Robert V Harrison PhD DSc Robert (Bob) tem uma formação básica em ciências biológicas, com doutorado e PhD em neurociência auditiva, em universidades da Inglaterra. Ele tem colaborado com grupos de pesquisa na Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Japão e mais recentemente no Canadá e Estados Unidos. Atualmente ele está no Hospital para Crianças Doentes em Toronto, como um cientista sênior no Programa de Neurociência e Saúde Mental, e na Universidade de Toronto, como Professor e Diretor de Pesquisas no Departamento de Otorrinolaringologia – Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Bob tem empregado uma grande variedade de metodologias de investigação, incluindo eletrofisiologia, histologia, microscopia de elétrons, psicofísica do comportamento e várias técnicas de neuroimagem. Sua pesquisa inicial era sobre o sistema auditivo periférico, incluindo estudos dos efeitos dos danos das células ciliares da cóclea na transdução e codificação do som. Isto levou a estudos em vários modelos animais de perda auditiva neurossensorial, incluindo os efeitos de trauma acústico, hidrops endolinfático, e uma gama de medicamentos ototóxicos. Ele desenvolveu um modelo animal útil para a neuropatia auditiva com base nas lesões das células ciliadas do ouvido interno provenientes de drogas ototóxicas ou hipóxia crônica. Mais recentemente, Bob vem explorando o desenvolvimento funcional e anatômico das vias auditivas centrais, com um interesse particular na plasticidade do córtex auditivo e mesencéfalo. Isto tem levado a algumas idéias úteis sobre a plasticidade relacionada à idade que tenham relevância para questões clínicas relacionadas ao desenvolvimento do sistema auditivo em indivíduos com implante coclear. Além de suas pesquisas laboratoriais, Bob tem trabalhado com investigação / aplicação clínica incluindo estudos de potenciais evocados e estudos de emissões otoacústicas, além de estudos de comportamento do desenvolvimento da fala e linguagem em crianças com implantes cocleares. Sua filosofia geral de pesquisas é trabalhar no sentido da tradução do conhecimento, em outras palavras, tentar explorar os conceitos básicos da ciência em audição e surdez que tenham alguma relevância clínica. DESENVOLVIMENTO AUDITIVO E PLASTICIDADE CEREBRAL Ao nascer, a cóclea humana é quase totalmente desenvolvida, no entanto, as vias auditivas centrais não são. O sistema leva mais de uma década para sua maturação e, ainda assim, a “plasticidade” em algumas áreas auditivas do cérebro, continua ao longo da vida. Esta apresentação irá discutir estágios importantes do desenvolvimento normal do sistema auditivo, e também descrever como uma perda auditiva pode influenciar em tal desenvolvimento. Vamos primeiro considerar algumas fases importantes do desenvolvimento do ouvido interno, incluindo quando as células ciliadas da cóclea se conectam com o cérebro, quando os outros componentes do órgão de Corti (por exemplo, a membrana tectorial) estão prontos para ativar as células ciliadas e, portanto, quando estímulos acústicos ambientais podem efetivamente ativar a cóclea. Será realizada uma descrição do desenvolvimento da via auditiva central até o córtex auditivo com base em dados de modelos animais e humanos (potenciais evocados). Alguns trabalhos revisados serão relacionados com a maturação do sistema auditivo junto com outros estudos que mostram os efeitos da perda auditiva no desenvolvimento do sistema. Uma ênfase particular será dada na pesquisa que indica como a atividade acústica do sistema auditivo atua como guia para seu desenvolvimento. Na seção final, serão discutidas questões clínicas que se relacionam com o desenvolvimento da plasticidade. No contexto da audiología pediátrica, é evidente que temos que entender o desenvolvimento do sistema auditivo e apreciar o conceito da plasticidade relacionada à idade do sistema auditivo. Em outras palavras, como a plasticidade (a habilidade das redes neurais em se remodelarem) do desenvolvimento do sistema auditivo, se reduz ao longo do tempo. Além disso, temos que reconhecer que pode haver períodos sensíveis (ou críticos) durante o desenvolvimento, de tal forma que as estratégias de intervenção podem ser planejadas para obter máximo benefício. Para bebês com perda auditiva, a questão mais importante não é somente como a perda auditiva afeta as habilidades de comunicação imediata das mesmas, mas também os impactos a longo prazo de uma perda auditiva precoce no desenvolvimento auditivo a nível cerebral. Antes de podermos otimizar intervenções para a perda auditiva em crianças, devemos apreciar os processos de desenvolvimento que o tratamento ou terapia irão impactar e como tirar proveito desta evolução.