Parecer do Grupo Técnico de Auditoria em Saúde 0 2 0 /0 5 Tema: Stent auto-expansível intracraniano (Neuroform 2®) I – Data: 22/06/2005 II – Grupo de Estudo: Dra. Lélia Maria de Almeida Carvalho Dra. Silvana Márcia Bruschi Kelles Dra. Marta Alice Gomes Campos Dr. Adolfo Orsi Parenzi III – Tema: Stent intracraniano auto-expansível (Neuroform 2®) IV – Especialidade(s) envolvida(s): Neurocirurgia, Neurologia, Radiologia. V – Questão Clínica / Mérito: Incorporação do stent intracraniano auto-expansível Neuroform 2®, desenvolvido especificamente para o tratamento de aneurismas cerebrais com dispositivos oclusivos (micromolas). VI – Enfoque: Tratamento VII – Introdução: O aneurisma cerebral é uma dilatação da parede das artérias cerebrais resultante de uma fragilidade local, pela ausência de uma camada muscular. O fluxo de sangue exerce pressão sobre ela, formando uma espécie de saco ou bolha. O fluxo anormal no interior desta bolha provoca ondas de pressão nestas paredes frágeis, provocando ruptura com consequentemente hemorragia cerebral. Dois a 5% da população mundial é portadora de um aneurisma cerebral e destes, perto de 20%, apresenta múltiplos. A manifestação clínica aparece geralmente na idade adulta, com pico entre 55 e 60anos, sendo raros na infância. A maioria é congênita e o acometimento de membros de uma mesma família não é freqüente. O risco de hemorragia cerebral é de 1 a 2% ao ano, mas com taxas de mortalidade de até 50%. Tipos de aneurisma intracranianos a) Aneurisma sacular ou congênito: É o aneurisma mais freqüente e se origina a partir da fragilidade na parede arterial. A maioria se localiza na bifurcação das artérias cerebrais de tamanho médio. Este aneurisma é classificado quanto ao tamanho (diâmetro) em pequeno (até 12mm), grande (12 a 24mm) e gigante (acima de 24mm). b) Falso aneurisma ou pseudoaneurisma: É assim chamado porque contém paredes falsas, surgindo quando ocorre ruptura arterial com formação de hematoma extravascular. Quando o hematoma é absorvido, seu espaço é ocupado por sangue através da ruptura arterial, sendo protegido por uma pequena cápsula de tecido conjuntivo. c) Micótico: É decorrente de um processo inflamatório da parede das artérias, gerado por êmbolo infeccioso à distância (a endocardite bacteriana é a fonte mais freqüente), provocando uma fragilidade vascular com a formação de um saco aneurismático fusiforme, que envolve toda a parede arterial, não havendo a presença de colo como se observa nos aneurismas saculares. d) Fusiforme: Trata-se de dilatação sacular da própria artéria, não existindo colo bem definido. A localização mais freqüente é no segmento intracraniano da artéria vertebral. e) Aterosclerótico: São dilatações arteriais provocadas por lesão e enfraquecimento do tecido conjuntivo das artérias, ocasionando extensas dilatações que podem provocar dissecções e rupturas destas paredes. Os sintomas mais comuns são os decorrentes da hemorragia cerebral causada pela ruptura do aneurisma. Apresenta-se de maneira repentina com forte dor de cabeça, vômitos e rigidez de nuca, podendo diminuir o nível de consciência até ao coma e mesmo a morte. Metade dos pacientes apresentam pequenas hemorragias "sentinelas", cerca de trinta dias antes da ruptura, com quadros de forte cefaléia, sem outras manifestações neurológicas e que desaparece em alguns dias. A investigação para detectar a presença do aneurisma nesta época, poderá salvar a vida do paciente. O aneurisma que não se rompe é assintomático, exceto os que pelo seu tamanho, exercem compressão sobre estruturas cerebrais vizinhas. A hemorragia cerebral é fatal para 15% dos pacientes antes de chegar ao hospital. Cinqüenta por cento morrerão nos 30 dias seguintes ao quadro e outros 30% correm o risco de ter