Lesões traumáticas da coluna cervical alta

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LESÕES TRAUMÁTICAS DA COLUNA CERVICAL ALTA
ATUALIZAÇÃO
Lesões traumáticas da coluna cervical alta
HELTON L.A. DEFINO1
RESUMO
ABSTRACT
As fraturas da coluna cervical alta apresentam características distintas das da coluna cervical baixa e são
estudadas separadamente. Nesta revisão são apresentadas as principais características clínicas, diagnósticas e tratamento das fraturas do côndilo occipital, luxação atlanto-occipital, fratura do atlas, lesão do
ligamento transverso, luxação rotatória atlanto-axial,
fratura do processo odontóide e espondilolistese traumática do áxis.
Injuries to the upper cervical spine
Unitermos – Coluna; vértebra; cervical; trauma
Key words – Spine; vertebra; cervical; injury
Traumatic injuries to the upper cervical spine have special features and have been studied apart from injuries to
the lower cervical spine. In this brief review, the clinical
picture, diagnosis, and treatment of the occipital condyle
fractures, atlanto-occipital dislocation, atlas fracture, tear
of transverse ligament, atlanto-axial rotatory dislocation,
odontoid fracture and traumatic spondylolisthesis of the
axis are presented.
INTRODUÇÃO
As lesões traumáticas da coluna cervical alta apresentam características próprias e são distintas das localizadas
entre C3 e C7, sendo por isso estudadas separadamente. A
morfologia e a função dos seus componentes (côndilos occipitais, atlas e áxis), denominados de complexo occipitoatlanto-axial, são diferentes das das demais vértebras da
coluna cervical, e influenciam na gênese dessas lesões.
A amplitude dos movimentos da coluna cervical alta é
relativamente limitada, com exceção da rotação ao nível
da articulação atlanto-axial, que corresponde a cerca de
50% de toda a rotação da coluna cervical(1,2).
As lesões traumáticas da coluna cervical alta são relativamente raras e sua exata incidência não é bem conhecida,
pela sua ocorrência em vítimas fatais de acidentes automobilísticos. As lesões neurológicas são raras, devido à
relação entre o diâmetro do canal vertebral e o espaço ocu-
1. Professor Associado – Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto-USP.
Endereço para correspondência: Av. Bandeirantes, 3.900, Campus Universitário – 14049-900 – Ribeirão Preto, SP. Tels. (16) 633-0336/602-2513.
Copyright RBO2002
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pado pela medula espinhal. No entanto, as lesões neurológicas na coluna cervical alta apresentam prognóstico diferente e podem ser fatais, devido à presença do centro medular da respiração nesse nível da medula espinhal(3,4,5).
O mecanismo de trauma dessas lesões é indireto e as
forças absorvidas pela cabeça são transmitidas para a coluna vertebral, devendo ser considerada de extrema importância para o diagnóstico a presença de lesões na face ou
no couro cabeludo(6,7).
O diagnóstico das lesões traumáticas da coluna cervical
alta é muito difícil apenas com as informações fornecidas
pelas radiografias simples. A tomografia computadorizada
possibilitou a realização de diagnóstico em maior escala e
também a identificação de lesões que não eram conhecidas. Em grande percentagem dos pacientes o diagnóstico
dessas lesões não é inicialmente realizado, pela dificuldade de sua observação nas radiografias simples e também
pela falta de suspeição do diagnóstico pelo examinador.
As fraturas do côndilo occipital, luxação atlanto-occipital,
fratura do atlas, lesão do ligamento transverso, luxação rotatória atlanto-axial, fratura do processo odontóide e espondilolistese traumática do áxis são as principais lesões
desse segmento e serão abordadas nesta breve revisão.
99
H.L.A. DEFINO
FRATURA DO CÔNDILO OCCIPITAL
As fraturas do côndilo occipital são lesões pouco freqüentes ou raramente diagnosticadas e a menção a estas
fraturas é feita na grande maioria por meio de relato de
casos. As fraturas do côndilo occipital geralmente ocorrem associadas com outras fraturas, especialmente com as
do atlas(8,9).
As fraturas do côndilo occipital foram classificadas por
Anderson e Montesano (1988)(8) em três tipos:
Tipo I – fraturas cominutivas impactadas do côndilo occipital.
Tipo II – fratura da base do crânio que se estende através
do côndilo occipital.
Tipo III – fratura por avulsão de fragmento ósseo do côndilo occipital conectado ao ligamento alar.
As fraturas dos tipos I e II seriam causadas por compressão vertical, enquanto as do tipo III seriam ocasionadas
por mecanismos combinados de translação e rotação. As
fraturas do tipo II podem estar acompanhadas de lesão dos
nervos cranianos (IX, XII) e as do tipo III, associadas com
a luxação atlanto-occipitocervical(7,9,10).
