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"A
crise ambwntal
egundo Mìller (1985), nosso planeta pode ser comparado a umâ astronave,
deslocanclo-se a cem mil quilômetros por hora pelo espaço sideral, sem possibìlidade de par.rda para reabastecimento, mas dispondo de um eíiciente
sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem de matéria. Existem
atualmente, na astronave, ar, água e comida suÍìcientes parâ manter seus passâgeiros. Tendo em \,ìsta o progÍessìvo aumento do número desses passageiros, em forma
exponencial, e a ausência de portos para reabastecimento, pode-se vislumbrar, a
méclio e longo prazos, problemas sérios para a manutençãô de sua população.
O uso de energia implica, pela segunda lei da termodinâmica, na degradação de sua qualìclade. Como conseqüência da lei da conservação da massa, os
resíduos energótìcos (principalmente na íorma de calor), somados aos resíduos de
matéri.r, alter.rm a qualìdade do meio anrbiente no inteÍior dessa astronave. A tenclência natural de qualquer sistema, como um todo, é de aumento de sua enlÍopia
(grau de desordem). Assim, os passageiros, utilìzando-se da inesgotável energia solar, processanr, por meio de sua tecnologia e de seu metabolismo, os Íecursos naturais finitos
algum tipo de poluìção. Do equìlÍbrio
- geranclo, inexoravelmente,
entre esses três elementos
população, recursos natgrai5ç.poluiqão (Figura 1.1)
dependerá o nível de qualidade de vìda no planetâ. Os aspectos mais relevantes de
(.rda \crtìce do trìánguìo formado por esses elementós e suas interligações sàò analisados nos itens subseqiientes.
HCURA
1.1
POPUTAçÃO
RcÌdção etilre
( \ prinL ipaís coÌtpotvnte s
dd Crise AnllJi?,IÍal
RECURSOS NATURAIS
1.1
POrUrçÃO
Popukçao
A população mundial cresceu de 2,5 bìlhÕes em 1950 para 6 bilhões no ano 2000 (UN, 1998) e,
atualmente, a Ìara cle crescimento está em aproximaclamenle 1,3 por centb ao ano. De acordo com a
analoqia da astronave, isso sìgnifica que âtualmente ela transporta 6 bìlhões de passageìros e, a cada
ano, outros 78 milhões cle passageiros nela embarcam. Esses passageiros estão divididos em 230 nações
nos cinco continentes, poucas das quâis pertencem aos chamados países desenvolvìdos, com 20 por
cento da população totàI, e as demais são os chamaclos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, com os Íestântes 80 por cento da população. Novamente na analogia com a astronave, é como se
os habitantes dos países desenvolvidos fossem passageìros de primeira classe, enquanto os demais
viajam no porão. Devìdo às altas taxas de crescinrento populacional que hoje somente ocorrem nos
países menos desenvolvidos, essa situação de desequilíbrlo tende a se agravar aìnda mais: em 1950, os
/rìtr", fr,, I
Ìi,rÌ1:,Jl
países desen\ol\ idos tinham 32 por cento da populaçâo mundial; em 199g, apenas 20 por cento,
e em
2050 terão I3 por cento (UN, 1998).
uma das constatações maìs importântes na questão demográfica é que já ultrapa\samos o ponto
de inflexão da curva de crescimento exponencial (curva ,,J,,) da população (Figura I 2).
1
FICURA 1.2
1;
A ctttt'tt de crc.rcìntcrtn
l.
e.rponencial cla popula\fut.
