consideracoes acerca do uso da tecnologia assistiva - TCC On-line

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE
CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL
Josiane Marina Ornaghi
CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA
ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL
PARA O LESADO MEDULAR
CURITIBA
2009
1
Josiane Marina Ornaghi
CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA
ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL
PARA O LESADO MEDULAR
Monografia apresentada como requisito
parcial para conclusão do Curso de Terapia
Ocupacional, da Faculdade de Ciências
Biológicas e de Saúde, da Universidade
Tuiuti do Paraná.
Orientadora: Professora Mestre Jordane
Schruber
CURITIBA
2009
2
TERMO DE APROVAÇÃO
Josiane Marina Ornaghi
CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA
ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL
PARA O LESADO MEDULAR
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção de grau em Terapia Ocupacional
do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, ____de novembro de 2009.
Profa Ana Luiza Bender Moreira
Curso de Terapia Ocupacional
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: Profª. Mestre Jordane Schruber
Universidade Tuiuti do Paraná/ Curso de Terapia Ocupacional
Banca:
Profª. Ana Luiza Galvão Bender Moreira
Universidade Tuiuti do Paraná/ Curso de Terapia Ocupacional
Profª. Genita Reginatto
Terapeuta Ocupacional
3
Dedico este trabalho a minha amada MÃE, que desde o início de minha
vida mostrou-se guerreira, que por várias vezes renunciou os seus sonhos,
desejos e vontades para realizar os meus, que sonhou meu futuro antes de
mim. A você mãe que me ama através do carinho, apoio, incentivo, oração,
renúncia e sacrifício, a você que nunca deixou de acreditar em mim quando eu
disse que não iria conseguir. A você mãe que me acolheu nos abraços mais
aconchegantes, que me deu força quando me fiz fraca, que foi minha voz
quando a mesma me faltou, que me cobriu com um manto de amor e
felicidade, e que sempre esteve comigo, pronta para enfrentar qualquer medo.
A você que é meu porto seguro, minha fortaleza, minha VIDA. Eu te amo!
E ao meu PAI, que mesmo não estando entre nós, sempre esteve
comigo (memória, saudade e coração), tenho certeza que esta feliz e orgulhoso
da filha e terapeuta ocupacional que acaba de concluir mais uma etapa de sua
vida.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me deu o dom da vida, que me
abençoou com a inteligência, que me deu a graça para lutar e que sempre
esteve ao meu lado.
Ao Adilson (meu padrinho) e Natalina (minha madrinha), que sempre
foram como pais para mim, e me ensinaram que a vida não exige que sejamos
os melhores, mais sim que dediquemos o melhor de nossos esforços para
realizar nossos sonhos.
A minha tia Noemia, ou melhor, tia “Nininha”, e ao tio Wilson, que
sempre ao meu lado incentivaram-me e ajudaram-me na concretização deste
sonho, sem vocês ele não seria possível.
A minha prima Camila (minha mana), que mesmo longe sempre esteve
perto e que nunca hesitou em ajudar-me. Obrigada pelo amor, pelas risadas,
histórias e medos compartilhados e pela cumplicidade.
Ao Patrick, meu namorado, que com paciência entendeu meu stress,
minha ausência e minha distância. Muito obrigada pelos carinhos, pelo
companheirismo, pela compreensão, pelos abraços de conforto, pela força e
principalmente pelo amor.
Aos professores pela transferência de conhecimento, paciência e
compreensão. Em especial a minha professora orientadora Jordane Schruber,
que me orientou na realização deste trabalho, que me auxiliou quando estava
perdida, obrigada pela atenção e dedicação. E com grande carinho a
professora Ana Luiza e a terapeuta ocupacional Genita Reginatto, pela
disposição em me ajudar e pela atenção.
Por fim, porém, não menos importantes, agradeço a todos os meus
amigos que não os cito, por medo de cometer alguma injustiça, esquecendome de algum, que torceram diretamente pelo meu sucesso e pela minha vitória.
5
“Que nossos esforços desafiem as impossibilidades. Lembrai-vos que as
grandes proezas da história foram conquistadas do que parecia impossível.”
(Charles Chaplin)
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 13
2 LESÃO MEDULAR ................................................................................ 16
2.1 CONCEITO.......................................................................................... 16
2.2 CAUSAS .............................................................................................. 16
2.2.1 Congênitas ...................................................................................... 17
2.2.1.1 Malformações abertas .................................................................. 17
2.2.1.2 Malformações fechadas ................................................................ 18
2.2.2 Traumáticas ...................................................................................... 19
2.2.3 Degenerativas .................................................................................. 20
2.2.4 Tumorais........................................................................................... 20
2.2.5 Infecciosas........................................................................................ 21
2.2.5.1 Infecções Virais ............................................................................. 21
2.2.5.2 Infecções Bacterianas ................................................................... 22
2.2.6 Doenças Neurológicas e Sistêmicas ............................................... 22
2.2.7 Doenças Vasculares ........................................................................ 22
2.3 INCIDÊNCIA ........................................................................................ 23
2.4 POPULAÇÃO AFETADA .................................................................... 23
2.5 NÍVEIS DE LESÃO ............................................................................. 23
2.5.1 Exame neurológico .......................................................................... 25
2.5.2 Exame sensitivo ............................................................................... 25
2.5.3 Exame motor .................................................................................... 26
2.6 GRAU DA LESÃO ............................................................................... 29
2.7 SÍNDROMES CLÍNICAS ..................................................................... 30
2.7.1 Síndrome centromedular ................................................................. 30
2.7.2 Síndrome Artéria Espinal Anterior ................................................... 30
2.7.3 Síndrome de Brown-Séquard .......................................................... 30
2.7.4 Síndrome Cordonal Posterior .......................................................... 31
7
2.7.5 Síndrome da Cauda Eqüina ............................................................ 31
2.7.6 Síndrome do Cone Medular ............................................................. 31
2.8 FASES PSICOLÓGICAS .................................................................... 31
2.8.1 Fase de Choque ............................................................................... 32
2.8.2 Fase de Negação ............................................................................. 32
2.8.3 Fase de Reconhecimento ................................................................ 32
2.8.4 Fase de Adaptação .......................................................................... 33
2.9 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES ......................................................... 33
2.9.1 Alterações Respiratórias .................................................................. 34
2.9.2 Disreflexia Autonômica .................................................................... 33
2.9.3 Hipotensão Ortostática ou Hipotensão Postural ............................. 35
2.9.4 Disfunção Intestinal .......................................................................... 35
2.9.5 Disfunção Vesical............................................................................. 36
2.9.6 Disfunção Sexual ............................................................................. 36
2.9.7 Regulação Térmica .......................................................................... 37
2.9.8 Dor .................................................................................................... 37
2.9.9 Espasticidade ................................................................................... 38
2.9.10 Fadiga ............................................................................................. 38
2.9.11 Trombose de Veias Profundas ...................................................... 39
2.9.12 Úlceras de Pressão ........................................................................ 39
2.9.13 Ossificação Heterotópica ............................................................... 40
3 TERAPIA OCUPACIONAL E LESÃO MEDULAR ............................... 41
3.1 CONCEITO.......................................................................................... 41
3.2 O PROFISSIONAL TERAPEUTA OCUPACIONAL ........................... 42
3.3 HISTÓRICO......................................................................................... 43
3.4 RECURSOS TERAPÊUTICOS .......................................................... 47
3.5 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE AGUDA DA LESÃO
MEDULAR ................................................................................................. 50
8
3.6 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE PRÉ-REABILITAÇÃO
DA LESÃO MEDULAR .............................................................................. 52
3.7 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE REABILITAÇÃO DA
LESÃO MEDULAR .................................................................................... 53
3.8 TRATAMENTO DE LESÃO MEDULAR ............................................. 55
3.8.1 Cirurgias de Reconstrução Funcional ............................................. 59
4 TECNOLOGIA ASSISTIVA ................................................................... 63
4.1 CONCEITO.......................................................................................... 63
4.2 OBJETIVOS ........................................................................................ 65
4.3 A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL E A TECNOLOGIA
ASSISTIVA ................................................................................................ 65
4.4 DESIGN UNIVERSAL ......................................................................... 66
4.4.1 Conceito ........................................................................................... 66
4.4.2 Design Universal e Terapia Ocupacional ........................................ 68
4.5 ADAPTAÇÕES .................................................................................... 69
4.5.1 Conceito ........................................................................................... 69
4.5.2 Alteração da tarefa ou método de realizá-la ................................... 70
4.5.3 Adaptação do objeto da tarefa......................................................... 71
4.6 ADAPTAÇÕES PARA ATIVIDADE DA VIDA DIÁRIA ....................... 74
4.6.1 Conceito .......................................................................................... 74
4.6.2 Auto cuidado .................................................................................... 76
4.6.2.1 Alimentação................................................................................... 76
4.6.2.2 Higiene .......................................................................................... 86
4.6.2.3 Vestuário ....................................................................................... 93
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 98
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 100
9
LISTA DE ABREVIATURAS
AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente ....................... 19
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas .............................. 72
ASIA
– American Spinal Injury Association ........................................... 24
AVD
– Atividade de Vida Diária ............................................................ 14
AIVD
– Atividade Instrumental de Vida Diária ....................................... 54
HIV
– Human Immunodeficiency Virus ................................................ 21
HTLV1 – Human T lymphotropic Virus Type 1 ......................................... 21
MIF
– Medida de Independência Funcional ........................................ 54
MMSS – Membros Superiores .................................................................. 55
SNC
– Sistema Nervoso Central ........................................................... 21
TRM
– Traumatismo raquimedular ........................................................ 16
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Classificação Neurológica da Lesão Medular - ASIA ....... 24
TABELA 2 – Escala de Deficiência - ASIA ............................................. 29
TABELA 3 – Nível de lesão X funcionalidade de membros
superiores .................................................................................................. 56
TABELA 4 – Desempenho Funcional nas Atividades de Vida Diária
e Instrumentais de Vida Diária .................................................................. 58
11
RESUMO
CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NO
TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL PARA O LESADO MEDULAR
A lesão medular é considerada uma das mais graves e devastadoras
síndromes incapacitantes, caracterizada por alterações motoras e sensitivas
abaixo do nível da lesão. Este trabalho consiste na demonstração da atuação
do terapeuta ocupacional na reabilitação funcional e promoção da
independência das atividades de vida diária de auto cuidado com enfoque na
alimentação, higiene e vestuário, com o uso de tecnologias assistivas para o
lesado medular. A Terapia Ocupacional tem como objetivo desenvolver novas
capacidades, e aproveitar as funções que se encontram preservadas no
sujeito, promovendo assim sua independência e/ou adaptação à sua nova
condição de vida. O terapeuta ocupacional é o profissional que, tendo tido
formação para analisar a atividade humana em condições típicas ou atípicas de
desenvolvimento é capaz de explorar ao máximo o potencial do indivíduo no
seu desempenho funcional/ocupacional e, por isso mesmo, pode desenvolver,
indicar e aplicar artigos de tecnologia assistiva com a maior competência e
eficácia. A tecnologia assistiva pode realizar muitas tarefas possíveis para
muitos clientes, quando se baseia em fundamentos terapêuticos sólidos, uma
avaliação contínua e abrangente de todas as partes do sistema, uma equipe
interdisciplinar, incluindo o cliente e o prestador de atendimento, tomando as
decisões na seleção das adaptações e um foco sobre as necessidades do
cliente. O terapeuta ocupacional deve propor sugestões de tais recursos
apresentados, orientações em sua prescrição, aquisição, ou até mesmo
confecção, a fim de potencializar a capacidade residual do sujeito.
Palavras-chave: Lesão Medular, Terapia Ocupacional, Tecnologia Assistiva.
12
INTRODUÇÃO
São várias as causas geradoras de comprometimentos motores. Dentre
elas está a lesão medular, que pode ser causada por traumas, patologias
congênitas, tumorais, degenerativas, infecciosas, neurológicas, sistêmicas e
vasculares.
A lesão medular é uma das formas mais graves entre as síndromes
incapacitantes, pois mudanças físicas irreversíveis bloqueiam a capacidade da
pessoa em realizar suas necessidades primordiais.
Define-se lesão medular por rompimento completo ou incompleto dos
tratos nervosos, responsáveis pela transmissão, modificação e coordenação
motora e/ou sensorial, e no controle autônomo do sistema de órgãos. As lesões
completas se caracterizam pela ausência de função motora e/ou sensorial
abaixo do nível das lesões enquanto que as incompletas apresentam a função
medular parcial ou completamente intacta podendo comprometer vários
segmentos neurológicos. Esses rompimentos acarretam seqüelas motoras que
são classificadas em tetraplegia (paralisia dos membros superiores, membros
inferiores e tronco) ou paraplegia (paralisia dos membros inferiores).
A Terapia Ocupacional é a profissão da saúde responsável pela melhora
ou resgate da qualidade do desempenho ocupacional do sujeito, sendo
extremamente importante no processo de reabilitação. Vale lembrar que
segundo PEDRETTI (2005), desempenho ocupacional é a maneira como o
indivíduo realiza suas tarefas do cotidiano. Cabe ao terapeuta ocupacional
tornar o sujeito funcional em suas atividades de vida diária, trabalho e lazer,
restaurando seus componentes de desempenho como capacidade sensorial,
motora e habilidades psicossociais, dentro de seu contexto temporal e
ambiental e possibilitando que os papéis ocupacionais do sujeito sejam
cumpridos. Este profissional utiliza como recurso terapêutico o “fazer”
analisado e programado para cada paciente em sua individualidade.
Considerando o objetivo do trabalho do terapeuta ocupacional que
mantém sempre como meta a capacidade funcional do sujeito de maneira a
favorecer sua qualidade de vida, buscou-se compreender melhor como se dão
13
as perdas das capacidades funcionais intrínsecas do sujeito acometido das
seqüelas de uma lesão medular.
Para que o sujeito tenha uma maior independência funcional, pode-se
utilizar alguns recursos para auxiliá-lo em sua funcionalidade, os quais são
descritos como tecnologia assistiva. Segundo BERSCH (2009) a tecnologia
assistiva é qualquer item, peça de qualquer equipamento ou sistema de
produção que pode ser comprado, modificado ou feito sob medida com o
objetivo de manter, aumentar ou melhorar as habilidades funcionais de uma
pessoa com limitações.
A tecnologia assistiva tem o intuito de compensar as capacidades
ausentes ou deficientes, e por meio destas os lesados medulares administram
uma variedade de atividades de vida diária (AVD) e participam da vida com
mais independência.
A Terapia Ocupacional tem como desígnio estimular e promover a
máxima autonomia e independência nas atividades de vida diária, tendo como
foco principal reinserir o indivíduo na sociedade de forma independente, porém,
respeitando suas limitações.
O papel da Terapia Ocupacional é de extrema relevância no tratamento
de reabilitação, pois é o terapeuta ocupacional que irá intervir na rotina do
indivíduo, orientando, prescrevendo, confeccionando e treinando métodos
adaptados ou facilitadores que poderão ser utilizados para atingir um melhor
resultado funcional, aumentando a segurança e maximizando a independência
do paciente na realização das atividades de vida diária – auto cuidado:
alimentação, higiene e vestuário, garantindo assim uma maior qualidade de
vida.
Esta pesquisa tem como objetivos, contribuir para o acervo bibliográfico
específico da área; demonstrar por meio da revisão de literatura a necessidade
do terapeuta ocupacional para reabilitar o paciente lesado medular; confirmar a
importância da tecnologia assistiva no processo de reabilitação com enfoque
para as atividades de vida diária – auto cuidado: alimentação, higiene e
vestuário e comprovar que a Terapia Ocupacional na reabilitação é o caminho
que facilita e estimula o lesado medular a reaprender acerca das funções
perdidas e a obter a maior independência possível no resgate à vida produtiva
de forma íntegra.
14
Este trabalho será dividido em três capítulos, sendo o primeiro destinado
à lesão medular, o segundo voltado para a Terapia Ocupacional e o terceiro irá
mostrar o uso da tecnologia assistiva como facilitador para as atividades de
vida diária enfocando o auto cuidado no que diz respeito à alimentação, higiene
e vestuário.
15
2.0 LESÃO MEDULAR
2.1 CONCEITO
A medula espinhal é a via de comunicação das informações motoras e
sensitivas entre o cérebro e os órgãos periféricos efetores. É formada por tratos
longitudinais (substância branca) circundando áreas centrais (substância
cinzenta), onde se encontra a maioria dos corpos celulares dos neurônios
espinhais. A substância cinzenta é organizada em segmentos, abrangendo os
neurônios motores e sensitivos. Os axônios dos neurônios sensitivos penetram
na medula, enquanto os dos neurônios motores a deixam através de vias
nervosas segmentares ou raízes nervosas. Tais raízes são numeradas e
nomeadas de acordo com o forame vertebral através do qual penetram ou
deixam a coluna. (GREVE In: GREVE, 2001).
A lesão medular é uma das formas mais graves entre as síndromes
incapacitantes, constituindo-se em um verdadeiro desafio à reabilitação. Tal
dificuldade decorre da importância da medula espinhal, que não é apenas uma
via de comunicação entre as diversas partes do corpo e o cérebro, como
também um centro regulador que controla importantes funções. (LIANZA In:
LIANZA, 2001).
O traumatismo raquimedular (TRM) é um insulto traumático da medula
que pode resultar em alterações das funções motoras, sensoriais e
autonômicas. (STAAS In: DeLIZA e GANS, 2002).
Os efeitos do TRM têm impacto não somente na vida do paciente e de
sua família, mas também em toda a sociedade. O TRM geralmente ocorre em
pessoas ativas, independentes, que em um determinado momento têm controle
sobre suas vidas e no momento seguinte estão paralisadas. (ATRICE In:
UMPHRED, 2004).
2.2 CAUSAS
As estatísticas mundiais revelam que anualmente, a cada 1 milhão de
pessoas, 40 a 50 sofrem lesão da medula espinhal. (SAURON In:
CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
16
Segundo TARICCO In: GRAVE (2001), podemos classificar as patologias
que comprometem a medula espinhal em:
Congênitas
Traumáticas
Degenerativas
Tumorais
Infecciosas
Doenças Neurológicas e Sistêmicas e
Doenças Vasculares
2.2.1 Congênitas
As anomalias congênitas da medula espinhal estão associadas às falhas
de desenvolvimento de estruturas medianas e são as causas mais freqüentes
das anomalias congênitas do sistema nervoso central. Podem ser classificadas
em abertas ou fechadas: (TARICCO In: GREVE, 2001).
2.2.1.1 Malformações abertas
Mielósquise: o tubo neural está totalmente aberto no local da
malformação, sem nenhuma meninge. É bastante comum o déficit neurológico
completo abaixo do nível da lesão. (TARICCO, op. cit.).
Meningocele: lesão cística coberta pelas meninges, contendo somente
líquido, sendo tecido nervoso. Corresponde a 10% das patologias espinhais
abertas e poucas vezes está associada com hidrocefalia ou outra anormalidade
do sistema nervoso central. (TARICCO, op. cit.).