O diagnóstico das fraturas do côndilo occipital por meio
de radiografias simples é muito difícil e grande parte delas
é diagnosticada por acaso, durante a observação de tomografia computadorizada da coluna cervical alta. O espectro da estabilidade dessas lesões é muito variável. Podem
ocorrer lesões estáveis ou luxações, que são muito instáveis. A instabilidade é muitas vezes difícil de ser determinada e deve ser avaliada durante o acompanhamento do
paciente.
O tratamento das lesões dos tipos I e II é conservador,
por meio de colar ou órtese cervical durante seis a oito
semanas(8,9). As fraturas do tipo III requerem imobilização
mais rígida, recomendando-se a utilização de halo-gesso
por um período de oito a 12 semanas, estando indicada a
artrodese nos casos de instabilidade atlanto-occipital(8,9).
LUXAÇÃO ATLANTO-OCCIPITAL
As lesões atlanto-occipitais são extremamente raras e as
informações acerca desse tipo têm sido fornecidas pelos
relatos de casos esporádicos de pacientes que sobreviveram ou pela sua observação em vítimas fatais de atropelamento(3,4).
A grande maioria dos pacientes que sobreviveram com
esse tipo de lesão apresentava déficit neurológico de diferentes graus, desde parada cardiorrespiratória, cuja sobre100
vivência ocorreu graças ao imediato suporte respiratório,
até quadros variáveis de quadriplegia.
A paralisia de nervos cranianos, especialmente do nervo
abducente, tem sido também relatada. O déficit neurológico pode apresentar considerável melhora nos pacientes que
sobrevivem. No entanto, o índice de óbito é alto durante a
hospitalização, devido à gravidade das lesões associadas e
à presença de déficit neurológico. Nos pacientes sem déficit neurológico ou parada cardiorrespiratória, a dor ao nível da coluna cervical alta ou occipital pode ser a única
manifestação clínica, dificultando o diagnóstico(11,12).
A artrodese occipito-cervical, após a redução da lesão
por meio de tração, é o tratamento de escolha devido à
instabilidade desse tipo de lesão.
LESÃO DO LIGAMENTO TRANSVERSO
A lesão do ligamento transverso pode ocorrer por meio
da rotura das suas fibras ou avulsão da sua inserção na massa
lateral do atlas, com pequeno fragmento ósseo(1,7).
Essa lesão é geralmente resultante do mecanismo de hiperflexão aguda da coluna cervical, provocada por queda
ou trauma direto sobre o occipital.
A manifestação clínica da lesão está diretamente relacionada com o grau de deslocamento do atlas provocado
pela lesão do ligamento transverso. Nas lesões mais graves
o paciente pode apresentar déficit neurológico e desvio
visível nas radiografias, enquanto nas mais simples o quadro clínico é discreto, sem déficit neurológico, apenas com
dor cervical, e os exames radiográficos são normais. Nessa
situação o diagnóstico é difícil e o aumento da sombra do
espaço retrofaríngeo na radiografia de perfil pode ser o
único indício da presença da lesão(7,13).
O diagnóstico da lesão do ligamento transverso é realizado por meio de radiografias dinâmicas da coluna cervical, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). Os valores da distância do espaço atlantodental
anterior acima de 5mm nas crianças e 3mm nos adultos
são indicativos de lesão(7,13). Deve ser lembrado que a realização de radiografias dinâmicas está contra-indicada nos
pacientes que apresentam lesão recente e déficit neurológico; mesmo na presença de lesão do ligamento transverso, o espasmo muscular pode impedir sua identificação.
O tratamento das lesões do ligamento transverso está
relacionado com o tipo (rotura ou avulsão), das condições
gerais do paciente e da filosofia de tratamento adotada pelo
cirurgião. As roturas do ligamento devem ser tratadas por
meio da artrodese C1-C2, pois o ligamento não possui caRev Bras Ortop _ Vol. 37, Nº 4 – Abril, 2002
LESÕES TRAUMÁTICAS DA COLUNA CERVICAL ALTA
pacidade de cicatrização capaz de conferir estabilidade ao
atlas(1,13). Existem diferentes opções técnicas de artrodese,
que utilizam cerclagem (Brooks, Gallie), parafusos transarticulares (Magerl), parafusos no maciço articular de C1
e C2 (Harms) ou apenas enxerto ósseo(14). A escolha da
técnica depende da preferência do cirurgião. Do ponto de
vista biomecânico, a estabilização com parafusos transarticulares C1-C2 é a mais estável(14).
As lesões com avulsão de fragmento ósseo da inserção
do ligamento transverso podem ser tratadas por meio de
imobilização com halo-gesso, tendo sido observada consolidação em 26% dos pacientes(1). Nos pacientes em que a
consolidação não ocorre, a artrodese C1-C2 deve ser efetuada devido à instabilidade do atlas (C1), que apresenta
potencial de lesão da medula espinhal(13,15).
