AVALIAÇÃO ESCOLAR: a implicação das metodologias de

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AVALIAÇÃO ESCOLAR: a implicação das metodologias de avaliação na qualidade do
processo de ensino e aprendizagem
Creuzeli Coelho Batista1
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo promover uma reflexão/análise entre professores,
gestora e coordenadores pedagógicos sobre a concepção de avaliação, as metodologias
utilizadas na avaliação da aprendizagem escolar dos educando, perguntando as metodologias
de avaliação adotadas pelos professores, do 5º ano do Ensino Fundamental da Escola
Municipal Boanerges Moreira de Paula, estão contribuindo no aspecto qualitativo com o
processo de ensino e aprendizagem dos alunos. A metodologia utilizada foi à pesquisa-ação e
para coleta de dados foi usados à entrevista, o questionário e análise documental. O texto
abordará a concepção de avaliação segundo as teorias de Cipriano C. Luckesi, e Jussara
Hoffmann, dentre outros e na visão dos professores sobre a atual dinâmica do processo de
avaliação da escola. E para confrontar com a prática, buscou-se depoimentos de professores,
alunos e gestora da Unidade Escolar. Os resultados demonstraram que as concepções de
avaliação se associaram frequentemente à verificação da aprendizagem através de provas,
servindo ao professor, prioritariamente. Tais resultados, longe de serem conclusivos,
ampliam, no entanto, nossa compreensão a respeito da visão dos docentes e discentes sobre a
avaliação, fornecendo um conjunto de informações bastante relevante, tanto do ponto de vista
da reflexão teórica quanto da prática educativa.
PALVRAS-CHAVE: Processo de Avaliação, Metodologias, Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A avaliação da aprendizagem escolar é uma atividade didática, pedagógica permanente
e necessária ao trabalho docente, pois é através desse processo que acontece o
acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem. E nessa dinâmica é que vão sendo
comparados os resultados obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos,
conforme os objetivos estabelecidos, com a finalidade de verificar os progressos, dificuldades
e orientar o trabalho para as possíveis soluções necessárias. A avaliação insere-se não só nas
funções didáticas, mas também na própria dinâmica e estrutura do processo de ensino e
aprendizagem. Nesse sentido, a avaliação escolar estar para analisar e compreender o
processo de ensino e aprendizagem, ajudar na elaboração da proposta pedagógica da escola e
1Pedagoga,
Universidade Federal do Tocantins – UFT, trabalho de conclusão de curso, sob a
orientação da Prof. Menissa Bessa Carrijó.
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garantir que ela seja colocada em prática, isto é, fazer para compreeender e compreender para
fazer a prática escolar de acordo com a realidade na qual a escola está inserida, buscando
fundamentar o trabalho pedagógico nos princípios de reflexão sobre suas práticas
pedagógicas.
Assim, este trabalho de pesquisa foi direcionado no sentido de investigar ao
questionamento que nos inquieta: As metodologias de avaliação adotadas pelos professores,
do 5º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Boanerges Moreira de Paula, estão
contribuindo no aspecto qualitativo com o processo de ensino e aprendizagem dos educandos?
Onde definimos como objetivo geral - Analisar a avaliação escolar adotada pelos professores
da Escola Municipal Boanerges Moreira de Paula e efetivar ações pedagógicas substitutivas e
sequencialmente, como objetivos específicos: Analisar e conhecer a concepção de avaliação
escolar adotada na proposta pedagógica da referida Unidade Escolar, relacionando-a com a
dos docentes; Identificar como é conduzido o processo de avaliação na escola e; Analisar os
métodos de avaliação do processo de ensino e aprendizagem que são adotados pelos
professores do 5º ano do Ensino Fundamental e fazer gestão de resultados, instituindo
políticas de intervenção.
O desenvolvimento deste trabalho se deu a partir da metodologia de pesquisa-ação
utilizando os seguintes instrumentos para coleta de dados: entrevista semi-estruturada,
questionário, observação participativa e analise documental. Partiu-se de um levantamento de
literatura, sendo que se pode destacar como mais importantes autores do referencial teórico
Cipriano C. Luckesi (2005), Jussara Hoffmann (2010), dentre outros autores que tratam do
tema avaliação escolar.
