AVALIAÇÃO ESCOLAR: As metodologias de avaliação e seu determinismo na qualidade do processo de ensino e aprendizagem Raimunda Pires da Silva Rocha1 Resumo O presente artigo tem por finalidade investigar os determinantes das metodologias de avaliação utilizada no 5º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Boanerges Moreira de Paula na contribuição do processo de ensino e aprendizagem. Para o desenvolvimento da investigação utilizou-se da pesquisa-ação e para coleta de dados a entrevista, o questionário e a análise documental. Os pressupostos teóricos adotados consistem nas teorias de Cipriano Luckesi, Jussara Hoffmann e Philippe Perrenoud e na concepção dos professores e alunos da referida Unidade de Ensino. Na escola, a avaliação deve ter como finalidade dar um juízo de valor, o que significa uma afirmação qualitativa sobre um dado objeto, sendo este satisfatório o quanto mais se aproximar do ideal estabelecido. Diante dos dados da pesquisa a prática de avaliação da escola tem mostrado como sua função a de classificação e não o diagnóstico. Essas classificações são determinadas em números que somadas ou divididas tornam-se médias. Sendo assim, enquanto classificatória, a avaliação não tem a finalidade de auxiliar na reflexão sobre a prática e retornar a ela, mas sim, como um meio de julgar o aprendizado e torná-lo fragmentado. PALAVRAS CHAVE: avaliação diagnóstica; ensino-aprendizagem; instrumentos de avaliação. Introdução A avaliação do processo de ensino e aprendizagem é realizada de forma contínua, cumulativa e sistemática na escola, com o objetivo de classificar a situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curricular. A avaliação não deve priorizar apenas o resultado ou o processo, mas deve como prática de investigação, interrogar a relação ensino e aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as dificuldades de uma forma dialógica. O erro passa a ser considerado como pista que indica como o educando está relacionando os conhecimentos que já possui com os novos conhecimentos que vão sendo adquiridos, admitindo uma melhor compreensão dos conhecimentos solidificados, interação necessária em um processo de construção e de reconstrução. O erro, neste caso deixa de representar a ausência de conhecimento adequado. Toda resposta ao processo da aprendizagem, seja certa ou errada, é um ponto de chegada, por mostrar os conhecimentos que 1 Pedagoga da Universidade Estadual do Tocantins – UNITINS, orientação da Prof. Menissa Bessa Carrijo. trabalho de conclusão de curso, sob a já foram construídos e absorvidos, e um novo ponto de partida, para um recomeço, possibilitando novas tomadas de decisões. Partindo para o contexto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, ao se referir à verificação do conhecimento escolar, determina que sejam observados os critérios de avaliação contínua e cumulativa da atuação do educando, com prioridade dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período. Devemos nos conscientizar que aspectos não são notas, mas sim, registros de acompanhamento da vida acadêmica do aluno. Nesse sentido, buscando refletir o processo de avaliação da Escola Municipal Boanerges Moreira de Paula, propus realizar a pesquisa-ação com o intuito de responder ao seguinte questionamento: As metodologias de avaliação adotadas pelos professores do 5º ano do Ensino Fundamental da referida Unidade Escolar estão contribuindo no aspecto qualitativo com o processo de ensino e aprendizagem dos educandos? Para o desenvolvimento do trabalho definiu-se como objetivo geral: Analisar a avaliação escolar adotada pela Escola Municipal Boanerges Moreira de Paula e efetivar ações pedagógicas substitutivas e como objetivos específicos: Analisar e conhecer a concepção de avaliação escolar adotada na proposta pedagógica da Escola Municipal Boanerges Moreira de Paula relacionando-a com a dos docentes; Identificar como é conduzido o processo de avaliação na referida Unidade Escolar; Analisar os métodos de avaliação do processo de ensino e aprendizagem que são adotados pelos professores do 5º ano do Ensino Fundamental, intervindo nos resultados. No entanto, para realização deste trabalho baseado na pesquisa-ação como meio de intervir no ambiente de trabalho objetivando promover ações que venham de encontro com as reais necessidades da Unidade de Ensino, utilizou-se para coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: entrevista semi-estruturada, questionário, análise documental e estudo das teorias que orientam o processo de avaliação escolar tais como: Jussara Hoffman (2003), Cipriano Luckesi (2005), dentre outros. Rever o ponto de vista de avaliação é rever certamente as concepções de ensino e aprendizagem, de educação e de escola, apoiado em princípios e valores comprometidos com a formação do aluno. Quando isso for colocado em prática à avaliação será vista como função diagnóstica, dialógica e transformadora da realidade escolar. 