Sabrina Siqueira Oliveira

Propaganda
1
que
Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda
Trabalho de Conclusão de Curso
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MARKETING POLÍTICO Análise da campanha presidencial de Dilma Rousseff –
2010/2014
Autor: Sabrina Siqueira Oliveira
Orientador: Prof. MSc. Igor Gomes da Silva
Brasília - DF
2014
2
SABRINA SIQUEIRA OLIVEIRA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MARKETING POLÍTICO
Análise da campanha presidencial de Dilma Rousseff – 2010/2014
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em
Comunicação Social – Publicidade e Propaganda,
realizado na Universidade Católica de Brasília, como
requisito parcial para a obtenção do título de
bacharel em Comunicação Social.
Orientador: Prof. MSc. Igor Gomes da Silva
Brasília - DF
2014
3
Trabalho de Conclusão de Curso de autoria de SABRINA SIQUEIRA OLIVEIRA,
intitulada “Evolução Histórica do Marketing Político: Análise da campanha
presidencial de Dilma Rousseff – 2010/2014”, apresentada como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em
Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, defendida e
aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:
____________________________________________________
Prof. MSc. Igor Gomes da Silva
Orientador
Comunicação Social – Publicidade e Propaganda – UCB
____________________________________________________
Prof.ª. Dr.ª Sheila da Costa Oliveira
Avaliadora
Comunicação Social – Publicidade e Propaganda – UCB
____________________________________________________
Prof.ª MSc. Edleide Epaminondas de Freitas Alves
Avaliadora
Comunicação Social – Publicidade e Propaganda – UCB
4
“Tenha coragem de seguir o que o seu
coração e a sua intuição dizem. Eles já
sabem o que você realmente deseja.
Todo o resto é secundário”. (Steve Jobs)
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ser base de tudo e a minha fortaleza nas horas
de fragilidade, desespero e dúvida.
Agradeço aos meus pais, minha irmã, meus amados e preciosíssimos sobrinhos
Lucas e Maria Eduarda e toda a minha família, que sempre apoiou, incentivou e se
preocupou comigo.
A Matriz Comunicação, por ter me proporcionado momentos incríveis ao lado de
pessoas extremamente queridas, e que nunca sairão da minha mente e do meu
coração.
Aos professores, especialmente a professora Sofia Zanforlin, por sempre me ajudar
a traduzir em palavras o que estava na minha mente e ao professor Igor Gomes, por
acreditar e topar essa parada comigo.
Às avaliadoras, por abdicar de seus preciosos momentos livres para poderem ler
meu trabalho e ajudar-me a concluí-lo com sucesso.
Aos meus amigos e colegas de sala, Dulce, Elis, Diego, Lorena e todos os outros,
que sofreram, se irritaram, desanimaram, mais nunca desistiram comigo. Obrigada!
6
Oliveira, Sabrina Siqueira.
Evolução Histórica do Marketing Político: análise da campanha
presidencial de Dilma Rousseff – 2010/2014 / Sabrina Siqueira Oliveira –
2014.
42p.: il.; 30 cm
Trabalho de Conclusão de curso de graduação em Comunicação Social –
Universidade Católica de Brasília, 2014.
Orientação: Prof. MSc. Igor Gomes da Silva
1. Comunicação Social. 2. Marketing 3. Política. 4. eleição. I. Silva,
Igor Gomes. Orientador. II. Titulo.
Ficha elaborada pela Biblioteca da Universidade Católica de Brasília - UCB
7
RESUMO
O presente trabalho visa o estudo das estratégias de marketing político aplicadas ao
cargo mais importante do Brasil: a presidência da República. Uma abordagem
histórica de como se iniciou, se moldou e se estabeleceram os estudos para pautar
as maneiras de eleger algum candidato. Foi discutido o que é marketing, a diferença
entre marketing político e eleitoral, várias vertentes teóricas e as principais
estratégias utilizadas para versar a propaganda política e os profissionais do
marketing político, responsáveis pela elaboração desses objetivos. De maneira
específica foi analisada a estratégia eleitoral da candidata Dilma Rousseff, na
campanha 2010-2014, na qual foram investigadas as campanhas on-line e off-line.
Foi discutido também a força e a utilização das redes sociais durante a campanha
da presidente e as mudanças que ocorreram na composição do marketing político
da então candidata.
Palavras-Chave: Estratégias; Política; Eleições presidenciais e Marketing Político.
8
ABSTRACT
This paper presents the study of political marketing strategies applied by politicians
to achieve the most important public position in Brazil: The country´s Presidency. In
the first part of the research, we have done a historical overview on how democracy
and politics has developed from Ancient Greece until now, and how it influenced the
way to elect a candidate. It discusses marketing concepts and strategies and
establishes the difference between many political and electoral marketing
approaches used by politicians and marketing professionals to achieve its goals.
More specifically, this study analyses the marketing campaign of Dilma Roussef in
2010, in which online and offline campaigns were investigated. Another subject
discussed was the use of social media throughout the political campaign and the
changes
made
by
the
marketing
team
and
the
President
Key-words: Strategies. Presidential Election. Political Marketing.
candidate.
9
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 10
2.
PROBLEMA DE PESQUISA E SUA IMPORTÂNCIA .................................... 12
3.
3.1.
3.2.
OBJETIVOS .................................................................................................... 13
OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 13
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 13
4.
METODOLOGIA DE PESQUISA .................................................................... 14
5.
5.1.
5.2.
5.3.
5.4.
5.5.
REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 16
CONCEITO DE POLÍTICA .............................................................................. 16
MARKETING: POLÍTICO E ELEITORAL ........................................................ 18
HISTÓRIA DO MARKETING POLÍTICO ......................................................... 19
A POLÍTICA NO BRASIL: UMA EVOLUÇÃO HISTÓRICA.............................. 20
QUADRO COMPARATIVO: PRESIDENTES X ESTRATÉGIAS ..................... 22
6.
6.1.
6.2.
6.3.
6.4.
6.5.
6.6.
ESTUDO DE CASO: DILMA ROUSSEFF ...................................................... 31
BREVE HISTÓRICO DA PRESIDENTA .......................................................... 31
DO MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA À CASA CIVIL .............................. 32
DA CASA CIVIL AO PALÁCIO DO PLANALTO .............................................. 33
MUDANÇAS NO VISUAL ................................................................................ 34
COMPORTAMENTO ....................................................................................... 34
OFICIALMENTE CANDIDATA ........................................................................ 35
7.
MANIFESTAÇÕES OCORRIDAS EM 2013 ................................................... 37
8.
PREVISÕES ESTRATÉGICAS PARA 2014 ................................................... 39
9.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 41
10.
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 44
10
1. INTRODUÇÃO
Compreender como os profissionais de comunicação se utilizam das
estratégias de marketing político e eleitoral para posicionarem os candidatos à
Presidência da República é o principal objetivo deste trabalho. Em tempos de redes
sociais, transparência e participação social, as eleições presidenciais têm se tornado
um tema da maior relevância que exige estratégias cada vez mais complexas e
articuladas.