O presente trabalho, que tem como foco avaliar os instrumentos de avaliação adotados
pela referida Unidade Escolar quanto ao desenvolvimento qualitativo do processo de ensino e
aprendizagem dos educando, teve início com a fundamentação teórica acerca da temática
avaliação escolar. Em seguida, procedeu-se com a coleta de dados através da entrevista com
os professores e gestora da escola campo, questionário aplicados a uma amostra com quatro
alunos do 5º ano do Ensino Fundamental e análise documental, onde foi avaliado o Projeto
Político Pedagógico no item avaliação, prioritariamente. Como ação de intervenção foi
realizada o estudo de formação continuada com os professores e a reestruturação do PPP item
avaliação com base nas teorias estudadas e a realidade da escola.
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O presente trabalho está dividido em duas partes, além da introdução e considerações
finais: na primeira parte aborda o tema avaliação escolar, na segunda consta a análise e
interpretação dos dados empíricos e intervenção na realidade escolar.
1 - O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA ESCOLA
O termo avaliação deriva de a palavra valer, que vem do latim vãlêre, e refere-se a ter
valor, ser válido. Consequentemente, um processo de avaliação tem por objetivo averiguar um
determinado “valor” sobre alguma prática. Os métodos de avaliação do nosso sistema
educacional estão dando ênfase principalmente ao desenvolvimento de habilidades por
competência.
Baseado em Ander-Egg (1997), Ferreira e Santos (2000), Saul (2000, p. 61),
Hoffmann (1993, p. 94), Romão (1999, p. 88) e outros, existem pelo menos seis tipos de
avaliação, que combinados de uma forma harmônica e adequados para o grupo de alunos, são
capazes de compor o processo de avaliação que são eles: avaliação somativa, formativa,
diagnóstica, emancipatória, mediadora e dialógica. Como o próprio nome indica a avaliação
somativa, tem como objetivo representar um sumário, uma apresentação concentrada de
resultados obtidos numa situação educativa. A avaliação formativa é a forma de avaliação
em que a preocupação central reside em coletar dados para reorientação do processo ensino e
aprendizagem. A avaliação diagnóstica tem dois objetivos básicos: identificar as
competências do aluno e adequá-lo num grupo ou nível de aprendizagem. A avaliação
emancipatória utiliza-se do senso de autocrítica e autodesenvolvimento do aluno, através de
instrumentos como a auto-avaliação e a co-avaliação. Nesse modelo, o professor torna-se um
tutor e emite suas opiniões através de relatórios do processo evolutivo do aluno. A avaliação
mediadora visa prestar muita atenção nas crianças e nos jovens, insistindo em conhecê-los
melhor, em entender suas falas, seus argumentos, ouvindo suas perguntas, fazendo-lhes novas
e desafiadoras questões no intuito de buscar alternativas para uma ação educativa voltada para
a autonomia moral e intelectual. A avaliação dialógica mantém um diálogo entre o educador
e o educando, visa promover o desenvolvimento do estudante e incentivá-lo a avançar e
procurar formas de transformar o meio em que vive. O educador age como o mediador,
incentivando a integração e a participação, em favor da aprendizagem escolar.
Atualmente os objetivos da avaliação visam tanto o processo de aprendizagem quanto
os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma diferença fundamental em relação
às provas escolares são as avaliações permanentes, que se realiza com outros meios, entre os
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quais se inclui o conjunto de tarefas realizadas pelo estudante no decurso do ano escolar. A
avaliação é, assim, realizada para obter informação mais abrangente que a simples e pontual
referência das provas.
Avaliar tem se confundido com a possibilidade de medir a quantidade de
conhecimentos adquiridos pelos alunos e alunas, considerando o que foi ensinado
pelo professor ou professora. O ensino tem sido a referência para a atribuição de
valor à aprendizagem (Estebam, 2003, p. 81).
Nesse sentido, é necessário mencionar que a escola que se almeja, dentro da
pedagogia preocupada com a transformação, é a que repensa suas práticas pedagógicas,
buscando a inovação, para com o processo de ensino e aprendizagem. A escola existe em
função de seus alunos, e cabem a nós, educadores, refletirmos se realmente se respeita os
alunos em relação o acesso ao conhecimento e se consideramos quem são eles, de onde
vieram em que contexto vive.
