Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 Noções sobre Probabilidade Introdução Vimos anteriormente como apresentar dados em tabelas e gráficos, e também como calcular medidas que descrevem características específicas destes dados. Mas além de apresentar dados e realizar determinados cálculos em cima desses dados, também é interessante poder fazer algum tipo de inferência. Imagine que um pesquisador anotou a idade e a pressão arterial de seus pacientes. Com esses dados, ele pode montar tabelas e gráficos, realizar as medidas desejadas como médias e desvios padrões, além de traçar a reta que dá a variação da pressão arterial em função da idade. Mas este pesquisador também gostaria de estender suas conclusões a outros pacientes, além daqueles que examinou. Então, este pesquisador gostaria de fazer inferência. Para fazer inferência estatística usam-se técnicas que exigem o conhecimento de probabilidade, embora, consciente ou inconscientemente, a probabilidade é usada por qualquer indivíduo que toma decisão em situações de incerteza. A utilização das probabilidades indica a existência de um elemento de acaso, ou de incerteza, quanto à ocorrência ou não de um evento. Por exemplo, se lançarmos uma moeda para o ar, de modo geral não podemos afirmar se vai dar cara ou coroa. A probabilidade nos indicará uma medida de quão provável é a ocorrência de determinado evento. São várias situações em que é desejável se ter uma medida (avaliação numérica) de quão provável é a ocorrência de determinado evento futuro: lançamento de um produto, evolução de uma doença, fazer uma previsão do número de internações em um período, chover amanhã à tarde etc. Experiência aleatória Considere uma experiência onde os resultados sejam imprevisíveis e mutuamente exclusivos, ou seja, em cada repetição dessa experiência é impossível prever, com absoluta certeza, qual o resultado que será obtido; além disso, a ocorrência de um deles exclui a ocorrência dos demais. Como exemplo, imagine o lançamento de um dado. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5, 6. Você não pode prever qual o valor que sairá na próxima E Nemer 1 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 jogada do dado. Outro ponto importante é que a ocorrência de um valor exclui a ocorrência dos demais pois é impossível você tirar dois valores em uma única jogada do dado. Chama-se a uma experiência desse tipo de experiência aleatória, e seus resultados, que são mutuamente exclusivos, são chamados eventos simples. Espaço Amostral O conjunto de todos os eventos simples (resultados mutuamente exclusivos) de uma experiência aleatória é chamado de espaço amostral S. Como exemplo de espaços amostrais, temos: o lançamento de um dado: S = {1,2,3,4,5,6} o lançamento de uma moeda: S = {c, k}, onde c=cara e k=coroa Medidas de Probabilidades Na definição clássica de probabilidade, tomamos um espaço amostral finito S = {a1,a2,a3...,an}, no qual os pontos amostrais ai (i=1,2, ..., n) podem ter a mesma probabilidade de ocorrer, ou seja, são considerados equiprováveis. Então, todo subconjunto A do espaço amostral diz-se um evento, sendo sua probabilidade dada por: P( A) = m número de casos favoráveis ao evento A = n número de casos possíveis ou seja, a probabilidade de um evento é definida como o quociente do número m de casos que lhe são favoráveis, pelo número n de resultados possíveis. Por exemplo, se um dado é não viciado, espera-se que as várias faces sejam equiprováveis, ou seja, que qualquer das faces do dado tenha a mesma probabilidade de sair quanto às outras. Assim, temos que a probabilidade de sair o número 5 em um lançamento de dado, ou seja P(5), é calculada da seguinte forma: o Número de casos favoráveis ao evento 5 = 1 (pois só existe uma face do