CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA AUDIOLOGIA DEFICIENTE AUDITIVO: O RETORNO PARA O MUNDO DOS SONS TEREZA CRISTINA DE FREITAS GODOY GOIÂNIA 1999 CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA AUDIOLOGIA DEFICIENTE AUDITIVO: O RETORNO PARA O MUNDO DOS SONS TEREZA CRISTINA DE FREITAS GODOY Monografia de conclusão do curso de Especialização em Audiologia. Orientadora: Mirian Goldenberg GOIÂNIA 1999 RESUMO Esta Monografia tem o intuito de analisar como se processa a audição de crianças portadoras de deficiência auditiva, que utilizam o recurso da prótese auditiva para amplificar, aproveitar e compreender melhor os sons. A escolha do aparelho de amplificação auditiva individual deverá ser feita visando o melhor para a criança, qual se adaptará melhor e quais as vantagens que este possa oferecer. Através de uma ampla pesquisa bibliográfica pode-se observar, quais os fatores que podem favorecer ou interferir na habilitação e na reabilitação da criança deficiente auditiva. A deficiência auditiva acaba interferindo no desenvolvimento da criança. Sem um trabalho de intervenção apropriado poderão surgir falhas, não apenas comunicativas, mas intelectual, social e emocional no deficiente auditivo. A participação da família junto à criança é importante para sua autoestima, pois contribui para que haja um maior relacionamento com outras crianças. O trabalho terapêutico envolve não apenas o deficiente auditivo, mas seus pais, assim, de forma conjunta, o desenvolvimento da criança será maior e suas dificuldades serão melhor compreendidas. O trabalho de reabilitação é direcionado à cada criança, com o objetivo de atender às suas principais necessidades. É preciso elaborar estratégias agradáveis para despertar o interesse e a vontade da criança em participar dos exercícios propostos. O aproveitamento dos restos auditivos e o treinamento auditivo são eficazes na aceleração do processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem. Portanto, a protetização juntamente com a reabilitação precoce é importante para que o deficiente auditivo se integre mais facilmente à sociedade ouvinte. AUDITIVE DEFICIENT: THE RETURN TO THE WORLD OF SOUNDS This Monograph has the intuit to analyse how to process the audition of children’s deficiency autitive porter, wich utilize the auditive prosthesis resource to amplify, understand and make good use of sounds. The individual selection of amplifying auditive equipament must be done aiming the best for the child, and wich one should best adapt and which vantages this one can offers. Searching through a wide bibliography, there’s a lot to observe, as wich points can benefit or interfer on the preparation and repraparation of the child’s auditive deficient. The audio-deficient ends up interfering on the child’s developement. Without a proper interventation, it could appear failures not only comunicatives, but intelectual, social and emotional on the deficient child. The family’s participation with the child is important for his self-esteem, course it contribute for a better relationship with other children. The therapeutic effort envolves not only the audio-deficient but their parents. So, in a connected effort, the child’s development will be bigger and his difficulty can be better to understand. The rehabilitation’s work is directed to each different child, with the objective of reaching their main necessities. It’s necessary to elaborate delightful strategies to awake the interest and the will of children to participate of the propose exercise. The utilization of what is left out of the child’s auditive and the auditive trainment is efficient on the acceleration process of acquisition and development of speach. Therefore, the precocions rehabilitation is important so that the auditive deficient can get along lasier with the listener society. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais pela compreensão e estímulo constante. AGRADECIMENTO Ao meu marido por compreender minhas ausências. SUMÁRIO I - INTRODUÇÃO ...............................................................................................................01 II - DISCURSÃO TEÓRICA...............................................................................................04 III - CONCLUSÕES............................................................................................................52 IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................55 I - INTRODUÇÃO Algumas crianças apresentam comprometimento em sua audição, prejudicando, dessa forma, a produção normal da fala. A perda auditiva durante a infância pode dificultar ou atrasar a aquisição de linguagem, resultando o retardo das habilidades comunicativas. O funcionamento em conjunto das estruturas da orelha externa, média e interna, provocam o desempenho de necessidades vitais tanto relacionadas à locomoção e manutenção do equilíbrio estático e dinâmico, quanto à localização da distância e à direção de fontes sonoras, além de funcionarem como mecanismo de alerta e defesa. Contudo, ainda possibilitam a aquisição e o desenvolvimento de um sistema simbólico estruturado: a linguagem verbal. A deficiência auditiva, em qualquer grau, gera graves implicações no comportamento social e emocional das crianças por ela afetadas, além de sérias alterações em sua linguagem que dificulta seu aprendizado ou sua utilização na vida diária. 1 Em vista da necessidade de se ouvir bem é que torna premente diagnosticar os problemas auditivos das crianças com toda habilidade, conhecimento e possibilidade de que somos capazes. A criança tem necessidade auditiva maior que o adulto, pois para aprender a língua de sua comunidade é preciso primeiro identificar acusticamente os fonemas que esta contém. Um dos componentes fundamentais no processo de habilitação e reabilitação auditiva é a utilização da prótese auditiva, que tem como finalidade a ampliação sonora, da maneira mais adequada e satisfatória possível. É na infância que mais se desenvolvem os conhecimentos e as habilidades, portando, é necessário que a criança receba grande quantidade de estímulos do ambiente em que vive. A audição é o principal meio através do qual a linguagem verbal é adquirida. Até perdas auditivas mínimas podem representar um risco ao desenvolvimento da linguagem e gerar problemas de aprendizagem. Torna-se, então, primordial a adaptação de prótese auditiva nas crianças com deficiência auditiva, o mais precocemente possível, para que sejam evitados os efeitos da privação sensorial sobre o desenvolvimento global da linguagem. Uma perda na audição dificulta uma criança a interpretar um sinal acústico. Portanto, no momento em que se inicia um trabalho com o deficiente auditivo é preciso considerar as características e necessidades individualmente, verificar quais são sua maiores dificuldades e se há outros fatores interferindo no desenvolvimento das suas habilidades de comunicação. Assim, pode-se atender 2 melhor as necessidades específicas de cada criança, sabendo-se qual tipo de prótese auditiva que melhor se adaptará a ela. O objetivo dessa pesquisa é investigar, a partir da literatura existente, as características da comunicação do deficiente auditivo, utilizando-se da próteses auditiva. Este trabalho foi elaborado através de um amplo levantamento bibliográfico. 3 II - DISCURSÃO TEÓRICA Dentre os tipos de próteses auditivas que podem ser empregados, deve-se escolher aqueles que se adapta melhor na reabilitação. É importante buscar o aperfeiçoamento da comunicação para melhorar o desenvolvimento e a interação do deficiente auditivo na vida social. As dificuldades auditivas das crianças portadoras de deficiência podem ser percebidas a partir de avaliações feitas, desde o nascimento, com a utilização de testes audiométricos, onde se observam respostas comportamentais. Para garantir a consistência dos achados audiológicos, cabe ao examinador efetuar mais de um teste. Nos testes audiométricos, primeiramente realiza-se uma anamnese na qual se faz uma coleta da dados junto aos pais, de forma a caracterizar a queixa e as dificuldades que estes sentem do seu filho. Esta etapa é uma fase de aproximação entre o examinador e a criança. Há diversas técnicas para avaliar a audição da criança, entre elas: - Pesquisa das respostas comportamentais ao estímulo auditivo. Observa-se o reflexo cócleo-palpebral, o reflexo de susto e o reflexo de qualquer movimentação generalizada, que envolva mais de um membro, acompanhada de algum movimento ocular. - Boel, consiste em um equipamento para ser usado tanto para testar superficialmente a audição de bebês, quanto para avaliar o desenvolvimento perceptual, motor, visual e o contato da criança com o examinador. 