Em se tratando das práticas avaliativas da referida Unidade Escolar, foco dessa
pesquisa, percebe-se que estão fundamentados da avaliação classificatória, uma vez que as
metodologias de avaliação estão baseadas quase que exclusivamente em provas, revelando
que os professores, mantêm a tradicional forma de avaliar por meio de provas e trabalhos, sem
fazer uma reflexão com ênfase nos resultados alcançados, atentando para os dados
quantitativos em detrimento dos qualitativos. Diante disso, nota-se que esses profissionais
ainda continuam avaliando conforme suas formações, modelo de avaliação, que outrora era o
método mais eficaz para verificação de aprendizagem escolar a “prova”.
As práticas de avaliação requerem a compreensão, pelo professor, de que os diversos
modelos de ensino e aprendizagem implicam abordagens de avaliação diferenciadas. Neste
sentido, as práticas avaliativas através de “prova”, que há décadas vem sendo usado no campo
educacional não progrediram no sentido de investigar sobre a aprendizagem em que os alunos
se encontram e ainda persistem com a finalidade de apreciar resultados e atribuir notas finais
ao invés de servirem de indicadores para ação mediadora do educador. Segundo Hoffman
(2010), as provas prevalecem até hoje na maioria das escolas, porque são importantes
instrumentos avaliativos no processo de investigação do desempenho do aluno, uma vez que
essas provas não aconteçam quanto à prática de exames, provas parciais, ou únicas, finais,
cuja intenção é exclusivamente de “verificar” e “registrar” se o aluno aprendeu ou não o que
se pretendia. Portanto, percebe-se que ainda se vivencia nas práticas atuais a avaliação através
de provas com o objetivo de verificar se o aluno aprendeu ou não o conteúdo trabalhado.
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Avaliar a aprendizagem escolar através de diferentes práticas avaliativas é primordial
no sentido de se ter elementos consistentes para orientar os alunos a prosseguir na busca de
novos conceitos, em suas aprendizagens.
Assim, todas as informações disponíveis num processo de avaliação sobre o
desempenho acadêmico são úteis, tanto para professores quanto para alunos, porque
subsidiarão o julgamento do valor dos resultados e a tomada de decisões relativas aos
progressos e às dificuldades que podem ocorrer durante o processo de ensino e aprendizagem.
Este ajuizamento de valor dos resultados de aprendizagem depende do conceito que o
professor tem do processo de avaliação, que por sua vez, determina o que e como ele avalia.
Assim, segundo Hoffman (2010), rever a concepção de avaliação e os aspectos a ela
subjacentes é rever certamente as concepções de ensino e aprendizagem, de educação e de
escola, apoiadas em princípios e valores comprometidos com a instituição e com a formação
do aluno cidadão. Quando isso for colocado em prática, a avaliação será vista como função
diagnóstica, dialógica e transformadora da realidade escolar.
Quanto à proposta pedagógica da escola, define-se a avaliação como mediadora do
processo de ensino e aprendizagem, onde se percebe que há uma contradição entre o que é
proposto e o que acontece na prática.
Mudar, muitas vezes, é um processo árduo, já que procedimentos e atitudes avaliativas
tradicionais e inadequadas para o tempo em que vivemos se encontram profundamente
enraizados nos professores e alunos.
2 - O trabalho docente e o procedimento de avaliação de ensino-aprendizagem
abordagem entre teoria e prática
A avaliação do processo de ensino e aprendizagem deve ser norteada por critérios
previamente estabelecidos. Se avaliar é também planejar e estabelecer objetivos, é de
fundamental importância que os critérios da avaliação que condicionam seus resultados
estejam sempre subordinados a finalidade e aos objetivos previamente estabelecidos para
qualquer prática, seja educativa, social, política ou cultural.
Este trabalho foi realizado na Escola Municipal Boanerges Moreira de Paula, situada
no Assentamento Brejinho, Zona Rural do Município de Miracema do Tocantins, instituição
fundada no ano de 2000, atendendo a 71 famílias, tinha uma estrutura física de palha e
madeira. No ano em que foi fundada tinha apenas 25 alunos e atendendo do 1º ao 5º ano do
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Ensino Fundamental. No ano seguinte passou a trabalhar com turmas do 1º ao 7º ano. No ano
2002 passou a funcionar do 1º ao 9º ano. Em Agosto de 2006 a unidade escolar passou a
funcionar numa estrutura moderna. Atualmente atende a 153 alunos do 1º ao 9º ano.