dado com o número 5); o Número de casos possíveis = 6 (pois existem seis números que podem sair visto que o dado tem seis faces: 1,2,3,4,5 ou 6). Esses seis eventos são mutuamente exclusivos porque duas E Nemer 2 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 faces não podem ocorrer ao mesmo tempo. Se o dado for honesto, os seis eventos são igualmente prováveis. o Logo, temos que: P(5) = m número de casos favoráveis ao evento 5 1 = = = 16,67 % n número de casos possíveis 6 Como um outro exemplo, qual seria a probabilidade de sair número ímpar? Neste caso, temos que: o Número de casos favoráveis ao evento número ímpar = 3 (pois existem três faces do dado com número ímpar: 1, 3 e 5); o Número de casos possíveis = 6 (pois existem seis números que podem sair visto que o dado tem seis faces: 1,2,3,4,5 ou 6). Esses seis eventos são mutuamente exclusivos porque duas faces não podem ocorrer ao mesmo tempo. Se o dado for honesto, os seis eventos são igualmente prováveis. o Logo, temos que: P(5) = m número de casos favoráveis ao evento número ímpar 3 1 = = = = 50 % n número de casos possíveis 6 2 Considere mais um exemplo. Uma carta será retirada ao acaso de um baralho. Qual é a probabilidade de sair um ás? Ora, um baralho tem 52 cartas, das quais quatro são ases. Neste caso, temos que: o Número de casos favoráveis ao evento tirar ás = 4 (pois existem quatro ases em um baralho); o Número de casos possíveis = 52 (pois um baralho contém 52 cartas). Esses seis eventos são mutuamente exclusivos porque dois ases não podem ocorrer ao mesmo tempo. Os 52 eventos são igualmente prováveis. o Logo, temos que: P(ás ) = E Nemer m número de casos favoráveis ao evento tirar ás 4 1 = = = = 7,69 % n número de casos possíveis 52 13 3 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 Regras básicas da probabilidade i. Campo de variação das probabilidades A probabilidade de um evento A deve ser um número maior ou igual a 0 (zero), porém menor ou igual a 1. Isto é: 0 ≤ P( A) ≤ 1 ou 0 % ≤ P( A) ≤ 100 % Se é certo ocorrer determinado evento, a probabilidade desse evento é 1, ou 100%; se é impossível ocorrer determinado evento, a probabilidade desse evento é zero. Por exemplo, a probabilidade de ocorrer número menor do que 8 no lançamento de um dado é 1, ou 100% (evento certo pois todos os números de um dado são menores do que 8). Já a probabilidade de ocorrer um número maior do que 8 é zero (evento impossível). ii. Probabilidade do espaço amostral A probabilidade do espaço amostral S é igual a 1. Isto é: P(S ) = 1 ou P ( S ) = 100 % iii. Regra da adição de probabilidades A probabilidade de ocorrência do evento A, ou do evento B (ou de ambos) é igual a: P ( A ∪ B ) = P( A) + P( B) − P( A ∩ B) E Nemer 4 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 Caso os eventos A e B sejam mutuamente exclusivos, isto é: A ∩ B = ∅, então: P ( A ∪ B ) = P( A) + P( B) Essa regra pode ser estendida para n eventos mutuamente exclusivos: A1, A2, A3, ..., An. Assim: P ( A1 ∪ A2 ∪ K An ) = P( A1 ) + P( A2 ) + K + P ( An ) Fica mais fácil entender o teorema da soma com a ajuda de exemplos. Suponha, então, que uma urna contém duas bolas brancas, uma azul e uma vermelha. Retira-se uma bola da urna ao acaso. Qual a probabilidade de ter saído bola colorida, isto é, azul ou vermelha? Ora, a probabilidade de sair bola azul é: P(azul ) = número de casos favoráveis ao evento bola azul 1 = = 0,25 ou 25 % 4 número de casos possíveis E a probabilidade de sair bola vermelha é: P(vermelha) = número de casos favoráveis ao evento bola vermelha 1 = = 0,25 ou 25 % 4 número de casos possíveis Então, a probabilidade de sair bola colorida, isto é, azul ou vermelha, é dada pela soma: P(azul ou vermelha) = P (azul ) + P (vermelha) = 1 1 + = 0,5 ou 50 % 4 4 