativos, derivados da farmacoterapia que, produzidos por diversas causas, interferem no resultado terapêutico ou levam a efeitos indesejados”. Esta definição contraria o conceito estabelecido pela PCNE que considera também como PRM todas as ocorrências que possam gerar danos (potenciais) à saúde, não sendo necessária a real ocorrência de efeitos indesejados. Os PRM’s incluem também o Erro de Medicação (EM), que é definido como “qualquer erro que ocorra durante o processo de prescrição e utilização do medicamento” (Bates et al., 1993). Estes erros podem estar relacionados com os procedimentos e sistemas da prática profissional que incluem: a prescrição, comunicação de pedido, rotulagem, dispensa, distribuição, administração e adesão do paciente. Implícito na definição de EM está que ele é evitável (Aspden et al., 2007) e ocorre devido a limitações do conhecimento, lapsos, falhas ou defeitos no sistema. Podem ser cometidos, tanto por profissionais inexperientes como pelos experientes, sejam médicos, farmacêuticos, enfermeiros, técnicos, cuidadores e o próprio paciente. O termo PRM não é o único utilizado para descrever um problema farmacoterapêutico. Outros termos têm sido propostos como: Problemas Relacionados à Terapia (Cipolle, 1998), Falhas Farmacoterapêuticas (FernandezLlimos, 2004), entre outros (Van Mill, 2004; Rissato et al., 2008). De acordo com o segundo consenso de granada (comité de consenso, 2002), os problemas relacionados com medicamentos (PRMs), são classificados em12: Necessitude PRM 1: O paciente sofre um problema de saúde em conse- 16 | Revista da ordem dos farmacêuticos de angola Abril/Setembro 2015 Folha Farmacoterapêutica quência de não receber um medicamento de que necessita. PRM 2: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de receber um medicamento de que não necessita. efectividade PRM 3: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma inefectividade não quantitativa do medicamento. PRM 4: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma inefectividade quantitativa do medicamento. segurança PRM 5: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma insegurança não quantitativa de um medicamento. PRM 6: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma insegurança quantitativa de um medicamento. Quanto à ocorrência, os PRMs podem ser: • Os não evitáveis que causam dano ao paciente. São as reacções adversas a medicamentos (RAMs). • Os evitáveis que podem ou não causar dano. São os erros de medicação (EM). RaMs não evitáveis - Causam dano ao paciente Actualmente, as RAMs são classificadas em seis tipos segundo sua origem e características (Tabela 1) (WHO, 2002). O tipo A de RAM está relacionado a um efeito farmacológico conhecido do fármaco (como, por exemplo, os efeitos anticolinérgicos dos antidepressivos tricíclicos). Mesmo sendo previsível, a sua prescrição não deve ser considerada um erro de medicação. Quando a necessidade clínica supera o risco de ocorrência de efeitos adversos já descritos, a sua prescrição não deve ser considerada como um erro de medicação. Assim, caso este efeito adverso venha a ocorrer, o apropriado é considerá-lo como uma RAM. Os PRMs levam a um aumento substancial na morbidade (Mannesse et al., 2000) e da mortalidade (Ebbesen et al., 2001), assim como aumentam os custos nos cuidados da saúde (Ernst, 2001), prejudicando tanto o indivíduo, como a sociedade. A prevenção de um PRM seria a condição ideal para que não fosse necessária a sua correcção. Todavia, alguns PRMs podem ser consequência de uma reacção particular e não evitável de um paciente, como é o caso das reacções de hipersensibilidade causadas por agentes anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), antibióticos, anticonvulsivantes, entre outros, comumente diagnosticadas como Síndrome de Stevens-Johnson (Ghislain & Roujeau, 2002). Nesse caso, os PRMs se constituem nas Reacções Adversas aos Medicamentos (RAMs). ERROS DE MEDICAÇÃO EVITÁVEIS PODEM OU NÃO CAUSAR DANO São comuns em toda parte do mundo. Na Inglaterra, cerca de 85 mil erros de medicação foram registados pelo Serviço Nacional de Saúde14. Nos EUA, os erros de medicação contribuíram, anualmente, com a morte de mais de sete mil pacientes dentro e fora dos hospitais16. Além disso, o custo das doenças relacionadas aos medicamentos triplicou nos últimos anos e excedeu os USD 175 bilhões16. Esses números podem estar subestimados, pois, centenas de milhares de erros associados ao uso de medicamentos, nunca foram relatados15. Segundo Timbs14, os erros de medicação estão divididos nas etapas de prescrição, dispensa e administração. Na Argentina, uma pesquisa detectou um alto índice de prescrições ilegíveis, tanto no sector público, quanto no privado, possivelmente originando Tabela 1 - ClassifiCação das RaMs eM Relação às suas CaRaCTeRísTiCas e oCoRRênCias Tipo de reacção Característica exemplos A (aumento) Relacionado à dose comum. Relacionado a um efeito farmacológico da droga esperada. Baixa mortalidade Efeitos tóxicos:intoxicação digitálica;síndrome serotoninérgica com ISRSs; efeitos colaterais: efeitos anticolinérgicos de antidepressivos tricíclicos B (bizarro) Não relacionado à dose incomum. Não relacionado a um efeito farmacológico da droga inesperada. Alta mortalidade Reacções imunológicas: hipersensibilidade à penicilinas; reacções idiossincráticas: porfiria aguda, hipertemia maligna, pseudoalergia (ex rash em uso de ampicilina) C (crónico) Relacionada à dose e ao tempo de uso incomum relacionada ao efeito cumulativo do fármaco Efeitos tromboembólicos com o uso de anticoncepcional; infarto agudo do miocárdio com Rofecoxibe D (atraso, Relacionada ao tempo de uso incomum. do inglês delayed) Normalmente relacionada à dose. Ocorre ou aparece algum tempo após o uso do medicamento. Teratogênese (ex: adenocarcinoma associado ao dietietilbestrol); carcinogénese; discinesia tardia E ( fim do uso; Ocorre durante a abstinência. Ocorre logo do inglês end of use) após a suspensão do medicamento Síndrome de abstinência a opiáceos. Isquémia miocárdica (suspensão de alfa bloqueador) F ( falha) Dosagem inadequada de anticoncepcional oral particularmente quando utilizados indutores enzimáticos Falha inesperada da terapia comum relacionada à dose. Frequentemente causada por interacção medicamentosa enormes danos à população17. Outro estudo demonstrou que prescrições erradas levaram ao óbito ou geraram lesões graves em mais pacientes norte-americanos do que se poderia ter imaginado, tendo sido estimado que dois terços desses problemas poderiam ter sido evitados18. Desta forma, uma vez estabelecidos os conceitos, podemos classificá-los em função de sua ocorrência na terapêutica. As tabelas 2, 3, 4 mostram a classificação dos EM que podem ser erros de prescrição, erros de dispensa e erros de administração. A tabela 5 classifica os EM em função da sua gravidade (Van den Bemt, 2007), enquanto a tabela 1 classifica as RAM em relação as suas características e ocorrências (WHO, 2002). A utilização de vários termos para tratar do mesmo assunto dificulta a comunicação entre os profissionais de saúde. Assim, é conveniente a uniformização nas definições e classificações. A classificação apresentada reflecte uma tendência mundial de artigos científicos publicados nesta área, especialmente os desenvolvidos no continente europeu (Paulino et al., 2004). A utilização de definições e classificações adequadas, aceites pela comunidade científica, facilitará a comunicação entre os profissionais de saúde e pesquisadores. Dessa forma, comunicações sobre esta questão tão importante poderão ser confrontadas, propiciando a geração de atitudes para o uso racional de medicamentos. Tabela 2 - Classificação dos eventos relacionados a erros de prescrição erros administrativos e de procedimento • Gerais (ex. Legibilidade) • Dados do paciente (ex. Confusão entre pacientes) • Dados da enfermaria e dados do prescritor • Nome do medicamento • Forma farmacêutica e via de administração erros de dosagem • Concentração • Frequência • Dose muito alta ou muito baixa • Ausência de dose máxima em prescrição “se necessário” • Duração da terapia • Orientações de uso erros terapêuticos • Indicação • Contraindicação • Monitorização •Interacções medicamentosas • Monoterapia incorrecta • Terapia duplicada Tabela 3 – Classificação dos eventos relacionados a erros de dispensa • Para a enfermaria errada, ou para o paciente errado • Monitorização • Interacções medicamentosas • Monoterapia incorrecta • Terapia duplicada • medicamento errado • forma farmacêutica errada • concentração errada • período ou horário errado Tabela 4 – Classificação dos eventos relacionados a erros de administração • Omissão • Não prescrito • Preparação errada Abril/Setembro 2015 • Forma farmacêutica errada • Via de administração errada • Horário errado (pelo menos 60 minutos mais cedo ou mais tarde) • Não consentimento ou não aderência Tabela 5 – Classificação dos erros de medicação em classes de gravidade Classe Descrição A O erro ocorreu, mas o paciente não recebeu o medicamento. B O erro ocorreu, o paciente recebeu o medicamento, mas não houve dano. C O erro ocorreu resultando em aumento na frequência de monitorização, mas não houve dano. D O erro ocorreu e houve dano. D1 Dano temporário necessitando tratamento. D2 Dano temporário resultando em aumento no tempo de internamento. D3 Dano permanente. D4 Paciente em estado grave. E O erro ocorreu resultando no óbito do paciente. MEDICAMENTOS É importante conhecer os problemas de saúde e os medicamentos em profundidade. Ajudará a esclarecer muitas dúvidas. Porém, nunca se poderá assegurar nada até que o PRM desapareça após uma intervenção. Para a análise dos medicamentos é importante levar em conta que: - É necessário realizar um bom estudo dos medicamentos que o paciente utiliza, para que a intervenção tenha maiores garantias de ser útil na sua saúde. - O estudo dos medicamentos deve ser realizado partindo das características gerais do grupo terapêutico a que pertence cada fármaco, até à análise dos aspectos mais particulares. Isto é muito importante quando se trata de medicamentos novos em determinado grupo, pois estes poderão apresentar os mesmos problemas derivados de seu uso que