Mielomeningocele: a forma mais habitual das anomalias abertas do tubo
neural. É uma massa cística, mediana posterior, aparente ao nascimento,
contendo liquor, meninges, medula espinhal malformada e raízes nervosas. A
hidrocefalia está presente em 90% dos casos. Em 100% existem malformações
de Chiari (invaginação da tonsila cerebelar pelo forame magno). (TARICCO,
op. cit.).
17
2.2.1.2 Malformações fechadas
Costumam manifestar-se com deterioração neurológica na infância e
mais raramente na fase adulta e passa a ser conhecida como síndrome da
medula estirada. (TARICCO, op. cit.). Abaixo serão descritas.
Espessamento do Filum Terminale: qualquer tipo de malformação
espinhal pode estar associado com o espessamento do filum terminale e
conseqüentemente estiramento da medula, tracionando o cone medular para
níveis mais baixos de L1-L2. (TARICCO, op. cit.).
Lipomeningocele: cerca de 90% das ocorrências estão localizadas na
região lombossacra, em geral aparente ao nascimento como uma massa
subcutânea, macia e indolor, sem nenhuma alteração neurológica, de inicio,
mas podendo vir a tê-lo com o passar do tempo. (TARICCO, op. cit.).
Diastematomielia: Divisão longitudinal da medula espinhal por osso,
cartilagem ou septo fibroso. Tem maior incidência na região lombar e
predomina no sexo feminino. (TARICCO, op. cit.).
Cistos Dermóide, Epidermóide e Teratomos: são lesões que se
estendem desde a porção interna da epiderme até a coluna, propiciando uma
comunicação entre a pele e o espaço subdural. Em alguns casos pode
manifestar-se com meningite. Os cistos dermóides são os mais freqüentes,
depois os epidermóides e, por último, os teratomos. (TARICCO, op. cit.).
Mal formação de Chiari: anomalia da porção caudal do encéfalo,
caracterizado por deslocamento de parte do cérebro (as tonsilas) para o canal
cervical, eventualmente acompanhado de partes do bulbo e do IV ventrículo.
Em 1891, Hans Chari, descreveu e classificou quatro tipos de anomalias do
neuroeixo na região da transição craniovertical.
Tipo I: herniação das tonsilas cerebrais pelo forame magno.
Tipo II: herniação das tonsilas cerebelares, verme cerebelar, IV
ventrículo pelo forame magno.
Tipo III: herniação do tronco cerebral e porção do cérebro associado à
hidrocefalia cervical.
Tipo IV: hipoplasia cerebelar, não havendo deslocamento caudal do
tronco encefálico.
18
A malformação de Chiari I pode estar vinculada a outras anomalias como:
Siringomielia;
Escoliose;
Invaginação basilar;
Síndrome de Klippel Feil.
A malformação de Chiari II está presente em todos os portadores de
mielomenigocele e 90% deles têm hidrocefalia. (TARICCO, op. cit.).
2.2.2. Traumáticas
Na estatística realizada pela Associação de Assistência à Criança
Deficiente (AACD), de São Paulo, a lesão traumática é a mais freqüente (86%),
destacando-se:
Ferimento por arma de fogo (45%)
Acidentes de transporte – automóveis, motocicletas, bicicletas e
atropelamento (30%)
Quedas (13%)
Mergulho (10%)
Outros traumas (2%). (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
Quando a lesão traumática, ou seja, de instalação brusca, provoca o quadro
conhecido como CHOQUE MEDULAR (cuja duração varia de dias a meses:
em média 3 semanas), caracterizado por: paralisia flácida e anestesia abaixo
do nível da lesão, arreflexia vesical, intestinal e genital. Nas lesões nãotraumáticas, de instalação lenta, as manifestações surgem de forma
progressiva não provocando geralmente a supressão dos impulsos ativadores
supra-segmentares, que determinam o choque medular. (SAURON In:
CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
A ausência das atividades reflexas, como o reflexo bulbocavernoso,
cremastérico e contração do esfíncter anal indicam o fim do choque medular. A
ausência do retorno da motricidade ou sensibilidade abaixo do nível da lesão,
após o choque medular, é indicativo de lesão irreparável. (TARICCO In:
GREVE, 2001).
19
2.2.3 Degenerativas
A espondilose cervical degenerativa consiste no comprometimento dos
discos invertebrados, ossos e articulações da coluna vertebral. Na maioria dos
casos,
tais
alterações
são
assintomáticas,
mas,
em
outros,
podem
comprometer a medula espinhal e raízes. As alterações degenerativas
propiciam diminuição do diâmetro ântero-posterior do canal raquiano e, em
pacientes com dimensões menores do canal, vão provocar quadro clínico de
compressão
medular.
hipermovimentação
da
As
alterações
coluna
cervical,
podem
com
ser
exarcebadas
microtraumas
pela
medulares,
resultando na compressão de tratos longos ou isquemia por compressão de
vasos intramedulares. (TARICCO In: GREVE, 2001).
2.2.4 Tumorais
A medula espinhal pode ter sua função comprometida por tumores
próprios do sistema nervoso central, como o dos tecidos adjacentes. Conforme
a localização anatômica dos tumores eles podem ser classificados:
Tumores da Coluna Vertebral
Primários
Cordoma
Osteossarcoma
Tumores de células gigantes
Hemangioma
Mieloma.
Secundários
Metastáticos
Tumores Extradurais
Linfoma
Melanoma
Tumores Intradurais, Extramedulares
20
Meningioma
Schwannoma
Neurofibroma
Melanoma
Carcinoma metastático.
Tumores Intramedulares
Astrocitomas
Ependinomas
Gangliomas
Carvernomas. (TARICCO In: GREVE, 2001).
2.2.5 Infecciosas
As infecções do SNC têm aumentado de freqüência, mesmo nos países
mais desenvolvidos, em razão dos pacientes imunossuprimidos, daqueles com
AIDS, dos transplantados. A via mais comum é a hermatogênica, porém, a
medula pode ser comprometida por infecções adjacentes; como, osteomielite,
meningites; causando mielites, radiculopatias ou abscessos. (TARICCO In:
GREVE, 2001).
2.2.5.1 Infecções Virais
Poliovírus (Poliomielite): acomete os neurônios do corno anterior,
causando déficit motor sem comprometimento sensitivo.
Herpes Zóster: com afinidade pelo gânglio sensitivo dorsal.
HTLV-1 (Mielopatia Espástica Tropical): predomínio da medula torácica,
comprometimento principalmente da coluna posterior e o trato
corticoespinhal.
HIV: a invasão do sistema nervoso acontece na fase inicial da doença.
(TARICCO, op. cit.).
21
2.2.5.2 Infecções Bacterianas
Abscessos Epidurais: podem ter origem hematogênica ou direta, por
meio de infecções prévias das vértebras ou do tórax, abdome ou pelve.
Sendo os primeiros sinais clínicos a dor e a alteração motora e sensitiva
por compressão medular e radicular. Os portadores desta patologia
podem evoluir para o choque medular, surgindo o comprometimento
vascular da medula.
Tuberculose: muitas vezes é a primeira manifestação da doença. A
compressão medular secundária à tuberculose vertebral é a forma mais
comum. (TARICCO In: GREVE, 2001).
2.2.6 Doenças Neurológicas e Sistêmicas
Esclerose Múltipla: costuma comprometer principalmente medula
espinhal,
nervo
óptico
e
tronco
cerebral,
caracterizada
por
desmielinização multifocal.
Esclerose Lateral Amiotrófica: neurodegenerativa progressiva que
compromete
o
neurônio
motor,
em
especial
os
do
tracto
corticoespinhal.
Doenças Reumáticas: atinge primeiro o sistema musculoesquelético,
no qual a coluna vertebral exerce importante papel. A coluna é
vulnerável a sinovites, com granulações inflamatórias, resultando em
instabilidade com subluxação e estreitamento do canal. (TARICCO
In: GREVE, 2001).
2.2.7 Doenças Vasculares
A maioria dos quadros isquêmicos medulares são conseqüentes à
patologias traumáticas ou degenerativas da coluna vertebral com compressão
vascular. Pode haver isquemia medular em cirurgias da aorta. Mas existem
patologias vasculares, que são as malformações vasculares. As malformações
22
vasculares medulares podem ser extradurais (85%) ou intradurais que são as
mais raras (15%). (TARICCO In: GREVE, 2001).
2.3 INCIDÊNCIA
A incidência nacional anual de casos de TRM com hospitalização é de
30 a 40 por milhão. A prevalência nacional é de 183.000 a 230.000. (STAAS In:
DeLIZA e GANS, 2002).
Pode-se supor que de 5 a 6 mil pessoas por ano apresentam esse grave
comprometimento neurológico. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
2.4 POPULAÇÃO AFETADA
A população mais afetada é jovem e do sexo masculino. Levantamento
estatístico realizado pela equipe de lesão medular da AACD no ano de 2000
mostra que a média de idade dessa população é de 30 anos, 80% da qual
corresponde ao sexo masculino. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
Cinqüenta e seis porcento das lesões medulares ocorrem em pessoas
entre 16 e 30 anos de idade, sendo que a média de idade é de 21,7 anos e a
idade mais comum é de 19 anos. O número de pessoas com mais de 60 anos
na época da lesão aumentaram de 4,7% na década de 1970 para 9,7 em 1990.
Essa tendência explica o aumento na média de idade de 27,9 anos para 33,1
anos durante esse mesmo período. (ATRICE In: UMPHRED, 2004).
2.5 NÍVEIS DE LESÃO
Tetraplegia: este termo indica diminuição ou perda da função motora
e/ou sensitiva nos segmentos cervicais da medula espinhal decorrentes de
lesão dos elementos neurais internos do canal medular. A tetraplegia acarreta
diminuição da função nos membros superiores, bem como no tronco, membros
inferiores e órgãos pélvicos. Este termo não abrange lesões do plexo braquial
ou de nervos periféricos localizados fora do canal medular. (GREVE In: GREVE
e AMATUZZI, 2001).
23
Paraplegia: este termo indica diminuição ou perda da função motora
e/ou sensitiva nos segmentos torácico, lombar ou sacral (exceto o segmento
cervical) da medula espinhal, decorrentes de distúrbios dos elementos neurais
internos do canal medular. Na paraplegia, a função dos membros inferiores e
órgãos pélvicos podem estar envolvidos. O termo paraplegia também é
utilizado para as lesões da cauda eqüina e do cone medular, porém, não deve
ser utilizado em lesões do plexo braquial ou de nervos periféricos fora do canal
medular. (GREVE, op. cit.).
Os termos paraparesia e quadriparesia, usados no passado para
descrever lesões incompletas, não deverão mais ser empregados. (ATKINS In:
TROMBLY e RADOMSKI, 2005).
O nível da lesão é determinado pelo segmento caudal da medula com
funções motora e sensitiva normais, em ambos os lados do corpo. A American
Spinal Injury Association (ASIA) padronizou a classificação da lesão medular
utilizando o músculo chave para determinar o nível motor (Tabela 01) e o ponto
chave de sensibilidade para definir o sensitivo. (SAURON In: CAVALCANTI e
GALVÃO, 2007).
Tabela 01 – Classificação Neurológica da Lesão Medular – ASIA
Raiz
Musculatura-chave
C5
Flexão de Cotovelo – Bíceps Braquial
C6
Extensão de Punho – Extensor Radial do Carpo
C7
Extensão de Cotovelo – Tríceps Braquial
C8
Flexão de Dedos – Flexor Profundo dos Dedos
T1
Adução de Dedos – Adutor do 5º Dedo
L2
Flexão de Quadril – Iliopsoas
L3
Extensão de Joelho – Quadríceps
L4
Dorsiflexão de Tornozelo – Tibial Anterior
L5
Extensão do Hálux – Extensor Longo do Hálux
S1
Flexão Plantar de Tornozelo – Tríceps Sural
(SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
24
2.5.1 Exame Neurológico
É obrigatório que no exame neurológico sejam determinados os níveis
motor, sensitivo e neurológico. Determinar de maneira precisa e correta todos
esses níveis é crítico para que se tenha uma visão clara da função sensitivomotora comprometida e preservada do paciente com a lesão medular. Os
resultados permitem a caracterização da lesão medular como completa ou
incompleta, o estabelecimento do programa terapêutico mais adequado e de
um prognóstico inicial. (GREVE In: GREVE, 2001).
O exame neurológico para determinar os níveis neurológico, motor e
sensitivo deve contar de:
Análise dos pontos sensitivos em cada um dos 28 dermátomos à
direita e 28 dermátomos à esquerda; e
Análise da força muscular em 10 miótomos à direita e 10
miótomos à esquerda do corpo humano.
Quando algum ponto sensitivo ou músculo não pode ser testado, não
são considerados na classificação final do nível da lesão. (GREVE, op. cit.).
2.5.2 Exame Sensitivo
O exame sensitivo completo é realizado por meio do teste de pontochave em cada um dos 28 dermátomos do lado direito e do lado esquerdo. Em
cada um destes pontos, faz-se o exame sob dois aspectos: o toque
(sensibilidade tátil) e o exame com agulha (sensibilidade dolorosa),
classificados em uma escala de três pontos: (GREVE In: GREVE, 2001).
0 = Inexistente.
1 = Sensibilidade parcial ou alterada, incluindo hiperestesia.
2 = Normal.
NT = Não testável.
O teste de sensibilidade à agulha é efetuado com material de uso regular
e descartável, enquanto o teste de sensibilidade ao toque é feito com algodão.
No exame com agulhas, a incapacidade de distinguir o toque de ponta fina é
25
graduado com zero. Os pontos a seguir devem ser testados bilateralmente no
exame sensitivo. (Fig. 01)
C2: Protuberância occipital.
C3: Fossa supraclavicular.
C4: Articulação acromioclavicular.
C5: Porção lateral da fossa antecubital.
C6: Polegar.
C7: Dedo médio.
C8: 5º dedo.
T1: Face ulnar da fossa antecubital.
T2: Ápice da axila.
T3: Terceiro espaço intercostal.
T4: Quarto espaço intercostal.
T5: Quinto espaço intercostal (metade entre T4 e T6)*.
T6: Sexto espaço intercostal (metade entre T5 e T7)*.
T7: Sétimo espaço intercostal (metade entre T6 e T8)*.
T8: Oitavo espaço intercostal (metade entre T7 e T9)*
T9: Nono espaço intercostal (metade entre T8 e T10)*.
T10: Décimo espaço intercostal (umbigo)*.
T11: Décimo primeiro espaço intercostal (metade entre T10 e T12)*.
T12: Ligamento inguinal (ponto médio).
L1: Metade entre T12-L2.
L2: Parte média da porção anterior da coxa.
L3: Côndilo femoral medial.
L4: Maléolo medial.
L5: Dorso do pé, na 3ª articulação metatarsofalangeana.
S1: Face lateral do calcanhar.
S2: Linha média da fossa poplítea.
S3: Tuberosidade isquiática.
S4-5: Região perianal.
* Linha hemiclavicular.
2.5.3 Exame Motor
Faz-se o exame motor obrigatório pelo teste de músculos-chave em
cada lado do corpo nos 10 miótomos, em seqüência craniocaudal. (GREVE In:
GREVE, 2001).
A escala utilizada compõe-se de seis graus: (GREVE In: GREVE, 2001).
26
0 = Paralisia total.
1 = Contração palpável ou visível.
2 = Movimentação ativa, amplitude de movimento total, sem ação da força da
gravidade.
3 = Movimentação ativa, total amplitude de movimento contra a força da gravidade.
4 = Movimentação ativa normal, total amplitude de movimento contra resistência
moderada.
5 = Movimentação ativa normal, total amplitude de movimento contra grande
resistência.
NT = Não testável.
A avaliação motora deve ser realizada em posição supina utilizando-se
músculos facilmente testáveis e inervados pelos segmentos indicados a seguir.
(Figura 01): (GREVE, op. cit.).
C5: Flexores do ombro (m. bíceps, m. braquial)
C6: Extensores do punho (m. extensor longo do carpo e m. extensor curto do carpo).
C7: Extensores do cotovelo (m. tríceps)
C8: Flexores dos dedos (m. flexores profundos dos dedos) até o 3º dedo
T1: Abdutores do 5º dedo (m. abdutor do 5º dedo)
L2: Flexores do quadril (m. iliopsoas)
L3: Extensores do joelho (m. quadríceps)
L4: Dorsiflexores do tornozelo (m. tibial anterior)
L5: Extensores longos dos dedos (m. extensor longo do hálux).
S1: Flexores plantares do tornozelo. (m. sóleo, m. gastrocnêmio).
Para a classificação da lesão como completa ou incompleta também é
importante o exame do esfíncter anal externo, baseado nas suas contrações ao
redor do dedo do examinador, após estimulação ao toque retal. (GREVE, op.
cit.).
27
Figura 01 – Classificação neurológica padrão de lesões na medula espinhal (Cortesia da
American Spinal Injury Association – ASIA, 1992). (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004).
28
2.6 GRAU DA LESÃO
Completa: a lesão medular é considerada completa quando há ausência
de função motora e sensitiva nos miótomos e dermátomos inervados pelos
segmentos sacrais da medula. O comprometimento de todas as estruturas
medulares no plano horizontal dá lugar ao quadro clínico conhecido como
síndrome medular transversa. (LIANZA In: LIANZA, 2001).
Incompleta: a lesão se define como incompleta quando há preservação
da função motora e/ou sensitiva abaixo do nível neurológico, incluindo os
segmentos sacrais. Neste caso são lesados somente alguns dos feixes
longitudinais e/ou a substância cinzenta. Dependendo das estruturas nervosas
comprometidas, teremos uma grande variedade de síndromes transversas
incompletas. (LIANZA, op. cit.).
Cabe ressaltar que, nas lesões completas, alguns dermátomos e
miótomos caudais à lesão podem permanecer parcialmente inervados, dando
lugar à zona chamada de preservação parcial. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
A ASIA, baseando-se na Classificação de Frankel, elaborou a Escala de
Deficiência ASIA, especificando o grau de comprometimento sensitivo-motor
provocado pela lesão medular (Tabela 02). (CASALIS, op. cit.)
Tabela 02 – Escala de Deficiência – ASIA
A. Completa
Ausência de função sensitivo-motora nos segmentos sacrais.
B. Incompleta
Há função sensitiva abaixo do nível de lesão, incluindo os
dermátomos sacrais, porém não há função motora.
C. Incompleta
Há função motora abaixo no nível de lesão, incluindo os
dermátomos
sacrais,
e
a maioria
dos músculos-chave
localizados abaixo da lesão tem grau muscular inferior a três.
D. Incompleta
Há função motora abaixo do nível de lesão, incluindo os
dermátomos
sacrais,
e
a maioria
dos músculos-chave
localizados abaixo da lesão tem grau muscular superior a três.
E. Normal
As funções sensitivas e motoras são normais.
(SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
29
2.7 SÍNDROMES CLÍNICAS
Algumas lesões incompletas têm um quadro clínico distinto com sinais e
sintomas específicos. O conhecimento das síndromes pode ser útil à equipe do
paciente para elaborar o programa de reabilitação. (ATRICE in: UMPHRED,
2004). A seguir a autora passará a descrevê-las.
2.7.1. Síndrome Centromedular
Lesões por hiperextensão geralmente resultam em uma síndrome
centromedular. Essa lesão causa sangramento na substância cinzenta central
da medula espinhal, resultando em mais deficiência da função nas
extremidades superiores do que as extremidades inferiores. A maioria das
lesões incompletas resulta nessa síndrome. Aproximadamente 77% dos
pacientes com síndrome centromedular alcançarão a função deambulatória,
53% do controle do intestino e da bexiga e 42% alcançarão a função da mão.
(ATRICE In: UMPHRED, 2004).
2.7.2 Síndrome da Artéria Espinal Anterior
Essa síndrome geralmente é causada pelas lesões por flexão na qual
espículas comprometem a artéria espinal anterior. A função motora e a
sensação de temperatura elevada ou de dor são perdidas de forma bilateral
abaixo do segmento lesionado. O prognóstico é extremamente fraco para o
retorno da função do intestino e da bexiga, da função da mão e deambulação.
(ATRICE In: UMPHRED, 2004).
2.7.3 Síndrome de Brown-Séquard
A síndrome de Brown-Séquard ocorre quando apenas um lado da
medula é lesado, como numa lesão penetrante ou por arma de fogo. Abaixo do
nível da lesão há uma paralisia motora e perda de propriocepção no lado
epsilateral, bem como perda de sensação de dor, temperatura e toque no lado
contralateral. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004).
30
2.7.4 Síndrome Cordonal Posterior
A síndrome cordonal posterior é muito rara, resultando da compressão
por tumor ou infarto da artéria espinal posterior. Clinicamente, a propriocepção,
a estereognosia, a discriminação de dois pontos e a sensação de vibração são
perdidas abaixo do nível da lesão. (ATRICE In: UMPHRED, 2004).
2.7.5 Síndrome da Cauda Eqüina
As lesões de cauda eqüina afetam os nervos periféricos ao invés de
comprometer diretamente a medula espinhal. Como os nervos periféricos têm
uma capacidade de regeneração que a medula espinhal não tem, há um
melhor prognóstico para recuperação. Padrões de déficits sensoriais e motores
são altamente variáveis e assimétricos. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY,
2004).
Essa lesão resulta em paralisia flácida sem atividade reflexa medular
presente. (ATRICE In: UMPHRED, 2004).
2.7.6 Síndrome do Cone Medular
A lesão da medula sacral e das raízes nervosas lombares dentro do
canal neural resulta em um quadro clínico de perda motora e sensorial na
extremidade inferior e arreflexia da bexiga e do intestino. (ATRICE In:
UMPHRED, 2004).
2.8 FASES PSICOLÓGICAS
As mudanças físicas e as limitações provocadas pela lesão medular
ocasionam conflitos relacionados com a imagem corporal que, abalada, afeta a
estrutura emocional do paciente. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
Esquematicamente, as mudanças comportamentais decorrentes da
lesão podem ser divididas em quatro fases bem definidas, que devem ser
reconhecidas pelos integrantes da equipe de reabilitação e pelos familiares,
31
pois a evolução do paciente dependerá também do correto comportamento de
ambos em cada uma dessas fases. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO,
2007).
2.8.1 Fase de Choque
O paciente entra num estado de confusão mental, no qual não consegue
perceber a magnitude do acontecido, sente a sensação de que seu mundo
partiu, fica perplexo, em estado de choque emocional, podendo tornar-se
desorientado intratável, errático, confuso e com distúrbios da percepção. Nessa
fase ele interrompe seu vínculo com o mundo exterior, numa tentativa
inconsciente de proteger a sua imagem corporal, mantendo-a íntegra.
(MACHADO, 2009)
2.8.2 Fase de negação
O paciente percebe a sua situação de maneira distorcida, em
decorrência de suas dificuldades para aceitá-la, tentando manter assim a sua
imagem corporal antiga. Esta fuga da realidade evita que ele entre em estado
de depressão e/ou ansiedade, posto que cria uma espécie de casulo ou
carapaça, fazendo com que reaja de forma regressiva e aceite as orientações
da equipe de maneira passiva, sem nenhuma iniciativa. As reações observadas
nessa fase são: raiva, ansiedade, depressão, sentimento de culpa, que podem
ser manifestados abertamente, através de crise de choro, ou, veladamente sob
a fachada de autocontrole emocional. (MACHADO, 2009)
2.8.3 Fase de Reconhecimento
Em geral é observada na época do tratamento no centro de reabilitação,
aflorada pelo contato com outros pacientes. O convívio com outros pacientes
favorece o processo de conscientização, porém, em alguns casos podem
desencadear momentos de depressão, apatia, revolta e até idéias suicidas.
(SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
32
Superadas as crises existenciais, ele começa a se recuperar dos
aspectos negativos da mudança, passando a examinar os problemas relativos
à possível necessidade de adaptação em seu ambiente domiciliário, por
exemplo. O sentimento de dor diminui e dá margem à emergência de alguma
esperança no futuro, passando a se ocupar em aprender coisas novas e
adquirir mais conhecimento e experiência. (MACHADO, 2009).
2.8.4 Fase de Adaptação
Caracteriza-se pela conscientização dos recursos psíquicos, o paciente
reestrutura sua auto-imagem e recupera sua auto-eficiência, dentro dos limites
impostos pela lesão medular. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
O paciente substitui o que perdeu e começa um processo de valorização
dos novos elementos, testando sua natureza e seus limites. (MACHADO,
2009).
Cabe ressaltar que nem todos os pacientes “passam” por essas fases
seqüencialmente assim como alguns podem “estacionar” em uma delas, não
atingindo, por exemplo, a fase de adaptação. Essa situação está muito mais
vinculada às características de personalidade do paciente e sua estrutura
familiar e independe da “qualidade” do tratamento de reabilitação física e da
condição sociocultural do paciente. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO,
2007).
2.9 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES
A disfunção de diversos aparelhos e sistemas, secundária às alterações
motoras, sensitivas e autonômicas decorrentes da lesão medular, pode
provocar sérias complicações que, quando não prevenidas ou precocemente
detectadas, podem ocasionar limitações graves e pode também levar o
paciente a óbito. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
33
2.9.1 Alterações Respiratórias
Os pacientes com lesão medular tem em maior ou menor grau, variável
com o nível de lesão, comprometimento da musculatura respiratória, causando
hipoventilação pulmonar, que pode ser agravada por lesões pulmonares ou
torácicas, sendo a maior causa de mortalidade dos pacientes durante a fase
aguda. (LIANZA In; LIANZA, 2001).
Paralisia aguda da musculatura respiratória decorre de lesões torácicas
ou cervicais altas, que causam queda abrupta da capacidade vital, levando
rapidamente o paciente a hipercapnia (aumento do dióxido de carbono no
sangue) e exigindo cuidados urgentes para sanar a inadequação do paciente
ao estado de insuficiência respiratória. (LIANZA In: LIANZA, 2001).
Lesões acima de C4 causam paralisia diafragmática (lesão do nervo
frênico) capazes de provocar atelectasia, infecção pulmonar e morte súbita
durante o sono. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
Lesões abaixo de C4 preservam função diafragmática, porém, provocam
paralisia da musculatura intercostal, levando à diminuição da capacidade viral e
infecção. (CASALIS, op. cit.).
2.9.2 Disreflexia Autonômica
A disreflexia autonômica é caracterizada pela elevação da pressão
arterial da ordem de 100 a 200mm Hg sistólico e 50 a 100mm Hg diastólico.
(FREED In: KOTTKE e LEHMANN, 1994).
É causada pela ação reflexa do sistema nervoso autônomo em resposta
a algum estímulo, como bexiga distendida, massa fecal, irritação da bexiga,
manipulação do reto, estímulo térmico ou doloroso ou distensão visceral.
(ADLER In: PEDRETTY e EARLY, 2005).
Os sintomas são cefaléia, diminuição do pulso, ruborização e sudorese
da face, congestão nasal. Há a possibilidade de convulsões e hemorragia
cerebral com morte. (FREED, op. cit.).
34
2.9.3 Hipotensão Ortostática ou Hipotensão Postural
Sabemos que as mudanças posturais em pessoas normais se
acompanham de alterações na pressão arterial e no tônus vascular, sendo o
sistema nervoso autônomo responsável por tais modificações. Essas
alterações visam manter as condições hemodinâmicas em níveis aceitáveis.
(LIANZA In: LIANZA, 2001).
As alterações vistas durante o ortostatismo se desenvolvem mais
comumente devido à estase sanguínea nos membros inferiores e à
vasoconstrição ineficaz secundária à resposta autonômica alterada. (STAAS,
In: DeLIZA e GANS, 2002).
A hipotensão ortostática é agravada por permanência prolongada no
leito. Quando o paciente tenta sentar-se, o sangue flui rapidamente para as
pernas. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005)
Os sintomas são: visão turva, vertigem, fraqueza, zumbidos, taquicardia,
cefaléia e, às vezes, formigamento. (LIANZA In: LIANZA, 2001).
Nos pacientes portadores de lesões abaixo de T5, as mudanças bruscas
de decúbito não provocam manifestações tão evidentes. (LIANZA, op. cit.).
2.9.4 Disfunção Intestinal
Como efeito da lesão medular, há diminuição ou abolição do
peristaltismo acompanhada de retenção fecal, devido à atonia de todo aparelho
gastrointestinal. Essas alterações podem levar ao aumento do volume das
vísceras intestinais, acarretando assim na diminuição da excursão do
diafragma, acentuando as dificuldades respiratórias. (LIANZA in: LIANZA,
2001).
O intestino neurogênico provoca alterações que são percebidas desde a
fase aguda pelo íleo adinâmico, caracterizado por distensão abdominal e
obstipação. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
Segundo CASALIS (2003) o objetivo do treinamento intestinal é
recuperar o ritmo de evacuação a cada 24 ou 48 horas, em horários prédeterminados, evitando a formação de fecalomas e permitindo a retomada do
convívio social.
35
2.9.5 Disfunção Vesical
A micção é controlada por centros supra-espinhais situados no córtex
cerebral, núcleos da base e cerebelo, que agem coordenando e mantendo o
centro reflexo medular da micção, situado nos níveis S2-S3-S4 da medula.
(GREVE In: GREVE e AMATUZZI, 1999).
A bexiga não existe como uma estrutura independente, mas é parte de
um mecanismo reflexo altamente complexo. Na micção normal, há um
equilíbrio entre as forças expulsivas e retentoras de modo que após o
adequado esvaziamento da bexiga não há nenhuma urina residual. (FREED In:
KOTTKE e LEHMANN, 1994).
O conhecimento desta função esclarece o papel dos mecanismos
reflexos na bexiga neurogênica (FREED In: KOTTKE e LEHMANN, 1994), que
segundo CASALIS (2003) provoca incontinência urinária, deterioração da
função renal e isolamento social.
Os tratamentos da bexiga com atividade reflexa (lesão localizada acima
do cone medular) e da bexiga sem atividade reflexa (lesão localizada no cone
medular ou cauda eqüina) têm como finalidade preservar o trato urinário e
favorecer a continência urinária. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
2.9.6 Disfunção Sexual
O impulso sexual e a necessidade de intimidade física e emocional não
são alterados pela lesão medular. Problemas de mobilidade, dependência
funcional e alteração da imagem corporal, assim como complicações médicas e
a atitude de parceiros e da sociedade, afetam os papéis, acesso, interesse e
satisfação sexuais e sociais. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004)
O desejo sexual permanece intacto em ambos os sexos, porém, pode
haver diminuição na libido causada por fatores psicológicos na fase de
adaptação à lesão. (GREVE In: GREVE e AMATUZZI, 1999).
Nos homens, as ereções são freqüentemente afetadas pela lesão. Este
problema é variável e precisa ser avaliado individualmente. Com freqüência a
viabilidade de esperma nos homens com lesão medular é reduzida mesmo
quando as outras funções estão normais. (ADLER, op. cit.).
36
A maioria dos homens com lesão medular apresenta inabilidade
ejaculatória e os que conseguem são os portadores de lesões incompletas.
(GREVE, op. cit.).
Nas mulheres, a menstruação costuma cessar por um intervalo de
semanas ou meses depois da lesão. Ela geralmente recomeça e volta ao
normal com o tempo. Podem acontecer alterações na lubrificação vaginal
durante a atividade sexual. Ao contrário dos homens não acontece mudanças
na fertilidade feminina. (ADLER, op. cit.).
2.9.7 Regulação Térmica
A lesão medular provoca alterações na homeotermia do paciente,
levando-o a uma situação de pecilotermia, na qual apresenta grande
intolerância às temperaturas extremas. No frio não consegue reagir com
calafrios e vasoconstrição, para aumentar a temperatura corporal e no calor é
incapaz de aumentar a sudorese e a vasodilatação, para diminuir a
temperatura corporal, fato que pode simular quadros febris, sem existência de
foco infeccioso. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
2.9.8 Dor
A dor aguda e crônica é mais comum após a lesão medular.
Considerando-se a natureza violenta da maioria das lesões, não surpreende
que os pacientes sofram dor no início e que ela persista por um longo tempo.
(ATKINS In: TROMBLY e RADOMNSKI, 2005).
Embora estejam presentes muitos tipos de dor, a maioria pode ser
classificada como segue:
Dor mecânica: dor local em tecidos moles associados à lesão. É
comum nos ombros do paciente tetraplégico.
Dor radicular: dor que acompanha a distribuição segmentar do nervo.
Dor central: dor que se origina na medula espinhal e acredita-se ser o
resultado do crescimento neural desordenado após a lesão. (ATKINS, op. cit.).
37
A maioria da população com lesão medular possui dor crônica, e para
muitos a dor crônica contribui para a depressão e a incapacitação. (ATKINS,
op. cit.).
2.9.9 Espasticidade
A espasticidade é uma manifestação decorrente de lesão da via
piramidal e, estão presentes no paciente com lesão medular (completa ou
incompleta) que compromete o neurônio motor superior. Não é observada nas
lesões medulares ou radiculares que atingem o neurônio motor inferior.
(CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
A espasticidade não pode ser considerada complicação, mas sim
conseqüência, às vezes torna-se tão intensa que prejudica e até impede a
evolução do paciente no programa de reabilitação, constituindo um fator
limitante. (CASALIS, op. cit.).
A espasticidade é uma alteração motora caracterizada por hiperatividade
do reflexo miotático, e está diretamente ligada à velocidade de estiramento do
músculo. Este conceito alerta sobre a necessidade e importância de evitar
movimentos rápidos e bruscos durante o exercício, tendo como finalidade não
desencadear a descarga dos fusos neuromusculares e o conseqüente
incremento do reflexo miotático. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
2.9.10 Fadiga
Fatores do meio externo, os fisiológicos e psicológicos, contribuem para
a fadiga do paciente. Dor persistente, medicação antiespasmódica e repouso
prolongado no leito são fatores físicos que podem fazer o paciente sentir-se
cansado e sonolento. Isto é composto por noites mal dormidas, interrompidas
pela rotina hospitalar, como reposicionamento no leito e realização de vários
exames vitais e administração medicamentosa. (ATKINS In: TROMBLY e
RADOMSKI, 2005).
38
2.9.11 Trombose de Veias Profundas
É a formação de um coágulo sanguíneo, no membro inferior, abdome ou
área pélvica. O coágulo pode continuar a se desenvolver e deslocar-se da
parede venosa, formando um êmbolo. Essa situação coloca o paciente em
risco de vida, uma vez que o êmbolo pode se deslocar e ocluir a circulação
pulmonar. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005).
As manifestações clínicas são edema, discreta alteração de cor e
temperatura do membro inferior, empastamento muscular à palpação e
ausência de queixa dolorosa, em virtude da perda de sensibilidade provocada
pela lesão medular. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
2.9.12 Úlceras de Pressão
São lesões decorrentes de isquemia tecidual local provocada pela
alteração da sensibilidade dolorosa. A ausência ou diminuição da motricidade
voluntária, a incontinência esfincteriana, a higiene precária e a deficiência
nutricional são fatores que, associados à alteração de sensibilidade,
contribuem para a formação dessas lesões em regiões corporais com
saliências ósseas. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007)
As úlceras de pressão variam de inflamatórias superficiais a grandes
cavidades infectadas com ou sem comprometimento ósseo. (GREVE In:
GREVE e AMATUZZI, 1999).
As úlceras classificam-se, de acordo com a profundidade da lesão
tissular, em:
Grau I: a lesão atinge a epiderme;
Grau II: a lesão atinge a derme;
Grau III: a lesão atinge o tecido adiposo subcutâneo.
Grau IV: a lesão atinge todos os planos, incluindo músculo e osso,
podendo também comprometer articulações. (CASALIS In:
TEIXEIRA, 2003).
39
2.9.13 Ossificação Heterotópica
Sua etiologia ainda permanece desconhecida. A incidência varia de 16 a
53%, segundo dados da literatura internacional, geralmente tem início entre o
primeiro e o oitavo mês de lesão. Desenvolve-se sempre abaixo do nível da
lesão, preferindo as grandes articulações. O quadril é o local mais afetado,
seguido de joelhos, ombros e cotovelo. (SAURON In: CAVALCANTI e
GALVÃO, 2007).
Perante a primeira suspeita clínica (discreta limitação articular, edema
local e ligeiro aumento de temperatura) indica-se o estudo ultra-sonográfico da
região, que tem mostrado ser de grande utilidade para o diagnóstico precoce.
(CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).
Os recursos científicos atuais ainda não conseguem reverter as
expressivas alterações provocadas pela lesão medular, considerada uma das
mais graves síndromes incapacitantes que podem atingir o ser humano. O
tratamento de reabilitação é, portanto, o caminho que facilita e estimula o
lesado medular a reaprender e a controlar suas funções “perdidas”, assim
obtendo a maior independência possível, tornando-o capaz de viver
integralmente, e a Terapia Ocupacional como ciência, tem como objetivo
fortalecer e desenvolver estas funções.
40
3.0 TERAPIA OCUPACIONAL E LESÃO MEDULAR
3.1 CONCEITOS
A Terapia Ocupacional está voltada para a melhoria de qualidade de
vida de um indivíduo, auxiliando-o a escolher, organizar e conduzir atividades
cotidianas. Indivíduos que podem beneficiar-se da Terapia Ocupacional são
aqueles que têm as funções da vida diária e/ou a participação social limitados
por disfunção física e/ou psicossocial, distúrbios no desenvolvimento, distúrbios
na
aprendizagem,
envelhecimento,
ambiente
sociocultural
inadequado.
Profissionais de Terapia Ocupacional aplicam princípios da ciência ocupacional
e de análise das atividades para determinar fatores que influenciam o
desempenho ocupacional do indivíduo e abordam esses fatores de uma
perspectiva
biopsicossocial.