4 - Audiometria através do condicionamento do reflexo de orientação (Suzuki e Ogiba). Esta técnica baseia-se no princípio de que, quando é apresentado um estímulo visual estranho à criança, esta tende a procurar a fonte ou a origem do estímulo, independente da estimulação visual apresentada. - VRA (audiometria do reforço visual). O objetivo deste teste é reforçar qualquer resposta apresentada pela criança. Ocorre a apresentação de estímulo sonoro seguido do estímulo visual. - Crib-o-gram. São dispositivos ligados a um berço que registram a atividade do bebê durante e após a apresentação da estimulação acústica. Esta técnica provê os mesmos resultados da observação comportamental, tendo, porém, a vantagem de ser automática. - Audiometria. Teste em que se ensina a criança a apresentar uma resposta a um estímulo. - Peep-Show. É a associação de estímulos visuais e auditivos para pesquisar o nível mínimo auditivo. - Exames complementares. Eletrococleografia, potenciais evocados auditivas precoces, emissões otoacústicas e audiometria de respostas evocadas no tronco cerebral. Na avaliação da audição de uma criança, não se avalia somente o percurso morfofisiológico que o som faz para chegar ao sistema nervoso central, mas se avalia o todo, a criança e a forma de sua audição: a criança e as consequências que um problema auditivo traz para ela. 5 A avaliação audiológica não deve estar somente presa à obtenção dos limiares tonais; deve ser um processo mais amplo onde se observa um sujeito, sua audição e seu comportamento frente ao mundo sonoro (Russo, 1994). Dependendo das características, essa falha auditiva poderá; ter uma tendência mais severa porém, irá depender do local comprometido. É difícil para o deficiente auditivo aprender sua própria linguagem. Por esta razão, muitos não conseguem transmitir seus pensamentos a outras pessoas, exceto por meio de gestos e demais ações concretas. Contudo, o uso de aparelho de amplificação e um bom treinamento, o mais cedo possível, facilitarão o acesso à comunicação oral. As deficiências auditivas podem ocorrer antes, durante ou depois do nascimento. Denominam-se deficiências auditivas congênitas, aquelas que ocorrem antes ou durante o nascimento, e deficiências auditivas adquiridas, aquelas que ocorrem após o nascimento. Essas perdas auditivas podem ser classificadas em hereditárias e não hereditárias. Há necessidade de conhecer as causas mais comuns que aparecem no ouvido externo, médio e interno para que se entenda o tipo de problema que será trabalhado como: Ouvido externo. São várias as patologias que ocorrem no ouvido externo, muitas gerando desconforto e dor além da perda auditiva. Dentre elas: otite externa, pericondrite, furunculose, copos estranhos e rolha de cera. Entre as etiologias que podem levar a perda auditiva pode-se citar a atresia ou estenose do conduto auditivo externo. As malformações do conduto auditivo externo podem 6 surgir isoladas ou associadas às malformações do pavilhão auricular e/ou ouvido médio, disostoses craniais, faciais e, também podem estar associadas com fissuras labiais e/ou palatais. Ouvido médio. Há vários motivos que podem levar a deficiência auditiva como: • Origem não genética, manifestação isolada e pós-natal. Uma das patologias mais comuns é a otite média. Ocorre com mais frequência em crianças abaixo de quatro anos e, está diretamente relacionada a fatores tais como: idade, sexo, raça, fatores genéticos, nível sócio-econômico, estação do ano e clima. • Origem congênita e manifestações associadas a outros sinais (síndromes). - Síndrome de Treacher-collins. Malformações do primeiro arco branquial. - Síndrome de Goldenhar (diplasia óculo-aurículo-vertebral). Os portadores apresentam anomalias orais, músculo-esquelético e oculares. - Síndrome de Pierre Robin. As manifestações estão relacionadas à malformação do esqueleto crânio-facial. - Síndrome de Apert. A risco desta síndrome pode estar ligada à transmissão autossômica dominante. Ouvido interno. São diversas as causas que geram a deficiência auditiva. • Origem genética, congênita e de manifestação isolada. Na vida embrionária em que ocorre a falha no desenvolvimento é que vai determinar o grau e a aparência da deformidade. 7 • Deficiência auditiva congênita de origem genética, associada com outras anormalidades. Pode ocorrer acompanhada de alterações em outros órgãos. • Deficiência auditiva congênita, de origem não genética e de manifestação isolada. Como por exemplo, ototoxidade. • Deficiência auditiva congênita, de origem não genética, com manifestação associada. Ocorre devido a infecções por vírus ou bactérias. • Deficiência auditiva tardia, de origem genética, com manifestação associada a outras anormalidades. É caractarizada por alterações da audição que ocorrem após o período neonatal, que podem ou não ser de origem genética. A deficiência auditiva pode aparecer isolada ou associada a outras anormalidades. • Deficiência auditiva tardia, de origem não genética e que ocorre de forma isolada. É causada por distúrbios inflamatórios virais ou bacterianos, que ocorrem após o nascimento. O diagnóstico preciso da causa da deficiência auditiva é necessário para sua prevenção como para adequação dos métodos fonoaudiológicos e educacionais que deverão ser utilizados. O processo de reabilitação e/ou habilitação de uma criança com problema sensorial é diferente da criança com problema neural ou central (Azevedo, 1997). É fundamental o conhecimento das causas da deficiência auditiva, para que se possa entender melhor tipo de problema que será trabalhado. Conhecendo o local, grau e origem do problema pode-se indicar a adaptação da prótese auditiva e organizar a terapia que virá a seguir. 8 O uso da prótese auditiva tem como objetivo a amplificação, não apenas dos sinais de fala, mas de sons ambientais, os sinais de perigo e de alerta, bem como os sons que melhoram a qualidade de vida da criança. Além disso, é o instrumento utilizado para facilitar a educação e o desenvolvimento psico-social e intelectual do deficiente auditivo. (Gepés, 1996) Os aparelhos possibilitam à criança detectar sons que antes ela não conseguia perceber. O importante não é tanto o grau da perda auditiva apresentado pela criança, mas a habilidade que ela adquire a utilização de seus restos auditivos. Contudo, crianças com grandes perdas, mas com a ajuda de aparelhos de amplificação sonora, captam e interpretam bem os sons do seu meio ambiente. O desenvolvimento neuropisicológico depende de experiências específicas vivenciadas, correspondendo a cada estágio pelo qual a criança passa, e que está relacionado, também, com a sua maturidade. Considerando essa fase, ausência de estimulação auditiva nos primeiros meses de vida pode impedir que a percepção auditiva se desenvolva. (Azevedo, 1997). Portanto, a adaptação do aparelho de amplificação sonora, quando possível, deve ser feita antes que a criança atinja a segunda etapa do balbucio, para garantir a instalação feed-back acústivo-articulatório. Este é um dos fatores básicos para o desenvolvimento da fala e da linguagem. 9 Um trabalho precoce e intensivo com a audição, fala e linguagem das crianças portadoras de deficiência auditiva pode ajudá-las à adquirirem níveis razoáveis de comunicação oral durante os anos pré-escolares. Bevilacqua (1997) considera, uma intervenção precoce a possibilidade de minimização das dificuldades que esse deficit impõe, não só daquelas que dizem respeito ao processo de comunicação, mas também daquelas encontradas durante todo o processo educacional posterior. Com os avanços tecnológicos, como técnica de diagnósticos audiológicos precoces, aparelhos de amplificação sonora potentes e implante coclear multicanal, a linguagem oral e fluente pode ser conseguida cada vez mais por crianças com deficiência auditiva. Com essas considerações, para dar início à investigação, enfocarei o desenvolvimento da comunicação mostrando que algumas crianças podem apresentar domínio de linguagem, estando porém defasadas em relação à sua audição, o que dependerá da colocação e adaptação da prótese auditiva, escolha do terapeuta e dos familiares e principalmente da aceitação e das facilidades oferecidas pela própria criança. É difícil para o deficiente aprender sua própria linguagem. Por esta razão, muitos não conseguem transmitir seus pensamentos a outras pessoas, exceto por meio de gestos e demais ações concretas. Por não entender o que os outros falam, existe uma impossibilidade de manter uma conversação. Contudo, um bom treinamento e o uso de aparelho de amplificação auditiva, o mais cedo possível, facilitará a comunicação oral. 10 A adaptação inadequada e tardia do aparelho de amplificação sonora individual , os problemas de manutenção, a falta de trabalho terapêutico e o pouco ou ineficiente envolvimento dos pais, podem contribuir para um desenvolvimento de linguagem restrita, pouco esperado para a idade da criança. O aparelho de amplificação auditiva será eficiente se os pais aceitarem, e se as crianças fizerem o uso adequado e freqüente do mesmo. São os pais que conseguem uma intervenção mais afetiva junto à criança, através de estratégias que estimulam as habilidades auditivas e o desenvolvimento da linguagem, proporcionado o enriquecimento dos eventos diários. Se a educação auditiva ocorrer desde cedo em um ambiente de aprendizado adequado e a utilização frenquente e correta do aparelho de amplificação auditiva, com os pais orientados no sentido de um comportamento que aumente a qualidade e as trocas de comunicação com a criança, possivelmente com esse trabalho e dedicação, as consequências da deficiência auditiva serão minimizadas. A perda auditiva, conforme o grau, pode ser leve, moderada, severa e profunda. De acordo com o grau e a dificuldade da criança é que estabelece a melhor forma terapêutica e uma amplificação eficiente para atender as necessidades dos deficientes auditivos. Há crianças diagnosticadas como portadoras de grandes perdas auditivas, entretanto, usando a amplificação e trabalhando com a criança, essa audição poderá tornar-se utilizável. 