Imagine, agora, que uma carta será retirada ao acaso de um baralho. Qual é a probabilidade de sair uma carta de espadas ou um ás? Como um baralho tem 52 cartas, das quais 13 são de espadas e quatro são ases, alguém poderia pensar que a probabilidade de sair uma carta de espadas ou um ás é dada pela soma P(espadas ou ás ) = E Nemer 5 / 15 13 4 + 52 52 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 Mas esta resposta estaria errada, porque existe uma carta, o ás de espadas, que é tanto ás como espadas. Então, o ás de espadas teria sido contado duas vezes. A probabilidade de sair uma carta de espadas ou um ás de espadas é dada por: P (espadas ∪ ás ) = P (espadas) + P (ás ) − P (espadas ∩ ás ) = 13 4 1 16 + − = = 30,77 % 52 52 52 52 Recapitulando, agora fica mais fácil entender o teorema da soma. Se os eventos A e B não podem ocorrer ao mesmo tempo, a probabilidade de ocorrer A ou B é dada pela probabilidade de A, mais a probabilidade de B. Logo, escreve-se que: P ( A ∪ B ) = P( A) + P( B) Se A e B podem ocorrer ao mesmo tempo, a probabilidade de ocorrer A ou B é dada pela probabilidade de A, mais a probabilidade de B, menos a probabilidade de A e B. Escreve-se: P ( A ∪ B ) = P( A) + P( B) − P( A ∩ B) iv. Probabilidade de um evento complementar Se Ā é o evento complementar de A, então: P ( A ) = 1 − P ( A) Como exemplo, considere retirar uma carta qualquer exceto copas de um baralho de 52 cartas. A probabilidade de se retirar uma carta qualquer do baralho é dada por: P(carta qualquer ) = número de casos favoráveis ao evento carta qualquer 52 = = 1 ou 100 % número de casos possíveis 52 obs: nesse caso, o evento A é igual a S, assim: P(A)=P(S)=1 A probabilidade de se retirar uma carta de copas do baralho é dada por: E Nemer 6 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc P(copas) = 05/08/05 número de casos favoráveis ao evento carta de copas 13 = número de casos possíveis 52 Se A ={carta de copas}, então Ā = {qualquer carta exceto copas}. Logo, temos que: P ( A ) = 1 − P( A) ∴ P (qualquer carta exceto copas) = 1 − P(carta de copas) Logo, temos que: P (qualquer carta exceto copas) = 1 − 13 52 13 39 3 = − = = = 0,75 ou 75% 52 52 52 52 4 Multiplicando probabilidades e independência estatística Dois eventos estão estatisticamente independentes se a ocorrência de um deles não afetar a ocorrência do outro. Assim, no lançamento de uma moeda por duas vezes, a probabilidade de obter uma cara, ou coroa, no segundo lance, não é afetada pelo resultado do primeiro lance. No caso do lançamento de duas moedas, existem quatro possibilidades, isto é: S = {cc, ck, kc, kk}, onde c= cara e k=coroa. Cada resultado é igualmente provável e a qualquer um pode ser atribuída a probabilidade de ¼. A probabilidade de obter uma seqüência particular de sucessos, por exemplo, duas caras, pode ser calculada como o produto das probabilidades associadas com os acontecimentos em cada lance, separadamente, assim: P (CC ) = P (C ) × P(C ) = 1 1 1 × = 2 2 4 Logo, dados dois eventos independentes, A e B, a probabilidade da ocorrência conjunta é definida pela regra de multiplicação: P ( A.B) = P( A ∩ B) = P ( A) P( B) Essa regra é válida para n eventos independentes: A1, A2, A3, ..., Na, desde que as condições para a multiplicação de probabilidades sejam satisfeitas para todas as combinações de dois ou mais eventos, isto é, E Nemer 7 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 desde que todas as combinações sejam constituídas por eventos independentes. P ( A1 . A2 . K An ) = P ( A1 ∩ A2 ∩ K ∩ An ) = P ( A1 ) P ( A2 ) K P( An ) Como um exemplo, imagine uma experiência que consiste em lançar, simultaneamente, um dado e duas moedas. Qual é a probabilidade de obter um “cinco” e duas coroas em uma única jogada? Como os eventos