outro sangramento. Em geral, o sangramento envolve as artérias da base do cérebro e provoca sua contração (vasoespasmo), reduzindo o fluxo de sangue para os tecidos, induzindo a isquemia e a morte celular. A morbidade global da ruptura de um aneurisma intracraniano pode chegar a 70%, tratando-se, portanto, de uma urgência médica. Os pacientes deverão ser encaminhados ao pronto socorro de instituição hospitalar que tenha condições suficientes para diagnóstico, tratamento cirúrgico ou endovascular, além de unidade de terapia intensiva neurológica para cuidar das complicações decorrentes da hemorragia. Para orientar o tratamento e o prognóstico, o estado neurológico e a quantidade e localização do sangramento são fatores determinantes. O tratamento do aneurisma e de suas complicações deverá ser instituído o mais rápido possível, para evitar o risco de novo sangramento, o agravamento neurológico e para tratar o vasoespasmo de maneira mais eficaz. Alguns aneurismas são descobertos durante a realização de uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética do crânio, requisitadas para pesquisar outros problemas neurológicos, sendo chamados aneurismas incidentais. Seu tratamento envolve ampla explanação entre o paciente e o médico para a melhor indicação do tratamento. Em razão da gravidade da hemorragia cerebral provocada pela ruptura do aneurisma cerebral, o tratamento deverá ser realizado o mais precoce possível. A rápida intervenção elimina o risco de novo sangramento, que atinge até 30% nos primeiros 3 dias, e trata de forma mais agressiva as conseqüências da hemorragia, principalmente a hidrocefalia aguda que provoca a hipertensão intracraniana e o vasoespasmo das artérias cerebrais que induz a isquemias irreversíveis. Existem duas formas de tratamento, a cirurgia convencional que consiste na abertura do crânio com a colocação de clipe metálico na base do aneurisma e a embolização endovascular que não necessita da abertura do crânio e pode ser realizada com sedação. Esta técnica consiste na oclusão do saco aneurismático com micro-molas (coils) de platina conduzidas através de microcateteres introduzidos por uma punção da artéria (femoral). A cirurgia convencional na fase aguda provoca piora neurológica em aproximadamente 20% dos pacientes em razão da oclusão temporária das artérias e pela retração do cérebro durante o ato operatório. Nos casos neurológicos mais graves, o insucesso é maior. A cirurgia realizada tardiamente, após a 14ª semana, põe em risco o sucesso do tratamento em virtude da possibilidade de um novo sangramento e das conseqüências isquêmicas do vasoespasmo que ocorre entre o 3º e 15º dia do inicio do quadro. A embolização endovascular consiste na navegação através das artérias, podendo ser realizada em qualquer período após a hemorragia, pois não interfere na fisiologia cerebral e não manipula estruturas cerebrais. O tratamento pode ser realizado logo após o diagnóstico angiográfico, durante o mesmo procedimento e com qualquer grau de gravidade neurológica. É indicação formal para pacientes acima de 65 anos e para aqueles que tenham algum outro comprometimento clínico (cardíacos, renais crônicos, etc.). A maioria dos aneurismas intracranianos é passível de tratamento por via endovascular e somente os dados fornecidos pela angiografia poderão contraindicar a realização do procedimento por essa técnica. Atualmente encontra-se no mercado dispositivos variados e sofisticados para a intervenção endovascular, que permitem tratar aproximadamente 95% dos aneurismas intracranianos. O tratamento endovascular baseia-se na oclusão do saco aneurismático, mantendo pérvia a artéria acometida, isto é, a artéria que lhe dá origem. É de fundamental importância, durante o tratamento, que se