seus antecessores, e ainda não estar descrito, devido ao pouco tempo de utilização. No caso de medicamentos mais antigos, que aparentemente não apresenta nenhum problema de segurança, em relação a seu grupo, isso pode ser devido mais à falta de existência de publicações, que a ausência de efeito indesejado. Os aspectos mais importantes a considerar dos medicamentos são os seguintes: • indicações autorizadas • Acção e mecanismo de acção • Posologia • Margem terapêutica • Farmacocinética • interacções • interferências analíticas • Precauções • Contraindicação • Problemas de segurança indicações autorizadas: aponta o uso recomendado dos medicamentos e explicam o porquê de se encontrarem no estado de situação. Ajudam a interpretar a forma que o médico selecciona o tratamento da doença. Também podem explicar os resultados atingidos, desejados ou não, experimentados pelos pacientes. Mecanismo de acção: indica a maneira pela qual o medicamento actua na doença. Permite que o farmacêutico entenda o que está ocorrendo quando um medicamento é efectivo ou o que deveria ocorrer e não ocorre quando é inefectivo. Desta forma, ao explicar Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 17 como se manifesta uma possível insegurança do medicamento, o farmacêutico poderá encontrar a chave que o ajudará a planejar a melhor intervenção possível, buscando o benefício do paciente, tanto a curto, como a longo prazo. Também poderia explicar por meio de reacção química o balanço entre a efectividade desejada e a insegurança previsível. Assim, facilitaria programar uma possível intervenção quando se deseja preservar um medicamento ou explicar uma insegurança justificada pelo mecanismo de acção habitual do medicamento. Pode dizer-se que, entendendo o mecanismo de acção de um medicamento, entendem-se os efeitos deste no organismo, tanto os desejados como os não desejados. Margem terapêutica:é aquela descrita na bibliografia como a que produz habitualmente a efectividade do medicamento. Ou seja, a dose que vai da mínima efectiva à máxima segura. Denomina-se janela terapêutica à margem terapêutica aplicada a um paciente de forma individual, e, por vezes, diferente da margem habitual de utilização do medicamento. Cipolle já havia descrito que os pacientes são que têm doses e não os medicamentos19. Desta forma, uma determinada quantidade de medicamento, que está dentro de sua margem terapêutica usual, em determinado paciente, poderá apresentar-se como uma dose acima da máxima segura, podendo ser efectiva ou jamais chegar a ser. É muito importante, desta forma, conhecer o que acontece no paciente, pois a margem estabelecida na literatura apenas nos orienta. Dessa forma, é necessário levar sempre em conta os indicadores de efectividade e segurança reais. Farmacocinética(Tmax, meia vida de eliminação...): fornecem-nos informação para tentarmos conhecer quando medir parâmetros clínicos de efectividade e de segurança, avaliar a possibilidade de interacções, interferências analíticas, efeitos sinérgicos intencionais e a duração do efeito do medicamento. interacções:é importante conhecê-las e tentar explicá-las através do mecanismo de acção dos medicamentos e assim entender como se produzem e se manifestam. Avaliar se têm relevância clínica e se podem ser utilizadas de forma intencional como sinérgicas para a acção dos medicamentos. interferências analíticas: Determinarão a importância clínica de cada caso, indicando se um valor biológico será consequência do mecanismo de acção do medicamento, ou consequência do processo patológico, apresentando, neste caso, a possível correlação com a evolução da doença. Um caso típico é o da elevação das transaminases produzidas pelas estatinas. É lógico que um medicamento que actua sobre a síntese de colesterol a nível hepático eleva o nível destas enzimas, o que nos indica que o fígado está a funcionar. Uma discreta elevação das transaminases pode indicar que o medicamento está a actuar e, junto ao valor do colesterol, expressará a sua efectividade e não um problema de segurança. Contraindicações: são situações pelas quais algum medicamento não deverá ser utilizado em determinado paciente. Devem ser entendidas no contexto do mecanismo de acção do medicamento ou de alguma situação de risco do paciente, o que nos leva a pensar que o risco de utilização supera o benefício do mesmo. Em todo caso, estas devem ser diferenciadas dos efeitos secundários e de outros problemas de segurança. Problemas de segurança:englobam todos os efeitos não desejados do medicamento. É importante discriminar se são consequência do mecanismo de acção ou, pelo contrário, se não guardam nenhuma correlação com este. Isso amplia as possibilidades de actuação sobre eles, permitindo também estabelecer relações entre problemas de saúde tratados com os medicamentos, e os que aparecem como consequência da utilização destes. Com frequência, aparecem problemas de segurança que podem ser consequência de vários medicamentos utilizados pelo paciente. É interessante ter isso em conta pois, por mais lógica que possa ser a implicação de um medicamento no surgimento de um determinado efeito, nem sempre isso corresponderá à realidade e deve considerar-se todas as possibilidades COMO ESTABELECER UM OBJECTIVO PARA AS SUSPEITAS DE PRM DE UM PACIENTE19? É primordial ter uma visão de conjunto, realizando uma sucinta revisão do estado de situação do paciente, para determinar o perfil do paciente e estabelecer prioridades em relação ao balanço efectividade-segurança. Dentro de uma estratégia farmacoterapêutica para um problema se saúde, as perguntas que determinam as três propriedades que a farmacoterapia deve apresentar: necessidade, efectividade e segurança são as seguintes: • Paciente necessita do (s) medicamento (s)? • Está, ou não, a ser efectivo? • É seguro? Em caso de estratégias terapêuticas, as perguntas sobre necessidade e efectividade, deverão ser respondidas conjuntamente. Não é aconselhável questionar as estratégias determinadas pelo médico, não se deve duvidar da necessidade de nenhum medicamento que esteja autorizado para tratar um determinado problema de saúde; e uma falta de efectividade não deverá ser interpretada como responsabilidade de um medicamento específico e sim como falha da estratégia terapêutica adoptada. Entretanto, para os problemas de segurança, que são intrínsecos de cada medicamento, a pergunta relacionada a esta propriedade, deverá ser feita a cada um dos medicamentos utilizados pelo paciente. Para descrever as suspeitas de PRM que o paciente possa apresentar, utiliza-se a classificação sobre Problemas Relacionados com os Medicamentos do Segundo Consenso de Granada2 descrita anteriormente: Para o(s) medicamento(s), de cada fila do estado de situação, deve-se realizar as seguintes perguntas: O paciente necessita do (s) medicamento (s)? Deve-se considerar como necessário todo tratamento que apresente uma prescrição consciente por parte de um médico e que o paciente apresente um problema de saúde que a justifique. Em princípio, não se poderá apontar, um medicamento ou uma estratégia terapêutica, como não necessário(s). Apenas ao se verificar que um problema de saúde tratado com um determinado medicamento desapareceu após a intervenção, poderá concluir-se que um medicamento prescrito por um médico não era necessário. Se a resposta da questão acima é NÃO, suspeitar-seá de PRM 2, de um ou de cada um dos medicamentos da estratégia, pois não existe problema de saúde que justifique o uso. Neste caso, não será necessário continuar a fazer as outras perguntas sobre o referido medicamento. Não se pode avaliar a efectividade de um medicamento desnecessário, que por si só é inseguro para o paciente, pois, todo medicamento desnecessário é potencialmente inseguro. 18 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Setembro 2015 Folha Farmacoterapêutica Desta forma, os PRMs 2 originam-se como consequência de: - Utilização de medicamentos sem a existência de um problema de saúde que o justifique, como o uso de analgésicos na ausência de dor. - Automedicação com fármacos de prescrição, sem ter sido avaliado em consulta médica, como: tomar um hipnótico indicado por um familiar para poder induzir sono. – Uso de medicamentos prescritos por um médico para um problema de saúde diagnosticado e que não são efectivos para tratar o referido problema, pois a sua origem é consequência da insegurança de outro medicamento. Um exemplo seria a utilização de antitussígenos para acalmar a tosse originada por um tratamento anti-hipertensivo com inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA). Não seriam considerados PRM 2 situações em que: - A intervenção do médico para simplificar uma estratégia de abordagem de um problema de saúde, como por exemplo, reduzir politerapias anti-hipertensivas ou analgésicas (casos frequentes), pois em ambos os casos, existia um problema de saúde e uma estratégia consciente de tratamento farmacológico. No entanto, também não seria um PRM 1 a situação contrária: - A adição de um novo medicamento a uma terapia já instaurada, quando previamente já existia o problema de saúde e este já estava a ser tratado. O(s) medicamento(s) está(ão) sendo efectivo(s)? Uma resposta negativa a esta segunda pergunta levar-nos-ia a suspeitar de problemas de efectividade, tais como: Os quantitativos, PRM 4, que se referem àqueles problemas de falta de efectividade que provavelmente sejam devido a um problema de quantidade de medicamento em algum momento da evolução do paciente, como dose baixa, interacções com outros medicamentos, fenómenos de tolerância, etc. Em princípio, diante de uma falta de informação adicional, considera-se como inefectividade quantitativa quando os medicamentos possam ser utilizados em maior quantidade segundo a bibliografia. Porém, nem sempre é assim, pois muito frequentemente encontramos medicamentos, aos quais, mesmo se aumentando a dose, o paciente não responderá. Por isso, é importante ter o máximo de dados possíveis de efectividade para melhor determinar se realmente é a quantidade ou a estratégia que está a falhar. O medicamento é seguro? Essa pergunta realiza-se a cada medicamento da estratégia, individualmente, pois como foi dito anteriormente