SUBLUXAÇÃO ROTATÓRIA
O diagnóstico desse tipo de lesão é dificultado pelos seus
sinais clínicos discretos, frequente ausência de déficit neurológico e dificuldade de obtenção de bons exames radiográficos. Os pacientes geralmente apresentam dor e espasmo muscular na região cervical, ou torcicolo nos casos mais
graves. Na incidência em AP transoral a assimetria e o apagamento das articulações entre C1-C2 podem ser observados (wink signal). A tomografia computadorizada facilita
a realização do diagnóstico e avaliação do grau de desvio,
sendo o exame de escolha nessas lesões(7).
A lesão é puramente ligamentar e sua característica rotacional é devida à integridade do ligamento transverso,
que permite a rotação do atlas sobre o processo odontóide.
Fielding e Hawkins (1977)(16) classificaram essas lesões
em quatro tipos:
Tipo 1 – luxação rotatória anterior com desvio < 3mm.
Tipo 2 – luxação rotatória com desvio 3-5mm.
Tipo 3 – luxação rotatória com desvio > 5mm.
Tipo 4 – desvio posterior.
O tratamento dessas lesões deve ser iniciado por meio
de tração craniana para a redução da lesão, que deve ser
imobilizada por meio de halo-gesso ou gesso minerva durante 12 semanas, após a obtenção da redução. A redução
pode ser de difícil obtenção em alguns casos, sendo necessárias manobras sob anestesia geral, que devem ser realizadas com muita cautela devido ao risco de lesão neurológica. A palpação transoral direta da faceta articular desviada
do atlas (C1) e a sua redução manual podem ser também
efetuadas com o paciente anestesiado(16). A artrodese C1C2 está indicada na presença de instabilidade C1-C2 ou de
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déficit neurológico. A instabilidade deve ser rotineiramente avaliada no final do tratamento conservador, por meio
de radiografias dinâmicas.
FRATURAS DO ATLAS
As fraturas do atlas são lesões raras e correspondem a
cerca de 2% de todas as fraturas da coluna vertebral(17,18).
A associação da fratura do atlas com as do áxis é muito
freqüente e, apesar de rara, pode ocorrer lesão ou trombose da artéria vertebral, que deve ser presumida na presença
de sintomas de insuficiência vertebrobasilar (tontura, vertigem, cefaléia, visão borrada, nistagmo) concomitantes à
fratura do arco posterior do atlas(7,19,20).
Com exceção das fraturas produzidas pelos projéteis de
arma de fogo, as do atlas são resultantes de forças aplicadas sobre a cabeça; a energia do impacto é absorvida pelo
atlas que se encontra encarcerado entre os côndilos occipitais e as facetas articulares superiores do áxis. Esse mecanismo de trauma explica a importância da procura de fraturas nos pacientes com ferimentos ou traumatismos da
cabeça, couro cabeludo ou face(7,21).
A fratura em quatro partes do arco anterior do atlas, conhecida como fratura de Jefferson, é oriunda da aplicação
de compressão axial, que é transmitida pelos côndilos occipitais para o atlas. As fraturas ocorrem na região de transição entre a massa lateral e o arco do atlas, que são os
locais de menor resistência dessa vértebra. Muitas vezes
esse tipo de fratura apresenta apenas dois ou três fragmentos. A aplicação de força de grande intensidade pode conduzir à rotura ou arrancamento do ligamento transverso e
nessa situação as massas laterais do atlas apresentam afastamento lateral superior a 8mm nas radiografias em AP. A
estabilidade dessas fraturas está relacionada com a integridade do ligamento transverso(7,20,22,23). A aplicação de força
de compressão axial assimétrica pode produzir fratura da
massa lateral, que freqüentemente está associada com fratura do arco do atlas(17,24).
As fraturas do arco posterior estão geralmente associadas com as fraturas tipo I ou II do processo odontóide, espondilolistese traumática do áxis ou fratura do côndilo occipital devido ao mecanismo comum de produção do trauma
dessas lesões, que é a hiperextensão. Essa associação das
fraturas do arco posterior com outras fraturas tem sido observada em até 50% dos pacientes(7,18,19,20,25).
Com o advento da tomografia computadorizada as fraturas do atlas puderam ser melhor identificadas e diagnosticadas. Apesar da importância das radiografias simples no
101
H.L.A. DEFINO
diagnóstico dessas fraturas, elas não permitem a visualização completa do osso.
A tomografia computadorizada também influenciou na
classificação dessas lesões, observando-se uma reorganização da classificação inicialmente proposta por Jefferson
em 1920, com a inclusão de novos tipos de fratura que
foram identificados(7,10).