observe a relação entre o colo (abertura da artéria que dá origem ao aneurisma) e o lúmen da artéria portadora, não importando a morfologia, o tamanho e a localização do mesmo. Nos aneurismas de colo largo, isto é, com sua entrada igual ou maior que o saco aneurismático, podemos utilizar pequenos balões para ocluir provisoriamente o colo, impedindo que as micro-molas invadam a artéria portadora no momento que elas estão sendo introduzidas. Outros aneurismas, como os fusiformes, o colo não existe, sendo necessária uma técnica combinada com a colocação de um stent que cobre o aneurisma e através de suas malhas, introduz-se um microcateter para a deposição de micromolas. O stent impede que as molas invadam o leito arterial e reconstrói o segmento arterial adjacente. Para aneurismas gigantes pode-se utilizar a mesma técnica dos aneurismas fusiformes ou então realizar a oclusão do aneurisma e da artéria portadora de maneira simultânea. VIII – Metodologia: 1. Bases de dados pesquisadas: Bireme, Biblioteca Cochrane, Pub Med, MD Consult, Lilacs. 2. Descritores (DeSC) utilizados: intracranial (cerebral) aneurysms, intracranial stent placement, surgical clipping, embolization, neuroendovascular surgery, stents, cerebrovascular disease 3. Desenhos dos estudos procurados: Meta-análise. Revisão Sistemática. Ensaio clínico controlado e randomizado. 4. População incluída e excluída: adultos portadores de aneurismas de vasos cerebrais 5. Período da pesquisa: 1997 a 2005 6. Resultados (referências selecionadas por tipo): 3 Artigos de revisão; 12 Relatos de casos; 1 Estudo Comparativo; 2 Ensaios Clínicos, 1 Revisão Sistemática. IX – Revisão Bibliográfica: • Artigo de Revisão: Stent endovascular no tratamento de aneurismas não saculares do sistema vértebro-basilar – O objetivo desse artigo foi rever a incidência, história natural e características patológicas dos aneurismas intracranianos não saculares, assim como relatar a abordagem no acesso a vasos com excessiva tortuosidade proximal. Apesar do foco dessa revisão ser a colocação do stent em lesões fusiformes e dolicoectáticas, muitos dos conceitos utilizados para esta técnica podem ser aplicados no tratamento das dissecções aneurismáticas agudas. Os aneurismas não saculares do sistema vértebro-basilar são lesões intracranianas incomuns (1). A experiência de Drake and Peerless no tratamento cirúrgico de 120 casos entre 1965 e 1992 representa o mais amplo estudo de série de casos até hoje publicado (2). O protocolo pré-procedimento inclui: - Angiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética do crânio; - Terapia anticoagulante (aspirina e clopidogrel); - Avaliação de riscos associados à ruptura; - Outras terapias anti-agregantes plaquetárias (abciximab, eptifibatide ou tirofiban); - Terapia com heparina durante o procedimento; - Técnica de colocação do stent; - Resultados. Como os stents intracranianos continuam a ter uma variedade de indicações no tratamento de doenças cerebrovasculares é essencial que todos os profissionais envolvidos no tratamento deste tipo de lesão estejam seguros das possíveis complicações e riscos pós-procedimento. Suas principais indicações são aneurismas fusiformes e dolicoectáticos. • Relato de Caso: Experiência em Buenos Aires com stent autoexpansível Neuroform® para tratamento de aneurismas intracranianos. Neste trabalho os critérios de inclusão foram pacientes portadores de aneurismas com risco de rompimento, com colo acima de 4 mm e com relação saco aneurismático/colo menor que 2. Foram excluídos aneurismas fusiformes, colo acima de 12 mm, contraindicação de utilização de antiagregantes plaquetários e gestantes. Dos 50 pacientes selecionados foi realizado follow-up clínico e angiográfico (de 3 a 17 meses – média de 7,3 