essa característica de segurança é particular de cada medicamento. Se a pergunta de segurança for respondida de modo negativo, teremos duas possibilidades: - Problemas de segurança não quantitativos, PRM5, ou seja, o efeito indesejado não depende da quantidade do medicamento. Isto ocorre nos casos em que o problema não tem relação com o mecanismo de acção do medicamento ou naqueles em que o medicamento não chegou a ser efectivo e já está a apresentarse como inseguro. - Problemas de segurança quantitativos, PRM6, se o efeito depende da quantidade de medicamento administrado, o paciente manifesta-se como se a dose tivesse ultrapassado a dose máxima segura. É importante discernir no paciente se realmente o problema de segurança é quantitativo, ou não, independentemente se a dose está dentro da margem habitual do medicamento. No caso de medicamentos que são inefectivos e inseguros, ainda que a bibliografia estabeleça que a dose do medicamento possa ser aumentada, o problema de inefectividade nunca será quantitativo. Neste caso, apesar de não se ter passado da dose mínima efectiva, o medicamento já se apresenta inseguro e um aumento de dose só agravaria o problema de segurança. Um medicamento que nunca tenha sido efectivo em determinado paciente e que já se manifesta como inseguro, não será o mais adequado a ser utilizado. e existe algum problema de saúde que não está a ser tratado? Uma vez analisado cada medicamento que o paciente utiliza, a última pergunta será: Ainda existe algum problema de saúde que não está sendo tratado? Isso levar-nos-ia a suspeitar de PRM 1. Os PRM 1 passam a ter mais relevância que no princípio, na medida em que se realizam as primeiras intervenções. Isto é o que acontece com certos problemas de saúde que, a princípio, podem ser interpretados como estando relacionados com o uso de algum medicamento e, após as intervenções, passam a ser vistos como problemas de saúde não tratados, quando não se consegue o objectivo. Isso não deve ser entendido como uma falha do farmacêutico que realiza a intervenção mas sim como um passo necessário para confirmar a resolução de um problema. Isto é similar ao primum non nocere dos médicos (pri- Fontes Bibliográficas 1.PERINI, E. & F. A. ACURCIO, (2000) “Farmacoepidemiologia”, In: “Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar” (Gomes, M.J.V.M.; Reis, A.M.M., eds.), Editora Atheneu, São Paulo, págs. 85-6. 2. LAPORTE, J.R. & CAPELLÀ, D (1993) “Mecanismos de producción y diagnóstico clínico de los efectos indeseables producidos por medicamentos”, In: “Princípios de Epidemiología del Medicamento” (Laporte, J. R.; Tognoni, G., ed), Masson, Barcelona, págs. 95-6, 3.World Health Organization. (1985) “e rational use of drugs”, Geneva, WHO. 4.MANASSE JR., H. R. (1989a) Am. J. Hosp. Pharm. 46: 929-44 5.BAENA, M. I.; P. FAJARDO; F.M. LUQUE; R. MARÍN; A. ARCOS; A. ZARZUELO; J. JIMÉNES & M.J. FAUS (2001) Pharm. Care Esp. 3: 345-57. 6.TUNEAU VALLS, L.; M. GARCÍA-PELÁEZ; S. LÓPES SÁNCHEZ; G. SERRA SOLER; G. ALBA ARANDA; C. IRALA INDART; J. RAMOS; R. TOMÁS SANZ; P. BRAVO JOSÉ & J. BONAL DE FALGÁS (2000) Pharm. Care Esp. 2: 177-92 7.HIDALGO BALSERA, A.; J. GARCÍA DEL POSO & A. CARVAJAL GARCÍA-PANDO (1999) Pharm. Care Esp. 1: 179-83. 8.Barbero Gonzáles, J. A. & T. Alfonso Galán. (1999) Pharm. Care Esp. 1: 113-22. 9.AKWAGYRIAM, I.; L.I. GOODYER; L. HARDING; S. KHAKOO & H. MILLINGTON. (1996) J. Acc. & Emerg. Med. 13: 166-8. meiro causar o menor dano possível). Isso significa que, para abordar um problema de saúde como tal, é necessário em primeiro lugar descartar que este seja originado pelo uso de outro medicamento. Uma vez descartada essa possibilidade, o problema passará a ser visto de uma maneira mais clara. O final desta fase é a elaboração de uma lista de suspeitas de PRMs, isto é, de problemas de saúde a melhorar, devido a distintas formas de uso de diversos medicamentos. Frequentemente nesta lista, um mesmo PRM pode ser devido a vários medicamentos ou ao contrário. Isso obrigaria o farmacêutico a estabelecer uma sequência de probabilidades, baseada na sua experiência e formação clínica. Nesta fase, existe algo especial para se levar em conta: nunca os PRMs se classificarão pela estratégia resultante e pela solução proposta, mas sim, pelo efeito sobre a saúde do paciente que apresenta como falha da farmacoterapia. CONSIDERAÇÕES FINAIS As intervenções educativas devem ser mais exploradas, pois o compartilhar do conhecimento e das experiências, enriquece e fortalece a relação terapêutica. Não basta apenas traçar diagnósticos e esquemas de tratamento, é preciso aprofundar-se na essência do paciente, pois somente assim, será possível intervir com efectividade e eficácia, e os resultados serão muito melhores. É importante evitar a administração simultânea de medicamentos que podem interagir entre si ou com alimentos. A monitorização das RAMs implicadas em desfechos negativos são algumas estratégias que podem ajudar a prevenir e minimizar os eventos adversos. Sendo assim, é preciso mudar a visão em relação aos PRMs, procurando aceitá-los como evidência de falha, e encará-los como uma oportunidade de revisão e de melhoria das intervenções dos profissionais de saúde, aprimorando, assim, a assistência prestada ao paciente. O PRM é um importante problema de saúde pública; portanto, é preciso considerar o potencial de contribuição do farmacêutico e efectivamente incorporá-lo nas equipas de saúde a fim de garantir a melhoria da utilização dos medicamentos, com redução dos riscos de morbimortalidade e que o seu trabalho proporcione meios para que os custos relacionados à farmacoterapia sejam os menores possíveis para a sociedade. 10. STRAND, L.M.; P.C. MORLEY; R.J. CIPOLLE; R. RAMSEY & G.D. LAMSAM (1999) Pharm. Care Esp. 1: 127-32. 11.MACHUCA GONZÁLES, M.; F. MARTÍNEZ-ROMERO & M.J. FAUS (2000) Pharm. Care Esp. 2: 35863 12.BAENA, M.I.; M.A. CALLJA; J.M. ROMERO; A. ZARZUELO; J. JIMÉNES-MARTÍN & M.J. FAUS. (2001) Ars Pharm. 42: 147-69. 13.COMITÉ DE CONSENSO. Segundo consenso de Granada sobre problemas relacionados con medicamentos. Ars Pharm., v.43, n.3-4, p.175-184, 2002 14. TIMBS, O. Leading role for pharmacists to reduce drug errors and improve patient safety. Pharm J 2002,; 268 (7190): 392. 15.WECHSLER, J. Fabricantes desafiam redução de erros médicos. Pharmaceutical Tecnology 2000; 2: 4-8. 16. STRAND LM. Pharmaceutical care supporters meet in Spain. Pharm J 2001; 264 (7093): 627-632. 17.ACEÑOLAZA M, BENITEZ N, CANTONI L, DAULON M, GAVAZZI A, MOLLARDO MT, et al.; 1999. Pharmaceutical opinion about quality of given information to the pharmacist and the patient. Abstracts of World Congress of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences ’99, 1999 Sept 5-10; Barcelona, Spain. p.108. Barcelona: International Pharmaceutical Federation (FIP); 1999. 18.HUSSAR DA. Death by Prescription. Pharmacy Today 1999; 7: 5 19.MACHUCA, M. FERNÁNDEZ-LLIMÓS, F. FAUS, M.J.Método. Dáder. Manual de Acompanhamento Farmacoterapêutico, GIAF-UGR, 2004. Direcção Técnica Dr. Boaventura Moura -Director Nacional de Medicamentos e Equipamentos Conselho Redactorial Dra. Isabel Margareth Malungue - Chefe de Departamento Nacional de Farmacovigilância e Remédios Tradicionais; Dr. José Chocolate Lelo Zinga - Chefe do Centro de Informação Farmacêutica. Abril/Setembro 2015 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 19 Investigação Avaliação da qualidade entre Janeiro e Julho 2014 A prescrição de antipalúdicos aos pacientes do hospital Josina Machel Mateus Sebastião João Fernandes Licenciado em Ciências Farmacêuticas, Mestrando em Farmacoepidemiologia, diretor da CECOMA Boaventura Moura Licenciado em Ciências Farmacêuticas e Bioquímica, Especializado em Administração Hospitalar e em Análises Clínicas, director da Direcção Nacional de Medicamentos e Equipamentos, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos Professor Doutor Héctor Lara Fernández Especialista de primeiro grau em Higiene e Epidemiologia, master em Farmacoepidemiologia, Doutor em Ciências Médicas, MINSA Professor Doutor Vladimir Calzadilla Moreira Especialista de segundo grau em Ortopedia e Traumatologia, Doutor em Ciências Médicas, Hospital Josina Machel Lic. Lúcia Gomes Fraga Licenciada em Ciências Farmacêuticas – Hospital Josina Machel A malária constitui o principal problema de saúde pública em Angola, sendo a primeira causa de morbilidade e mortalidade. O uso não adequado dos antipalúdicos pode levar, entre outros problemas, ao incremento da resistência e à ocorrência de reacções adversas, com desfavorável repercussão para os pacientes e para o sistema de saúde. Com o objectivo de avaliar a qualidade de prescrição de antipalúdicos, realizou-se um estudo observacional, descritivo e transversal, do tipo dos estudos de utilização de medicamentos (EUM), em pacientes internados no Hospital Central Josina Machel com diagnóstico confirmado de malária. Este estudo de indicação-prescrição foi efectuado de Janeiro a Julho de 2014, numa amostra de 151 doentes internados nos serviços de medicina e terapia. A adequação da prescrição foi avaliada em função das características clínicas do paciente e da terapêutica instituída (fármaco, dose, intervalo e duração do tratamento), utilizando como padrão o guia terapêutico do Programa Nacional de Controlo da Malária em Angola. Registou-se uma prevalência elevada de uso inadequado de antipalúdicos, observada em 70 dos 151 doentes estudados (46,4 por cento). Este facto ocorreu mais frequentemente nos casos de malária complicada e entre os doentes internados no serviço de medicina. As causas mais frequentes de uso inadequado dos antipalúdicos foram a «combinação imprópria ou não necessária» e o «emprego não apropriado para esse uso». Os antipalúdicos mais utilizados de forma inadequada foram o quinino EV e o arteméter IM. 20 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Setembro 2015 Investigação Introdução O medicamento é, na actualidade, o recurso terapêutico mais utilizado e, em consequência, o gasto farmacêutico é o capítulo mais importante dos recursos consumidos nos sistemas de saúde, depois dos gastos com pessoal. Daí a importância que tem qualquer estratégia ou investigação destinada a fomentar o