Bilhóês
de pessoas
16
15
14
13
12
11
10
I
7
6
5
4
3
2
1
um casal que tenha cinco filhos, que por sua vez tenhâm cinco íilhos cacla um, representa, a
partir cìe cluls pessoâs. uma população familiar de 25 pessoas em duas gerações. Esse íenômeno vem
ocorrendo mLrndialmente de<de meados do século xlx, com a Revolução IndustrÌal. A partir dessa
revolução, a tecnologia proporcionou unra reclução da tâxa bruta cle mortaliclacle, responsável pelo
aumenÌo da tara de crescimento populâcionâl anual, apesar de a taxa cle natalidade estãr se reduzincjo
clescle aquela época até os cli.rs atu:ris
A taxa mundial bruta de nataìidade é hoie cle 365 682 habitantes por dia, enquanto a taxa bruta
cle mortalidade é de 149 597 habitantes por .lia. Portanto, a tâxâ bruta de natalidacle é 2.4 vezes maior
qu€r a taxa bruta de rÌìortalidade. O aumento cle população é dado pela diferença entre os
dois valores
o que, nos dias de hoje, signiilca unì aumento anual cie cerca de 1,3 por cento. Apesar de os dors
-valores
serem aparentemente pequenos,
implicam valores absolutos aproximados um tanto alarmantes:
215 mìl novos passageiros por dia, 1,5 milhão por semana ou 78 milhões por ano. com essa taxa de
crescimento seria necessário somente um dia para repor os 200 mil mortos do maremoto de 1920 no
Paquistão, quatro dias para repor os 900 mil mortos da grande cheia de l987 no rio Huang na chÌna e
somente doze meses para repor os 75 milhões de mortos vítimas da peste bubônica que assolou a
Europa entre 13-1: e 1351.
Dentro dessa peÍspectiva de crescimento, cabe questionar até quando os recursos natuÍais serão
suíicìentes para sustentar os passageiros da astronave Terra. Existem aulores, como Lappe e Colìins
lq--' que conlestam a tese de insuficiència de retursos nalurais e responsabilizam a má-distribuição
I
cla renda e a má-orientação da produção agrícola pela fome no mundo hoje.
Na Tabela 1.1, podemos observar a densidade demográfica de países selecionados. Notamos que
alguns países, como Japão e Bangladesh, apresentam taxas de ocupação do solo muito elevadas. Observando também a coluna de taxa de crescimento anual da população, podemos concluir que a situação
em Bangladesh tende â se tornar mais crítica, em íunção de sua ainda alta taxa de cresclmento anual
(1,8 por cento). O Brasil ocupa a quinta colocação no rankingcom ceÍca de 2,8 por cento da população
mundìal, totalizando 167 milhões de habitantes (Tabeìa 1.1). Com uma ocupação territorial de 20
habìtantes por quilômetro quadrado e uma taxa de crescimento populacional declìnante (1,5 por cento
no ano de '1999), nosso país tende a uma situaçào de menor complexidade em termos popuìacionais
em relação ao que se previa no início da década de 80. Entretânto, devemos ter em mente que, mesmo
que o problema da fome no mundo hoje possa ser atribuído a interesses poìíticos e ecdnômicos dos
países desenvolviclos e não a umâ superpopulação, a longo prazo teÍemos de encontrar um modo
consensual cle reduzir a taxa de crescimento populacional.
TABEI.A 1.]
Puíses maìs popuktsos: populaçdo
(
U N.
1
999 : Popul
a
ti o n Refe re
POPUTAçÃO
PAí5E5
1980
1999
China
996 135
1 266 838
Índia
675 000
998 056
Estados Uni dos
227 757
ln do nésÌ..r
Brasil
Paqu istã(r
Rússia
N
e
taxu de crescimento
B ure
anual
eu, 2000 ).
DEN5IDADE DEMOGúTICA
TAXA DT CRESCIMENTO
(1994) (hab/Km'?)
ANUAT (%)
132
0;88
0.1
1,8
276 218
29
0,58
146 362
209 255
110
1,6
119 003
167 988
20
1,5
82 581
152 331
137 410
'147 196
9
-0,6
126 917
882
1,8
126 505
335
0.,15
108 945
118
2,8
Bangladesh
.lapão
nce
11
6 807
igérì.r
3
191
2,8
1,2 Recursos naturan
Recurso natural é qualquer insumo de que os oÍganismos, populações e ecossistemas necessitam
para sua m.ìnutenção. Portanto, Íecurlq .nalurll É a_lg9_1tr! Existe um envolvimento entre ryç-Ilsg: t1!y'
ràìse tecnologià.,uma vez que há a necesiidrde da erisìãácia de processos tecnolóBicos para utìlizaqão
de um recurso. Exemplo típico é o magnésio, que até pouco tempo não era um recurso naturâl e passou
1
h,it,
rrirr/ri
i 1''r'rr,Ìrlil
a sê-1o quando se descobriu como utìlizá-lo na confecção de lìgas metálicas pará aviões- lsc.qltpt
em
economia interagem de modo bastante evidente, u1a,v91,q-u,e-4g9--é recurso na medida
clo
crìse
que
da
antes
que sua exploração é económicamente viár,el. Exemplo dessa'iitúação é o álcool,
petróleo dá 1973 âpresentava custos de produção extÍemamente elevados ante os cusÌos de exploração
de petróleo. Hoie, no Brasil, apesar rìa climinuição do Proálcool, o álcool ainda pode ser considerado
nâtLitdìs
,
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I
e
Lrm ìmportante combustível para automó\eis e um recurso natural estratégìco e dq alta signiíìcância,
devìdo a sua possìbilidade de renovação e conseqüente disponibilìdade. 5ua utilização eíetiva depende
cie análises políticas e econômìcas que poderào ser Íevistas sempÍe que necessário
Finalmente, algo se torna recurso natural caso sua exploÍação, .Qrocessamento e utilização não
tópicos
causarem danos ao meío.tmbiente. Assim, na deíinição de recurso naturâl encontramos três
ielacìonados: tecnologia, economía e meìo ambiente.