Para a realização deste trabalho, foi
desenvolvida uma pesquisa
bibliográfica, na busca de dados secundários em jornais, revistas, livros
especializados, a fim de contemplar e entender as estratégias de marketing
utilizadas para a eleição de um candidato à Presidência da República e como essa
dinâmica se aplica à realidade atual. Diariamente somos bombardeados de
informações sobre escândalos, lobbys e corrupção e neste contexto surgiu a
necessidade de aprofundar o conhecimento sobre em que fundamentos os
profissionais de marketing se baseiam para ajudar a eleger um candidato.
Primeiramente, será elaborada uma breve retrospectiva histórica do marketing
político, analisando a sua evolução, quem foram os primeiros candidatos a
realizarem, mesmo que involuntariamente sua campanha política, o que adotavam,
que artifícios imaginavam para ganhar uma eleição há 60 anos, sendo que não
dispunham do aparato tecnológico que temos hoje.
É nessa linha que a pesquisa será seguida: investigar como as estratégias, os
dados e os resultados prévios direcionam as decisões a serem tomadas durante
uma corrida eleitoral, não somente nas campanhas atuais, mas sobre a história
dessas eleições, das táticas utilizadas quando se começou a trabalhar com
marketing político, como essas técnicas se desenvolveram e como foram utilizadas
até a última eleição.
No final da década de 80, a legislação brasileira passou por profundas
modificações, devido ao movimento “Diretas Já”, que manifestava o poder de voto
da população para a eleição de presidente da República. Conhecida por ter sido
uma das maiores manifestações ocorridas no Brasil, esse movimento foi de grande
valia para a concretização da democracia e da distribuição do poder no país, pois
11
com a adesão de grandes personalidades, celebridades, políticos e sobretudo a
população, o governo, que por sinal, vivia às sombras da ditadura militar, sucumbiu
à pressão do povo.
E é a partir dessa transformação que a democracia se restabelece no Brasil e
o povo obtém o direito ao voto para presidente, retomando o livre arbítrio para
escolher seu representante legal, que defenda as necessidades e desejos da
população, sem distinção.
É visível que a cada dia o interesse na política brasileira está maior, as redes
sociais se tornaram uma poderosa ferramenta de expressão para demonstrar o
repúdio e o apoio em determinados casos. Com isso, vê-se que a população está
mais crítica e mais estudada, se informando sobre o que determinado político está
fazendo, o que apoia, que interesses defende, e com base e análise nesses
aspectos, a população acompanha e expressa sua opinião.
Diante de todas essas ações meticulosamente pensadas e calculadas
perceberemos a importância do marketing político na sociedade atual.
12
2. PROBLEMA DE PESQUISA E SUA IMPORTÂNCIA
Percebe-se que, diante do atual cenário democrático brasileiro, as pessoas
têm participado de maneira mais efetiva nas decisões fora da época eleitoral, que o
eleitor tem pensado não somente na hora da votação, no momento de confirmar o
voto, mas sim, durante todo o mandato do candidato. A transparência obteve no
Brasil, nos últimos anos, uma nova configuração, com o sistema judiciário mais
efetivo em relação à corrupção, acesso às novas tecnologias, a Lei da ficha limpa e
todos esses critérios são importantes aos profissionais de comunicação. Ao
estudar esse fenômeno, essa transformação social que estamos vivendo,
precisamos efetivamente compreender e aplicar essas novas ferramentas de
marketing político.
É nesse contexto que o trabalho foi guiado: investigar como as estratégias, os
dados e as pesquisas direcionam as decisões a serem tomadas durante uma
corrida eleitoral, não somente nas campanhas atuais, mas pesquisando sobre a
história dessas eleições, das estratégias utilizadas quando se começou a trabalhar
com marketing político, como essas estratégias se desenvolveram e como foram
utilizadas até a última eleição que elegeu a primeira mulher Presidente do Brasil.
A situação do cenário político brasileiro atualmente e as transformações que
estão ocorrendo na sociedade foram os principais fatores que fixaram a ideia de
pesquisar sobre marketing político e eleitoral, pois é um assunto que está presente
no cotidiano e diretamente ligado à comunicação, à publicidade, à pesquisa e
principalmente ao interesse público, pois é esse interesse que deve ser despertado
na população, tornando-a mais crítica, mais inteligente e mais observadora, pois é
somente a partir dessa mudança que os políticos lutarão por uma sociedade mais
justa, humana e igualitária.
13
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL
Refletir sobre as estratégias de marketing político no Brasil e seus impactos
nas campanhas presidenciais.
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Definir as principais estratégias de marketing político utilizadas pelos
candidatos ao cargo de Presidente da República no Brasil nos últimos 65 anos.
- Explorar as estratégias utilizadas na corrida presidencial em 2010;
- Analisar a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff durante o
mandato de 2010 a 2014;
14
4. METODOLOGIA DE PESQUISA
A pesquisa é fundamental para a realização de um trabalho acadêmico, com
isso, para saber mais sobre determinado assunto, principalmente de cunho
científico, como este, decidimos realizar um tipo de pesquisa que se dá por meio de
análise de material e publicações já divulgadas, pois segundo Gil (1987, p. 71): “A
pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos”.
Esse material já elaborado servirá como pilar para a construção deste
trabalho, pois o tema escolhido requer uma série de pesquisas, análises e
comparações que são cruciais para ter um resultado conciso e seguro.
Por se tratar de um tema de grande acessibilidade e divulgação, é necessária
a seleção das fontes pesquisadas, pois qualquer meio de comunicação, qualquer
livro ou artigo científico pode mostrar informações que não são verídicas e
infundadas. Por isso, buscaremos apenas fontes que contenham material seguro.
Pois, conforme nos adverte Gil:
Muitas vezes as fontes secundárias apresentam dados coletados ou
processados de forma equivocada. Assim, um trabalho fundamentado
nessas fontes tenderá a reproduzir ou mesmo ampliar seus erros. Para
reduzir essa possiblidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das
condições em que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada
informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizar
fontes diversas, cortejando-as cuidadosamente. (GIL, 1987, p.72).
Após a análise do material pesquisado, será apresentado um quadro
evolutivo, com os dados do candidato, período da campanha, material e meios de
comunicação utilizados e as ações de comunicação desde meados de 1930, período
da queda da República Velha e ascensão e eleição de Getúlio Vargas com a
República Nova, até a eleição da atual presidente Dilma Rousseff.
Dentre as fontes pesquisadas de cunho político e histórico das estratégias,
está o Manual Prático de Marketing Político, de Rubens Figueiredo, Ed. Konrad
Adenauer, 2004, onde o autor organiza de forma breve toda a história do marketing
político brasileiro, desde sua criação, primeiro políticos, primeiros marqueteiros
(profissionais responsáveis pelas campanhas eleitorais) até as eleições de Lula. De
15
forma simples e direta a obra mostra um conteúdo abrangente e que trará um
significado e uma contextualização de todo o desenvolvimento do trabalho.
A eleição de Dilma Rousseff foi apresentada em um capítulo à parte, pois nele
veremos uma síntese da campanha de 2010 da então candidata. Apresentamos
dados, imagens, gráficos e estratégias utilizadas na corrida presidencial, como a
popularidade foi crescendo de acordo com a proximidade das eleições, ascensão
nas pesquisas de opinião comparando-a com os candidatos opostos.