E
também,
o
terapeuta
ocupacional
freqüentemente usa adaptações no meio-ambiente, órteses, tecnologia
assistiva, atividades diárias significativas, mantendo seu senso de bem-estar e
prevenindo regressão das funções, para assegurar sua satisfação em viver.
(BARIDOTI,
Associação
de
Terapia
Ocupacional
da
República
da
China/Taiwan, 2001).
A Terapia Ocupacional é ciência porque o terapeuta que trabalha com
pessoas com deficiência física tem de, necessariamente, ter o conhecimento
da patologia em questão e suas implicações nos aspectos motores, sensoriais,
cognitivo, emocional e social e das possíveis complicações que poderão
interferir no melhor desempenho do paciente, bem como de todos os recursos
disponíveis que deverão ser utilizados no tratamento de cada paciente.
(TEIXEIRA, 2003).
A Terapia Ocupacional usa a ocupação para promover e manter a
saúde, e prevenir ou remediar disfunções resultantes de enfermidades, lesões,
envelhecimento, desvantagem social ou deterioração que resultem em
incapacidades. A ocupação se refere a qualquer atividade ou produtividade
(por exemplo, escola, trabalho, atividades domésticas), ou atividades de lazer
(por exemplo, brincar, atividades de recreação). A ocupação é considerada
41
como essencial para a saúde. (BARIDOTI, Associação Canadense de
Terapeutas Ocupacionais, 2001).
A Terapia Ocupacional, como profissão da área da saúde, não está
alheia aos acontecimentos e ao processo de produção dos pensamentos e
ações das ciências, particularmente das ciências biológicas e humanas. Ao ser
criada como uma pratica médica, a Terapia Ocupacional, mais exatamente a
produção de seus conhecimentos, de suas aplicações, de seu poder social,
sofre toda uma influência daquela área, bem como do contexto sócio – político
– econômico – cultural em que está inserida. (MEDEIROS, 2003).
Cabe ressaltar que segundo HAGEDORN (2003), a Terapia Ocupacional
é uma profissão complexa e apresenta uma ampla base de conhecimento,
derivada tanto das ciências médicas como sociais. A prática incorpora
habilidades de gerenciamento, corretivas, técnicas e criativas com processos
especializados da Terapia Ocupacional. Os terapeutas trabalham com todos os
grupos etários e auxiliam uma ampla variedade de problemas médicos, sociais
e ambientais.
Após um vai e vem entre páginas, contata-se que a investida no estudos
das palavras, permite-nos compreender a Terapia Ocupacional, como profissão
da área da saúde que utiliza o trabalho como recurso (meio adequado) para
tratar (aliviar ou curar os doentes). (FRANCISCO, 2001).
3.2 O PROFISSIONAL TERAPEUTA OCUPACIONAL
O terapeuta ocupacional que trabalha na área da reabilitação física tem
por objetivo habilitar ou reabilitar o indivíduo que apresenta uma limitação ou
deficiência em seu desempenho, como decorrência de diferentes condições
patológicas, o que interfere direta ou indiretamente em suas atividades
cotidianas, tornando-o menos independente. (GOLLEGÃ In: DE CARLO e
BARTALOTTI, 2001).
O terapeuta ocupacional é o profissional que, tendo tido formação para
analisar
a
atividade
humana
em
condições
típicas
ou
atípicas
de
desenvolvimento, é capaz de explorar ao máximo o potencial do indivíduo no
seu desempenho funcional/ocupacional e, por isso mesmo, pode desenvolver,
42
indicar e aplicar artigos de tecnologia assistiva com a maior competência e
eficiência. (GOLLEGÃ, op. cit.).
Os terapeutas ocupacionais que trabalham com pacientes que sofreram
lesões do sistema nervoso central preocupam-se em melhorar o movimento
funcional
e
promover
a
independência
do
desempenho
ocupacional.
(PEDRETTY e EARLY, 2004).
Um terapeuta ocupacional deve ser observador, e aprenderá, durante
treinamento e a prática, e trabalhando com médicos e outros na equipe de
reabilitação, qual a importância deve atribuir aos resultados essa percepção e
observação. Não deve de modo algum impor demais a sua vontade ou
intenção. Uma certa firmeza e um pouco de persuasão podem ser necessários,
mas isso tudo deve ser temperado com um bom julgamento, um interesse real
pelas pessoas e pela vida em geral, uma disposição alegre, e um senso de
humor, tudo mantido numa boa perspectiva. (DONALD, 1998).
O terapeuta ocupacional é o profissional preparado para compreender e
intervir nos problemas referentes à realização objetiva das atividades
cotidianas de uma pessoa, tais como auto-cuidado e as que envolvem a
mobilidade e transferências posturais, podendo planejar e desenvolver
equipamentos de ajuda, como por exemplo, adaptações para cadeira de rodas,
órteses e tecnologia assistiva e facilitadora. (CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
3.3 HISTÓRICO
O termo Terapia Ocupacional costuma ser em geral aplicado de forma
errônea a qualquer ocupação, na qual uma pessoa incapacitada pode se
empenhar. Não se nega que essa ocupação possa ter um efeito terapêutico,
mas ela pode ter um efeito contrário. Ela só será verdadeira terapia quando
aplicada com habilidade para o objetivo definido de tratar problemas médicosociais do indivíduo. (DONALD, 1998).
As seitas religiosas egípcias usavam o canto, a leitura, a dança, a
diversão, o entretenimento e os passeios pelos jardins como tratamento do
humor doentio, já no ano de 2000 a.C. (FINGER, 1986).
43
Cerca de 30 a.C, Seveca, recomendava a ocupação para todo o tipo de
agitação mental. Em 172, Galeno, médico grego, afirmava ser a ocupação o
melhor remédio da natureza sendo essencial à felicidade humana. (FINGER,
1986).
Este tipo de tratamento foi usado durante muito tempo, mas, com a
Idade Média, os pré-conceitos e a ignorância reinantes isolaram os doentes
mentais, passando a Terapia Ocupacional, assim, por um período de
inatividade, que só começou a ser dissipado pelas primeiras tentativas de
humanização no tratamento desses doentes. (FINGER, 1986).
Todavia, em 1407, com a fundação do asilo de Saragoça surgiu à
primeira organização que instituiu o trabalho como uma das fórmulas de
tratamento dos doentes. Felipe Pinel teve oportunidade de visitar esse asilo,
voltando de lá bastante impressionado com os benefícios obtidos naquela
instituição. Quando Pinel, em 1793, assumiu a direção do Hospício de Bicêtre,
encontrou a situação dos alienados de tal maneira trágica que tomou a si a
reforma assistencial, simbolizada historicamente pela quebra dos grilhões que
mantinham presos os infelizes insanos do espírito. (ARRUDA, 1962).
A terapêutica do trabalho foi então introduzida, como parte integrante da
sua reforma. Afirmou então Pinel: “o trabalho constante modifica a cadeia dos
pensadores mórbidos, fixa a faculdade do entendimento, dando-lhes exercício
e, por si só, mantém a ordem num agrupamento qualquer de alienados.
(ARRUDA, 1962).
Ao mesmo tempo em que pela metade do século XIX, o tratamento
proposto por Pinel era difundido na Europa e na América e firmava raízes,
emergia um novo movimento filosófico e científico, à luz do aparecimento de
tecnologia mais avançada, resultado da Revolução Industrial – o positivismo,
corrente filosófica determinante da escola de pensamento científico, que se
baseava na regra da inquisição e no método científico das ciências físicas: (...)
só é compreensível e possui sentido aquilo que se pode comprovar pela
experiência” (BRUGGER In: ARRUDA, 1962).
A concepção filosófica estava sendo mudada pelo impacto da
tecnologia. Na área da saúde, em vez do ambiente, o cérebro é que era objeto
de explicação e tratamento da doença mental. Os doentes mentais passaram a
ser tratados por meios quimioterápicos e cirúrgicos. Nesse momento, as
44
instituições de atendimento aos doentes mentais tornaram-se grandes
laboratórios experimentais. Negligências e abusos eram cometidos em virtude
de investigações comprometidas com a aprovação dos fatores etiológicos na
patologia do cérebro. De acordo com tal situação, o desenvolvimento da
ocupação como forma de tratamento, sendo o tratamento moral eventualmente
reaplicado
por
alguns
poucos
membros
da
comunidade
médica,
compromissados com as tendências humanitárias. Essa fase perdurou, na
América, até 1890 e, na França, até 1906. Somente nas duas primeiras
décadas do século XX é que fatores como o renascimento do tratamento moral
e a Primeira Guerra Mundial foram responsáveis pelo início formal da Terapia
Ocupacional. (ARRUDA, 1962).
Segundo GOLLEGÃ (2001), a profissão Terapia Ocupacional teve
origem, oficialmente, nos Estados Unidos, no fim da Primeira Guerra Mundial,
quando veteranos retornaram de suas atividades militares com diversas
seqüelas e necessidades de reabilitação. Devido ao longo tempo de
hospitalização e por sua incapacidade funcional, eles necessitam de intensa
terapia física ou ocupacional. Esse período foi chamado de “reconstrução”, que
está relacionado ao termo reabilitação, reabilitare (em latim), que significa
restaurar.
Após, mais de oitenta anos do seu nascimento, a Terapia Ocupacional
evoluiu e ampliou-se seu campo de atuação. Porém seu objetivo fundamental
de atingir o potencial funcional e ocupacional máximo de cada indivíduo, de
modo que ele alcance autonomia e independência na sua vida cotidiana e
efetiva inclusão social. (GOLLEGÃ, op. cit.)
Segundo referência de alguns manuais de Terapia Ocupacional, William
Rush Duton foi quem lançou, em 1915, o primeiro manual completo de
instruções de Terapia Ocupacional – Occupational Therapy: a manual for
nurses; os primeiros trabalhos teóricos em Terapia Ocupacional foram
indicados especialmente para enfermeiras. Em 17 de outubro de 1917 foi
fundada nos Estados Unidos a National Society for the Promotion of
Occupational Therapy, cujo primeiro presidente foi George Edward Barton, um
arquiteto que havia experimentado os efeitos benéficos do trabalho durante sua
própria doença. (DE CARLO In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).
45
Segundo SOARES (2007), a profissão de Terapia Ocupacional possui
diversas denominações; todavia, a que prevaleceu na maioria dos países foi a
proposta por George E. Barton, arquiteto norte-americano que nas primeiras
décadas do século XX sugeriu e organizou a entidade nacional para a
profissão: a Associação Americana de Terapia Ocupacional. George E. Barton
citou: “Se há uma doença ocupacional, porque não há uma Terapia
Ocupacional?”.
Durante as décadas de 1940 a 60, a Terapia Ocupacional foi fortemente
influenciada pelo Movimento Internacional de Reabilitação, nascido de uma
necessidade da população de atendimentos em especial na área das
disfunções físicas. Foi um período de intensas transformações na área da
saúde. (DE CARLO In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).
Somente por volta de 1957 surgiram no Brasil as primeiras escolas para
formação profissional, respectivamente no Instituto de Reabilitação da
Faculdade de Medicina da USP (SP) e na Associação Brasileira Beneficente de
Reabilitação (RJ). (FRANCISCO, 2001).
Em 1969 a lei de reconhecimento da profissão de Terapia Ocupacional e
Fisioterapia é promulgada. Com a lei de regulamentação do exercício
profissional de 1975, criou-se o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional – COFFITO, que se organizou em unidades regionais. Já em 1980
criou-se, o primeiro sindicato da categoria. Em 1994 foi organizada nova
entidade nacional, a Associação Brasileira de Terapia Ocupacional – ABRATO.
(SOARES op. cit.).
O intercâmbio em congressos internacionais de Terapia Ocupacional
cresceu de modo que o Brasil se tornou membro ativo da Federação Mundial
de Terapia Ocupacional desde 1994. A expansão da categoria profissional
resultou de seu engajamento em projetos políticos e de democratização da
sociedade. (SOARES op. cit.).
Segundo SOARES (2007), conhecer o presente para delinear o futuro
deve ser a meta de cada pessoa, mas o que se é e o que se deseja também
estão intimamente entremeados do passado.
46
3.4 RECURSOS TERÂPEUTICOS
Segundo o dicionário Aurélio, a palavra recurso é definida como: auxílio,
ajuda; meio para resolver um problema (FERREIRA, 2004).
Na prática da Terapia Ocupacional utiliza-se o termo “recurso
terapêutico” para designar todo e qualquer dispositivo que vise à aquisição ou
ampliação de autonomia e independência de um indivíduo em suas ações do
cotidiano. Partindo do pressuposto de que o principal recurso terapêutico
utilizado em Terapia Ocupacional consiste na atividade humana, tem-se que a
atividade humana é considerada o elemento centralizador e orientador na
construção complexa e contextualizada do processo terapêutico. As atividades
humanas são constituídas por um conjunto de ações que apresentam
qualidades,
demandam
capacidades,
materialidade
e
estabelecem
mecanismos internos para sua realização. (WATANABE, 2009).
Os recursos terapêuticos são instrumentos que envolvem a atividade
humana em um processo dinâmico relacionado entre esta e a pessoa do
paciente e a do terapeuta. Para isto o terapeuta ocupacional lançará mão, em
diferentes situações, do uso específico de atividades expressivas, lúdicas,
artesanais,
da
vida
diária
e
de
auto-manutenção,
psicopedagógicas,
profissionalizantes, entre outras, previamente analisadas e avaliadas, sob os
aspectos anatomofisiológicos, cinesiológicos, psicológicos, sociais, culturais e
econômicos (SIQUEIRA, 2001).
Em um sentido mais amplo, para HAGEDORN (1999), o centro da
prática profissional são os conhecimentos do terapeuta, seus atributos ou
habilidades pessoais nas relações interpessoais e sua sensibilidade e empatia
no contexto de uma atividade ou tarefa. O profissional necessita de uma
reciclagem constante, caso contrário seus recursos terapêuticos deixarão de
ser criativos e, muitas vezes, não proporcionarão os resultados esperados e
sim reproduzirão o empobrecimento, a mecanização e a homogeneização das
ações terapêuticas. (TOLDRÁ In: PÁDUA, 2003).
A intervenção e o uso de recursos terapêuticos podem fazer com que o
processo terapêutico facilite a participação e a igualdade de direitos. (TOLDRÁ,
op. cit.).
47
No uso de recursos terapêuticos é importante considerar a análise da
problemática da clientela. Analisar a história de vida e a situação social e
emocional da pessoa deveria ser um aspecto comum a todas as áreas.
(TOLDRÁ, op. cit.)
Os recursos da Terapia Ocupacional são explorados por meio da
essência da experiência; desse modo, todas as atividades que proporcionem
desenvolvimento, aprendizado, superação dos limites, bem como percepção de
consciência das dificuldades, são objetos de análise e de intervenção
terapêutica. A prática dessas atividades pode produzir tanto respostas afetivas,
cognitivas, como sensoriais e motoras. (TOLDRÁ, op. cit.).
O uso de atividade em geral, e do trabalho produtivo em particular, como
meio e alvo do processo terapêutico, reflete alternada ou concomitante a
compreensão de homem, saúde e sociedade subjacente aos modelos teóricos
que embasaram a prática da Terapia Ocupacional. (MEDEIROS, 2003).
Para que o uso de atividade, ação, trabalho possa ser conceituado como
Terapia Ocupacional, é preciso que se satisfaça uma série de exigências que
se pode em princípio resumir nos quatro requisitos que seguem. (FRANCISCO,
2001).
Em primeiro lugar, é necessário que a atividade humana seja entendida
como espaço para criar, recriar, produzir um mundo humano que esteja repleto
de simbolismo, isto é, que a ação não seja meramente um ato biológico mas
um ato cheio de intenções, vontades, desejos e necessidades. (FRANCISCO,
op. cit.).
Em segundo lugar, não basta fazer, fazer e fazer, acreditando que o
simples curso das coisas com isso se modifique. O fazer deve acontecer
através do processo de identificação das necessidades, problematização e
superação do conflito. (FRANCISCO, op. cit.).
Em terceiro lugar, não existe receita mágica (atividades mágicas) nem
técnicas especificas que garantem que estamos realmente resolvendo o
problema. (FRANCISCO, op. cit.).
Em quarto e último lugar, é necessário um profissional preparado, cuja
tarefa é a de se dispor, também como instrumento ou recurso terapêutico, com
o propósito de incomodar, de ativar e revelar o conflito para a sua superação.
(FRANCISCO, op. cit.).
48
É essencial que se tenha uma visão do conjunto e de como essas partes
se relacionam dialeticamente. (FRANCISCO, 2001).
Tendo declarado a importância da relação interpessoal entre o terapeuta
ocupacional e o paciente, e da localização, método e circunstâncias do
tratamento, é agora possível indicar-se vários grupos de atividades que podem
ser usadas para fins terapêuticos, lembrando sempre que elas não
representam por si mesmas, tratamento. O seu alcance é muito amplo e pode
oferecer qualquer terapeuta ocupacional; a variedade é ilimitada. Uma grande
parte do tratamento necessário e satisfatório pode ser feito por meio de
atividades não produtivas, em contraste com aquelas nas quais os artigos são
feitos por prazer ou para venda, isto é, ao treinar novamente para as atividades
da vida diária. Nas ocupações produtivas, a ênfase não deveria ser posta toda
no produto, mas no efeito da produção sobre o paciente. (DONALD, 1998).
As atividades que podem ser usadas de modo terapêutico podem ser
relacionadas, sob os seguintes títulos:
Atividades de Vida Diária;
Atividades Instrumentais de Vida Diária;
Atividades Escolares;
Atividades de Trabalho;
Atividades do Brincar/Lúdicas;
Atividades de Lazer;
Atividades de Esporte Adaptado (CREFITO 8, 2009).
Quando analisadas sócio-culturalmente, as atividades deixam o refúgio
de uma sala de Terapia Ocupacional, o papel de recurso terapêutico e
readquirem o perfil com o qual aparecem no cotidiano – configurada sócioculturalmente pela maneira idiossincrática com que cada indivíduo a vivencia.
Essa proposta amplia não só a visão da ação humana mas, principalmente a
visão das atividades possíveis de serem utilizadas pela Terapia Ocupacional.
(SOUZA, 2006).
Cada pessoa quer ser um “ator” efetivo no mundo, e permanecer
saudável e feliz. O indivíduo necessita de um nível de competência pessoal em
uma ampla variedade de atividades e tarefas culturalmente aceitas, e
49
ocupações úteis e significativas para alcançar estes objetivos. A performance
ocupacional se refere ao ato de se engajar nestas ocupações e atividades
diárias. (HAGEDORN, 2003).
Segundo HAGEDORN (2003), os terapeutas ocupacionais acreditam
que a performance ocupacional competente depende da interação complexa
entre o indivíduo, o ambiente e as coisas que ele faz.
Para que as atividades realizem a potencialidade de serem recursos
terapêuticos elas têm que ser percebidas pelo terapeuta em todas as suas
ramificações, quais delas integram e dão sentido ao movimento da mão, do
corpo, da mente num determinado tempo e lugar. Esse elo parece segundo
Cynkin, estar no coração da natureza terapêutica da atividade. (SOUZA, 2006).