11 As perdas auditivas, de acordo com o local em que a lesão está situada, podem ser classificadas em: - Perda auditiva condutiva - ocorre no ouvido externo e / ou ouvido médio. A audição encontra se rebaixada na via aérea e a via óssea nos padrões da normalidade. Os achados timponométricos encontram-se alterados e não há presença de reflexo acústico do músculo estapédio. Normalmente o ouvido interno encontra-se normal. As patologias podem ocorrer por presença do corpo estranho no conduto auditivo externo e até por malformação do sistema de transmissãopavilhão auricular, conduto auditivo externo, membrana timpânica e cadeia ossicular. - Perda auditiva neuro-sensorial. A perda auditiva se localiza na cóclea e/ou no nervo coclear. A audição se encontra prejudicada na via aérea e óssea. Os achados timpanométricos encontram-se dentro dos padrões normais, se não existir ocorrência de patologia de ouvido médio associada. O reflexo acústico do músculo estapédio pode estar presente, dependendo do nível de audição da via aferente a da presença do recrutamento. - Perda auditiva mista. Apresenta componentes condutivos e neurosensoriais no mesmo ouvido. A audiometria tonal pode apresentar gaps entre a via óssea em algumas frequências, estando ambas as vias acopladas em outras. Os achados timpanométricos poderão mostrar a magnitude do componente auditivo, estando 12 reflexo estapediano ausente. O prognóstico de uma perda mista depende, diretamente, da influência dos componentes condutivos e neuro-sensoriais. - Distúrbios auditivos centrais. A criança pode ter achados auditivos normais e, mesmo assim, apresentar dificuldades para reconhecer ou interpretar a fala. As liminares tonais pode estar dentro da faixa de normalidade ou com característica de lesão perceptual. O diagnóstico de uma perda auditiva em qualquer situação deve incluir não só os testes auditivos, mas avaliações da linguagem receptiva e expressiva, das vocalizações ou dos níveis de fala e do comportamento geral da criança. A identificação de alterações auditivas no primeiro ano de vida possibilita a intervenção ainda no período crítico e optimal de desenvolvimento da criança, prevenindo futuras alterações. (shochat 1996) É preciso investigar como o sistema auditivo de uma criança recebe, analisa e organiza as informações acústicas do ambiente. Para atingir o reconhecimento e a compreensão da fala, a criança deve ser capaz de prestar atenção, detectar, discriminar e localizar sons, além de memorizar e integrar as experiências auditivas. As crianças com perdas auditiva são passíveis de modificação no quadro audiológico. É necessário o profissional estar atento às perdas progressivas, flutuantes ou outras alterações que levem a criança a ouvir menos do que nas últimas referências e de seus audiogramas. 13 É preciso observar os problemas de orelha média pois, podem estar relacionados às perdas auditivas neurossensoriais e que, nestas condições, o uso de uma prótese auditiva pode causar desconforto para o seu usuário e, até mesmo, alterar, para pior, seus limiares auditivos. Antes da adaptação da prótese auditiva é importante uma adequada exploração médica para que se possa definir e indicar, prescrever ou orientar a conduta clínica mas correta para o caso. Outro fator é o estabelecimento da etiologia e a evolução da deficiência auditiva apresentada pela criança. Perdas auditivas progressivas, quadros condutivos e patologias centrais associadas, podem ser mais facilmente diagnosticados, se o profissional que acompanha a criança estiver participando no programa e reabilitação posterior. O profissional envolvido na reabilitação, além do processo terapêutico deverá constantemente medir e modificar a audição residual da criança através da aplicação da melhor prática audiológica possível. As dificuldades encontradas na deficiência auditiva estão basicamente relacionadas a: − Percepção - A criança possui dificuldade em identificar objetos ou eventos pelos sons que os mesmos produzem, estando mais sujeitos à acidentes, pois seu mecanismo de alerta e defesa encontra-se prejudicados; − Problemas de fala - há dificuldade me associar os movimentos de seus mecanismos fono-articulatórios aos sons resultantes. Assim 14 tende a não adquirir o controle da fala, tanto no que se refere à intensidade quanto à altura de sua voz; − Problemas de comunicação - há dificuldade em manter uma conversação com outras pessoas; − Alterações congênitas - a criança com dificuldade auditiva só compreende a partir de situações concretas; − Problema social - existe uma dificuldade em desenvolver atitudes adequada perante os outros, como conseqüência, surge o isolamento do mundo e dos outros; − Problema emocional - a criança, sendo restrita ao uso da linguagem falada, é incapaz de perceber as reações dos outros sentindo-se frustrada, confusa, medrosa, agressiva e, freqüentemente, desenvolve uma auto-imagem negativa; − Dificuldade vocacional - pela falta de habilidades verbais, do treinamento acadêmico e das habilidades sociais fazem com que a criança atinja a idade adulta com possibilidades profissionais limitadas; − Problema familiar - há uma redução na interação de uma superproteção com a criança; Para a indicação do aparelho auditivo é necessário que a criança tenha o diagnóstico otológico previamente estabelecido, isto é, a deficiência auditiva condutiva e/ou neurosensorial de grau leve a profundo, e que tenha o 15 aparelho auditivo como único recurso para o progresso de habilitação ou reabilitação do sistema de comunicação oral. Outros aspectos ainda devem ser considerados, tais como: a aceitação da perda auditiva, principalmente pelos pais, as necessidades de comunicação e os aspectos financeiros. No processo de seleção e avaliação de uma prótese auditiva é necessário que a criança passe por um avaliação audiométrica que contenha: - Anamnese detalhada. É importante ser realizada para que se possa obter mais informações à respeito da criança. Deve-se questionar a provável causa da deficiência auditiva, quando esta ocorreu, o passado otológico, condições de saúde em geral, presença de alergia a diferentes tipos de plásticos, etc. A observação do comportamento da criança durante o processo de avaliação pode fornecer informações sobre o seu desenvolvimento global, do modo a auxiliar o diagnóstico se houver outros distúrbios associados à deficiência auditiva. - Anamnese otológica. Antes de tomar uma atitude quanto ao processo de reabilitação de uma criança deficiente auditiva, é fundamental que ela seja detalhadamente examinada pelo médico especialista na área de otorrinolaringologia. Se o problema auditivo é causado por uma doença passível de tratamento clínico ou cirúrgico, a prótese auditiva não é indicada como primeira opção. - Avaliação audiológica completa. É preciso conhecer a capacidade auditiva da criança para estabelecer quais os modelos de prótese auditiva que devem ser testadas. Os testes realizados são: 16 • Audiometrial tonal – Para obter informações sobre o tipo, grau e configuração da perda auditiva. Em crianças pequenas podem ser feitos a audiometria de tronco cerebral (Bera), emissões otoacústicas e screening instrumental. • Imitanciometria. Realiza-se a timpanometria e a pesquisa do reflexo acústico. • Testes de percepção de fala. É preciso obter o índice de atenção para os sons de fala e, se a criança tiver um nível de linguagem oral desenvolvida, acrescentar testes para índices de discriminação, reconhecimento e compreensão dos sons da fala, nos quais devem ser feitos no nível mais confortável para o paciente. Não apenas os dados quantitativos devem ser observados, mas os tipos de erros cometidos e as estratégias utilizadas no processo de comunicação. • Limiar de desconforto. Trata-se de um teste subjetivo que verifica o limiar de desconforto do paciente, quando um estímulo apresenta-se muito intenso, e o campo dinâmico de audição, que servirá de base para a seleção do aparelho de amplificação sonora individual. - Seleção das próteses auditivas. A escolha adequada da prótese auditiva é muito importante para a adaptação, minimizando o risco de selecionar um modelo que causa desconforto e irritabilidade na criança. - A avaliação na criança usando a prótese auditiva. Este procedimento torna-se imprescindível, pois a partir desta avaliação pode-se verificar se ha necessidade de alguma modificação nos aparelhos, quais as frequências 17 enfatizadas ou diminuídas e se a criança está sendo beneficiada com o uso do aparelho auditivo. - Monitoramento da prótese auditiva. Para o processo de reabilitação auditiva é essencial verificar se as próteses auditivas estão funcionado adequadamente. Reavaliar sistematicamente as próteses e o desempenho da criança que as utiliza, devem ser propósitos rotineiramente realizados. Na medida em a criança cresce e tem condições de melhorar seu padrão de resposta auditiva, é fundamental a modificação das características eletroacústicas previamente selecionadas. A criança usuária de prótese auditiva deve manter-se integrada ao processo de reavaliação para que se possa monitorar e detectar qualquer alteração, evitando que a criança manifeste uma rejeição aos instrumentos selecionados, além de construir um meio seguro e eficaz de controlar o benefício obtido a partir do uso da amplificação. Em crianças que ainda não desenvolveram a linguagem podem ser pesquisadas reações a sons de onomatopéias ou ruídos ambientais, estímulos considerados mais significativos e interessantes, e por isso, mais eficazes para provocar respostas, além dos exames complementares. O comportamento da criança deve ser observado durante o processo de avaliação audiológica ou de seleção e indicação da prótese auditiva, pois ajuda nas dúvidas sobre a presença de outros comprometimentos, tais como: alterações do processamento auditivo central, distúrbios comportamentais, dificuldades de 18 aprendizagem e/ou de compreensão de linguagem, que não são compatíveis com o grau da perda auditiva apresentado pela criança. A seleção dos procedimentos e das técnicas de avaliação