UM PEQUENO RELATO SOBRE A VIDA LITÚRGICA DA IGREJA CATÓLICA DE TRENTO AO VATICANO II. Luciano Giopato Roncoleta Pe. José Humberto Motta / Pe. Antonio Élcio De Souza Faculdade Católica De Filosofia E Teologia De Ribeirão Preto Depois de pesquisar a respeito de como era a Liturgia da Igreja Católica de Trento até o Vaticano II, observa-se que a Liturgia1 inicialmente está baseada na realidade histórica do homem e não na realidade cósmica como religião. Hoje já se tem uma consciência mais clara a respeito desse assunto e que o ápice dessa história, ou seja, da Liturgia é Jesus Cristo, que é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Cristo, além de dar o sentido pleno do culto na liturgia, também indica a economia da salvação e as suas características própria, para a celebração cristã nas suas várias facetas. Antes do Concílio Vaticano II a Liturgia estava alicerçada num conjunto cláusulas, ritos e rubricas. O que prevalecia era uma “liturgia devocional” ou missas “votivas” que muitas vezes inferia negativamente no desenvolvimento litúrgico. O que prevalecia nesse período eram as celebrações litúrgico santoral e não o temporal. Houve momentos críticos na desvinculação da liturgia santoral para a temporal. Nesse período a Liturgia da Igreja nada mais era do que um montante de leis, que era observado pela autoridade da Igreja (o padre), na regulamentação da celebração do culto, ou seja, da missa. Para que ocorresse o retorno as fontes primeiras da liturgia foi preciso que se desenvolve uma reforma no seio da Igreja. Essa reforma teve início primeiramente com o Concílio de Trento, mas que ganha 1 O termo “liturgia” provém do grego clássico. A palavra grega leitourghia (verbo: leitourghéin; substantivo de pessoa: leitourgós) deriva da composição de laós – jônico e ático léos – (= povo) e de egon (= obra). Trazido literalmente leitourghia significa “serviço prestado ao povo” ou “prestado para o bem comum”. (cf. AUGE, Matias. Liturgia. 2ª ed., São Paulo: Ave Maria, 2004, p. 11-12). forças graças ao “Movimento Litúrgico” 2, atingindo o seu ápice no Vaticano II, mas precisamente na Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada liturgia. O que realmente importa na vida litúrgica são os mistérios celebrados da vida de Jesus Cristo tão bem alinhados após Vaticano II, que propôs corrigir coisas indispensáveis na vida litúrgica da Igreja e também a canalização da piedade popular, para a prática litúrgica dando ensejo para o florescimento de uma verdadeira prática litúrgica. Na Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, “A Sagrada Liturgia é, portanto, o culto público que o nosso Redentor rende ao Pai como Cabeça da Igreja e que a sociedade dos fiéis rende ao seu Fundador e, por Ele, ao Pai Eterno; ou, em breves palavras, é o culto integral do Corpo místico de Jesus Cristo, da cabeça para os membros” 3. A reforma litúrgica começou às migalhas, podemos até fazer uma comparação com as parábolas do fermento, sal e luz que foram utilizadas por Jesus Cristo. Mas qual fermento foi levedado a massa e na qual foi criando espaço para o crescimento integral e harmônico, dando um significado cada vez maior para a liturgia. O sal foi dando à liturgia um novo sabor e gosto para celebrações. E a luz por sua vez trouxe a todos um resplandecer. Tudo isso aconteceu graças, é claro, ao Concílio Vaticano II. Em seus centenários anos a Igreja, através de seus concílios e sínodos, sempre procurou seguir os seus princípios, ainda que tivesse que passar por reformar e reformulação a Igreja nunca abandou suas raízes e nem mesmo fez enxertos, mas sempre foi fiel aos princípios que a norteiam, sempre querendo buscar um verdadeiro espaço liturgia. Para ajudar o povo de Deus a orar sem superstições, por isso que criou modos de louvar, de bendizer, de agradecer e de adorar a Deus. A Liturgia sempre foi e será a fonte da Igreja, pois ela expressa todo “mistério salvífico de Jesus Cristo”, quem bebe destes ensinamentos e orientações próprias da Igreja quer de fato participar celebrar do culto sagrado, livre de qualquer 2 O Sucesso do Movimento Litúrgico não ficou inume de oposições e suspeitas... Uma voz importante foi a de Pio XII que publicou, em 1947, a Encíclica Mediator Dei, documento decisivo para a causa litúrgica que especifica alguns conceitos e reconhece os esforços desenvolvidos pelo Movimento Litúrgico. O mesmo papa introduziu algumas reformas parciais da liturgia, que teve prosseguimento com João XXIII até as vésperas do Concílio Vaticano II. (Cf. AUGE, Matias. Liturgia. 2ª ed., São Paulo: Ave Maria, 2004, p. 57-58). 3 Cf. Pio XII, Mediator Dei, Sobre a Sagrada Liturgia. n. 17. p. 10. intervenção, seja por meio de um sentimentalismo, racionalismo ou até mesmo a onda de um relativismo que tantos a querem introduzirem tanta modernidade em nossa Liturgia, sem uma justa razão. E muitas vezes esses transformam a Sagrada Liturgia uma coxa de retalhos, ou seja, mudam tanto a Liturgia que ela fica parecendo um folclore e o sentimentalismo invade as nossas celebrações em forma de novidades, no que é de mais precioso da nossa Liturgia, os sacramentos e Santa Eucaristia. A Igreja sempre teve grandes homens que lutaram e se empenharam para que a reforma litúrgica se fizesse aberta para todos os membros da Igreja, mas foram os papas, PIO X; PIO XII e JOÃO XXIII que mais se empenharam, sobretudo, por ocasião do Concílio Vaticano II. Hoje vemos o progresso da Liturgia e damos graças a Deus por seus benefícios na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica. Referências Bibliográficas. AUGE, Matias. Liturgia. 2ª ed., São Paulo: Ave Maria, 2004. BENTO XVI. Exortação apostólica pós-sinodal. Sacramentum Caritais: Sobre a Eucaristia fonte e ápice da vida e da missa da Igreja. São Paulo: Paulinas, 2007. COMPÊNDIO DO VATICANO II. Constituições decretos e declarações. Sacramenctum Concilium: sobre a Sagrada Liturgia. Introdução Frei Boa Ventura Kloppenburg - O.F.M. Coord Geral Frei Frederico Vier - O.F.M. 29ª. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS. Encíclica Mediator Dei: sobre a Sagrada Liturgia. Por Comissão Especial do Exmo. e Revmo. Sr. Dom Manuel Pedro da Cunha, Bispo de Petrópolis, RJ: Tradução da Revista “Lumem”, fevereiro e março de 1948. DENZINGER, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. Tradução José Mario e Johan Konings – São Paulo: Paulinas: Edições Loyola, 2007. MARTIMORT, Aimé Georges. Princípios da Liturgia: A Igreja em Oração. Tradução Frei Amir Ribeiro Guimarães, O.F.M. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1988. NEUNHEUSER, B. et Al.; A Liturgia: Momento Histórico da Salvação. 2ª ed., São Paulo: Edições Paulinas, 1987. SARTORE, Domenico; TRIACCA, Achille M. Dicionário de Liturgia. Tradução Isabel Fontes Leal Ferreira – São Paulo: Edições Paulinas, 1992.