O terapeuta necessita compreender a natureza das ocupações dos
clientes de acordo com a condição de saúde e prognóstico. Ao empregar uma
estrutura apropriada de preferência, a ação pode melhorar a condição física do
paciente e/ou reduzir o impacto da sua habilidade para engajar as atividades.
(HAGEDORN, 2003).
3.5 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE AGUDA DA LESÃO
MEDULAR
O principal objetivo do tratamento na lesão medular é prevenir ou
minimizar qualquer déficit neurológico resultante. Persegue-se este objetivo ao
mesmo tempo em que são tratadas as lesões associadas possivelmente sérias
que possam colocar em risco a vida, mais do que a lesão medular. Se a lesão
medular é evidente, os primeiros a socorrer devem iniciar a imobilização. Toda
a equipe deve estar alerta para a possibilidade de uma lesão medular oculta.
(STAAS In: DE LIZA e GANS, 2002).
Imediatamente após a lesão a maioria dos pacientes são admitidos em
centro de cuidados intensivos, onde o enfoque centra-se na preservação da
vida, estabilização dos fluidos, eletrólitos, funções vitais, cardiopulmonares e
outras. O paciente é imobilizado em tração, esperando para saber se será
necessária cirurgia para estabilizar a coluna. Para a prevenção de úlceras por
50
pressão, o paciente é colocado numa cama rotatória. (YARKONI e CHEN, 1996
apud ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005).
Precauções médicas devem ser seguidas durante este período. A flexão,
extensão e movimentos da coluna são contra-indicados. A avaliação do
posicionamento total do corpo e as necessidades de talas nas mãos devem ser
iniciadas nessa ocasião. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004).
O contato inicial do terapeuta ocupacional deverá ser feito dentro das
primeiras 24 horas de internação. O tratamento se inicia conforme a avaliação
mesmo se estiver em progresso, permitindo que o terapeuta comece a formar
um quadro completo do paciente. (HAMMELL, 1995 apud ATKINS In:
TROMBLY e RADOMSKI, 2005).
Assim que houver liberação médica para a posição sentada, esta deve
ser alcançada gradativamente com inclinação progressiva da cabeceira do
leito. Exercícios passivos, lentos e suaves, devem ser realizados com o
objetivo de manter a amplitude de movimento, prevenir futuros quadros álgicos
decorrentes do imobilismo e, futuramente, a funcionalidade dos membros
superiores. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).
O fortalecimento da musculatura presente é fundamental, porém, deve
ser comedido, considerando-se a possibilidade de estabilização da lesão em
determinado nível neurológico, sem retorno de inervação do músculo
antagonista, predispondo o aparecimento de deformidades. (SAURON In:
CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
É de fundamental importância, sempre que possível, estimular a maior
independência, respeitando-se o nível de lesão e o momento emocional do
paciente, adaptando e adequando os utensílios necessários como, por
exemplo, prancha para leitura, talheres e utensílios de higiene elementar.
(TEIXEIRA, op. cit.).
Mesmo que o paciente esteja imobilizado no leito, devem ser iniciadas
as discussões do que se antecipa em termos de equipamentos médicos
duráveis, modificações ambientais e treinamento de atendentes para que haja
tempo suficiente de preparação para a alta. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY,
2004).
Durante a reabilitação aguda, a Terapia Ocupacional continua a centrarse em oferecer educação e apoio aos pacientes e a auxiliá-los a começar a
51
explorar atividades significativas que restaurem o sentimento de eficiência e
auto-estima. Os tratamentos devem sempre ser estruturados com esses
objetivos predominantes em mente. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI,
2005).
3.6 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE PRÉ-REABILITAÇÃO
DA LESÃO MEDULAR
A fase de pré-reabilitação é constituída do exame médico inicial e da
avaliação global pela equipe, participam desses grupos, médico fisiatra,
assistente
social,
enfermeiro,
fisioterapeuta,
psicólogo
e
o
terapeuta
ocupacional. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003)
São realizados, semanalmente, três desses grupos. Em cada um deles,
os pacientes são avaliados e orientados, individualmente, pelos integrantes da
equipe. (TEIXEIRA, op. cit.).
O terapeuta ocupacional atua nesse procedimento:
Demonstrando ao paciente e a seu acompanhante os
exercícios indicados a serem realizados em membros
superiores, enfatizando a contra-indicação sempre que houver;
Verificando a possibilidade, em pacientes tetraplégicos, de
realização independente em atividades de vida diária e prática,
e confeccionando, sempre as adaptações.
Checando o grau de independência de pacientes paraplégicos
e orientando, sempre que preciso manobras para facilitar o
desempenho funcional nas atividades de vida diária.
Prescrevendo cadeira de rodas e almofada de assento,
quando o paciente ainda não as possui.
Avaliando a postura sentada na cadeira de rodas e a
adequação da almofada de assento. (TEIXEIRA, op. cit.)
Ao final do procedimento, a equipe se reúne e discute cada um dos
pacientes, decidindo, então, o início do tratamento, ou não, nos diversos
setores. (TEIXEIRA, op. cit.).
52
Durante essa fase, o paciente pode se sentar em uma cadeira de rodas
e deve começar a desenvolver a tolerância para a posição ereta. Uma
prioridade alta para esta fase é determinar um método para aliviar a pressão
quando sentado com o propósito de evitar úlceras de decúbito nas
proeminências ísquias, trocantéricas e sacrais. (ADLER In: PEDRETTI e
EARLY, 2004).
3.7 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE REABILITAÇÃO DA
LESÃO MEDULAR
Segundo TEIXEIRA (2003), a fase de reabilitação caracteriza-se pela
admissão do paciente nos diversos setores.
A avaliação inicial é o primeiro contato entre a dupla – terapeuta e
paciente – que irá caminhar junto por algum tempo, por isso é importante que:
(1) nesse primeiro contato o terapeuta tenha conhecimento prévio do exame
clínico realizado pelo médico (2) a avaliação transcorra em um clima afável (3)
o terapeuta tenha domínio das técnicas que irá utilizar para avaliar o
desempenho do paciente e mensurar os resultados (4) o terapeuta tenha
conhecimento pleno da patologia para romper de forma adequada a questão
que imerge ao final da avaliação, como por exemplo: “quando voltarei a
andar?”, “porque devo utilizar uma adaptação?”. (SAURON In: CAVALCANTI e
GALVÃO, 2007).
Os objetivos da Terapia Ocupacional somente poderão ser traçados
após a avaliação cuidadosa do paciente, tendo em mente que ele também tem
seus objetivos. (SAURON In: GRAVE, 2001).
O objetivo comum a ser alcançado com todos os pacientes, respeitandose o nível neurológico de lesão, é a maior independência possível nas
Atividades de Vida Diária (AVD); contudo devemos ressaltar que dois pacientes
com o mesmo nível neurológico de lesão exibem características diferentes do
ponto de vista clínico, emocional, cultural, social, que podem repercutir positiva
ou negativamente no grau de independência funcional. (SAURON In: GRAVE,
2001).
53
Os aspectos principais a serem observados nesse contato inicial são:
1. Membros superiores:
Amplitude articular passiva de movimento e presença de
deformidades.
Espasticidade, por meio da Escala de Ashwoerth Modificada.
Força de músculo – chave e da musculatura residual (escala 0
a 5).
Função unimanual e bimanual: a partir do nível neurológico de
lesão C6, avaliar a “qualidade” da pressão pulmonar e da
pinça da chave.
Sensibilidade: o teste mais significativo para a função manual
é a descriminação de dois pontos constantes.
Tronco: equilíbrio na posição sentada, em cadeira de rodas.
2. Dor central e nociceptiva: se presente, onde se localiza e se
prejudica a atividade cotidiana do paciente.
3. AVD e AIVD: desempenho e utilização de adaptações.
4. Cadeira de rodas: adequação da cadeira (medidas corretas), uso de
almofada apropriada e forma de manejo.
5. Barreiras arquitetônicas: em casa, na escola, no trabalho, na
comunidade. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007)
Pode ser utilizado um protocolo específico para avaliação do lesado
medular no qual todas as informações anteriormente descritas são anotadas,
seguido da aplicação da Medida de Independência Funcional – MIF (Functional
Independence Measure – FIM), por se tratar de um instrumento para a
avaliação do grau de independência de pacientes adultos. (SAURON, op. cit.).
Os dados coletados por meio do protocolo específico de avaliação para
o lesado medular, somados aos resultados obtidos com a aplicação da MIF,
são, somente, a base para planejamento inicial do tratamento de reabilitação,
que deve ser modificado mediante a evolução do paciente. (SAURON, op. cit).
54
3.8 TRATAMENTO DE LESÃO MEDULAR
O tratamento terapêutico ocupacional do indivíduo que sofreu uma lesão
medular é específico e de acordo com o nível da lesão. O prognóstico funcional
do lesado medular é determinado em especial pelo grau de preservação
sensitivo motora. (GRIFO MEU).
Dois pacientes com o mesmo nível de lesão podem atingir diferentes
graus de independência. O terapeuta deve considerar as características de
personalidade, a influência dos fatores ambientais como a idade, e a presença
de outros fatores físicos que podem interferir negativamente no desempenho
do
paciente
(por
exemplo:
deformidades,
obesidade).
(SAURON,
In:
CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
Geralmente,
a abordagem
da Terapia Ocupacional consta de:
mobilizações, suaves e lentas, para relaxamento e alongamento (cuidadoso) da
musculatura cervical, cíngulo do membro superior (cintura escapular) e MMSS;
treino de equilíbrio de tronco; treinamento fundamental e fortalecimento da
musculatura remanescente
de
MMSS;
prescrição e/ou confecção
de
adaptações, objetivando proporcionar treino e a maior independência possível
nas AVD e AIVD; prescrição da cadeira de rodas através de mensuração
personalizada a cada paciente; prescrição e/ou confecção de órteses, de
posicionamento ou funcionais, para os MMSS; prescrição de almofada de
assento para cadeira de rodas, bem como monitorização de sua eficácia por
meio do sistema de mapeamento de pressão; orientação para posturas de
alívio de pressão, evitando assim úlceras de pressão; participação nos
períodos pré e pós-operatório das cirurgias de transferências tendinosas para a
reconstrução da extensão ativa do cotovelo, da preensão palmar e da pinçachave (intervenções cirúrgicas importantes), para a melhora da qualidade de
vida do tetraplégico. (SAURON, op. cit.).
Quanto à funcionalidade dos MMSS (Tabela 03), a terminologia
muscular-chave será utilizada para indicar aquele que a ASIA preconiza para
classificar internacionalmente o nível da lesão e movimentação remanescente
para exemplificar a função correspondente a cada nível de lesão. (SAURON,
op. cit.).
55
Tabela 03 – Nível de lesão X funcionalidade de membros superiores
Nível de
Músculo-chave
Movimentação
Função Manual
lesão
ASIA
remanescente
Bíceps Braquial
Abdução do Ombro – Deltóide
C4
C5
Flexão do cotovelo
C6
Extensor Radial
C5 + Extensão de punho
Preensão palmar e pinça-
do Carpo
chave de objetos leves
(pouca força), através do
mecanismo de tenodese.
C7
Tríceps Braquial
C6 + Extensão do cotovelo,
Preensão palmar e pinça-
Extensão dos dedos.
chave de objetos leves
por
tenodese,
eficaz,
pela
menos
ação
dos
extensores dos dedos.
C8
Flexor Profundo
do 3º dedo
C7 + Extensão dos dedos,
Preensão palmar e pinça-
Flexão dos dedos
chave,
utilizando
o
mecanismo de tenodese
para aumentar a força.
T1
Adutor do 5º
dedo
C8 + Abdução dos dedos –
Todos
Interósseos
preensão
Adução
Dorsais
dos
dedos
Interósseos Palmares
–
os
tipos
com
de
força,
porém com prejuízo na
destreza em tarefas muito
“finas”.
(SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
Com relação aos exercícios de fortalecimento de MMSS, é importante
ressaltar que: (1) o fortalecimento intempestivo do músculo bíceps braquial de
um paciente com nível de lesão C5 pode levar a uma deformidade altamente
incapacitante, o fortalecimento dos extensores extrínsecos dos dedos em um
paciente com nível de lesão C7 pode acarretar uma deformidade “em garra”,
diminuindo a capacidade de preensão através do mecanismo tenodese.
(SAURON, op. cit.).
Quanto ao desempenho nas AVD (cuidados pessoais), não importa o
nível e o grau da lesão. Após a lesão medular, a execução de determinada
tarefa pode requerer mais tempo: por exemplo, alimentação para um
tetraplégico C5; e/ou demandar maior gasto energético durante o vestuário
56
para um paraplégico T10, levando o paciente a assumir uma dependência nãocompatível com sua capacidade remanescente. Assim é descrito a seguir o
desempenho funcional de pacientes tetraplégicos hígidos e motivados para a
aquisição da maior independência possível, respeitando-se o nível neurológico
da lesão. (SAURON, op. cit.).
O paciente com lesão de nível C7 pode se beneficiar de adaptações que
auxiliem a preensão, como, por exemplo, cabos engrossados para alimentação
e higiene. O paciente pode atingir independência em vestuário de tronco
superior, mais necessita de auxílio para tronco inferior, o mesmo ocorrendo
para banho. (SAURON, op. cit.).
O tetraplégico com nível de lesão C6 beneficia-se de adaptações que
substituam a preensão em atividades como alimentação e higiene. Pode ajudar
no vestuário e no banho de tronco superior, porém, é dependente de tronco
inferior. (SAURON, op. cit.).
O paciente de lesão em C5 necessita, para a realização de alimentação
e higiene de adaptações que supram a ausência da preensão e da
estabilização do punho, que podem ser confeccionadas de diferentes materiais.
(SAURON, op. cit.).
O treino das AVD durante as terapias é importante para que o paciente
perceba sua capacidade remanescente, porém a prática diária em domicílio é
essencial para que ele atinja a independência de acordo com seu nível de
lesão. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
É importante observar que para maior eficiência do trabalho de
fortalecimento
dos
membros
superiores,
alguns
fatores
devem
ser
considerados, como por exemplo:
A resistência, por meio de pesos, sempre deve ser com a mesma
quantidade de carga colocada distalmente ao músculo a ser fortalecido.
Fortalecimento, estando o paciente sentado na cadeira de rodas, será
mais eficaz, pois, além de exigir um trabalho muscular contra a ação da
gravidade auxilia a aquisição de controle de tronco.
Na presença de espasticidade realizar, sempre, o fortalecimento
muscular com exercícios isométricos.
De acordo com o nível de lesão as atividades alternativas que também
contribuem para aumentar a força da musculatura preservada.
57
Treino das atividades da vida diária e instrumentais de vida diária, de
acordo com o nível e o tipo de lesão (Tabela 04).
Elaboração, prescrição, confecção das adaptações necessárias (por
vezes em conjunto com a oficina ortopédica), bem como seu
treinamento.
Prescrição, confecção e monitoração de órteses, de posicionamento
e/ou funcionais, para os membros superiores.
Intervenção nos períodos pré e pós-operatório das cirurgias de
transferências tendinosas para reconstrução da extensão do cotovelo e
da pinça chave. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003)
A tabela a seguir demonstra o desempenho funcional das AVD’s e AIVD’s,
comparando o grau de lesão e as adaptações propostas para os pacientes.
Tabela 04 – Desempenho Funcional nas Atividades de Vida Diária e Instrumentais de vida
Diária
Nível de
Desempenho Funcional
Adaptações
lesão
C4
Uso de computador, escrita,
Capacete,
pintura,
de
canudo e outras que são o controle
cadeira de rodas motorizada e
pneumático e o comando de voz, utilizadas
de dispositivos para controle do
tanto para o manejo da cadeira de rodas
ambiente.
quanto para o controle do ambiente. São
leitura,
manejo
mentoneira,
ponteira
oral,
pouco utilizadas em nosso país por falta de
recursos.
C5
Alimentação,
higiene,
escrita,
Substituição
de
preensão
em
couro
uso de computador ou máquina
associado a posicionamento de punho em
de
duralumínio ou tala de posicionamento de
escrever
e
manejo
de
cadeira de rodas comum no
punho
em
lona
ou
neoprene,
plano e em curtas distâncias, ou
substituição
de
cadeira de rodas motorizada.
posicionamento de punho confeccionada
preensão
ou
com
em termoplástico de baixa temperatura,
pinos nos aros da cadeira de rodas.
C6
Alimentação,
higiene,
escrita,
Substituição de preensão, bucha e escova
uso de computador ou máquina
de
cabo
longo
com
substituição
de
de escrever, manejo de cadeira
preensão, substituição de preensão em três
de rodas comum no plano e
pontos para escrita, pinos nos aros da
rampas de suave inclinação,
cadeira de rodas e adaptações para alguns
58
dirigir carro adaptado e auxiliar
controles do carro.
no vestuário e higiene básica de
tronco superior.
C7
Alimentação, higiene, uso de
Substituição
computador
engrossados, bucha e escova de cabo
ou
máquina
escrever,
de
vestuário,
transferências,
manejo
longo
de
com
preensão,
substituição
de
cabos
preensão,
de
substituição de preensão em 3 pontos para
cadeira de rodas e dirigir carro
escrita, pinos nos aros da cadeira de rodas,
adaptado.
tábua de transferência, e adaptações para
alguns controles no carro.
C8
Independência total
Não necessita
T1
Independência total
Não necessita
(TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).
3.8.1 Cirurgia de reconstrução Funcional
Não se pode mais, atualmente, falar sobre reabilitação física do
tetraplégico sem abordar as cirurgias de reconstrução funcional dos membros
superiores, visto que, tendo como objetivo o incremento da função, melhoram,
sem sombra de dúvidas, a qualidade de vida de alguns desses pacientes.
(TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).
As
cirurgias
de
reconstrução
funcional
são
procedimentos
de
transferências tendinosas que incrementam a função dos MMSS e melhoram a
qualidade de vida desses pacientes. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO,
2007).
Uma avaliação criteriosa realizada pelo cirurgião de mão e pelo
terapeuta ocupacional, ambos com profundo conhecimento e larga experiência
em lesão medular, é indispensável. (SAURON, op. cit.).
Que pacientes operar: Do ponto de vista físico, a avaliação funcional do
membro superior deve ser realizada tomando-se como base a classificação
internacional de GIENS, 1984, que verifica a força muscular, a presença de
espasticidade, o grau de sensibilidade (discriminação de dois pontos).
(TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).
E do ponto de vista emocional, infelizmente, não existe uma “avaliação
funcional” que auxilie na determinação do paciente apto. Dessa forma, na fase
59
de reabilitação intensiva, todo paciente, potencialmente elegível, e seus
familiares são orientados quanto à técnica cirúrgica, cuidados rigorosos no pósoperatório, necessidade de Terapia Ocupacional intensiva e quanto aos reais
benefícios.