taìs
O fato de não se te, leYado em conta o meio ambiente nas últìmas décadas gerou abeÍraçoes
citar
podemos
exemplo
naturais.
Como
como o uso de elementos extremamente tóxìcos como íecursos
morte de seres
o chumbo e o mercúrìo que, dependenclo clas concentrações utilizadas, podem causar a
proceshumanos. os clorofluorcarbonos, que até recentemente vinham sendo utìlizados em cliferentes
sendo
estãÔ
líquidos,
de
propeìentes
sos industri.ììs, conìo em compressores de refrìgeraclores e como
ozônio'
de
da
camada
sr-rbstituÍclos por outros gases iiante das incertezas ligadas à eventuaì destruição
Os recursos natuìais podem ser classìíicados em dois grandes gÍupos: os renováveis e os_nãoficam
rc,nor,ãr,el-s 1Fìgura I.3). Os recursos renováveis são aqueles que, depois de serem utilizados,
cle
eremplo
um
é
hidrológico,
clisironíveis novámente grclças aos cìclos naturais. A água. em seu ciclo
a energia
recurso renor,ável. ,llem da água, pocìemos cìtar como recurso,s renováveis a biomassa, o ar e
não pode
eólica. Como o próprìo nomúì2, um recurso não-renor,ável é aquele que, uma vez utiìizado,
para
ser reaproveìtacio. Unr exemplo caracteÍístìco é o combustível t-ossil que, depois de ser utilizâdo
possível,
aincla,
é
mover um automóvel, está perclido pâra senìpre. Dentro clos rerursos não-renovávdis
ìclentiiicar clu.ts classes: a clos mineraìs não-energéticos {iósforo, cálcio elc.ì e a dos minerais energéticos
coml)Ustíveis fósseis e urânio). Os recUrsos naturâis clessa última classe são, eíetivamente, nâo-renováveis'
não
enqu.ìnto os recursÕs da prìmeìra classe poclem se renovâÍ, mas após um período de tempo tal que
recursos
de
tiPos
ser;o reÌe!antes p.rra a exìstência hum.rna. Na Figura 1.3 apÍesentamÕs os principais
,
n.r
i:..r
is.
FICLIRA 1.3
Cir i iiri-r,-1r'io
ri ìi 'rari.iac
rlll111raÌiÍ.
t
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D
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a
a
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Minêrâ;s náo-energéticos
Fósforo, cálcio etc.
Minerais energétìcos
Comb0stíveis Íósseis
Urânio
ocorre
Existem sÌtuaçòes em que um recurso renovável passa a seÍ não-renovável. Essa condição
(1968),,ncr
quando a taxa de utìlìzação supera a márima capacidade de sustentação do sÌstema. Hardin
comum (Ihe
histórìco Ihe Tragecly oí The Contmons, ìlustra essa situação' Um campo de pastagem
Commons) é utilizado coletìvamente por alguns Íazendeìros. O capim, evidentemente, é um recurso
renovável (biomassat. Entretanto os fazendeiros, vìsando ao aumento de s€us lucros imediatos, colocam o
número márimo de cabeças de gado nesse pasto, umâ vez que o campo é comum a todos. O resultado
desta atitude é ã depleção de um recurso, que eÍa renovável, até níveis que inviabilizam a sua renovação.