Levine e Edwards (1985), citados por Santiago(10), classificaram as fraturas do atlas em sete diferentes tipos, de
acordo com a localização anatômica e tipos da lesão: fratura do arco posterior; fratura do arco anterior; fratura tipo
explosão; fratura cominutiva; fratura da massa lateral; fratura do processo transverso; fratura avulsão do tubérculo
inferior.
O tratamento das fraturas do atlas está diretamente relacionado com a sua estabilidade, presença de lesões associadas e estado geral do paciente. A filosofia de tratamento
do cirurgião, o seu domínio das técnicas e os recursos disponíveis também exercem importante papel na decisão terapêutica.
As fraturas isoladas do arco anterior ou posterior do atlas,
as fraturas do processo transverso ou fraturas por avulsão
do arco anterior são fraturas estáveis e podem ser tratadas
por meio de órtese cervical por um período de seis a 12
semanas(17,19,24,26).
O tratamento das fraturas do tipo explosão e da massa
lateral está condicionado à estabilidade da lesão (integridade do ligamento transverso), que é avaliada por meio do
desvio lateral das massas laterais do atlas nas radiografias
em AP. Nas fraturas que apresentam desvio das massas laterais menor que 8mm nas radiografias em AP, o tratamento deve ser realizado por meio da imobilização com halogesso, minerva ou órteses cervicais rígidas por um período
de 12 semanas. Após o término do tratamento devem ser
realizadas radiografias dinâmicas para averiguar a possível existência de instabilidade C1-C2, que é indicação da
artrodese desse segmento vertebral(14,34,38,49,51).
Existe muita controvérsia com relação à necessidade de
redução dessas fraturas e utilização do halo-gesso, existindo relatos demonstrando bons resultados clínicos nos pacientes que tiveram suas fraturas reduzidas; outros demonstram bons resultados com a utilização de órteses cervicais
rígidas nas fraturas, do tipo explosão, estáveis(7,17,20,21,23).
Nas fraturas instáveis que apresentam desvio maior que
8mm, o tratamento inicial pode ser a tração com halo por
um período de quatro a seis semanas, seguida por imobilização com halo-gesso por um período adicional de um a
102
dois meses. Nessas fraturas é de grande importância a realização da tração no leito durante quatro a seis semanas,
até que a formação inicial do calo ósseo impeça o desvio
dos fragmentos; a fratura perde a sua redução no momento
em que o paciente assume a posição ereta, fica sentado ou
deambula, ocorrendo o desvio inicial dos fragmentos pela
atuação da força axial exercida pela cabeça(7,17,21,23). No final do tratamento deve ser realizada radiografia dinâmica
da coluna cervical para avaliação da instabilidade entre C1C2. A avulsão do ligamento transverso da sua inserção apresenta consolidação em 26% dos pacientes(1).
Outra opção de tratamento das fraturas instáveis é a realização de artrodese entre C1 e C2, que pode ser efetuada
na fase aguda da fratura ou após a tração com halo por um
período de quatro a seis semanas(14). A decisão terapêutica
depende das condições do paciente e da capacitação do
cirurgião para realizar o procedimento na fase aguda.
FRATURAS DO PROCESSO ODONTÓIDE
As fraturas do processo odontóide representam 7% a 15%
das fraturas da coluna cervical(27). Essas fraturas apresentam
características muito diferentes (incidência, epidemiologia,
mecanismo de trauma, características clínicas e conduta
terapêutica), de acordo com a idade dos pacientes, que diferenciam as fraturas da criança, do adulto jovem e idosos.
Em crianças com idade inferior a sete anos, o processo
odontóide está acometido em 75% dos traumatismos da
coluna cervical(22), devido à interposição de sincondrose,
entre o processo odontóide e o corpo de C2, sendo a parte
da vértebra mais vulnerável às fraturas(22,27). A maior percentagem das fraturas do processo odontóide ocorre nos
adultos; nos adultos jovens as fraturas são geralmente causadas por trauma de alta energia (acidente automobilístico, queda de grande altura, etc.), estando por isso associadas a outras lesões(28,29). Acima dos 70 anos de idade a
fratura do processo odontóide é a mais freqüente ao nível
da coluna cervical; acima dos 80 anos de idade, é a fratura
mais freqüente da coluna vertebral, estando esse fato relacionado com a osteoporose e diminuição da sua massa óssea(30,31). As fraturas nesse grupo de pacientes são causadas
por queda da própria altura e geralmente não estão associadas com lesões do crânio ou outras, como ocorre nos
pacientes mais jovens. Nesse grupo de pacientes a morbidade e mortalidade relacionadas às fraturas do processo
odontóide são muito elevadas quando comparadas com os
mais jovens, sendo esse fato de grande importância na elaboração do tratamento(6,28,31).