são, evidentemente, independentes, a probabilidade procurada é: P (5KK ) = P(5 ∩ K ∩ K ) = P (5) P( K ) P( K ) = 1 1 1 1 ⋅ ⋅ = = 0,0416 ou 4,16 % 6 2 2 24 i. Probabilidade condicionada Se a condição de independência estatística não for satisfeita, deve ser usada uma fórmula mais geral, envolvendo probabilidades condicionadas. Denomina-se probabilidade condicional à determinado evento sob uma dada condição. probabilidade de ocorrer Dados dois eventos, A e B, a probabilidade de que o evento B ocorra, dado que o evento A já ocorreu, é a probabilidade condicionada de B, escrita por P(B/A). Similarmente, escrevemos a probabilidade da ocorrência de A, condicionada à ocorrência de B, como P(A/B) (lê-se probabilidade de A dado que B tenha ocorrido ou probabilidade de A condicionada à ocorrência de B). Como exemplo, suponha que existam 10 rótulos de papel que podem ser distinguidos pelo número e pela cor: por exemplo, os rótulos numerados por 1, 2 e 3 são amarelos e os restantes, brancos. Se todos forem colocados um uma urna e retirados ao acaso, a probabilidade de extrair um rótulo particular é 1/10. Se, porém, após retirar um rótulo ao acaso, ele for amarelo, como calcular a probabilidade de que um certo rótulo, por exemplo, aquele com número 1, seja extraído? Evidentemente, o número possível de acontecimentos favoráveis está agora reduzido de 10 para três; em outras palavras, o rótulo desejado deve ter o número 1 e ser amarelo. E Nemer 8 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 Neste momento, o cálculo da probabilidade condicionada é realizado da seguinte forma: P(rótulo n o 1 / amarelo) = número de casos favoráveis ao evento : rótulo 1 e amarelo 1 / 10 1 = = número de casos favoráveis ao evento : amarelo 3 / 10 3 De modo geral, dados dois eventos, A e B, que não são independentes, a probabilidade condicionada de A, dado B, é definida como: P( A / B) = P( A ⋅ B) P( A ∩ B) = P( B) P( B) ou seja, como a razão entre a probabilidade do evento conjunto A e B ocorrer e a probabilidade da ocorrência de B. Como um outro exemplo, suponha que uma carta é retirada de um baralho. Qual é probabilidade de ser um rei preto, sabendo que a carta retirada foi uma “figura” (valete, dama ou rei)? Sejam A = {rei preto} e B = {figura}, e: i) como existem dois reis pretos no baralho, os quais são, também, figuras, logo: P( A ∩ B) = 2 52 ii) como existem doze figuras em um baralho, temos que: P( B) = 12 52 Logo, o resultado é: 2 P ( A ⋅ B ) P( A ∩ B) 52 2 1 P( A / B) = = = = = = 0,1666 ou 16,67 % 12 12 6 P( B) P( B) 52 Então, a probabilidade de ocorrer um rei preto condicionada à ocorrência de uma figura é de 1/6 ou aproximadamente 17%. E Nemer 9 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 Como um outro exemplo, suponha que um dado foi jogado. Qual é probabilidade de ocorrido um 5? Como um dado tem seis faces, a probabilidade de ter ocorrido a face com o número 5 é: P(5) = número de casos favoráveis ao evento : face 5 1 = = 0,1667 ou 16,67 % número de casos possíveis 6 Imagine, agora, que o mesmo dado foi jogado e já se sabe que ocorreu face com número ímpar. Qual é a probabilidade de ter ocorrido a face 5? Note que a resposta a esta pergunta é diferente da resposta dada à pergunta anterior. Se saiu face com número ímpar, só podem ter ocorrido os números:1, 3 ou 5. Logo, a probabilidade de ter ocorrido 5 é: Sejam A = {face 5} e B = {número ímpar}, e: i) como existe somente uma face 5 no dado e que também é número ímpar, logo: P( A ∩ B) = 1 6 ii) como existem três faces ímpares em um dado, temos que: P( B) = 3 6 Logo, o resultado é: 1 P( A ⋅ B) P( A ∩ B) 6 1 P( A / B) = = = = = 0,3333 ou 33,33 % 3 3 P( B) P( B) 6 Logo, observe que a probabilidade de ocorrer determinado evento pode ser modificada quando se impõe uma condição. Como