UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL Josiane Marina Ornaghi CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL PARA O LESADO MEDULAR CURITIBA 2009 1 Josiane Marina Ornaghi CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL PARA O LESADO MEDULAR Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Terapia Ocupacional, da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde, da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientadora: Professora Mestre Jordane Schruber CURITIBA 2009 2 TERMO DE APROVAÇÃO Josiane Marina Ornaghi CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL PARA O LESADO MEDULAR Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção de grau em Terapia Ocupacional do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, ____de novembro de 2009. Profa Ana Luiza Bender Moreira Curso de Terapia Ocupacional Universidade Tuiuti do Paraná Orientador: Profª. Mestre Jordane Schruber Universidade Tuiuti do Paraná/ Curso de Terapia Ocupacional Banca: Profª. Ana Luiza Galvão Bender Moreira Universidade Tuiuti do Paraná/ Curso de Terapia Ocupacional Profª. Genita Reginatto Terapeuta Ocupacional 3 Dedico este trabalho a minha amada MÃE, que desde o início de minha vida mostrou-se guerreira, que por várias vezes renunciou os seus sonhos, desejos e vontades para realizar os meus, que sonhou meu futuro antes de mim. A você mãe que me ama através do carinho, apoio, incentivo, oração, renúncia e sacrifício, a você que nunca deixou de acreditar em mim quando eu disse que não iria conseguir. A você mãe que me acolheu nos abraços mais aconchegantes, que me deu força quando me fiz fraca, que foi minha voz quando a mesma me faltou, que me cobriu com um manto de amor e felicidade, e que sempre esteve comigo, pronta para enfrentar qualquer medo. A você que é meu porto seguro, minha fortaleza, minha VIDA. Eu te amo! E ao meu PAI, que mesmo não estando entre nós, sempre esteve comigo (memória, saudade e coração), tenho certeza que esta feliz e orgulhoso da filha e terapeuta ocupacional que acaba de concluir mais uma etapa de sua vida. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que me deu o dom da vida, que me abençoou com a inteligência, que me deu a graça para lutar e que sempre esteve ao meu lado. Ao Adilson (meu padrinho) e Natalina (minha madrinha), que sempre foram como pais para mim, e me ensinaram que a vida não exige que sejamos os melhores, mais sim que dediquemos o melhor de nossos esforços para realizar nossos sonhos. A minha tia Noemia, ou melhor, tia “Nininha”, e ao tio Wilson, que sempre ao meu lado incentivaram-me e ajudaram-me na concretização deste sonho, sem vocês ele não seria possível. A minha prima Camila (minha mana), que mesmo longe sempre esteve perto e que nunca hesitou em ajudar-me. Obrigada pelo amor, pelas risadas, histórias e medos compartilhados e pela cumplicidade. Ao Patrick, meu namorado, que com paciência entendeu meu stress, minha ausência e minha distância. Muito obrigada pelos carinhos, pelo companheirismo, pela compreensão, pelos abraços de conforto, pela força e principalmente pelo amor. Aos professores pela transferência de conhecimento, paciência e compreensão. Em especial a minha professora orientadora Jordane Schruber, que me orientou na realização deste trabalho, que me auxiliou quando estava perdida, obrigada pela atenção e dedicação. E com grande carinho a professora Ana Luiza e a terapeuta ocupacional Genita Reginatto, pela disposição em me ajudar e pela atenção. Por fim, porém, não menos importantes, agradeço a todos os meus amigos que não os cito, por medo de cometer alguma injustiça, esquecendome de algum, que torceram diretamente pelo meu sucesso e pela minha vitória. 5 “Que nossos esforços desafiem as impossibilidades. Lembrai-vos que as grandes proezas da história foram conquistadas do que parecia impossível.” (Charles Chaplin) 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 13 2 LESÃO MEDULAR ................................................................................ 16 2.1 CONCEITO.......................................................................................... 16 2.2 CAUSAS .............................................................................................. 16 2.2.1 Congênitas ...................................................................................... 17 2.2.1.1 Malformações abertas .................................................................. 17 2.2.1.2 Malformações fechadas ................................................................ 18 2.2.2 Traumáticas ...................................................................................... 19 2.2.3 Degenerativas .................................................................................. 20 2.2.4 Tumorais........................................................................................... 20 2.2.5 Infecciosas........................................................................................ 21 2.2.5.1 Infecções Virais ............................................................................. 21 2.2.5.2 Infecções Bacterianas ................................................................... 22 2.2.6 Doenças Neurológicas e Sistêmicas ............................................... 22 2.2.7 Doenças Vasculares ........................................................................ 22 2.3 INCIDÊNCIA ........................................................................................ 23 2.4 POPULAÇÃO AFETADA .................................................................... 23 2.5 NÍVEIS DE LESÃO ............................................................................. 23 2.5.1 Exame neurológico .......................................................................... 25 2.5.2 Exame sensitivo ............................................................................... 25 2.5.3 Exame motor .................................................................................... 26 2.6 GRAU DA LESÃO ............................................................................... 29 2.7 SÍNDROMES CLÍNICAS ..................................................................... 30 2.7.1 Síndrome centromedular ................................................................. 30 2.7.2 Síndrome Artéria Espinal Anterior ................................................... 30 2.7.3 Síndrome de Brown-Séquard .......................................................... 30 2.7.4 Síndrome Cordonal Posterior .......................................................... 31 7 2.7.5 Síndrome da Cauda Eqüina ............................................................ 31 2.7.6 Síndrome do Cone Medular ............................................................. 31 2.8 FASES PSICOLÓGICAS .................................................................... 31 2.8.1 Fase de Choque ............................................................................... 32 2.8.2 Fase de Negação ............................................................................. 32 2.8.3 Fase de Reconhecimento ................................................................ 32 2.8.4 Fase de Adaptação .......................................................................... 33 2.9 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES ......................................................... 33 2.9.1 Alterações Respiratórias .................................................................. 34 2.9.2 Disreflexia Autonômica .................................................................... 33 2.9.3 Hipotensão Ortostática ou Hipotensão Postural ............................. 35 2.9.4 Disfunção Intestinal .......................................................................... 35 2.9.5 Disfunção Vesical............................................................................. 36 2.9.6 Disfunção Sexual ............................................................................. 36 2.9.7 Regulação Térmica .......................................................................... 37 2.9.8 Dor .................................................................................................... 37 2.9.9 Espasticidade ................................................................................... 38 2.9.10 Fadiga ............................................................................................. 38 2.9.11 Trombose de Veias Profundas ...................................................... 39 2.9.12 Úlceras de Pressão ........................................................................ 39 2.9.13 Ossificação Heterotópica ............................................................... 40 3 TERAPIA OCUPACIONAL E LESÃO MEDULAR ............................... 41 3.1 CONCEITO.......................................................................................... 41 3.2 O PROFISSIONAL TERAPEUTA OCUPACIONAL ........................... 42 3.3 HISTÓRICO......................................................................................... 43 3.4 RECURSOS TERAPÊUTICOS .......................................................... 47 3.5 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE AGUDA DA LESÃO MEDULAR ................................................................................................. 50 8 3.6 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE PRÉ-REABILITAÇÃO DA LESÃO MEDULAR .............................................................................. 52 3.7 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE REABILITAÇÃO DA LESÃO MEDULAR .................................................................................... 53 3.8 TRATAMENTO DE LESÃO MEDULAR ............................................. 55 3.8.1 Cirurgias de Reconstrução Funcional ............................................. 59 4 TECNOLOGIA ASSISTIVA ................................................................... 63 4.1 CONCEITO.......................................................................................... 63 4.2 OBJETIVOS ........................................................................................ 65 4.3 A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL E A TECNOLOGIA ASSISTIVA ................................................................................................ 65 4.4 DESIGN UNIVERSAL ......................................................................... 66 4.4.1 Conceito ........................................................................................... 66 4.4.2 Design Universal e Terapia Ocupacional ........................................ 68 4.5 ADAPTAÇÕES .................................................................................... 69 4.5.1 Conceito ........................................................................................... 69 4.5.2 Alteração da tarefa ou método de realizá-la ................................... 70 4.5.3 Adaptação do objeto da tarefa......................................................... 71 4.6 ADAPTAÇÕES PARA ATIVIDADE DA VIDA DIÁRIA ....................... 74 4.6.1 Conceito .......................................................................................... 74 4.6.2 Auto cuidado .................................................................................... 76 4.6.2.1 Alimentação................................................................................... 76 4.6.2.2 Higiene .......................................................................................... 86 4.6.2.3 Vestuário ....................................................................................... 93 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 98 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 100 9 LISTA DE ABREVIATURAS AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente ....................... 19 ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas .............................. 72 ASIA – American Spinal Injury Association ........................................... 24 AVD – Atividade de Vida Diária ............................................................ 14 AIVD – Atividade Instrumental de Vida Diária ....................................... 54 HIV – Human Immunodeficiency Virus ................................................ 21 HTLV1 – Human T lymphotropic Virus Type 1 ......................................... 21 MIF – Medida de Independência Funcional ........................................ 54 MMSS – Membros Superiores .................................................................. 55 SNC – Sistema Nervoso Central ........................................................... 21 TRM – Traumatismo raquimedular ........................................................ 16 10 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Classificação Neurológica da Lesão Medular - ASIA ....... 24 TABELA 2 – Escala de Deficiência - ASIA ............................................. 29 TABELA 3 – Nível de lesão X funcionalidade de membros superiores .................................................................................................. 56 TABELA 4 – Desempenho Funcional nas Atividades de Vida Diária e Instrumentais de Vida Diária .................................................................. 58 11 RESUMO CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL PARA O LESADO MEDULAR A lesão medular é considerada uma das mais graves e devastadoras síndromes incapacitantes, caracterizada por alterações motoras e sensitivas abaixo do nível da lesão. Este trabalho consiste na demonstração da atuação do terapeuta ocupacional na reabilitação funcional e promoção da independência das atividades de vida diária de auto cuidado com enfoque na alimentação, higiene e vestuário, com o uso de tecnologias assistivas para o lesado medular. A Terapia Ocupacional tem como objetivo desenvolver novas capacidades, e aproveitar as funções que se encontram preservadas no sujeito, promovendo assim sua independência e/ou adaptação à sua nova condição de vida. O terapeuta ocupacional é o profissional que, tendo tido formação para analisar a atividade humana em condições típicas ou atípicas de desenvolvimento é capaz de explorar ao máximo o potencial do indivíduo no seu desempenho funcional/ocupacional e, por isso mesmo, pode desenvolver, indicar e aplicar artigos de tecnologia assistiva com a maior competência e eficácia. A tecnologia assistiva pode realizar muitas tarefas possíveis para muitos clientes, quando se baseia em fundamentos terapêuticos sólidos, uma avaliação contínua e abrangente de todas as partes do sistema, uma equipe interdisciplinar, incluindo o cliente e o prestador de atendimento, tomando as decisões na seleção das adaptações e um foco sobre as necessidades do cliente. O terapeuta ocupacional deve propor sugestões de tais recursos apresentados, orientações em sua prescrição, aquisição, ou até mesmo confecção, a fim de potencializar a capacidade residual do sujeito. Palavras-chave: Lesão Medular, Terapia Ocupacional, Tecnologia Assistiva. 12 INTRODUÇÃO São várias as causas geradoras de comprometimentos motores. Dentre elas está a lesão medular, que pode ser causada por traumas, patologias congênitas, tumorais, degenerativas, infecciosas, neurológicas, sistêmicas e vasculares. A lesão medular é uma das formas mais graves entre as síndromes incapacitantes, pois mudanças físicas irreversíveis bloqueiam a capacidade da pessoa em realizar suas necessidades primordiais. Define-se lesão medular por rompimento completo ou incompleto dos tratos nervosos, responsáveis pela transmissão, modificação e coordenação motora e/ou sensorial, e no controle autônomo do sistema de órgãos. As lesões completas se caracterizam pela ausência de função motora e/ou sensorial abaixo do nível das lesões enquanto que as incompletas apresentam a função medular parcial ou completamente intacta podendo comprometer vários segmentos neurológicos. Esses rompimentos acarretam seqüelas motoras que são classificadas em tetraplegia (paralisia dos membros superiores, membros inferiores e tronco) ou paraplegia (paralisia dos membros inferiores). A Terapia Ocupacional é a profissão da saúde responsável pela melhora ou resgate da qualidade do desempenho ocupacional do sujeito, sendo extremamente importante no processo de reabilitação. Vale lembrar que segundo PEDRETTI (2005), desempenho ocupacional é a maneira como o indivíduo realiza suas tarefas do cotidiano. Cabe ao terapeuta ocupacional tornar o sujeito funcional em suas atividades de vida diária, trabalho e lazer, restaurando seus componentes de desempenho como capacidade sensorial, motora e habilidades psicossociais, dentro de seu contexto temporal e ambiental e possibilitando que os papéis ocupacionais do sujeito sejam cumpridos. Este profissional utiliza como recurso terapêutico o “fazer” analisado e programado para cada paciente em sua individualidade. Considerando o objetivo do trabalho do terapeuta ocupacional que mantém sempre como meta a capacidade funcional do sujeito de maneira a favorecer sua qualidade de vida, buscou-se compreender melhor como se dão 13 as perdas das capacidades funcionais intrínsecas do sujeito acometido das seqüelas de uma lesão medular. Para que o sujeito tenha uma maior independência funcional, pode-se utilizar alguns recursos para auxiliá-lo em sua funcionalidade, os quais são descritos como tecnologia assistiva. Segundo BERSCH (2009) a tecnologia assistiva é qualquer item, peça de qualquer equipamento ou sistema de produção que pode ser comprado, modificado ou feito sob medida com o objetivo de manter, aumentar ou melhorar as habilidades funcionais de uma pessoa com limitações. A tecnologia assistiva tem o intuito de compensar as capacidades ausentes ou deficientes, e por meio destas os lesados medulares administram uma variedade de atividades de vida diária (AVD) e participam da vida com mais independência. A Terapia Ocupacional tem como desígnio estimular e promover a máxima autonomia e independência nas atividades de vida diária, tendo como foco principal reinserir o indivíduo na sociedade de forma independente, porém, respeitando suas limitações. O papel da Terapia Ocupacional é de extrema relevância no tratamento de reabilitação, pois é o terapeuta ocupacional que irá intervir na rotina do indivíduo, orientando, prescrevendo, confeccionando e treinando métodos adaptados ou facilitadores que poderão ser utilizados para atingir um melhor resultado funcional, aumentando a segurança e maximizando a independência do paciente na realização das atividades de vida diária – auto cuidado: alimentação, higiene e vestuário, garantindo assim uma maior qualidade de vida. Esta pesquisa tem como objetivos, contribuir para o acervo bibliográfico específico da área; demonstrar por meio da revisão de literatura a necessidade do terapeuta ocupacional para reabilitar o paciente lesado medular; confirmar a importância da tecnologia assistiva no processo de reabilitação com enfoque para as atividades de vida diária – auto cuidado: alimentação, higiene e vestuário e comprovar que a Terapia Ocupacional na reabilitação é o caminho que facilita e estimula o lesado medular a reaprender acerca das funções perdidas e a obter a maior independência possível no resgate à vida produtiva de forma íntegra. 