J. Bras. Nefrol. 1997; 19(2): 193-196 193 M. A. V. F. R. Alves - Revisão/Atualização em Nefrologia Clínica Revisão/Atualização em Nefrologia Clínica: Nefrite lúpica Maria Almerinda Vieira Fernandes Ribeiro Alves Disciplina de Nefrologia - Departamento de Clínica Médica Faculdade de Medicina Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP Endereço para correspondência: Maria Almerinda V. F. R. Alves UNICAMP-Cidade Universitária - Barão Geraldo CEP 13083-970 - Campinas, SP Tel.: (019) 788-8132 e-mail: [email protected] Introdução Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune, de etiologia desconhecida, que se caracteriza por períodos de remissão e de atividade envolvendo múltiplos órgãos. Apesar da melhor sobrevida dos pacientes evidenciada nas últimas décadas, 1-3 o comprometimento renal associado ao LES ( nefrite lúpica) ainda constitui um dos fatores de maior morbidade e mortalidade da doença. 4-7 A nefrite lúpica caracteriza-se pelo seu polimorfismo histológico. Classificações anatômicas que se propõem a serem utilizadas tanto para diagnóstico quanto para prognóstico da lesão renal são usadas mundialmente.8,9 Dentre as diversas formas de nefrite lúpica, a glomerulonefrite proliferativa difusa é a de pior evolução tanto renal quanto do paciente sendo, geralmente, indicadas terapias mais agressivas nos pacientes com esse tipo de padrão morfológico. 10-12 Na avaliação e seguimento dos pacientes algumas questões se fazem necessárias: O paciente é portador de LES ? A doença está em atividade? Existe o comprometimento renal da doença? A alteração renal está ativa ? Como tratar o paciente com nefrite lúpica ? Diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) Não há um sinal único para o diagnóstico de LES. Mesmo a presença de Fatores Anti Nucleares (FAN), considerada como marca sorológica da doença, não ocorre em 100% dos indivíduos e pode ser evidenciada em outras situações. 13,14 O diagnóstico de LES tem sido baseado em critérios propostos pela Associação Americana de Reumatologia (ARA), inicialmente em 1971, e revisados e atualizados em 1982. 15,16 Na prática, em relação ao uso dos critérios da ARA, certos pontos têm chamado a atenção. Dentre eles ressalta-se o fato de que alguns pacientes, no início da doença, não preenchem o mínimo de quatro critérios sugeridos pela ARA. Apesar de não ser freqüente, a primeira manifestação do LES pode ser o comprometimento renal, em geral a forma membranosa da doença glomerular 17 e o diagnóstico de LES pode demorar mais de dois anos..18 O não preenchimento dos critérios pode retardar o tratamento. Determinados sinais, encontrados com freqüência no soro de pacientes com lúpus, não fazem parte desses critérios, por exemplo a hipocomplementemia. Alguns autores acreditam que dificilmente um paciente apresentando hipocomplementemia por C3 e a presença de anti DNA nativo não venha a desenvolver a doença durante o acompanhamento, sugerindo que hipocomplementemia deva fazer parte do diagnóstico de LES. 19 Dessa forma, há casos em que o diagnóstico de lúpus pode não ser evidenciado de imediato e acredita-se que talvez os critérios de 1982 possam ser reavaliados e novos dados acrescentados. 20 Diagnóstico de Atividade do LES Feito o diagnóstico de LES a diferenciação entre doença ativa ou inativa representa uma outra dificuldade. Vários critérios de avaliação têm sido propostos com esse objetivo. 21,22 Esses critérios visam agilizar a intervenção terapêutica no surto de atividade da doença, situação que é responsável pela primeira causa de mortalidade desses pacientes. 23 O diagnóstico de atividade baseia-se em critérios clínicos e laboratoriais que muitas vezes podem se confundir com quadros infecciosos, sendo esses responsáveis pela segunda causa de mortalidade em pacientes com LES.23 Dessa forma, toda a investigação deve estar dirigida para o diagnóstico de atividade excluindo-se, cuidadosamente, processos infecciosos, já que atividade e infecção são situações que se apresentam concomitantes. Por outro lado, sendo o LES uma doença caracterizada por períodos de atividade e remissão, muitas vezes a resolução do processo inflamatório agudo cursa com seqüelas crônicas irreversíveis que se acompanham de alterações clínico-laboratoriais que 194 J. Bras. Nefrol. 