16
5. REFERENCIAL TEÓRICO
Conhecer os principais conceitos relacionados ao marketing político e suas
interelações é uma etapa necessária para melhor compreensão do escopo desta
pesquisa. Sendo assim, serão apresentados conceitos centrais que pautarão as
reflexões e pesquisas realizadas.
5.1. CONCEITO DE POLÍTICA
Um fator importante quando se pesquisa sobre política é o fato de ela ser um
bem social que sofre constantes transformações, desde a Grécia antiga, com a
criação da pólis grega, que funcionavam como Cidades – Estado, onde serviu de
exemplo para a formação de diferentes formas de política, de justificar a vida em
sociedade, a organização da comunidade, e ainda hoje a pólis grega é considerada
referência em cidadania, soberania e respeito às leis, pois os homens eram
considerados livres e iguais.
A partir da criação de várias pólis gregas em pontos distintos, a agricultura e o
comércio se desenvolveram e houve o início da concorrência de produtos, as
diferenças nas classes sociais se exaltaram, e começaram vários conflitos, de terra,
de poder, imigração de escravos e desgaste do comércio, que resultaram no fim da
polis.
Após esse período, o Império Romano foi criado no estilo político que temos
em alguns países modernos, com uma organização (pessoa, assembleia ou líder) no
poder e que detinha acúmulo de influência e de conquista de terras. O interesse era
quase em sua totalidade comercial, visto que os povos conquistados eram
escravizados e as províncias tinham seus recursos utilizados abusadamente,
patrocinando assim a vida luxuosa dos imperadores, foi nesse período que a
corrupção começa a penetrar na história da política.
Sem mais povos a conquistar, o número de escravos diminui, a produção
agrícola caiu, o dinheiro para pagar os impostos às províncias foi ficando escasso, e
o fim do Império Romano foi decretado.
No feudalismo, a forma de organização social e política era antagônica ao da
pólis grega, pois a distribuição de terras era feita pelo Rei, que distribuía aos
17
senhores feudais, que tinham com servos os camponeses, que trocavam o trabalho
por alimentação e moradia. Com o desenvolvimento populacional, a demanda de
consumo da sociedade foi aumentando e a capacidade produtiva ainda era
pequena, foi o início da desordem, com epidemias como a peste negra, que dizimou
um terço da Europa. A forma de pagamento foi mudada, para que os servos
pudessem receber uma moeda, para que pudessem ser usadas em aquisições de
mercadorias e produtos agrícolas, comercializados em feiras.
Somente no início do século XVI a produção agrícola cresceu e os índices
sociais e econômicos se estabilizaram, mas ainda os feudos não conseguiam
produzir para suprir as necessidades da sociedade. Foi nesse período em que os
mercados italianos e árabes começaram a construir relações comerciais, surgindo
assim as rotas comerciais.
A política começa a dar longos passos quando se diferencia Estado de
governo, questão que Maquiavel traz em “O Príncipe”, quando explica que
estratégias um governo usa para se manter no poder, controlando o Estado. Pois:
O governo é o agente da atividade política de um Estado. Sendo um agente
da política, esta impõe as condições e as exigências. Para ser governo, é
preciso se subordinar à lógica própria da atividade do Estado, em todos os
seus detalhes. (MAAR, Wolfgang, 1982, p. 36).
O autor busca explicar que não é o Estado que depende do governo, e sim
este que depende daquele, onde o governo tenha autonomia sobre o Estado, pois a
organização deve representar os interesses da burguesia.
Depois que Maquiavel estudou o Estado e o governo, foi a vez de Karl Marx
(1818-1883), direcionar o foco para a luta de classes, fato que é visto com
naturalidade e frequência na atualidade, e pela defesa do socialismo onde as
atividades do governo, ao invés de serem concentradas no Estado, estariam
voltadas para as classes sociais, pela solução de problemas que o capitalismo
causou, pois, segundo Maar: “A atividade política precisa ser adequada à lógica da
luta de classes, que aponta para o socialismo como solução para os problemas do
capitalismo (miséria, desemprego, recessão, etc.)”
É com a força das classes que a sociedade pode lutar para a resolução e
implantação de ideias e ideais que possam melhorar a condição de vida das
pessoas. É a atividade política que deve se adequar a resolver situações/problemas
18
da população, deve servir e ajudar na melhora da qualidade de vida, na erradicação
de problemas gerados pela globalização.
5.2. MARKETING: POLÍTICO E ELEITORAL
Antes de compreender a diferença entre marketing político e eleitoral,
precisamos entender o que é marketing, qual sua finalidade e como funciona.
Marketing é um mundo, não somente vendas, lucros, descontos e promoções. muito
mais: é a capacidade de entender e satisfazer as necessidades do cliente. É tentar
transformar uma necessidade em uma oportunidade lucrativa de negócios.
Marketing vem do inglês “Market” que significa mercado, ou seja, venda, comércio,
mais uma surpresa instigante é que marketing não é somente a troca de produto
e/ou serviço por dinheiro, ou seja, a venda é apenas uma ponta do iceberg, como
Drucker define e ainda completa:
Pode-se considerar que sempre haverá necessidade de se vender. Mas o
objetivo do marketing é tornar supérflulo o esforço de venda. O objetivo do
marketing é conhecer e entender o cliente tão bem que o produto ou serviço
possa se adequar a ele e se vender sozinho. De maneira ideal, o marketing
deveria resultar em um cliente disposto a comprar. A única coisa
necessária, então, seria tornar o produto disponível. (DRUCKER, 1973,
P.64)
Desde os primórdios do marketing, ainda mesmo quando nem era usada essa
denominação, a comercialização tinha um único objetivo: vender e gerar
lucratividade. Com o decorrer do tempo, a comercialização de produtos deixou de
ser exclusiva (vendia apenas quem produzia) e passaram a ser comercializados por
diversas pessoas. Com o aumento da concorrência, viu-se a necessidade de criar
meios para diferenciar o produto, de torna-lo atraente e conquistar o cliente.
Ainda assim, o marketing tinha pouca importância nas empresas. Após a
Segunda Guerra Mundial, com a evolução da tecnologia, o marketing começou a
ganhar destaque e percepção da sua real importância para o mercado.
Na década de noventa e com o avanço da tecnologia, o marketing foi
ganhando ainda mais notoriedade. Com a criação de serviços de atendimento ao
consumidor, diversos meios de distribuição e logística, o relacionamento com o
cliente foi se estreitando. A partir daí, com o desenvolvimento dos meios de
19
comunicação, telefonia, rede de computadores, internet, etc., que o marketing
obteve os moldes que tem hoje. Daí em diante, o marketing deixou de ser apenas
uma comercialização de produtos, somente entre vendedor e comprador e passou a
ser uma poderosa ferramenta no mercado.
É importante ressaltar que o marketing envolve diferentes categorias de
produtos como, bens, serviços, eventos, experiências, lugares, propriedades e
também pessoas e instituições, que foram nossos objetos de estudo.