14 Este trabalho será dividido em três capítulos, sendo o primeiro destinado à lesão medular, o segundo voltado para a Terapia Ocupacional e o terceiro irá mostrar o uso da tecnologia assistiva como facilitador para as atividades de vida diária enfocando o auto cuidado no que diz respeito à alimentação, higiene e vestuário. 15 2.0 LESÃO MEDULAR 2.1 CONCEITO A medula espinhal é a via de comunicação das informações motoras e sensitivas entre o cérebro e os órgãos periféricos efetores. É formada por tratos longitudinais (substância branca) circundando áreas centrais (substância cinzenta), onde se encontra a maioria dos corpos celulares dos neurônios espinhais. A substância cinzenta é organizada em segmentos, abrangendo os neurônios motores e sensitivos. Os axônios dos neurônios sensitivos penetram na medula, enquanto os dos neurônios motores a deixam através de vias nervosas segmentares ou raízes nervosas. Tais raízes são numeradas e nomeadas de acordo com o forame vertebral através do qual penetram ou deixam a coluna. (GREVE In: GREVE, 2001). A lesão medular é uma das formas mais graves entre as síndromes incapacitantes, constituindo-se em um verdadeiro desafio à reabilitação. Tal dificuldade decorre da importância da medula espinhal, que não é apenas uma via de comunicação entre as diversas partes do corpo e o cérebro, como também um centro regulador que controla importantes funções. (LIANZA In: LIANZA, 2001). O traumatismo raquimedular (TRM) é um insulto traumático da medula que pode resultar em alterações das funções motoras, sensoriais e autonômicas. (STAAS In: DeLIZA e GANS, 2002). Os efeitos do TRM têm impacto não somente na vida do paciente e de sua família, mas também em toda a sociedade. O TRM geralmente ocorre em pessoas ativas, independentes, que em um determinado momento têm controle sobre suas vidas e no momento seguinte estão paralisadas. (ATRICE In: UMPHRED, 2004). 2.2 CAUSAS As estatísticas mundiais revelam que anualmente, a cada 1 milhão de pessoas, 40 a 50 sofrem lesão da medula espinhal. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). 16 Segundo TARICCO In: GRAVE (2001), podemos classificar as patologias que comprometem a medula espinhal em: Congênitas Traumáticas Degenerativas Tumorais Infecciosas Doenças Neurológicas e Sistêmicas e Doenças Vasculares 2.2.1 Congênitas As anomalias congênitas da medula espinhal estão associadas às falhas de desenvolvimento de estruturas medianas e são as causas mais freqüentes das anomalias congênitas do sistema nervoso central. Podem ser classificadas em abertas ou fechadas: (TARICCO In: GREVE, 2001). 2.2.1.1 Malformações abertas Mielósquise: o tubo neural está totalmente aberto no local da malformação, sem nenhuma meninge. É bastante comum o déficit neurológico completo abaixo do nível da lesão. (TARICCO, op. cit.). Meningocele: lesão cística coberta pelas meninges, contendo somente líquido, sendo tecido nervoso. Corresponde a 10% das patologias espinhais abertas e poucas vezes está associada com hidrocefalia ou outra anormalidade do sistema nervoso central. (TARICCO, op. cit.). Mielomeningocele: a forma mais habitual das anomalias abertas do tubo neural. É uma massa cística, mediana posterior, aparente ao nascimento, contendo liquor, meninges, medula espinhal malformada e raízes nervosas. A hidrocefalia está presente em 90% dos casos. Em 100% existem malformações de Chiari (invaginação da tonsila cerebelar pelo forame magno). (TARICCO, op. cit.). 17 2.2.1.2 Malformações fechadas Costumam manifestar-se com deterioração neurológica na infância e mais raramente na fase adulta e passa a ser conhecida como síndrome da medula estirada. (TARICCO, op. cit.). Abaixo serão descritas. Espessamento do Filum Terminale: qualquer tipo de malformação espinhal pode estar associado com o espessamento do filum terminale e conseqüentemente estiramento da medula, tracionando o cone medular para níveis mais baixos de L1-L2. (TARICCO, op. cit.). Lipomeningocele: cerca de 90% das ocorrências estão localizadas na região lombossacra, em geral aparente ao nascimento como uma massa subcutânea, macia e indolor, sem nenhuma alteração neurológica, de inicio, mas podendo vir a tê-lo com o passar do tempo. (TARICCO, op. cit.). Diastematomielia: Divisão longitudinal da medula espinhal por osso, cartilagem ou septo fibroso. Tem maior incidência na região lombar e predomina no sexo feminino. (TARICCO, op. cit.). Cistos Dermóide, Epidermóide e Teratomos: são lesões que se estendem desde a porção interna da epiderme até a coluna, propiciando uma comunicação entre a pele e o espaço subdural. Em alguns casos pode manifestar-se com meningite. Os cistos dermóides são os mais freqüentes, depois os epidermóides e, por último, os teratomos. (TARICCO, op. cit.). Mal formação de Chiari: anomalia da porção caudal do encéfalo, caracterizado por deslocamento de parte do cérebro (as tonsilas) para o canal cervical, eventualmente acompanhado de partes do bulbo e do IV ventrículo. Em 1891, Hans Chari, descreveu e classificou quatro tipos de anomalias do neuroeixo na região da transição craniovertical. Tipo I: herniação das tonsilas cerebrais pelo forame magno. Tipo II: herniação das tonsilas cerebelares, verme cerebelar, IV ventrículo pelo forame magno. Tipo III: herniação do tronco cerebral e porção do cérebro associado à hidrocefalia cervical. Tipo IV: hipoplasia cerebelar, não havendo deslocamento caudal do tronco encefálico. 18 A malformação de Chiari I pode estar vinculada a outras anomalias como: Siringomielia; Escoliose; Invaginação basilar; Síndrome de Klippel Feil. A malformação de Chiari II está presente em todos os portadores de mielomenigocele e 90% deles têm hidrocefalia. (TARICCO, op. cit.). 2.2.2. Traumáticas Na estatística realizada pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), de São Paulo, a lesão traumática é a mais freqüente (86%), destacando-se: Ferimento por arma de fogo (45%) Acidentes de transporte – automóveis, motocicletas, bicicletas e atropelamento (30%) Quedas (13%) Mergulho (10%) Outros traumas (2%). (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Quando a lesão traumática, ou seja, de instalação brusca, provoca o quadro conhecido como CHOQUE MEDULAR (cuja duração varia de dias a meses: em média 3 semanas), caracterizado por: paralisia flácida e anestesia abaixo do nível da lesão, arreflexia vesical, intestinal e genital. Nas lesões nãotraumáticas, de instalação lenta, as manifestações surgem de forma progressiva não provocando geralmente a supressão dos impulsos ativadores supra-segmentares, que determinam o choque medular. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). A ausência das atividades reflexas, como o reflexo bulbocavernoso, cremastérico e contração do esfíncter anal indicam o fim do choque medular. A ausência do retorno da motricidade ou sensibilidade abaixo do nível da lesão, após o choque medular, é indicativo de lesão irreparável. (TARICCO In: GREVE, 2001). 19 2.2.3 Degenerativas A espondilose cervical degenerativa consiste no comprometimento dos discos invertebrados, ossos e articulações da coluna vertebral. Na maioria dos casos, tais alterações são assintomáticas, mas, em outros, podem comprometer a medula espinhal e raízes. As alterações degenerativas propiciam diminuição do diâmetro ântero-posterior do canal raquiano e, em pacientes com dimensões menores do canal, vão provocar quadro clínico de compressão medular. hipermovimentação da As alterações coluna cervical, podem com ser exarcebadas microtraumas pela medulares, resultando na compressão de tratos longos ou isquemia por compressão de vasos intramedulares. (TARICCO In: GREVE, 2001). 2.2.4 Tumorais A medula espinhal pode ter sua função comprometida por tumores próprios do sistema nervoso central, como o dos tecidos adjacentes. Conforme a localização anatômica dos tumores eles podem ser classificados: Tumores da Coluna Vertebral Primários Cordoma Osteossarcoma Tumores de células gigantes Hemangioma Mieloma. Secundários Metastáticos Tumores Extradurais Linfoma Melanoma Tumores Intradurais, Extramedulares 20 Meningioma Schwannoma Neurofibroma Melanoma Carcinoma metastático. Tumores Intramedulares Astrocitomas Ependinomas Gangliomas Carvernomas. (TARICCO In: GREVE, 2001). 2.2.5 Infecciosas As infecções do SNC têm aumentado de freqüência, mesmo nos países mais desenvolvidos, em razão dos pacientes imunossuprimidos, daqueles com AIDS, dos transplantados. A via mais comum é a hermatogênica, porém, a medula pode ser comprometida por infecções adjacentes; como, osteomielite, meningites; causando mielites, radiculopatias ou abscessos. (TARICCO In: GREVE, 2001). 2.2.5.1 Infecções Virais Poliovírus (Poliomielite): acomete os neurônios do corno anterior, causando déficit motor sem comprometimento sensitivo. Herpes Zóster: com afinidade pelo gânglio sensitivo dorsal. HTLV-1 (Mielopatia Espástica Tropical): predomínio da medula torácica, comprometimento principalmente da coluna posterior e o trato corticoespinhal. HIV: a invasão do sistema nervoso acontece na fase inicial da doença. (TARICCO, op. cit.). 21 2.2.5.2 Infecções Bacterianas Abscessos Epidurais: podem ter origem hematogênica ou direta, por meio de infecções prévias das vértebras ou do tórax, abdome ou pelve. Sendo os primeiros sinais clínicos a dor e a alteração motora e sensitiva por compressão medular e radicular. Os portadores desta patologia podem evoluir para o choque medular, surgindo o comprometimento vascular da medula. Tuberculose: muitas vezes é a primeira manifestação da doença. A compressão medular secundária à tuberculose vertebral é a forma mais comum. (TARICCO In: GREVE, 2001). 2.2.6 Doenças Neurológicas e Sistêmicas Esclerose Múltipla: costuma comprometer principalmente medula espinhal, nervo óptico e tronco cerebral, caracterizada por desmielinização multifocal. Esclerose Lateral Amiotrófica: neurodegenerativa progressiva que compromete o neurônio motor, em especial os do tracto corticoespinhal. Doenças Reumáticas: atinge primeiro o sistema musculoesquelético, no qual a coluna vertebral exerce importante papel. A coluna é vulnerável a sinovites, com granulações inflamatórias, resultando em instabilidade com subluxação e estreitamento do canal. (TARICCO In: GREVE, 2001). 2.2.7 Doenças Vasculares A maioria dos quadros isquêmicos medulares são conseqüentes à patologias traumáticas ou degenerativas da coluna vertebral com compressão vascular. Pode haver isquemia medular em cirurgias da aorta. Mas existem patologias vasculares, que são as malformações vasculares. As malformações 22 vasculares medulares podem ser extradurais (85%) ou intradurais que são as mais raras (15%). (TARICCO In: GREVE, 2001). 2.3 INCIDÊNCIA A incidência nacional anual de casos de TRM com hospitalização é de 30 a 40 por milhão. A prevalência nacional é de 183.000 a 230.000. (STAAS In: DeLIZA e GANS, 2002). Pode-se supor que de 5 a 6 mil pessoas por ano apresentam esse grave comprometimento neurológico. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). 2.4 POPULAÇÃO AFETADA A população mais afetada é jovem e do sexo masculino. Levantamento estatístico realizado pela equipe de lesão medular da AACD no ano de 2000 mostra que a média de idade dessa população é de 30 anos, 80% da qual corresponde ao sexo masculino. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). Cinqüenta e seis porcento das lesões medulares ocorrem em pessoas entre 16 e 30 anos de idade, sendo que a média de idade é de 21,7 anos e a idade mais comum é de 19 anos. O número de pessoas com mais de 60 anos na época da lesão aumentaram de 4,7% na década de 1970 para 9,7 em 1990. Essa tendência explica o aumento na média de idade de 27,9 anos para 33,1 anos durante esse mesmo período. (ATRICE In: UMPHRED, 2004). 2.5 NÍVEIS DE LESÃO Tetraplegia: este termo indica diminuição ou perda da função motora e/ou sensitiva nos segmentos cervicais da medula espinhal decorrentes de lesão dos elementos neurais internos do canal medular. A tetraplegia acarreta diminuição da função nos membros superiores, bem como no tronco, membros inferiores e órgãos pélvicos. Este termo não abrange lesões do plexo braquial ou de nervos periféricos localizados fora do canal medular. (GREVE In: GREVE e AMATUZZI, 2001). 23 Paraplegia: este termo indica diminuição ou perda da função motora e/ou sensitiva nos segmentos torácico, lombar ou sacral (exceto o segmento cervical) da medula espinhal, decorrentes de distúrbios dos elementos neurais internos do canal medular. Na paraplegia, a função dos membros inferiores e órgãos pélvicos podem estar envolvidos. O termo paraplegia também é utilizado para as lesões da cauda eqüina e do cone medular, porém, não deve ser utilizado em lesões do plexo braquial ou de nervos periféricos fora do canal medular. (GREVE, op. cit.). Os termos paraparesia e quadriparesia, usados no passado para descrever lesões incompletas, não deverão mais ser empregados. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005). O nível da lesão é determinado pelo segmento caudal da medula com funções motora e sensitiva normais, em ambos os lados do corpo. A American Spinal Injury Association (ASIA) padronizou a classificação da lesão medular utilizando o músculo chave para determinar o nível motor (Tabela 01) e o ponto chave de sensibilidade para definir o sensitivo. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Tabela 01 – Classificação Neurológica da Lesão Medular – ASIA Raiz Musculatura-chave C5 Flexão de Cotovelo – Bíceps Braquial C6 Extensão de Punho – Extensor Radial do Carpo C7 Extensão de Cotovelo – Tríceps Braquial C8 Flexão de Dedos – Flexor Profundo dos Dedos T1 Adução de Dedos – Adutor do 5º Dedo L2 Flexão de Quadril – Iliopsoas L3 Extensão de Joelho – Quadríceps L4 Dorsiflexão de Tornozelo – Tibial Anterior L5 Extensão do Hálux – Extensor Longo do Hálux S1 Flexão Plantar de Tornozelo – Tríceps Sural (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). 24 2.5.1 Exame Neurológico É obrigatório que no exame neurológico sejam determinados os níveis motor, sensitivo e neurológico. Determinar de maneira precisa e correta todos esses níveis é crítico para que se tenha uma visão clara da função sensitivomotora comprometida e preservada do paciente com a lesão medular. Os resultados permitem a caracterização da lesão medular como completa ou incompleta, o estabelecimento do programa terapêutico mais adequado e de um prognóstico inicial. (GREVE In: GREVE, 2001). O exame neurológico para determinar os níveis neurológico, motor e sensitivo deve contar de: Análise dos pontos sensitivos em cada um dos 28 dermátomos à direita e 28 dermátomos à esquerda; e Análise da força muscular em 10 miótomos à direita e 10 miótomos à esquerda do corpo humano. Quando algum ponto sensitivo ou músculo não pode ser testado, não são considerados na classificação final do nível da lesão. (GREVE, op. cit.). 2.5.2 Exame Sensitivo O exame sensitivo completo é realizado por meio do teste de pontochave em cada um dos 28 dermátomos do lado direito e do lado esquerdo. Em cada um destes pontos, faz-se o exame sob dois aspectos: o toque (sensibilidade tátil) e o exame com agulha (sensibilidade dolorosa), classificados em uma escala de três pontos: (GREVE In: GREVE, 2001). 0 = Inexistente. 1 = Sensibilidade parcial ou alterada, incluindo hiperestesia. 2 = Normal. NT = Não testável. O teste de sensibilidade à agulha é efetuado com material de uso regular e descartável, enquanto o teste de sensibilidade ao toque é feito com algodão. No exame com agulhas, a incapacidade de distinguir o toque de ponta fina é 25 graduado com zero. Os pontos a seguir devem ser testados bilateralmente no exame sensitivo. (Fig. 01) C2: Protuberância occipital. C3: Fossa supraclavicular. C4: Articulação acromioclavicular. C5: Porção lateral da fossa antecubital. C6: Polegar. C7: Dedo médio. C8: 5º dedo. T1: Face ulnar da fossa antecubital. T2: Ápice da axila. T3: Terceiro espaço intercostal. T4: Quarto espaço intercostal. T5: Quinto espaço intercostal (metade entre T4 e T6)*. T6: Sexto espaço intercostal (metade entre T5 e T7)*. T7: Sétimo espaço intercostal (metade entre T6 e T8)*. T8: Oitavo espaço intercostal (metade entre T7 e T9)* T9: Nono espaço intercostal (metade entre T8 e T10)*. T10: Décimo espaço intercostal (umbigo)*. T11: Décimo primeiro espaço intercostal (metade entre T10 e T12)*. T12: Ligamento inguinal (ponto médio). L1: Metade entre T12-L2. L2: Parte média da porção anterior da coxa. L3: Côndilo femoral medial. L4: Maléolo medial. L5: Dorso do pé, na 3ª articulação metatarsofalangeana. S1: Face lateral do calcanhar. S2: Linha média da fossa poplítea. S3: Tuberosidade isquiática. S4-5: Região perianal. * Linha hemiclavicular. 2.5.3 Exame Motor Faz-se o exame motor obrigatório pelo teste de músculos-chave em cada lado do corpo nos 10 miótomos, em seqüência craniocaudal. (GREVE In: GREVE, 2001). A escala utilizada compõe-se de seis graus: (GREVE In: GREVE, 2001). 26 0 = Paralisia total. 1 = Contração palpável ou visível. 2 = Movimentação ativa, amplitude de movimento total, sem ação da força da gravidade. 3 = Movimentação ativa, total amplitude de movimento contra a força da gravidade. 4 = Movimentação ativa normal, total amplitude de movimento contra resistência moderada. 5 = Movimentação ativa normal, total amplitude de movimento contra grande resistência. NT = Não testável. A avaliação motora deve ser realizada em posição supina utilizando-se músculos facilmente testáveis e inervados pelos segmentos indicados a seguir. (Figura 01): (GREVE, op. cit.). C5: Flexores do ombro (m. bíceps, m. braquial) C6: Extensores do punho (m. extensor longo do carpo e m. extensor curto do carpo). C7: Extensores do cotovelo (m. tríceps) C8: Flexores dos dedos (m. flexores profundos dos dedos) até o 3º dedo T1: Abdutores do 5º dedo (m. abdutor do 5º dedo) L2: Flexores do quadril (m. iliopsoas) L3: Extensores do joelho (m. quadríceps) L4: Dorsiflexores do tornozelo (m. tibial anterior) L5: Extensores longos dos dedos (m. extensor longo do hálux). S1: Flexores plantares do tornozelo. (m. sóleo, m. gastrocnêmio). Para a classificação da lesão como completa ou incompleta também é importante o exame do esfíncter anal externo, baseado nas suas contrações ao redor do dedo do examinador, após estimulação ao toque retal. (GREVE, op. cit.). 27 Figura 01 – Classificação neurológica padrão de lesões na medula espinhal (Cortesia da American Spinal Injury Association – ASIA, 1992). (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004). 