audiológica deve ser empregada cuidadosamente, pois nem sempre a criança que está sob avaliação apresenta maturidade mental, física e psicológica; por esta razão a ausência de respostas abertas ao estímulo sonoro nem sempre é um indicativo de perda auditiva. Muitas vezes, a criança responde indiretamente ao estímulo sonoro. (Momensohn, 1994) Para o processo de análise diferencial do comportamento da criança é preciso conhecer a sistomatologia comportamental dos diversos distúrbios auditivos encontrados em crianças. É de suma importância a observação das características comportamentais e uma avaliação qualitativa desses sintomas. As crianças que apresentam deficiência auditiva relacionada a distúrbios comportamentais possuem os seguintes sintomas: - Crianças com deficiência auditiva periférica - apresentam privação em um dos sentidos básicos para o estabelecimento de contato com o mundo e o ambiente que as rodeiam. Por essa dificuldade em ouvir, não há desenvolvimento da linguagem oral, mas utilizam sua voz de forma projetiva para chamar a atenção dos outros sobre si. - Crianças com lesões neurológicas centrais. Há uma variedade de graus em que estas lesões podem se manifestar. Podem apresentar inabilidade para interpretar os símbolos da linguagem verbal. As crianças ignoram os sons da 19 fala e demais estímulos acústicos e sua vocalizações apresentam qualidade tonal idêntica à da criança normal. - Crianças com distúrbios emocionais. As crianças com distúrbios emocionais não apresentam resposta ao mundo sonoro, pois para elas não é agradável e nem desperta boas sensações. Suas respostas aos estímulos sonoros são indiretas e, geralmente, para estímulos de poucas intensidade. Podem apresentar alguma reação mesmo à uma pequena intensidade. Rejeitam todos os estímulos sensoriais. - Crianças com deficiência mental. Apresentam um padrão de comportamento atrasado. Suas respostas ao estímulo sonoro são adequadas desde que o estímulo apresentado seja selecionado corretamente e bem administrado. Suas reações são compatíveis com seu nível mental, mas alteradas quando comparadas à sua idade cronológica. As respostas para sons concretos e com significado são geralmente melhores do que para tons puros. O diagnóstico diferencial precoce é muito importante para que se possa estabelecer corretamente o trabalho de reabilitação e/ou habilitação auditiva e uma terapia adequada ao tipo de deficiência auditiva que a criança apresente. A pesquisa das respostas auditivas da criança deve ser baseadas em informações preliminares, entrevista inicial com os pais (anamnese) e do estabelecimento de um contanto com a própria criança. Dados relativos ao uso da linguagem, da comunicação e dos recursos que a criança usa para se comunicar, são extremamente importantes na seleção da técnica e no material que serão utilizados na avaliação audiológica, bem como na seleção da prótese auditiva. 20 Desta forma, é importante que a criança tenha sua audição avaliada através de vários procedimentos, já que cada um deles possui um objetivo distinto e fornece informações sobre diferentes níveis do sistema auditivo. Logo após o diagnóstico da deficiência auditiva, deve haver a indicação do aparelho auditivo para a criança e o início do trabalho de adaptação ao aparelho, já que a adaptação pode ser decisiva para o aparelho auditivo ser aceito pelo deficiente auditivo. O trabalho com a criança, para ter bom resultado, precisa ser realizado num clima de confiança mútua, de aceitação e de amizade, e em um ambiente de cordialidade onde o paciente se sinta relaxado e disposto a colaborar, pois só desta forma se pode observar as reações e as atitudes que ele venha permitir que se manifestem. Qualquer perda auditiva significante interfere e prejudica o desenvolvimento intelectual, acadêmico e social da criança e desta forma, todas estas crianças são candidatas ao uso da emplificação. Ao adaptar o aparelho de amplificação sonora na criança, é importante mostrar-lhe que o objeto fará parte do seu esquema corporal, e que só deverá tirá-lo para tomar banho ou dormir. É fundamental que a criança saiba que o aparelho auditivo lhe será útil e agradável. Antes da protetização, a criança deve passar por um período de experiência onde ela possa utilizar o aparelho nas condições ambientais e de comunicação habituais. Essa experiência deve ser acompanhada, de perto, por um 21 profissional pois, provavelmente, serão necessários ajustes porque pequenos problemas e dificuldades poderão provocar a irritabilidade e desistência da criança. Há pais que questionam quanto tempo, por dia, devem deixar as crianças com o aparelho auditivo na fase de adaptação. O tempo ideal é o tempo máximo que a criança suportar seu uso. Se ela tirar, deve-se respeitar sua vontade por algum tempo e tentar colocá-lo novamente. E assim sucessivamente, até ela entender que deve estar sempre com o aparelho de amplificação sonora. As crianças acabam percebendo que estar usando o aparelho auditivo é melhor do que não usá-lo, e acabam usando-o durante todo o dia. Certamente, se trouxer benefício, elas acabam por usá-lo constantemente por se sentirem mais seguras com ele. O aparelho auditivo ao ser colocado deve emitir sons agradáveis, melodiosos, jamais ruídos intensos. O ouvir deve ser algo prazeroso e motivador. Qualquer reação de percepção ao som que a criança tenha, deve-se incentivá-la mais, mostrando-lhe o quanto é bom. É necessário mostrar-lhe de onde vem os sons, para que ela comece a perceber que são significativos. O fato de não saber de onde eles vêm pode causar insegurança e medo. É muito importante fazer a associação com a fonte sonora; deve-se trabalhar a significação do som, deixar as crianças expostas aos sons ambientais, em contextos situacionais e significativos para elas é fundamental. Todos os recursos empregados na reabilitação baseiam-se no princípio de que a criança deverá ser capaz de monitorar sua fala em desenvolvimento, ou seja, empenhar para que ela aprenda a ouvir, e que faça uso 22 adequado de seu resíduo auditivo, preste atenção aos sons e saiba os significados que transmitem. Esse trabalho será baseado em uma ampla bibliografia sobre o tema. A partir dessas pesquisas irei observar como se processa o desenvolvimento da linguagem da criança deficiente e como se dá a comunicação com o tipo de método e estratégias utilizados. Essa pesquisa visa mostrar a importância da linguagem no meio da comunicação, as características comunicativas das criança que apresentam deficiência auditiva não importando o grau e o quanto uma falta de estimulação poderá atrasar e prejudicar o desenvolvimento lingüístico. É importante salientar que a época de intervenção e a idade são fatores dominantes na evolução. Quanto mais cedo forem detectados os problemas auditivos, maiores serão as chances de recuperação. Outro fator importante da detecção precoce é a possibilidade de atuar de maneira preventiva sobre os problemas secundários à deficiência auditiva antes de remediá-los. Sem essa intervenção, as conseqüências da deficiência auditiva na criança serão sérias e extensas. É necessário estar sempre atento ao desenvolvimento global da criança e prestar atenção a todas as implicações da deficiência auditiva no seu desenvolvimento. Não convém ser rígido durante um programa terapêutico ou educacional. É preciso respeitar a criança, seu momento e principalmente seu limite, pois, cada uma tem seu próprio modo de reagir às situações que lhe são impostas. 23 Considero necessário não apenas o trabalho do terapeuta, mas o dos pais pois nada adiantará se não houver um apoio e uma compreensão da família. É fundamental que percebam que a criança necessita de apoio e segurança para que possa crescer como uma pessoa igual as outras, pois se há resistência por parte dos pais, a criança cada vez mais sentirá dificuldades em conviver em um ambiente social, seja em casa ou até mesmo na escola. Outro aspecto que dificulta o processo evolutivo da criança é a super proteção, que causa insegurança consigo mesma, tornando-a um adulto dependente. Assim é preciso que os pais mantenham o controle da situação, decidindo o que é, e o que não é preocupação normal com a deficiência auditiva. Acredito que o domínio da linguagem pela criança é extremamente dependente da qualidade das situações de interação com os outros, ambientes desfavoráveis que não proporcionam um estímulo e uma boa relação, podem afetar a aquisição, embora os demais aspectos possam estar menos prejudicados. A orientação aos pais logo após o diagnóstico da deficiência auditiva na criança é necessário, pois auxilia-os a controlar a ansiedade em relação ao modo de agir e de aceitar o problema da criança. Através da informação e de um programa de treinamento, os pais podem participar significativamente na habilitação da criança. Segundo Bevilacqua (1987), a capacidade de ajudar a criança está relacionada à disponibilidade dos pais em desenvolverem um trabalho junto ao filho portador de deficiência auditiva, baseando-se nos seguintes aspectos. - Utilizar a visão associando-se à audição. 