seu uso racional1,2. O uso racional de medicamentos requer que os pacientes recebam os medicamentos apropriados às suas necessidades clínicas, nas doses adequadas, por um período correcto de tempo, ao mais baixo custo e com um menor número de reacções adversas3. Na maioria dos grupos farmacológicos, os critérios de seleção baseiam-se na eficácia, na segurança, na conveniência e no custo4,5. No entanto, diversos estudos internacionais estimam que 50 por cento dos medicamentos são prescritos, dispensados e consumidos pela população de forma inadequada6. Os antimicrobianos constituem um grupo terapêutico problemático, não só pelos riscos inerentes associados ao seu uso mas também pela ameaça do aumento crescente da resistência aos mesmos7,8. Nos países em vias de desenvolvimento, o gasto do orçamento de saúde em antibióticos estima-se em 35 por cento9. Os antipalúdicos estão incluídos no grupo farmacológico dos antimicrobianos e são utilizados a nível mundial para o tratamento da malária, apresentando na atualidade problemas associados ao seu uso inadequado e à elevada prevalência de resistência10-12. Embora a quinina permaneça efetiva em muitos lugares do mundo, verificou-se que a falha no tratamento com este fármaco pode ocorrer em pelo menos 50 por cento dos casos13. Em 1973, a cloroquina foi substituída pela combinação de sulfadoxina + pirimetamina (Fansidar), mas, em 1985, também esta já não era efectiva. En- tre 1985 e 1990 preconizava-se o tratamento de mefloquina combinado com sulfadoxina + pirimetamina. No entanto, em 1990 a proporção de curas era de apenas 71 por cento em adultos e de 50 por cento em crianças14. Atualmente, a artemisinina e seus derivados representam os medicamentos antimaláricos mais recentes e efectivos. Mas torna-se imprescindível advertir para o seu uso racional, de forma a prevenir durante o maior tempo possível a emergência de resistência do Plasmodium falciparum a estes medicamentos. Na verdade, já foi demonstrada a ocorrência de resistência à artemisinina15,16. A malária constitui um problema de saúde dominante em Angola. Segundo estimativas, representa 35 por cento da procura de cuidados médicos, 20 por cento dos internamentos hospitalares, 40 por cento das mortes perinatais e 25 por cento da mortalidade materna. Em 2013 foi estimada a ocorrência de cerca de dois milhões e meio de casos de malária17,18. Em Angola não existem investigações que abordem o tema da qualidade da prescrição de antipalúdicos na atenção secundária de saúde que permitam valorar oportunamente o cumprimento dos protocolos de tratamento instaurados no país pelo Programa de Controlo e Luta contra a Malária, bem como oferecer possíveis soluções para o uso racional destes medicamentos19. Com essa finalidade, foi realizado o presente estudo, que teve como objetivo avaliar a qualidade da prescrição de antipalúdicos no Hospital Central Josina Machel de Luanda no período de Janeiro a Julho de 2014. Método Realizou-se um estudo observacional descritivo e transversal, do tipo dos estudos de utilização de medicamentos (EUM), classificado como um estudo de tipo indicação-prescrição para análise dos elementos do esquema terapêutico. O estudo incidiu numa amostra de 151 pacientes internados no Hospital Central Josina Machel, nos serviços de medicina e terapia, com o diagnóstico confirmado de malária e que cumpriam os critérios de seleção. A informação foi obtida através da revisão diária de histórias clínicas dos pacientes e das pautas terapêuticas instituídas ( fármaco, dose, intervalo e duração do tratamento). A adequação da prescrição foi avaliada pelos investigadores e por um grupo de peritos do Programa Nacional de Controlo da Malária, em apoio às normas de tratamento estabelecidas no país. Considerou-se um tratamento adequado quanto a indicação do antipalúdico e o esquema terapêuti- co estavam de acordo com o Programa Nacional de Controlo da Malária em Angola, tendo em conta o quadro clínico do paciente. A informação recolhida foi processada numa base de dados construída para o efeito em MS Excel e SPSS versão 21.0. Após codificação e validação da informação recolhida foi efetuada uma análise descritiva global usando como critério de significado estatístico um nível de significância de 5 por cento (p <0,05), mediante cálculo das frequências absolutas e relativas. Na investigação foram tidas em conta os princípios básicos da ética médica, fazendo-se o uso da beneficência no tratamento e na divulgação dos dados. Abril/Setembro 2015 Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 21 Resultados A média de idades dos 151 pacientes que integraram o estudo era de 29 anos, sendo de 31 anos para o género feminino e de 28 anos para o masculino. Cerca de 71,5 por cento dos doentes (108 de 151) tinham diagnóstico de paludismo grave e 28,5 por cento (43 de 151) de paludismo simples. Cento e treze doentes (74,8 por cento) estavam internados no serviço de medicina e os 38 restantes no serviço de terapia (25,2 por cento). Relativamente à distribuição dos pacientes em função da sua história clínica verificou-se que 47 reportaram infeções anteriores (31,12 por cento), 37 apresenta- vam anemia (24,50 por cento) e 18 eram também diabéticos (13,90 por cento). A prescrição de antipalúdicos foi considerada ade- quada em 81 pacientes (53,6 por cento) e não adequada nos restantes 70 doentes (46,4 por cento). Foi no tratamento da malária complicada que se registou uma maior proporção (48,1 por cento) de casos de prescrição inapropriada, observada em 52 doentes. Nos doentes com malária simples, a proporção de prescrição inadequada foi registada em 18 casos (41,9 por cento) (Tabela 1). No entanto, as diferenças observadas quanto à adequação da prescrição nos dois grupos de doentes não foram estatisticamente significativas (p >0,05). A Tabela 2 apresenta a distribuição dos doentes em função do serviço de internamento e da adequação da prescrição antipalúdica, verificando-se que a proporção do uso inadequado da terapêutica foi mais elevado no serviço de medicina (54,4 por cento) do que no serviço de terapia (23,7 por cento) e que, neste caso, a diferença foi estatisticamente significativa (p=0,001). As causas de uso inadequado da terapêutica frequentemente observadas foram a «combinação imprópria ou não necessária», em 33 pacientes (47,14 por cento), e a «terapêutica não apropriada para este uso», em 18 pacientes (25,71 por cento) (Gráfico 1). Dentro dos antipalúdicos utilizados inadequadamente no tratamento da malária simples destacou-sea utilização de arteméter IM em monoterapia em quatro pacientes e a sua combinação com outros antipalúdicos orais em seis doentes. No tratamento da malária complicada observou-se o uso de combinações desnecessárias do quinino EV, arteméter IM e outro antipalúdico oral em oito doentes. Além disso, foram prescritos de forma prolongada sem uma justificação racional o quinino endovenoso e arteméter intramuscular em cinco pacientes. Discussão A malária constitui um problema de saúde dominante em Angola e apresenta-se como a primeira causa de morbilidade e de mortalidade, representando ainda cerca de 20 por cento dos casos de internamento hospitalar. Em 2013 foram reportados cerca de 3,1 milhões de casos e quase seis mil óbitos no país20. A resistência aos medicamentos contra a malária tem dificultado os programas de controlo da enfermidade durante quase 60 anos. Por isso, um elementochave todos os medicamentos antipalúdicos sejam utilizados de forma adequada e que o maior número de pacientes seja completamente recuperado. De acordo ao Programa Nacional de Controlo da Malária, nos últimos anos registou-se um aumento do número de casos tratados, o que se explica, entre outras causas, pelo aumento da infraestrutura de unidades sanitárias, com a consequente melhoria no acesso aos serviços de saúde pela população. Além disso, exerce um importante papel a introdução dos derivados da artemisina, de forma gratuita, na atenção pública, que oferecem melhores garantias à população e confiança nos serviços de saúde. 22 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Setembro 2015 Investigação Não obstante, segundo os dados de reporte do Centro de Vigilância Epidemiológico do país, a malária mantém-se ainda como o principal problema de saúde de Angola. Este aspecto tem uma maior importância a nível hospitalar, onde a atenção aos pacientes com malária se deve centrar no adequado diagnóstico, manuseio dos casos e no seu tratamento21. Um estudo realizado na Nigéria para descrever o padrão de prescrição de antimaláricos em dois hospitais e para avaliar o cumprimento da Guia Nacional de Tratamento Antimalárico, num período de seis meses em 2008, mostrou um aumento do uso de combinações com artemisina para tratamento de malária22. Estes resultados coincidem com o elevado uso dos ACT no hospital Josina Machel. Aquele estudo também revela a necessidade de um sistema de garantia de qualidade interna entre os profissionais sanitários, controlando o cumprimento e o conhecimento das guias clínicas, que assegure a prática baseada na evidência22. Um estudo de utilização de medicamentos realizado no Equador em pacientes com diagnóstico de malária mostrou que, por cada três tratamentos corretos, há dois incorretos23. Diversos estudos indicam que o não cumprimento das normas esta- belecidas está associado significativamente ao desconhecimento da gravidade da infecção e dos efeitos secundários aos medicamentos23-26. No controlo da malária, a meta do tratamento é reduzir a transmissão da infeção a outros, ou seja, reduzir o reservatório infecioso e prevenir a ocorrência e propagação de resistência aos medicamentos antimaláricos. O perfil de efeitos adversos, a tolerância aos medicamentos e a velocidade de resposta terapêutica também são, igualmente, considerações importantes27. Conclusões 1. Observou-se um uso inadequado dos antipalúdicos, com uma maior repercussão na malária complicada e no serviço de medicina. 2. As causas mais frequentes de uso inadequado no tratamento da malária simples e complicada foram a «combinação imprópria ou não necessária» e o «emprego não apropriado para este uso». 