28 2.6 GRAU DA LESÃO Completa: a lesão medular é considerada completa quando há ausência de função motora e sensitiva nos miótomos e dermátomos inervados pelos segmentos sacrais da medula. O comprometimento de todas as estruturas medulares no plano horizontal dá lugar ao quadro clínico conhecido como síndrome medular transversa. (LIANZA In: LIANZA, 2001). Incompleta: a lesão se define como incompleta quando há preservação da função motora e/ou sensitiva abaixo do nível neurológico, incluindo os segmentos sacrais. Neste caso são lesados somente alguns dos feixes longitudinais e/ou a substância cinzenta. Dependendo das estruturas nervosas comprometidas, teremos uma grande variedade de síndromes transversas incompletas. (LIANZA, op. cit.). Cabe ressaltar que, nas lesões completas, alguns dermátomos e miótomos caudais à lesão podem permanecer parcialmente inervados, dando lugar à zona chamada de preservação parcial. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). A ASIA, baseando-se na Classificação de Frankel, elaborou a Escala de Deficiência ASIA, especificando o grau de comprometimento sensitivo-motor provocado pela lesão medular (Tabela 02). (CASALIS, op. cit.) Tabela 02 – Escala de Deficiência – ASIA A. Completa Ausência de função sensitivo-motora nos segmentos sacrais. B. Incompleta Há função sensitiva abaixo do nível de lesão, incluindo os dermátomos sacrais, porém não há função motora. C. Incompleta Há função motora abaixo no nível de lesão, incluindo os dermátomos sacrais, e a maioria dos músculos-chave localizados abaixo da lesão tem grau muscular inferior a três. D. Incompleta Há função motora abaixo do nível de lesão, incluindo os dermátomos sacrais, e a maioria dos músculos-chave localizados abaixo da lesão tem grau muscular superior a três. E. Normal As funções sensitivas e motoras são normais. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). 29 2.7 SÍNDROMES CLÍNICAS Algumas lesões incompletas têm um quadro clínico distinto com sinais e sintomas específicos. O conhecimento das síndromes pode ser útil à equipe do paciente para elaborar o programa de reabilitação. (ATRICE in: UMPHRED, 2004). A seguir a autora passará a descrevê-las. 2.7.1. Síndrome Centromedular Lesões por hiperextensão geralmente resultam em uma síndrome centromedular. Essa lesão causa sangramento na substância cinzenta central da medula espinhal, resultando em mais deficiência da função nas extremidades superiores do que as extremidades inferiores. A maioria das lesões incompletas resulta nessa síndrome. Aproximadamente 77% dos pacientes com síndrome centromedular alcançarão a função deambulatória, 53% do controle do intestino e da bexiga e 42% alcançarão a função da mão. (ATRICE In: UMPHRED, 2004). 2.7.2 Síndrome da Artéria Espinal Anterior Essa síndrome geralmente é causada pelas lesões por flexão na qual espículas comprometem a artéria espinal anterior. A função motora e a sensação de temperatura elevada ou de dor são perdidas de forma bilateral abaixo do segmento lesionado. O prognóstico é extremamente fraco para o retorno da função do intestino e da bexiga, da função da mão e deambulação. (ATRICE In: UMPHRED, 2004). 2.7.3 Síndrome de Brown-Séquard A síndrome de Brown-Séquard ocorre quando apenas um lado da medula é lesado, como numa lesão penetrante ou por arma de fogo. Abaixo do nível da lesão há uma paralisia motora e perda de propriocepção no lado epsilateral, bem como perda de sensação de dor, temperatura e toque no lado contralateral. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004). 30 2.7.4 Síndrome Cordonal Posterior A síndrome cordonal posterior é muito rara, resultando da compressão por tumor ou infarto da artéria espinal posterior. Clinicamente, a propriocepção, a estereognosia, a discriminação de dois pontos e a sensação de vibração são perdidas abaixo do nível da lesão. (ATRICE In: UMPHRED, 2004). 2.7.5 Síndrome da Cauda Eqüina As lesões de cauda eqüina afetam os nervos periféricos ao invés de comprometer diretamente a medula espinhal. Como os nervos periféricos têm uma capacidade de regeneração que a medula espinhal não tem, há um melhor prognóstico para recuperação. Padrões de déficits sensoriais e motores são altamente variáveis e assimétricos. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004). Essa lesão resulta em paralisia flácida sem atividade reflexa medular presente. (ATRICE In: UMPHRED, 2004). 2.7.6 Síndrome do Cone Medular A lesão da medula sacral e das raízes nervosas lombares dentro do canal neural resulta em um quadro clínico de perda motora e sensorial na extremidade inferior e arreflexia da bexiga e do intestino. (ATRICE In: UMPHRED, 2004). 2.8 FASES PSICOLÓGICAS As mudanças físicas e as limitações provocadas pela lesão medular ocasionam conflitos relacionados com a imagem corporal que, abalada, afeta a estrutura emocional do paciente. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). Esquematicamente, as mudanças comportamentais decorrentes da lesão podem ser divididas em quatro fases bem definidas, que devem ser reconhecidas pelos integrantes da equipe de reabilitação e pelos familiares, 31 pois a evolução do paciente dependerá também do correto comportamento de ambos em cada uma dessas fases. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). 2.8.1 Fase de Choque O paciente entra num estado de confusão mental, no qual não consegue perceber a magnitude do acontecido, sente a sensação de que seu mundo partiu, fica perplexo, em estado de choque emocional, podendo tornar-se desorientado intratável, errático, confuso e com distúrbios da percepção. Nessa fase ele interrompe seu vínculo com o mundo exterior, numa tentativa inconsciente de proteger a sua imagem corporal, mantendo-a íntegra. (MACHADO, 2009) 2.8.2 Fase de negação O paciente percebe a sua situação de maneira distorcida, em decorrência de suas dificuldades para aceitá-la, tentando manter assim a sua imagem corporal antiga. Esta fuga da realidade evita que ele entre em estado de depressão e/ou ansiedade, posto que cria uma espécie de casulo ou carapaça, fazendo com que reaja de forma regressiva e aceite as orientações da equipe de maneira passiva, sem nenhuma iniciativa. As reações observadas nessa fase são: raiva, ansiedade, depressão, sentimento de culpa, que podem ser manifestados abertamente, através de crise de choro, ou, veladamente sob a fachada de autocontrole emocional. (MACHADO, 2009) 2.8.3 Fase de Reconhecimento Em geral é observada na época do tratamento no centro de reabilitação, aflorada pelo contato com outros pacientes. O convívio com outros pacientes favorece o processo de conscientização, porém, em alguns casos podem desencadear momentos de depressão, apatia, revolta e até idéias suicidas. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). 32 Superadas as crises existenciais, ele começa a se recuperar dos aspectos negativos da mudança, passando a examinar os problemas relativos à possível necessidade de adaptação em seu ambiente domiciliário, por exemplo. O sentimento de dor diminui e dá margem à emergência de alguma esperança no futuro, passando a se ocupar em aprender coisas novas e adquirir mais conhecimento e experiência. (MACHADO, 2009). 2.8.4 Fase de Adaptação Caracteriza-se pela conscientização dos recursos psíquicos, o paciente reestrutura sua auto-imagem e recupera sua auto-eficiência, dentro dos limites impostos pela lesão medular. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). O paciente substitui o que perdeu e começa um processo de valorização dos novos elementos, testando sua natureza e seus limites. (MACHADO, 2009). Cabe ressaltar que nem todos os pacientes “passam” por essas fases seqüencialmente assim como alguns podem “estacionar” em uma delas, não atingindo, por exemplo, a fase de adaptação. Essa situação está muito mais vinculada às características de personalidade do paciente e sua estrutura familiar e independe da “qualidade” do tratamento de reabilitação física e da condição sociocultural do paciente. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). 2.9 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES A disfunção de diversos aparelhos e sistemas, secundária às alterações motoras, sensitivas e autonômicas decorrentes da lesão medular, pode provocar sérias complicações que, quando não prevenidas ou precocemente detectadas, podem ocasionar limitações graves e pode também levar o paciente a óbito. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). 33 2.9.1 Alterações Respiratórias Os pacientes com lesão medular tem em maior ou menor grau, variável com o nível de lesão, comprometimento da musculatura respiratória, causando hipoventilação pulmonar, que pode ser agravada por lesões pulmonares ou torácicas, sendo a maior causa de mortalidade dos pacientes durante a fase aguda. (LIANZA In; LIANZA, 2001). Paralisia aguda da musculatura respiratória decorre de lesões torácicas ou cervicais altas, que causam queda abrupta da capacidade vital, levando rapidamente o paciente a hipercapnia (aumento do dióxido de carbono no sangue) e exigindo cuidados urgentes para sanar a inadequação do paciente ao estado de insuficiência respiratória. (LIANZA In: LIANZA, 2001). Lesões acima de C4 causam paralisia diafragmática (lesão do nervo frênico) capazes de provocar atelectasia, infecção pulmonar e morte súbita durante o sono. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). Lesões abaixo de C4 preservam função diafragmática, porém, provocam paralisia da musculatura intercostal, levando à diminuição da capacidade viral e infecção. (CASALIS, op. cit.). 2.9.2 Disreflexia Autonômica A disreflexia autonômica é caracterizada pela elevação da pressão arterial da ordem de 100 a 200mm Hg sistólico e 50 a 100mm Hg diastólico. (FREED In: KOTTKE e LEHMANN, 1994). É causada pela ação reflexa do sistema nervoso autônomo em resposta a algum estímulo, como bexiga distendida, massa fecal, irritação da bexiga, manipulação do reto, estímulo térmico ou doloroso ou distensão visceral. (ADLER In: PEDRETTY e EARLY, 2005). Os sintomas são cefaléia, diminuição do pulso, ruborização e sudorese da face, congestão nasal. Há a possibilidade de convulsões e hemorragia cerebral com morte. (FREED, op. cit.). 34 2.9.3 Hipotensão Ortostática ou Hipotensão Postural Sabemos que as mudanças posturais em pessoas normais se acompanham de alterações na pressão arterial e no tônus vascular, sendo o sistema nervoso autônomo responsável por tais modificações. Essas alterações visam manter as condições hemodinâmicas em níveis aceitáveis. (LIANZA In: LIANZA, 2001). As alterações vistas durante o ortostatismo se desenvolvem mais comumente devido à estase sanguínea nos membros inferiores e à vasoconstrição ineficaz secundária à resposta autonômica alterada. (STAAS, In: DeLIZA e GANS, 2002). A hipotensão ortostática é agravada por permanência prolongada no leito. Quando o paciente tenta sentar-se, o sangue flui rapidamente para as pernas. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005) Os sintomas são: visão turva, vertigem, fraqueza, zumbidos, taquicardia, cefaléia e, às vezes, formigamento. (LIANZA In: LIANZA, 2001). Nos pacientes portadores de lesões abaixo de T5, as mudanças bruscas de decúbito não provocam manifestações tão evidentes. (LIANZA, op. cit.). 2.9.4 Disfunção Intestinal Como efeito da lesão medular, há diminuição ou abolição do peristaltismo acompanhada de retenção fecal, devido à atonia de todo aparelho gastrointestinal. Essas alterações podem levar ao aumento do volume das vísceras intestinais, acarretando assim na diminuição da excursão do diafragma, acentuando as dificuldades respiratórias. (LIANZA in: LIANZA, 2001). O intestino neurogênico provoca alterações que são percebidas desde a fase aguda pelo íleo adinâmico, caracterizado por distensão abdominal e obstipação. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). Segundo CASALIS (2003) o objetivo do treinamento intestinal é recuperar o ritmo de evacuação a cada 24 ou 48 horas, em horários prédeterminados, evitando a formação de fecalomas e permitindo a retomada do convívio social. 35 2.9.5 Disfunção Vesical A micção é controlada por centros supra-espinhais situados no córtex cerebral, núcleos da base e cerebelo, que agem coordenando e mantendo o centro reflexo medular da micção, situado nos níveis S2-S3-S4 da medula. (GREVE In: GREVE e AMATUZZI, 1999). A bexiga não existe como uma estrutura independente, mas é parte de um mecanismo reflexo altamente complexo. Na micção normal, há um equilíbrio entre as forças expulsivas e retentoras de modo que após o adequado esvaziamento da bexiga não há nenhuma urina residual. (FREED In: KOTTKE e LEHMANN, 1994). O conhecimento desta função esclarece o papel dos mecanismos reflexos na bexiga neurogênica (FREED In: KOTTKE e LEHMANN, 1994), que segundo CASALIS (2003) provoca incontinência urinária, deterioração da função renal e isolamento social. Os tratamentos da bexiga com atividade reflexa (lesão localizada acima do cone medular) e da bexiga sem atividade reflexa (lesão localizada no cone medular ou cauda eqüina) têm como finalidade preservar o trato urinário e favorecer a continência urinária. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). 2.9.6 Disfunção Sexual O impulso sexual e a necessidade de intimidade física e emocional não são alterados pela lesão medular. Problemas de mobilidade, dependência funcional e alteração da imagem corporal, assim como complicações médicas e a atitude de parceiros e da sociedade, afetam os papéis, acesso, interesse e satisfação sexuais e sociais. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004) O desejo sexual permanece intacto em ambos os sexos, porém, pode haver diminuição na libido causada por fatores psicológicos na fase de adaptação à lesão. (GREVE In: GREVE e AMATUZZI, 1999). Nos homens, as ereções são freqüentemente afetadas pela lesão. Este problema é variável e precisa ser avaliado individualmente. Com freqüência a viabilidade de esperma nos homens com lesão medular é reduzida mesmo quando as outras funções estão normais. (ADLER, op. cit.). 36 A maioria dos homens com lesão medular apresenta inabilidade ejaculatória e os que conseguem são os portadores de lesões incompletas. (GREVE, op. cit.). Nas mulheres, a menstruação costuma cessar por um intervalo de semanas ou meses depois da lesão. Ela geralmente recomeça e volta ao normal com o tempo. Podem acontecer alterações na lubrificação vaginal durante a atividade sexual. Ao contrário dos homens não acontece mudanças na fertilidade feminina. (ADLER, op. cit.). 2.9.7 Regulação Térmica A lesão medular provoca alterações na homeotermia do paciente, levando-o a uma situação de pecilotermia, na qual apresenta grande intolerância às temperaturas extremas. No frio não consegue reagir com calafrios e vasoconstrição, para aumentar a temperatura corporal e no calor é incapaz de aumentar a sudorese e a vasodilatação, para diminuir a temperatura corporal, fato que pode simular quadros febris, sem existência de foco infeccioso. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). 2.9.8 Dor A dor aguda e crônica é mais comum após a lesão medular. Considerando-se a natureza violenta da maioria das lesões, não surpreende que os pacientes sofram dor no início e que ela persista por um longo tempo. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMNSKI, 2005). Embora estejam presentes muitos tipos de dor, a maioria pode ser classificada como segue: Dor mecânica: dor local em tecidos moles associados à lesão. É comum nos ombros do paciente tetraplégico. Dor radicular: dor que acompanha a distribuição segmentar do nervo. Dor central: dor que se origina na medula espinhal e acredita-se ser o resultado do crescimento neural desordenado após a lesão. (ATKINS, op. cit.). 37 A maioria da população com lesão medular possui dor crônica, e para muitos a dor crônica contribui para a depressão e a incapacitação. (ATKINS, op. cit.). 2.9.9 Espasticidade A espasticidade é uma manifestação decorrente de lesão da via piramidal e, estão presentes no paciente com lesão medular (completa ou incompleta) que compromete o neurônio motor superior. Não é observada nas lesões medulares ou radiculares que atingem o neurônio motor inferior. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). A espasticidade não pode ser considerada complicação, mas sim conseqüência, às vezes torna-se tão intensa que prejudica e até impede a evolução do paciente no programa de reabilitação, constituindo um fator limitante. (CASALIS, op. cit.). A espasticidade é uma alteração motora caracterizada por hiperatividade do reflexo miotático, e está diretamente ligada à velocidade de estiramento do músculo. Este conceito alerta sobre a necessidade e importância de evitar movimentos rápidos e bruscos durante o exercício, tendo como finalidade não desencadear a descarga dos fusos neuromusculares e o conseqüente incremento do reflexo miotático. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). 2.9.10 Fadiga Fatores do meio externo, os fisiológicos e psicológicos, contribuem para a fadiga do paciente. Dor persistente, medicação antiespasmódica e repouso prolongado no leito são fatores físicos que podem fazer o paciente sentir-se cansado e sonolento. Isto é composto por noites mal dormidas, interrompidas pela rotina hospitalar, como reposicionamento no leito e realização de vários exames vitais e administração medicamentosa. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005). 38 2.9.11 Trombose de Veias Profundas É a formação de um coágulo sanguíneo, no membro inferior, abdome ou área pélvica. O coágulo pode continuar a se desenvolver e deslocar-se da parede venosa, formando um êmbolo. Essa situação coloca o paciente em risco de vida, uma vez que o êmbolo pode se deslocar e ocluir a circulação pulmonar. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005). As manifestações clínicas são edema, discreta alteração de cor e temperatura do membro inferior, empastamento muscular à palpação e ausência de queixa dolorosa, em virtude da perda de sensibilidade provocada pela lesão medular. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). 2.9.12 Úlceras de Pressão São lesões decorrentes de isquemia tecidual local provocada pela alteração da sensibilidade dolorosa. A ausência ou diminuição da motricidade voluntária, a incontinência esfincteriana, a higiene precária e a deficiência nutricional são fatores que, associados à alteração de sensibilidade, contribuem para a formação dessas lesões em regiões corporais com saliências ósseas. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007) As úlceras de pressão variam de inflamatórias superficiais a grandes cavidades infectadas com ou sem comprometimento ósseo. (GREVE In: GREVE e AMATUZZI, 1999). As úlceras classificam-se, de acordo com a profundidade da lesão tissular, em: Grau I: a lesão atinge a epiderme; Grau II: a lesão atinge a derme; Grau III: a lesão atinge o tecido adiposo subcutâneo. Grau IV: a lesão atinge todos os planos, incluindo músculo e osso, podendo também comprometer articulações. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). 39 2.9.13 Ossificação Heterotópica Sua etiologia ainda permanece desconhecida. A incidência varia de 16 a 53%, segundo dados da literatura internacional, geralmente tem início entre o primeiro e o oitavo mês de lesão. Desenvolve-se sempre abaixo do nível da lesão, preferindo as grandes articulações. O quadril é o local mais afetado, seguido de joelhos, ombros e cotovelo. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Perante a primeira suspeita clínica (discreta limitação articular, edema local e ligeiro aumento de temperatura) indica-se o estudo ultra-sonográfico da região, que tem mostrado ser de grande utilidade para o diagnóstico precoce. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003). Os recursos científicos atuais ainda não conseguem reverter as expressivas alterações provocadas pela lesão medular, considerada uma das mais graves síndromes incapacitantes que podem atingir o ser humano. O tratamento de reabilitação é, portanto, o caminho que facilita e estimula o lesado medular a reaprender e a controlar suas funções “perdidas”, assim obtendo a maior independência possível, tornando-o capaz de viver integralmente, e a Terapia Ocupacional como ciência, tem como objetivo fortalecer e desenvolver estas funções. 40 3.0 TERAPIA OCUPACIONAL E LESÃO MEDULAR 3.1 CONCEITOS A Terapia Ocupacional está voltada para a melhoria de qualidade de vida de um indivíduo, auxiliando-o a escolher, organizar e conduzir atividades cotidianas. Indivíduos que podem beneficiar-se da Terapia Ocupacional são aqueles que têm as funções da vida diária e/ou a participação social limitados por disfunção física e/ou psicossocial, distúrbios no desenvolvimento, distúrbios na aprendizagem, envelhecimento, ambiente sociocultural inadequado. Profissionais de Terapia Ocupacional aplicam princípios da ciência ocupacional e de análise das atividades para determinar fatores que influenciam o desempenho ocupacional do indivíduo e abordam esses fatores de uma perspectiva biopsicossocial. E também, o terapeuta ocupacional freqüentemente usa adaptações no meio-ambiente, órteses, tecnologia assistiva, atividades diárias significativas, mantendo seu senso de bem-estar e prevenindo regressão das funções, para assegurar sua satisfação em viver. (BARIDOTI, Associação de Terapia Ocupacional da República da China/Taiwan, 2001). A Terapia Ocupacional é ciência porque o terapeuta que trabalha com pessoas com deficiência física tem de, necessariamente, ter o conhecimento da patologia em questão e suas implicações nos aspectos motores, sensoriais, cognitivo, emocional e social e das possíveis complicações que poderão interferir no melhor desempenho do paciente, bem como de todos os recursos disponíveis que deverão ser utilizados no tratamento de cada paciente. (TEIXEIRA, 2003). A Terapia Ocupacional usa a ocupação para promover e manter a saúde, e prevenir ou remediar disfunções resultantes de enfermidades, lesões, envelhecimento, desvantagem social ou deterioração que resultem em incapacidades. A ocupação se refere a qualquer atividade ou produtividade (por exemplo, escola, trabalho, atividades domésticas), ou atividades de lazer (por exemplo, brincar, atividades de recreação). A ocupação é considerada 41 como essencial para a saúde. (BARIDOTI, Associação Canadense de Terapeutas Ocupacionais, 2001). A Terapia Ocupacional, como profissão da área da saúde, não está alheia aos acontecimentos e ao processo de produção dos pensamentos e ações das ciências, particularmente das ciências biológicas e humanas. Ao ser criada como uma pratica médica, a Terapia Ocupacional, mais exatamente a produção de seus conhecimentos, de suas aplicações, de seu poder social, sofre toda uma influência daquela área, bem como do contexto sócio – político – econômico – cultural em que está inserida. (MEDEIROS, 2003). Cabe ressaltar que segundo HAGEDORN (2003), a Terapia Ocupacional é uma profissão complexa e apresenta uma ampla base de conhecimento, derivada tanto das ciências médicas como sociais. A prática incorpora habilidades de gerenciamento, corretivas, técnicas e criativas com processos especializados da Terapia Ocupacional. Os terapeutas trabalham com todos os grupos etários e auxiliam uma ampla variedade de problemas médicos, sociais e ambientais. Após um vai e vem entre páginas, contata-se que a investida no estudos das palavras, permite-nos compreender a Terapia Ocupacional, como profissão da área da saúde que utiliza o trabalho como recurso (meio adequado) para tratar (aliviar ou curar os doentes). (FRANCISCO, 2001). 3.2 O PROFISSIONAL TERAPEUTA OCUPACIONAL O terapeuta ocupacional que trabalha na área da reabilitação física tem por objetivo habilitar ou reabilitar o indivíduo que apresenta uma limitação ou deficiência em seu desempenho, como decorrência de diferentes condições patológicas, o que interfere direta ou indiretamente em suas atividades cotidianas, tornando-o menos independente. (GOLLEGÃ In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001). O terapeuta ocupacional é o profissional que, tendo tido formação para analisar a atividade humana em condições típicas ou atípicas de desenvolvimento, é capaz de explorar ao máximo o potencial do indivíduo no seu desempenho funcional/ocupacional e, por isso mesmo, pode desenvolver, 42 indicar e aplicar artigos de tecnologia assistiva com a maior competência e eficiência. (GOLLEGÃ, op. cit.). Os terapeutas ocupacionais que trabalham com pacientes que sofreram lesões do sistema nervoso central preocupam-se em melhorar o movimento funcional e promover a independência do desempenho ocupacional. (PEDRETTY e EARLY, 2004). Um terapeuta ocupacional deve ser observador, e aprenderá, durante treinamento e a prática, e trabalhando com médicos e outros na equipe de reabilitação, qual a importância deve atribuir aos resultados essa percepção e observação. Não deve de modo algum impor demais a sua vontade ou intenção. Uma certa firmeza e um pouco de persuasão podem ser necessários, mas isso tudo deve ser temperado com um bom julgamento, um interesse real pelas pessoas e pela vida em geral, uma disposição alegre, e um senso de humor, tudo mantido numa boa perspectiva. (DONALD, 1998). O terapeuta ocupacional é o profissional preparado para compreender e intervir nos problemas referentes à realização objetiva das atividades cotidianas de uma pessoa, tais como auto-cuidado e as que envolvem a mobilidade e transferências posturais, podendo planejar e desenvolver equipamentos de ajuda, como por exemplo, adaptações para cadeira de rodas, órteses e tecnologia assistiva e facilitadora. (CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). 3.3 HISTÓRICO O termo Terapia Ocupacional costuma ser em geral aplicado de forma errônea a qualquer ocupação, na qual uma pessoa incapacitada pode se empenhar. Não se nega que essa ocupação possa ter um efeito terapêutico, mas ela pode ter um efeito contrário. Ela só será verdadeira terapia quando aplicada com habilidade para o objetivo definido de tratar problemas médicosociais do indivíduo. (DONALD, 1998). As seitas religiosas egípcias usavam o canto, a leitura, a dança, a diversão, o entretenimento e os passeios pelos jardins como tratamento do humor doentio, já no ano de 2000 a.C. (FINGER, 1986). 43 Cerca de 30 a.C, Seveca, recomendava a ocupação para todo o tipo de agitação mental. Em 172, Galeno, médico grego, afirmava ser a ocupação o melhor remédio da natureza sendo essencial à felicidade humana. (FINGER, 1986). Este tipo de tratamento foi usado durante muito tempo, mas, com a Idade Média, os pré-conceitos e a ignorância reinantes isolaram os doentes mentais, passando a Terapia Ocupacional, assim, por um período de inatividade, que só começou a ser dissipado pelas primeiras tentativas de humanização no tratamento desses doentes. (FINGER, 1986). Todavia, em 1407, com a fundação do asilo de Saragoça surgiu à primeira organização que instituiu o trabalho como uma das fórmulas de tratamento dos doentes. Felipe Pinel teve oportunidade de visitar esse asilo, voltando de lá bastante impressionado com os benefícios obtidos naquela instituição. Quando Pinel, em 1793, assumiu a direção do Hospício de Bicêtre, encontrou a situação dos alienados de tal maneira trágica que tomou a si a reforma assistencial, simbolizada historicamente pela quebra dos grilhões que mantinham presos os infelizes insanos do espírito. (ARRUDA, 1962). A terapêutica do trabalho foi então introduzida, como parte integrante da sua reforma. Afirmou então Pinel: “o trabalho constante modifica a cadeia dos pensadores mórbidos, fixa a faculdade do entendimento, dando-lhes exercício e, por si só, mantém a ordem num agrupamento qualquer de alienados. (ARRUDA, 1962). Ao mesmo tempo em que pela metade do século XIX, o tratamento proposto por Pinel era difundido na Europa e na América e firmava raízes, emergia um novo movimento filosófico e científico, à luz do aparecimento de tecnologia mais avançada, resultado da Revolução Industrial – o positivismo, corrente filosófica determinante da escola de pensamento científico, que se baseava na regra da inquisição e no método científico das ciências físicas: (...) só é compreensível e possui sentido aquilo que se pode comprovar pela experiência” (BRUGGER In: ARRUDA, 1962). A concepção filosófica estava sendo mudada pelo impacto da tecnologia. Na área da saúde, em vez do ambiente, o cérebro é que era objeto de explicação e tratamento da doença mental. Os doentes mentais passaram a ser tratados por meios quimioterápicos e cirúrgicos. Nesse momento, as 44 instituições de atendimento aos doentes mentais tornaram-se grandes laboratórios experimentais. Negligências e abusos eram cometidos em virtude de investigações comprometidas com a aprovação dos fatores etiológicos na patologia do cérebro. De acordo com tal situação, o desenvolvimento da ocupação como forma de tratamento, sendo o tratamento moral eventualmente reaplicado por alguns poucos membros da comunidade médica, compromissados com as tendências humanitárias. Essa fase perdurou, na América, até 1890 e, na França, até 1906. Somente nas duas primeiras décadas do século XX é que fatores como o renascimento do tratamento moral e a Primeira Guerra Mundial foram responsáveis pelo início formal da Terapia Ocupacional. (ARRUDA, 1962). Segundo GOLLEGÃ (2001), a profissão Terapia Ocupacional teve origem, oficialmente, nos Estados Unidos, no fim da Primeira Guerra Mundial, quando veteranos retornaram de suas atividades militares com diversas seqüelas e necessidades de reabilitação. Devido ao longo tempo de hospitalização e por sua incapacidade funcional, eles necessitam de intensa terapia física ou ocupacional. Esse período foi chamado de “reconstrução”, que está relacionado ao termo reabilitação, reabilitare (em latim), que significa restaurar. Após, mais de oitenta anos do seu nascimento, a Terapia Ocupacional evoluiu e ampliou-se seu campo de atuação. Porém seu objetivo fundamental de atingir o potencial funcional e ocupacional máximo de cada indivíduo, de modo que ele alcance autonomia e independência na sua vida cotidiana e efetiva inclusão social. (GOLLEGÃ, op. cit.) Segundo referência de alguns manuais de Terapia Ocupacional, William Rush Duton foi quem lançou, em 1915, o primeiro manual completo de instruções de Terapia Ocupacional – Occupational Therapy: a manual for nurses; os primeiros trabalhos teóricos em Terapia Ocupacional foram indicados especialmente para enfermeiras. Em 17 de outubro de 1917 foi fundada nos Estados Unidos a National Society for the Promotion of Occupational Therapy, cujo primeiro presidente foi George Edward Barton, um arquiteto que havia experimentado os efeitos benéficos do trabalho durante sua própria doença. (DE CARLO In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001). 45 Segundo SOARES (2007), a profissão de Terapia Ocupacional possui diversas denominações; todavia, a que prevaleceu na maioria dos países foi a proposta por George E. Barton, arquiteto norte-americano que nas primeiras décadas do século XX sugeriu e organizou a entidade nacional para a profissão: a Associação Americana de Terapia Ocupacional. George E. Barton citou: “Se há uma doença ocupacional, porque não há uma Terapia Ocupacional?”. Durante as décadas de 1940 a 60, a Terapia Ocupacional foi fortemente influenciada pelo Movimento Internacional de Reabilitação, nascido de uma necessidade da população de atendimentos em especial na área das disfunções físicas. Foi um período de intensas transformações na área da saúde. (DE CARLO In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001). Somente por volta de 1957 surgiram no Brasil as primeiras escolas para formação profissional, respectivamente no Instituto de Reabilitação da Faculdade de Medicina da USP (SP) e na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (RJ). (FRANCISCO, 2001). Em 1969 a lei de reconhecimento da profissão de Terapia Ocupacional e Fisioterapia é promulgada. Com a lei de regulamentação do exercício profissional de 1975, criou-se o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO, que se organizou em unidades regionais. Já em 1980 criou-se, o primeiro sindicato da categoria. Em 1994 foi organizada nova entidade nacional, a Associação Brasileira de Terapia Ocupacional – ABRATO. (SOARES op. cit.). O intercâmbio em congressos internacionais de Terapia Ocupacional cresceu de modo que o Brasil se tornou membro ativo da Federação Mundial de Terapia Ocupacional desde 1994. A expansão da categoria profissional resultou de seu engajamento em projetos políticos e de democratização da sociedade. (SOARES op. cit.). Segundo SOARES (2007), conhecer o presente para delinear o futuro deve ser a meta de cada pessoa, mas o que se é e o que se deseja também estão intimamente entremeados do passado. 46 3.4 RECURSOS TERÂPEUTICOS Segundo o dicionário Aurélio, a palavra recurso é definida como: auxílio, ajuda; meio para resolver um problema (FERREIRA, 2004). Na prática da Terapia Ocupacional utiliza-se o termo “recurso terapêutico” para designar todo e qualquer dispositivo que vise à aquisição ou ampliação de autonomia e independência de um indivíduo em suas ações do cotidiano. Partindo do pressuposto de que o principal recurso terapêutico utilizado em Terapia Ocupacional consiste na atividade humana, tem-se que a atividade humana é considerada o elemento centralizador e orientador na construção complexa e contextualizada do processo terapêutico. As atividades humanas são constituídas por um conjunto de ações que apresentam qualidades, demandam capacidades, materialidade e estabelecem mecanismos internos para sua realização. (WATANABE, 2009). Os recursos terapêuticos são instrumentos que envolvem a atividade humana em um processo dinâmico relacionado entre esta e a pessoa do paciente e a do terapeuta. Para isto o terapeuta ocupacional lançará mão, em diferentes situações, do uso específico de atividades expressivas, lúdicas, artesanais, da vida diária e de auto-manutenção, psicopedagógicas, profissionalizantes, entre outras, previamente analisadas e avaliadas, sob os aspectos anatomofisiológicos, cinesiológicos, psicológicos, sociais, culturais e econômicos (SIQUEIRA, 2001). Em um sentido mais amplo, para HAGEDORN (1999), o centro da prática profissional são os conhecimentos do terapeuta, seus atributos ou habilidades pessoais nas relações interpessoais e sua sensibilidade e empatia no contexto de uma atividade ou tarefa. O profissional necessita de uma reciclagem constante, caso contrário seus recursos terapêuticos deixarão de ser criativos e, muitas vezes, não proporcionarão os resultados esperados e sim reproduzirão o empobrecimento, a mecanização e a homogeneização das ações terapêuticas. (TOLDRÁ In: PÁDUA, 2003). A intervenção e o uso de recursos terapêuticos podem fazer com que o processo terapêutico facilite a participação e a igualdade de direitos. (TOLDRÁ, op. cit.). 47 No uso de recursos terapêuticos é importante considerar a análise da problemática da clientela. Analisar a história de vida e a situação social e emocional da pessoa deveria ser um aspecto comum a todas as áreas. (TOLDRÁ, op. cit.) Os recursos da Terapia Ocupacional são explorados por meio da essência da experiência; desse modo, todas as atividades que proporcionem desenvolvimento, aprendizado, superação dos limites, bem como percepção de consciência das dificuldades, são objetos de análise e de intervenção terapêutica. A prática dessas atividades pode produzir tanto respostas afetivas, cognitivas, como sensoriais e motoras. (TOLDRÁ, op. cit.). O uso de atividade em geral, e do trabalho produtivo em particular, como meio e alvo do processo terapêutico, reflete alternada ou concomitante a compreensão de homem, saúde e sociedade subjacente aos modelos teóricos que embasaram a prática da Terapia Ocupacional. (MEDEIROS, 2003). Para que o uso de atividade, ação, trabalho possa ser conceituado como Terapia Ocupacional, é preciso que se satisfaça uma série de exigências que se pode em princípio resumir nos quatro requisitos que seguem. (FRANCISCO, 2001). Em primeiro lugar, é necessário que a atividade humana seja entendida como espaço para criar, recriar, produzir um mundo humano que esteja repleto de simbolismo, isto é, que a ação não seja meramente um ato biológico mas um ato cheio de intenções, vontades, desejos e necessidades. (FRANCISCO, op. cit.). Em segundo lugar, não basta fazer, fazer e fazer, acreditando que o simples curso das coisas com isso se modifique. O fazer deve acontecer através do processo de identificação das necessidades, problematização e superação do conflito. (FRANCISCO, op. cit.). Em terceiro lugar, não existe receita mágica (atividades mágicas) nem técnicas especificas que garantem que estamos realmente resolvendo o problema. (FRANCISCO, op. cit.). Em quarto e último lugar, é necessário um profissional preparado, cuja tarefa é a de se dispor, também como instrumento ou recurso terapêutico, com o propósito de incomodar, de ativar e revelar o conflito para a sua superação. (FRANCISCO, op. cit.). 