24 - Uso da visão para suplementar a audição em situações do cotidiano como refeições, vestir, etc. - Apresentar para a criança diversos tipos de sons do seu cotidiano, tornando-os significativos para ela. - Dirigir a atenção da criança para o rosto do falante. - Propiciar à criança uma comunicação agradável para que possam perceber que esta facilita as brincadeiras cooperativas. - Orientar quanto ao uso do aparelho de amplificação sonora individual. - Estimular a criança que use a própria voz, que é o princípio do desenvolvimento da fala. - Encorajar a criança a compreender fala e linguagem, fazendo com que lhe sejam apresentados modelos claros de palavras. - Ajudar no desenvolvimento de hábitos sociais. O auxílio e o empenho da família é a chave do sucesso de um bom desenvolvimento e melhor prognóstico esta criança terá. O incentivo em colocar a criança desde cedo numa escola facilitará o entrosamento com outras crianças, diminuindo as chances de um futuro isolamento. (Ferreira, 1997) É preciso sentir o quanto é necessária a disponibilidade da escola e principalmente, do professor para receber a criança deficiente auditiva, trabalhar de forma adequada ao seu problema, procurando proporcionar seu desenvolvimento. 25 O momento ideal em que a criança deve ser encaminhada à escola é uma decisão dos pais e do terapeuta. Para esse escolha é preciso considerar alguns fatores como: idade, desenvolvimento social e cognitivo da criança, desenvolvimento da linguagem proposta metodológica da escola, número de alunos por sala de aula, conteúdo escolar. A abordagem aural-oral tem como objetivo inserir as crianças em escolas regulares, pois independente do tipo e do grau da perda auditiva, muitas crianças têm condições de acompanhar o ensino regular. Desta forma, o professor deverá criar condições favoráveis para o desenvolvimento desses alunos. (Müler, 1997) Para ter sucesso na educação, a escola deverá proporcionar estratégias que auxiliem no aprendizado do deficiente auditivo. As orientações podem ser fornecidas pelo terapeuta diretamente ao professor que irá colocá-las em prática quando estiver com a criança deficiente auditiva ou com alterações auditivas. As orientações básicas são as seguintes: - Conhecer o que é deficiência auditiva e qual o seu grau; - O que representa para seu desenvolvimento de linguagem e aprendizado; - Conhecer a proposta da abordagem aural-oral; - Orientar sobre as estratégias terapêuticas como: atenção, voz, expressões verbais e comportamentais. - pedir que a criança seja colocada próximo do lugar onde o professor permanece a maior parte do tempo; 26 - Não deixar que a criança sente diante da janela, pois ela pode precisar de apoio visual, ou mesmo recorrer à leitura orofacial para melhor entender a situação; - A iluminação deve ser favorável à criança; - Não posicionar a criança junto da parede, devido a reverberação; - Não colocá-la junto à portas e janelas, devido ao ruído externo; - Procurar atenuar os ruídos, propondo carpete ou piso de borracha, cortinas nas janelas; - Se a criança não compreendeu, solicitar que o professor repita as ordens individualmente; - Pedir ao professor que fale de frente e próximo da criança; - Não exigir da criança, atividades que ela não possa executar, como ditado de palavras isoladas; - As crianças deverão utilizar o sistema de frequência modulado (FM). O uso frequente o aparelho de amplificação auditiva individual e a terapia fonoaudiológica são meios eficazes de aceleração do processo de aquisição e desenvolvimento de linguagem. As escolas e os professores bem trinados e dispostos a receber uma criança com deficiência auditiva ajudam não apenas no aprendizado, mas no desenvolvimento da atitude comunicativa. A criança se torna mais receptiva e disposta a relacionar-se com os colegas e com a família. Ela se torna mais atenta e interessada nos programas propostos. 27 É comum o deficiente auditivo apresentar maior dificuldade na leitura e escrita, por isso, a necessidade de um trabalho mais direcionado a essas crianças. (Rabelo, 1982) O surdo apresenta boa ortografia, decorrente do refinamento da sua capacidade visual. Contudo, há uma grande dificuldade nas questões de acentuação por esta depender, em grande parte do domínio da tonicidade de palavras faladas. Portanto, é preciso identificar os maiores problemas e dificuldades para desenvolver um trabalho que ajude a criança à melhorar sua escrita. A criança quando está adiantada na alfabetização e sua linguagem oral já está estruturada é preciso aprimorar o modo como ela fala. Fazer um trabalho articulatório associado à audição para melhorar a sua fala. Para isso, utilizar pistas auditivas, visuais e tátil-cinestésicas. Visando a busca da comunicação é importante lembrar que, nem sempre, os deficientes conseguem apresentar um bom nível de comunicação pois muitos elementos não são captados. Acredito que em resposta a essa preocupação, a aplicação de aparelhos auditivos, melhore a capacidade perceptível das crianças com dificuldade auditiva. Diversos autores já estudaram o desenvolvimento da linguagem, no entanto Teresa Momensohn e Maria Cecília Bevilacqua detiveram-se mais nos traços característicos da deficiência auditiva. Neste estudo, me concentrarei basicamente nessas autoras. 28 Para começar essa discussão, citarei a seleção das próteses auditivas enfocando as principais características da adaptação. A seleção das próteses auditivas deve-se basear na informação audiológica existente, nas especificações técnicas e características eletro-acústicas dos aparelhos fornecidos pelos fabricantes. Esses aparelhos serão experimentados na criança e posteriormente avaliados. A determinação das características eletroacústicas mais próximas da necessidade da criança deficiente auditiva, fará com que esta receba o máximo de informações acústicas permitidas por seus resíduos auditivos. Portanto, na seleção dos modelos de aparelhos, eles deverão ser avaliados rigorosamente, considerando-se os critérios anatômicos e funcionais da orelha de uma criança. Há diversos tipos de aparelhos auditivos, entre eles: - Convencionais - são recomendados apenas para perdas auditivas de grau profundo ou para usuários que, devido à inabilidade motora, não possuem condições de manipular controles de aparelhos auditivos menores. Este tipo de aparelho auditivo tem o microfone, o circuito amplificador e os demais componentes localizados em uma caixa, a qual é presa na roupa do usuário. Esta caixa é conectada através de um fio a um receptor externo, o qual é acoplado à orelha através de um molde auricular do tipo direto. Em função de seu tamanho este tipo de próteses auditivas têm sido pouco utilizadas. - Retroauriculares - estes aparelhos são adaptados para qualquer tipo, grau e configuração audiométrica. Há os modelos mini-retroauriculares, que podem ser indicados para perdas leves, moderadas e, até mesmos, severas e profundas. 29 Estes aparelhos auditivos têm todos os seus componentes localizados em uma pequena caixa que se adapta atrás do pavilhão auricular. Há vários tamanhos e normalmente possuem espaço suficiente para acomodar vários controles, tanto externos quanto internos. - Embutidos em haste dos óculos - os componentes eletrônicos são instalados na haste dos óculos. Este aparelho não tem aceitação esteticamente, além de não ser conveniente reunir suas deficiências, auditiva e visual, num mesmo equipamento. - Intra-auriculares - ocupam a concha e a parte do conduto auditivo externo, atingem até perdas severas. Estes aparelhos podem ser personalizados, onde são montados numa concha confeccionada a partir da impressão do pavilhão da orelha e do conduto auditivo externo ou modulares, montados com o formato fixo que se adapta à orelha do paciente através de acoplamento com o molde. - Intracanais - são adaptações ao conduto auditivo externo. Podem ser usados para perdas auditivas de grau leve, moderado e severo, contudo, não devem ser indicadas para: ◊ Casos de sequelas de otite média crônica com presença de secreção; ◊ Condutos auditivos muito estreitos, que não possibilitam a montagem do circuito dentro do molde; ◊ Perdas profundas. 30 - Microcanais - encontram-se totalmente dentro do canal auditivo externo, sendo removidos com o auxílio de um pequeno fio de nylon preso à placa do aparelho. Estes aparelhos podem ser indicados para perdas auditivas de grau leve e moderado, com configuração plana ou rampa em ski, e/ou com queixas constantes relativas à oclusão. São contra-indicados para perdas severas e profundas, problemas de secreção e/ou otorréia e dificuldades motoras que dificultem o seu manuseio. As próteses auditivas são divididas em dois grupos conforme a transmissão do som amplificado se dê por condução aérea ou condução óssea. Até o estágio de transdução de saída, quando um sinal amplificado é convertido respectivamente em sinal sonoro ou vibração, as conduções são semelhantes. As próteses auditivas de condução aérea levam o som amplificado através do receptor, liberando-o no meato acústico externo. Por esta função, elas precisam de um sistema de acoplamento entre o receptor e a orelha, normalmente representado pelo molde auricular. As próteses auditivas de condução óssea utilizam o mecanismo de audição por via óssea para fornecer o som amplificado ao portador de deficiência auditiva. O sinal elétrico amplificado e transformado em vibração mecânica e transmitido através de um vibrador ao invés de um receptor, aplicado em alguma parto do crânio, normalmente à mastóide. Este tipo de prótese auditiva é pouco utilizada, sendo praticamente restrito a casos com impossibilidades de adaptação por via aérea como, por exemplo, na atresia do meato acústico externo, na ausência do pavilhão auricular, 31 ou na impossibilidade de oclusão do meato acústico externo na presença de problemas crônicos de orelha média. As próteses retroauriculares são as mais frequentemente indicadas para crianças. Esse tipo de prótese atende às necessidades auditivas de crianças até mesmo com perdas profundas. São favoráveis esteticamente, menos visíveis e menores, e acusticamente, pois evitam o ruído do atrito de roupas e permitem que a criança receba o som do nível lateral da cabeça e não de frente. Ao selecionar os aparelhos é recomendado escolher os que tenham maior versatilidade, ou seja, aqueles que possuam maior número de controles internos, que permitam a alteração das características de amplificação, quando necessário. Os principais parâmetros eletroacústicos da prótese auditiva são: - Ganho - quantidade de amplificação fornecida pela prótese auditiva. É a diferença em dicibéis entre os limiares com e sem aparelho, quando ambos são obtidos dentro das mesmas condições de testagem. É um método subjetivo que precisa da colaboração do paciente. O ganho não é uniforme, pois varia a frequência a frequência. A variação do controle de volume teoricamente sempre afeta o ganho, enquanto que os demais controles podem ou não afetá-los. (Almeida, 1997) Na adaptação da prótese auditiva o ganho está relacionado com o grau da perda auditiva. Geralmente, quanto maior a perda auditiva, maior o ganho necessário. 