Seguindo para o desenvolvimento da pesquisa – ação a princípio realizou-se um
estudo sobre a avaliação escolar e desenvolvendo o trabalho de apoio pedagógico buscou-se
realizar esse projeto no intuito de contribuir com o aperfeiçoamento do tema avaliação escolar
onde realizamos as seguintes etapas: entrevista com os professores, gestora e o questionário
aplicado aos alunos como apresentado a seguir a análise desses dados.
Os educadores quando interrogados sobre qual a concepção de avaliação, 60% dos
entrevistados mencionaram que a avaliação escolar deve ser contínua, objetivando avaliar o
conhecimento dos educando e assim procurar aperfeiçoá-lo, primando pelo processo de
ensino e aprendizagem de qualidade. Já 40% dos entrevistados reconhecem que é um
processo minucioso e que requer do avaliador um conhecimento mais amplo sobre o avaliado.
Baseando nas ideias de Buriasco (2000), a avaliação pressupõe definir princípios em função
de objetivos que se almeja alcançar; constituir instrumentos e caminhos para realização dessa
ação; verificar constantemente a caminhada, de forma crítica, levando em conta todos os
elementos envolvidos no processo. Sendo assim, ela não possui uma finalidade em si, mas
auxilia o curso de uma ação que visa construir um resultado previamente definido.
A avaliação, conforme a ideia do referido autor deve ocorrer de forma contínua e
processual, no decorrer de todo o processo educativo, visando redimensionar o ensino para
impulsionar a aprendizagem do aluno, por permitir a realização de uma análise crítica,
coerente com este processo.
Nesta concepção, a avaliação deve ter uma finalidade
diagnóstica, voltada para o levantamento das dificuldades dos alunos, com vistas à correção
de rumos, à reformulação de procedimentos didáticos ou até mesmo dos objetivos. A
avaliação é um processo contínuo e paralelo ao processo de ensino e aprendizagem. Ela deve
ser permanente, permitindo-se a periodicidade das dificuldades e avanços do aluno
relativamente às suas próprias situações progressivas. Nesse sentido, é possível compreender
a avaliação como parte complementar do procedimento de aprendizagem e não como seu
produto terminado, é imprescindível que o educador inclua as relações entre o que existe e o
que se espera; entre um dado desempenho e um comportamento alvo; entre uma realidade e
um modelo ideal, devem estar sempre presentes em sua reflexão.
Já para compreender a concepção de avaliação escolar para o discente aplicamos o
questionário onde fizemos os seguintes questionamentos: O que você compreende por
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avaliação, 60% dos entrevistados veem como instrumento para medir a capacidade de cada
aluno nas atividades propostas. Já 40% gostam das avaliações, pois sem as avaliações é como
estudar sem aprender. Segundo Hoffmann (2005, p. 54), “a avaliação significa ação
provocativa do professor, desafiando o educando a refletir sobre as situações vividas, a
formular e reformular hipoteses, encaminhando-se a um olhar enriquecido”.
A avaliação escolar surge se constituindo em um problema sucessivamente, pois
exclui grande parte da população do acesso ao saber. Estigmatiza a ignorância de alguns para
melhor celebrar a excelência de outros. É ela quem decide quem continuará estudando, o
papel que desempenhará na sociedade, bem como quem entra no mercado de trabalho e quem
fica no meio do caminho (Perrenoud, 1999).
Os Educadores quando questionados sobre os métodos de avaliação adotados pela
equipe se estão contribuindo com o processo de ensino e aprendizagem, dos entrevistados,
40% nos relataram que acreditam que sim, pois há uma grande preocupação por parte de todo
o corpo docente em utilizar de forma correta e justa os métodos avaliativos. Já 60% dos
entrevistados possuem outra visão, pois veem que nem sempre a avaliação em si é a forma
adequada de diagnosticar a aprendizagem. Embora haja diversas formas avaliativas, contudo
procura-se a melhor forma de contribuir com o desempenho dos alunos. Na visão de
Hoffmann “2010”, as práticas avaliativas não devem restringir apenas a um método, mas que
o educador possa diversificar essas práticas visando sempre acompanhar o processo de ensino
e aprendizagem. Nesse sentido, os instrumentos e as estratégias utilizados pelos professores
para avaliar o conhecimento e o raciocínio dos alunos não devem consistir somente em
instrumentos que os selecionem e classifique, mas que possibilitem o referido
acompanhamento individual da trajetória cognitiva dos mesmos. Sabemos que não existem
recursos específicos de avaliação que possam diagnosticar a totalidade do desenvolvimento
cognitivo dos mesmos, no entanto, o professor pode eleger um ou mais que atendam aos seus
desígnios de ensino e de aprendizagem.