1 - Avaliação escolar e o processo de ensino e aprendizagem A concepção de avaliação é comumente relacionada à ideia de mensuração de mudanças do comportamento humano. Essa abordagem viabiliza o fortalecimento no aspecto quantitativo em detrimentos dos aspectos qualitativos que devem ser levados em consideração num ato de avaliar comprometido com o processo de ensino e aprendizagem de qualidade. Hoffmann (1996), diz que os professores percebem a ação de educar e avaliar como momentos distintos e não relacionados. Deste modo, por não dar a importância necessária que a avaliação deve possuir dentro do processo de aprendizagem, os professores exercem a ação acima citada, de forma diferenciada. Assim sendo, mesmo procurando inovar, o professor aplica prova escrita, atribui nota e encerra o ato da avaliação. No entanto, o processo avaliativo deve contemplar aspectos qualitativos que são difíceis de serem mensurados, pois, envolvem objetivos subjetivos, postura, política, crenças e valores. Com relação aos instrumentos de avaliação, devem ser determinados pelas ideias e modelos da realidade em que o profissional atua (instituição). Os instrumentos de avaliação determinados pelas escolas não podem ser vistos como única opção de avaliação, senão ratifica o conceito de "educação bancária", de um lado um ensina e do outro lado um aprende. O ponto chave da educação deve ser o aluno aprender a aprender, saber pensar, ser crítico e analítico. E é dentro dessa perspectiva que a avaliação deve trabalhar. Uma proposta de avaliação que se contrapõe na escola que conhecemos, busca a construção que reflete a própria cultura do povo brasileiro, que acredita no conhecimento como produção social e que valoriza a vivência cotidiana dos alunos e professores. De acordo com Hoffmann (1996), para o desenvolvimento dessa prática avaliativa, exige-se do docente uma visão ampla e detalhada de sua disciplina, de modo que lhe permita estabelecer relações entre as hipóteses formuladas pelo aluno e a cientificidade do conhecimento. Nesse sentido, defende-se um modelo de avaliação que auxilie o professor e os alunos a obterem resultados, a identificarem falhas durante o processo de ensino e aprendizagem, e que aponte os acertos e as dificuldades. A avaliação é o apoio e o resultado do trabalho do professor e do aluno na busca do conhecimento e, consequentemente, da aprendizagem. Mas para poder fazer uma avaliação sob essa ótica, é preciso mudar o modo de pensar do professor e da comunidade escolar, ver o ensino, a aprendizagem e a avaliação a partir de suas matrizes teóricas e adequando-as à realidade de ensino na qual o professor está inserido. Uma avaliação clara e coerente com os objetivos educacionais e com a proposta político-pedagógico da instituição é uma das formas de buscar um ensino de qualidade. O professor que trabalha com um processo de avaliação apoiado em uma base teórica bem estruturada e definida realizará um trabalho coerente e eficaz com o processo de ensino e aprendizagem. O profissional da educação deve entender que a avaliação não é apenas o cumprimento de uma exigência burocrática, mas um processo de construção de conhecimento; ou seja, por meio da avaliação o professor pode analisar se os objetivos educacionais foram atingidos ou não, e repensar sua prática para que esses objetivos possam ser alcançados. É preciso acabar com a ideia de que a nota é um produto apenas do aluno. Ela é um resultado e parte do processo de ambos. A avaliação da aprendizagem revela-se múltipla e complexa, demandando olhares de diferentes perspectivas para que a amplitude e magnitude do fenômeno educativo possam ser aprendidas de maneira mais consistente, crítica e com reais possibilidades de transformação. Assim sendo, podemos dizer que a avaliação como parte integrante do Planejamento do Processo de Ensino - Aprendizagem apresenta três funções: Função Diagnóstica - tem por finalidade realizar uma sondagem de conhecimentos e experiências já disponíveis no aluno, bem