Pacientes
que
não
apresentam
deformidades
irredutíveis
passivamente, nem espasticidade grave. (TEIXEIRA, op. cit.).
Pacientes portadores de lesão completa, em geral, após um ano, tempo
considerado ideal para que as possíveis intercorrências clínicas sejam sanadas
e a pessoa adquira um novo controle sobre seu corpo. (TEIXEIRA, op. cit.).
Nas lesões incompletas, recomenda-se aguardar a estabilização da
evolução neurológica. (TEIXEIRA, op. cit.).
Que movimentos reconstruir:
A extensão ativa do cotovelo, por meio da transposição da porção
posterior do músculo deltóide pró-tríceps. Essa técnica foi inicialmente
preconizada por Eric Moberg (Suécia), por enxerto tendinoso autógeno retirado
dos extensores dos artelhos. Foi modificada por Sierra A. Castro e Lopez Pita
(Espanha) e remodificada por Ulson et. al. (Brasil). (TEIXEIRA, op. cit.).
A técnica de Ulson ET. AL. utiliza um retalho do próprio músculo tríceps
braquial, obtido de sua porção central, desinserido distalmente e rebatido
proximalmente até alcançar o tendão do músculo deltóide posterior,
previamente desinserido do úmero, dispensando o enxerto tendinoso utilizado
por Moberg. Uma possível complicação dessa técnica é a rotura das
anastomoses tendinosas, passível de restauração. (TEIXEIRA, op. cit.).
A pinça chave e a preensão palmar, por meio da transposição do
músculo braquiorradial para o flexor longo do polegar, associado à artrodese
da articulação trapeziometacarpal, tenodese do músculo extensor longo do
polegar e transposição do músculo extensor radial longo do carpo para os
flexores profundos dos quatro dedos (este último, somente se o extensor radial
curto do carpo apresentar inervação normal). (TEIXEIRA, op. cit.).
O tratamento pré-operatório tem início, empiricamente, quando o
paciente, ainda está na fase de reabilitação intensiva, começa a atingir os
objetivos propostos quanto às AVD, pois nesse momento se podem observar
melhor sua readaptação ao novo corpo e verdadeira disposição para “não parar
de tentar coisas novas”. (TEIXEIRA, op. cit.)
60
Na reabilitação pós-operatória das cirurgias de reconstrução funcional,
tanto na extensão ativa do cotovelo quanto da preensão palmar e pinça-chave,
estão sempre contra-indicados os exercícios passivos para ganho da amplitude
articular oposta à pretendida pela cirurgia, evitando o alongamento da
musculatura transferida. Na reconstrução da extensão ativa do cotovelo, não
realizar exercícios passivos para flexão do cotovelo; na reconstrução da
preensão palmar e pinça-chave, não realizar exercícios passivos para a
extensão dos dedos longos e polegar. (SAURON, In: CAVALCANTI e
GALVÃO, 2007).
Quanto à efetividade da melhora funcional advinda da cirurgia, os
pacientes são submetidos a dois tipos de avaliação, a objetiva e a subjetiva.
A objetiva é determinada pela capacidade do paciente em executar o
movimento de extensão de cotovelo contra a ação da gravidade pelo menos,
ou contra a ação da gravidade e resistência adicional, e pela possibilidade de
realizar o push-up (suspensão) ou inclinação anterior do tronco, ambos para
alívio de pressão na região glútea. (SAURON, op. cit.).
A avaliação subjetiva, realizada por meio de questionário, relata a
opinião do paciente sobre as atividades adquiridas e/ou melhoradas com a
cirurgia. (SAURON, op. cit.).
A avaliação objetiva da efetividade da cirurgia é mensurada através do
pinch-gauge para a pinça-chave e da capacidade do paciente manter um
haltere de 2 kg utilizando a preensão palmar. Subjetivamente, os pacientes
relatam melhora na força de preensão. (SAURON, op. cit.).
A Terapia Ocupacional no tratamento do lesado medular tem como
objetivo estimular o desempenho de um “novo corpo” que possui a mesma
capacidade intelectual e emocional anterior à lesão medular, um corpo
“sensitivo-motor perfeito”, auxiliando na reorganização de suas funções,
emoções e atitudes visando ao retorno da vida, como pode e deve ser vivida.
(SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
Pensando nesse retorno para vida, que a Terapia Ocupacional visa
sempre à independência do sujeito acometido da lesão medular, sendo assim,
ele pode referir-se em adaptação terapêutica para o paciente, que consiste na
modificação estrutural de um ambiente físico, equipamento de auto-ajuda ou
61
dispositivo de auxílio, descrevendo assim as tecnologias assistivas para uma
independência com mais facilidade para o lesado medular.
62
4.0 TECNOLOGIA ASSISTIVA
4.1 CONCEITO
O ramo da ciência preocupado com a pesquisa, o desenvolvimento e a
aplicação de aparelhos/instrumentos e procedimentos que aumentem ou
restaurem a função humana é denominado tecnologia assistiva. (LUZO In:
DE CARLO e LUZO, 2004).
A tecnologia assistiva é um termo ainda novo, utilizado para identificar
todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou
ampliar
habilidades
funcionais
de
pessoas
com
deficiência
e
conseqüentemente promover vida independente e inclusão. (BERSCH, 2009).
O termo tecnologia assistiva é novo, no entanto sua origem, de fato,
pode estar na pré-história, quando o homem fez, pela primeira vez, o uso de
um galho de árvore, promovendo com ele apoio para seguir caminhando, ao
fraturar uma de suas pernas, após uma queda. A bengala improvisada permitiu
a retomada de uma função, a marcha, que estava impedida pela fratura
acidental. (RODRIGUES, 2009).
O que é uma simples conveniência para algumas pessoas pode ser uma
tecnologia assistiva para outras. (ANSON In: PEDRETTI e EARLY, 2004).
Segundo GOLLEGÃ (2001), os recursos externos são usados pelos
terapeutas ocupacionais para substituir as perdas de funções motoras durante
o processo de tratamento ou quando já não é possível resgatar as funções
normais com as técnicas de reabilitação.
A Associação de Terapia Ocupacional dos EUA definiu em 1983, a
adaptação terapêutica como um design e a reestruturação de um ambiente
físico para auxiliar no desempenho de atividades de auto cuidado, trabalho e
lazer. Isto inclui selecionar, adquirir, ajustar e fabricar equipamentos, e orientar
o paciente, a família e a equipe terapêutica no uso apropriado desse
equipamento. (MELLO, 1999).
Em 1988, a tecnologia assistiva foi definida em uma lei pública nos EUA
(Technology-related Assistance for Individuals with Disabilities Act – Public 100407) como: qualquer item, peça de equipamento ou sistema de produtos,
63
quando adquiridos comercialmente, modificados, ou feito sob medida, que é
usado para aumentar, manter ou melhorar as habilidades funcionais do
indivíduo com limitações funcionais. (MELLO, op. cit.).
Num sentido amplo percebe-se que a evolução tecnológica caminha na
direção de tornar a vida mais fácil. Sem perceber, utiliza-se constantemente
ferramentas que foram especialmente desenvolvidas para favorecer e
simplificar
as
atividades
do
cotidiano,
como
os
talheres,
canetas,
computadores, controle remoto, automóveis, telefones celulares, relógios,
enfim, uma interminável lista de recursos, que já estão assimilados à nossa
rotina e, num senso geral “são instrumentos que facilitam o desempenho em
funções pretendidas”. (BERSCH, op. cit.).
A tecnologia assistiva deve ser então entendida como auxílio que
promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará
a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstâncias
de deficiências ou pelo envelhecimento. (BERSCH, op. cit.).
Com os recursos da tecnologia assistiva o terapeuta estuda, desenvolve
e aplica técnicas e procedimentos que possam diminuir o impacto das perdas
funcionais, temporárias ou não, por intermédio de recursos que auxiliem o
indivíduo com limitações ou deficiências funcionais a aumentar sua
independência e melhorar o domínio de seu ambiente físico e social. Ela ajuda
a compensar os efeitos das disfunções de maneira ativa e positiva, focando
não o que foi perdido, mas o que é possível, construtivo e pode ser realizado.
(GOLLEGÃ In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).
Segundo RODRIGUES (2008), a tecnologia assistiva pode ser
caracterizada:
Tecnologia assistiva de baixa complexidade – sem componentes
eletrônicos.
Tecnologia assistiva de alta complexidade – com componentes
eletrônicos.
64
4.2 OBJETIVOS
O objetivo da tecnologia é compensar as capacidades ausentes ou
deficientes. Através da tecnologia, os consumidores administram uma
variedade de tarefas da vida diária, participam da vida conforme suas opções,
e fazem escolhas com base em seus objetivos e papéis desejados. Assim, a
tecnologia apóia os consumidores no desempenho ocupacional. (ANGELO In:
TROMBLY e RADOMSKI, 2005).
Seu maior objetivo é permitir que os consumidores participem de tarefas
de desempenho ocupacional, as quais consistem em atividades significativas
que contribuem para a qualidade de vida. Os terapeutas ocupacionais ajudam
os consumidores a superar as deficiências funcionais pelo conhecimento de
seus objetivos e preferências, avaliando suas capacidades e equiparando seus
objetivos e capacidades com as soluções de tecnologia assistiva apropriadas.
(ANGELO, op. cit.).
4.3 ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL E A TECNOLOGIA
ASSISTIVA
A tecnologia assistiva é fruto da aplicação de avanços tecnológicos em
áreas já estabelecidas. Trata-se de uma disciplina de domínio de engenheiros
de reabilitação, de computação, biomédicos e elétricos, de médicos, de
arquitetos, de desenhistas industriais, de terapeutas ocupacionais, de
fisioterapeutas e de fonoaudiólogicos, que trabalham para restaurar a função
humana por meio de dispositivos assistivos. (LUZO In: DE CARLO e LUZO,
2004).
O terapeuta ocupacional é o profissional que, tendo tido formação para
analisar
a
atividade
humana
em
condições
típicas
ou
atípicas
de
desenvolvimento é capaz de explorar ao máximo o potencial do indivíduo no
seu desempenho funcional/ocupacional e, por isso mesmo, pode desenvolver,
indicar e aplicar artigos de tecnologia assistiva com a maior competência e
eficácia. (GOLLEGÃ In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).
65
A tecnologia assistiva pode realizar muitas tarefas possíveis para muitos
clientes, quando se baseia em fundamentos terapêuticos sólidos, uma
avaliação contínua e abrangente de todas as partes do sistema, uma equipe
interdisciplinar, incluindo o cliente e o prestador de atendimento, tomando as
decisões na seleção das adaptações e um foco sobre as necessidades do
cliente. (BRAIN In: NEISTADT e CREPEAU, 2002).
Considerando o objetivo do terapeuta ocupacional em relação à
tecnologia assistiva, visa sempre manter como meta a melhora da capacidade
funcional do sujeito de maneira a favorecer sua qualidade de vida, busca-se
compreender melhor como se dão as perdas das capacidades funcionais
intrínsecas do sujeito acometido das seqüelas de uma lesão medular. Realizase assim avaliações precisas, descrevendo, confeccionando e utilizando
tecnologias assistivas que buscam a melhora da capacidade funcional e a
máxima independência nas atividades de vida diária, nunca esquecendo da
qualidade de vida do sujeito. (GRIFO MEU).
4.4 DESIGN UNIVERSAL
4.4.1 Conceito
O Design Universal como filosofia, e a Terapia Ocupacional como
intervenção terapêutica, buscam, dentre outros objetivos, a inclusão do
indivíduo à sua vida cotidiana, de forma a garantir a sua maior independência e
autonomia no desempenho de suas funções. (RIBEIRO In: CAVALCANTI e
GALVÃO, 2007)
O Design Universal foi definido em 1993, por Ron Mace, como: “uma
abordagem incorporada a produtos, bem como aos fatores de edificação e
elementos que aumentam e estendem as possibilidades para que os mesmos
possam ser utilizados pela maioria das pessoas”. (RIBEIRO, op. cit.).
O Design Universal, busca viabilizar a identificação de fatores da
usabilidade. Portanto aplica-se desde a concepção do meio ambiente, incluindo
edificações, organização de centros, meios de comunicação e sinalizações, até
produtos de consumo. Entretanto, é importante deixar claro que a filosofia do
66
Design Universal não deve estar restrita somente à etapa de concepção do
produto,
mas
também
ser
aplicada
em
todo
o
seu
processo
de
desenvolvimento. (RIBEIRO, op. cit.).
Se um determinado produto for concebido visando atender a uma
maioria da população, poderão então ser minimizadas as chances desses
produtos estigmatizarem seus usuários, diante dos constrangimentos implícitos
ocasionados quando da sua utilização. (RIBEIRO, op. cit.)
Os princípios do Design Universal e seus manuais foram desenvolvidos
por um grupo de profissionais, dentre eles arquitetos, designers, engenheiros,
terapeutas ocupacionais, e por pesquisas na área do design ambiental,
coordenadas pelo Centro de Design Universal da Universidade Estadual da
Carolina do Norte. (RIBEIRO, op. cit.).
Os sete princípios do Design Universal usados como elementos para a
elaboração da análise de um produto na avaliação da sua utilização são:
1. Uso eqüitativo: O design não estigmatiza ou deixa em desvantagem
nenhum grupo de usuários.
2. Flexibilidade no uso: O design deve acomodar uma variedade de
preferências e habilidades individuais.
3. Simples, uso intuitivo: A utilização do design é de fácil compreensão,
sem experiência prévia, conhecimentos, linguagem própria ou exigência
de constante concentração por parte do usuário.
4. Informações
perceptíveis:
O
design
informações
necessárias
ao
usuário,
precondições
ambientais
ou
até
comunica
sem
mesmo
a
efetivamente
as
necessidade
de
habilidades
sensoriais
específicas.
5. Tolerância ao erro: O design minimiza riscos e conseqüências adversas
de acidentes ou ações desatentas.
6. Baixo desgaste físico: O design pode ser utilizado de maneira eficiente e
confortável, com o mínimo de fadiga.
7. Tamanho e espaço para uso e alcance: Tamanho apropriado e espaço
são considerados para o alcance, a manipulação, independentemente
da postura, do tamanho do corpo e da mobilidade do usuário.
67
O resultado da aplicação do Design Universal na concepção de produtos e
edificação de espaços traduz-se na facilidade e segurança implícita à sua
utilização pelo usuário. (RIBEIRO, op. cit.).
4.4.2 Design Universal e Terapia Ocupacional
Para a percepção de um produto dentro dos princípios do Design Universal,
ocupacional auxilia e contribui para a realização da análise dos produtos em
uso nas atividades de vida diária – AVD, especialmente na relação da interface
usuário versus produto. (RIBEIRO, op. cit.).
O Design Universal atua como uma abordagem filosófica que faz parte do
processo de desenvolvimento do produto como um todo, visando atender às
necessidades da maioria dos usuários. (RIBEIRO, op. cit.)
Um dos objetivos fundamentais da Terapia Ocupacional é o de procurar
maximizar as oportunidades para os seus clientes, no âmbito da performance
do seu potencial funcional em todas as áreas de suas vidas, incluindo o
trabalho, as atividades de recreação e lazer e, sobretudo as atividades em
casa. (RIBEIRO, op. cit.).
Como observador atento às relações de interface que se estabeleceram na
realização de uma AVD, o “olhar” do terapeuta ocupacional é de fundamental
importância, considerando que o objeto de estudo e análise apresenta como
objetivo principal a busca da independência funcional, observando uma
situação real. (RIBEIRO, op. cit.).
Assim sendo, o terapeuta ocupacional pode vir a identificar as
dificuldades apresentadas pelo usuário quanto aos aspectos motores,
cognitivos, sensoriais e psíquicos envolvidos na utilização desse produto, e
apresentar os resultados obtidos a partir dessa observação como elementos
para a realização de alterações nos atributos incorporados ao produto em uso,
para que ele se torne compatível às necessidades de seus usuários diante das
suas habilidades. (RIBEIRO, op. cit.).
Como ferramenta de análise, esse profissional deve estar atento às
informações e depoimentos do usuário, seja por meio da elaboração de um
questionário ou a partir de declarações espontâneas que possam surgir
durante a realização da atividade. (RIBEIRO, op. cit.).
68
A essência do Design Universal respeita a diversidade entre os
indivíduos e promove a inclusão das pessoas às suas atividades de vida diária.
Observa-se que existe uma relação estreita entre os objetivos do Design
Universal e da Terapia Ocupacional, pois ambos objetivam garantir a
autonomia e a independência funcional do indivíduo diante da realização de
uma atividade e, portanto à sua inclusão na sociedade. (RIBEIRO, op. cit.).
4.5 ADAPTAÇÕES
4.5.1 Conceito
A adaptação é um ramo da Tecnologia Assistiva que pode ser definida
como: a modificação da tarefa, método e meio ambiente, promovendo
independência e função. Neste sentido o ato de adaptar promove ajuste,
acomodação e adequação do indivíduo a uma nova situação. (TEIXEIRA In:
FERNANDES, 2007)
Adaptar é o somatório da capacidade criativa do terapeuta ocupacional
com a praticidade e funcionalidade da adaptação proposta, com a finalidade de
aceitação e utilização do paciente. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).
O equipamento adaptativo é usado para compensar uma limitação física,
aumentar a segurança e evitar lesões nas articulações. Pode estar entre as
limitações físicas à perda de força muscular. Antes de recomendar algum
equipamento adaptativo, o terapeuta ocupacional deve realizar uma minuciosa
avaliação para determinar os problemas funcionais do paciente e suas causas.
O terapeuta ocupacional também pode considerar soluções práticas em
primeiro, antes de decidir que algum equipamento adaptativo é a solução.
Seriam algumas soluções práticas evitar a causa do problema, usar uma
técnica compensatória ou um método alternativo, obter assistência de outra
pessoa, ou modificar o ambiente. (FOTI In: PEDRETTY e EARLY, 2004).
O processo de intervenção baseia-se no resultado desejado pelo cliente,
nos dados coletados na avaliação e na evidência observada. Interfere
diretamente nas demandas das atividades, alterando, por exemplo, os objetos
usados e suas propriedades, as demandas espaciais e as ações requeridas
69
para facilitar o envolvimento do indivíduo na ocupação. (CAVALCANTI In:
CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
As adaptações estão diretamente relacionadas com as áreas de
ocupação, e há uma variedade de dispositivos, para facilitar o desempenho em
ocupações e tarefas, que são comumente categorizados em adaptações para a
higiene, vestuário e alimentação. (CAVALCANTI, op. cit.).
Toda adaptação deve ser idealizada ou confeccionada de acordo com as
necessidades do cliente e com as possibilidades de aquisição (produto
manufaturado ou artesanal) de modo a ampliar a possibilidade de envolvimento
e participação do indivíduo em ocupações ou tarefas. Em qualquer uma das
situações, a estética, a segurança e a simplicidade também devem estar
caracterizadas
como
aspectos
prioritários
de
seleção
da
adaptação.