1997; 19(2): 193-196 M. A. V. F. R. Alves - Revisão/Atualização em Nefrologia Clínica podem ser interpretadas como atividade. Esse fato justifica a tentativa de desenvolvimento de índices de avaliação de dano irreversível nos pacientes com LES. 24 Parece claro, portanto, que em pacientes lúpicos o acompanhamento deva ser constante e baseado em observações contínuas que permitam ao médico o conhecimento das características de atividade ou de dano irreversível dos sinais e sintomas clínicolaboratoriais apresentados. Comprometimento Renal do LES O envolvimento renal associado a LES é comum. A maioria dos pacientes lúpicos apresenta no tecido renal depósitos de imunecomplexos visualizados à microscopia de imunofluorescência e eletrônica. Porém a doença renal se apresenta clinicamente em cerca de 50% dos pacientes. 25 Hematúria e proteinúria glomerulares e alterações na filtração glomerular são os sinais, isolados ou em conjunto, que alertam para o comprometimento renal mais relevante da doença. A presença de proteinúria é o sinal mais comum na nefrite lúpica, cuja lesão predominante é glomerular, podendo em vários casos estar associado ao comprometimento túbulo-intersticial. 26 O fato da agressão renal associada à doença ser um achado freqüente não invalida a possibilidade de que outros acometimentos renais possam ser diagnosticados em pacientes com lúpus. Assim, infecções de trato urinário, calculose renal, nefrites túbulointersticiais por drogas, insuficiência renal aguda isquêmica podem acometer os pacientes com a mesma freqüência que em indivíduos não lúpicos, devendo fazer parte do diagnóstico diferencial a investigação dessas alterações para se evitar o uso de medicações imunossupressoras desnecessárias. 27 A nefrite lúpica, apesar de poder se apresentar durante qualquer momento, é diagnosticada, na maioria das vezes, nos primeiros anos de doença. 28, 29 Está, geralmente, associada à presença sérica de anti DNA nativo e a hipocomplementemia nos surtos de atividade do LES. 30 A necessidade do diagnóstico anatômico (biópsia renal) é controversa, porém a maioria dos indivíduos envolvidos no acompanhamento desses pacientes admite a sua importância no seguimento e conduta do paciente.31,32 As lesões renais no LES são variadas e cada uma delas apresenta prognóstico de sobrevida renal e do paciente distinto. A lesão proliferativa mesangial (tipo II da Organização Mundial de Saúde) é considerada de bom prognóstico e necessidade de manipulação terapêutica menos agressiva. A lesão proliferativa segmentar e focal (tipo III) e a proliferativa difusa (tipo IV) são de mau prognóstico renal e, em geral, creditadas para terapias imunossupresso- ras mais agressivas. A correlação anátomo-clínica não é satisfatória, de tal forma que para o diagnóstico preciso do tipo de lesão a biópsia renal é importante, principalmente porque alguns pacientes com alterações mínimas urinárias e de função renal podem apresentar lesões renais graves. Além disso, transformações de padrões histológicos têm sido relatadas. 33 Diagnóstico de Atividade Renal da Nefrite lúpica Se considerarmos como cura renal a ausência de alterações de sedimento urinário, ausência de proteinúria e função normal, devemos admitir que toda vez que o paciente lúpico com nefrite atingir a cura, a doença renal estará inativa. Porém, várias vezes, no acompanhamento desses pacientes nota-se que, mesmo em terapia imunossupressora vigorosa e na ausência de outros sinais de atividade sistêmica, existem evidências de comprometimento renal mantido (proteinúria glomerular, comprometimento de função). Essa situação deve ser analisada tendo em vista a possibilidade de que a regeneração do processo renal possivelmente se fez através da permanência de dano irreversível. Assim, talvez nessa situação, deva-se considerar já um comprometimento renal com caráter de lesão crônica. A permanência de proteinúria ou perda de função por mais de 6 meses tem sido considerada como critério de dano renal irreversível. 