Dentro dessa linha, Hoffmann (1995, p.18) assim descreve a concepção transformadora:
a avaliação é a reflexão transformada em ação. Ação, essa, que nos impulsiona a
novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre sua realidade e
acompanhamento, passo a passo, do educando, na sua trajetória de construção do
conhecimento. Um processo interativo, através do qual educandos e educadores
aprendem sobre si mesmos e sobre a realidade escolar no ato próprio da avaliação.
Em relação aos instrumentos de avaliação adotados pela escola, os alunos também
foram questionados, onde 40% dos educandos gostam de provas e trabalhos, 20%
participação e seminários e 40% trabalhos de pesquisas e assiduidades. Salientamos,
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entretanto, a aplicabilidades de uma diversidade de instrumentos de avaliação se deve também
à exigência da LDB nº 9394/96, no artigo 24, capítulo V, que obriga legalmente os
professores a utilizarem mais de um meio de aferição com seus alunos. Luckesi (2002),
enfatiza a importância dos instrumentos e critérios, pois a avaliação não poderá ser praticada
sobre dados inventados pelo professor; este por sua vez deverá ter clareza dos objetivos de sua
prática avaliativa, dos instrumentos que irá utilizar e dos critérios que serão analisados para
cada instrumento.
Para os educandos quando estão respondendo as avaliações como se sentem, medindo
conhecimento; 40%. Verificando conteúdo; 40%. Como algo necessário no cotidiano da
escola; 20%. Como os educandos qualificam os métodos de avaliação que os professores
utilizam na Unidade Escolar, 60% classificaram como bom e 40% como excelente; Para os
educandos o que precisa ser melhorado no item avaliação da sua escola, ser mais bem
elaborada as atividades 60%, ter mais atividades para casa 40%.
Usualmente a avaliação é vista pelo aluno como um ato unilateral para promoção,
pode ser comumente, parte constituinte do processo de ensino e aprendizagem e, para muitos
professores, é mais um ritual exigido pela escola, tendo em vista a premiação dos melhores.
Isso faz com que a avaliação seja vista pelos educandos como um castigo e, muitas vezes,
pelos professores como um meio de demonstrar sua autoridade, punindo o aluno pelos erros
que muitas vezes ele próprio provocou.
Quando interrogados se avaliação exercida na escola está de acordo com o proposto no
Projeto Político Pedagógico, os professores foram unânimes em afirmar que sim, sabem que o
PPP é o cérebro da escola, a coluna vertebral.
A avaliação inserida no PPP desempenha papel importantíssimo de possibilitar a
construção da autonomia do sujeito e da instituição escolar, produzindo mudanças e
melhorando a qualidade da educação. A escola e as ações de seus profissionais serão de
qualidade, quando puderem ser consideradas, ao mesmo tempo, efetivas, relevantes, eficientes
e eficazes.
Para os Educadores os elementos básicos de uma avaliação somativa, formativa,
diagnóstica, emancipatória, mediadora, dialógica e prepositiva são contemplados no modelo
de avaliação dessa unidade escolar, todos responderam que sim. Primeiro teremos que fazer
uma avaliação diagnóstica, só assim constatamos o que devemos priorizar para que se obtenha
um resultado satisfatório. O ato de avaliar é essencialmente interpretativo: há uma troca de
mensagens entre quem avalia e quem está sendo avaliado. (Hoffmann 2010).