como a existência de pré - requisitos necessários à aquisição de um novo saber. Permite ainda identificar progressos e dificuldades de alunos e professores diante do objetivo proposto. Função Formativa - tem por finalidade proporcionar o feedback (retroalimentação) para o professor e para o aluno, durante o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem. Propicia aos envolvidos (professor / aluno) no processo ensino aprendizagem, a correção de falhas, esclarecimentos de dúvidas e estímulo à continuação do trabalho para alcance do objetivo. Proporciona também aos docentes informações sobre o desenvolvimento do trabalho, adequação de métodos e materiais, comunicação com o aluno e adequabilidade da linguagem (estratégias). Função Somativa - tem o propósito de oferecer subsídios para o registro das informações relativas ao desempenho do aluno. Considerando que a função somativa da avaliação visa proporcionar uma medida que poderá ser expressa em uma nota ou conceito sobre o desempenho do aluno, entendemos que a mesma acontecerá ao final de cada unidade de ensino ou ao final de cada bimestre ou ainda no final do ano letivo, por ocasião do Conselho de Classe, visto que esta avaliação é que proporcionará um diálogo mais objetivo entre os professores. Podemos então concluir que a avaliação escolar é um componente do processo ensino e aprendizagem, cujo propósito é recolher informações que possibilitem estabelecer uma correspondência entre os dados obtidos e os objetivos propostos, a fim de que o professor possa verificar o desenvolvimento do aluno em relação ao trabalho executado, orientando - o assim para uma tomada de decisões em relação às atividades seguintes. Partindo para o contexto da Unidade de Ensino na qual foi desenvolvido este trabalho, percebe-se que o processo avaliativo está voltado para o tipo classificatório, uma vez que as metodologias utilizadas são quase que exclusivamente provas e trabalhos, verificando médias para atribuir resultados. Quanto ao item avaliação do Projeto Político Pedagógico, defende-se a avaliação como diagnóstica da realidade escolar conforme teorias dos autores que embasam este projeto. No entanto, nota-se uma contradição entre o que pretende e o que acontece na realidade escolar quanto ao processo avaliativo, fato este que pode ser justificado pela necessidade de mais conhecimento sobre a temática avaliação escolar, pela insegurança em adotar metodologias diferenciadas e pela própria imposição do sistema educacional sobre as práticas de exames tão presentes atualmente no meio escolar. 2 - METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO ESCOLAR: influencias no processo de ensino e aprendizagem A pesquisa foi efetivada na Escola Municipal Boanerges Moreira de Paula, situada no PA - Assentamento Brejinho, Zona Rural do Município de Miracema do Tocantins, instituída no ano de 2000, atendendo a 71 famílias, tinha uma estrutura física de palha e madeira. No ano em que foi fundada tinha apenas 25 alunos, atendendo do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. No ano seguinte passou a trabalhar com turmas do 1º ao 7º ano. No ano 2002 passou a funcionar do 1º ao 9º ano. Em Agosto de 2006 a unidade escolar passou a funcionar numa estrutura moderna. Atualmente atende a 153 alunos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Vivenciar o dia-a-dia no ambiente escolar nos coloca frente a inúmeras situações que necessita de estudos e pesquisas para que possa através de conhecimento mais aprofundado intervir no meio em que atua auxiliando de maneira significativa no processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, a presente análise tem por objetivo apresentar os resultados da pesquisa que versa sobre implicação das metodologias de avaliação na qualidade do processo de ensino e aprendizagem na ótica dos professores que atuam no 5º ano do Ensino Fundamental, dos alunos e da Gestora Pedagógica da Escola Municipal Boanerges Moreira de Paula, assim como dos resultados após a intervenção do referido projeto. A avaliação do processo de ensino e aprendizagem deve ser norteada por critérios previamente estabelecidos. Se avaliar é também planejar e estabelecer objetivos, é de fundamental importância que os critérios da avaliação que condicionam seus resultados estejam sempre subordinados a finalidade e aos objetivos previamente estabelecidos para qualquer prática, seja educativa, social, política ou cultural. Conforme define Luckesi (1996, p. 