5.3. HISTÓRIA DO MARKETING POLÍTICO
Analisando os diversos meios de pesquisa sobre marketing político,
principalmente livros, viu-se que algumas estratégias utilizadas são caminhos
possíveis há várias décadas, ou seja, entre o material há uma boa mistura de
novidade com tradição. Novidade no sentido de melhora, de elaboração de novas
estratégias, e tradição com o intuito de manter o que deu certo, o que lembra o
ditado “não se mexe em time que está ganhando”. Diante disto, foi feita uma
minuciosa pesquisa teórica e encaixamos na realidade atual do cenário político
brasileiro, claro que, em eleições passadas, a comunicação era talvez mais
direcionada, mais segmentada, hoje há uma explosão de informações (no campo
político) tanto online como off-line e assim o candidato que conseguir mais atenção
e interesse dos eleitores, consequentemente, conseguirá ser eleito.
O marketing político tem recebido cada vez mais notoriedade, com os
intensos e constantes acontecimentos políticos no Brasil. Para a comunicação
direta com o povo, é necessária uma série de fatores que são minuciosamente
estudados e construídos para que o candidato seja agradável e seguro para
defender os interesses da população. O marketing político não foi criado sem base,
sem argumentos, foi a cada nova eleição, a cada novo candidato que surgia, se
materializando e transformando-se em estratégia.
Uma série delas, que aos poucos foi ganhando espaço e novos adeptos e se
transformou nesse “tal de Marketing Político”. No contexto mundial, o marketing
político teve início durante a eleição de um general do exército americano chamado
20
Dwight Eisenhouer, candidato à presidência dos Estados Unidos da América, que
contratou uma agência de publicidade para ajudá-lo a adaptar sua campanha para
a televisão e o rádio (meios que começaram a ter grande notoriedade). A agência
contratada foi a BBDO, que percebeu a necessidade da criação de um perfil novo
do candidato, que passasse a ideia de futuro para os EUA e não de general do
exército que se dedicou no passado à nação. Assim foi feito e o general eleito em
1956. (FIGUEIREDO, 2004).
5.4. A POLÍTICA NO BRASIL: UMA EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Os primeiros passos do marketing no campo político no Brasil foram, mesmo
que indiretamente, com o presidente Prudente de Morais (governou de 1894 a
1898), quando viajava pelas cidades de trem e em lombos de burros para realizar
pequenos comícios nas cidades e anotava em uma caderneta os principais nomes
dos que pediam os votos e doavam dinheiro para sua campanha. Oficialmente, foi
Getúlio Vargas quem teve o primeiro marqueteiro da história, sendo ele o jornalista
Lourival Fontes, que teria viajado até a Itália para aprender sobre campanhas
eleitorais.
A partir daí, Getúlio começou a participar de programas de auditórios, de
rádios e ganhou visibilidade, foi ditador por 25 anos e mais 4 como presidente eleito.
Um dos destaques das campanhas de Getúlio Vargas foi o famoso bordão “pai dos
pobres” e broches em forma de marmita que ele teria entregado a vários
trabalhadores brasileiros, influenciados é claro, pelo marketing político.
As formas de conquistar o eleitor, foi mudando juntamente com a evolução do
poder de conhecimento, do acesso à informação, da oportunidade de poder
conhecer diferentes opiniões, propostas e ter a capacidade de analisar e decidir em
quem está se confiando seu voto. O acesso foi caminhando junto ao conhecimento,
e com a evolução tecnológica a sociedade também se transformou.
É visível que a cada dia o interesse na política brasileira está maior, as redes
sociais se tornaram uma poderosa ferramenta de expressão para demonstrar o
repúdio e apoio em determinados casos. Com isso, vê-se que a população está mais
crítica, mais informada e mais estudada, querendo saber sobre o que determinado
21
político está fazendo, o que ele apoia que interesses defende, e com base e análise
nesses aspectos, a população acompanha e expressa sua opinião.
Contando com uma sociedade mais informada e mais interessada, os partidos
políticos vêm incentivado à população, principalmente seus militantes e associados
a cursarem as escolas de formação política, cada partido com sua estrutura e
ideologia. Nessas escolas são disponibilizados cursos, oficinas e palestras sobre o
partido, como estatutos, ideologias e interesses.
Talvez o maior fator motivador e que determina que caminhos os candidatos
devam seguir, sejam as pesquisas de opinião, que ajudam na elaboração de
estratégias e planejamento de campanhas eleitorais. É a partir das pesquisas que os
profissionais de marketing veem quais sãos os interesses da população, o que eles
esperam de determinado candidato, e assim, podem “moldar” o candidato para que
ele se aproxime desse modelo imaginário de presidente, de líder e que com
discursos, carisma e um bom poder de persuasão, possa ser eleito.
Segundo Rubens Figueiredo (2002), podemos perceber a evolução das
estratégias eleitorais:
Com o aprimoramento das estratégias eleitorais, o marketing político perdeu
moldes antigos e artesanais, onde os assessores e até mesmo familiares
que analisavam os candidatos, o eleitorado e os adversários, essas análises
não tinham nenhum tipo de metodologia, nem técnica específica, que na
maioria das vezes, não eram eleitos. (FIGUEIREDO, 2002, p. 58).
Foi a partir da eleição de Fernando Collor de Melo que o marketing político
ganhou os moldes que tem hoje. Graças ao desenvolvimento dos meios de
comunicação de massa e da propaganda política, os profissionais de marketing
passaram a cuidar não somente das estratégias eleitorais, como também de várias
outras formas de comunicação, como a propaganda impressa, eletrônica, redes
sociais, mídias alternativas e comícios, caminhos estes que devem ser definidos
para que cada mídia seja específica para determinado público, que atenda aos
desejos da sociedade e, claro, ajude na eleição do candidato.
Para se tornar popular, agradável e conseguir o voto de cada pessoa é
necessária a construção de uma imagem política. Essa composição começa desde o
visual, a estética, até o modo de falar e se comportar diante os diversos públicos
com que lida. Expressões faciais, gestos, modo de se comportar diante assuntos
22
polêmicos, todos esses aspectos e muitos mais são meticulosamente elaborados
para que o público sinta segurança e competência no candidato.
Um bom exemplo é a atual Presidente, Dilma Rousseff, que foi modificada,
tanto fisicamente, quanto oralmente. Quando ainda era Ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma tinha uma postura bem diferente do que vimos atualmente. Primeiramente,
para poder ter a confiança e simpatia dos eleitores, precisou modificar sua estética,
corte de cabelo, maquiagem, vestuário, tudo isso para se tornar visualmente mais
agradável.
Depois da mudança estética, houve a necessidade de mudar a oratória, o
modo de falar diante qualquer assunto, mesmo que seja desconfortável, de se
comportar diante polêmicas, etc. Logo, com todas essas mudanças, Dilma soube
saltar da aparência de arrogância, antipatia e despreparo para uma postura de
competência, simpatia e confiança. Com isso e várias outras estratégias, Dilma
Rousseff foi eleita em 2010 a primeira mulher presidente do Brasil.