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Os educadores quando solicitados ao deixarem suas impressões no final da entrevista
sobre o que conversamos no tocante a avaliação escolar, 80% dos entrevistados relataram
sobre a importância da mesma, porém sabe-se que passamos por esse processo não apenas na
escola, mas faz parte da nossa vida. Na escola, no trabalho, no meio social, no dia-a-dia
estamos avaliando e sendo avaliados constantemente. Na visão de 20% dos educadores a
avaliação não deve ser encarada como um instrumento de punição ou de medir conhecimento,
mas sim como uma ferramenta que busque auxiliar o aluno e professor no processo de ensino
e aprendizagem. Não se esquecendo do objetivo principal que é a qualidade do ensino e
consequentemente o bom atendimento ao aluno. Diante do exposto, percebe-se que os
professores veem a avaliação como um mecanismo para medir conhecimento, isto foi possível
notar nas falas, no dia-a-dia e nos conselhos de classe. Buscar alternativas com instrumentos
diferentes de provas tais como: (atividades em sala, tarefas e caderno) apareceram
pouquíssimas vezes na prática, revelando que os professores ainda mantêm a tradicional
forma de avaliar.
A avaliação entendida enquanto ato pedagógico e impulsionador da aprendizagem,
objetiva diagnosticar a situação em que se encontra o aluno, em termos de dificuldades e
possibilidades, de forma a permitir a minimização ou eliminação das dificuldades, a correção
de falhas e o estímulo para que continue progredindo. Sendo um dos componentes da ação
educativa auxiliar o professor fornecendo informações básicas sobre quantos e quais os alunos
que estão conseguindo atingir os objetivos propostos proporcionando à auto-avaliação acerca
do trabalho pedagógico realizado buscando, redirecioná-los de forma mais proveitosa no
auxílio aos educandos.
Diante de todas as considerações apresentadas acerca do papel e do valor da avaliação
no processo educativo, enfatizamos que a avaliação deve ser conscientemente atrelada ao
entendimento de mundo, de sociedade e de ensino que queremos, permeando toda a prática
pedagógica e as decisões metodológicas. Sendo assim, a avaliação não deve representar o fim
do processo de aprendizagem, nem tampouco a escolha inconsciente de instrumentos
avaliativos, mas, sim, a escolha de um caminho a percorrer na busca de uma escola
necessária.
Acreditando na necessidade de um novo direcionamento, muitos educadores e
inúmeras escolas de ensino municipais e estaduais desenvolveram propostas baseadas em
princípios que deveriam nortear a superação do modelo tradicional por um modelo mais
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inovador, isto é, incluir outras competências no processo de ensino e de aprendizagem que até
então não eram trabalhadas nessa perspectiva.
Esse aspecto parte especialmente dos estudos desenvolvidos por intelectuais como
Piaget e Vygostsky, que defendem a tese de que o conhecimento é construído ativamente pelo
aluno e não apenas transmitido pelo professor. Nessa compreensão de ensino e de
aprendizagem, a avaliação possibilita ao aluno reconstruir o objeto do conhecimento. Tal
reconstrução permite que ele reformule hipóteses a partir de suas descobertas. É um processo
que possibilita tentativas, erros e acertos.
Nas propostas em que se busca uma nova concepção de avaliação educacional, o
diferencial básico é o objetivo com que se realiza a avaliação. Na perspectiva tradicional, o
importante é o resultado, isto é, o produto e, na nova perspectiva, o processo cognitivo
desencadeado pelo aluno é mais importante do que simplesmente os resultados obtidos.
Os professores quando argumentados sobre ao elaborar e/ou corrigir avaliações,
procura sempre se auto-avaliar, os entrevistados citaram que sim. É necessário estarmos
atentos para a ideia de que quando a maior parte dos alunos não saírem bem, o professor
também é responsável e precisa rever o seu método de ensino e refletir sobre sua prática,
mencionaram também sobre a necessidade de rever a didática de avaliação, como avaliar e
para que avaliar.