33), a avaliação "é como um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão". Ou seja, ela implica um juízo valorativo que expressa qualidade do objeto, obrigando, consequentemente, a um posicionamento efetivo sobre o mesmo. A avaliação no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto ou a qualquer de seus componentes, corresponde a uma finalidade que, na maioria das vezes, implica tomar uma série de decisões relativas ao objeto avaliado. Seguindo para análise das entrevistas, quando se interrogou sobre qual a concepção de avaliação 60% dos entrevistados mencionaram que a avaliação escolar deve ser contínua, objetivando avaliar o conhecimento dos educando e assim procurar aperfeiçoá-lo, primando pelo processo de ensino e aprendizagem de qualidade. Já 40% dos entrevistados reconhecem que é um processo minucioso e que requer do avaliador um conhecimento mais amplo sobre o avaliado. Baseando nas idéias de Buriasco (2000), a avaliação pressupõe definir princípios em função de objetivos que se almeja alcançarem; constituir instrumentos e caminhos para realização dessa ação; verificar constantemente a caminhada, de forma crítica, levando em conta todos os elementos envolvidos no processo. Sendo assim, ela não possui uma finalidade em si, mas auxilia o curso de uma ação que visa construir um resultado previamente definido. A avaliação, conforme a ideia do autor deve ocorrer de forma contínua e processual, no decorrer de todo o processo educativo, visando redimensionar o ensino para impulsionar a aprendizagem do aluno, por permitir a realização de uma análise crítica, coerente com este processo. Nesta concepção, a avaliação deve ter uma finalidade diagnóstica, voltada para o levantamento das dificuldades dos alunos, com vistas à correção de rumos, à reformulação de procedimentos didáticos ou até mesmo dos objetivos. A avaliação é um processo contínuo e paralelo ao ensino e aprendizagem. Ela deve ser permanente, permitindo-se a periodicidade das dificuldades e avanços do aluno relativamente às suas próprias situações progressivas. Nesse sentido, é possível compreender a avaliação como parte complementar do procedimento de aprendizagem e não como seu produto terminado, é imprescindível que o educador inclua as relações entre o que existe e o que se espera; entre um dado desempenho e um comportamento alvo; entre uma realidade e um modelo ideal, devem estar sempre presentes em sua reflexão. Quando questionados em relação aos métodos de avaliação adotados pela equipe se estão contribuindo ou não com o processo de ensino e aprendizagem, 40% dos entrevistados nos relataram que acreditam que sim, pois há uma grande preocupação por parte de todo o corpo docente em utilizar de forma correta e justa os métodos avaliativos. Já 60% dos entrevistados possuem outra visão, pois veem que nem sempre a avaliação em si é a forma adequada de diagnosticar a aprendizagem. Embora haja diversas formas avaliativas, contudo procura-se a melhor forma de contribuir com o desempenho dos alunos. Enfatiza Hoffmann (1993), que geralmente os professores se utilizam da avaliação para verificar o rendimento dos alunos, classificando-os como bons, ruins, aprovados e reprovados. Na avaliação com função simplesmente classificatória, todos os instrumentos são utilizados para aprovar ou reprovar o aluno, revelando um lado ruim da escola, a exclusão. Segundo a autora, isso acontece pela falta de compreensão de alguns professores sobre o verdadeiro sentido da avaliação, reflexo de sua história de vida como aluno e professor no contexto educacional. Nesse sentido, os instrumentos e as estratégias utilizados pelos professores para avaliar o conhecimento e o raciocínio dos alunos não devem consistir somente em instrumentos que os selecionem e classifiquem, mas que possibilitem o referido acompanhamento individual da trajetória cognitiva dos mesmos. Sabemos que não existem recursos específicos de avaliação que possam diagnosticar a totalidade do desenvolvimento cognitivo dos mesmos, todavia o professor pode eleger um ou mais que atendam aos seus desígnios de ensino e de aprendizagem. Avaliar é um processo que deve estar a serviço das individualizações da aprendizagem proporcionando a reflexão transformada em ação. Ação essa, que nos estimula a novas ideias, proporcionando ao educador inovações permanente sobre a realidade, acompanhando o passo a passo do educando, na sua trajetória de construção de conhecimento. Quando interrogados se