meses). Quarenta e seis pacientes apresentaram um índice de sucesso com relação à técnica de 92%. O posicionamento do stent foi considerado ótimo (colo totalmente coberto pelo stent) em 81,2% dos casos e sub-ótimo em 18,8% dos casos. Em 31% dos casos foi considerado de difícil posicionamento (3). • Relato de Caso: Tratamento de aneurismas cerebrais de colo largo com Treo Stent Neuroform2®: Estudo prospectivo de 6 meses com 10 pacientes adultos, portadores de aneurisma de colo largo (rotos ou não), com relação circunferência do aneurisma/colo < 2 e colo > 4 mm. Na maioria dos casos o stent foi posicionado sem dificuldade. Ocorreu uma dificuldade técnica em 1 caso – prolapso do coil para parede do vaso, sendo corrigida com sucesso sem complicações. Não ocorreram complicações clínicas ou neurológicas associadas ao tratamento e 1 paciente necessitou de outra intervenção após 6 meses (4). • Relato de Caso: Experiência preliminar utilizando Stent Neuroform® para o tratamento de aneurismas cerebrais: Durante um período de 5 meses, 19 pacientes com 22 aneurismas foram tratados com Stent Neuroform®. Vinte e cinco stents foram colocados, sendo 5 pacientes com múltiplos stents. Cinco pacientes tinham aneurisma roto no momento do tratamento. As indicações para uso do stent foram aneurismas de colo largo (n = 13 com média de 5,1 mm de colo e média do tamanho do aneurisma de 9 mm), aneurismas fusiformes ou dissecantes (n = 3), estiramento do coil (n = 1) e aneurismas gigantes (n = 2). Problemas técnicos observados: dificuldades técnicas no posicionamento do stent (n = 6), inabilidade para posicionar o stent (n = 1), deslocamento do stent (n = 2), posicionamento inadvertido do stent (n = 1), quebra da mola (n = 1). Vinte e um dos vinte e dois aneurismas foram tratados. Duas complicações clínicas importantes ocorreram, ambas devido a eventos tromboembólicos periprocedimento. Ocorreu óbito de um paciente. As vantagens da utilização do stent endovascular foram: proteção para parede do vaso, o stent mantém o direcionamento do fluxo sanguíneo, fornece uma matriz para o crescimento endotelial facilitando a remodelação do colo do aneurisma, facilitando a reconstrução da parede do vaso (5). • Artigo de Revisão: Procedimentos endovasculares para tratamento de aneurismas de colo largo. O tratamento endovascular de aneurismas de colo largo envolve as seguintes combinações de abordagem: 1) novos tipos de molas; 2) remodelagem com balão; e 3) stents intracranianos. Apesar dos stents intracranianos representarem um avanço significativo no tratamento de aneurismas de colo largo, a inconveniência desta técnica está no fato de ser trombogênica. O stent intravascular estimula a agregação plaquetária assim que entra em contato com o sangue do paciente. É recomendado que os pacientes recebam medicação anti-agregante plaquetária 3 dias antes do procedimento, conseqüentemente, o aneurisma ideal para ser tratado com stent e micromolas é aquele não roto. A utilização de stents intracranianos com molas bioativas assegura o tratamento das lesões de forma segura e efetiva diante de uma rotura vascular (6). • Relato de Caso: Colocação de stents intracranianos com molas em aneurismas cerebrais não rotos. O tratamento de aneurismas de colo largo representa um constante desafio para os neurocirurgiões. A recente utilização de stents fornece a opção de tratar estes aneurismas, preservando a parede do vaso. Trinta e dois pacientes, com idade entre 34 e 71 anos, portadores de aneurismas de colo largo foram submetidos à colocação de stents e micromolas. Todos previamente tratados com agentes anti-agregantes plaquetários. Oclusão de pelo menos 90% dos aneurismas foi obtida. Em dois pacientes ocorreram eventos tromboembólicos, um dos quais está relacionado