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LESÕES TRAUMÁTICAS DA COLUNA CERVICAL ALTA
O diagnóstico da fratura do processo odontóide pode ser
realizado por meio de radiografias simples (AP transoral e
perfil) em 94% dos pacientes. No entanto, o diagnóstico
não é realizado no primeiro atendimento em grande número dos pacientes, não por problemas relacionados aos exames complementares, mas devido à falta de suspeição pelo
examinador, baixo nível de consciência dos pacientes, traumatismo craniencefálico e trauma da face(7,17,22,29).
As queixas dos pacientes são inespecíficas e representadas principalmente por dor occipital ou suboccipital, associada com espasmo muscular e diminuição dos movimentos
da coluna cervical, de modo que o diagnóstico é realizado
somente quando a possibilidade da ocorrência da fratura é
lembrada e as radiografias são solicitadas. A suspeição do
diagnóstico é de grande importância nos pacientes com
ferimentos ou traumatismos da face ou couro cabeludo, bem
como nos com baixo grau de consciência.
A tomografia computadorizada com reconstruções no
plano sagital e coronal permite a análise da fratura com
maiores detalhes e o diagnóstico das lesões associadas
como, por exemplo, a fratura do arco do atlas, que é a mais
comum. A tomografia computadorizada permite ainda o
diagnóstico e a interpretação de outras lesões mais complexas e raras. A tomografia computadorizada realizada
somente com cortes axiais pode não detectar a fratura se o
plano do corte axial coincidir com o plano da fratura(7,17,27).
A estabilidade das fraturas do processo odontóide é de
extrema importância para a elaboração do tratamento. A
fratura é considerada estável quando é impactada e não
apresenta desvio. O modo mais seguro para a determinação da estabilidade dessas fraturas é a realização de radiografias dinâmicas em perfil, pois muitas fraturas instáveis
podem não apresentar desvio nas radiografias convencionais e evoluem com perda da redução(17,31).
O diagnóstico diferencial das fraturas do processo odontóide deve considerar “os odontóideos” e os centros de ossificação do modelo cartilaginoso do áxis, que geralmente
suscitam dúvidas com relação ao diagnóstico(7,22,27).
A classificação proposta por Anderson e D’Alonzo(32)
baseia-se na localização da linha da fratura e tem sido a
mais utilizada e de maior aceitação. As fraturas foram divididas em três tipos:
Tipo I – fratura obliqua através da parte próxima do processo odontóide.
Tipo II – fratura na junção do processo odontóide com o
corpo do áxis.
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Tipo III – fratura através do osso esponjoso do corpo do
áxis.
As fraturas do tipo I são raras e consideradas como provável avulsão da inserção do ligamento alar. As fraturas do
tipo II são as mais freqüentes e possuem tendência para
instabilidade e não consolidação, apresentando altas percentagens de pseudartrose quando tratadas por métodos conservadores. Esse tipo de fratura está localizado na porção mais delgada do processo odontóide, distalmente à área
coberta pelo ligamento transverso e acima do corpo do áxis.
O desvio dessas fraturas pode ser angular ou translacional
e a posição da cabeça pode influenciar no desvio ânteroposterior, provavelmente pelas inserções dos ligamentos
alares, ligamento apical e ligamento acessório no fragmento
proximal da fratura. As fraturas do tipo III são mais estáveis e apresentam melhor prognóstico de consolidação devido à maior superfície de osso esponjoso do áxis envolvido na área da fratura(22,29). O tratamento das fraturas do
processo odontóide depende de vários fatores, que devem
ser analisados em conjunto e adaptados da melhor maneira
a cada paciente. O tipo de fratura, a idade do paciente, o
estado geral do paciente, a presença de lesões associadas,
os recursos técnicos disponíveis e a filosofia de tratamento
do cirurgião são os principais parâmetros sobre os quais a
decisão terapêutica é tomada(22,27,33).
As fraturas do tipo I são lesões muito raras e sem repercussão sobre a estabilidade do segmento C1-C2 e apresentam bom prognóstico. No entanto, esse tipo de fratura pode
estar associado com luxação atlanto-occipital e a estabilidade da articulação atlanto-occipital deve ser avaliada antes do início do tratamento. A artrodese occipito-cervical
deve ser realizada nos casos de luxação atlanto-occipital
associada com fratura do tipo I(6,22,28).
As fraturas isoladas do tipo I devem ser tratadas apenas
com colar cervical por um período de seis a oito semanas.
Após a consolidação da fratura, a estabilidade deve ser
avaliada por meio de radiografias dinâmicas antes da liberação do paciente(22,28).
