CONHECIMENTO, FORMAS E TEORIAS: RELAÇÕES DE

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CONHECIMENTO, FORMAS E TEORIAS: RELAÇÕES DE CONFLITO
GT8 Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas)
Josael Bruno de Souza Lima1
João Rogério Menezes de Santana2
RESUMO
O conhecimento é o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre o
sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido. A apropriação intelectual do objeto
supõe que haja regularidade nos acontecimentos do mundo; caso contrário, a
consciência cognoscente nunca poderia superar o caos. Este trabalho busca uma
análise filosófica a partir três olhares sobre um mesmo tema, o Conhecimento, e tem
como objetivo, compreender sua constituição nos sujeitos através de suas diferentes
formas considerando duas correntes filosóficas: o dogmatismo e o empirismo. Como
elemento metodológico, as análises foram de caráter bibliográfico (meio eletrônico e
impresso) tendo como base referências da filosofia. Sabendo-se que a filosofia trata
do comportamento dos porquês das coisas, do mundo etc., todo conhecimento dado
tende a esclerosar-se no hábito, nos clichês, no preconceito, na ideologia, na rigidez
das "escolas". Esse conhecimento precisa ser revitalizado pela construção de novas
teorias (no caso da filosofia e da ciência) e pelo despertar de novas sensibilidades
(no caso da arte).
Palavras chaves: conhecimento, epistemologia, ceticismo, dogmatismo
Abstract
Knowledge is thought that results from the relationship established between the
knower and the object to be known. The intellectual appropriation of the object
assumes that there are regular events in the world, otherwise knowing
consciousness could never overcome the chaos. This paper seeks a philosophical
analysis from three perspectives on the same theme, Knowledge, and aims to
understand their constitution subject through its different forms considering two
philosophies: dogmatism and empiricism. As part methodological analyzes were
bibliographic (electronic and printed) based on references of philosophy. Knowing
that philosophy deals with the behavior of the whys of things, the world etc.., All
knowledge tends to esclerosar given up the habit, the clichés, prejudice, ideology,
rigidity of "schools." This knowledge needs to be revitalized by the construction of
new theories (in the case of philosophy and science) and the awakening of new
sensitivities (for art).
Keywords: knowledge, epistemology, skepticism, dogmatism
1
Josael Bruno de Souza Lima é licenciado em Ciências Biológicas pela UFS, professor de Biologia da rede
publica de ensino do estado de Sergipe, especialista em educação e mestrando do NPGECIMA – UFS.
2
João Rogério é pedagogo da rede publica de ensino do estado de Sergipe e mestrando do NPGECIMA – UFS.
Conhecimento: historicidade e epistemologia
A partir da obra, Introdução ao Pensamento Epistemológico sobre as concepções de
epistemologia, impõe-se uma constatação: a dificuldade de defini-la. Japiassu (1975)
apresenta considerações em que o termo epistemologia foi sendo construído pelas
ciências e filosofia. Dessa forma, as menções sobre as contribuições da filosofia das
ciências, psicologia das ciências, história das ciências e sociologia do conhecimento,
guarda para a epistemologia a condição de produtora de métodos científicos que
servem para validar as teorias do conhecimento.
Com base em Japiassu (1975), consideramos o epíteto “saber” como um conjunto
de conhecimentos metodicamente organizados a serem transmitidos por um
processo pedagógico de ensino, podendo ser aplicado na aprendizagem de ordem
prática como, “saber fazer”. Assim pode-se falar em “saber acumulado” na condição
das contribuições percebidas dentro de um contexto espaço temporal, histórico,
social, humano, sistematizado ao não, próprio de uma cultura. Na mesma linha de
raciocínio, a expressão “ciência” será considerado como o conjunto de aquisições
intelectuais, de um lado a matemática, do outro, as disciplinas de investigação do
dado natural e empírico, mas sempre tendendo a matematização. Entre saberes e
ciências intercalam várias disciplinas incertas: história, eruditas, jurídicas. Podemos
designar uma série de disciplinas intelectuais que não podem ser consideradas
como ciências e servir do termo “saber” como consta no exemplo citado (JAPIASSU,
1975, p.16).