32 Há dois tipos de ganho acústico: o ganho funcional, que é diferença entre os limiares de audibilidade em campo com e sem prótese auditiva, refletindo o que o paciente escuta e ganho de inserção, que é a medida da diferença entre o nível de pressão sonora em um ponto da orelha com a prótese e o nível de pressão sonora neste mesmo ponto sem a prótese. - Saída Máxima - é o maior nível de pressão sonora que o aparelho é capaz de produzir, independente do ganho ou do sinal de entrada. Relaciona-se com o nível de desconforto apresentado pelo usuário da prótese. Para não ocorrer o desconforto, ela deve ser estabelecida sempre em um valor inferior a este nível, e deve permitir um sinal claro e audível. As crianças possuem meatos acústicos externos pequenos e, teoricamente, quanto menor a cavidade, maior a pressão sonora existente. - Resposta de frequência - é a faixa de frequência que o aparelho efetivamente amplifica. Em função da resposta de frequência, as relações de intensidade entre as frequências que compõe um sinal sonoro podem estar alteradas. Assim, de acordo com a resposta de frequências da prótese auditiva, os sons podem receber uma ênfase nas altas ou baixas frequências. Conforme as frequências com maiores perdas, estas necessitarão de um maior ganho. - Distorção. É a falha do sistema de amplificação em transmitir ou reproduzir a onda sonora recebida com exatidão. Refere-se a um componente do sinal presente na sua saída, que não havia na entrada; é uma alteração do sinal acústico que entra na prótese auditiva. 33 As distorções podem interferir na qualidade sonora da prótese auditiva, porém podem ou não afetar na inteligibilidade. Considerando essas características eletroacústicas, é possível fazer a seleção do aparelho auditivo mais adequado a cada caso. Para um bom funcionamento do aparelho de amplificação auditiva é preciso tomar certos cuidados especiais. Não apenas as crianças devem tomar precauções, mas cabe também aos pais esses cuidados como: - Observar se o aparelho auditivo apresenta controle de ligar e desligar junto ao compartimento de bateria; - Manipular o aparelho sobre uma superfície macia; a queda ou batida em superfície dura pode danificá-lo. - Evitar água, perfume, spray de cabelo, talco e areia pois danificam o aparelho; - Colocá-los durante a noite, dentro de recipientes próprios, com produtos que eliminam a umidade; - Limpá-los regularmente com pano seco; - Limpar a cera que pode se acumular no receptor ou na abertura de ventilação com a escova própria que acompanha o aparelho; - Se o aparelho apresentar defeito, encaminhá-lo à firma especializada; Antes de colocar o aparelho auditivo, deve-se verificar se o funcionamento está adequado, se os controles estão ajustados corretamente e se há carga nas baterias. 34 O controle das baterias deve ser feito da seguinte forma: - Se o som estiver baixo, trocar as pilhas; porém não esperar este ponto, pois prejudica a amplificação necessária à criança; - Utilizar o medidor de bateria para testá-lo; - Ao desligar o aparelho auditivo, abrir o compartimento de bateria; - Sempre ter em mãos baterias novas; - Trocar a bateria sobre um superfície macia; - Ao colocar a bateria no aparelho auditivo, o sinal positivo deve coincidir com o mesmo sinal do compartimento. Há controles disponíveis nos aparelhos auditivos que são os controles externos e os que podem ser encontrados no amplificador do aparelho. Na maioria dos controles externos são encontrados a chave liga e desliga e a chave M-T-O (Microfone, bobina de indução e desligado). Os controles que podem ser encontrados no amplificador do aparelho auditivo são: - Controle de volume. Permite graduar o ganho de audição de acordo com cada situação. - Controles de tonalidades. São redes de filtros que permitem manipular a faixa de frequência de um aparelho. - Controle de feedback. Este controle acionado reduz a amplificação das altas frequências, deslocando-se para frequências mais graves. - Controle de ganho. Faz a redução do aparelho como um todo. 35 - Processador automático de sinal. Atua como um controle de tonalidade que enfatiza os sons agudos quando o nível de entrada excede um valor predeterminado. - Sistemas limitadores. São controles internos que geram uma redução do ganho do aparelho auditivo ou limitação da saída quando os níveis de som alcançaram um determinado valor. Dividem-se em grupos que atuam de forma instantânea, limitando a saída máxima do aparelho e os que regulam o ganho dependendo do sinal de entrada. No aparelho auditivo o processamento do sinal é importante por ajudar a melhorar a informação. Pode ser: 1 - Analógico - São aqueles produzidos ao longo dos anos, que utilizam a eletrônica convencional para converter onda sonora captada pelo microfone em um sinal análogo. O sinal elétrico é amplificado e filtrado, sendo reconvertido pelo receptor em onda sonora. As vantagens da utilização convencional analógica são o baixo custo, tamanho pequeno dos componentes, a familiaridade com a tecnologia e o baixo consumo de energia., contudo, há limitações quanto o seu uso, como: menor versatibilidade dos circuitos, tornando a adaptação individual mais difícil e restrições quanto ao processamento do sinal. 2 - Próteses auditivas digitais - Consiste não apenas de circuitos eletrônicos e transdutores, mas também de uma programação para controlar tais circuitos. O processamento do sinal sonoro e o controle deste processamento são feitos por meios digitais. 36 Um aparelho digital possui um conversor analógico/digital, o qual converte o sinal de fala em dígitos para que possam ser processados. 3 - Próteses auditivas analógicas/digital - É um aparelho analógico que possui um ou mais componentes digitais. Esta combinação utiliza o melhor do circuito analógico e o aprimora, incorporando os benefícios da eletrônica digital. Nesse caso, o sinal sonoro não é convertido em dígitos, pois no aparelho existe um ship que controla ou alerta o modo como o som será amplificado. Em função de suas características e versatibilidade, qualquer portador de uma perda de audição de grau leve a severo pode se beneficiar do uso de um aparelho digitalmente programável, mesmo aqueles com configurações audiométricas pouco comuns. Uma das primeiras fases do trabalho de seleção da prótese auditiva é a escolha do molde auricular a ser utilizado. Qualquer alteração no molde pode geral alterações nos parâmetros eletroacústicos da prótese ao qual está acoplada; é importante avaliar a prótese com o molde com o qual será utilizado. Na primeira sessão de atendimento, deve ser feita a moldagem das orelhas da criança, depois de prontas, inicia-se o teste das próteses selecionadas. Antes de iniciar a moldagem é preciso fazer uma inspeção visual do meato acústico. Esta inspeção verifica o tamanho da impressão a ser realizada; o comprimento, a direção e o diâmetro do meato acústico externo, a forma e os contornos do pavilhão auricular e do meato acústico externo e, finalmente a 37 presença de qualquer problema que possa impedir ou dificultar a realização da impressão. A técnica mais utilizada para realização da impressão é introduzir o material no meato acústico externo com a ajuda de uma seringa. Antes de realizar é necessário colocar um tampão de algodão no meato acústico externo. O material deve ser deixado na orelha de 5 a 10 minutos até o seu completo enrijecimento. Durante o processo de moldagem a criança pode apresentar dificuldades em cooperar, apresentado reações de medo, de choro, hiperatividade, problemas comportamentais e psicológicos. Deve-se contar com a ajuda dos pais e procurar ante do procedimento, interagir com a criança. Um molde bem feito, adequado às necessidades auditivas da criança é um fator importante para uma adaptação bem sucedida da amplificação. As principais funções do molde são: - Fazer a fixação do aparelho ou do receptor à orelha do paciente; - Levar o som amplificado pelo aparelho para o conduto auditivo externo; - Mudar acusticamente o sinal produzido pelo aparelho; - Evitar a ocorrência do feedback o promover o maior aproveitamento da amplificação. Há casos, todavia, em que a criança tem uma reação negativa ao uso da prótese auditiva. Essa rejeição pode estar relacionada a problemas no molde, tais como: reações alérgicas ao material, desconforto, moldes justos ou folgados. 