As fraturas do tipo II são as mais freqüentes e apresentam a maior taxa de não consolidação com o tratamento
conservador, com índices que variam de 5% a 63%(6,22,28,
29,34,35). A não consolidação tem sido relacionada a muitos
fatores, como o desvio inicial > 5mm, angulação > 10º,
desvio em dois planos, diástase dos fragmentos, idade acima de 40 anos, imobilização insuficiente e diagnóstico tardio(28,29,35). Existe consenso de que a redução anatômica e a
sua manutenção por meio de imobilização rígida é funda103
H.L.A. DEFINO
mental para a obtenção da consolidação da fratura(21,28,29,36).
A partir da redução da fratura o tratamento pode ser realizado por meio de imobilização com halo-gesso por um
período de 12 semanas; pode ser executada a osteossíntese
da fratura com parafusos de compressão interfragmentária
ou pode ainda ser realizada a artrodese posterior C1C2(28,31,33,35). A escolha depende dos fatores anteriormente
mencionados e principalmente da filosofia de tratamento
do cirurgião, sua experiência e recursos disponíveis, que
academicamente não são muito mencionados e, apesar de
estarem muito embasados em critérios extremamente subjetivos, participam de modo importante na decisão terapêutica final.
As fraturas do tipo III apresentam um índice de não consolidação da ordem de 10% a 15%, menor quando comparado com as fraturas do tipo II, mas a não consolidação
pode ocorrer mesmo em fraturas sem desvio inicial; esse
tipo de fratura não deve ser considerado como uma lesão
benigna, devendo ser imobilizada com halo-gesso(28,31). As
fraturas com desvio devem ser reduzidas por meio da aplicação do halo craniano e, em analogia com as fraturas do
tipo II, o tratamento pode ser conservador com a utilização
de halo-gesso, osteossíntese do processo odontóide ou artrodese C1-C2.
A osteossíntese do processo odontóide representou uma
alteração importante no tratamento dessas fraturas, eliminando a utilização de grandes órteses, abreviando o período de internação hospitalar, a reabilitação e o retorno ao
trabalho, além de reduzir o índice de não consolidação(18,
33,37). As complicações do tratamento cirúrgico devem ser
comparadas com as suas vantagens; o mau posicionamento dos parafusos e infecção têm sido as complicações descritas, porém em percentagem muito reduzida(31,33,37). A artrodese posterior C1-C2 é outra alternativa de tratamento
cirúrgico e apresenta bons resultados na grande maioria
dos pacientes. No entanto, bloqueia os movimentos entre
C1 e C2, que são responsáveis por 50% da rotação da coluna cervical(14,15).
Nos idosos o tratamento das fraturas do processo odontóide deve considerar o alto índice de não consolidação, a
morbidade e a mortalidade que esse grupo de pacientes
apresenta; a tomada da decisão terapêutica é totalmente
diferente da dos pacientes adultos(30,38).
O tratamento conservador utilizando halo-gesso ou halovest apresenta consideráveis desvantagens nesse grupo de
pacientes, devido ao alto índice de não consolidação das
fraturas (25% a 30%) e complicações associadas ao seu
104
uso(31,35,38,39). O repouso prolongado no leito é fator de risco para esses pacientes(30,40) e a mortalidade é maior nos
tratados conservadoramente, de modo que essa modalidade de tratamento para os idosos tem sido contra-indicada
por alguns autores(27,30,34,38,40).
As fraturas instáveis devem ser tratadas cirurgicamente;
a idade e doenças associadas não são contra-indicações para
o tratamento cirúrgico, que reduz a taxa de mortalidade
nessas fraturas(34,38). A artrodese posterior C1-C2 tem sido
apontada como o procedimento de escolha nesse grupo de
pacientes, pois a osteossíntese anterior com parafusos não
apresenta os mesmo índices de bons resultados observados nos pacientes adultos; tem sido registrado alto índice
de não consolidação nos pacientes com idade acima de 60
anos, soltura de implantes e necessidade de reoperação,
ambos atribuídos à presença de osteoporose que impede a
boa ancoragem dos implantes(31,38). A artrodese posterior
C1-C2, nos pacientes idosos, tem apresentado alto índice
de bons resultados, baixo índice de complicações e a limitação da rotação da coluna cervical imposta pela artrodese
tem sido bem tolerada nesse grupo de pacientes(30,34,38,41).
O tratamento conservador utilizando órteses cervicais tem
sido proposto por alguns autores nos pacientes idosos, conscientes de que o risco de não consolidação é alto, que a
não consolidação pode evoluir para instabilidade C1-C2 e
produzir, a longo prazo, dor e mielopatia(34,38). A falta de
consolidação não é equivalente a mau resultado; a consolidação fibrosa em alguns pacientes seria compatível com a
ausência de sintomas e função normal(42). No entanto, não
é possível, na avaliação inicial da fratura, a determinação
de qual união fibrosa seria compatível com boa função e
ausência de sintomas neurológicos.