Saberes “Especulativos” (Que não são Ciências)
A. Racional; Filosofia.
B. Crente ou Religioso: Teologia
Ciências (Que não são saberes “especulativos”)
A. Matemáticas
B. Empíricas e Positivas
Uma consideração importante sobre o conhecimento surge em geral a partir da
análise proposta sendo ele fruto da conjugação de crenças e a verdade. O diagrama
do conhecimento, atribuído a Platão, ilustra a questão: dois círculos sobrepostos
criam um a elipse no centro da qual coloca-se um circulo menor. Os dois círculos
seriam “crenças” e “verdade”, sendo a elipse, a área comum, “crenças verdadeiras”,
dentro da qual emerge o “circulo das crenças justificadas ou verdadeiras”, portanto,
o conhecimento.
Figura
01
–
Diagrama
do
conhecimento,
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Conhecimento-Diagrama.png )
Platão
Essa justaposição das duas grandes forças filosóficas (crenças e verdades) no olhar
de Platão constitui uma afirmação desse grande pensador de que é a partir das
crenças que se buscou a verdade, ou verdades, sobre as coisas que nos cercam.
Conceituando e categorizando a epistemologia
Em busca de definição sem, contudo, encerrar a discussão, ao termo
“EPISTEMOLOGIA”, pode considerar o estudo reflexivo e metódico do saber, de sua
formação, organização, desenvolvimento, funcionamento e produtos intelectuais. Em
Japiassu (1975) emerge, três tipos de epistemologias:
- Epistemologia geral: saber, acima delineado, globalmente considerado, virtualidade
e problemas, especulativos ou científicos.
- Epistemologia particular: apropriação de um campo particular do saber,
especulativos ou científicos.
- Epistemologia específica: consideração de uma disciplina intelectualmente
constituída em unidade definida do saber, estudando-a detalhada e tecnicamente,
em sua organização, funcionamento e relações que mantém com outras disciplinas.
Aprofundando a discussão, a epistemologia busca definir conhecimento e ciência.
Segundo Bachelard (1977), trata-se de um “problema mal posto”, uma vez que não
existe uma única resposta, apesar do trabalho das epistemologias positivas em
definir ciência e tentar extrair dela uma essência, de construir uma ciência de ciência
que queira deslegitimar uns saberes em detrimento de outros:
Na concretude das práticas científicas, por conseguinte, o
conhecimento é a reforma de uma ilusão. Sempre se conhece contra
um conhecimento anterior, retificando o que se julgava sabido e
sedimentado. Por isso não existem verdades primeiras, apenas os
primeiros erros: a verdade está sempre em devir (LOPES, 2007, p.
34).
Nesse sentido, como filósofo da desilusão, Bachelard (1977) reconhece a
importância do erro na construção do conhecimento e afirma:
O termo saber e pré-saber podem ser considerados como uma
primeira aquisição não científica de estados mentais, constitutivos de
uma certa cultura, já formados de modo mais ou menos natural e
espontâneo. Portanto todo saber humano relaciona-se a um présaber, a epistemologia contemporânea reconhece este fato, do qual
podemos analisar mediante os estudos epistemológicos
apresentados na presente obra.
Em sua abordagem, Bachelard (1977) refere-se ao saber no qual há um pré-saber e,
em função desta relação que se define há algumas categorias epistemológicas
significativas:
- Categoria de Obstáculos epistemológicos: “resistência ou inércia do pensamento
ao pensamento”. Surge em face de necessidade intelectual do saber às tentativas
de aproximação deste saber.
- Categoria de Corte Epistemológico: ciência se constitui cortando com sua préhistória e com seu meio ambiente ideológico. Surge em face de necessidade de se
definir a atitude científica por oposição à atitude pré-científica.
- Categoria de Vigilância Epistemológica: atitude reflexiva sobre o método científico,
aprender a lógica do erro, constituindo a lógica da descoberta cientifica.
- Categoria de Recorrência Epistemológica: torna possível o desenvolvimento de
uma história teórica ou de um conhecimento teórico das Ciências. E esta que
permite compreender o devir real de uma ciência.