48 É essencial que se tenha uma visão do conjunto e de como essas partes se relacionam dialeticamente. (FRANCISCO, 2001). Tendo declarado a importância da relação interpessoal entre o terapeuta ocupacional e o paciente, e da localização, método e circunstâncias do tratamento, é agora possível indicar-se vários grupos de atividades que podem ser usadas para fins terapêuticos, lembrando sempre que elas não representam por si mesmas, tratamento. O seu alcance é muito amplo e pode oferecer qualquer terapeuta ocupacional; a variedade é ilimitada. Uma grande parte do tratamento necessário e satisfatório pode ser feito por meio de atividades não produtivas, em contraste com aquelas nas quais os artigos são feitos por prazer ou para venda, isto é, ao treinar novamente para as atividades da vida diária. Nas ocupações produtivas, a ênfase não deveria ser posta toda no produto, mas no efeito da produção sobre o paciente. (DONALD, 1998). As atividades que podem ser usadas de modo terapêutico podem ser relacionadas, sob os seguintes títulos: Atividades de Vida Diária; Atividades Instrumentais de Vida Diária; Atividades Escolares; Atividades de Trabalho; Atividades do Brincar/Lúdicas; Atividades de Lazer; Atividades de Esporte Adaptado (CREFITO 8, 2009). Quando analisadas sócio-culturalmente, as atividades deixam o refúgio de uma sala de Terapia Ocupacional, o papel de recurso terapêutico e readquirem o perfil com o qual aparecem no cotidiano – configurada sócioculturalmente pela maneira idiossincrática com que cada indivíduo a vivencia. Essa proposta amplia não só a visão da ação humana mas, principalmente a visão das atividades possíveis de serem utilizadas pela Terapia Ocupacional. (SOUZA, 2006). Cada pessoa quer ser um “ator” efetivo no mundo, e permanecer saudável e feliz. O indivíduo necessita de um nível de competência pessoal em uma ampla variedade de atividades e tarefas culturalmente aceitas, e 49 ocupações úteis e significativas para alcançar estes objetivos. A performance ocupacional se refere ao ato de se engajar nestas ocupações e atividades diárias. (HAGEDORN, 2003). Segundo HAGEDORN (2003), os terapeutas ocupacionais acreditam que a performance ocupacional competente depende da interação complexa entre o indivíduo, o ambiente e as coisas que ele faz. Para que as atividades realizem a potencialidade de serem recursos terapêuticos elas têm que ser percebidas pelo terapeuta em todas as suas ramificações, quais delas integram e dão sentido ao movimento da mão, do corpo, da mente num determinado tempo e lugar. Esse elo parece segundo Cynkin, estar no coração da natureza terapêutica da atividade. (SOUZA, 2006). O terapeuta necessita compreender a natureza das ocupações dos clientes de acordo com a condição de saúde e prognóstico. Ao empregar uma estrutura apropriada de preferência, a ação pode melhorar a condição física do paciente e/ou reduzir o impacto da sua habilidade para engajar as atividades. (HAGEDORN, 2003). 3.5 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE AGUDA DA LESÃO MEDULAR O principal objetivo do tratamento na lesão medular é prevenir ou minimizar qualquer déficit neurológico resultante. Persegue-se este objetivo ao mesmo tempo em que são tratadas as lesões associadas possivelmente sérias que possam colocar em risco a vida, mais do que a lesão medular. Se a lesão medular é evidente, os primeiros a socorrer devem iniciar a imobilização. Toda a equipe deve estar alerta para a possibilidade de uma lesão medular oculta. (STAAS In: DE LIZA e GANS, 2002). Imediatamente após a lesão a maioria dos pacientes são admitidos em centro de cuidados intensivos, onde o enfoque centra-se na preservação da vida, estabilização dos fluidos, eletrólitos, funções vitais, cardiopulmonares e outras. O paciente é imobilizado em tração, esperando para saber se será necessária cirurgia para estabilizar a coluna. Para a prevenção de úlceras por 50 pressão, o paciente é colocado numa cama rotatória. (YARKONI e CHEN, 1996 apud ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005). Precauções médicas devem ser seguidas durante este período. A flexão, extensão e movimentos da coluna são contra-indicados. A avaliação do posicionamento total do corpo e as necessidades de talas nas mãos devem ser iniciadas nessa ocasião. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004). O contato inicial do terapeuta ocupacional deverá ser feito dentro das primeiras 24 horas de internação. O tratamento se inicia conforme a avaliação mesmo se estiver em progresso, permitindo que o terapeuta comece a formar um quadro completo do paciente. (HAMMELL, 1995 apud ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005). Assim que houver liberação médica para a posição sentada, esta deve ser alcançada gradativamente com inclinação progressiva da cabeceira do leito. Exercícios passivos, lentos e suaves, devem ser realizados com o objetivo de manter a amplitude de movimento, prevenir futuros quadros álgicos decorrentes do imobilismo e, futuramente, a funcionalidade dos membros superiores. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003). O fortalecimento da musculatura presente é fundamental, porém, deve ser comedido, considerando-se a possibilidade de estabilização da lesão em determinado nível neurológico, sem retorno de inervação do músculo antagonista, predispondo o aparecimento de deformidades. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). É de fundamental importância, sempre que possível, estimular a maior independência, respeitando-se o nível de lesão e o momento emocional do paciente, adaptando e adequando os utensílios necessários como, por exemplo, prancha para leitura, talheres e utensílios de higiene elementar. (TEIXEIRA, op. cit.). Mesmo que o paciente esteja imobilizado no leito, devem ser iniciadas as discussões do que se antecipa em termos de equipamentos médicos duráveis, modificações ambientais e treinamento de atendentes para que haja tempo suficiente de preparação para a alta. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004). Durante a reabilitação aguda, a Terapia Ocupacional continua a centrarse em oferecer educação e apoio aos pacientes e a auxiliá-los a começar a 51 explorar atividades significativas que restaurem o sentimento de eficiência e auto-estima. Os tratamentos devem sempre ser estruturados com esses objetivos predominantes em mente. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005). 3.6 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE PRÉ-REABILITAÇÃO DA LESÃO MEDULAR A fase de pré-reabilitação é constituída do exame médico inicial e da avaliação global pela equipe, participam desses grupos, médico fisiatra, assistente social, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo e o terapeuta ocupacional. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003) São realizados, semanalmente, três desses grupos. Em cada um deles, os pacientes são avaliados e orientados, individualmente, pelos integrantes da equipe. (TEIXEIRA, op. cit.). O terapeuta ocupacional atua nesse procedimento: Demonstrando ao paciente e a seu acompanhante os exercícios indicados a serem realizados em membros superiores, enfatizando a contra-indicação sempre que houver; Verificando a possibilidade, em pacientes tetraplégicos, de realização independente em atividades de vida diária e prática, e confeccionando, sempre as adaptações. Checando o grau de independência de pacientes paraplégicos e orientando, sempre que preciso manobras para facilitar o desempenho funcional nas atividades de vida diária. Prescrevendo cadeira de rodas e almofada de assento, quando o paciente ainda não as possui. Avaliando a postura sentada na cadeira de rodas e a adequação da almofada de assento. (TEIXEIRA, op. cit.) Ao final do procedimento, a equipe se reúne e discute cada um dos pacientes, decidindo, então, o início do tratamento, ou não, nos diversos setores. (TEIXEIRA, op. cit.). 52 Durante essa fase, o paciente pode se sentar em uma cadeira de rodas e deve começar a desenvolver a tolerância para a posição ereta. Uma prioridade alta para esta fase é determinar um método para aliviar a pressão quando sentado com o propósito de evitar úlceras de decúbito nas proeminências ísquias, trocantéricas e sacrais. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004). 3.7 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE REABILITAÇÃO DA LESÃO MEDULAR Segundo TEIXEIRA (2003), a fase de reabilitação caracteriza-se pela admissão do paciente nos diversos setores. A avaliação inicial é o primeiro contato entre a dupla – terapeuta e paciente – que irá caminhar junto por algum tempo, por isso é importante que: (1) nesse primeiro contato o terapeuta tenha conhecimento prévio do exame clínico realizado pelo médico (2) a avaliação transcorra em um clima afável (3) o terapeuta tenha domínio das técnicas que irá utilizar para avaliar o desempenho do paciente e mensurar os resultados (4) o terapeuta tenha conhecimento pleno da patologia para romper de forma adequada a questão que imerge ao final da avaliação, como por exemplo: “quando voltarei a andar?”, “porque devo utilizar uma adaptação?”. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Os objetivos da Terapia Ocupacional somente poderão ser traçados após a avaliação cuidadosa do paciente, tendo em mente que ele também tem seus objetivos. (SAURON In: GRAVE, 2001). O objetivo comum a ser alcançado com todos os pacientes, respeitandose o nível neurológico de lesão, é a maior independência possível nas Atividades de Vida Diária (AVD); contudo devemos ressaltar que dois pacientes com o mesmo nível neurológico de lesão exibem características diferentes do ponto de vista clínico, emocional, cultural, social, que podem repercutir positiva ou negativamente no grau de independência funcional. (SAURON In: GRAVE, 2001). 53 Os aspectos principais a serem observados nesse contato inicial são: 1. Membros superiores: Amplitude articular passiva de movimento e presença de deformidades. Espasticidade, por meio da Escala de Ashwoerth Modificada. Força de músculo – chave e da musculatura residual (escala 0 a 5). Função unimanual e bimanual: a partir do nível neurológico de lesão C6, avaliar a “qualidade” da pressão pulmonar e da pinça da chave. Sensibilidade: o teste mais significativo para a função manual é a descriminação de dois pontos constantes. Tronco: equilíbrio na posição sentada, em cadeira de rodas. 2. Dor central e nociceptiva: se presente, onde se localiza e se prejudica a atividade cotidiana do paciente. 3. AVD e AIVD: desempenho e utilização de adaptações. 4. Cadeira de rodas: adequação da cadeira (medidas corretas), uso de almofada apropriada e forma de manejo. 5. Barreiras arquitetônicas: em casa, na escola, no trabalho, na comunidade. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007) Pode ser utilizado um protocolo específico para avaliação do lesado medular no qual todas as informações anteriormente descritas são anotadas, seguido da aplicação da Medida de Independência Funcional – MIF (Functional Independence Measure – FIM), por se tratar de um instrumento para a avaliação do grau de independência de pacientes adultos. (SAURON, op. cit.). Os dados coletados por meio do protocolo específico de avaliação para o lesado medular, somados aos resultados obtidos com a aplicação da MIF, são, somente, a base para planejamento inicial do tratamento de reabilitação, que deve ser modificado mediante a evolução do paciente. (SAURON, op. cit). 54 3.8 TRATAMENTO DE LESÃO MEDULAR O tratamento terapêutico ocupacional do indivíduo que sofreu uma lesão medular é específico e de acordo com o nível da lesão. O prognóstico funcional do lesado medular é determinado em especial pelo grau de preservação sensitivo motora. (GRIFO MEU). Dois pacientes com o mesmo nível de lesão podem atingir diferentes graus de independência. O terapeuta deve considerar as características de personalidade, a influência dos fatores ambientais como a idade, e a presença de outros fatores físicos que podem interferir negativamente no desempenho do paciente (por exemplo: deformidades, obesidade). (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Geralmente, a abordagem da Terapia Ocupacional consta de: mobilizações, suaves e lentas, para relaxamento e alongamento (cuidadoso) da musculatura cervical, cíngulo do membro superior (cintura escapular) e MMSS; treino de equilíbrio de tronco; treinamento fundamental e fortalecimento da musculatura remanescente de MMSS; prescrição e/ou confecção de adaptações, objetivando proporcionar treino e a maior independência possível nas AVD e AIVD; prescrição da cadeira de rodas através de mensuração personalizada a cada paciente; prescrição e/ou confecção de órteses, de posicionamento ou funcionais, para os MMSS; prescrição de almofada de assento para cadeira de rodas, bem como monitorização de sua eficácia por meio do sistema de mapeamento de pressão; orientação para posturas de alívio de pressão, evitando assim úlceras de pressão; participação nos períodos pré e pós-operatório das cirurgias de transferências tendinosas para a reconstrução da extensão ativa do cotovelo, da preensão palmar e da pinçachave (intervenções cirúrgicas importantes), para a melhora da qualidade de vida do tetraplégico. (SAURON, op. cit.). Quanto à funcionalidade dos MMSS (Tabela 03), a terminologia muscular-chave será utilizada para indicar aquele que a ASIA preconiza para classificar internacionalmente o nível da lesão e movimentação remanescente para exemplificar a função correspondente a cada nível de lesão. (SAURON, op. cit.). 55 Tabela 03 – Nível de lesão X funcionalidade de membros superiores Nível de Músculo-chave Movimentação Função Manual lesão ASIA remanescente Bíceps Braquial Abdução do Ombro – Deltóide C4 C5 Flexão do cotovelo C6 Extensor Radial C5 + Extensão de punho Preensão palmar e pinça- do Carpo chave de objetos leves (pouca força), através do mecanismo de tenodese. C7 Tríceps Braquial C6 + Extensão do cotovelo, Preensão palmar e pinça- Extensão dos dedos. chave de objetos leves por tenodese, eficaz, pela menos ação dos extensores dos dedos. C8 Flexor Profundo do 3º dedo C7 + Extensão dos dedos, Preensão palmar e pinça- Flexão dos dedos chave, utilizando o mecanismo de tenodese para aumentar a força. T1 Adutor do 5º dedo C8 + Abdução dos dedos – Todos Interósseos preensão Adução Dorsais dos dedos Interósseos Palmares – os tipos com de força, porém com prejuízo na destreza em tarefas muito “finas”. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Com relação aos exercícios de fortalecimento de MMSS, é importante ressaltar que: (1) o fortalecimento intempestivo do músculo bíceps braquial de um paciente com nível de lesão C5 pode levar a uma deformidade altamente incapacitante, o fortalecimento dos extensores extrínsecos dos dedos em um paciente com nível de lesão C7 pode acarretar uma deformidade “em garra”, diminuindo a capacidade de preensão através do mecanismo tenodese. (SAURON, op. cit.). Quanto ao desempenho nas AVD (cuidados pessoais), não importa o nível e o grau da lesão. Após a lesão medular, a execução de determinada tarefa pode requerer mais tempo: por exemplo, alimentação para um tetraplégico C5; e/ou demandar maior gasto energético durante o vestuário 56 para um paraplégico T10, levando o paciente a assumir uma dependência nãocompatível com sua capacidade remanescente. Assim é descrito a seguir o desempenho funcional de pacientes tetraplégicos hígidos e motivados para a aquisição da maior independência possível, respeitando-se o nível neurológico da lesão. (SAURON, op. cit.). O paciente com lesão de nível C7 pode se beneficiar de adaptações que auxiliem a preensão, como, por exemplo, cabos engrossados para alimentação e higiene. O paciente pode atingir independência em vestuário de tronco superior, mais necessita de auxílio para tronco inferior, o mesmo ocorrendo para banho. (SAURON, op. cit.). O tetraplégico com nível de lesão C6 beneficia-se de adaptações que substituam a preensão em atividades como alimentação e higiene. Pode ajudar no vestuário e no banho de tronco superior, porém, é dependente de tronco inferior. (SAURON, op. cit.). O paciente de lesão em C5 necessita, para a realização de alimentação e higiene de adaptações que supram a ausência da preensão e da estabilização do punho, que podem ser confeccionadas de diferentes materiais. (SAURON, op. cit.). O treino das AVD durante as terapias é importante para que o paciente perceba sua capacidade remanescente, porém a prática diária em domicílio é essencial para que ele atinja a independência de acordo com seu nível de lesão. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). É importante observar que para maior eficiência do trabalho de fortalecimento dos membros superiores, alguns fatores devem ser considerados, como por exemplo: A resistência, por meio de pesos, sempre deve ser com a mesma quantidade de carga colocada distalmente ao músculo a ser fortalecido. Fortalecimento, estando o paciente sentado na cadeira de rodas, será mais eficaz, pois, além de exigir um trabalho muscular contra a ação da gravidade auxilia a aquisição de controle de tronco. Na presença de espasticidade realizar, sempre, o fortalecimento muscular com exercícios isométricos. De acordo com o nível de lesão as atividades alternativas que também contribuem para aumentar a força da musculatura preservada. 57 Treino das atividades da vida diária e instrumentais de vida diária, de acordo com o nível e o tipo de lesão (Tabela 04). Elaboração, prescrição, confecção das adaptações necessárias (por vezes em conjunto com a oficina ortopédica), bem como seu treinamento. Prescrição, confecção e monitoração de órteses, de posicionamento e/ou funcionais, para os membros superiores. Intervenção nos períodos pré e pós-operatório das cirurgias de transferências tendinosas para reconstrução da extensão do cotovelo e da pinça chave. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003) A tabela a seguir demonstra o desempenho funcional das AVD’s e AIVD’s, comparando o grau de lesão e as adaptações propostas para os pacientes. Tabela 04 – Desempenho Funcional nas Atividades de Vida Diária e Instrumentais de vida Diária Nível de Desempenho Funcional Adaptações lesão C4 Uso de computador, escrita, Capacete, pintura, de canudo e outras que são o controle cadeira de rodas motorizada e pneumático e o comando de voz, utilizadas de dispositivos para controle do tanto para o manejo da cadeira de rodas ambiente. quanto para o controle do ambiente. São leitura, manejo mentoneira, ponteira oral, pouco utilizadas em nosso país por falta de recursos. C5 Alimentação, higiene, escrita, Substituição de preensão em couro uso de computador ou máquina associado a posicionamento de punho em de duralumínio ou tala de posicionamento de escrever e manejo de cadeira de rodas comum no punho em lona ou neoprene, plano e em curtas distâncias, ou substituição de cadeira de rodas motorizada. posicionamento de punho confeccionada preensão ou com em termoplástico de baixa temperatura, pinos nos aros da cadeira de rodas. C6 Alimentação, higiene, escrita, Substituição de preensão, bucha e escova uso de computador ou máquina de cabo longo com substituição de de escrever, manejo de cadeira preensão, substituição de preensão em três de rodas comum no plano e pontos para escrita, pinos nos aros da rampas de suave inclinação, cadeira de rodas e adaptações para alguns 58 dirigir carro adaptado e auxiliar controles do carro. no vestuário e higiene básica de tronco superior. C7 Alimentação, higiene, uso de Substituição computador engrossados, bucha e escova de cabo ou máquina escrever, de vestuário, transferências, manejo longo de com preensão, substituição de cabos preensão, de substituição de preensão em 3 pontos para cadeira de rodas e dirigir carro escrita, pinos nos aros da cadeira de rodas, adaptado. tábua de transferência, e adaptações para alguns controles no carro. C8 Independência total Não necessita T1 Independência total Não necessita (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003). 3.8.1 Cirurgia de reconstrução Funcional Não se pode mais, atualmente, falar sobre reabilitação física do tetraplégico sem abordar as cirurgias de reconstrução funcional dos membros superiores, visto que, tendo como objetivo o incremento da função, melhoram, sem sombra de dúvidas, a qualidade de vida de alguns desses pacientes. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003). As cirurgias de reconstrução funcional são procedimentos de transferências tendinosas que incrementam a função dos MMSS e melhoram a qualidade de vida desses pacientes. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Uma avaliação criteriosa realizada pelo cirurgião de mão e pelo terapeuta ocupacional, ambos com profundo conhecimento e larga experiência em lesão medular, é indispensável. (SAURON, op. cit.). Que pacientes operar: Do ponto de vista físico, a avaliação funcional do membro superior deve ser realizada tomando-se como base a classificação internacional de GIENS, 1984, que verifica a força muscular, a presença de espasticidade, o grau de sensibilidade (discriminação de dois pontos). (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003). E do ponto de vista emocional, infelizmente, não existe uma “avaliação funcional” que auxilie na determinação do paciente apto. Dessa forma, na fase 59 de reabilitação intensiva, todo paciente, potencialmente elegível, e seus familiares são orientados quanto à técnica cirúrgica, cuidados rigorosos no pósoperatório, necessidade de Terapia Ocupacional intensiva e quanto aos reais benefícios. Pacientes que não apresentam deformidades irredutíveis passivamente, nem espasticidade grave. (TEIXEIRA, op. cit.). Pacientes portadores de lesão completa, em geral, após um ano, tempo considerado ideal para que as possíveis intercorrências clínicas sejam sanadas e a pessoa adquira um novo controle sobre seu corpo. (TEIXEIRA, op. cit.). Nas lesões incompletas, recomenda-se aguardar a estabilização da evolução neurológica. (TEIXEIRA, op. cit.). Que movimentos reconstruir: A extensão ativa do cotovelo, por meio da transposição da porção posterior do músculo deltóide pró-tríceps. Essa técnica foi inicialmente preconizada por Eric Moberg (Suécia), por enxerto tendinoso autógeno retirado dos extensores dos artelhos. Foi modificada por Sierra A. Castro e Lopez Pita (Espanha) e remodificada por Ulson et. al. (Brasil). (TEIXEIRA, op. cit.). A técnica de Ulson ET. AL. utiliza um retalho do próprio músculo tríceps braquial, obtido de sua porção central, desinserido distalmente e rebatido proximalmente até alcançar o tendão do músculo deltóide posterior, previamente desinserido do úmero, dispensando o enxerto tendinoso utilizado por Moberg. Uma possível complicação dessa técnica é a rotura das anastomoses tendinosas, passível de restauração. (TEIXEIRA, op. cit.). A pinça chave e a preensão palmar, por meio da transposição do músculo braquiorradial para o flexor longo do polegar, associado à artrodese da articulação trapeziometacarpal, tenodese do músculo extensor longo do polegar e transposição do músculo extensor radial longo do carpo para os flexores profundos dos quatro dedos (este último, somente se o extensor radial curto do carpo apresentar inervação normal). (TEIXEIRA, op. cit.). O tratamento pré-operatório tem início, empiricamente, quando o paciente, ainda está na fase de reabilitação intensiva, começa a atingir os objetivos propostos quanto às AVD, pois nesse momento se podem observar melhor sua readaptação ao novo corpo e verdadeira disposição para “não parar de tentar coisas novas”. (TEIXEIRA, op. cit.) 60 Na reabilitação pós-operatória das cirurgias de reconstrução funcional, tanto na extensão ativa do cotovelo quanto da preensão palmar e pinça-chave, estão sempre contra-indicados os exercícios passivos para ganho da amplitude articular oposta à pretendida pela cirurgia, evitando o alongamento da musculatura transferida. Na reconstrução da extensão ativa do cotovelo, não realizar exercícios passivos para flexão do cotovelo; na reconstrução da preensão palmar e pinça-chave, não realizar exercícios passivos para a extensão dos dedos longos e polegar. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Quanto à efetividade da melhora funcional advinda da cirurgia, os pacientes são submetidos a dois tipos de avaliação, a objetiva e a subjetiva. A objetiva é determinada pela capacidade do paciente em executar o movimento de extensão de cotovelo contra a ação da gravidade pelo menos, ou contra a ação da gravidade e resistência adicional, e pela possibilidade de realizar o push-up (suspensão) ou inclinação anterior do tronco, ambos para alívio de pressão na região glútea. (SAURON, op. cit.). A avaliação subjetiva, realizada por meio de questionário, relata a opinião do paciente sobre as atividades adquiridas e/ou melhoradas com a cirurgia. (SAURON, op. cit.). A avaliação objetiva da efetividade da cirurgia é mensurada através do pinch-gauge para a pinça-chave e da capacidade do paciente manter um haltere de 2 kg utilizando a preensão palmar. Subjetivamente, os pacientes relatam melhora na força de preensão. (SAURON, op. cit.). A Terapia Ocupacional no tratamento do lesado medular tem como objetivo estimular o desempenho de um “novo corpo” que possui a mesma capacidade intelectual e emocional anterior à lesão medular, um corpo “sensitivo-motor perfeito”, auxiliando na reorganização de suas funções, emoções e atitudes visando ao retorno da vida, como pode e deve ser vivida. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Pensando nesse retorno para vida, que a Terapia Ocupacional visa sempre à independência do sujeito acometido da lesão medular, sendo assim, ele pode referir-se em adaptação terapêutica para o paciente, que consiste na modificação estrutural de um ambiente físico, equipamento de auto-ajuda ou 61 dispositivo de auxílio, descrevendo assim as tecnologias assistivas para uma independência com mais facilidade para o lesado medular. 62 4.0 TECNOLOGIA ASSISTIVA 4.1 CONCEITO O ramo da ciência preocupado com a pesquisa, o desenvolvimento e a aplicação de aparelhos/instrumentos e procedimentos que aumentem ou restaurem a função humana é denominado tecnologia assistiva. (LUZO In: DE CARLO e LUZO, 2004). A tecnologia assistiva é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e conseqüentemente promover vida independente e inclusão. (BERSCH, 2009). O termo tecnologia assistiva é novo, no entanto sua origem, de fato, pode estar na pré-história, quando o homem fez, pela primeira vez, o uso de um galho de árvore, promovendo com ele apoio para seguir caminhando, ao fraturar uma de suas pernas, após uma queda. A bengala improvisada permitiu a retomada de uma função, a marcha, que estava impedida pela fratura acidental. (RODRIGUES, 2009). O que é uma simples conveniência para algumas pessoas pode ser uma tecnologia assistiva para outras. (ANSON In: PEDRETTI e EARLY, 2004). Segundo GOLLEGÃ (2001), os recursos externos são usados pelos terapeutas ocupacionais para substituir as perdas de funções motoras durante o processo de tratamento ou quando já não é possível resgatar as funções normais com as técnicas de reabilitação. A Associação de Terapia Ocupacional dos EUA definiu em 1983, a adaptação terapêutica como um design e a reestruturação de um ambiente físico para auxiliar no desempenho de atividades de auto cuidado, trabalho e lazer. Isto inclui selecionar, adquirir, ajustar e fabricar equipamentos, e orientar o paciente, a família e a equipe terapêutica no uso apropriado desse equipamento. (MELLO, 1999). Em 1988, a tecnologia assistiva foi definida em uma lei pública nos EUA (Technology-related Assistance for Individuals with Disabilities Act – Public 100407) como: qualquer item, peça de equipamento ou sistema de produtos, 63 quando adquiridos comercialmente, modificados, ou feito sob medida, que é usado para aumentar, manter ou melhorar as habilidades funcionais do indivíduo com limitações funcionais. (MELLO, op. cit.). Num sentido amplo percebe-se que a evolução tecnológica caminha na direção de tornar a vida mais fácil. Sem perceber, utiliza-se constantemente ferramentas que foram especialmente desenvolvidas para favorecer e simplificar as atividades do cotidiano, como os talheres, canetas, computadores, controle remoto, automóveis, telefones celulares, relógios, enfim, uma interminável lista de recursos, que já estão assimilados à nossa rotina e, num senso geral “são instrumentos que facilitam o desempenho em funções pretendidas”. (BERSCH, op. cit.). A tecnologia assistiva deve ser então entendida como auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstâncias de deficiências ou pelo envelhecimento. (BERSCH, op. cit.). Com os recursos da tecnologia assistiva o terapeuta estuda, desenvolve e aplica técnicas e procedimentos que possam diminuir o impacto das perdas funcionais, temporárias ou não, por intermédio de recursos que auxiliem o indivíduo com limitações ou deficiências funcionais a aumentar sua independência e melhorar o domínio de seu ambiente físico e social. Ela ajuda a compensar os efeitos das disfunções de maneira ativa e positiva, focando não o que foi perdido, mas o que é possível, construtivo e pode ser realizado. (GOLLEGÃ In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001). Segundo RODRIGUES (2008), a tecnologia assistiva pode ser caracterizada: Tecnologia assistiva de baixa complexidade – sem componentes eletrônicos. Tecnologia assistiva de alta complexidade – com componentes eletrônicos. 64 4.2 OBJETIVOS O objetivo da tecnologia é compensar as capacidades ausentes ou deficientes. Através da tecnologia, os consumidores administram uma variedade de tarefas da vida diária, participam da vida conforme suas opções, e fazem escolhas com base em seus objetivos e papéis desejados. Assim, a tecnologia apóia os consumidores no desempenho ocupacional. (ANGELO In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005). Seu maior objetivo é permitir que os consumidores participem de tarefas de desempenho ocupacional, as quais consistem em atividades significativas que contribuem para a qualidade de vida. Os terapeutas ocupacionais ajudam os consumidores a superar as deficiências funcionais pelo conhecimento de seus objetivos e preferências, avaliando suas capacidades e equiparando seus objetivos e capacidades com as soluções de tecnologia assistiva apropriadas. (ANGELO, op. cit.). 4.3 ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL E A TECNOLOGIA ASSISTIVA A tecnologia assistiva é fruto da aplicação de avanços tecnológicos em áreas já estabelecidas. Trata-se de uma disciplina de domínio de engenheiros de reabilitação, de computação, biomédicos e elétricos, de médicos, de arquitetos, de desenhistas industriais, de terapeutas ocupacionais, de fisioterapeutas e de fonoaudiólogicos, que trabalham para restaurar a função humana por meio de dispositivos assistivos. (LUZO In: DE CARLO e LUZO, 2004). O terapeuta ocupacional é o profissional que, tendo tido formação para analisar a atividade humana em condições típicas ou atípicas de desenvolvimento é capaz de explorar ao máximo o potencial do indivíduo no seu desempenho funcional/ocupacional e, por isso mesmo, pode desenvolver, indicar e aplicar artigos de tecnologia assistiva com a maior competência e eficácia. (GOLLEGÃ In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001). 65 A tecnologia assistiva pode realizar muitas tarefas possíveis para muitos clientes, quando se baseia em fundamentos terapêuticos sólidos, uma avaliação contínua e abrangente de todas as partes do sistema, uma equipe interdisciplinar, incluindo o cliente e o prestador de atendimento, tomando as decisões na seleção das adaptações e um foco sobre as necessidades do cliente. (BRAIN In: NEISTADT e CREPEAU, 2002). Considerando o objetivo do terapeuta ocupacional em relação à tecnologia assistiva, visa sempre manter como meta a melhora da capacidade funcional do sujeito de maneira a favorecer sua qualidade de vida, busca-se compreender melhor como se dão as perdas das capacidades funcionais intrínsecas do sujeito acometido das seqüelas de uma lesão medular. Realizase assim avaliações precisas, descrevendo, confeccionando e utilizando tecnologias assistivas que buscam a melhora da capacidade funcional e a máxima independência nas atividades de vida diária, nunca esquecendo da qualidade de vida do sujeito. (GRIFO MEU). 4.4 DESIGN UNIVERSAL 4.4.1 Conceito O Design Universal como filosofia, e a Terapia Ocupacional como intervenção terapêutica, buscam, dentre outros objetivos, a inclusão do indivíduo à sua vida cotidiana, de forma a garantir a sua maior independência e autonomia no desempenho de suas funções. (RIBEIRO In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007) O Design Universal foi definido em 1993, por Ron Mace, como: “uma abordagem incorporada a produtos, bem como aos fatores de edificação e elementos que aumentam e estendem as possibilidades para que os mesmos possam ser utilizados pela maioria das pessoas”. (RIBEIRO, op. cit.). O Design Universal, busca viabilizar a identificação de fatores da usabilidade. Portanto aplica-se desde a concepção do meio ambiente, incluindo edificações, organização de centros, meios de comunicação e sinalizações, até produtos de consumo. Entretanto, é importante deixar claro que a filosofia do 66 Design Universal não deve estar restrita somente à etapa de concepção do produto, mas também ser aplicada em todo o seu processo de desenvolvimento. (RIBEIRO, op. cit.). Se um determinado produto for concebido visando atender a uma maioria da população, poderão então ser minimizadas as chances desses produtos estigmatizarem seus usuários, diante dos constrangimentos implícitos ocasionados quando da sua utilização. (RIBEIRO, op. cit.) Os princípios do Design Universal e seus manuais foram desenvolvidos por um grupo de profissionais, dentre eles arquitetos, designers, engenheiros, terapeutas ocupacionais, e por pesquisas na área do design ambiental, coordenadas pelo Centro de Design Universal da Universidade Estadual da Carolina do Norte. (RIBEIRO, op. cit.). Os sete princípios do Design Universal usados como elementos para a elaboração da análise de um produto na avaliação da sua utilização são: 1. Uso eqüitativo: O design não estigmatiza ou deixa em desvantagem nenhum grupo de usuários. 2. Flexibilidade no uso: O design deve acomodar uma variedade de preferências e habilidades individuais. 3. Simples, uso intuitivo: A utilização do design é de fácil compreensão, sem experiência prévia, conhecimentos, linguagem própria ou exigência de constante concentração por parte do usuário. 4. Informações perceptíveis: O design informações necessárias ao usuário, precondições ambientais ou até comunica sem mesmo a efetivamente as necessidade de habilidades sensoriais específicas. 5. Tolerância ao erro: O design minimiza riscos e conseqüências adversas de acidentes ou ações desatentas. 6. Baixo desgaste físico: O design pode ser utilizado de maneira eficiente e confortável, com o mínimo de fadiga. 7. Tamanho e espaço para uso e alcance: Tamanho apropriado e espaço são considerados para o alcance, a manipulação, independentemente da postura, do tamanho do corpo e da mobilidade do usuário. 67 O resultado da aplicação do Design Universal na concepção de produtos e edificação de espaços traduz-se na facilidade e segurança implícita à sua utilização pelo usuário. (RIBEIRO, op. cit.). 4.4.2 Design Universal e Terapia Ocupacional Para a percepção de um produto dentro dos princípios do Design Universal, ocupacional auxilia e contribui para a realização da análise dos produtos em uso nas atividades de vida diária – AVD, especialmente na relação da interface usuário versus produto. (RIBEIRO, op. cit.). O Design Universal atua como uma abordagem filosófica que faz parte do processo de desenvolvimento do produto como um todo, visando atender às necessidades da maioria dos usuários. (RIBEIRO, op. cit.) Um dos objetivos fundamentais da Terapia Ocupacional é o de procurar maximizar as oportunidades para os seus clientes, no âmbito da performance do seu potencial funcional em todas as áreas de suas vidas, incluindo o trabalho, as atividades de recreação e lazer e, sobretudo as atividades em casa. (RIBEIRO, op. cit.). Como observador atento às relações de interface que se estabeleceram na realização de uma AVD, o “olhar” do terapeuta ocupacional é de fundamental importância, considerando que o objeto de estudo e análise apresenta como objetivo principal a busca da independência funcional, observando uma situação real. (RIBEIRO, op. cit.). Assim sendo, o terapeuta ocupacional pode vir a identificar as dificuldades apresentadas pelo usuário quanto aos aspectos motores, cognitivos, sensoriais e psíquicos envolvidos na utilização desse produto, e apresentar os resultados obtidos a partir dessa observação como elementos para a realização de alterações nos atributos incorporados ao produto em uso, para que ele se torne compatível às necessidades de seus usuários diante das suas habilidades. (RIBEIRO, op. cit.). Como ferramenta de análise, esse profissional deve estar atento às informações e depoimentos do usuário, seja por meio da elaboração de um questionário ou a partir de declarações espontâneas que possam surgir durante a realização da atividade. (RIBEIRO, op. cit.). 68 A essência do Design Universal respeita a diversidade entre os indivíduos e promove a inclusão das pessoas às suas atividades de vida diária. Observa-se que existe uma relação estreita entre os objetivos do Design Universal e da Terapia Ocupacional, pois ambos objetivam garantir a autonomia e a independência funcional do indivíduo diante da realização de uma atividade e, portanto à sua inclusão na sociedade. (RIBEIRO, op. cit.). 4.5 ADAPTAÇÕES 4.5.1 Conceito A adaptação é um ramo da Tecnologia Assistiva que pode ser definida como: a modificação da tarefa, método e meio ambiente, promovendo independência e função. Neste sentido o ato de adaptar promove ajuste, acomodação e adequação do indivíduo a uma nova situação. (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007) Adaptar é o somatório da capacidade criativa do terapeuta ocupacional com a praticidade e funcionalidade da adaptação proposta, com a finalidade de aceitação e utilização do paciente. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003). O equipamento adaptativo é usado para compensar uma limitação física, aumentar a segurança e evitar lesões nas articulações. Pode estar entre as limitações físicas à perda de força muscular. Antes de recomendar algum equipamento adaptativo, o terapeuta ocupacional deve realizar uma minuciosa avaliação para determinar os problemas funcionais do paciente e suas causas. O terapeuta ocupacional também pode considerar soluções práticas em primeiro, antes de decidir que algum equipamento adaptativo é a solução. Seriam algumas soluções práticas evitar a causa do problema, usar uma técnica compensatória ou um método alternativo, obter assistência de outra pessoa, ou modificar o ambiente. (FOTI In: PEDRETTY e EARLY, 2004). O processo de intervenção baseia-se no resultado desejado pelo cliente, nos dados coletados na avaliação e na evidência observada. Interfere diretamente nas demandas das atividades, alterando, por exemplo, os objetos usados e suas propriedades, as demandas espaciais e as ações requeridas 69 para facilitar o envolvimento do indivíduo na ocupação. (CAVALCANTI In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). As adaptações estão diretamente relacionadas com as áreas de ocupação, e há uma variedade de dispositivos, para facilitar o desempenho em ocupações e tarefas, que são comumente categorizados em adaptações para a higiene, vestuário e alimentação. (CAVALCANTI, op. cit.). Toda adaptação deve ser idealizada ou confeccionada de acordo com as necessidades do cliente e com as possibilidades de aquisição (produto manufaturado ou artesanal) de modo a ampliar a possibilidade de envolvimento e participação do indivíduo em ocupações ou tarefas. Em qualquer uma das situações, a estética, a segurança e a simplicidade também devem estar caracterizadas como aspectos prioritários de seleção da adaptação. (CAVALCANTI In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). O interesse e o desenvolvimento do cliente na seleção e no treino do uso dos equipamentos são essenciais para a aceitação pelo terapeuta no processo de escolha e aquisição de produtos adaptados ou na elaboração e confecção de adaptações artesanais, sempre focando a real necessidade e o desejo do cliente. (CAVALCANTI, op. cit.). Há dois modos principais de modificação e/ou compensação da tarefa: (MOYERS, 1999 apud TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007). 1. Alteração da tarefa ou método de realizá-la. 2. Adaptação do objeto da tarefa (equipamentos). 4.5.2 Alteração da tarefa ou método de realizá-lo Cabe ao terapeuta, em parceria com o cliente planejar e desenvolver novos mecanismos para realização das tarefas. (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007). As tarefas podem ser modificadas utilizando-se técnicas de graduação. Graduação é a adaptação da tarefa ou partes dela que sejam adequadas às capacidades do indivíduo. (SHEPHERD, 2001 apud TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007). 70 Neste método, o terapeuta, após a análise da atividade, segmenta a tarefa por graus de dificuldade e favorece o envolvimento do cliente nas etapas iniciais e final. (TEIXEIRA, op. cit.). Neste processo, o terapeuta deverá considerar diferentes aspectos, bem como buscar soluções para os mesmos. Os aspectos psicológicos, físicos e cognitivos devem ser analisados cuidadosamente. (MOYERS, 1999 apud TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007). 4.3.3 Adaptação do objeto da tarefa (equipamentos) Envolve a prescrição de equipamento adaptativo, modificação do objeto ou recomendação de substituição de objetos. A introdução de um equipamento poderá alternar radicalmente a tarefa na medida em que introduza modificações nos componentes de desempenho. (TEIXEIRA, op. cit.). A adoção de adaptações complexas requer, freqüentemente habilidades cognitivas para o acesso e uso das mesmas. (TEIXEIRA, op. cit.). Adaptar pode ainda incluir intervenções no contexto físico e humano no qual a tarefa é realizada. Modificações na postura e forma de participação da família e/ou cuidador é um fator de fundamental importância nesse processo. A infra-estrutura do meio ambiente, quando adequada, possibilita a utilização das adaptações e proporciona ao indivíduo o convívio social, a plena atuação educacional e profissional, a realização pessoal e, conseqüentemente sua participação efetiva no contexto social. (TEIXEIRA, op. cit.). Quando nos referimos às adaptações de um equipamento pode-se classifica-lá em dois tipos: as de baixa tecnologia ou baixo custo (Low-Tech), ou dispositivos de atividade de vida diária e os equipamentos de alta tecnologia ou alto custo (High-tech). (TEIXEIRA, op. cit.). Na escolha de um dispositivo de tecnologia assistiva ou inclusiva devese levar em conta a complexidade, preço e qualidade do produto, considerando não apenas seu usuário, mas o ambiente no qual será utilizado. (TEIXEIRA, op. cit.). Cultura, informação, costumes e crenças do paciente também influenciam a utilização de adaptações. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003). 71 Outro fator de fundamental importância nesse processo é a infraestrutura do meio ambiente que, quando adequado possibilita a utilização das adaptações e proporciona ao indivíduo o convívio social, a plena atuação educacional e profissional, a realização pessoal e, conseqüentemente, sua contribuição efetiva no contexto social. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003). Barreiras arquitetônicas ambientais são definidas, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como o impedimento de acessibilidade, natural ou resultante de implantações arquitetônicas ou urbanísticas. Ainda segundo a ABNT, acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007). A ausência de acessibilidade, principalmente nos ambientes externos freqüentados pelo indivíduo, como por exemplo, escolas, clubes, restaurantes, cinemas, teatros, prejudica a independência adquirida, através do uso de adaptações, nas atividades cotidianas. (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007). Para que um equipamento de tecnologia assistiva seja largamente utilizado deverá apresentar as qualidades quanto aos seguintes aspectos: Auxílio à tarefa. Aceitabilidade para o individuo, família e contexto. Praticidade e flexibilidade. Durabilidade. Expansibilidade. Segurança Manutenção ou concerto. Acessibilidade do ponto de vista financeiro. (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007). O processo de adaptação para o uso de equipamentos envolve sete aspectos: 1. Analisar a tarefa: identificar as habilidades do indivíduo X ambiente físico. 2. Identificar o problema. 3. O reconhecimento dos princípios de compensação. 72 4. Propor solução: utilizar a criatividade do terapeuta em conjunto com a colaboração do paciente e sua família. 5. Conhecer os recursos alternativos para a solução do problema. 6. Verificar periodicamente a adaptação. 7. Treinar, visando o uso funcional da adaptação. (TROMBLY, 2002 apud TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007). Em nossa prática diária, observamos que, muitas vezes, alguns pacientes após um tempo deixam de utilizar adaptações, inicialmente propostas. Os motivos seriam os seguintes: Em alguns casos porque a evolução neurológica inerente à lesão e independente de nossa intervenção possibilitou seu abandono. Outros pacientes, apesar de não apresentarem retorno neurológico, alcançam, com o tempo, uma satisfatória ou perfeita função, não mais necessitando das adaptações inicialmente propostas. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003). Enquanto a adaptação for necessária, o paciente, seus familiares e cuidadores devem ser orientados quanto ao período de uso, forma correta de colocação e retirada e cuidados de manutenção. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003). A observação de questões como o quanto o equipamento irá maximizar o desempenho do cliente, em particular, e sua receptividade ao mesmo, diminui os riscos de prescrição inapropriada que resultam em desperdicío de tempo e dinheiro (público e privado). (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007). Os terapeutas têm a responsabilidade de fornecer subsídios técnicos que fomentem o investimento dos diversos setores da sociedade para o desenvolvimento e financiamento de recursos tecnológicos que infelizmente não estão disponíveis para a maior parte da população portadora de necessidades especiais e que por esta razão permanece, muitas vezes, fora das escolas, universidades e postos de trabalho. (TEIXEIRA, op. cit.). Por outro lado, cabe aos terapeutas influenciar positivamente nos órgãos de saúde, demonstrando a eficácia dos equipamentos prescritos. Potencialmente 15% da população brasileira são portadoras de algum tipo de deficiência e recebem indicação de alguma adaptação, ainda que só pequena parte as abandone, isso significará altas taxas de desperdício para os indivíduos, 73 sistemas de saúde, convênios ou outros órgãos financiadores. (TEIXEIRA, op. cit.). Muitos dos dispositivos assistivos hoje disponíveis em empresas de equipamentos de reabilitação foram originalmente projetados e fabricados pelos terapeutas ocupacionais e pacientes. Muitos dos métodos especiais usados para desempenhar atividades específicas também evoluíram através de abordagens de tentativa e erro de terapeutas e de seus pacientes. Os pacientes geralmente têm boas sugestões para seus terapeutas, porque vivem com a limitação e se defrontam constantemente com a necessidade de adaptar o desempenho de tarefas diárias. (FOTI In: PEDRETTY e EARLY, 2004). 4.6 ADAPTAÇÕES PARA ATIVIDADE DA VIDA DIÁRIA 4.6.1 Conceito Segundo FOTI (2004), as atividades da vida diária são tarefas de cuidados pessoais, mobilidade funcional, comunicação funcional, administração doméstica e vida em comunidade que permitem a um indivíduo atingir a independência pessoal. As AVD requerem capacidades básicas do paciente. A avaliação e o treinamento no desempenho dessas importantes tarefas na vida têm sido, há muito, aspectos importantes de programas de Terapia Ocupacional em praticamente todos os tipos de atendimento de saúde. A perda da capacidade de cuidar das próprias necessidades pessoais e de administrar o ambiente pode resultar em perda da auto-estima e profundo senso de dependência. (FOTI In: PEDRETTI e EARLY, 2004). Um dos aspectos cruciais no processo terapêutico ocupacional são as AVD, pois ao mesmo tempo em que aponta a razão para a intervenção, significa o recurso terapêutico, e seu desempenho é um marco concreto para o momento de alta. (MELLO In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). Segundo NEISTADT & CREPEAU (2002) a prescrição de aparelhos de assistência deve levar em consideração, simultaneamente, a capacidade do cliente e os aspectos do aparelho. 74 Em muitos casos, não é possível usar técnicas específicas para solucionar problemas específicos de AVD. Às vezes o terapeuta ocupacional tem que explorar vários métodos ou dispositivos assistivos para chegar a uma solução. Ocasionalmente é necessário que o terapeuta projete ou elabore um dispositivo, método, tala ou peça de equipamentos especiais para possibilitar que o paciente desempenhe uma atividade em particular. (FOTI, op. cit.). Segundo CARDOSO (2001), a inexistência de acessórios que permitam o desenvolvimento de atividades simples de higiene pessoal, alimentação e vestuário frustram os pacientes que não conseguem realizar as atividades mínimas, portanto a reabilitação torna-se complicada e desagradável. A vida humana é um processo de contínua adaptação. Essa adaptação é resultante de um sentimento de competência e auto-estima. Uma pessoa competente na realização de suas atividades tem recursos suficientes para interagir positivamente com os ambientes físicos e sociais e para encontrar as demandas dessa atividade e do contexto, bem como demonstra independência e sucesso nas AVD. (RODRIGUES, 2008). As atividades são empregadas para provocar alterações no desempenho humano, potencializando características de saúde e minimizando o impacto da doença ou incapacidade. (RODRIGUES, op. cit.). O papel da Terapia Ocupacional é lidar com as capacidades de desempenho das AVD, determinar os problemas que mais interferem na independência, determinar objetivos de tratamento e proporcionar treinamento para aumentar a independência. (FOTI, op. cit.). O terapeuta deve estimar quais tarefas de AVD são possíveis e quais são impossíveis para o paciente. O terapeuta deve investigar com o paciente a possibilidade de usar métodos alternativos para desempenhar as atividades e o uso de qualquer dispositivo assistivo que seja útil. (FOTI In: PEDRETTY e EARLY, 2004). A necessidade de aprender novos métodos ou de usar dispositivos assitivos para desempenhar tarefas diárias pode ser temporária ou permanente, dependendo da disfunção específica e do prognóstico de recuperação. (FOTI, op. cit.). 75 Segundo DONALD (1998), o terapeuta deve ser adaptável e ser capaz de conservar boas relações com todas as pessoas que estiverem direta ou indiretamente afetadas pelas mudanças que ela vai fazer. Deve-se observar, como diferencial da Terapia Ocupacional na área da reabilitação física, a ênfase com que esse profissional “olha” seu paciente. A partir da dimensão da sua vida cotidiana, tendo por base as técnicas de reabilitação funcional, colocando-as como meio para que se atinja um objetivo maior, qual seja, a inclusão social da sua clientela, a partir da conquista da máxima independência e autonomia possíveis na vida ocupacional. (GOLLEGÃ In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001). Este trabalho dá ênfase às AVD de Auto cuidados, que incluem alimentação, higiene e vestuário. 4.6.2 Auto cuidado As tarefas de auto cuidado são especialmente importantes, por serem atividades básicas, consideradas essenciais para uma vida independente. (RODRIGUES, 2008). Aos profissionais da saúde e reabilitação cabe avaliar o quanto a pessoa precisa de auxílio, bem como o tipo de auxílio em relação ao potencial funcional e relacional necessários para completar atividades. (RODRIGUES, op. cit.). As adaptações exibidas neste capítulo são de empresas especializadas, e, portanto pré-fabricadas. O objetivo de exibí-las é, além de orientar o leitor às possibilidades já existentes, motivá-lo a pensar alternativas que levem ao mesmo resultado, com diferentes materiais. (GRIFO MEU). 4.6.2.1 Alimentação As adaptações para a alimentação objetivam ampliar a capacidade de manter e manipular utensílios e conduzir o alimento (sólido ou líquido) até a boca. Durante a preparação podem ser indicados instrumentos que facilitem as tarefas de cortá-los ou manuseá-los. (CAVALCANTI In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007). 76 Podem ser dispositivos como: TALHERES (colheres, garfos e facas), podendo ser engrossados, entortados, pesados, com economia de energia, com substituição de preensão. FACA FATIADORA GOOD GRIPS Possui uma lâmina de 20 cm. Cabo Good Grips (emborrachado e com ranhuras). Ideal para quase todos os trabalhos de corte. Lavável em máquina. Destinado a pessoas que apresentam dificuldade na preensão. Figura 2 – Faca Fatiadora Good Grips Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm FACA BALANÇO EM "T" Pessoas com preensão débil ou que utilizem somente uma das mãos se beneficiarão com este utensílio estável e de fácil manuseio. O corte é realizado com movimentos em balanço sobre o alimento. A lamina pode ser afiada com afiador de faca comum. Figura 3 – Faca Balanço em “T” Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm FACA DE SERRA ANGULADA O cabo angulado a 90° e a lâmina serrilhada de aço inoxidável tornam essa faca um instrumento bastante útil na cozinha. Ideal para pessoas com artrite ou tendinite. A lâmina mede 17 cm. A faca pesa 156 gramas. Lavável em máquina. Figura 4 – Faca de Serra Angulada Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm 77 SUBSTITUIÇÃO DE PREENSÃO ECONÔMICA Econômico e ajustável através de Velcro® e anel em D. Pode servir também como adaptação para canetas e lápis. Fácil de colocar e tirar. Feito de algodão. Lavável em máquina. Figura 5 – Substituição de Preensão Econômica Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm SUBSTITUIÇÃO DE PREENSÃO QUADCARE Desenhado especialmente para quadriplégicos. Esta com adaptação encaixe para utensílios permite às pessoas com preensão limitada ou ausente. Fácil de se colocar e tirar Figura 6 – Substituição de Preensão Quad-Care Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm SUBSTITUIÇÃO DE PREENSÃO COM SUPORTE DE PUNHO Esta órtese é simples, durável e eficiente em casos de punho caído. Possui um encaixe na palma que se mantém numa posição fixa. Direito e esquerdo. Figura 7 – Substituição de Preensão com Suporte de Punho Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm 78 TALHER ENGROSSADO CARING Desenhado para compensa preensão muscular a mão artrítica, e controle deficitários. Uma concavidade para o dedo indicador ajuda no controle direcional. Feito de aço cirúrgico e cabo de polipropileno de 2,5 cm de diâmetro. Figura 8 – Talher Engrossado Caring Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm TALHERES COMFORT GRIP Feitos especialmente para pessoas com preensão deficitária, esses utensílios permitem um máximo de controle com um mínimo de esforço. São leves e o cabo possui 2,5 cm de diâmetro, podendo ser rodado para acomodar quase qualquer tipo de dificuldade na alimentação. Figura 9 – Talher Comfort Grip Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm COLHERES GOOD GRIPS ENCAPADAS Essas colheres emborrachado e anguladas. Ideal possuem são para cabo facialmente pessoas com espasticidade ou com pobre controle manual. Não é recomendável para pessoas com forte reflexo de mordida. Figura 10 – Colher Good Grips Encapadas Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm 79 TALHERES GOOD GRIPS São feitos de borracha macia, antiderrapante, com cabo flexível que se adapta confortavelmente a qualquer tipo de preensão e a qualquer ângulo. Adaptáveis para destros e canhotos. Figura 11 – Talheres com peso Good Grips Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm TALHERES EM BALANÇO Útil para quando a movimentação de punho e dedos está ausente ou limitada. Estes talheres permitem que a comida permaneça sempre nivelada. Cada talher pesa 28 gr e o cabo plástico possui 19 cm de diâmetro. Lavável em máquina. Figura 12 – Talheres em Balanço Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm ADAPTADOR DE TALHERES EM PLÁSTICO O talher comum é adaptado a este dispositivo através de um sistema de ajuste. Útil para pessoas com dificuldades de preensão. Figura 13 – Adaptador de Talheres em Plástico Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product_info.php?cPath=62_72&nome=Adaptador%20de%20Talheres&products_id=543 80 ADAPTADOR DE TALHERES EM PLÁSTICO DE CABO LONGO Adaptador de talheres em plástico. Cabo longo, ajustável em ângulo. Ideal para pessoas com limitações ao déficit nível de da preensão amplitude e de movimentos do ombro. O talher comum é adaptado a este dispositivo através de um sistema de fixação. Figura 14 – Adaptador de Talher em Plástico Cabo Longo Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product_info.php?cPath=62_72&nome=Adaptador%20de%20Talheres%20Ajustável&pro ducts_id=542 Ainda, para a alimentação há os PRATOS e COPOS. Os PRATOS podem ser: fixos, com relevo, com bordas elevadas. PRATO COM RELEVO INTERNO É um auxiliar valioso para pessoas que se alimentam com apenas uma das mãos. Sua borda de 1,5 cm de altura não permite que o alimento caia para fora do prato e facilita a alimentação com o garfo ou colher. Vai ao microondas, é lavável na máquina e é autoclavável. Figura 15 – Prato com Relevo Interno Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm BORDA DE PRATO INTERNA PEQUENA Aparador moldado em plástico, utilizável em pratos de diferentes diâmetros. Os ganchos são moldados diretamente na unidade, sem apresentar emendas ou articulações. Leve e fácil de colocar e remover. Figura 16 – Borda de Prato Interna