A não consolidação da fratura pode ocorrer como resultado de qualquer método de tratamento, embora índices
significativos tenham sido especialmente observados nas
fraturas do tipo II de Anderson e D’Alonzo que não receberam tratamento adequado(6,29,36,41). O quadro clínico apresenta sintomas locais (dor cervical alta, rigidez cervical,
limitação dos movimentos, fraqueza ou instabilidade do
pescoço, tontura, torcicolo), ou ainda sinais de compressão das estruturas nervosas (mielopatia, radiculopatia, cerebelopatia) em menor percentagem dos pacientes, que
estão diretamente relacionadas com a instabilidade atlanto-axial e compressão das estruturas nervosas. A pseudartrose do processo odontóide é o único tipo de pseudartrose
que coloca a vida do paciente em risco, pela sua relação
anatômica com centros vitais localizados nesse segmento
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LESÕES TRAUMÁTICAS DA COLUNA CERVICAL ALTA
da medula espinhal. No entanto, alguns pacientes apresentam não consolidação da fratura e são assintomáticos, devido à união fibrosa que ocorre, permitindo função normal(43,44,45).
A artrodese atlanto-axial é o procedimento de escolha
nos casos de não consolidação em que as relações anatômicas entre C1 e C2 estão preservadas, podendo ser utilizada tração pré-operatória para a sua obtenção. Outras alternativas cirúrgicas utilizando a fixação provisória da
articulação atlanto-axial com parafusos ou osteossíntese
do processo odontóide associadas com colocação de enxerto ósseo no local da pseudartrose possuem a vantagem
da preservação dos movimentos desse segmento vertebral,
sendo, no entanto, procedimentos mais complexos e trabalhosos(44,46,47).
Nas consolidações viciosas acompanhadas de compressão das estruturas nervosas, a artrodese occipito-cervical,
associada à descompressão das estruturas nervosas posteriores ou associada à descompressão transoral, nos casos
de compressão anterior, é o método pelo qual a recuperação neurológica associada à estabilização do segmento
vertebral tem sido obtida(44,45,47).
ESPONDILOLISTESE TRAUMÁTICA DO ÁXIS
A espondilolistese traumática do áxis é caracterizada pela
fratura bilateral dos pedículos do áxis (C2) e foi denominada de fratura do enforcado (hangman’s fracture) por Schneider et al (1965)(48), devido às semelhanças radiológicas
com aquelas provocadas pelo enforcamento judicial, que
foram observadas por Wood-Jones em 1913 no estudo das
lesões ósseas de pessoas enforcadas(49).
O epônimo “fratura do enforcado” tem sido utilizado
genericamente na literatura para descrever as fraturas relacionadas com o enforcamento judicial ou aquelas causadas por acidentes automobilísticos, quedas ou outros tipos
de traumatismo da coluna cervical. A utilização genérica
desse epônimo tem sido incorreta, pois esses dois grupos
de fraturas são totalmente distintos com relação ao mecanismo da lesão, lesão das partes moles, quadro clínico e
prognóstico.
A localização excêntrica das facetas articulares do áxis,
associadas ao seu istmo delgado, torna essa parte da vértebra mais vulnerável às fraturas(49,50).
A espondilolistese traumática do áxis raramente está associada com lesão neurológica, tendo sido relatados índices que variam de 6,5% a 16%(50,51). O alargamento do caRev Bras Ortop _ Vol. 37, Nº 4 – Abril, 2002
nal vertebral que ocorre nessa fratura produz um efeito de
descompressão aguda(50).
O diagnóstico da fratura e a sua classificação têm sido
efetuados com base nas imagens observadas nas radiografias de perfil, utilizando-se o grau de desvio (translação ou
angulação) do fragmento anterior e a relação das superfícies articulares entre C2-C3 como parâmetros.
A classificação proposta por Levine e Edwards (1985),
citada por Santiago(10), é a mais aceita e utilizada no momento, e corresponde basicamente à classificação apresentada por Effendi et al (1981)(50) com o acréscimo da fratura
do tipo IIa e a utilização dos parâmetros para mensuração
dos desvios apresentados por Francis et al (1981)(52), que
estabeleceram como valores limítrofes a translação acima
de 3,5mm e a angulação superior a 11º, visando a avaliação da instabilidade.
A classificação de Levine e Edwards (1985)(10) divide a
espondilolistese traumática do áxis em quatro tipos:
Tipo I – fratura sem desvio ou angulação e desvio translacional menor que 3,5mm.
Tipo II – fratura com desvio translacional ou angular
importante.
Tipo IIa – fratura com pequeno desvio translacional e
grande angulação, que apresenta aumento do espaço discal posterior entre C2-C3 com a aplicação da tração.