(CAVALCANTI In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
O interesse e o desenvolvimento do cliente na seleção e no treino do
uso dos equipamentos são essenciais para a aceitação pelo terapeuta no
processo de escolha e aquisição de produtos adaptados ou na elaboração e
confecção de adaptações artesanais, sempre focando a real necessidade e o
desejo do cliente. (CAVALCANTI, op. cit.).
Há dois modos principais de modificação e/ou compensação da tarefa:
(MOYERS, 1999 apud TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).
1. Alteração da tarefa ou método de realizá-la.
2. Adaptação do objeto da tarefa (equipamentos).
4.5.2 Alteração da tarefa ou método de realizá-lo
Cabe ao terapeuta, em parceria com o cliente planejar e desenvolver
novos mecanismos para realização das tarefas. (TEIXEIRA In: FERNANDES,
2007).
As tarefas podem ser modificadas utilizando-se técnicas de graduação.
Graduação é a adaptação da tarefa ou partes dela que sejam adequadas às
capacidades
do
indivíduo.
(SHEPHERD,
2001
apud
TEIXEIRA
In:
FERNANDES, 2007).
70
Neste método, o terapeuta, após a análise da atividade, segmenta a
tarefa por graus de dificuldade e favorece o envolvimento do cliente nas etapas
iniciais e final. (TEIXEIRA, op. cit.).
Neste processo, o terapeuta deverá considerar diferentes aspectos, bem
como buscar soluções para os mesmos. Os aspectos psicológicos, físicos e
cognitivos devem ser analisados cuidadosamente. (MOYERS, 1999 apud
TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).
4.3.3 Adaptação do objeto da tarefa (equipamentos)
Envolve a prescrição de equipamento adaptativo, modificação do objeto
ou recomendação de substituição de objetos. A introdução de um equipamento
poderá alternar radicalmente a tarefa na medida em que introduza
modificações nos componentes de desempenho. (TEIXEIRA, op. cit.).
A adoção de adaptações complexas requer, freqüentemente habilidades
cognitivas para o acesso e uso das mesmas. (TEIXEIRA, op. cit.).
Adaptar pode ainda incluir intervenções no contexto físico e humano no
qual a tarefa é realizada. Modificações na postura e forma de participação da
família e/ou cuidador é um fator de fundamental importância nesse processo. A
infra-estrutura do meio ambiente, quando adequada, possibilita a utilização das
adaptações e proporciona ao indivíduo o convívio social, a plena atuação
educacional e profissional, a realização pessoal e, conseqüentemente sua
participação efetiva no contexto social. (TEIXEIRA, op. cit.).
Quando nos referimos às adaptações de um equipamento pode-se
classifica-lá em dois tipos: as de baixa tecnologia ou baixo custo (Low-Tech),
ou dispositivos de atividade de vida diária e os equipamentos de alta tecnologia
ou alto custo (High-tech). (TEIXEIRA, op. cit.).
Na escolha de um dispositivo de tecnologia assistiva ou inclusiva devese levar em conta a complexidade, preço e qualidade do produto, considerando
não apenas seu usuário, mas o ambiente no qual será utilizado. (TEIXEIRA,
op. cit.).
Cultura,
informação, costumes e crenças
do paciente também
influenciam a utilização de adaptações. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).
71
Outro fator de fundamental importância nesse processo é a infraestrutura do meio ambiente que, quando adequado possibilita a utilização das
adaptações e proporciona ao indivíduo o convívio social, a plena atuação
educacional e profissional, a realização pessoal e, conseqüentemente, sua
contribuição efetiva no contexto social. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).
Barreiras arquitetônicas ambientais são definidas, segundo a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como o impedimento de acessibilidade,
natural ou resultante de implantações arquitetônicas ou urbanísticas. Ainda
segundo a ABNT, acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para
utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaço, mobiliário e
equipamentos urbanos. (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).
A ausência de acessibilidade, principalmente nos ambientes externos
freqüentados pelo indivíduo, como por exemplo, escolas, clubes, restaurantes,
cinemas, teatros, prejudica a independência adquirida, através do uso de
adaptações, nas atividades cotidianas. (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).
Para que um equipamento de tecnologia assistiva seja largamente
utilizado deverá apresentar as qualidades quanto aos seguintes aspectos:
Auxílio à tarefa.
Aceitabilidade para o individuo, família e contexto.
Praticidade e flexibilidade.
Durabilidade.
Expansibilidade.
Segurança
Manutenção ou concerto.
Acessibilidade do ponto de vista financeiro. (TEIXEIRA In: FERNANDES,
2007).
O processo de adaptação para o uso de equipamentos envolve sete
aspectos:
1. Analisar a tarefa: identificar as habilidades do indivíduo X ambiente
físico.
2. Identificar o problema.
3. O reconhecimento dos princípios de compensação.
72
4. Propor solução: utilizar a criatividade do terapeuta em conjunto com
a colaboração do paciente e sua família.
5. Conhecer os recursos alternativos para a solução do problema.
6. Verificar periodicamente a adaptação.
7. Treinar, visando o uso funcional da adaptação. (TROMBLY, 2002
apud TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).
Em nossa prática diária, observamos que, muitas vezes, alguns
pacientes após um tempo deixam de utilizar adaptações, inicialmente
propostas. Os motivos seriam os seguintes:
Em alguns casos porque a evolução neurológica inerente à lesão e
independente de nossa intervenção possibilitou seu abandono.
Outros pacientes, apesar de não apresentarem retorno neurológico,
alcançam, com o tempo, uma satisfatória ou perfeita função, não mais
necessitando das adaptações inicialmente propostas. (TEIXEIRA In:
TEIXEIRA, 2003).
Enquanto a adaptação for necessária, o paciente, seus familiares e
cuidadores devem ser orientados quanto ao período de uso, forma correta de
colocação e retirada e cuidados de manutenção. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA,
2003).
A observação de questões como o quanto o equipamento irá maximizar o
desempenho do cliente, em particular, e sua receptividade ao mesmo, diminui
os riscos de prescrição inapropriada que resultam em desperdicío de tempo e
dinheiro (público e privado). (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).
Os terapeutas têm a responsabilidade de fornecer subsídios técnicos que
fomentem o investimento dos diversos setores da sociedade para o
desenvolvimento e financiamento de recursos tecnológicos que infelizmente
não estão disponíveis para a maior parte da população portadora de
necessidades especiais e que por esta razão permanece, muitas vezes, fora
das escolas, universidades e postos de trabalho. (TEIXEIRA, op. cit.).
Por outro lado, cabe aos terapeutas influenciar positivamente nos órgãos de
saúde, demonstrando a eficácia dos equipamentos prescritos. Potencialmente
15% da população brasileira são portadoras de algum tipo de deficiência e
recebem indicação de alguma adaptação, ainda que só pequena parte as
abandone, isso significará altas taxas de desperdício para os indivíduos,
73
sistemas de saúde, convênios ou outros órgãos financiadores. (TEIXEIRA, op.
cit.).
Muitos dos dispositivos assistivos hoje disponíveis em empresas de
equipamentos de reabilitação foram originalmente projetados e fabricados
pelos terapeutas ocupacionais e pacientes. Muitos dos métodos especiais
usados para desempenhar atividades específicas também evoluíram através
de abordagens de tentativa e erro de terapeutas e de seus pacientes. Os
pacientes geralmente têm boas sugestões para seus terapeutas, porque vivem
com a limitação e se defrontam constantemente com a necessidade de adaptar
o desempenho de tarefas diárias. (FOTI In: PEDRETTY e EARLY, 2004).
4.6 ADAPTAÇÕES PARA ATIVIDADE DA VIDA DIÁRIA
4.6.1 Conceito
Segundo FOTI (2004), as atividades da vida diária são tarefas de
cuidados pessoais, mobilidade funcional, comunicação funcional, administração
doméstica e vida em comunidade que permitem a um indivíduo atingir a
independência pessoal.
As AVD requerem capacidades básicas do paciente. A avaliação e o
treinamento no desempenho dessas importantes tarefas na vida têm sido, há
muito, aspectos importantes de programas de Terapia Ocupacional em
praticamente todos os tipos de atendimento de saúde. A perda da capacidade
de cuidar das próprias necessidades pessoais e de administrar o ambiente
pode resultar em perda da auto-estima e profundo senso de dependência.
(FOTI In: PEDRETTI e EARLY, 2004).
Um dos aspectos cruciais no processo terapêutico ocupacional são as
AVD, pois ao mesmo tempo em que aponta a razão para a intervenção,
significa o recurso terapêutico, e seu desempenho é um marco concreto para o
momento de alta. (MELLO In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).
Segundo NEISTADT & CREPEAU (2002) a prescrição de aparelhos de
assistência deve levar em consideração, simultaneamente, a capacidade do
cliente e os aspectos do aparelho.
74
Em muitos casos, não é possível usar técnicas específicas para
solucionar problemas específicos de AVD. Às vezes o terapeuta ocupacional
tem que explorar vários métodos ou dispositivos assistivos para chegar a uma
solução. Ocasionalmente é necessário que o terapeuta projete ou elabore um
dispositivo, método, tala ou peça de equipamentos especiais para possibilitar
que o paciente desempenhe uma atividade em particular. (FOTI, op. cit.).
Segundo CARDOSO (2001), a inexistência de acessórios que permitam
o desenvolvimento de atividades simples de higiene pessoal, alimentação e
vestuário frustram os pacientes que não conseguem realizar as atividades
mínimas, portanto a reabilitação torna-se complicada e desagradável.
A vida humana é um processo de contínua adaptação. Essa adaptação
é resultante de um sentimento de competência e auto-estima. Uma pessoa
competente na realização de suas atividades tem recursos suficientes para
interagir positivamente com os ambientes físicos e sociais e para encontrar as
demandas dessa atividade e do contexto, bem como demonstra independência
e sucesso nas AVD. (RODRIGUES, 2008).
As atividades são empregadas para provocar alterações no desempenho
humano, potencializando características de saúde e minimizando o impacto da
doença ou incapacidade. (RODRIGUES, op. cit.).
O papel da Terapia Ocupacional é lidar com as capacidades de
desempenho das AVD, determinar os problemas que mais interferem na
independência, determinar objetivos de tratamento e proporcionar treinamento
para aumentar a independência. (FOTI, op. cit.).
O terapeuta deve estimar quais tarefas de AVD são possíveis e quais
são impossíveis para o paciente. O terapeuta deve investigar com o paciente a
possibilidade de usar métodos alternativos para desempenhar as atividades e o
uso de qualquer dispositivo assistivo que seja útil. (FOTI In: PEDRETTY e
EARLY, 2004).
A necessidade de aprender novos métodos ou de usar dispositivos
assitivos para desempenhar tarefas diárias pode ser temporária
ou
permanente, dependendo da disfunção específica e do prognóstico de
recuperação. (FOTI, op. cit.).
75
Segundo DONALD (1998), o terapeuta deve ser adaptável e ser capaz
de conservar boas relações com todas as pessoas que estiverem direta ou
indiretamente afetadas pelas mudanças que ela vai fazer.
Deve-se observar, como diferencial da Terapia Ocupacional na área da
reabilitação física, a ênfase com que esse profissional “olha” seu paciente. A
partir da dimensão da sua vida cotidiana, tendo por base as técnicas de
reabilitação funcional, colocando-as como meio para que se atinja um objetivo
maior, qual seja, a inclusão social da sua clientela, a partir da conquista da
máxima independência e autonomia possíveis na vida ocupacional. (GOLLEGÃ
In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).
Este trabalho dá ênfase às AVD de Auto cuidados, que incluem
alimentação, higiene e vestuário.
4.6.2 Auto cuidado
As tarefas de auto cuidado são especialmente importantes, por serem
atividades básicas, consideradas essenciais para uma vida independente.
(RODRIGUES, 2008).
Aos profissionais da saúde e reabilitação cabe avaliar o quanto a pessoa
precisa de auxílio, bem como o tipo de auxílio em relação ao potencial
funcional e relacional necessários para completar atividades. (RODRIGUES,
op. cit.).
As adaptações exibidas neste capítulo são de empresas especializadas,
e, portanto pré-fabricadas. O objetivo de exibí-las é, além de orientar o leitor às
possibilidades já existentes, motivá-lo a pensar alternativas que levem ao
mesmo resultado, com diferentes materiais. (GRIFO MEU).
4.6.2.1 Alimentação
As adaptações para a alimentação objetivam ampliar a capacidade de
manter e manipular utensílios e conduzir o alimento (sólido ou líquido) até a
boca. Durante a preparação podem ser indicados instrumentos que facilitem as
tarefas de cortá-los ou manuseá-los. (CAVALCANTI In: CAVALCANTI e
GALVÃO, 2007).
76
Podem ser dispositivos como:
TALHERES (colheres, garfos e facas), podendo ser engrossados,
entortados, pesados, com economia de energia, com substituição de
preensão.
FACA FATIADORA GOOD GRIPS
Possui uma lâmina de 20 cm. Cabo Good
Grips (emborrachado e com ranhuras).
Ideal para quase todos os trabalhos de
corte. Lavável em máquina. Destinado a
pessoas que apresentam dificuldade na
preensão.
Figura 2 – Faca Fatiadora Good Grips
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm
FACA BALANÇO EM "T"
Pessoas com preensão débil ou que utilizem
somente uma das mãos se beneficiarão com
este utensílio estável e de fácil manuseio. O
corte
é realizado com movimentos em
balanço sobre o alimento. A lamina pode ser
afiada com afiador de faca comum.
Figura 3 – Faca Balanço em “T”
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm
FACA DE SERRA ANGULADA
O cabo angulado a 90° e a lâmina
serrilhada de aço inoxidável tornam essa
faca um instrumento bastante útil na
cozinha. Ideal para pessoas com artrite ou
tendinite. A lâmina mede 17 cm. A faca
pesa 156 gramas. Lavável em máquina.
Figura 4 – Faca de Serra Angulada
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm
77
SUBSTITUIÇÃO DE PREENSÃO
ECONÔMICA
Econômico
e
ajustável
através
de
Velcro® e anel em D. Pode servir
também como adaptação para canetas e
lápis. Fácil de colocar e tirar. Feito de
algodão. Lavável em máquina.
Figura 5 – Substituição de Preensão Econômica
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
SUBSTITUIÇÃO DE PREENSÃO QUADCARE
Desenhado
especialmente
para
quadriplégicos.
Esta
com
adaptação
encaixe para utensílios permite às pessoas
com preensão limitada ou ausente. Fácil
de se colocar e tirar
Figura 6 – Substituição de Preensão Quad-Care
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
SUBSTITUIÇÃO DE PREENSÃO
COM SUPORTE DE PUNHO
Esta órtese é simples, durável e eficiente
em casos de punho caído. Possui um
encaixe na palma que se mantém numa
posição fixa. Direito e esquerdo.
Figura 7 – Substituição de Preensão com Suporte de Punho
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
78
TALHER ENGROSSADO CARING
Desenhado
para
compensa
preensão
muscular
a
mão
artrítica,
e
controle
deficitários.
Uma
concavidade para o dedo indicador
ajuda no controle direcional. Feito de
aço cirúrgico e cabo de polipropileno
de 2,5 cm de diâmetro.
Figura 8 – Talher Engrossado Caring
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
TALHERES COMFORT GRIP
Feitos especialmente para pessoas com
preensão
deficitária,
esses
utensílios
permitem um máximo de controle com um
mínimo de esforço. São leves e o cabo
possui 2,5 cm de diâmetro, podendo ser
rodado para acomodar quase qualquer
tipo de dificuldade na alimentação.
Figura 9 – Talher Comfort Grip
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
COLHERES GOOD GRIPS
ENCAPADAS
Essas
colheres
emborrachado
e
anguladas. Ideal
possuem
são
para
cabo
facialmente
pessoas com
espasticidade ou com pobre controle
manual.
Não
é
recomendável
para
pessoas com forte reflexo de mordida.
Figura 10 – Colher Good Grips Encapadas
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
79
TALHERES GOOD GRIPS
São
feitos
de
borracha
macia,
antiderrapante, com cabo flexível que se
adapta confortavelmente a qualquer tipo
de
preensão
e
a
qualquer
ângulo.
Adaptáveis para destros e canhotos.
Figura 11 – Talheres com peso Good Grips
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
TALHERES EM BALANÇO
Útil para quando a movimentação de
punho e dedos está ausente ou limitada.
Estes talheres permitem que a comida
permaneça sempre nivelada. Cada talher
pesa 28 gr e o cabo plástico possui 19
cm de diâmetro. Lavável em máquina.
Figura 12 – Talheres em Balanço
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
ADAPTADOR DE TALHERES EM
PLÁSTICO
O talher comum é adaptado a este
dispositivo através de um sistema de
ajuste. Útil para pessoas com dificuldades
de preensão.
Figura 13 – Adaptador de Talheres em Plástico
Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product_info.php?cPath=62_72&nome=Adaptador%20de%20Talheres&products_id=543
80
ADAPTADOR DE TALHERES EM
PLÁSTICO DE CABO LONGO
Adaptador de talheres em plástico. Cabo
longo, ajustável em ângulo. Ideal para
pessoas
com
limitações
ao
déficit
nível
de
da
preensão
amplitude
e
de
movimentos do ombro. O talher comum é
adaptado a este dispositivo através de um
sistema de fixação.
Figura 14 – Adaptador de Talher em Plástico Cabo Longo
Fonte:
http://www.prosavos.com/loja/product_info.php?cPath=62_72&nome=Adaptador%20de%20Talheres%20Ajustável&pro
ducts_id=542
Ainda, para a alimentação há os PRATOS e COPOS.
Os PRATOS podem ser: fixos, com relevo, com bordas elevadas.
PRATO COM RELEVO INTERNO
É um auxiliar valioso para pessoas que
se alimentam com apenas uma das
mãos. Sua borda de 1,5 cm de altura não
permite que o alimento caia para fora do
prato e facilita a alimentação com o garfo
ou colher. Vai ao microondas, é lavável
na máquina e é autoclavável.
Figura 15 – Prato com Relevo Interno
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
BORDA DE PRATO INTERNA
PEQUENA
Aparador moldado em plástico, utilizável
em pratos de diferentes diâmetros. Os
ganchos são moldados diretamente na
unidade, sem apresentar emendas ou
articulações. Leve e fácil de colocar e
remover.
Figura 16 – Borda de Prato Interna Pequena
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
81
BORDA DE PRATO INTERNA
GRANDE
Aparador moldado em plástico, utilizável
em pratos de diferentes diâmetros. Os
ganchos são moldados diretamente na
unidade, sem apresentar emendas ou
articulações. Leve e fácil de colocar e
remover.
Figura 17 – Borda de Prato Interna Grande
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
PRATO ADAPTADO GRIPWARE
Feito de melamina,tem um diâmetro de 20
cm e a borda lateral com a altura variando
de 3 cm a 1,3 cm (recorte). Produto ideal
para
pessoas
com
flexibilidade
e
coordenação motora limitadas, ataxia ou
outra desordem neurológica.