38 É muito importante a qualidade do material com o qual o molde deve ser confeccionado. É preciso ser resistente e fiel às suas características acústicas. A vida de uma criança é bastante ativa, por esta razão, o molde deve ser durável, confortável para ser usado por longo período de tempo, e não oferecer qualquer risco para a orelha. Há vários tipos de moldes, entre eles: - direito: utilizado para o aparelho auditivo convencional; - invisível: utilizado para aparelhos auriculares ou haste de óculos. Podem ser simples, duplo, concha, passarinho ou só canal; - concha: para aparelho intracanal; - tampão ou vedação: impede a entrada de água e variação de pressão na membrana timpânica, utilizado para casos crônicos de infecção, perfuração de membrana timpânica e uso de microtubos. Os materiais utilizados na fabricação dos moldes podem ser de acrílico ou silicone. Os moldes feitos com acrílico podem ser do tipo: • Acrílico rígido - É o material mais utilizado por ser resistente e durável. Sua composição não porosa facilita o manuseio, aceitando quando necessário. Todos os tipos de modificações, sejam estéticas ou acústicas. • Acrílico flexível - É um material mais macio, porém pouco durável. O molde é refeito à cada 3 ou 4 meses, visto que pode tornar-se rígido, apresentar alteração de cor ou deformar quando submetidos às altas temperaturas. 39 O silicone é um tipo de borracha flexível e resistente. Os inconvenientes problemas deste material estão relacionados à colocação e fixação do tubo plástico e da arruela, além de não aceitar todos os tipos de modificações, especialmente as acústicas. A escolha do material a ser usado depende de fatores como: a textura da cartilagem do pavilhão auricular, o tipo e a potência do aparelho selecionado; a idade do paciente; a ocorrência de reações alérgicas; a necessidade de modificações acústicas no molde; a durabilidade e a resistência do material e, a preferência do usuário. Os moldes flexíveis são os mais indicados para a criança, pois eles aderem mais facilmente à pele da orelha, fornecendo melhor redação, evitando a ocorrência de microfonia. São mais confortáveis para serem usados por períodos longos e oferecem menor risco de ferimentos em caso de queda e traumatismo, comuns na infância. (Iorio, 1996) Nos moldes podem ocorrer modificações acústicas que acarretam nas respostas dos sons amplificados pelo aparelho. As modificações mais utilizadas são: 1 - Ventilação. Abertura de um canal no molde, que vai estabelecer uma ligação entre o meio ambiente e a cavidade na frente da membrana timpânica. Ela controla a resposta de baixas freqüências. A ventilação pode ser indicada para: - Audição normal ou para perdas leves nas frequências graves e com queda gradativa nas frequências médias e agudas; - Para manter o ouvido arejado por problemas de secreção; 40 - Se houver sensação de eco ou ressonância da própria voz; - Sensação de ouvido tampado. O tamanho da ventilação depende da necessidade do paciente e da possibilidade quanto ao ganho e características do aparelho. (Carvalho, 1997). A ventilação mais utilizada é a paralela, que promove a redução efetiva das baixas frequências. 2 - Molde aberto. Quando há necessidade de filtragem dos sons graves. Consiste na diminuição do diâmetro e do comprimento do conduto do molde. Inevitalvelmente ocorre redução de parte do ganho acústico. 3 - No-mold. Em casos que não há necessidade do sons graves consiste em um tubo plástico colocado livremente no canal auditivo, em conexão sonora direta com o aparelho. São usados quando o molde ventilado e do aberto não são eficazes. 4 - Efeito corneta. É usado nos casos em que se deve dar ênfase a altas freqüências. É preciso observar se existe problemas associados ao molde como: - Problema de Feedback acústico. É um apito de alta freqüência, gerado pelo escape do som amplificado da área compreendida entre a abertura do molde e a membrana timpânica, através do conduto auditivo externo. Ocasiona uma distorção nos sons acústicos. Para melhorar o desconforto faz a redução da intensidade do som através do controle de volume, gerando uma amplificação não adequada. Pode ocorrer devido a: • Molde pequeno; 41 • Ouvido bloqueado com cera; • Colocação inadequada; • Vazamento de ar na ligação entre receptor e molde. - Sensação que o aparelho não está funcionando. Ocorre por presença de água no tubo plástico. Pode ser por mudanças bruscas de temperatura, cera no molde ou torção do tubo plástico. - Molde mal colocado. Provoca a sensação de que o aparelho está fraco e destorcido ou causar feedback. - Problemas alérgicos. Deve ser solucionado com a utilização de moldes de silicone. Em função do crescimento das crianças, os moldes se tornam pequenos e, portanto, devem ser refeitos periodicamente. É importante que o molde esteja perfeitamente ajustado à orelha para evitar a presença de feedback. Recomendam-se alguns cuidados com os moldes, tais como: - lavá-los diariamente para não acumular cera ou gotas de suor; - lavá-los com água morna, sabão neutro e escova macia; - secar bem, pois a presença de umidade é prejudicial ao aparelho; - secar com ventilador ou secador de cabelos, no frio para não enrijecer o tubo plástico. Cabe aos pais, esses cuidados, e também o conhecimento da manipulação do aparelho. A prótese auditiva só será eficiente para o usuário se estiver funcionando adequadamente, daí a necessidade de cuidados especiais. 42 Para adaptar o aparelho de amplificação sonora é necessário observar os seguintes aspectos: - Se o molde está machucando; - Se há tentativa de tirar o aparelho auditivo; - Se há relação de desconforto e a quais tipos de sons; - Irritabilidadde; - Quanto ao tempo a criança permanece com o aparelho auditivo; - Reação a sons ambientais e verbais; - Ocorrência de vocalização ao uso de aparelhos auditivos. No princípio, deve-se usar o aparelho auditivo em volume diminuído, aumentando gradualmente, tornando possível seu maior aproveitamento. O aparelho auditivo precisa ser usado regularmente e com total ordem de funcionamento para evitar informações interrompidas. A amplificação auditiva na criança deve ser binaural sempre que possível, pois o objetivo é aproveitar, ao máximo, o seu potencial auditivo. A amplificação monoaural ocorre quando existe contra indicação específica para o uso binaural da prótese auditiva, no caso criança com anacusia em uma das orelhas. O propósito de usar amplificação binaural é criar para a criança, um ambiente acústico que seja uma reprodução do ambiente original, de modo que esta possa usufruir todas as vantagens das diferenças inateraurais de intensidade, tempo e espectro do estímulo sonoro. 43 Após adaptação da prótese auditiva na criança é preciso avaliar seu desempenho, levando em consideração os seguintes aspectos: a pré-seleção das próteses auditivas a serem testadas; a determinação das características eletroacústicas das próteses selecionadas; os ajustes eletrônicos e acústicos necessários; a confecção e a modificação do molde. Dentro do processo de adaptação da prótese auditiva, é importante a reabilitação da criança surda, incorporando-a em atividades de treinamento visual às experiências de audição e linguagem. (Jakubovicz, 1997) Para trabalhar com o deficiente auditivo é preciso ter uma conduta que favoreça e auxilie o seu desenvolvimento, não apenas o terapeuta, mas os pais, familiares e professores. É essencial se ater às necessidades gerais da criança evitando enfatizar sua deficiência auditiva, portanto, habilidade e sensibilidade são fundamentais para atender situações da vida diária. Para uma habilitação simples e eficiente, é necessário minimizar a deficiência auditiva, adaptando o aparelho auditivo, tornando-se mais fácil a incorporação do som e audição ao desenvolvimento da criança. Desta forma, o trabalho terapêutico ajuda o deficiente a construir e desenvolver a linguagem oral, de maneira mais eficiente. (Góes, 1996). Para planejar um processo terapêutico deve-se observar as respostas que a criança apresenta no decorrer do trabalho, atendendo todas as suas necessidades, não exigindo nada além de sua capacidade para evitar que haja frustrações. Deve-se respeitar a capacidade e o ritmo da criança. 44 Os objetivos a serem alcançados com a utilização da prótese auditiva, são as habilidades auditivas que envolve a detecção, discriminação, reconhecimento e compreensão. A detecção é fundamental para que a criança desenvolva gradativamente as outras habilidades e perceba os sons da fala. Essa percepção poderá ocorrer de diversas formas, como: piscar, assustar-se, ficar excitada, girar a cabeça procurando a fonte sonora, qualquer tipo de reação é importante. Esse trabalho é possível através da detecção, determinar se há um bom funcionamento do parelho de amplificação; preparar a criança para outros níveis da habilidade auditiva e ajudar a criança a aprender a se descobrir. Na discriminação auditiva espera-se da criança uma capacidade de perceber diferenças e semelhanças entre os estímulos sonoros. Para isso, a criança precisa ter uma audição remediada. Esse trabalho poderá ser feito utilizando vogais, traços distintivos de consoantes, palavras, frases e curvas melódicas. Neste momento é preciso que a criança apenas indique se o que ouviu foi igual ou diferente. No reconhecimento auditivo, a criança para distinguir o som precisará abstrair, diante de inúmeras características, aquelas que são consistentes e informativas, entretanto, essa abstração ocorrerá se for exposta a exemplos variados de sons significativos, associados a experiências motoras, visuais e táteis. A compreensão auditiva só é adquirida quando a criança atende o significado da linguagem no discurso oral. Para se chegar a compreensão é preciso 45 utilizar as habilidades auditivas e associá-los a elementos da situação e do contexto da mensagem. (Kozlowsk, 1997) Ao colocar a prótese auditiva a criança tornar-se mais confiante e mais preparada para se relacionarem