diretamente ao stent. A taxa global de complicações foi de 6,3% (7). • Relato de Caso: Tratamento de aneurismas intracranianos de colo largo com stents auto-expansíveis: experiência clínica inicial. Quatro pacientes portadores de aneurismas de colo largo foram tratados com a técnica de posicionamento endovascular de stents e micro-molas. Os aneurismas estavam localizados na artéria carótida interna (n = 2) e na basilar (n = 2). Uma abordagem prévia somente com molas foi tentada anteriormente, sem sucesso. Dados preliminares demonstraram que a extrema flexibilidade dos stents facilita a técnica e permite maior segurança na abordagem de vasos com maior tortuosidade nos aneurismas de colo largo. A combinação da reconstrução endovascular da parede do vaso com o stent auto-expansível, seguida da embolização é uma técnica promissora como alternativa de tratamento de aneurismas de colo largo. Apesar dos resultados demonstrados pela angiografia imediata serem positivos, um follow-up tanto clínico quanto angiográfico é essencial para determinar a permanência da integridade do vaso, assim como a oclusão do aneurisma (8). • Relato de Caso: Abordagem de aneurismas de colo largo com stent e micro-molas. O objetivo deste trabalho foi descrever os resultados, a facilidade técnica e eficácia da utilização de stent auto-expansível no tratamento de aneurismas de colo largo. Dezoito pacientes foram tratados (idade média de 52,2 anos), portadores de aneurismas de colo largo – relação circunferência/colo 2, ou diâmetro > 4,5 mm), com follow-up médio de 4,72 meses. A ausência de complicações maiores permanentes, assim como a oclusão satisfatória do vaso, confirmam ser esta técnica útil e minimamente invasiva para o tratamento de aneurismas de colo largo (9). • Estudo comparativo: Utilização de micro-mola comparada com clipagem cirúrgica, no tratamento de aneurismas não rotos da artéria cerebral média. Trinta pacientes com 34 aneurismas não rotos de artéria cerebral média (ACM), foram avaliados. Pacientes com aneurismas não rotos foram controlados prospectivamente de acordo com o seguinte protocolo: o tratamento primário recomendado é a colocação de micromolas. Abordagem cirúrgica é recomendada caso a tentativa de colocação de micromolas tenha falhado ou devido características angio-anatômicas, que contra-indicassem a abordagem endovascular. Dos 34 aneurismas não-rotos da ACM, dois (6%) foram embolizados com sucesso e 32 (94%) o foram com clipagem cirúrgica. Destes 32 tratados cirurgicamente, em 11 (34%) a técnica por embolização falhou, e em 21 (66%) a clipagem primária foi realizada devido a angio-anatomia desfavorável. Dos 13 aneurismas tratados pela técnica endovascular, 2 (15%) foram excluídos, ao passo que em 11 (85%) a técnica falhou. Uma relação desfavorável entre a circunferência do aneurisma/colo (<2) e um ramo arterial que originava o aneurisma, foram as razões para falha da embolização. Uma avaliação cuidadosa da angio-anatomia de aneurismas não rotos é um critério de seleção para o tratamento apropriado. Entretanto para aneurismas de ACM, a clipagem cirúrgica demonstrou ser o tratamento de escolha (10). • Ensaio clínico randomizado: Estudo internacional sobre aneurisma subaracnóideo (ISAT) clipagem cirúrgica versus endovascular em 2143 pacientes com aneurisma craniano não roto. Dois mil cento e quarenta e três pacientes foram randomizados de forma que 1070 foram submetidos a clipagem cirúrgica e 1073 submetidos a abordagem endovascular. Cento e noventa dos 801 (23,7%) alocados no tratamento endovascular ficaram sequelados ou ocorreu óbito em 1 ano, comparados com 243 dos 793 (30,6%) alocados no tratamento neurocirúrgico (p=0,0019). Abordagem endovascular RR= 22,6% (95% CI 8.9-34.2). Tratamento neurocirúrgico