Figura 18 – Prato Adaptado Gripware
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
APARADOR DE COMIDA EM
PLÁSTICO TRANSPARENTE
Feito
em
policarbonato
transparente,
além de funcional é também atraente.
Ajusta-se
diâmetros,
a
pratos
de
diferentes
podendo
ser
colocado
rapidamente com o uso de uma única
mão.
Figura 19 – Aparador de Comida em Plástico Transparente
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
Fonte: www.mnsuprimentos.com.br
MN35244
82
APARADOR DE COMIDA EM AÇO
INOXIDÁVEL
Este aparador de comida feito em peça
única evita o acúmulo de comida que
costuma
aparador
acontecer
dá
em
ao
junções.
indivíduo
Este
maior
independência e ajusta-se a vários tipos de
pratos.
Figura 20 – Aparador de Comida em Aço Inoxidável
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
Os COPOS podem ser: recortados, com alças, com tampas, com
encaixe para a mão.
CANECA COM ALÇAS E TAMPA
Possui uma tampa com um bico que controla
o fluxo do líquido. Suas duas alças facilitam a
empunhadura e sua larga base previne
tombamentos
acidentais.
Pode
ir
ao
microondas e à máquina de lavar louças.
Figura 21 – Copo com Alças e Tampa
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
SUPORTE PARA CANUDOS E CANUDO
FLEXÍVEL
Suporte para canudos desenhado para se
ajustar a qualquer canudo, prende-se a borda do
copo. Com 8 furos que ajudam a manter os
canudos no ângulo desejado. Canudo flexível
feito de polietileno é reutilizável. Possui 46 cm
de comprimento e pode ser facilmente dobrado
à mão.
Figura 22 – Suporte para canudos e Canudo Flexível
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
83
COPO ADAPTADO MELAWARE
Permite uma preensão facilitada utilizandose somente o polegar e o indicador. Ideal
para pessoas com déficit de força muscular.
Feito de plástico moldado pode ser lavado
em máquina. Capacidade: 236 ml. Vai ao
forno de microondas.
Figura 23 – Copo Adaptado Melaware
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
COPO RECORTADO
Ideal para pessoas com dificuldade em
estender a cabeça devido a lesão em nível
de pescoço. Também útil para crianças
portadoras de paralisia cerebral. O recorte
permite a visualização do líquido pelo
terapeuta. Feito de plástico inquebrável,
volume de 237 ml.
Figura 24 – Copo Recortado
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm
Inclui-se na alimentação TÁBUAS de FIXAÇÃO PARA ALIMENTOS,
ANTIDERRAPANTES e BANDEJAS.
TÁBUA E FACA ADAPTADOS PARA
FATIAR
É um dispositivo seguro e de fácil manejo
para
fatiar
carne,
pão
ou
vegetais.
Compõe-se de uma tábua regulável para
seis diferentes larguras. A lâmina da faca
possui 23 cm de comprimento e a faca
pesa 170 gramas.
Figura 25 – Tábua e Faca Adaptados para Fatiar
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm
84
TÁBUA PARA APOIO DE PÃO
Possui uma base não escorregadia e uma
aleta voltada para baixo que mantém a
tábua no lugar. Apresenta ainda duas
bordas elevadas que mantém o alimento,
facilitando a utilização de uma só mão.
Figura 26 – Tábua para apoio de pão
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm
TÁBUA DE CORTE ADAPTADA
Um canto
de
madeira
segura
o
alimento dentro da tábua adaptada.
Ideal para o uso com somente uma
das mãos. Prende o alimento com
duas hastes de aço inoxidável. Quatro
ventosas mantêm a tábua presa à
superfície de apoio.
Figura 27 – Tábua de Corte Adaptada
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm
TÁBUA DE CORTE SWEDISH
Esta tábua adaptada pode ser utilizada
para fatiar e ralar alimentos ou manter
recipientes fixos. Designada para o
uso de apenas uma das mãos, esta
adaptação apresenta espetos em aço
inoxidável e um torno para segurar
objetos ou alimentos.
Figura 28 – Tábua de Corte Swedish
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm
85
ANTI-DERRAPANTE DYCEM
Este material antiderrapante é bastante
eficiente, evitando movimento em ambas
as superfícies, sem grudar nos objetos.
Pode
ser utilizadas sobre bandejas,
mesas, como adaptação para preensão
ou para posicionamento de almofadas em
cadeiras de rodas.
Figura 29 – Anti-derrapamte Dycem
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm
BANDEJA ADAPTÁVEL
Estável, ajusta-se perfeitamente a quase
todo tipo de sofá ou cadeira com braço.
Possui divisórias internas. Medidas: 33
cm x 24 cm x 23 cm. Um adaptador para
cadeira de rodas permite que a bandeja
gire para facilitar o entrar e o sair da
cadeira. Medidas: 33 cm x 24 cm x 23 cm.
Figura 30 – Bandeja Adaptável
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm
4.6.2.2 Higiene
Os dispositivos de higiene, além de ampliarem o desempenho e a
funcionalidade do cliente, visam proporcionar uma condição de segurança e de
conforto para o usuário, e, muitas vezes, a seleção de determinada adaptação
é respaldada nos critérios de acessibilidade, proteção articular e conservação
de energia. (CAVALCANTI, op. cit.).
Podem ser dispositivos como:
- ESPONJAS: podem ter cabos entortados, em forma de luva, com cabos
longos, com porta sabonetes, com ventosas para maior fixação, pesados, com
economia de energia, realizando substituição de preensão.
86
ESPONJA ADAPTADA
Esta suave poli-espuma vem unida a um
cabo longo de plástico. Designada para
o uso durante o banho serve também
para outros usos domésticos. O cabo
pode ser moldado com calor. Leve. Em
dois tamanhos.
Figura 31 – Esponja Adaptada
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
KIT DE BANHO - JOGO DE
ESCOVA/ESPONJAS
São 4 tipos para lavar o corpo, sem se
abaixar ou se curvar. A alça na ponta do
cabo permite que a unidade fique presa
ao punho, evitando que caia durante o
uso, bem como pendurada para secagem
ou para ser guardada.
Figura 32 – Kit de Banho – Jogo de Escovas/Esponjas
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
ESPONJA COM PORTA-SABONETE
Pode se colocar um pequeno pedaço de
sabonete
dentro
desta
adaptação.
Desenhada para pessoas que usam
apenas uma das mãos. Ideal para
pacientes
hemiplégicos
ou
para
pessoas com amplitude de movimentos
limitada.
Figura 33 – Esponja com Porta-Sabonete
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
87
ESCOVA CURVA
Pessoas com uma amplitude limitada de
movimento podem lavar o pescoço,
ombros e costas facilmente. Cabo de
borracha anti-derrapante. Com cerdas
em ambos os lados acoplada em uma
base segura. Duas ventosas mantêm a
base estável.
Figura 34 – Escova Curva
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
ESPONJA COM CABO CURVADO
Esponja com design para tornar eficaz o
uso do movimento e força do membro
superior. Útil para alcançar todas as
partes
corporais.
propriedades
da
Graças
esponja,
esta
às
não
absorve a água, mantendo sempre o seu
peso de 112g.
Figura 35 – Esponja com Cabo Curvado
Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product
ESCOVA COM VENTOSA
Prenda a escova na pia ou qualquer
outra
superfície
para
permitir
a
escovação com apenas uma das mãos.
Possui uma base leve de plástico que
mantém 7 fileiras de cerdas com 1,3 cm
de altura. Ideal para a limpeza de
dentaduras e unhas.
Figura 36 – Escova com Ventosa
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
88
LUVA PARA BANHO
Confeccionada
apresentando
em
um
tecido
durável,
fechamento
por
velcro® com um anel em "D" que facilita
a fixação das tiras mesmo para aqueles
que possuem uso funcional de apenas
uma das mãos.
Figura 37 – Luva para Banho
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
- ESCOVAS
- DENTES
KIT DE ESCOVAS PARA TREINO DE
HIGIENE BUCAL
Designada
para
estimulação
e
dessensibilização dos tecidos orais,
massagem da gengiva e higiene oral.
Inclui
um
manual
de
cuidados
dentários.
Figura 38 – Kit de Escovas para Treino de Higiene Bucal
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
ESCOVA FIXA PARA DENTADURA
Trata-se de uma escova com cerdas em
ambos os lados acoplada em uma base
segura. Duas ventosas mantêm a base
estável.
Figura 39 – Escova Fixa para Dentadura
MN28333
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
89
FACILITADOR PARA ESPREMER
TUBO DE CREME DENTAL
Acionada pelo toque. Feito de material
lavável. Indicado para pacientes sem
preensão.
Figura 40 – Facilitador para Espremer Tudo de Creme Dental
Fonte: www.sammonspreston.com
- CABELOS
PENTE COM CABO ALONGADO
Útil para pessoas com limitações ao nível
da amplitude do braço que impedem de
chegar com o pente comum à cabeça. O
design curvo permite executar a tarefa
posicionando o braço junto ao corpo,
contribuindo
para
uma
melhor
coordenação de movimentos.
Figura 41 – Pente com Cabo Alongado
Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product
ADAPTAÇÃO PARA PENTE
O cabo, com comprimento de 45 cm,
pode ser dobrado em qualquer ângulo.
Ideal
para
pessoas
que
possuem
limitação de movimentos de braço ou
mão,
com
dificuldade
para
pentear
cabelos longos ou alcançar a nuca. Inclui
uma escova e um pente.
Figura 42 – Adaptação para Pente
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
90
ADAPTAÇÃO REGULAVEL – FÁCIL
DE PUXAR
Regulável com velcro pode ser utilizada
para pente ou escova. Com alça para
pendurar.
Figura 43 – Adaptação Regulável – Fácil e Puxar
Fonte: www.sammonspreston.com
- CORTADORES DE UNHAS
PRANCHA COM CORTADOR DE UNHA
Consiste
de
um
cortador
de
unha
tamanho padrão preso firmemente a uma
base de plástico de 10 cm x 5 cm com
ventosas
que
aderem firmemente
à
superfície, dando estabilidade e evitando
que a tábua escorregue quando em uso.
Figura 44 – Prancha com Cortador de Unha
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
PRANCHA COM CORTADOR DE UNHA
E LIXA
Esta adaptação consiste de um cortador
de unha grande pivotante e duas fendas
para manter as lixas presas. A base de
plástico mede 19 cm x 9 cm. Ventosas
mantém a adaptação fixa.
Figura 45 – Prancha com Cortador de Unha e Lixa
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
MN28331
91
PRANCHA COM CORTADOR DE UNHAS COM
CABO EMBORRACHADO
Desenhado para assistir pessoas com capacidades
motoras limitadas para cortar as unhas. Também
muito útil para pessoas com um membro superior
amputado. Base em plástico antiderrapante que
fornece estabilidade. Alavanca com base alargada
para facilitar a preensão.
Figura 46 – Prancha com Cortador de Unhas e Cabo Emborrachado
Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product
TESOURA PARA UNHA DO PÉ
Os furos para o polegar e demais dedos
são
ergonômicos
permitindo
uma
preensão melhor e mais estável. As
lâminas serrilhadas são de aço inoxidável
e
anguladas.
Mede
21
cm
de
comprimento.
Figura 47 – Tesourinha para Unha do Pé
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm
- BARBA
ADAPTAÇÃO REGULÀVEL – FÁCIL DE
PUXAR PARA APARELHO DE
BARBEAR
Desenhado para assistir pessoas com
capacidades limitadas e sem preensão.
Aparelho de barbear regulável.
Figura 48 – Adaptação Regulável – Fácil de Puxar para Aparelho de Barbear
Fonte: www.sammonspreston.com
92
4.6.2.3 Vestuário
Os dispositivos utilizados são soluções simples, criativas e que visam
auxiliar o cliente a vestir e despir roupas e sapatos com maior facilidade.
(CAVALCANTI, op. cit.).
São utilizados para auxílio na colocação de meias e dispositivos para
abrir e fechar zíper e botões.
- VESTIR E DESPIR
BASTÃO PARA VESTUÁRIO
Feito de material leve, pode ser utilizado com
qualquer tipo de roupa. Uma das extremidades
possui um gancho em "C" e a outra, um gancho
tipo
empurra-puxa.
O
comprimento
desta
adaptação faz com que a pessoa não necessite
curvar-se, tornando-a ideal para aqueles com
flexão de quadril diminuída ou movimento limitado
de membros superiores.
Figura 49 – Bastão para Vestuário
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm
- MEIAS
ADAPTAÇÃO PARA MEIA DE PLÁSTICO
O fundo achatado permite que pés de qualquer
tamanho
deslizem
facilmente.
Feito
de
polipropileno flexível. As extensões laterais
mantêm a meia aberta para fácil colocação. As
bordas suaves da adaptação não machucam o
pé
nem desfiam as meias.
Figura 50 – Adaptação para Meia de Plástico
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm
93
ADAPTAÇÃO PARA MEIA-CALÇA
Leve e fácil de usar. As canaletas de plástico
podem ser dobradas o quanto for necessário
para se ajustar a qualquer tamanho de meia.
Os recortes seguram a meia no lugar. As tiras
podem ser ajustadas. Requer o uso de ambas
as mãos.
Figura 51 – Adaptação para Meia-calça
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm
- CALÇADEIRAS
CALÇADEIRA DE METAL
Feita em aço e com empunhadura de
borracha de modo a facilitar a preensão.
Figura 52 – Calçadeira em Metal
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm
CALÇADEIRA PLÁSTICA COM ALÇA
Sua alça permite uma preensão mais
confortável para os dedos, podendo ser
utilizada para puxar meias. Feita de nylon,
mede 41 cm.
Figura 53 – Calçadeira Plástica com Alça
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm
94
- CADARÇOS
CADARÇO ELÁSTICO
É ideal para aqueles com flexão de quadril
diminuída ou destreza limitada. O nó e o
laço devem ser realizados apenas uma vez.
Esses cadarços medem 61 cm.
Figura 54 – Cadarço Elástico
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm
MN28681
CADARÇO ELÁSTICO PARA TÊNIS
Desenhado para tênis. Mais largos e mais
fáceis de manejar que outros cadarços
elásticos, possuem 6,4 mm de largura e
94 cm de comprimento.
Figura 55 – Cadarço Elástico para Tênis
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm
- ABRIR E FECHAR ZÍPER E BOTÕES
ADAPTAÇÃO PARA BOTÃO E ZÍPER
Apresenta em uma das extremidades
uma adaptação para botão e, na outra,
um gancho para zíper. Possui cabo de
madeira. Comprimento total: 23 cm.
Diâmetro: 1,9 cm.
Figura 56 – Adaptação para Botão e Zíper
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm
95
FACILITAR PARA ZÍPER E BOTÕES
Bilateral, em suas extremidades tem
dispositivo para botão e para zíper.
Usado com um membro apenas.
Figura 57 – Facilitador de Zíper e Botoes
Fonte: www.sammonspreston.com
ADAPTAÇÃO PARA BOTÃO GOOD
GRIPS
Esta adaptação de borracha suave torna
a tarefa de abotoar roupas mais fácil. O
cabo mede 11 cm e o comprimento total
é de 16 cm. O diâmetro do cabo é de 3,8
cm.
Figura 58 – Adaptação para Botão Good Grips
Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm
ARGOLA PARA ZÍPER
Esta adaptação é destinada a pessoas
com dificuldade de preensão.
Figura 59 – Argola para Zíper
Fonte: http://www.assistiva.com.br/Introducao%20TA%20Rita%20Bersch.pdf
96
ADAPTADOR PARA BOTÃO EM
MADEIRA
Esta adaptação é destinada a pessoas
com dificuldade de preensão. Sua base
em madeira e circular facilita o manuseio
do botão.
Figura 60 – Adaptador para Botão em Madeira
Fonte: http://www.assistiva.com.br/Introducao%20TA%20Rita%20Bersch.pdf
97
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A lesão da medula espinhal gera uma grande síndrome incapacitante e
constitui-se num enorme desafio à reabilitação, devido ao fato de que ainda
não pode ser revertida com os recursos científicos atuais.
Considera-se que a pessoa acometida pela lesão medular retorna à
lactância, no que diz respeito à execução de suas atividades de vida diária,
visto isto, há grandes ajustamentos a serem feitos após a lesão.
O tratamento de reabilitação é o caminho que possibilita ao indivíduo
reaprender a controlar suas funções perdidas, possibilitando um aumento na
expectativa de vida de pessoas portadoras de lesão medular, tendo como
objetivo a melhora na qualidade de vida e independência funcional.
O terapeuta ocupacional é o profissional que está habilitado a avaliar e a
intervir na saúde ocupacional do indivíduo, adaptando suas atividades
cotidianas, bem como orientando o paciente na importância da realização das
atividades de vida diária, preservando assim sua independência, autonomia,
satisfação e qualidade de vida. É necessário reafirmar que a Terapia
Ocupacional possibilita ao indivíduo por meio do seu fazer, reconhecer a si
mesmo, contribuindo assim para sua reabilitação e independência.
Partindo-se de uma análise do estudo de saúde do sujeito, das
condições de suas estruturas corporais, de suas possibilidades de realização
de atividade e participação social e ainda levando em conta contextos de vida e
fatores emocionais deste sujeito, o terapeuta ocupacional pode propor
adaptações facilitadoras que devem melhorar o seu desempenho funcional
A Terapia Ocupacional tem como meta tornar o sujeito acometido pela
lesão medular o mais autônomo e independente possível, promovendo e
estimulando o auto-cuidado, oferecendo ao sujeito tecnologias assistivas,
posteriormente orientando e treinando o uso das mesmas.
Para o paciente, ser independente, é o primeiro passo para retomar a
sua vida. Tecnologia assistiva não salva vidas, nem reduz mortalidade,
simplesmente permite às pessoas com deficiência terem uma vida mais
satisfatória e com mais possibilidades.
98
As tecnologias assistivas e adaptações apresentadas podem compensar
os déficits apresentados pelo indivíduo que sofreu lesão medular, no
desempenho de suas atividades de vida diária – auto cuidado: alimentação,
higiene e vestuário, promovendo independência na realização destas. Porém, o
indivíduo irá necessitar de um longo período de treinamento, que deverá ser
realizado pelo terapeuta ocupacional, para reaprender suas funções utilizando
as adaptações sugeridas.
Para o paciente o retorno à independência possibilita uma maior
autonomia e liberdade proporcionado assim uma melhora na auto-estima.
É importante destacar também que, para conseguir a independência
funcional deverão ser considerados todos os fatores físicos, emocionais e
sociais que envolvem o paciente e seus cuidados na etapa de reabilitação.
A maior parte das tecnologias assistivas apresentadas neste trabalho
foram retiradas de um catálogo nacional, facilitando assim a aquisição das
mesmas. Assim, frente ao estudo realizado, conclui-se que estes equipamentos
são capazes de auxiliar nas dificuldades apresentadas pelos indivíduos,
possibilitando-o realizar de maneira independente suas tarefas de auto-cuidado
e, assim, oferecer suporte para sua reinserção social e garantir promoção na
sua qualidade de vida.
99
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