correlação entre os métodos de avaliação de urina e sua

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CORRELAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE URINA E
SUA IMPORTÂNCIA PARA O DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES DO
TRATO URINÁRIO EM CÃES.
CORRELATION BETWEEN METHODS OF URINE DIAGNOSIS AND
IT IS IMPORTANCE TO THE DIAGNOSIS TO DOG URINARY
INFECTIONS.
PRISCILA PEREIRA¹, WELLINGTON AUGUSTO SINHORINI¹, LUCIANA
WOLFRAN², AMANADA VOLTARELLI GOMES², ALEXANDRE LESEUR DOS
SANTOS⁴ ,MÔNICA KANASHIRO OYAFUSO⁴ .
1 Mestrandos do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal do Paraná – Setor
Palotina
2 Aluna de graduação de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina
3 Medico Veterinário do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina
4 Professor da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina
RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo correlacionar os
resultados de exames de urina e urocultura no diagnóstico de infecção
do trato urinário (ITU). Foram utilizados 52 amostras de urina de cães,
em um intervalo de 12 meses. Observou-se uma correlação significativa
moderada entre a quantificação de bacteriúria com o crescimento na
urocultura. Não houve correlação significativa com a densidade e a
presença de bactéria nos diagnósticos.
PALAVRAS CHAVES: Urinálise, Urocultura, ITU, Bacteriúria
ABSTRACT: The objective of this study was to correlate the urine test
results and urine culture in the diagnosis of urinary tract infection (UTI).
Urine samples of 52 dogs were used, within a 12-month period.
A
considered correlation between quantification of bacteriuria and the
bacteria growth in urine culture was observed. There was no significant
correlation with the specific gravity and the presence of bacteria in the
diagnosis.
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KEY WORDS: Urinalysis, Urine Culture, UTI, Bacteriuria
INTRODUÇÃO: As infecções do trato urinário (ITU) causadas por
bactérias, são causas comuns de doenças em animais de estimação,
sendo frequentes em cães (BARSANTI, 2006).
Geralmente são
causadas por bactérias provenientes da microbiota intestinal, que
ascendem
pelo
trato
urinário
inferior
(Johnson
et
al.
2003).
Eventualmente, fungos e leveduras também podem causar ITUs (BRITO
et al., 2009).
O diagnóstico de ITU pode ser feito pela associação dos sinais
clínicos e da urinálise (GRATORIA et al., 2006). Os sinais clinicos mais
comum são: disúria, polaquiúria, estrangúria, hematúria e incontinência
urinária. Achados no sedimento como piúria, bacteriúria e hematúria são
indicativos de ITU. A identificação de bactérias na urina, apesar de ser
sugestiva, não é sinônimo de infecção, sendo a urocultura necessária
para o diagnóstico definitivo (OSBORNE, 1999).
A interpretação dos exames deve ser feita sempre considerando o
método de coleta (FEITOSA, 2008). A cistocentese é o método de
escolha, pois fornece amostras livres de contaminantes vaginais e
prepuciais (LITTMAN, 2011). Além da esterilidade do material, a
avaliação da amostra é fundamental para um diagnostico fidedigno.
Algumas alterações podem levar a uma falsa interpretação, e
consequentemente um laudo final incorreto e falha no diagnóstico
(HENRY, 2008). Por exemplo, nas infecções urinárias, a presença de
bactérias é maior, podendo ocorrer formação de massas alongadas que
se assemelham a cilindros (GARCIA-NAVARRO, 1996).
A
urina
normal
frequentemente
possui
características
bacteriostática e, algumas vezes, bactericida, dependendo da sua
composição. As altas concentrações de substâncias como a ureia, os
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ácidos orgânicos, carboidratos de baixo peso molecular e as
mucoproteínas previnem as infecções bacterianas. Variações de pH
(ácido) e de densidade específica (urina concentrada) possuem efeito
inibidor do crescimento bacteriano (BARSANTI, 2006).
O presente trabalho buscou correlacionar o resultado da urinálise,
levando em consideração a bacteriúria e a densidade urinária com o
efetivo crescimento de colônias na urocultura, com o objetivo de avaliar
a real presença de ITU em pacientes com bacteriúria.
MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizada análise retrospectiva do exame
de urina e urocultura de 52 cães, fêmeas e machos, em um intervalo
de 12 meses. Todas as amostras foram obtidas por cistocentese. Na
urinálise foi realizada avaliação microscopica do sedimento urinário,
obtendo-se a contagem de bactérias por método semi quantitativo. A
densidade foi determinada por refratometria, considerando isostenúria
(1,015-1,045), hipostenúria (< 1,015) e hiperestenúria (> 1,045). A
Urocultura baseou-se na avaliação qualitativa da urina, com objetivo de
isolar e identificar bactérias presentes na amostra. Para análise
estatística foi utilizado o procedimento de correlação generalizada
através do modelo GENMOD – SAS software e análise descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Utilizando correlações entre densidade
urinária com a urocultura ou com presença de bacteriúria, não houve
significância, demonstrando valores negativos (-0.31). Bailiff et al.,
(2006) relatou a falta
de associação entre diminuição da densidade
urinária e resultado positivo de cultura de urina, porém uma correlação
positiva entre os achados sedimentoscópicos (piúria, bacteriúria e
hematúria) e cultura de urina positiva. De forma semelhante, no
presente trabalho, foi identificado uma correlação significativa moderada
(53%) entre a quantificação da bacteriúria e a urocultura, mostrando que
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quanto maior a presença de bacteriúria, maior as chances de
crescimento na cultura.
A maioria das amostras, 86,5%, apresentou bactérias no
sedimento analisado, e 46% tiveram crescimento de colônias na
urocultura, porém somente 44,2% das amostras foram positivas em
ambos os resultados, concordando com Osborne (1999) que afirma que
outras estruturas podem ser confundidas com bactérias, indicando
portanto, a necessidade da urocultura para confirmação da ITU. Já
Vasconcelos (2012), relatou uma relação significativa entre a presença
de sedimento na urinálise e a confirmação de ITU.
Além disso, os resultados de 28 amostras, foram negativos na
urocultura sendo que destes, 22 (78,57%) foram positivos na urinálise,
porcentagem superior a encontrada por Carvalho (2014), que obteve 12
amostras
sem
crescimento
microbiológico,
e
destas
6
(50%)
apresentaram urinálise compatível com ITU.
Ainda devemos levar em consideração que bactérias possuem
fatores que prejudicam seu desenvolvimento, como nutrição (meio de
cultivo), fatores genéticos (fator de multiplicação), fatores físicos (tipo de
células ou meio de cultivo), fatores químicos (utilização de antibióticos,
antissépticos) e fatores ambientais (temperatura e concentração de íons
hidrogênio) (QUINN et al., 2005), resultando em falsos-negativos.
CONCLUSÃO:
A
utilização
dos
dois
métodos
laboratoriais
demostraram-se válidas para o diagnóstico de ITU em cães. Na amostra
avaliada,
a
densidade
urinária
não
interferiu
nos
diagnósticos
laboratoriais. A correlação significativa moderada entre o exame de
urina e a urocultura (53%) indica que apenas o exame de urina não é
suficiente para confirmar a ITU.
REFERÊNCIAS:
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