24 Nesses casos novos surtos de atividade devem ser encarados frente à atividade sistêmica e à piora das evidências de lesão renal ou aparecimento de novas alterações. Aparentemente, quanto maior o número de surtos ativos, maior a chance de desenvolvimento de insuficiência renal crônica terminal. 34 A permanência de hipocomplementemia (principalmente C3) nos pacientes com nefrite lúpica parece ser um indicador de manutenção de atividade, assim como a manutenção de proteinúria, hipertensão arterial sistêmica e perda de função renal indicadores de evolução para insuficiência renal crônica terminal. 6 Tratamento da Nefrite Lúpica O tratamento do paciente com LES e nefrite permanece controverso apesar dos inúmeros estudos à disposição na literatura, a maioria com resultados inconclusivos, com poucos pacientes e pouco tempo de acompanhamento. Não há dúvidas, porém, que pelo menos para os pacientes com GN proliferativa difusa, o uso exclusivo de corticosteróides, em altas doses (1 mg/kg/dia), por 195 J. Bras. Nefrol. 1997; 19(2): 193-196 M. A. V. F. R. Alves - Revisão/Atualização em Nefrologia Clínica via oral contribui para uma maior evolução, a longo prazo (mais de 5 anos) de insuficiência renal crônica se comparado ao uso de ciclofosfamida endovenosa em forma de pulsos.35 Outras conclusões relativas à terapia parecem não estar definidas, inclusive o tipo de imunossupressores que deve ser utilizado, a quantidade, o tempo e a via de administração. Também em relação à corticoterapia não está definido se o uso endovenoso tem comportamento semelhante ao uso via oral. 35-38 A melhora da sobrevida dos pacientes lúpicos com nefrite nas últimas décadas tem sido atribuída ao melhor controle de hipertensão arterial, de processos infecciosos, ao diagnóstico mais precoce de LES, ao aumento do número de casos de LES de evolução mais benigna, ao melhor suporte dialítico, ao melhor controle de dislipidemias e a melhora do suporte de terapia intensiva. A contribuição da nefrite lúpica como causa de insuficiência renal crônica terminal está em torno de 1,2% e, curiosamente, pouco modificada anualmente, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, e muito semelhante aos dados observados por nós, parecendo, ser pouco influenciada pelo tipo de tratamento imunossupressor introduzido nos últimos anos. Conclusões O diagnóstico de nefrite lúpica deve ser realizado de forma rápida e cuidadosamente diferenciado de outras causas de lesão renal em pacientes com LES. A atividade sistêmica da doença deve ser tratada tão logo seja diagnosticada e os possíveis danos irreversíveis analisados. A lesão renal, sempre que possível, deve ser identificada e o paciente em risco de pior evolução candidato a terapia imunossupressora mais vigorosa (sempre com efeitos colaterais das drogas monitorados), quando em atividade. A possibilidade de dano renal irreversível deve ser lembrada e diagnosticada. Hipertensão arterial, infecções e outras doenças associadas devem ser convenientemente tratadas. A escolha terapêutica deve seguir uma avaliação individual do paciente, já que a doença apresenta características tão diversificadas. O tratamento da nefrite lúpica ainda é uma controvérsia. Referências 1. Studenski S, Allen NB, Caldwell DS, Rice JR, Polisson RP. Survival in systemic lupus erythematosus. A multivariate analysis of demographic factors. Arthritis Rheum. 1987; 30: 1326-1332 2. Swaak AJG, Nossent JC, Bronsveld W, van Rooyen A, Nieuwenhuys EJ, Theuns L, Smeenk RJT. Systemic lupus erythematosus. I Outcome and survival: Dutch experience with 110 patients studied prospectively. Ann Rheum Dis. 1989; 48: 477-454 3. Jonsson H, Nived O, Sturfelt G. Outcome in systemic lupus erythematosus: a prospective study of patients from a defined population. Medicine (Baltimore). 1989; 68: 141-150 4. Waard MM, Pyun E, Studenski S. 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