RR= 6,9% (95%CI 2.5-11.3). Em pacientes com aneurisma intracraniano, os resultados em termos de sobrevida livre de seqüela em 1 ano foi melhor na abordagem com embolização. Os dados avaliados sugerem que o risco, em longo prazo, de outro sangramento dos aneurismas tratados com ambas as técnicas é baixo, apesar de ser um pouco mais freqüente em pacientes submetidos à abordagem endovascular (11). • Estudo prospectivo randomizado: Resultados da abordagem precoce de aneurismas cerebrais rotos, tratamento cirúrgico versus endovascular: Este estudo prospectivo foi conduzido para comparar os resultados da clipagem cirúrgica versus tratamento endovascular em pacientes com aneurisma e hemorragia subaracnóidea (HSA). Cento e nove pacientes foram randomizados para tratamento cirúrgico (n=57) ou endovascular (n=32). Follow-up com Ressonância nuclear magnética (RNM) após 12 meses e angiografia programada após clipagem e com 3 e 12 meses após tratamento endovascular. Os resultados do tratamento endovascular de aneurisma roto intracraniano são semelhantes à abordagem neurocirúrgica. O tratamento endovascular está, de forma significativa, menos associado a dano cerebral detectado pela RNM. Técnica endovascular é apropriada para um grupo selecionado de pacientes, mas sua eficácia de prevenir ressangramento permanece desconhecida (12). • Revisão Sistemática: Tratamento de aneurismas intracranianos por embolização com micromolas. A embolização de aneurismas através de micromolas está aumentando como forma de tratamento de aneurismas intracranianos. Esta revisão sistemática foi realizada para verificar os resultados, em curto prazo, da porcentagem de complicações e porcentagem de oclusão de aneurismas. Os resultados em curto prazo indicam que a embolização com micromolas é segura como forma de tratamento para pacientes com aneurismas não rotos e em pacientes com HSA. A efetividade em termos de oclusão do aneurisma foi moderada. São necessários mais estudos randomizados que comparem as duas técnicas (13). • Artigo de Revisão: Evolução da intervenção neuroendovascular: uma revisão dos avanços da tecnologia. Este artigo faz uma revisão sobre o papel da cirurgia neuroendovascular – ainda incipiente - e seu importante avanço, principalmente nos últimos 2 anos, abordando doenças como estenose da artéria carótida, acidentes vasculares cerebrais (AVC), aterosclerose intracraniana, aneurismas saculares intracranianos, aneurismas fusiformes e malformações arteriovenosas. No caso específico do estudo em questão (stents endovasculares), no tratamento de aneurismas de colo largo e fusiformes, o autor relata o uso dos stents, associados a outras tecnologias como, agentes líquidos embolizantes (Onyx®), micromolas biodegradáveis e que emitem radiações e balões. Relata as vantagens dos stents estarem mais flexíveis, possibilitando seu posicionamento em vasos mais tortuosos, com melhora do efeito hemodinâmico com redirecionamento do fluxo para dentro do aneurisma e voltando para o lúmen arterial (14). O autor refere a utilização de stents para facilitar a embolização com micromolas, descrito em estudos de relatos de casos (15) (16) (17) (18) (19) (20). As artérias principalmente acometidas foram basilar, vertebral e carótida interna. X – Análise de Custo Direto: Custo direto do stent endovascular auto-expansível Neuroform 2®: R$14.200,00. Não considerada margem de comercialização. XI – Parecer do GTAS: O GTAS recomenda a incorporação do stent intracraniano auto-expansível Neuroform2® pela Unimed-BH nas seguintes situações: • Pacientes com cobertura contratual; • Aneurismas de colo largo (> 4,0 mm) e com relação circunferência aneurisma/colo < 2; • Comprovação mediante apresentação da angiografia cerebral; • Aneurismas em topografia inabordável por cirurgia aberta. XII– Referências Bibliográficas: 1 – Hanel RA et al. Stent placement for the treatment of nonsacular aneurysms of vertebrobasilar system. Neurosurg. Focus / Volume 18 / February 2005. 