5.5. QUADRO COMPARATIVO: PRESIDENTES X ESTRATÉGIAS
Getúlio Vargas (1951 a 1954)
Materiais e Meios
Utilizados




TV;
Bottons;
Chaveiros;
Jogos de
jantar;
 Talheres
 Panfletos
 Cartazes
 Jornais;
 Cinema;
 Rádio;
Conduta de Comunicação
 Era ciente de que distribuir
panfletos e andar pelas cidades
não eram mais suficientes;
 Sempre procurara algo a
mais;
 Sempre posava ao lado da
Bandeira Nacional para
fortalecer a imagem de
comprometido com a Nação;
 Em comícios e discursos
sempre beijava o estandarte;
 Investiu em documentários
para TV e Cinema;
 Imagem de pessoa dedicada
ao povo;
 Usava sempre a expressão:
“Trabalhadores do Brasil”;
Slogan
Jingle
Retrato
Velho
23
 Proximidade com a classe
operária;
 Era um homem do povo e
favorável às classes menos
favorecidas;
 1º presidente a ter um
marqueteiro com formação
oficial em sua equipe;
 Sempre freqüentava
programas de auditório para ser
próximo do povo;
 Distribuía broches em forma
de marmitas para os
“trabalhadores do Brasil”;
 Conhecido como “Pai dos
pobres” e “Salvador da Pátria”.
Juscelino Kubistchek (1956 a 1961)
Materiais e
Meios Utilizados
 Programas
de televisão;
 Mesas
redondas;
 Entrevistas
à imprensa;
 Distribuição
e criação de
um noticiário
com fotos e
vídeos para os
veículos de
comunicação;
 Anúncios
pagos em
jornais;
 Cinema
 Comícios;
 Realização
Conduta de Comunicação
Slogan
 Procurava abrir espaço no
cenário político até ser indicado
candidato;
 Sabia que precisaria do apoio do
eleitorado mineiro, pois este
conhecia seu governo;
 Identificação pessoal com os
 “50 anos em
problemas do povo, dos pobres e
5”
dos humildes;
 “Novos
 Linguagem clara, sobre
rumos para o
alimentação, vestuário, habitação;
Brasil”
 A ideia defendida era tornar-se
conhecido;
 Tinha um plano concreto de
obras, e promessas, que foram
realizadas em Minas Gerais e
seriam levadas ao país inteiro;
Visitava muitas cidades, para ter
maior aproximação com o
Jingle
 Música
“Peixe Vivo”
;
24
de pesquisas
sobre o
eleitorado,
para definição
de melhor
lugar para
começar a
campanha;
 Ajuda de
cabos
eleitorais;
 Folhetos
 Cartazes
 Pequenos
folders;
 Bexigas;
 Faixas;
 Peças
publicitárias
criativas
eleitorado;
Procurava saber dos problemas
do povo com o governo e vice
versa;
Dava voz ao povo, queria ouvir a
opinião das pessoas;
Discurso lógico (seguia uma
ordem: sobre o candidato,
pensamentos, promessas e
planos de governo e a solução
para os problemas que já tinha
ouvido das pessoas);
Familiaridade;
Era sempre acompanhado de
personalidades e poderosos que
poderiam lhe garantir mais votos;
Associava a campanha à imagem
do ex-presidente Getúlio Vargas;
Pedia ajuda ao povo para
governar.
Jânio Quadros (Jan 1961 a Ago 1961)
Materiais e
Meios
Utilizados
 Rádio;
 TV;
 Santinhos;
 Manifestos;
 Selos;
 Broches;
 Ofícios;
 Cartazes;
 Panfletos;
 Comícios;
 Charges;
 Acrósticos
Conduta de Comunicação
 Vassoura: como modelo
contra a corrupção;
 Soube falar diretamente ao
povo;
 Rompia modelos políticos
institucionalizados;
 Gostava de se igualar, ter
uma imagem igual a do povo;
 Humilde e culto ao mesmo
tempo;
 Os líderes de opinião eram
violeiros, cantadores,
caminhoneiros;
 Simplificação da mensagem
para adequá-la e torna-la de
fácil entendimento ao público;
Slogan
 Vassoura
neles!
Jingle
 "Varre,
varre,
vassourinha,
varre varre a
bandalheira"
25
Tancredo Neves (não exerceu mandato)
Materiais e
Meios
Utilizados
Conduta de Comunicação
 Cartazes;
 Camisetas;
 Bonés;
 Leques;
 Braçadeiras;
 Guardachuva/sol;
 Decoração
padronizada
para os
ambientes de
comitês,
palanques,
muros e
residências;
 Faixas
 Estandartes;
 Comícios;
 Pesquisas
de opinião;
 Corpo a
corpo para
buscar apoio
popular;
 Primeiro civil a ocupar a
presidência da república;
 Primeiro a ter uma assessoria
de marketing especializada
coordenada por agências de
publicidade;
 Padronização de cores para a
campanha (amarelo, verde e
azul), que simbolizavam as cores
do Brasil;
 Gesto de braços levantados;
 Braços em forma de “V”, de
vitória;
 Mãos dadas, representando
solidariedade;
 Construir uma campanha que
abarcasse o espírito de uma
eleição direta;
 Comandou o tempo inteiro a
própria campanha;
 Legitimava a eleição direta, e
buscava apoio popular;
 Ajuda voluntária de
profissionais habilitados
(publicitários e jornalistas);
As pesquisas de intenção de voto,
eram estudadas minuciosamente;
 Fazia referência aos seus
predecessores (Getúlio como
“excepcional” e Juscelino como
“notável”);
 Discursos com doutrinas e
ideologias que favorecessem
Slogan
 “Muda Brasil.
Tancredo para
Presidente”;
 “Muda Brasil.
Tancredo Já”
“Volte a sorrir
meu Brasil”
Jingle
“Quem é
que vai
ganhar, não
é segredo, é
Tancredo, é
Tancredo”.
26
sempre o povo.
Fernando Collor de Melo (1990 a 1992)
Materiais e
Meios Utilizados
 Debates
eleitorais;
 Camisetas;
 Pesquisas
de opinião;
 Comícios;
 TV
 Rádio
 Transmissões
ao vivo das
atividades
cotidianas
 Aproximação
com o povo
Conduta de Comunicação
 Conservou a imagem de jovem,
esportista e saudável;
 Buscava conquistar espaço na
mídia;
 Habilidoso para reverter
situações desfavoráveis
 Investimento nas pesquisas de
intenção de voto;
 As pesquisas começaram a
ganhar requintes de
sofisticação;
 Desenvolvimento de um
software para gerenciar
informações da campanha;
 Equipe preparada para novas
ações, amenizando falhas e
evidenciando práticas que
davam certo;
 Todas as estratégias eram
decididas em conjunto com os
assessores;
 Campanha-show: De dia havia
aproximação com eleitores e
músicas descontraídas. À noite
contava com efeitos especiais,
holofotes, fogos de artifícios;
 Apelo “Minha Gente” foi muito
utilizado com discursos
emblemáticos e messiânicos;
 Criação do Disque Brasil Novo:
linhas telefônicas para ouvir os
eleitores;
 Distribuição via correios do Kit
de material de propaganda;
Slogan
Jingle
“Collor é
progresso”
“Collorir de
novo”
27
 Jornais e revistas
evidenciavam atividades
comuns (corrida diária matinal)
 Força de persuasão e atuação
convincente.
Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2003)
Materiais e
Meios
Utilizados
 Outdoors;
 Camisetas;
 Faixas;
 Bonés;
 Edição de
livro com os
programas
de governo;
 Bottons;
 Adesivos;
 Brindes;
 TV;
 TV por
assinatura;
 Rádio
Conduta de Comunicação
 Programas eleitorais com
linguagem e argumentação
jornalísticas;
 Criação de Home Page
(internet era novidade)
 Uso de canais na TV por
assinatura;
 Líder nas classes sociais mais
altas;
 Considerado “Pai do Real”,
pela criação da nova moeda;
 Mudança de imagem de
“elitista e fala difícil” para
“conhecido e simpático”;
 Serenidade, equilíbrio;
 Conhecedor de problemas
nacionais;
 Evidenciava imagem de bom
negociador e alta capacidade
intelectual.
Slogan
 “Quem
derrubou a
inflação, vai
acabar com o
desemprego”.
Jingle
“Levanta a
mão, e
vamos lá,
que o Brasil
está
melhorando,
ele não
pode parar;
Levante a
mão, seguir
em frente,
reeleger
Fernando
Henrique
presidente”.
Luís Inácio Lula da Silva (2003 a 2011)
Materiais e
Meios
Utilizados
Conduta de Comunicação
 Mudança de Imagem;
Slogan
 “A esperança
Jingle
 “Bote fé
28
 Comícios;
 Carreatas;
 Showmícios
(com shows
de artistas);
 Bonés;
 Faixas,
 Adesivos;
 TV;
 Rádio;
 Bandeiraços;
 “Lulinha, paz e amor”;
 Promete Governo com
crescimento e entendimento;
 Muitas viagens pelo Brasil e
apenas um debate (já no
segundo turno);
 Promessa de país de trabalho
sério e lucro justo e não de
aproveitadores;
 Devido ao escândalo do
mensalão, em 2006, desvincula
a imagem do partido e associa
à do Presidente;
 O número para votação muda
da cor vermelha (PT) para
verde e amarelo (cores do
Brasil);
 Campanha se distancia do
partido;
 Evitava embate com
adversários e focava em
projetos e discursos;
 Não abordava muito temas
polêmicos, para não perder
votos;
 Encontros e palestras com as
principais federações e
sindicato do Brasil para se
aproximar mais ainda da classe
trabalhadora;
 Imagem de candidato
negociador e estadista.
vai vencer o
medo”
 “Quero um
Brasil
decente”

e diga
Lula”;
 “Agora é
Lula”
Dilma Rousseff (2011 a atual)
Materiais e
Meios
Utilizados
Conduta de Comunicação
Slogan
Jingle
29
 TV
 Mídias
Sociais
 Horário
eleitoral no
Rádio
 Panfletos
 Cabos
eleitorais
 Adesivos
 Bandeiras
 Bandanas
 Faixas
 Fotos com
Lula
 Músicas
 Apadrinhada por Lula;
 Aparições públicas sempre ao
lado de Lula;
 Maior contato com eleitores;
 Criação de uma conta no
twitter e um blog, para atingir o
público conectado nas redes
sociais;
 Comprovação de fatos através
de pesquisas de intenção de
voto;
 Cabos eleitorais em todas as
regiões do Brasil;
 Mudança do visual;
 Mudança da percepção de
antipatia;
 Agregava valor maternal;
 Exibia sempre depoimentos da
mãe, e de amigas, e imagens da
filha e do neto, para comoção
popular;
 Repassar a segurança que os
eleitores sentiam em Lula;
 Discursos direcionados (como
se estivesse falando para cada
um, pessoalmente);
 Intenção de atingir as
mulheres;
 Fala atrelada aos fatos
positivos e bem sucedidos do
governo anterior;
 Depoimentos de pessoas
comuns;
 Presença em locais de
promessas;
 Lula sempre exaltava as
características da candidata;
 Apresentação da vida pessoal;
 Disponibilização de material de
campanha online (músicas, fotos,
logomarcas, etc);
“Para o Brasil
seguir
mudando”
 “Dilma,
uma
brasileira”.
30
31
6. ESTUDO DE CASO: DILMA ROUSSEFF
De acordo com o quadro comparativo apresentado anteriormente, pode-se
perceber que as estratégias de marketing utilizadas pela Presidenta, são justamente
uma combinação de todas as estratégias vistas e praticadas até o momento. É
visível que o uso das redes sociais, o tipo de linguagem, de abordagem com o
eleitor, é diferente. Primeiramente, Dilma vem de uma história governamental breve,
diferentemente de Lula, que fora eleito somente na quarta eleição disputada.
Foi em meados de 2003 que Dilma, começou a ganhar notoriedade com a
participação na equipe de transição do governo de Fernando Henrique para o
recém-eleito Lula, a partir daí, que a visibilidade e competência da presidenta foram
se destacando. Em 2003, depois da posse de Lula, foi nomeada Ministra de Minas e
Energia, em 2005 se torna Ministra Chefe da Casa Civil. Sendo considerada “mãe
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, Dilma vinha ganhando mais
força e espaço no governo Lula.
A partir dessa visibilidade notória, com intensas e importantes reuniões e
clara competência e firmeza, rumores de que ela seria a “candidata de Lula” para
substituí-lo, foi que, em abril de 2010, deixou o Governo Federal para candidatar-se
à presidência do Brasil. Em julho do mesmo ano, o PT (Partido dos Trabalhadores)
comunica oficialmente Dilma Rousseff como candidata ao cargo.
A partir dessa decisão, se inicia uma verdadeira maratona para eleger Dilma,
contando como principal cabo eleitoral da campanha, Lula que foi de extrema
importância para a vitória. Ao deixar o cargo, o ex-presidente contava com 87% de
aprovação e popularidade1, recorde nunca antes registrado pelo Instituto Brasileiro
de Opinião Pública e Estatística (IBOPE).
6.1. BREVE HISTÓRICO DA PRESIDENTA
Dilma Vana Rousseff nasceu em Belo Horizonte – MG em 1947, de pai
búlgaro e mãe brasileira, Dilma teve uma infância feliz e sempre estudou em
1
Fonte: IBOPE (http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/12/popularidade-de-lula-bate-recorde-echega-87-diz-ibope.html) – Em 10/11 às 11:04)
32
colégios tradicionais e fazia parte da elite da capital mineira. Aos 16 anos já fazia
parte dos movimentos sociais e era membro das organizações clandestinas que
lutavam por liberdade durante a ditadura militar. Foi presa em 1970 e libertada em
1972, quando se mudou para Porto Alegre – RS e recomeçou a vida. Casada e
com uma filha, Dilma ajudou a fundar o PTD (Partido Trabalhista Brasileiro),
participou ativamente da militância e das campanhas eleitorais, elegendo seu
esposo Carlos Araújo à Deputado. Em 1986, é convidada para assumir a
Secretaria de Fazenda de Porto Alegre.
Em 1993 torna-se Secretária Estadual de Minas, Energia e Comunicação.
Ganhando visibilidade pela realização de projetos que beneficiavam a população e
garantiam segurança quanto a energia no Estado do Rio Grande do Sul, eximindo
o Estado do racionamento de energia imposto pelo governo de Fernando Henrique,
Dilma tornou-se conhecida e foi convidada a participar da equipe do governo de
transição entre Fernando Henrique Cardoso e Lula. A partir daí, foi novamente
convidada a assumir o Ministério de Minas e Energia, permanecendo até 2005
quando foi nomeada Ministra – Chefe da Casa Civil.