Em Japiassu (1975), Lalande refere-se “a epistemologia é a filosofia das ciências”. É
um estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas
ciências e que determina a origem lógica das ciências, valor e alcance. Dessa
concepção depreende-se, que a epistemologia “usaria” a ciência como simples
pretexto para filosofar: a) situando o lugar de conhecimento; b) estabelecendo limites
de conhecimento; c) buscando a natureza da ciência;
- Tarefa da epistemologia consiste em conhecer o conhecimento e
todas as etapas de sua estruturação, chegando a um conhecimento
provisório jamais acabado ou definitivo;
- Função essência: submeter a prática dos cientistas a uma reflexão,
tomando por objeto as ciências por vias de se fazerem em seu
processo de gênese, de formação e de estruturação progressiva.
- Problema da epistemologia – consiste em estabelecer se o
conhecimento poderá ser reduzido a puro registro, pelo sujeito,
independente dele num mundo exterior (físico ou ideal) ou se o
sujeito poderá intervir ativamente no conhecimento dos objetos.
É a partir dessa consideração, nessa linha de pensar que a epistemologia repartirse-ia em duas categorias:
1. Epistemologias Genéticas – uma conjugação entre sujeito e objeto deverá ser
estabelecido progressivamente. De um lado, temos o organismo com suas
possibilidades; de outro, o meio que o solicita. O conhecimento deve ser analisado
de um ponto de vista dinâmico (formação e desenvolvimento), e em sua estrutura
evolutiva, uma síntese do o apriorismo e o empirismo;
2. Epistemologias não genéticas – o acordo entre sujeito e objeto deve ser feito
desde a origem, não sendo aceita a perspectiva histórica ou temporal. O
conhecimento é estudado de um ponto de vista estático ou sincrônico, em sua
estrutura atual (MORAES, 2000, p 20);
- As epistemologias atualmente vivas, estão centradas nas epistemologias
contemporâneas, das relações entre sujeito e objeto; fenomenológica – Husserl;
construtivista – Piaget; histórica – Bachelard; arqueológica – Foucault, centrada no
que poderia ser chamado de infraestrutura cultural do saber propriamente dito, no
conhecimento das populações tradicionais;
Formas de conhecimento: do ceticismo a certeza científica
Segundo Maria Lúcia e Helena (1993), várias são as formas de conhecer. A partir da
vivencia diferenciada o homem apreende e adquire maturidade, de forma imediata
ou mediata ele conhece por meio da razão, pelo discurso. Nesse sentido, as autoras
conceitua a intuição como uma visão súbita. E exemplifica seus vários tipos como:
intuição (sensível), o homem pensa, sente e age, capta objetos ao olhar: um copo,
uma cama, um sofá, uma fruta, uma paisagem. Ou seja, imediatamente captamos o
objeto. O homem e o objeto são relacionados num ambiente. Intuição (inventiva), o
homem cria novas hipóteses, em sua cotidianidade o homem enfrenta situações que
exige soluções imediatas. Intuição (intelectual) é o que captar maneira direta e a
particular do objeto; por exemplo, a descoberta de Descartes do cogito (eu
pensante), como primeira verdade indubitável (p. 22). As autoras abordam o
conhecimento discursivo como imediato aquele por meio de definições (conceitos,
significados). É quando há um raciocínio sobre o objeto, e o mesmo é identificado a
partir de suas características. É o pensamento que opera por etapas. E mediante
uma série de esforços chega ao fim proposto que versam em fixar, aproximações
contínuas, e até chegar a abranger por completo a realidade do objeto, esse terá
que passar por várias contradições e, só assim, obter o conceito. O método
discursivo é, precisamente um método indireto. Em lugar de ir o espírito direto ao
objeto, rodeia, por assim dizer, o objeto, aprecia-o e admira-o de diversos pontos de
vista, até que o conceitue de maneira impecável ao mesmo. Para as autoras o
verdadeiro conhecimento se faz, pela ligação contínua entre intuição e razão, entre o
vivido e o teorizado, entre o concreto e o abstrato. (p. 22).
Ceticismo absoluto: tudo ilusório
Para o ceticismo absoluto não a possibilidade de conhecer a verdade, não podendo
o homem nada afirmar, pois nada pode conhecer com total certeza.
Atribui-se ao filósofo grego Górgias (485-380 a. C) o pai do ceticismo absoluto.