2 - Drake CG, Peerless SJ. Giant fusiform intracranial aneurysms: review of 120 patients treated surgically from 1965 to 1992. J Neurosurg. 1997 Aug;87(2):141-62. 3 – Lylyk P et al. Buenos Aires experinence with Neuroform self-expanding stent for the treatment of intracranial aneurysms. J. Neurosurg. / Volume 102 / February, 2005. 4 – Sepher S et al. Treatment of wide-neck cerebral aneurysms with Neuroform2 Treo Stent. Neurosurg. Focus / Volume 18 / February, 2005. 5 – Fiorella D et al. Preliminary experience using the Neuroform Stent for the treatment of cerebral aneurysms. Neurosurgery 54:6-17, 2004. 6 – Well-Roth D et al. Endovascular procedures for treating wide-necked aneurysms. Neurosurg. Focus / Volume 18 / February, 2005. 7 – Pascal J et al. Stent-assisted coil placement for unruptured cerebral aneurysms. Neurosurg. Focus / Volume 17 / November, 2004. 8 – Wanke I et al. Treatment of wide-necked intracranial aneurysms with selfexpanding stent system: uma experiência clínica inicial. Am J Neuroradiol 24:1192-1199, June/July 2003. 9 – Souza MPS et al. Microstent-assisted coiling for wide-necked intracranial aneurysms. Can.J. Neurol. Sci. 2005; 32: 71-81. 10 - Regli L, Uske A, de Tribolet N. Endovascular coil placement compared with surgical clipping for the treatment of unruptured middle cerebral artery aneurysms: a consecutive series. J Neurosurg. 1999 Jun;90(6):1025-30. 11 - Molyneux A, Kerr R, Stratton I, Sandercock P, Clarke M, Shrimpton J, Holman R; International Subarachnoid Aneurysm Trial (ISAT) Collaborative Group. International Subarachnoid Aneurysm Trial (ISAT) of neurosurgical clipping versus endovascular coiling in 2143 patients with ruptured intracranial aneurysms: a randomised trial. ! " #$ % 12 – Koivisto T et al. Outcomes of Early Endovascular Versus Surgical Treatment of Ruptured Cerebral Aneurysms - A Prospective Randomized Study. Stroke. 2000;31:2369-2377. 13 - Brilstra EH et al. Treatment of Intracranial Aneurysms by Embolization with Coils - A Systematic Review. Stroke. 1999;30:470-476. 14 – Boulos AS et al. EVOLUTION OF NEUROENDOVASCULAR INTERVENTION: A REVIEW OF ADVANCEMENT IN DEVICE TECHNOLOGY. Neurosurgery 54:438-453, 2004. 15 - Higashida RT et al. Intravascular stent and endovascular coil placement for a ruptured fusiform aneurysm of the basilar artery. Case report and review of the literature. J Neurosurg. 1997 Dec;87(6):944-9. 16 - Lanzino G et al. Efficacy and current limitations of intravascular stents for intracranial internal carotid, vertebral, and basilar artery aneurysms. J Neurosurg. 1999 Oct;91(4):538-46. 17 - Lylyk P, Ceratto R, Hurvitz D, Basso A. Treatment of a vertebral dissecting aneurysm with stents and coils: technical case report. Neurosurgery. 1998 Aug;43(2):385-8. 18 - Mericle RA, Lanzino G, Wakhloo AK, Guterman LR, Hopkins LN. Stenting and secondary coiling of intracranial internal carotid artery aneurysm: technical case report. Neurosurgery. 1998 Nov;43(5):1229-34. 19 - Phatouros CC, Sasaki TY, Higashida RT, Malek AM, Meyers PM, Dowd CF, Halbach VV. Stent-supported coil embolization: the treatment of fusiform and wide-neck aneurysms and pseudoaneurysms. Neurosurgery. 2000 Jul;47(1):107-13; discussion 113-5. 20 - Sekhon LH, Morgan MK, Sorby W, Grinnell V. Combined endovascular stent implantation and endosaccular coil placement for the treatment of a widenecked vertebral artery aneurysm: technical case report. Neurosurgery. 1998 Aug;43(2):380-3; discussion 384. XIII – Anexos: Processo de Solicitação de Incorporação Bibliografia