3. Os antipalúdicos mais utilizados de forma inadequada foram o quinino EV e o arteméter IM. Referências Bibliográficas 1.OMS. How to Develop and implement a National Drug Policy. 3rd Ed. Genebra; 2011. 2. Maguiña C, Ugarte C, Montiel M. Uso adecuado y racional de los antibióticos. Acta Méd Peruana. 2012;23(1):15-20. 3. United States Food and Drug Administration. New Hampshire: Center for Drug Evaluation and Research [atualizado em 2013 Jul 31; citado em 2013 Abr 14]. Presentable Adverse Drug Reactions: A focus on drug interactions. Disponível em www.fda.gov/cder/drug/drugreactions/default.htm. 4. Buck C, LLopis A, Nájera E, Terris M. El desafío de la epidemiología. Em: Rose G. Servicios de salud y políticas de salud. Havana: Editorial Ciencias Médicas; 2008, pp. 881-900. 5. Laporte JR, Tognoni G. Principios de epidemiología del medicamento (2.ª edición). Ed. MASSONSALVAT Medicina; 1993, pp. 67-69. 6. OMS. Devolement of WHO Practice Guidelines, Recommended Process. Genebra; 2011. 7. Hazell L, Shakir SA. Under-reporting of adverse drug reactions: a systematic review. Drug Safety. 2006;29(3):385-96. 8. Gaspari RJ, Dickson E, Karlowsky J, Doern G. Tendencias de la resistencia antibiótica en los uropatógenos pediátricos. Interna- tional Journal of Antimicrobial Agents. 2012;26(4):267-71. 9. Ozkurt Z, Erol S, Kadanal A, Ertek M, Ozde K, Tasyaran MA. Changes in antibiotic use, cost and consumption after an antibi- otic restriction policy applied by infectious disease specialists. Japanese Journal of Infectious Disease. 2005;58(6):338-43. 10. Guglielmo B. Practical estrategies for the apropiate use of antimicrobials. Pharm World Sci. 2009;17(4):96-102. 11. Bernaola Enrique y Marcotegui Fernando. Protocolo de Tratamiento de la Malaria. Asociación Española de pediatria; 2007. Disponível em www.aep.es/protocolodetratamiento.html [con- sultado em 20/3/2014]. 12. García AF, et al. Bases farmacológicas del tratamiento del paludismo y consideraciones generales para su control. Ilus- trados; 2006. Disponível em www.ilustrados.com/buscar. php?search=malaria&type [consultado em 11/9/2013]. 13. Ringwald P. Current antimalarial drugs: resistance and new strategies. Bull Acad Natl Med. 2007;191(7):1273-84. 14. Colectivo de autores. Facultad de Medicina, Universidad Nacio- nal Autónoma de México. Monografía Malaria. Disponível em http:// unam.com.mx/medicina/malaria.html [consultado em 19/11/2013]. 15. Enrique B, Fernando M. Protocolo de Tratamiento de la Malar- ia. Asociación Española de pediatría; 2007. Disponível em www. aep.es/protocolodetratamiento.html [consultado em 20/3/2006]. 16. Antimalarial drug therapy: the role of parasite biology and drug resistance. J Clin Pharmacol. 2006;46(12):1487-97. 17. Bases da Política Nacional de Tratamento da Malária em Angola (2005-2009). PNCM – Ministério da Saúde; 2005. 18. Normas técnicas para o controlo da malária na gravidez. Ministério da Saúde, DNSP, Programa Nacional de Saúde Re- produtiva, PNCM; 2013. 19. MINSA/OMS. Normas de Tratamento da Malária (PNCM – Ministério da Saúde); 2012. 20. Ministério da Saúde de Angola. Relatório Anual do Centro do Processamento de Dados Estatísticos. Luanda: MINSA/DNSP; 2013: pp. 2-5. 21. WHO. Guidelines for the treatment of Malaria. 2nd ed. Génova; 2010. 22. Nneka U, Igboeli CV, Ukwe OI. Ekwunife. Increasing use of artemisinin-based combination therapy for treatment of malaria infection in Nigerian hospitals. Pharmacy Practice. 2010;8(4). 23. Yepez M, Zambrano D, Carrasco F, Yepez R. Factores aso- ciados con el cumplimiento del tratamiento antipalúdico en pa- cientes ecuatorianos. Rev Cubana Med Trop. 2000;52(2):81-9. 24. Baird JK. Effectiveness of Antimalarial Drugs. N Engl J Med. 2005;352:1565-1577. 25. Munier A, Diallo A, Cot M, Ndiaye O, Arduin P, Chippaux J. Antimalarial prescriptions in three health care facilities after the emergence of chloroquine resistance in Niakhar, Senegal (1992-2004). Malar J. 2009;8:83. 26. Morales AJR, Arria M, Salcedo J, Cabaniel G, Salcedo M. Conocimientos, Actitudes y Percepciones (CAP) sobre Malaria en Médicos y Estudiantes de Medicina. Jornadas de Parasitología “José Witremundo Torrealba”. Venezuela; 2004. 27. Wilson G, Camponovo E, Neira P, Subercaseux B, Muñoz N. Malaria por Plasmodium falciparum en el servicio de medic- ina del Hospital San Camilo de San Felipe. Parasitol Latinoam. 2006;61(1/2):8285. Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 23 Abril/Setembro 2015 Reportagem Casos de sucesso de farmácias em Angola Deborah de Almeida, directora da farmácia Kinaxixi “Uma equipa de trabalho coesa, focada nos objectivos, e a aposta na formação, é o segredo do nosso êxito” “O segredo do sucesso consiste na coesão da equipa de trabalho e no foco dos seus profissionais numa única direcção, num objectivo comum, para que a empresa cresça”, revelou à revista da OFA a directora da farmácia Kinaxixi, do grupo Socinter, Deborah de Almeida. De acordo com esta responsável, a aposta incide também “na experiência dos técnicos nas farmácias e na actualização constante dos seus conhecimentos, a nível das patologias e em todo o universo farmacológico”. Francisco Cosme A Socinter faz parte dos mais antigos e renomados grupos nacionais que investem no sector da saúde. Constituída em Maio de 1991 – inicialmente para comercializar em Angola medicamentos e material médico-cirúrgico, no segmento da distribuição por grosso – a empresa ganhou experiência no sector e entrou no mercado de venda de medicamentos a retalho, inaugurando a sua primeira farmácia, em Janeiro de 1998, no Kinaxixi, uma das mais antigas e reputadas de Luanda. Informatizada e com mobiliário moderno, foi a primeira a estar aberta 24 horas. Dispõe actualmente de 25 trabalhadores, três armazéns, uma sala de puericultura e um escritório Com uma equipa de profissionais com fortes competências na área da saúde, beleza e bem-estar, o grupo abriu, em 2012, a farmácia Atrium Nova Vida “um espaço moderno e inovador de qualidade onde os clientes se podem dirigir para adquirir medicamentos, produtos de saúde e de bem-estar, mas também para obter esclarecimentos em relação ao seu estado clínico ou aos medicamentos mais indicados para cada uma das patologias”, disse. Segundo Deborah de Almeida, a Socinter “tem a missão de garantir os melhores produtos no mercado de forma a contribuir para o tratamento e promoção da saúde das comunidades, garantindo medicamentos com qualidade e A técnica de farmácia Maria Augusta, o auxiliar de limpeza Miguel Cavila, a farmacêutica Déborah Almeida, a técnica de cosmética Ricardina Pereira e a técnica de farmácia Tânia Ribeiro acessíveis às pessoas certas nos momentos certos, de acordo com indicações médicas, sempre com suporte de um farmacêutico”. Para a directora, as farmácias do grupo Socinter “diferenciam-se da concorrência pela experiência que detêm e pela forma como se abastecem, com uma elevada preocupação na qualidade dos medicamentos, gestão dos armazéns e disponibilidade de stock para suprir todas as necessidades dos clientes”. As farmácias atendem, em média, diariamente, cerca 300 clientes por dia. “Em dias muito movimentados recebemos cerca de 450 a 500 pessoas.”, afirmou. O abastecimento é efectuado junto de “vinte distribuidores grossistas – que se encontram actualmente bem organizados no mercado farmacêutico nacional, incluindo a própria distribuidora do grupo”, referiu. Os produtos mais procurados são os artigos de puericultura, os medicamentos infantis (xaropes, soluções) e a nutrição infantil, devido alta taxa de natalidade que se regista no país. Novidades para o futuro “Ainda este ano, vamos proceder à mudança dos armazéns grossistas do bairro Morro Bento para o Lar do Patriota – um espaço moderno, com maiores dimensões, que beneficiará, não só os funcionários do grupo, como também os seus clientes. Em 2016, apesar da crise, há uma grande vontade no grupo Socinter para aumentar a rede de farmácias”, revelou. Quanto ao futuro a médio e longo prazo, “a nossa visão é de que temos de aprender com os bons exemplos dos países mais desenvolvidos, acompanhar a inovação, de forma a se atingirem níveis de serviço de alta qualidade. Devese primar ainda mais na melhoria do ensino, abrindo mais universidades e escolas técnicas para que haja mais profissionais qualificados e especializados”, defendeu. A farmacêutica perspectiva ainda que a farmácia do futuro terá uma nova gama de serviços complementares, como laboratórios, consultas de nutrição e outros serviços essenciais “que fazem imensa falta ao nível das comunidades”, a par de uma melhoria significativa no atendimento. A profissão farmacêutica “A profissão farmacêutica está em permanente evolução. Nestes últimos anos, observou-se um crescimento satisfatório nos parâmetros de qualidade, resultado do trabalho das autoridades que dão suporte e regulam a actividade farmacêutica. Uma última palavra vai para congratular as actividades desenvolvidas pela Direcção Nacional dos Medicamentos e Equipamentos e pela fundação da Ordem dos Farmacêuticos de Angola. Temos o exemplo da realização da Semana da Farmácia Angolana, iniciativa que fortifica o mercado angolano, tornando-o cada vez mais coeso, melhorando o sector e promovendo mais aberturas para interacção entre os profissionais de saúde. 