Segundo ele “o ser não existe; se existisse não poderíamos conhecê-lo. Se
pudéssemos conhecê-lo, não poderíamos comunicá-los aos outros”.
O filosofo grego Pirro (365-275 a. C) é também apontado como o fundador do
ceticismo absoluto. Pirro afirmava ser impossível o homem conhecer a verdade
devido a duas fontes principais de erro: (1) Os sentidos - nossos conhecimentos são
provenientes dos sentidos (visão, audição, olfato, tato, paladar), canais de
percepção do mundo. Mas estes podem nos induzir ao erro, não sendo portanto,
dignos de confiança. (2) A razão - para Pirro, as diferentes e contraditórias opiniões
manifestadas pelas pessoas sobre os mesmos assuntos revelam os limites de nossa
inteligência. Assim, jamais alcançaremos certeza de qualquer coisa, já que os
sentido nos podem iludir e a razão é limitada.
O ceticismo absoluto é porem, considerado uma corrente de pensamento ao mesmo
tempo radical, estéril e contraditória. Na medida em que nega profundamente a
possibilidade de conhecer, não leva a nada (estéril). Contraditória porque, ao dizer
que nada é verdadeiro, acaba afirmando que pelo menos existe algo de verdadeiro,
isto é, o conhecimento de que nada é verdadeiro. Então, aqueles que duvidam
plenamente da nossa possibilidade de conhecer, ironiza o filosofo Jacques Maritain
“só poderiam filosofar guardando o silêncio absoluto – mesmo no interior de suas
almas”.
Ceticismo relativo : o domínio do provável
Já no ceticismo relativo nega-se apenas parcialmente a capacidade de conhecer a
verdade, apresentando uma posição moderada em relação às possibilidades de
conhecimento, comparada ao ceticismo absoluto.
Entre as escolas que se baseiam no ceticismo relativo, destacam-se:
Subjetivismo – considera o conhecimento uma relação puramente subjetiva e
pessoal entre o sujeito e a realidade percebida. O conhecimento limita-se às ideias e
representações elaboradas pelo sujeito pensamente, sendo impossível alcançar a
objetividade. O subjetivismo nasce com o pensamento do grego Protágoras, sofista
do séc. V a. C, que dizia que o ”homem é a medida de todas as coisas”, ou seja, a
verdade é uma construção humana, ela não está nas coisas;
Relativismo – entende que não existem verdades absolutas, mas apenas verdades
relativas, que tem uma validade limitada a certo tempo, a um determinado espaço
social, enfim , a um contexto histórico etc.;
Probabilismo – propões que nosso conhecimento é incapaz de atingir a certeza
plena. O que devemos alcançar é uma verdade provável. Essa probabilidade pode
ser digna de maior ou menor credibilidade, mas nunca chegará ao nível da certeza
completa, da verdade absoluta.
Pragmatismo - propõe uma concepção dos homens como seres práticos, ativos, e
não pensantes seres. Por isso, abandonam a pretensão de alcançar a verdade,
entendida como a correspondência entre o pensamente e a realidade. Para o
pragmatismo, o conceito de verdade deve ser outro: verdadeiro é aquilo que é útil,
que dá certo, que serve aos interesses das pessoas na sua vida prática. Nesse
sentido, a verdade não seria correspondência do pensamento com objeto, mas a
correspondência do pensamento com o objetivo a ser atingido.
Dogmatismo: a certeza da verdade
Dogmatikós em grego significa, "que se funda em princípios" ou, é relativo à
doutrina. Dogma é um ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina, seja
religiosa, filosófica, política, etc. Como exemplo, um dogma, na religião cristã, da
Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espirito Santo), a qual não deve ser confundida
com a existência de três deuses, pois se trata apenas de um Deus uno. Não importa
se a razão não consegue entender, já que é um princípio aceito pela fé e o seu
fundamento é a revelação divina. O mundo muda, os acontecimentos sucedem-se e
o homem dogmático permanece petrificado nos conhecimentos dados de uma vez
por todas. Refratário ao dialogo, teme o novo e não raro torna-se intransigente e
prepotente. Quando o dogmático resolve agir, o fanatismo é inevitável. Dogma em
grego significa, o que se manifesta como bom, opinião, decreto, doutrina. Em
filosofia, contudo, nunca a autoridade é, só por si, argumento decisivo, a própria
verdade necessita de uma fundamentação interna que satisfaça as exigências da
razão. Por isso, o termo adquiriu, freqüentemente, sentido pejorativo, significando a
adesão a alguma doutrina, sem prévia fundamentação crítica. Dentro da linha
dogmática, pode-se destacar duas vertentes básicas:
Dogmatismo ingênuo- predominante no senso comum, confia plenamente nas
possibilidades do nosso conhecimento e, por conseguinte, na verdade. Não vê
problemas na relação sujeito conhecedor e objeto conhecido. Crê que, sem grandes
dificuldades, percebemos o mundo tal qual ele é;
Dogmatismo crítico – defende nossa capacidade de conhecer a verdade mediante
um esforço conjugado de nossos sentidos e de nossa inteligência. Confia que,
através de um trabalho metódico, racional e cientifico, o ser humano se torna capaz
de conhecer a realidade do mundo.