mostra o exemplo, a probabilidade de ocorrer 5 no jogo de um dado é 16,67%, mas, sob a condição de ter ocorrido face com número ímpar, a probabilidade de ocorrer 5 é 33,33%. E Nemer 10 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 Tendo estudado probabilidade condicionada, e para entender melhor a idéia de eventos independentes, imagine que um dado e uma moeda são jogados ao mesmo tempo e se pergunte: a) Qual é a probabilidade de ocorrer cara na moeda? b) Qual é a probabilidade de ocorrer cara na moeda sabendo que ocorreu face 6 no dado? Na tabela abaixo estão os eventos que podem ocorrer quando se jogam um dado e uma moeda ao mesmo tempo. Dado 1 2 3 4 5 6 Moeda Cara Cara;1 Cara;2 Cara;3 Cara;4 Cara;5 Cara;6 Coroa Coroa;1 Coroa;2 Coroa;3 Coroa;4 Coroa;5 Coroa;6 Dos doze eventos possíveis e igualmente prováveis apresentados na tabela acima, seis correspondem à saída de cara na moeda. Então, a probabilidade de sair cara na moeda é: P(cara) = número de casos favoráveis ao evento cara 6 = = 0,5 ou 50 % número de casos possíveis 12 Para obter a probabilidade de sair cara na moeda, sabendo que saiu 6 no dado, observe a última linha da tabela anterior. Dos dois eventos que correspondem à saída de 6 no dado, um corresponde à saída de cara na moeda. Então, a probabilidade de sair cara na moeda, sabendo que ocorreu 6 no dado, é: P(cara) = número de casos favoráveis ao evento cara 1 = = 0,5 ou 50 % número de casos possíveis 2 Neste exemplo, a probabilidade de ocorrer um evento (sair cara na moeda) não foi modificada pela ocorrência de outro evento (sair 6 no dado). Diz-se, então, que esses eventos são independentes. Por definição, dois eventos são independentes quando a probabilidade de ocorrer um deles não é modificada pela ocorrência do outro. Quando se E Nemer 11 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 jogam um dado e uma moeda, o resultado que ocorre na moeda não depende do que ocorre no dado. Então, esses eventos são independentes. Na área biológica existem vários exemplos de “eventos dependentes” e de “eventos independentes”. Assim, “olhos claros” e “cabelos claros” são eventos dependentes porque a probabilidade de uma pessoa ter olhos claros é maior se a pessoa tem cabelos claros. Já “olhos claros” e “idade avançada” são eventos independentes, porque a probabilidade de uma pessoa ter olhos claros não aumenta (ou diminui) com a idade. ii. Regra geral da multiplicação de probabilidades A partir da definição de probabilidade condicionada, é possível enunciar a regra geral de multiplicação de probabilidades: “a probabilidade da ocorrência simultânea de dois eventos, A e B, do mesmo espaço amostral, é igual ao produto da probabilidade de um deles pela probabilidade condicionada do outro, dado o primeiro”. P ( A ⋅ B ) = P ( A ∩ B) = P( A) P ( B / A) = P ( B) P( A / B) A regra geral da multiplicação, estendida aos eventos A, B e C, é: P ( A ∩ B ∩ C ) = P( A) P( B / A) P (C / A ∩ B) A probabilidade P(A ∩ B ∩ C) pode assumir seis diferentes formas, uma das quais foi dada acima. Uma outra forma é mostrada abaixo. Como exercício, você pode obter as outras quatro formas. P ( A ∩ B ∩ C ) = P( A) P(C / A) P( B / A ∩ C ) Como exemplo, imagine uma urna contendo três bolas brancas e oito pretas. Uma bola é retirada ao acaso e não reposta: então outra bola é retirada. Qual e probabilidade de ambas serem pretas? A primeira bola, sendo preta, influi sobre a probabilidade de obter uma segunda bola preta: os dois eventos não são estatisticamente independentes, logo: E Nemer 12 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 P (ambas pretas ) = P ( primeira preta ) P ( segunda preta / primeira preta ) E temos que: P (ambas pretas ) = 8 7 56 28 ⋅ = = = 0,5090 ou 50,9 % 11 10 110 55 Em um outro