2 | Revista 24 | Revistada daOrdem Ordemdos dosFarmacêuticos Farmacêuticosde deAngola Angola Abril/Setembro Janeiro/Março 2015 2014 Editorial Formação A pele do adolescente, os cuidados diários e o drama da acne Nádia Noronha Farmacêutica e Consultora Farmacêutica da Tecnosaúde Angola A adolescência é um período caracterizado por imensas alterações que fazem a passagem da infância para a fase adulta. Neste período, ocorrem modificações não só a nível psicológico, como também a nível físico e social. As novas funções biológicas, formas de relação interpessoal e responsabilidades familiares e sociais, exigem uma adaptação profunda por parte do adolescente. Sendo a pele o órgão mais visível, e um dos que mais demonstra as alterações ocorridas nesta fase, torna-se fundamental adquirir conhecimentos sobre os cuidados de hidratação e limpeza a ter no quotidiano. A pele apresenta características morfológicas e funcionais diferentes, mediante as várias fases da vida do ser humano. Na adolescência, a estimulação hormonal que ocorre faz com haja necessidade de serem utilizados produtos de hidratação e limpeza diferentes dos da infância. Nesta faixa etária, que podemos considerar ser compreendida entre os 10 e os 19 anos de idade, a pele é a imagem do adolescente, pelo que vai interferir directamente com a sua autoestima, o que faz com que estes exijam (cada vez mais) produtos e serviços adequados para a manutenção de uma pele saudável. Deste modo, o farmacêutico deve estar apto para aconselhar os cuidados a ter com a pele, neste período, muitas vezes difícil de ultrapassar. Alterações hormonais As alterações hormonais que ocorrem vão influenciar as quantidades de sebo produzidas, e diferem em ambos os sexos. No caso do sexo masculino, existe maior quantidade de sebo, os poros são maiores e a pele é muito espessa e com maior quantidade de pelos, comparativamente ao sexo feminino. O aumento exponencial na produção de sebo, quer seja no rapaz ou na rapariga, vai estar intrinsecamente associado ao aparecimento da acne juvenil, pelo que a correta limpeza da pele é essencial. Na maioria dos adolescentes a pele é mista ou oleosa. Considerando os diferentes tipos de pele, os produtos utilizados na limpeza diária do rosto e dos olhos divergem. Para uma pele oleosa, devem ser aconselhados produtos de limpeza sem constituintes oleosos, como por exemplo um gel adequado, que deve ser usado diariamente (duas vezes por dia), conferindo uma sensação de frescura à pele. O uso de esfoliantes (emulsões de limpeza mecânica) permite a remoção de sujidade e de células mortas por ação física. Os produtos que contenham α-hidroxiácidos vão possibilitar, também, a realização de uma esfoliação química. Este método de limpeza só deve ser efetuado, contudo, uma a duas vezes por semana. Nas peles oleosas, o uso de máscaras de argila é também muitas vezes benéfica. Para além disto, é muito importante a utilização de produtos cujas matérias-primas sejam não comedogénicas. As fórmulas galénicas, como por exemplo os geles, loções ou leites de limpeza, ao fazerem parte do ritual de higiene diária, devem conter compostos activos seborreguladores e total ausência de álcool na formulação, dado que o álcool aumenta a quantidade de óleo à superfície da pele. A utilização de um tónico é crucial para complementar a limpeza da pele e prepará-la para a hidratação. A barba Relativamente ao sexo masculino existe ainda a particularidade da barba. O barbear é uma agressão para a pele masculina, pelo que se deve ter em atenção os produtos escolhidos. Os geles e espumas são as formulações de eleição enquanto os after-shave permitem amaciar a pele. Após o barbear, o ideal será sempre utilizar um creme hidratante. A hidratação da pele está dependente de factores hormonais, associados à secreção sebácea. Existe uma perda superior de água através da pele se a secreção sebácea estiver diminuída. Para além deste fator, a existência de um clima seco, lavagens muito frequentes com sabões, radiação UV e uma ingestão de líquidos insuficiente também conduz à desidratação da pele. Pele oleosa No que concerne à pele oleosa esta deve ser preferencialmente hidratada com cremes de fase aquosa, com intuito de não exacerbar o nível de oleosidade. Os produtos a utilizar devem ser também pouco detergentes, de modo a evitar a seborreia reacional e a irritação, suaves, emolientes e devem possuir a capacidade de incorporação de substâncias ativas, que atuem nos vários factores intervenientes na etiopatogenia da acne. A acne A acne é uma patologia que afecta milhões de adolescentes e jovens adultos em todo o mundo. No entanto, pode ser tratada e prevenida. Trata-se de uma patologia inflamatória crónica e autolimitada do folículo pilossebáceo, em que ocorre obstrução dos poros e consequente aparecimento das lesões cutâneas. A bactéria Propionibacterium acnes está normalmente presente na pele. No entanto, no caso da acne, está presente em maior quantidade. A acne afeta principalmente as áreas cutâneas com maior densidade de folículos sebáceos. Desta forma, as zonas em que mais vulgarmente aparece são a face, o dorso e a parte superior do tórax. A sua etiologia é ainda desconhecida, mas existem determinados factores que podem desencadear a hiperseborreia, hiperqueratização das células epiteliais, colonização bacteriana, inflamação e a libertação de mediadores inflamatórios. Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 25 Abril/Setembro 2015 Deve ser também do conhecimento do farmacêutico, que a acne pode ter uma origem iatrogénica, isto é, o seu aparecimento é favorecido pelo uso de determinados fármacos, tais como os anticontraceptivos orais, ciclosporina, corticosteróides, antiepiléticos, tuberculostáticos, entre outros. Para além dos fármacos referidos anteriormente, outros factores desencadeantes da acne são os androgénios maternos (acne neonatal), agentes tópicos (maquilhagem comedogénica), pressão física (capacetes desportivos), factores ambientais (calor e humidade) e stress. Relativamente ao tratamento, o objetivo é curar as lesões, prevenir o aparecimento de novas lesões e ajudar a diminuir o efeito Na maioria dos adolescentes a pele é mista ou oleosa. Considerando os diferentes tipos de pele, os produtos utilizados na limpeza diária do rosto e dos olhos divergem. Para uma pele oleosa, devem ser aconselhados produtos de limpeza sem constituintes oleosos, como por exemplo um gel adequado, que deve ser usado diariamente (duas vezes por dia), conferindo uma sensação de frescura à pele. negativo, a nível emocional e psicológico, que advêm da acne. Deste modo, existem vários tratamentos disponíveis na farmácia, tais como retinóides tópicos ou orais, peróxido de benzoílo, antibióticos tópicos ou orais e terapêutica antiandrogénica. Os retinóides (exemplo, isotretinoína e tretinoína) são os agentes comedolíticos mais eficazes, contudo podem ser extremamente irritantes. O peróxido de benzoílo diminui a secreção sebácea, é antibacteriano e comedolítico. Os antimicrobianos (exemplo, minociclina, doxixiclina e eritromicina) e antiandrogénios (exemplo, acetato de ciproterona e etinilestradiol) só devem ser utilizados em casos de acne resistente à terapêutica tópica. O papel do farmacêutico Assim, o farmacêutico assume um papel decisivo nesta problemática, uma vez que está próximo da população e pelo seu conhecimento e experiência na área deve incentivar e motivar a adesão à terapêutica. Em simultâneo, este profissional pode ajudar a clarificar ideias, mitos e realidades acerca da acne. Uma das temáticas existentes no diversificado portefólio de formação da Tecnosaúde Angola é o “Aconselhamento em Dermocosmética” (24 de Setembro nas nossas instalações), que visa a preparação e diferenciação de farmacêuticos e técnicos de farmácia para problemáticas do quotidiano africano, como é o caso da acne juvenil. 2 | Revista 26 | Revistada daOrdem Ordemdos dosFarmacêuticos Farmacêuticosde deAngola Angola Abril/Setembro Janeiro/Março 2015 2014 EditorialNacional Farmacêutica Política As bases gerais da política A política nacional farmacêutica é a expressão do compromisso e do engajamento do Executivo em matéria de assistência farmacêutica em todo o território nacional. Visa garantir o abastecimento do país com medicamentos seguros, eficazes e de qualidade, bem como assegurar a permanente disponibilidade e acessibilidade de medicamentos a toda a população, aos melhores preços, promovendo o seu uso racional. As bases gerais da política nacional farmacêutica foram definidas pelo Decreto presidencial n.º 180/10, de 18 de Agosto. Pela sua magna importância, a Revista OFA entendeu publicá-lo na íntegra para que, quer os farmacêuticos, quer os estudantes de ciências farmacêuticas, quer outros profissionais de saúde interessados, tenham aqui o acesso facilitado ao documento que baliza e orienta toda a actividade farmacêutica em Angola. Dada a sua extensão, iniciámos na edição anterior a publicação dos três primeiros capítulos, designadamente: Disposições gerais A fiscalização da actividade farmacêutica O registo e selecção de produtos farmacêuticos Na preseste edição, publicamos os capítulos referentes a: Abastecimento de medicamentos e meios médicos Produção nacional de medicamentos Garantia de Qualidade dos Produtos Farmacêuticos Nas próximas edições serão publicados os artigos referentes ao uso racional de medicamentos, estratégias para a sua disponibilidade e acessibilidade, formação e desenvolvimento de recursos humanos, medicamentos tradicionais, investigação científica e o controlo da implementação da política farmacêutica. Abastecimento de Medicamentos e Meios Médicos (CAPÍTULO IV) Abastecimento de medicamentos e meios médicos (ARTIGO 11.º) O abastecimento de medicamentos e meios médicos visa assegurar a aquisição de matéria-prima e de medicamentos seguros, eficazes, de boa qualidade e aos melhores preços possíveis para a satisfação das necessidades assistenciais de toda a população. Sectores público e privados (ARTIGO 12.º) 1. Somente os medicamentos registados em Angola podem ser adquiridos e comercializados. 2. Os fornecedores de produtos farmacêuticos devem inscrever também, adjacente à designação comercial, o nome genérico do medicamento nas respectivas embalagens, devendo os caracteres da inscrição do nome genérico ter pelo menos cerca de dois terços do tamanho dos da designação comercial. 3. Como forma de promover o uso de medicamentos genéricos (vitais e essenciais), os mesmos beneficiam de procedimentos de registo mais simples, e os custos relativos são inferiores aos dos produtos sob designação comercial. 4. Todas as compras de medicamentos devem salvaguardar a boa qualidade dos produtos na origem e na rede de distribuição através dos seguintes mecanismos: a)Possuir certificados analíticos do produto acabado, ou da matéria-prima se for este o objecto da aquisição; b) Ter originais dos documentos do sistema de certificação de qualidade da OMS que devem estar sempre disponíveis para verificação durante um período mínimo de dois anos, contados a partir da data de expiração do prazo de validade dos fármacos adquiridos. 5. À data de entrada em Angola, os produtos importados têm um prazo de consumo mínimo de 75% do período total de validade. 