Pequena Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm 81 BORDA DE PRATO INTERNA GRANDE Aparador moldado em plástico, utilizável em pratos de diferentes diâmetros. Os ganchos são moldados diretamente na unidade, sem apresentar emendas ou articulações. Leve e fácil de colocar e remover. Figura 17 – Borda de Prato Interna Grande Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm PRATO ADAPTADO GRIPWARE Feito de melamina,tem um diâmetro de 20 cm e a borda lateral com a altura variando de 3 cm a 1,3 cm (recorte). Produto ideal para pessoas com flexibilidade e coordenação motora limitadas, ataxia ou outra desordem neurológica. Figura 18 – Prato Adaptado Gripware Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm APARADOR DE COMIDA EM PLÁSTICO TRANSPARENTE Feito em policarbonato transparente, além de funcional é também atraente. Ajusta-se diâmetros, a pratos de diferentes podendo ser colocado rapidamente com o uso de uma única mão. Figura 19 – Aparador de Comida em Plástico Transparente Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm Fonte: www.mnsuprimentos.com.br MN35244 82 APARADOR DE COMIDA EM AÇO INOXIDÁVEL Este aparador de comida feito em peça única evita o acúmulo de comida que costuma aparador acontecer dá em ao junções. indivíduo Este maior independência e ajusta-se a vários tipos de pratos. Figura 20 – Aparador de Comida em Aço Inoxidável Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm Os COPOS podem ser: recortados, com alças, com tampas, com encaixe para a mão. CANECA COM ALÇAS E TAMPA Possui uma tampa com um bico que controla o fluxo do líquido. Suas duas alças facilitam a empunhadura e sua larga base previne tombamentos acidentais. Pode ir ao microondas e à máquina de lavar louças. Figura 21 – Copo com Alças e Tampa Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm SUPORTE PARA CANUDOS E CANUDO FLEXÍVEL Suporte para canudos desenhado para se ajustar a qualquer canudo, prende-se a borda do copo. Com 8 furos que ajudam a manter os canudos no ângulo desejado. Canudo flexível feito de polietileno é reutilizável. Possui 46 cm de comprimento e pode ser facilmente dobrado à mão. Figura 22 – Suporte para canudos e Canudo Flexível Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm 83 COPO ADAPTADO MELAWARE Permite uma preensão facilitada utilizandose somente o polegar e o indicador. Ideal para pessoas com déficit de força muscular. Feito de plástico moldado pode ser lavado em máquina. Capacidade: 236 ml. Vai ao forno de microondas. Figura 23 – Copo Adaptado Melaware Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm COPO RECORTADO Ideal para pessoas com dificuldade em estender a cabeça devido a lesão em nível de pescoço. Também útil para crianças portadoras de paralisia cerebral. O recorte permite a visualização do líquido pelo terapeuta. Feito de plástico inquebrável, volume de 237 ml. Figura 24 – Copo Recortado Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm Inclui-se na alimentação TÁBUAS de FIXAÇÃO PARA ALIMENTOS, ANTIDERRAPANTES e BANDEJAS. TÁBUA E FACA ADAPTADOS PARA FATIAR É um dispositivo seguro e de fácil manejo para fatiar carne, pão ou vegetais. Compõe-se de uma tábua regulável para seis diferentes larguras. A lâmina da faca possui 23 cm de comprimento e a faca pesa 170 gramas. Figura 25 – Tábua e Faca Adaptados para Fatiar Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm 84 TÁBUA PARA APOIO DE PÃO Possui uma base não escorregadia e uma aleta voltada para baixo que mantém a tábua no lugar. Apresenta ainda duas bordas elevadas que mantém o alimento, facilitando a utilização de uma só mão. Figura 26 – Tábua para apoio de pão Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm TÁBUA DE CORTE ADAPTADA Um canto de madeira segura o alimento dentro da tábua adaptada. Ideal para o uso com somente uma das mãos. Prende o alimento com duas hastes de aço inoxidável. Quatro ventosas mantêm a tábua presa à superfície de apoio. Figura 27 – Tábua de Corte Adaptada Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm TÁBUA DE CORTE SWEDISH Esta tábua adaptada pode ser utilizada para fatiar e ralar alimentos ou manter recipientes fixos. Designada para o uso de apenas uma das mãos, esta adaptação apresenta espetos em aço inoxidável e um torno para segurar objetos ou alimentos. Figura 28 – Tábua de Corte Swedish Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm 85 ANTI-DERRAPANTE DYCEM Este material antiderrapante é bastante eficiente, evitando movimento em ambas as superfícies, sem grudar nos objetos. Pode ser utilizadas sobre bandejas, mesas, como adaptação para preensão ou para posicionamento de almofadas em cadeiras de rodas. Figura 29 – Anti-derrapamte Dycem Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm BANDEJA ADAPTÁVEL Estável, ajusta-se perfeitamente a quase todo tipo de sofá ou cadeira com braço. Possui divisórias internas. Medidas: 33 cm x 24 cm x 23 cm. Um adaptador para cadeira de rodas permite que a bandeja gire para facilitar o entrar e o sair da cadeira. Medidas: 33 cm x 24 cm x 23 cm. Figura 30 – Bandeja Adaptável Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm 4.6.2.2 Higiene Os dispositivos de higiene, além de ampliarem o desempenho e a funcionalidade do cliente, visam proporcionar uma condição de segurança e de conforto para o usuário, e, muitas vezes, a seleção de determinada adaptação é respaldada nos critérios de acessibilidade, proteção articular e conservação de energia. (CAVALCANTI, op. cit.). Podem ser dispositivos como: - ESPONJAS: podem ter cabos entortados, em forma de luva, com cabos longos, com porta sabonetes, com ventosas para maior fixação, pesados, com economia de energia, realizando substituição de preensão. 86 ESPONJA ADAPTADA Esta suave poli-espuma vem unida a um cabo longo de plástico. Designada para o uso durante o banho serve também para outros usos domésticos. O cabo pode ser moldado com calor. Leve. Em dois tamanhos. Figura 31 – Esponja Adaptada Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm KIT DE BANHO - JOGO DE ESCOVA/ESPONJAS São 4 tipos para lavar o corpo, sem se abaixar ou se curvar. A alça na ponta do cabo permite que a unidade fique presa ao punho, evitando que caia durante o uso, bem como pendurada para secagem ou para ser guardada. Figura 32 – Kit de Banho – Jogo de Escovas/Esponjas Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm ESPONJA COM PORTA-SABONETE Pode se colocar um pequeno pedaço de sabonete dentro desta adaptação. Desenhada para pessoas que usam apenas uma das mãos. Ideal para pacientes hemiplégicos ou para pessoas com amplitude de movimentos limitada. Figura 33 – Esponja com Porta-Sabonete Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm 87 ESCOVA CURVA Pessoas com uma amplitude limitada de movimento podem lavar o pescoço, ombros e costas facilmente. Cabo de borracha anti-derrapante. Com cerdas em ambos os lados acoplada em uma base segura. Duas ventosas mantêm a base estável. Figura 34 – Escova Curva Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm ESPONJA COM CABO CURVADO Esponja com design para tornar eficaz o uso do movimento e força do membro superior. Útil para alcançar todas as partes corporais. propriedades da Graças esponja, esta às não absorve a água, mantendo sempre o seu peso de 112g. Figura 35 – Esponja com Cabo Curvado Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product ESCOVA COM VENTOSA Prenda a escova na pia ou qualquer outra superfície para permitir a escovação com apenas uma das mãos. Possui uma base leve de plástico que mantém 7 fileiras de cerdas com 1,3 cm de altura. Ideal para a limpeza de dentaduras e unhas. Figura 36 – Escova com Ventosa Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm 88 LUVA PARA BANHO Confeccionada apresentando em um tecido durável, fechamento por velcro® com um anel em "D" que facilita a fixação das tiras mesmo para aqueles que possuem uso funcional de apenas uma das mãos. Figura 37 – Luva para Banho Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm - ESCOVAS - DENTES KIT DE ESCOVAS PARA TREINO DE HIGIENE BUCAL Designada para estimulação e dessensibilização dos tecidos orais, massagem da gengiva e higiene oral. Inclui um manual de cuidados dentários. Figura 38 – Kit de Escovas para Treino de Higiene Bucal Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm ESCOVA FIXA PARA DENTADURA Trata-se de uma escova com cerdas em ambos os lados acoplada em uma base segura. Duas ventosas mantêm a base estável. Figura 39 – Escova Fixa para Dentadura MN28333 Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm 89 FACILITADOR PARA ESPREMER TUBO DE CREME DENTAL Acionada pelo toque. Feito de material lavável. Indicado para pacientes sem preensão. Figura 40 – Facilitador para Espremer Tudo de Creme Dental Fonte: www.sammonspreston.com - CABELOS PENTE COM CABO ALONGADO Útil para pessoas com limitações ao nível da amplitude do braço que impedem de chegar com o pente comum à cabeça. O design curvo permite executar a tarefa posicionando o braço junto ao corpo, contribuindo para uma melhor coordenação de movimentos. Figura 41 – Pente com Cabo Alongado Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product ADAPTAÇÃO PARA PENTE O cabo, com comprimento de 45 cm, pode ser dobrado em qualquer ângulo. Ideal para pessoas que possuem limitação de movimentos de braço ou mão, com dificuldade para pentear cabelos longos ou alcançar a nuca. Inclui uma escova e um pente. Figura 42 – Adaptação para Pente Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm 90 ADAPTAÇÃO REGULAVEL – FÁCIL DE PUXAR Regulável com velcro pode ser utilizada para pente ou escova. Com alça para pendurar. Figura 43 – Adaptação Regulável – Fácil e Puxar Fonte: www.sammonspreston.com - CORTADORES DE UNHAS PRANCHA COM CORTADOR DE UNHA Consiste de um cortador de unha tamanho padrão preso firmemente a uma base de plástico de 10 cm x 5 cm com ventosas que aderem firmemente à superfície, dando estabilidade e evitando que a tábua escorregue quando em uso. Figura 44 – Prancha com Cortador de Unha Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm PRANCHA COM CORTADOR DE UNHA E LIXA Esta adaptação consiste de um cortador de unha grande pivotante e duas fendas para manter as lixas presas. A base de plástico mede 19 cm x 9 cm. Ventosas mantém a adaptação fixa. Figura 45 – Prancha com Cortador de Unha e Lixa Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm MN28331 91 PRANCHA COM CORTADOR DE UNHAS COM CABO EMBORRACHADO Desenhado para assistir pessoas com capacidades motoras limitadas para cortar as unhas. Também muito útil para pessoas com um membro superior amputado. Base em plástico antiderrapante que fornece estabilidade. Alavanca com base alargada para facilitar a preensão. Figura 46 – Prancha com Cortador de Unhas e Cabo Emborrachado Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product TESOURA PARA UNHA DO PÉ Os furos para o polegar e demais dedos são ergonômicos permitindo uma preensão melhor e mais estável. As lâminas serrilhadas são de aço inoxidável e anguladas. Mede 21 cm de comprimento. Figura 47 – Tesourinha para Unha do Pé Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm - BARBA ADAPTAÇÃO REGULÀVEL – FÁCIL DE PUXAR PARA APARELHO DE BARBEAR Desenhado para assistir pessoas com capacidades limitadas e sem preensão. Aparelho de barbear regulável. Figura 48 – Adaptação Regulável – Fácil de Puxar para Aparelho de Barbear Fonte: www.sammonspreston.com 92 4.6.2.3 Vestuário Os dispositivos utilizados são soluções simples, criativas e que visam auxiliar o cliente a vestir e despir roupas e sapatos com maior facilidade. (CAVALCANTI, op. cit.). São utilizados para auxílio na colocação de meias e dispositivos para abrir e fechar zíper e botões. - VESTIR E DESPIR BASTÃO PARA VESTUÁRIO Feito de material leve, pode ser utilizado com qualquer tipo de roupa. Uma das extremidades possui um gancho em "C" e a outra, um gancho tipo empurra-puxa. O comprimento desta adaptação faz com que a pessoa não necessite curvar-se, tornando-a ideal para aqueles com flexão de quadril diminuída ou movimento limitado de membros superiores. Figura 49 – Bastão para Vestuário Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm - MEIAS ADAPTAÇÃO PARA MEIA DE PLÁSTICO O fundo achatado permite que pés de qualquer tamanho deslizem facilmente. Feito de polipropileno flexível. As extensões laterais mantêm a meia aberta para fácil colocação. As bordas suaves da adaptação não machucam o pé nem desfiam as meias. Figura 50 – Adaptação para Meia de Plástico Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm 93 ADAPTAÇÃO PARA MEIA-CALÇA Leve e fácil de usar. As canaletas de plástico podem ser dobradas o quanto for necessário para se ajustar a qualquer tamanho de meia. Os recortes seguram a meia no lugar. As tiras podem ser ajustadas. Requer o uso de ambas as mãos. Figura 51 – Adaptação para Meia-calça Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm - CALÇADEIRAS CALÇADEIRA DE METAL Feita em aço e com empunhadura de borracha de modo a facilitar a preensão. Figura 52 – Calçadeira em Metal Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm CALÇADEIRA PLÁSTICA COM ALÇA Sua alça permite uma preensão mais confortável para os dedos, podendo ser utilizada para puxar meias. Feita de nylon, mede 41 cm. Figura 53 – Calçadeira Plástica com Alça Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm 94 - CADARÇOS CADARÇO ELÁSTICO É ideal para aqueles com flexão de quadril diminuída ou destreza limitada. O nó e o laço devem ser realizados apenas uma vez. Esses cadarços medem 61 cm. Figura 54 – Cadarço Elástico Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm MN28681 CADARÇO ELÁSTICO PARA TÊNIS Desenhado para tênis. Mais largos e mais fáceis de manejar que outros cadarços elásticos, possuem 6,4 mm de largura e 94 cm de comprimento. Figura 55 – Cadarço Elástico para Tênis Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm - ABRIR E FECHAR ZÍPER E BOTÕES ADAPTAÇÃO PARA BOTÃO E ZÍPER Apresenta em uma das extremidades uma adaptação para botão e, na outra, um gancho para zíper. Possui cabo de madeira. Comprimento total: 23 cm. Diâmetro: 1,9 cm. Figura 56 – Adaptação para Botão e Zíper Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm 95 FACILITAR PARA ZÍPER E BOTÕES Bilateral, em suas extremidades tem dispositivo para botão e para zíper. Usado com um membro apenas. Figura 57 – Facilitador de Zíper e Botoes Fonte: www.sammonspreston.com ADAPTAÇÃO PARA BOTÃO GOOD GRIPS Esta adaptação de borracha suave torna a tarefa de abotoar roupas mais fácil. O cabo mede 11 cm e o comprimento total é de 16 cm. O diâmetro do cabo é de 3,8 cm. Figura 58 – Adaptação para Botão Good Grips Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm ARGOLA PARA ZÍPER Esta adaptação é destinada a pessoas com dificuldade de preensão. Figura 59 – Argola para Zíper Fonte: http://www.assistiva.com.br/Introducao%20TA%20Rita%20Bersch.pdf 96 ADAPTADOR PARA BOTÃO EM MADEIRA Esta adaptação é destinada a pessoas com dificuldade de preensão. Sua base em madeira e circular facilita o manuseio do botão. Figura 60 – Adaptador para Botão em Madeira Fonte: http://www.assistiva.com.br/Introducao%20TA%20Rita%20Bersch.pdf 97 CONSIDERAÇÕES FINAIS A lesão da medula espinhal gera uma grande síndrome incapacitante e constitui-se num enorme desafio à reabilitação, devido ao fato de que ainda não pode ser revertida com os recursos científicos atuais. Considera-se que a pessoa acometida pela lesão medular retorna à lactância, no que diz respeito à execução de suas atividades de vida diária, visto isto, há grandes ajustamentos a serem feitos após a lesão. O tratamento de reabilitação é o caminho que possibilita ao indivíduo reaprender a controlar suas funções perdidas, possibilitando um aumento na expectativa de vida de pessoas portadoras de lesão medular, tendo como objetivo a melhora na qualidade de vida e independência funcional. O terapeuta ocupacional é o profissional que está habilitado a avaliar e a intervir na saúde ocupacional do indivíduo, adaptando suas atividades cotidianas, bem como orientando o paciente na importância da realização das atividades de vida diária, preservando assim sua independência, autonomia, satisfação e qualidade de vida. É necessário reafirmar que a Terapia Ocupacional possibilita ao indivíduo por meio do seu fazer, reconhecer a si mesmo, contribuindo assim para sua reabilitação e independência. Partindo-se de uma análise do estudo de saúde do sujeito, das condições de suas estruturas corporais, de suas possibilidades de realização de atividade e participação social e ainda levando em conta contextos de vida e fatores emocionais deste sujeito, o terapeuta ocupacional pode propor adaptações facilitadoras que devem melhorar o seu desempenho funcional A Terapia Ocupacional tem como meta tornar o sujeito acometido pela lesão medular o mais autônomo e independente possível, promovendo e estimulando o auto-cuidado, oferecendo ao sujeito tecnologias assistivas, posteriormente orientando e treinando o uso das mesmas. Para o paciente, ser independente, é o primeiro passo para retomar a sua vida. Tecnologia assistiva não salva vidas, nem reduz mortalidade, simplesmente permite às pessoas com deficiência terem uma vida mais satisfatória e com mais possibilidades. 98 As tecnologias assistivas e adaptações apresentadas podem compensar os déficits apresentados pelo indivíduo que sofreu lesão medular, no desempenho de suas atividades de vida diária – auto cuidado: alimentação, higiene e vestuário, promovendo independência na realização destas. Porém, o indivíduo irá necessitar de um longo período de treinamento, que deverá ser realizado pelo terapeuta ocupacional, para reaprender suas funções utilizando as adaptações sugeridas. Para o paciente o retorno à independência possibilita uma maior autonomia e liberdade proporcionado assim uma melhora na auto-estima. É importante destacar também que, para conseguir a independência funcional deverão ser considerados todos os fatores físicos, emocionais e sociais que envolvem o paciente e seus cuidados na etapa de reabilitação. A maior parte das tecnologias assistivas apresentadas neste trabalho foram retiradas de um catálogo nacional, facilitando assim a aquisição das mesmas. Assim, frente ao estudo realizado, conclui-se que estes equipamentos são capazes de auxiliar nas dificuldades apresentadas pelos indivíduos, possibilitando-o realizar de maneira independente suas tarefas de auto-cuidado e, assim, oferecer suporte para sua reinserção social e garantir promoção na sua qualidade de vida. 99 REFERÊNCIAS ADLER, Carole. Lesão na Medula Espinhal. In: PEDRETTI, Lorraine W.; EARLY, Mary B. Terapia Ocupacional Capacidades Práticas para as Disfunções Físicas. 5 ed. São Paulo: Rocca, 2004. ANGELO, Jennifer; BUNING, Mary E. Adaptações de Alta Tecnologia para Compensar a Deficiência. In: TROMBLY, Catherine A.; RADOMSKI. Mary V. Terapia Ocupacional para Disfunções Físicas. 5. Ed. São Paulo: Santos, 2005. ANSON, Denis. Tecnologia Assistiva. In: PEDRETTI, Lorraine W.; EARLY, Mary B. 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