Nesse processo de avaliação, não podemos esquecer que o professor
também deve se avaliar, refletindo sobre o seu próprio trabalho, verificando seus
procedimentos e, quando necessário, reestruturando sua prática. Para que o papel mediador do
professor se efetive é essencial a sua tomada de consciência de que o ato de avaliar é
essencialmente interpretativo, levando em consideração as manifestações dos alunos no
tocante a leitura, escrita e interpretação dentre outras revelações. Segundo Piaget (1995),
mediador é aquele que promove desequilíbrio, conflito, reflexão e resolução de problemas,
aquele que oportuniza e favorece processos de reflexão do educando sobre suas ações,
articulando ideias, construindo compreensões cada vez mais ricas acerca da realidade. Sendo
assim, a finalidade da avaliação não é a de descrever, justificar, explicar o que o aluno
“alcançou” em termos de aprendizagem, mas a de desafiá-los todo tempo a ir adiante, a
avançar, confiando em suas possibilidades e oferecendo-lhes, sobretudo, o apoio pedagógico
adequado a cada um.
A avaliação por ser processo contínuo, visa à correção das possíveis distorções e ao
encaminhamento para a consecução dos objetivos previstos. Trata-se da continuidade da
aprendizagem dos alunos e não da continuidade de provas. O processo de avaliação se coloca
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como elemento integrador e motivador, e não como uma situação de ameaça, pressão ou
terror.
Todas as atividades avaliação deve acontecer para trocas de informações do aluno, de
seus colegas, do professor e da comunidade. Nesse sentido, o papel essencial da avaliação
escolar é o de mediar o processo de aprendizagem e conhecimento do aluno, viabilizado pela
interação com o professor e colegas e pelo estímulo à criatividade, à participação e ao uso das
habilidades intelectuais complexas.
As respostas analisadas anteriormente nos levam a entender que o sistema avaliativo
do qual os professores que fizeram parte dessa pesquisa, seus métodos, seus instrumentos,
estão voltados para as práticas avaliativas bastante restritas, sendo as mais notadas provas e
trabalhos.
De acordo com a nossa análise, ainda não foi notada uma busca reflexiva sobre a
prática pedagógica de avaliação destes docentes. Por isso, enfatizamos a necessidade de
desenvolver o projeto de intervenção proporcionando aos professores momentos de reflexão
sobre suas práticas pedagógicas avaliativas. De acordo com Hoffmann (1991), a prática
reflexiva supõe voltar-se “para dentro” de si mesmo. Implica saber que refletir para agir
significa assumir, na prática, o raciocínio e o espírito do projeto; significa valorizar o
planejamento de ação e utilizar a avaliação como forma de regulação e observação do que
ainda não aconteceu, mas sobre o que já definimos um valor e um modo de intervenção.
O confronto das respostas obtidas dos professores, alunos, da gestora e do PPP, com a
literatura especializada à qual tivemos acesso, apontou a necessidade de se discutir a
avaliação, principalmente em relação às metodologias, pois verificamos que a forma de
avaliar da maioria dos professores, ainda contínua voltada uma avaliação tradicional, pois
observamos que continuam a reproduzir concepções de ensino e aprendizagem ainda aquém
do desejável para se constituir um ensino e aprendizagem realmente de qualidade.
O relato dos professores e dos alunos nos revela o quão complexo e desafiante é a
tarefa da avaliação da aprendizagem no cotidiano escolar. Na organização desse discurso,
podemos desvelar o lugar que ela ocupa no processo de ensino e aprendizagem e a
importância que desempenha nesse mesmo processo o que nos leva a considerar que a prática
de avaliação dos mesmos precisa ser melhorada no sentido de introduzir novos mecanismos e
interpretá-los de forma que favoreça os dados qualitativos. Daí a necessidade de intervenção.
Após a análise dos dados buscou-se realizar a intervenção no intuito de contribuir com
os trabalhos de avaliação realizados na referida Unidade Escolar, onde no primeiro momento
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realizou-se o estudo sobre avaliação escolar e suas metodologias, através de uma dinâmica de
leituras compartilhadas, socialização de textos, buscou-se debater, refletir, trocar experiência
sobre o processo de avaliação realizado na instituição. Após essa etapa passou-se análise do
item avaliação escolar no PPP da escola e a reestruturação do mesmo juntamente com toda a
equipe escolar. Vale ressaltar que, esse momento da pesquisa aconteceu com a participação de
todos, uma vez que trata do documento que atende toda a Unidade Escolar.