avaliação exercida na escola está de acordo com o proposto no Projeto Político Pedagógico, os entrevistados foram unânimes em afirmar que sim, sabem que o PPP é o “cérebro” da escola, a “coluna vertebral”. A avaliação está inserida no PPP e desempenha o papel importantíssimo de possibilitar a construção da autonomia do sujeito e da instituição escolar, produzindo mudanças e melhorando a qualidade da educação. A escola e as ações de seus profissionais serão de qualidade, quando puderem ser consideradas, ao mesmo tempo, efetivas, relevantes, eficientes e eficazes. Segundo Gaddotti (1999), todo projeto pedagógico da escola é, também um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico, com os interesses reais e coletivos da população majoritária. Quanto argumentados sobre ao elaborar e ou corrigir avaliações, procura sempre se auto-avaliar, os entrevistados referiram que sim. É necessário estarmos atentos para a ideia de que quando a maior parte dos alunos não saírem bem, o professor também é responsável e precisa rever o seu método de ensino e refletir sobre sua prática, mencionaram também sobre a necessidade de rever a didática de avaliação, como avaliar e para que avaliar. Nesse processo de avaliação, não podemos esquecer que o professor também deve se avaliar, refletindo sobre o seu próprio trabalho, verificando seus procedimentos e, quando necessário, reestruturando sua prática. Segundo Luckesi (1992 p. 34), (...) A avaliação poderia ser comprometida como uma crítica do percurso de uma ação, seja ela curta, seja prolongada. Enquanto o planejamento dimensiona o que se vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque fundamenta novas decisões. (...) A avaliação será, então, um sistema de critica do próprio projeto que elaboramos e estamos desejando levar adiante. (...) um ato amoroso, um ato de cuidado. Dando continuidade a entrevista questionou - Os elementos básicos de uma avaliação somativa, formativa, diagnóstica, são contemplados no modelo de avaliação dessa unidade escolar, os entrevistados foram unânimes nas respostas, pois mencionaram que primeiro temos que fazer uma avaliação diagnóstica, só assim constatamos o que devemos priorizar para que se obtenha um resultado satisfatório. No final da entrevista solicitamos que os professores deixassem suas impressões sobre o que conversamos no tocante a avaliação escolar. Dos entrevistados, 80% relataram sobre a importância da mesma, porém sabe-se que passamos por esse processo não apenas na escola, mas faz parte da nossa vida. Na escola, no trabalho, no meio social, no dia-a-dia estamos avaliando e sendo avaliados constantemente. Na visão de 20% dos educadores a avaliação não deve ser encarada como um instrumento de punição ou de medir conhecimento, mas sim como uma ferramenta que busque auxiliar o aluno e professor no processo de ensino e aprendizagem. Não se esquecendo do objetivo principal que é a qualidade do ensino e consequentemente o bom atendimento ao aluno. Diante do exposto, percebe-se que a avaliação entendida enquanto ato pedagógico e impulsionador da aprendizagem, objetiva diagnosticar a situação em que se encontra o aluno, em termos de dificuldades e possibilidades, de forma a permitir a minimização ou eliminação das dificuldades, a correção de falhas e o estímulo para que continue progredindo. Sendo um dos componentes da ação educativa auxiliar o professor fornecendo informações básicas sobre quantos e quais os alunos que estão conseguindo atingir os objetivos propostos proporcionando à auto-avaliação acerca do trabalho pedagógico realizado buscando redirecioná-los de forma mais proveitosa no auxílio aos educandos. Diante de todas as considerações apresentadas acerca do papel e do valor da avaliação no processo educativo, enfatizamos que a avaliação deve ser conscientemente atrelada ao entendimento de mundo, de sociedade e de ensino que queremos, permeando toda a prática pedagógica e as decisões metodológicas. Sendo assim, a avaliação não deve representar o fim do processo de aprendizagem, nem tampouco a escolha inconsciente de instrumentos avaliativos, mas, sim, a escolha de um caminho a percorrer na busca de uma escola necessária. Acreditando na necessidade de um novo direcionamento, muitos educadores e inúmeras redes de ensino municipais e estaduais desenvolveram propostas baseadas em princípios que deveriam nortear a superação do modelo tradicional por um modelo mais inovador, isto é, incluir outras competências no