6.2. DO MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA À CASA CIVIL
Como ministra, Dilma comandou a reformulação do marco regulatório
(normas técnicas, leis e regulamentos) para as práticas em Minas e Energia, presidiu
o conselho de administração da Petrobras e criou o programa “Luz para todos”.
Devido à saída do então ministro da Casa Civil José Dirceu, pelo escândalo do
mensalão, Dilma Rousseff foi indicada por Lula para assumir a pasta e aceitou o
desafio.
Diante dos inúmeros projetos que participou, Dilma se destacou na
coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que consistia em
um conjunto de políticas econômicas para acelerar o crescimento da economia do
país, também o programa de habitação popular minha casa, minha vida.
A partir desses programas e consequentemente da grande repercussão das
políticas adotadas, foi que Dilma ganhou visibilidade e poder no governo Lula.
Detendo de grande poder de negociação e competência, foi então que os jornais e
revistas começaram boatos sobre uma possível candidatura e consequentemente
33
sucessão ao presidente mais popular da história do Brasil12, segundo o Datafolha
(Instituto de pesquisas do grupo folha).
6.3. DA CASA CIVIL AO PALÁCIO DO PLANALTO
Para sermos mais precisos, foi durante o lançamento do programa Minha
Casa, Minha vida, em fevereiro de 2009, no Morro do Alemão – Rio de Janeiro, que
se iniciaram os boatos de uma possível candidatura, devido a um discurso em que o
então presidente Lula, enaltece as qualidades da ministra, qualificando-a como “mãe
do PAC”. Nele, Lula menciona a capacidade de gerenciamento e a competência da
ministra, foi a partir deste momento que começaram as especulações.
Em discursos posteriores, Lula comentou que na época Dilma era a única
pessoa capaz de administrar o Brasil, pois tinha história política, conhecimento em
administração e economia, coordenando assim, os principais programas de
desenvolvimento do Brasil. O fato é que a expressão “mãe do PAC” passa a ser
julgada como recurso eleitoral e é alvo de críticas. Assim, “mãe do PAC” transformase em “mãe do povo”, apelando, aproximando e relacionando o povo, à humildade, e
a garra. Nesse sentido, Thiollent, afirma:
Como bem observou o autor, o termo “povo” possui ambiguidades ao nível
do que designa. Em certos casos designa uma entidade demográfica ou
antropológica, noutros casos designa as classes sociais de baixa renda. Em
certos casos, é confundido com o conjunto da nação, noutros casos
designa um subconjunto da população oposto à camada privilegiada. Essas
ambiguidades são reproduzidas nos discursos políticos em função das
circunstâncias e dos interesses expressados pelos oradores. Num mesmo
discurso, um homem político pode utilizar diversas noções de povo. [...] Em
conclusão podemos considerar que, dentro do discurso político, a aparente
“referência” ao povo não pode ser interpretada como referência efetiva. A
palavra “povo” não se refere a uma entidade concreta, sem referência de
valores ou intenções políticas. A “referência” ao povo faz parte de um
procedimento argumentativo de tipo apelativo no plano emocional.
(THIOLLENT, 1986, p. 85).
Assim, aproximando-se das pessoas, sendo mais presente em inaugurações
de programas, em entrega de escolas, hospitais e tudo o que envolve casa civil e
presidência, Dilma foi se igualando ao povo, na simplicidade e no modo de se
expressar, tomando cuidado para que não fosse interpretada como propaganda
eleitoral antecipada.
2
FONTE: Datafolha (http://noticias.terra.com.br/brasil/lula-continua-sendo-presidente-mais-populardiz-datafolha,b40b63fc8940b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html) em 06/03/2014)
34
6.4. MUDANÇAS NO VISUAL
Ao assumir a Casa Civil, Dilma adotava roupas e penteados básicos e sem
muito planejamento.
As roupas, quase sempre terninhos unicolores, foram
substituídas por blusas coloridas, com babados, buscando ser um pouco menos
formal. Os grandes óculos redondos cederam lugar as lentes de contato, e ainda
intervenções estéticas para transmitir uma imagem mais jovial, mais alegre, mais
disposta e assim, mostrar aos eleitores que podem confiar em uma pessoa forte, de
coragem e determinação.
Inclusive a perda de peso e o corte de cabelo foram modificados para deixar
de lado o jeito inflexível e sério para uma Dilma simpática, simples, igual ao povo,
agregando valor maternal como a expressão anteriormente empregada a ela.
Conforme podemos observar nas imagens abaixo, quando Dilma ainda era Ministra
Chefe da Casa Civil e ao lado, a foto oficial como presidenta do Brasil:
Antes (Crédito: Fábio Mota/AE)
Depois (Crédito: Roberto Stuckert Filho / PR)
6.5. COMPORTAMENTO
As expressões e hábitos de Dilma, desde que passou de bastidores à frente
às câmeras foram muito observados e criticados devido a gestos explícitos. A
imagem de gerentona foi tratada, o tom de voz alto e a linguagem técnica foram
substituídos por um tom mais baixo, que transmita calma. Foi acrescida a expressão
“uai” típica de Minas Gerais, cidade natal da candidata. A movimentação excessiva
35
das mãos e o rosto tenso, com expressão fechada, deram lugar às mãos paradas
para passar mais segurança e ao sorriso direcionado transmitindo simpatia.
6.6. OFICIALMENTE CANDIDATA
Para conseguir eleger a primeira mulher presidente do Brasil, o PT (partido
dos trabalhadores) investiu fortemente na comunicação, para haver uma relação
entre a candidata e o eleitor. Como não tinha tanta popularidade e nunca havia
disputado uma eleição, a imagem de Dilma Rousseff começou a ser projetada no
cenário nacional enaltecendo a importância dela nos projetos governamentais e a
capacidade de gerenciamento como ministra.
É inegável que Lula teve papel fundamental na eleição de Dilma, tanto por ser
o presidente que teve maior aprovação na história do Brasil, quanto por ter uma
história política construída com sacrifício e persistência. Os discursos e comícios
eram quase que em sua totalidade ao lado de Lula, para que os eleitores realmente
a associassem como sucessora dele.
Para uma campanha eleitoral é necessário traçar dentre inúmeras estratégias,
a mensagem que se quer transmitir ao público, na campanha de Dilma não foi
diferente, com o slogan “Para o Brasil seguir mudando”, para tentar representar as
significativas transformações que ocorreram no país durante os dois mandatos de
Lula e que Dilma seria a continuidade das mudanças.
Para ter maior aproximação com o público conectado às redes sociais, Dilma
aderiu ao Twitter e ao Facebook criando perfis com constantes atualizações, para
que realmente houvesse uma interação e maior contato com os eleitores, visto que
nesses recursos, os eleitores tem a capacidade de responder, perguntar até mesmo
de criticar propostas, discursos, promessas, temas polêmicos relativos a campanha.
Fez sucesso, e em menos de três horas, o perfil recém-criado no twitter contava com
mais de três mil seguidores, sendo até hoje um dos principais meios de
comunicação utilizados pela presidência da República.