6 .Todas as importações de medicamentos devem ser autorizadas e controladas pela Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico em colaboração com a Inspecção Farmacêutica. Abastecimento do sector público (ARTIGO 13.º) 1.Tendo em conta a necessidade de garantir a melhor utilização possível dos fundos disponibilizados, os procedimentos de aquisição visam obter produtos de boa qualidade aos mais baixos custos possíveis. 2. O sistema que melhor assegura compras de medicamentos em quantidades consideráveis e a preços reduzidos é o de compras agrupadas, devendo, por conseguinte ser este o modelo aplicado. 3.A aquisição de produtos farmacêuticos fazse através de concursos públicos nacionais ou internacionais, abertos ou limitados a fornecedores préqualificados e devidamente registados junto da Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico, e sempre de acordo com o estabelecido em regulamento próprio. 4. Em situações de carência de medicamentos vitais para o tratamento de doenças graves, o Ministro da Saúde pode autorizar o recurso a concursos mais restritos, a compras negociadas ou directas. 5. A avaliação dos concursos, a negociação dos preços e a escolha dos fornecedores são feitas por uma comissão independente, Comissão Nacional de Compras, constituída por representantes dos Ministérios da Saúde, Comércio, Finanças e de outras entidades que venham a ser indicadas, aplicandose este procedimento de aquisição aos medicamentos constantes da lista nacional de medicamentos essenciais ou da lista complementar. 6. Os concursos devem ser lançados e os medicamentos adquiridos pela respectiva designação genérica. 7. Em igualdade de circunstâncias, dáse preferência aos medicamentos produzidos localmente. 8. Os fornecedores preferenciais dos produtos farmacêuticos são os fabricantes dos mesmos. 9. Uma base de dados actualizada relativa a todos os fornecedores autorizados deve ser assegurada pela Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico, com informações inerentes à qualidade, capacidade, preços, e demais aspectos relevantes. 10. O Ministério da Saúde assegura as condições adequadas (estruturas físicas, recursos materiais e financeiros) para o bom trabalho da Comissão Nacional de Compras, funcionando esta junto da Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico. Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 27 Abril/Setembro 2015 nacional farmacêutica 11. O serviço de inspecção farmacêutica faz auditorias regulares aos processos de aquisição mencionados nos pontos anteriores, a fim de garantir a sua transparência. Critérios de abastecimento investigações farmacológicas e toxicológicas já realizadas em animais e no homem, ou em culturas de células humanas; c) Protocolo do estudo a realizar, lista dos centros envolvidos e dos investigadores responsáveis. (ARTIGO 14.º) 1. Todas as importações de medicamentos devem ser autorizadas e controladas pela Direcção Nacional de Medicamentos e Equipamentos. 2. Os fornecimentos de produtos farmacêuticos sujeitos às convenções internacionais, como os psicotrópicos e estupefacientes, estão sujeitos a medidas adequadas de controlo. Donativos (ARTIGO 15.º) 1. Todas as doações de fármacos devem regerse pelos seguintes critérios: a) Serem previamente autorizadas e controladas pela Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico; b)Possuir os documentos de certificação de qualidade da OMS e da Autoridade Nacional do Medica mento do país de origem; c) Ser constituída por medicamentos constantes da lista nacional de medicamentos essenciais ou da lista complementar; d) Ter prazo de consumo mínimo de 75% do prazo de validade, à data prevista de entrada em Angola; e) Trazer inscrito o nome genérico nas respectivas embalagens, em português, entre outros idiomas; f) Respeitar as normas a propósito estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde. 2. Ao Ministro da Saúde cabe decidir, em situações excepcionais e que não comprometam a boa qualidade dos medicamentos, os procedimentos relativos a doações de produtos farmacêuticos fora do preceituado no número anterior. Amostras de medicamentos (ARTIGO 16º) 1. A introdução no país de qualquer amostra de medicamentos deve ser previamente autorizada pela Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico. 2.Para os produtos destinados aos ensaios clínicos é exigida a apresentação de: a) Comprovativos de que os estudos foram previamente autorizados pela autoridade competente do Ministério da Saúde; b) Documentos com informação científica, completa e actualizada, sobre os resultados de Armazenamento e distribuição de medicamentos pelo sector público (ARTIGO 17º) l. O armazenamento e distribuição de medicamentos pelo sector público permite desenvolver um sistema seguro e eficiente, capaz de garantir uma distribuição atempada e equitativa dos recursos farmacêuticos para toda a população, aos melhores preços. 2. O Ministério da Saúde propicia condições para a criação de um sistema de armazenagem de medicamentos bem organizado, capaz de garantir: a) Um volume de produtos em armazém correspondentes às necessidades das áreas servidas; b) A conservação da boa qualidade dos fármacos; c) A segurança dos produtos farmacêuticos guardados; d)O respeito pelas boas práticas de distribuição de medicamentos; e) O controlo rigoroso dos prazos de validade. 3. A recepção e o armazenamento dos medicamentos para o sector público são, sempre que possível, descentralizados. 4. Uma rede nacional eficiente de estocagem de medicamentos requer estruturas adequadas e convenientemente equipadas ao nível central, regional, provincial e municipal, para além de um bom sistema de comunicação. 5. Para o efeito de distribuição no sector público, o Ministério da Saúde apoia o desenvolvimento de uma rede nacional de distribuição de medicamentos, promovendo a criação de uma central de compras e aprovisionamento, como aconselhado pela OMS para os países de baixos recursos, e que assegure: a) Aos diferentes níveis da rede de assistência sanitária, a permanente disponibilidade de medicamentos qualitativa e quantitativamente ajustados aos serviços prestados e ao nível de formação dos técnicos, de acordo com o estabelecido na lista nacional de medicamentos essenciais; b)Rapidez e baixo custo dos fornecimentos: c) A observância das regras das boas práticas de armazenamento e distribuição recomendadas pela Organização Mundial da Saúde. 6. O Ministério da Saúde deve assegurar que progressivamente sejam reabilitadas ou construídas e convenientemente equipadas, as infraestruturas nacionais, regionais e provinciais destinadas ao bom armazenamento dos produtos farmacêuticos. 7. Procedimentos uniformes, práticos e sistemáticos de registo de dados devem ser implementados e regularmente actualizados nas diferentes instituições sanitárias de forma a monitorizar e controlar os respectivos consumos. 8. Mecanismos de gestão farmacêutica hospitalar informatizados devem ser ensaiados nos estabelecimentos assistenciais centrais e regionais, e ser generalizados com as adaptações que vierem a ser identificadas. 9.O Ministério da Saúde deve garantir a formação adequada de profissionais, e a permanente actualização dos mesmos, através da participação em seminários, cursos de reciclagem e de formação contínua, entre outras. A integração destes profissionais numa carreira deve possibilitar o seu fácil recrutamento e enquadramento. 10. Manuais de procedimentos contendo normas de armazenagem, conservação e gestão de produtos farmacêuticos nos varies níveis do sistema devem ser criados, aplicados e regularmente revistos e actualizados, sempre em respeito pelas boas práticas de distribuição de medicamentos, devendo esses serem periodicamente auditados. 11. O Ministério da Saúde define as normas e regulamentos para o armazenamento de produtos farmacêuticos, incluindo as boas práticas de distribuição de medicamentos. Eliminação de produtos farmacêuticos (ARTIGO 18º) 1. Deve ser estabelecido um Sistema adequado para destruir os produtos farmacêuticos impróprios para o consumo, sem pôr cm risco a saúde das comunidades, nem o equilíbrio do meio ambiente. 2. Critérios básicos para a eliminação de produtos farmacêuticos: a) Os produtos farmacêuticos impróprios para consumo devem ser eliminados logo que possível, e através do procedimento adequado a cada medicamento; b) O processo de eliminação dos produtos farmacêuticos tem de salvaguardar as comunidades e o meio ambiente dos poten- 28 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Setembro 2015 Política Nacional Farmacêutica ciais riscos decorrentes do mecanismo utilizado para esse efeito; c) A deterioração ou expiração de produtos farmacêuticos deve ser sempre objecto de investigação, não só pela eventual necessidade de responsabilização dos culpados, mas também pelos ensinamentos que importa reter no sentido de prevenir, sempre que possível, os factores que podem ter estado na origem da ocorrência; d) Nas situações em que se verifique a deterioração de um medicamento antes de expirar o seu prazo de validade, deve ser elaborado um relatório, previamente à sua destruição, com informações relativas ao produto, comprador, data de entrada no país, data de recepção, quantidades fornecidas ao armazém ou unidade sanitária, fornecedor, prazo de expiração, quantidades a eliminar e respectivo valor financeiro, bem como as razões desse procedimento; e) A eliminação dos medicamentos abrangidos pela alínea d) só pode ocorrer depois de superiormente autorizada pela Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico, ou pelas Direcções Provinciais da Saúde, com conhecimento à Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico; f) O Ministério da Saúde deve criar normas que definam as práticas, documentos e responsáveis para a eliminação dos produtos farmacêuticos; g) A eliminação de medicamentos, produtos ou substâncias classificadas como substâncias controladas (nomeadamente, estupefacientes e psicotrópicos), deve ser objecto de regulamentação a ser aprovada pelo Ministério da Saúde. Produção Nacional de Medicamentos (CAPÍTULOV) Produção nacional de medicamentos (ARTIGO 19º) 1. A produção nacional de medicamentos visa contribuir para o abastecimento contínuo de medicamentos de qualidade. 