Tipo III – fratura com grande desvio translacional e angular, associada com luxação uni ou bilateral das facetas
articulares C2-C3.
As fraturas dos tipos I e II são as mais freqüentes, enquanto as dos tipos IIa e III são mais raras, representando
juntas menos de 15% do total(49).
O mecanismo de trauma da espondilolistese traumática
do áxis não é único e os diferentes tipos seriam produzidos
por diferentes mecanismos de trauma. O mecanismo de
hiperextensão e compressão axial seria o responsável pelas fraturas do tipo II e a associação dessas fraturas com
outras da coluna cervical alta (arco posterior do atlas, fratura da massa lateral do atlas e processo odontóide), que
são produzidas pela hiperextensão, confirma essa hipótese(49,50). As fraturas do tipo II são provavelmente resultantes da associação de hiperextensão e compressão axial inicial, seguida de flexão e compressão. A grande maioria
desse tipo de fratura é ocasionada por acidentes automobilísticos, que resultam na aplicação de forças de aceleração
e desaceleração atuando em direções opostas sobre a coluna cervical. No entanto, alguns autores(13,50) acreditam que
105
H.L.A. DEFINO
o mecanismo de produção desse tipo de fratura seja somente a hiperextensão e compressão axial.
Nas fraturas dos tipos IIa e III o mecanismo de flexão é
predominante, atribuindo-se o mecanismo de flexão e distração para as fraturas do tipo IIa e flexão-compressão para
as fraturas do tipo III(49,50).
A espondilolistese traumática do áxis é uma lesão relativamente benigna, pois raramente está associada com lesão
neurológica, apresenta boa evolução com tratamento conservador, a redução anatômica não é necessária para a obtenção de bons resultados, e a sua não consolidação é muito rara, ocorrendo em cerca de 5% das fraturas(50,52).
O tratamento tem sido orientado de acordo com o tipo
de fratura. As discussões acerca da conduta ideal estão relacionadas não somente com o tipo de fratura, mas também com a filosofia de tratamento do cirurgião, recursos
disponíveis, lesões associadas e estado geral do paciente.
As fraturas do tipo I são lesões estáveis e podem ser tratadas por meio de órteses cervicais, halo-gesso, halo-vest
ou gesso minerva por um período de 12 semanas. O tipo de
imobilização depende principalmente do grau de colaboração do paciente, não tendo sido observada diferença com
relação ao tempo e percentagem de consolidação, amplitude de movimento, entre os pacientes que utilizaram órtese
cervical ou halo-gessso(50,51,52).
Nas fraturas do tipo II a redução é geralmente obtida por
meio da aplicação de tração; a seguir, a fratura é imobilizada com a aplicação do halo-gesso por um período de 12
semanas. Naquelas situações em que a redução adequada
(desvio anterior menor que 4mm-5mm ou angulação menor que 10º-15º) não pode ser obtida, o paciente é mantido
por um maior período na tração (quatro a seis semanas) e a
seguir utiliza o halo-gesso por seis semanas.
A maioria das fraturas do tipo II apresenta perda da redução inicial, que é de pequeno grau e não interfere na
consolidação e resultado final(49,50,51,52).
O tratamento cirúrgico tem sido apresentado como alternativa para o tratamento das fraturas do tipo II, com a
finalidade de eliminar a utilização de imobilização externa
por longos períodos e proporcionar maior conforto aos
pacientes. O tratamento cirúrgico tem sido também indicado por alguns autores para as lesões instáveis e que não
podem ser adequadamente reduzidas(53). A artrodese anterior C2-C3 ou a fixação transpedicular de C2 são os métodos de tratamento cirúrgico disponíveis para essas fraturas(49,53).
As fraturas do tipo IIa apresentam aumento da parte posterior do espaço discal entre C2-C3 após a aplicação de
tração; a redução dessas fraturas é obtida pela remoção da
tração e aplicação de pequena compressão e extensão, pois
o provável mecanismo da lesão dessas fraturas é a flexãodistração. Essas fraturas podem ser tratadas com halo-gesso por um período de 12 semanas, ou cirurgicamente estabilizadas por meio da artrodese anterior C2-C3 ou fixação
transpedicular de C2, como nas fraturas do tipo II(49).
O tratamento cirúrgico está indicado nas fraturas do tipo
III para a redução das facetas articulares e sua estabilização por meio da artrodese. A fixação transpedicular de C2
permite a realização da artrodese C2-C3 e a artrodese C1C2-C3 é outra alternativa de tratamento cirúrgico, mas que
apresenta a desvantagem da inclusão de uma vértebra adicional na área de artrodese, que ocasiona perda significativa do movimento de rotação.
A utilização de halo-gesso durante 12 semanas, após a
redução cirúrgica e artrodese C2-C3, é outra opção de tratamento para as fraturas do tipo III(49).
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