exemplo, uma moeda e um dado são lançados simultaneamente. Se A for evento “sair coroa” e B for o evento “ocorrer o 3”, constatar que os eventos A e B são independentes. Ora, vamos calcular a probabilidade de A dado que B tenha ocorrido. Temos que: 1 P ( A ∩ B) 12 1 P( A / B) = = = = 0,50 ou 50 % 2 2 P( B) 12 Se calculássemos somente a probabilidade de A ocorrer, teríamos: P(coroa) = número de casos favoráveis ao evento coroa 1 = = 0,5 ou 50 % número de casos possíveis 2 Neste exemplo, a probabilidade de ocorrer um evento (sair caroa na moeda) não foi modificada pela ocorrência de outro evento (sair 3 no dado). Diz-se, então, que esses eventos são independentes. Em outras palavras, como a probabilidade de A é igual à probabilidade de A dado que saiu B, isto significa que a ocorrência de um evento não interfere com o outro e os dois eventos são independentes. Em um outro exemplo, uma moeda será jogada duas vezes. Qual é a probabilidade de ocorrer cara nas duas jogadas? Ora, a probabilidade de ocorrer cara na primeira jogada é: P(cara) = número de casos favoráveis ao evento cara 1 = = 0,5 ou 50 % número de casos possíveis 2 A probabilidade de ocorrer cara na segunda jogada também é: P(cara) = E Nemer número de casos favoráveis ao evento cara 1 = = 0,5 ou 50 % número de casos possíveis 2 13 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc 05/08/05 Isto ocorre porque o fato de ocorrer cara na primeira jogada não modifica a probabilidade de ocorrer cara na segunda jogada (os eventos são independentes). E para obter a probabilidade de ocorrer cara nas duas jogadas (primeira e segunda), faz-se o produto: iii. Em resumo Em um exemplo, uma moeda será jogada duas vezes. Qual é a probabilidade de ocorrer cara nas duas jogadas? Ora, a probabilidade de ocorrer cara na primeira jogada é: P(cara) = número de casos favoráveis ao evento cara 1 = = 0,5 ou 50 % número de casos possíveis 2 A probabilidade de ocorrer cara na segunda jogada também é: P(cara) = número de casos favoráveis ao evento cara 1 = = 0,5 ou 50 % número de casos possíveis 2 Isto ocorre porque o fato de ocorrer cara na primeira jogada não modifica a probabilidade de ocorrer cara na segunda jogada (os eventos são independentes). E para obter a probabilidade de ocorrer cara nas duas jogadas (primeira e segunda), faz-se o produto: P ( KK ) = P ( K ∩ K ) = P( K ) P ( K ) = 1 1 1 ⋅ = = 0,25 ou 25 % 2 2 4 Em um outro exemplo, uma urna contém duas bolas brancas e uma vermelha. Retiram-se duas bolas da urna ao acaso, uma em seguida da outra e sem que a primeira tenha sido recolocada. Qual é a probabilidade das duas serem brancas? A probabilidade da primeira bola ser branca é: P(bola branca) = número de casos favoráveis ao evento bola branca 2 = = 0,6667 ou 66,67 % número de casos possíveis 3 A probabilidade da segunda bola ser branca vai depender do que ocorreu na primeira retirada. Se saiu bola branca, a probabilidade da segunda também ser branca é: E Nemer 14 / 15 Estatística - aulasEstProbab.doc P(bola branca) = 05/08/05 número de casos favoráveis ao evento bola branca 1 = = 0,5 ou 50 % número de casos possíveis 2 Para obter, então, a probabilidade de duas bolas retiradas serem brancas, faz-se o produto: P(2 bolas brancas) = 2 1 2 1 ⋅ = = = 0,3333 ou 33,33 % 3 2 6 3 Agora fica fácil entender o teorema do produto. Se A e B são eventos independentes, a probabilidade de ocorrer A e B é dada pela probabilidade de ocorrer A, multiplicada pela probabilidade de ocorrer B. P ( A.B) = P( A ∩ B) = P ( A) P( B) Se A e B não são independentes, a probabilidade de ocorrer A e B é dada pela probabilidade de ocorrer A, multiplicada pela probabilidade (condicional) de ocorrer B, dado que A ocorreu. P ( A ⋅ B ) = P ( A ∩ B) = P( A) P ( B / A) = P ( B) P( A / B) E Nemer 15 / 15