Criticismo: a superação do ceticismo e do dogmatismo
Com Kant, no século XVIII, surge o que passou a ser chamado de criticismo, que
representa uma tentativa de superação tanto do ceticismo quanto do dogmatismo.
Assim como o dogmatismo,o criticismo acredita na possibilidade do conhecimento,
mas se pergunta pelas reais condições nas quais seria possível esse conhecimento.
Não mais de forma ingênua, mas de uma posição crítica diante da possibilidade de
conhecer.
Dessa forma surge uma radical distinção entre o que o nosso entendimento pode
conhecer e o que não pode. Ou seja, o criticismo admite a possibilidade de
conhecer, mas esse conhecimento é limitado e ocorre sob condições específicas,
descritas na obra Crítica da Razão Pura, de Immanuel Kant.
Admitindo-se a possibilidade do conhecimento, indaga-se, como eles se originam?
De onde originam-se as ideias, os conceitos, as representações? Na busca dessas
respostas, duas correntes filosóficas se destacam: o empirismo e o racionalismo. O
primeiro valoriza os sentidos como fonte primordial enquanto que o segundo
deposita confiança exclusiva na razão.
Um origina-se da experiência sensorial, nas palavras de Locke: “nada vem à mente
sem ter passado pelos sentidos”. O filósofo empirista inglês John Locke (1632-1704)
afirmava também que, ao nascermos, nossa mente é como um „papel em branco‟
(tabula rasa), completamente desprovida de ideias. De onde provém, então, o vasto
conjunto de ideias que existe na mente humana? A isso, Locke responde com uma
só palavra: da experiência, que resulta da observação dos dados sensoriais.
A outra corrente, o racionalismo, ao contrario, atribui exclusiva confiança na razão
humana como instrumento capaz de conhecer a verdade. Ou, como recomendou o
filósofo racionalista Descartes: “nunca nos devemos deixar persuadir senão pela
evidência de nossa razão”. A palavra racionalismo deriva do latim ratio, que significa
“razão”. Os racionalistas afirmam que a experiência sensorial é uma fonte
permanente de erros e confusões sobre a complexa realidade do mundo. Somente a
razão humana, trabalhando com os princípios lógicos, pode atingir o conhecimento
verdadeiro, capaz de ser universalmente aceito.
As ideias como instrumento mediador na construção do conhecimento
Esta parte de nosso trabalho vem possibilitar uma análise a respeito de nossas
ideias quanto a tudo que nos cerca. A partir desses olhares é que se reconfigura e
configura a construção de insights, ou de algum ponto de partida para investigação,
estudo, análise, busca por respostas etc.
Como nomenclatura inicial para tal posicionamento do grupo, utilizaremos o senso
comum, que, nas palavras de Chauí, este é um universo de ideias comum a todos e
todas sobre um mesmo objeto, fato, acontecimento etc. Mesmo que tais respostas
tenham dados diferentes, mas, suas conclusões são unânimes, ou seja, as
respostas são iguais a todos e todas sobre um mesmo fenômeno e ou ocorrências,
objetos etc. (CHAUI, 2010, p.272).