processo de ensino e de aprendizagem que até então não eram trabalhadas nessa perspectiva. Esse aspecto parte especialmente dos estudos desenvolvidos por intelectuais como Piaget e Vygostsky, que defendem a tese de que o conhecimento é construído ativamente pelo aluno e não apenas transmitido pelo professor. Nessa compreensão de ensino e de aprendizagem, a avaliação possibilita ao aluno reconstruir o objeto do conhecimento. Tal reconstrução permite que ele reformule hipóteses a partir de suas descobertas. É um processo que possibilita tentativas, erros e acertos. Nas propostas em que se busca uma nova concepção de avaliação educacional, o diferencial básico é o objetivo com que se realiza a avaliação. Na perspectiva tradicional, o importante é o resultado, isto é, o produto e, na nova perspectiva, o processo cognitivo desencadeado pelo aluno é mais importante do que simplesmente os resultados obtidos. Partindo para a concepção dos alunos sobre avaliação escolar aplicamos o questionário onde fizemos os seguintes questionamentos: O que você compreende por avaliação, 60% dos entrevistados vêem como instrumento para medir a capacidade de cada aluno nas atividades propostas. 40% gostam das avaliações, pois sem as elas é como estudar sem aprender. Segundo Luckesi (2005),... A avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino-aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. Em outras palavras a avaliação escolar é um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinarem a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes. Quanto aos métodos de avaliação qual considera melhor, 40% dos alunos gostam de provas e trabalhos, 20% participação e seminários e 40% trabalhos de pesquisas e assiduidades. Quando estão respondendo as avaliações como se sentem, medindo conhecimento; 40%. Verificando conteúdo; 40%. Como algo necessário no cotidiano da escola; 20%. Como você qualifica os métodos de avaliação que os professores utilizam na Unidade Escolar, 60% classificaram como bom e 40% como excelente; Na sua visão o que precisa ser melhorado no item avaliação da sua escola, ser mais bem elaborada as atividades 60%. E ter mais atividades para casa 40%. Para Perrenoud (2000) a avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos. Nesse processo de avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico. O processo avaliativo ainda não alcançou progressos no ensino, mantendo-se classificatório e seletivo. A proposta de mudança de postura educacional é uma questão bastante complexa. A avaliação exige rigor técnico-científico, ampliando o aspecto pedagógico. Nessa perspectiva, o professor deve avaliar constantemente com a preocupação de não fragmentar o processo. A avaliação por ser processo contínuo, visa à correção das possíveis distorções e ao encaminhamento para a consecução dos objetivos previstos. Trata-se da continuidade da aprendizagem dos alunos e não da continuidade de provas. O processo de avaliação se coloca como elemento integrador e motivador, e não como uma situação de ameaça, pressão ou terror. Portanto, é necessário que o professor tenha um plano de ensino elaborado para nortear seu trabalho. Desta forma, toda tarefa realizada pelos alunos deve ter, por intencionalidade básica, a investigação como ponto de reflexão sobre a prática dos envolvidos - professores e alunos. A avaliação deve acontecer em todas as atividades com as trocas de informações do aluno, de seus colegas, do professor e da comunidade. Nesse sentido, o papel essencial da avaliação escolar é o de mediar o processo de aprendizagem e conhecimento do aluno, viabilizado pela interação com o professor e colegas e pelo estímulo à criatividade, à participação e ao uso das habilidades intelectuais complexas. Ao propor um trabalho de reflexão da prática pedagógica avaliativa dos professores que atuam no 5º ano do Ensino Fundamental, não procurou desmerecer os professores analisados, e sim refletir sobre suas aulas e os métodos de avaliação que os mesmos utilizam. A partir desse momento realizaram-se, encontros para estudo sobre avaliação e as implicações das mesmas no processo de ensino e aprendizagem, assim como a análise do item avaliação do Projeto Político Pedagógico. Diante desse processo constatou-se, que os professores analisados falam de avaliação contínua, mas há uma diferença grande quanto aos instrumentos utilizados e quanto aos níveis de conceitualização desse processo. Há na resposta dos professores muitas