com outras pessoas. No processo terapêutico é importante trabalhar com as crianças conceitos exigidos na alfabetização. Esse trabalho poderá ser feito através de jogos e brincadeiras. Devem ser trabalhadas noções de classificação, cores, formas, tamanho, quantidade, tempo, espaço e outros. Os conceitos muitas vezes são difíceis para a percepção da criança, por isso, é interessante a realização de atividades concretas, usando a criatividade e a imaginação. No início as instruções devem ser simples e dentro de um contexto. Várias atividades podem, então, ser realizadas, tais como: - Jogar uma bola para cima e para baixo, fixando bem o conceito; - Colocar bonecos perto e longe da criança, para que faça sua localização; - Pedir para a criança colocar a boneca na cama; - Pedir para pegar o carrinho azul. Para instruções mais complexas podem ter até quatro elementos, como por exemplo: - Pegue a boneca da mesa e coloque em cima da cama. Depois coloque o carro na frente da cama. 46 O nível de dificuldade vai sendo aumentado de acordo com cada criança. O importante é nunca forçá-la a realizar atividades que não consiga, evitando assim uma irritação e até um desinteresse em participar dos trabalhos propostos. A medida que a criança adquire os conceitos básicos e se tornam mais maduras, deve-se introduzir também atividades de análise, síntese e análisesíntese auditiva, tais como: - Contar quantas sílabas tem os vocábulos; - Pedir para que pinte de vermelho a sílaba tônica de cada palavra; - Apresentar vocábulos com as sílabas em ordem inversa, para serem colocadas de forma adequada. Por exemplo: ne - la - pa = panela; - Apresentar as frases em ordem alterada e pedir para a criança emitila na ordem. Por exemplo: boneca, a grande é = a boneca é grande. - Pedir para a criança separar as figuras nas respectivas categorias. Por exemplo: as frutas, os animais. A reabilitação auditiva e a protetização é uma atividade importante na vida do deficiente auditivo, pois são a forma de garantir que a criança sempre esteja utilizando o seu resíduo auditivo. O atendimento ao deficiente auditivo pode ser feito de várias maneiras: atendimento individual, atendimento em grupo e atendimento individual e em grupo. O atendimento individual é um trabalho direcionado às necessidades específicas da criança, à orientação familiar e à orientação escolar. Esse 47 atendimento é fundamental para os primeiros anos de vida e para crianças com perdas auditivas severas e profundas. É muito importante a participação da família nesse trabalho, pois o desenvolvimento global da criança será melhor. O atendimento em grupo é um trabalho que tem como objetivo o desenvolvimento social e cognitivo e a aquisição de novos conhecimentos. Esse atendimento estimula a criança realizar atividades com outras pessoas tornando-as mais amadurecidas. Para realizar essa terapia é preciso planejar e organizar todo trabalho que será aplicado. O atendimento individual associado ao grupo é interessante, pois a criança é trabalhada separadamente suas necessidades e ao mesmo tempo participa de atividades com outras crianças. Portanto, é preciso avaliar cada caso, estando atento a cada criança, e fazer ajustes de acordo com interesse e a necessidade de cada uma delas. Nesta etapa, é importante também a orientação aos pais, pois suas expectativas em relação aos resultados e a rápida seleção do modelo ideal, é muito grande. Os pais devem ser participantes ativos deste processo, devem também aprender a observar e a relatar o que acontece com a criança, ao usar a prótese auditiva. O trabalho de adaptação não envolve apenas o terapeuta, mas os familiares e as pessoas que se relacionam com a criança deficiente auditiva. A adaptação do aparelho auditivo na criança, na realidade, deve começar com os pais. É preciso esclarecer e orientar aos pais sobre a perda auditiva do filho, seu audiograma, o grau de perda e como ela pode comprometer a aquisição de 48 linguagem. E, diante disso, o que representa o uso da prótese auditiva para a criança e quais os ganhos que ela terá, usando-o adequadamente. Devido ao impacto que o diagnóstico da deficiência auditiva acarreta aos pais e familiares da criança uma parte importante do programas envolve a orientação aos pais. Este programa tem o intuito de orientar os pais, auxiliando-os a aceitar o problema e motivá-los no trabalho que deverão desenvolver com seu filho, constando o seguinte. - Explicar como é o funcionamento do ouvido normal; - Explicar os tipos de deficiência auditiva; - Explicar o funcionamento do aparelho auditivo, cuidados especiais e a importância do seu uso; - Explicar o processo de aquisição de linguagem da criança ouvinte e o da criança portadora de deficiência auditiva; - Explicar os métodos de atuação e a forma de colocá-los em prática; - Solicitar dos pais a realização de um diário, onde constem todas as situações verbais e auditivas da criança; - Executar as tarefas propostas pelo audiologista, a serem desenvolvidas em casa pelos pais. Caso os pais apresentem problemas emocionais que lhes impeçam de atuar com seu filho, é recomendável o seu encaminhamento para terapia de apoio, com o auxílio de um psicólogo. 49 Enfim, é importante que os pais entendam e aceitem que o aparelho de amplificação sonora só trará benefícios. Havendo compreensão de que o aparelho auditivo é o ideal e necessário para que seus filhos desenvolvam habilidades acústicas e adquiram linguagem, certamente os pais irão se empenhar para adaptá-los. Espera-se que uma criança pequena utilize formas iniciais de comunicação, como por exemplo: apontar, expressar uma emoção, e vocalizar para chamar atenção. Quando essas habilidades simples não se desenvolvem, há motivo justificado para preocupações. O deficiente auditivo precisa adquirir a linguagem para atender e transmitir, não apenas as palavras, mas necessidades e sentimentos. 50 III - CONCLUSÕES Este estudo teve como preocupação básica, a adaptação do aparelho de amplificação sonora no desenvolvimento da linguagem da criança deficiente auditiva. Percebe-se grande importância da utilização do aparelho auditivo no processo de habilitação e reabilitação do deficiente auditivo. É fundamental a protetização, pois ajuda a criança na construção e no desenvolvimento de uma linguagem. Diante das dificuldades em desenvolver a comunicação no desenvolvimento auditivo, é preciso considerar que a adaptação da prótese auditiva o ajudará a captar a mensagem através da comunicação oral. A compreensão é a habilidade auditiva mais complicada, pois exige que a criança compreenda o significado da mensagem acústica usualmente pela referência do seu conhecimento de linguagem. Portanto, é escolher o tipo de prótese auditiva para atender as necessidades da criança deficiente auditiva. O fornecimento de experiências é importante para desenvolver as habilidades da linguagem auditivo oral. 51 Há divergências entre os autores em relação a prática do método de ensino da comunicação. Contudo, a questão da utilização do aparelho de amplificação sonora é bem aceita, pois realmente facilita e propicia o desenvolvimento da linguagem do deficiente auditivo. No entanto, em alguns aspectos todos os autores parecem concordar com a importância de diagnosticar e adaptar precocemente o aparelho auditivo e iniciar a terapia de reabilitação e habilitação auditiva. Uma intervenção e uma estimulação o mais cedo possível possibilita melhor o desenvolvimento global da criança. Diante de tantos problemas e dificuldades que a perda auditiva pode causar, o tratamento realizado tão logo feito o diagnóstico, facilita e acelera o processo de aquisição da linguagem. A participação, o apoio e o espaço da família tem demonstrado seu papel importante na educação e no desenvolvimento da criança. Se não houver estímulo e orientação dos pais torna-se difícil para o deficiente auditivo enfrentar e aceitar o uso do aparelho auditivo. É fundamental para o crescimento de qualquer criança a atenção e paciência dos pais em mostrar e explicar os diferentes conceitos. Através De um ambiente favorável a estimulação, a criança adquire afetividade e confiança. O papel da escola é atender e oferecer oportunidades de desenvolver a linguagem e dar acesso a conhecimentos sistematizados. É necessário haver qualidade no ensino, adequação e contribuição para o processo de aprendizagem da criança. 52 O fonoaudiólogo tem papel fundamental na reabilitação da criança deficiente auditiva, pois irá assegurar que todos os aspectos de audição sejam maximizados a fim de atingir suas capacidades vitais. O trabalho de protetização e estimulação é importante para a formação da criança, pois favorece a sua participação e interação junto a sociedade ouvinte. Além de ouvir e esclarecer as dúvidas dos pais, é necessário ensinálos a manipular a prótese auditiva, reconhecer defeitos, colocar os moldes, limpálos, impedir a ocorrência da retroalimentação, bem como criar condições nas quais possa haver o máximo aproveitamento auditivo da criança. As necessidades de comunicação da criança deficiente auditiva representam um desafio e uma obrigação para ajudá-lo a alcançar um destino significativo numa vida bem sucedida junto a sociedade. 53 IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, K. e IORO, M.C. Próteses Auditivas - Fundamentos Teóricos e Aplicações Clínicas. São Paulo: Lovise, 1996. AZEVEDO, M. F. Avaliação Audiológica no Primeiro Ano de Vida (In: Lopes Filhos. O Tratado de Fonoaudiologia). Roca, 1997. BEVILACQUA, M. C. A criança Deficiente Auditiva e a Escola. São Paulo: CLR Balieiro, 1987. 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