1,3
Polutçao
Completando o terceiro vértìce do Íiângulo da Figura 1 .1, como reJg l-lÈdg_ dê ulili?gção_dos recursos naturaís pela populaçâo surge a poluìção. A poluição é urlg alte,qçêg_ ideiejéyg!1q9 característìcas
físicas, químicas ou biológicas da atmôsíú, lito:sÍ-era ãú hidrosíera que cause ou possa causãr.prèpÍZo à
saúde, à sobrevivência ou às atividades dos sereìs humanos e outiàs óÉécieiõú aìnda deteriorar materìài!.
Para Íins práticos, em especial do ponto de vista legal de controle'da poluição. acrescentamos que o
conceito de poluição deve ser associado às alterações indesejáveis provocadas pelas atividades e intervenções humanas no ambìente- Desse modo, uma erupção vulcânica, apesar de poder ser considerada
uma fonte poluidora, é um fenômeno natural não pÍovocado pelo homem e que foge a seu controle, assim
como outros íenômenos naturaìs como incêndìos fìorestais, grandes secas ou inundações.
Poluentes são resíduos gerados pelas ativìdades humanas, causando um impacto ambiental negati\o, ou seja, uma alteração indesejável. Dessa maneìra, a poluição está ligada à concentração, ou
quantidade, de resíduos presentes no aç na água ou no solo. Para que se possa exercer o controle da
poluição de acordo com a legislação ambÌental, definem-se padrões e indÌcadores de qualidade do ar
(concentrações de CO, NO,, SO" Pb etc.), da água (concentÍação de O, fenóis e Hg, pH, temperatura
etc.ìe do solo (taxa de erosão etc.) que se deseja respeìtar em um determìnado ambiente.
Quanto à origem dos resíduos, as fontes poluidoras podem ser classifìcadas em pontuais ou
localÌzadas (Ìançamento de esgoto doméstìco ou industrial, e{luentes gasosos industrìais, aterro sanitárìo de ìixo urllano etc.) e difusas ou dispersas (agrotóxicos aplicados na agricultura e dispersos no ar,
carregados pelas chuvas para os rios ou para o lençol freático, gases expelìdos do escapamento de
veículos automotores etc.). As fontes pontuais podem ser jdentìficadas e controladas mais fâcilmente
que as dìfusas, cujo controle eficiente ainda é um desafio.
Os eíeitos da poìuição podem ter caráter localizado, regional ou global. Os mais conhecidos e
perceptíveis são os efeitos locais ou regionais, e em geral ocorrem em áreas de grande densidacJe
populacìonal ou atividade industrìal, correspondendo às aglomerações urbanas em todo o planeta, que
floresceram com a Revolução lndustrial. Nessas áreas há problemas de poluição do ar, água e solo.
Esses efeitos espalham-se e podem ser sentìdos em áreas vizìnhas, às vezes relatìvamente distântes,
sendo objeto de conÍlitos intermunicipais (dìsputa pelo mesmo manancial para abastecìmento urbanol,
interestaduais (poìuição das águas por municípios e indústrias de um estãdo, a montante de captações
municìpais e industriaìs de estado vizìnho a jusante) e internacionais (chuva ácida na Suécia e Noruega
oriundas da poluição do ar na Crã-Bretanha e Europa Ocidentall.
Os eÍeitos globais detectados mais recentemente, como o efeito estufa e a redução da camada
de ozônio, airda não são bem conhecidos, mas podem trazeÍ conseqüências que aÍetarão o clima e o
equilíbrio global do planeta. É ìmportante um esforço conjunto e se{Ír precedentes paÍa que se possa
conhecer esses efeitos e controlá-los de modo efìcaz. Os efeitos globais têm contribuído bastante paÍa
a sensìbìlização recente da sociedade sobre questões ambìentais, merecendo destaque na mídìa e na
agenda de polítìcos e grupos ambientalistas em todo o planeta. lsso talvez possa ser explicado pela
incerteza que os humanos passaram a experimentar em relação à própria sobrevivência da espécie e
pela constatação de sua incapacidade de entender e controlar os processos e transformações ambientais
decorrentes de suas atividades. Até recentemente, acreditava-se que a Ìnteligência e a tecnologìa resolveriam qualquer problema, e que não havia limites para o desenvolvimento da espécìe e para a utilização de matéria e energia na busca de conÍorto e qualìdade de vida.
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