Segundo a autora, o senso comum tem algumas características que são: subjetivos,
e por assim erem as julgamos conforme nossas percepções são agrupadas e/ ou
separados em razão de suas especificidades de semelhanças ou diferenças, as
coisas são distintas por nos remeter a sensações diferentes sobre casa uma delas,
são generalizadores e por isso costumamos ter um discurso sobre algo, seja objeto,
pessoa ou fato etc. a partir de uma ideia pré-concebida sobre os mesmos por suas
semelhanças que por esta razão tendemos a esboçar causa efeito a estes, o senso
comum não permite ter surpresas nem admirações com as ocorrências dos fatos e
fenômenos e com isso vemos as coisas que nos fogem a compreensão como algo
[...] extraordinário, maravilhoso, miraculoso [...], e por fim, como não compreendem,
os sujeitos, os acontecimentos e fenômenos em seu entorno através de perspectiva
cientifica com o uso de instrumentos medidores e ou confirmadores ou não desses
acontecimentos acreditam nos milagres, no mistério, no oculto, na magia, projetam
sentimentos sempre negativos quando se desconhece o objeto, fenômeno e ou
acontecimento em seu entorno, e, diante de tais especificidades do senso comum o
preconceito se cristaliza nas sociedades (CHAUI, 2010, p.273-271).
Utilizando-se de tais argumentos a respeito do senso comum, nos sentimos seguros
em dizer que tais procedimentos de força contrária a ele deva ser inserido dentro do
espaço escolar de modo a desmistificar certas certezas desse senso comum e
assim
reconfigurar
uma
sociedade
com
menos
preconceitos
e
medos,
principalmente do que se convencionou chamar de certo ou errado.
Os
atuais
encaminhamentos
na
formação
docente
visam,
dentre
outras
especificidades, fomentar discussões sobre diversos temas, atuais de preferencia.
Esses encaminhamentos possibilitam uma formação diversificada, favorecendo uma
prática docente coerente com as dinâmicas da sociedade na contemporaneidade.
São atitudes como essa que devem passar a inserir o cotidiano da prática educativa
de formação e construção do conhecimento nas diversas áreas de formação (LIMA1,
LIMA2, SANTANA, 2011, p1). Desse modo, possibilitar que ideias e insights povoem
e sem utilizados como instrumento de construção do conhecimento no espaço
escolar seja uma das tantas alternativas didáticas pedagógicas desenvolvidas por
professoras e professores.
Ressalta-se, no entanto, que para tais ocorrências esse educador esteja aberto a
novas experiências e que estejam com elas em busca de novos métodos, regras,
normas etc. no que tange ao que chamam de rigor científico. Para reforçar esse
nosso pensamento utilizamos as palavras de Barbosa, (BULCÃO 2004, p.52) onde
as autoras dizem que para tal efetividade dessa prática o erro deve ser visto como
elemento contribuinte nessa construção do conhecimento porque devemos afasta-lo
sempre quando da perspectiva da subjetividade. Para as autoras, o erro deve ser
eliminado através de intensa busca pela verdade aonde esse sujeito vai reencontrase e constituir um novo sujeito.
Algumas considerações
Para os Gregos, o conhecimento se faz pela formação de conceitos, que são
verdadeiros enquanto adequados à realidade existente.
Um elemento de importância para a construção do conhecimento é a intuição. Ela
tem essa especificidade por ser o ponto de partida do conhecimento, a possibilidade
da invenção, da descoberta, dos grandes "saltos" do saber humano. Partindo de
uma divisão muito simplificada. Tal como a intuição em termos de importância na
constituição do conhecimento, a razão tem um papel fundamental para estrutura-lo.
Ela é por excelência a faculdade de julgar.
A verdade pode ainda ser entendida como resultado do consenso, enquanto
conjunto de crenças aceitas pelos indivíduos em um determinado tempo e lugar e
que os ajuda a compreender o real e agir sobre ele.
O verdadeiro conhecimento se faz, portanto, pela ligação continua entre intuição e
razão, entre o vivido e o teorizado, entre o concreto e o abstrato.
Partindo desses pressupostos, tem a filosofia um importante papel na formação
intelectual de estudantes. Com ela o aluno e a aluna possibilita rever conceitos
indagando, reconfigurando normas e valores para um entendimento coerente com a
realidade e a sociedade que se insere. Isso porque é a partir dessa sociedade,
sempre em movimento, que se constituem os sujeitos.
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