referências de uma avaliação de rendimento, sendo-lhe atribuída uma grande importância, mas há também certa confusão quanto aos critérios de avaliar. Os mesmos dizem que avaliam a participação em aulas, mas não tem nenhum instrumento de avaliação que faça perceber este trabalho. Percebe-se que os professores tem conhecimento sobre o assunto, porém estão com dificuldade de colocar em prática uma postura de avaliar comprometida com o trabalho coerente com a realidade de seus alunos, com sua formação acadêmica e com a sua escola. É preciso que os professores conheçam bem os aspectos da avaliação qualitativa e como se deu a construção do referencial teórico da avaliação, para que possa buscar novas maneiras de realizar esse processo, como forma de analisar de que modo está se processando o ensino e a aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS A avaliação, conforme foi apresentada ao longo deste artigo, é um processo abrangente, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências e dificuldades a fim de possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos que impedem a aprendizagem dos alunos. A avaliação contínua e progressiva é necessária para acompanhar o desenvolvimento dos educandos e ajudá-los em suas eventuais dificuldades. Outra constatação que este estudo permitiu, consiste em fatos naturais de que a classificação, na avaliação, pouco acrescenta no crescimento da aprendizagem do educando e, somente com uma função formativa e diagnóstica, ela pode ter esta finalidade. A avaliação concebida como diagnóstica, tem como finalidade determinar o grau em que o aluno domina os objetivos previstos para iniciar uma unidade de ensino. Além disso, a avaliação diagnóstica compreende em verificar se existem alunos que possuem conhecimentos e habilidades previstas a fim de orientá-los a outras oportunidades e novas aprendizagens. Para que a avaliação caracterize o processo de democratização e da melhoria da qualidade da aprendizagem do educando, é preciso modificar a sua utilização e transformá-la de classificatória para diagnóstica. É necessário compreender o estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar as decisões suficientes e satisfatórias para que ela possa avançar no processo de aprendizagem. Desse modo, a avaliação não se constitui apenas como um instrumento para aprovação ou reprovação dos alunos, mas sim um instrumento de classificar tendo em vista a definição de encaminhamentos adequados para a sua aprendizagem. A avaliação escolar é um desafio que exige mudanças por parte do professor e isso requer estudo, reflexão e ação. Por isso, exige do educador a busca pela inovação, estabelecendo mudança na postura deste profissional em relação à avaliação propriamente dita. É por meio das metodologias e dos processos avaliativos utilizados que o professor irá participar da reprodução ou transformação da sociedade na qual estamos inseridos, podendo formar, ou não, sujeitos críticos e emancipados para que possam nela conviver com equidade. Diante dos resultados obtidos, percebe-se que os educadores tem conhecimento sobre o assunto, mas continuam avaliando baseado em provas para verificação de conteúdos o que consequentemente não oportuniza aos alunos outras formas de verificação de competências e habilidades, contradizendo o que foi proposto no PPP da escola, que pressupõe a avaliação diagnóstica, emancipatória coerente com a realidade escolar. Percebe-se também, que eles não conseguiram desenvolver uma autoconfiança suficiente para inovar suas práticas avaliativas, pois continuam muito presos ao tradicionalismo, as tentativas de mudanças estão em trabalhos e seminários, para recuperação de notas, extraindo a oportunidade do educando sobre o processo de ensino e aprendizagem. Após a conclusão desse projeto, notou-se que os professores ficaram com bons conceitos sobre avaliação e suas metodologias. No entanto, faz-se necessário a continuidade de estudos, para que os mesmos possam sentir seguros na inovação de seus procedimentos de avaliação algo necessário para a formação do ser humano dentro de uma sociedade que exige do aluno cada vez mais conhecimento. Espera-se que as escolas revejam seus conceitos e filosofias para que com isso consigamos minimizar a exclusão dos alunos da escola e consequentemente da nossa sociedade. REFERÊNCIAS BURIASCO, Regina Luzia Corio de. Algumas considerações sobre avaliação educacional. 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