No transcurso do trabalho de intervenção foi possível observar que apesar de todo o
entusiasmo e dedicação dos docentes no desenvolvimento das ações na prática as mudanças
foram pouco expressivas, uma vez que continuam desenvolvendo o processo de avaliação
baseado nos mesmos mecanismos e com a mesma finalidade a busca de dados, visando
sempre à análise de dados quantitativos em detrimento dos aspectos qualitativos. Percebe-se
também, que a metodologia mais utilizada continua sendo a prova, pois continuam exigindo o
calendário de provas do bimestre. Entretanto, é possível observar alguns singelos vestígios de
mudanças, como provas orais, trabalhos, pesquisas e provas em duplas.
Vale ressaltar, que esses docentes continuam também trabalhando a avaliação no final
dos bimestres e os resultados são colocados como falta de conhecimento dos alunos. Com
exceção de um professor que apesar de atuar a três décadas no campo educacional procura
sempre avaliar seus alunos de forma diferenciada, buscando valorizar toda a produção dos
alunos no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. Por isso, nossa intenção
foi argumentar junto aos profissionais/educadores que o ato de avaliar não está,
necessariamente, ligado a um conjunto de técnicas e normas, mas de certa medida de
compreensão, análise e reflexão crítica da nossa prática pedagógica no dia-a-dia da escola.
Buscando, é claro, adotar meios de avaliação mais potencializadoras libertadores do processo
de ensino-aprendizagem dos educandos. Assim, esperamos que esse texto sirva de
instrumento de reflexão para que possamos olhar para dentro de nós acadêmicos e comecemos
a mudar nossa postura tradicionalista, burocrática e seletiva de avaliar nossos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação é um instrumento fundamental para fornecer informações sobre como está
se realizando o processo de ensino e aprendizagem como um todo, tanto professor quanto
equipe escolar conhecerem os resultados de seu trabalho, e para o aluno verificar seu
desempenho cognitivo no processo educativo.
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Diante de todo esse processo ela deve ser essencialmente formativa, na medida em que
cabe a avaliação subsidiar o trabalho pedagógico, redirecionando o processo de ensino e
aprendizagem.
Diagnóstica e contínua tornando-se um instrumento fundamental para
repensar e reformular os métodos, procedimentos e as estratégias de ensino fazendo com que
o aluno aprenda.
Por fim, a avaliação deve ser utilizada com o apoio de múltiplos instrumentos de
coleta exclusivamente de informações, baseada nas características do plano de ensino, dos
objetivos que se está buscando junto ao aluno. Assim, conforme o objetivo esperado pode ser
empregado trabalhos tanto em grupos como individuais, provas orais e escritas, seminários,
observação de cadernos, realização de exercícios em classe ou em casa e observação dos
estudantes em classe, porém, o levantamento de informações não deverá ficar restrito ao final
do período letivo (bimestre, trimestre, semestre), pois informações desencontradas ou
distanciadas podem modificar a relação do aluno e do professor quanto às condições de
aprendizagem e ensino.
A partir dessa pesquisa e dos estudos realizados com toda a equipe da Escola
Municipal Boanerges Moreira de Paula, foi possível analisar sobre o processo de avaliação
escolar e suas metodologias, através de uma ação coletiva, fortalecendo a responsabilidade
dos educadores enquanto agentes de transformação do processo de ensino e aprendizagem.
Por fim, a Unidade de Ensino ficou dotada de competência para compreender a função
da avaliação escolar e suas metodologias, e com esse conhecimento buscar modificar suas
práticas na consolidação de resultados educacionais de qualidade. No entanto, devido a
complexibilidade do assunto e as constantes evoluções no campo educacional, faz-se
necessária a continuidade dos estudos para fortalecimento das ações que promova de fato as
mudanças nas práticas de avaliação dos modelos tradicionais tão enraizadas, para formas mais
dinâmicas de avaliar. Deve-se também levando em consideração o proposto no Projeto
Político Pedagógico sobre avaliação escolar, uma vez que a mesma foi definida pela equipe
enquanto norte para o trabalho pedagógico, na busca de mudanças significativas para com os
resultados dos trabalhos da Unidade Escolar, contribuindo de certa maneira para a melhoria
da qualidade do ensino, no que se refere às práticas de avaliação da aprendizagem, porque
acreditamos que o importante não é fazer como se cada um tivesse aprendido, mas permitir a
cada um aprender.
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REFERÊNCIAS
AFONSO, Almerindo J. Escola pública, comunidade e avaliação: resgatando a avaliação
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