2.Para se desenvolver a produção nacional de medicamentos e atingir indicadores que satisfaçam as necessidades do país em qualidade e quantidade, o Executivo, através de uma acção concertada dos Ministérios da Saúde, Finanças, Comércio e Indústria deve criar as condições necessárias para a promoção, a protecção e o desenvolvimento da indústria farmacêutica nacional. 3. O Executivo deve mobilizar os investimentos necessários para a transferência de tecnologias apropriadas para a produção de medicamentos, adquiridas através da cooperação e intercâmbio internacionais. 4. Uma politica de desenvolvimento dos recursos humanos deve ser assegurada para disponibilizar técnicos com formação direccionada pa- ra a indústria farmacêutica nacional. 5. O desenvolvimento das indústrias que fornecem meios indispensáveis à industria farmacêutica, como papel, vidro, plástico, etc., deve contribuir para o aumento da componente nacional na produção de medicamentos. 6. O Ministério da Saúde deve regulamentar o mercado de produção farmacêutica, com base na avaliação da qualidade dos bens produzidos, e fazendo aplicar a legislação relativa as patentes e marcas. 7. O licenciamento de novas unidades de produção é condicionado pela verificação final da conformidade do projecto com as condições técnicas que as segurem o cumprimento das boas práticas de fabrico de medicamentos definidas pela OMS. Garantia de Qualidade dos Produtos Farmacêuticos (CAPÍTULOVI) Garantia de qualidade de medicamentos (ARTIGO 20º) O estabelecimento de um sistema de garantia de qualidade de medicamentos tem como meta garantir ao utilizador o acesso a produtos dentro dos padrões e especificações aprovados e internacionalmente aceites. Gestão do Sistema de Garantia de Qualidade de Medicamentos (ARTIGO 21º) 1. Deve ser criado dentro da Inspecção Farmacêutica uma área específica para velar pelo cumprimento de todos os aspectos relativos à garantia de qualidade dos produtos farmacêuticos. 2. Um corpo de inspectores farmacêuticos é organizado, convenienternente treinado e equipado, com o apoio da cooperação internacional. 3. É imprescindível a criação de um laboratório nacional de controlo de qualidade de produtos farmacêuticos. Bases técnicas para o sistema de garantia de qualidade de medicamentos ( ARTIGO 22º) l. Todas as unidades que fabricam produtos farmacêuticos devem respeitar as boas práticas de fabrico de medicamentos. 2. A introdução de qualquer produto farmacêutico no país deve fazerse com elementos e procedimentos que comprovem e garantam a sua qualidade, nomeadamente: a) Certificados de qualidade da matéria-prima (para as matériasprimas) e/ou do produto acabado (para os produtos farmacêuticos); b) Documento comprovativo do respeito pelo sistema de certificação da OMS, para os produtos farmacêuticos provenientes do mercado internacional; c)Amostras para controlo de qualidade, sempre que tal se entenda conveniente. 3. A garantia da qualidade dos produtos farmacêuticos aplicase a todas as matériasprimas, etapas do processo de produção e ao produto acabado. Aplicamse estas mesmas exigências, com as devidas adaptações, à produção de preparações à base de plantas medicinais, minerais, órgãos ou partes de animais, a utilizar na cura e prevenção de doenças, Encontramse igualmente abrangidos outros produtos, tais como dietéticos, cosméticos e de perfumaria. 4.A construção de novas unidades de produção no país está sujeita a uma análise prévia da viabilidade técnica do project0. Procedimentos básicos para o funcionamento do sistema de qualidade de medicamentos (ARTIGO 23º) 1. Apenas os produtos que estejam de acordo com os padrões de qualidade internacionalmente reconhecidos Podem ser adquiridos, distribuídos, dispensados e administrados em Angola. 2. Só é autorizada a actividade aos importadores, armazenistas, distribuidores e retalhistas que disponham das condições adequadas à boa conservação dos produtos farmacêuticos, garantindo o cumprimento das condições de conservação aprovadas para cada um dos produtos comercializados. 3. Um sistema efectivo de inspecção e de controlo de qualidade dos produtos farmacêuticos deve ser posto em funcionamento, dentro do Ministério da Saúde, para garantir que os medicamentos existentes em toda a rede nacional de distribuição estejam de acordo com os padrões de qualidade previstos no presente regulamento e sempre respeitando as especificações aprovadas para cada medicamento. 4. Sempre que a aparência de um produto suscite dúvidas sobre a sua qualidade, deve imediatamente notificarse a Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico para que as medidas adequadas sejam tomadas. 5. O fabricante nacional ou o importador de qualquer produto que se revele impróprio para o consumo deve, no mais curto prazo de tempo possível, definido pela entidade competente, retirar do mercado a totalidade do fármaco distribuído e, depois da sua inventariação e devida autorização, proceder à sua eliminação, sob pena de procedimento judicial. Controlo para o sistema de garantia de qualidade de medicamentos (ARTIGO 24º) O Ministerio da Saúde deve fazer aprovar a legislação adequada que confira a necessária autoridade ao corpo de inspectores da Inspecção Farmacêutica para agir livremente nos limites da sua competência, bem como prever as penalidades e procedimentos judiciais para todas as entidades singulares ou colectivas que atentem contra a saude pública ou infrinjam as disposições relativas à garantia da qualidade dos produtos farmacêuticos. Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 29 Abril/Setembro 2015 Indústria Carcinoma pulmonar Medicamento Anamorelina vai chegar a Angola A BIAL e a Helsinn, grupo suíço focado no desenvolvimento de terapêuticas na área oncológica, anunciaram um acordo de licenciamento e distribuição exclusiva da Anamorelina em Angola e Portugal, entre outros países. A Anamorelina é um novo medicamento, de toma oral diária, em fase final de investigação para o tratamento da anorexia-caquexia em pacientes que sofrem de certos tipos de carcinoma pulmonar. A anorexia-caquexia associada às neoplasias malignas é uma síndrome multifatorial caracterizado pela perda contínua de massa muscular esquelética, impossível de reverter sem medicação(1). Ao imitar a hormona grelina, conhecida como “hormona da fome”, a Anamorelina tem demonstrado eficácia no aumento da massa corporal e do apetite. Nos termos desta parceria, a Helsinn fica responsável pelo desenvolvimento clínico e regulamentar da Anamorelina e pelo fornecimento deste medicamento e a BIAL será responsável pelas actividades de distribuição e comercialização. Sobre a Anamorelina A Anamorelina é um agonista seletivo do receptor da grelina inovador, de toma oral, que está de momento na fase final da investigação para o tratamento da anorexia-caquexia em pacientes com carcinoma pulmonar não peque- nas células. A Anamorelina é administrada oralmente, 100mg uma vez ao dia. Recentemente foi concluída a Fase III dos ensaios clínicos (programa ROMANA). No ROMANA 1 e 2, a Anamorelina foi bem tolerada, aumentou, em relação ao placebo, o peso corporal e a massa magra, tendo também melhorado os sintomas relatados pelos pacientes, como as preocupações relativas à anorexia-caquexia(2). (1) Fearon K et al., Definition and classification of cancer cachexia: an international consensus. Lancet Oncol 2011;12:489–95 (2) Temel J, et al, Annals of Oncology, Volume 25, Supplement 4, 2014 (Abstract 1483O_PR) 30 2 | |Revista Revistada daOrdem Ordemdos dosFarmacêuticos Farmacêuticosde deAngola Angola Abril/Setembro Janeiro/Março 2014 2015 Editorialdo exterior Crónica A OFA continua de parabéns! João Novo, Conselho redactorial da revista OFA É muito bom que, apesar de ainda jovem, a OFA começa a ser reconhecida também internacionalmente, e convidada para eventos públicos. Aconteceu no passado dia 25 e 26 de Junho. Fomos convidados a participar na reunião anual promovida pelo Conselho do Colégio de Especialidades de Assuntos Regulamentares da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal. O evento contou com a presença de inúmeros especialistas, quer portugueses, quer internacionais, e ainda de representantes da CPLP, entre os quais Moçambique, na pessoa da Dra. Tânia Sitoie, Cabo Verde, representada pela Dra. Djamila Reis e Angola cuja OFA esteve representada pelo nosso Bastonário, Dr. A chefe do departamento farmacêutico do Ministério da Saúde de Moçambique, Tânia Sitoe, ladeada pelo Director Nacional de Medicamentos e Equipamentos de Angola, Bastonário da OFA e Vice Presidente do Conselho Directivo do Farmed, Boaventura Moura, pelo representante das relações internacionais e cooperação da OFA, João Novo e outras colegas farmacêuticas, entre as quais, à direita, Djamila Reis, PCA da ARFA O secretário de estado da Saúde de Portugal, Manuel Teixeira, conversa com o representante da Embaixada de Angola em Portugal, Mateus Breganha, na presença do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, Maurício Barbosa, e de João Novo Boaventura Moura – que foi palestrante convidado, tendo feito uma comunicação sobre as competências farmacêuticas em assuntos regulamentares na lusofonia –, pelo Presidente da Mesa da Assembleia-geral da OFA, Dr. João Lelessa — que se encontra em tratamento médico e a quem desejamos rápidas melhoras – e pelo autor desta crónica, na sua qualidade de responsável pelas relações internacionais e cooperação. É de enaltecer que esteve sempre a acompanhar a comitiva da OFA a Embaixada de Angola em Portugal representada ao mais alto nível na pessoa do Dr. Mateus Breganha. A sessão de encerramento foi presidida pelo Secretário de Estado da Saúde de Portugal, Dr. Manuel Teixeira, após a qual fez questão de manter um ameno diálogo com os representantes da OFA. Caros colegas, É nestes eventos que projectamos a OFA, com humildade, mas com a certeza de que estamos a fazer o nosso melhor no engradecimento da nossa Ordem e do nosso País. Bem hajam! Boaventura Moura apresentou uma comunicação sobre as competências farmacêuticas em assuntos regulamentares na lusofonia O presidente da Assembleia Geral da OFA, João Lelessa, e demais membros da delegação de Angola