O perfil no twitter foi criado em abril de 2010 (seis meses antes das eleições),
contando com a primeira postagem em linguagem pessoal, escrevendo em primeira
pessoa, logo foram outras publicações explicando que como candidata não tinha
tanto tempo para se dedicar e que era ajudada por algumas pessoas. Após ser
eleita, o twitter deixou de ser utilizado sendo reativado somente em setembro de
36
2013 com postagens e interações com um perfil satírico da presidente intitulado de
“Dilma Bolada”, a mais famosa e com quase duzentos mil seguidores no facebook.
Hoje, a página oficial conta com mais de três milhões de seguidores e as
postagens são frequentes, há especulações de que a reativação deste perfil tem
intenção eleitoreira, fato acontecido um ano antes das eleições de 2014. Assim, o
perfil ainda continua com a mesma rotina de 2010, postagens em primeira pessoa
predominantemente e em terceira pessoa, com menos frequência.
Nos discursos a fala era sempre direcionada, direcionada no singular “meu
amigo, minha amiga” como se estivesse falando para cada pessoa, individualmente.
E eram separados por gêneros, brasileiros e brasileiras, exaltava-se a importância
da mulher no desenvolvimento do país, na rotina da casa e na administração da
vida, transmitindo que ela, como mulher era capaz de administrar o Brasil, de
continuar as transformações iniciadas por Lula.
Outro fator era que Lula, ao discursar sempre atrelava Dilma aos projetos de
governo que fizeram sucesso, como “Luz para todos”, “Minha casa minha vida” e
tantos outros. Com essa referência, os eleitores entendiam que apesar, de nunca ter
sido candidata, ela estava sempre trabalhando com Lula, coordenando os projetos
que o governo dele criou, então, logicamente ela era a pessoa mais indicada para
substituí-lo.
Foi assim que, em 31 de outubro de 2010, foi eleita em segundo turno a
primeira mulher presidente do Brasil, com quase 56 milhões de votos após uma
longa e árdua candidatura, derrotando concorrentes experientes, que já tinham sido
candidatos, inclusive alguns eleitos em outros níveis de poder e com o desafio de
continuar um governo que terminava com um recorde de 87% de aprovação do povo
brasileiro.
37
7. MANIFESTAÇÕES OCORRIDAS EM 2013
Em meados de junho de 2013, o Brasil inteiro se mobilizou para iniciarem
uma onda de manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas para
protestar sobre os diversos problemas que vários setores da sociedade vinham
sofrendo, especificamente, protestar sobre a copa do mundo, que está em pleno
acontecimento. Os manifestantes justificavam suas passeatas pelo fato de a copa
das confederações (que precedem a copa do mundo) depender de investimentos
milionários, sendo que a saúde, a segurança, o transporte público estavam e ainda
estão precários.
Essa onda de manifestações foi acalmada após um pronunciamento da
Presidenta em cadeia nacional, onde dizia que iria receber os manifestantes,
estudaria as propostas apresentadas por eles, assim, o governo tomou uma série de
medidas para que se pudesse por fim às manifestações, como arquivamento de um
Projeto de Emenda Constitucional nº 37 (PEC 37) que consistia em retirar o poder
do Ministério Público nas investigações e atribuí-lo somente à polícia judiciária (civil
e federal), e também tornar a corrupção crime hediondo. Através
dessa
grande,
talvez a maior crise enfrentada no governo Dilma é que a oposição provavelmente
irá se agarrar para tentar não elegê-la.
Todas essas manifestações no Brasil inteiro foram organizadas quase que
exclusivamente via redes sociais, demonstrando o poder de organização, de
comunicação e de abrangência da internet no Brasil, ou seja, através das redes
sociais as pessoas iam convidando, curtindo páginas e compartilhando ideias dos
organizadores, houve um impacto tanto negativo, como positivo. Negativo no sentido
de que nem todos os manifestantes estavam com objetivos concretos, com ideias
seguras, houve muitas depredações e algumas mortes. E positivo no sentido de
demonstrar que a população está mais informada, que sabe se organizar e que tem
ideais, valores e principalmente opinião. Conforme Castells descreve:
Como os meios de comunicação de massa são amplamente controlados por
governos e empresas de mídia, na sociedade em rede a autonomia de
comunicação é basicamente construída nas redes da internet e nas
plataformas de comunicação sem fio. As redes sociais digitais oferecem a
possibilidade de deliberar sobre e coordenar as ações de forma amplamente
desimpedida (CASTELLS, 2013, p.18).
38
Assim foi o que aconteceu no Brasil, através das redes sociais puderam
controlar e organizar as manifestações em mais de 350 cidades, mostrando que o
mundo virtual e o real podem e devem andar aos mesmos passos, através de cada
curtida, de um novo convite, de uma imagem, de um tuíte conseguiram atrair a
atenção e dizer que as coisas não vão bem, que são necessárias mudanças
significativas na saúde, na educação, no transporte na segurança e principalmente
na política, no modo de representar a sociedade.
39
8. PREVISÕES ESTRATÉGICAS PARA 2014
Para as eleições deste ano, previstas para o dia 05 de outubro, podemos
observar que as articulações, pesquisas e reuniões já estão acontecendo e
influenciando nas decisões. A busca por mais espaço na televisão, por mais tempo
de propaganda eleitoral leva os partidos a criarem coligações partidárias para poder
demonstrar suas propostas.
As coligações para este ano ainda estão em formação. Visto que temos até
30 de junho para que os partidos apresentem seus candidatos definidos, ou seja, até
esta data saberemos quais partidos estarão unidos para poder concorrer às
eleições. Para este ano, ainda não podemos prever quais partidos políticos estarão
coligados, pois há uma instabilidade de interesses e principalmente de candidatos.
Por exemplo, um candidato muito bem votado nas eleições de 2010 não aceita que
seu partido apoie outro e assim as negociações caminham em pequenos passos.
O importante é conseguir o maior tempo do horário eleitoral gratuito para
apresentar aos eleitores o que foi feito, as propostas da campanha de 2010 que
foram concretizadas, as alianças que foram feitas em todos os setores econômicos e
ainda adiantar o que deve ser feito, o que há para fazer, apresentando propostas
sobre o futuro brasileiro, defendendo a democracia e enfatizando a necessidade de
melhoria nos serviços públicos, como saúde, educação, transporte e segurança,
serviços precários que culminaram nas manifestações realizadas no ano passado e
neste ano.
As estratégias que provavelmente serão utilizadas este ano nas eleições
presidenciais, podem não variar muito. Em contrapartida, podemos contar com uma
candidata à reeleição mais experiente, mais convidativa, que conhece ainda mais os
problemas, os investimentos e que poderá defender seus ideais e projetos de
governo, que tenha flexibilidade diante assuntos polêmicos, e saiba se sobressair
em discursos e coletivas.
As carreatas, os comícios, os debates devem permanecer no mesmo molde
das anteriores, com bandeiras, adesivos, carros decorados, etc. O que podemos
esperar de diferente, de novidade são das redes sociais, que estão cada vez mais
em ascensão e com eleitores cada vez mais interessados em propostas concretas e
de relevância para a sociedade. A reutilização desde meados de setembro passado
40
do twitter e do facebook já objetivam para a eleição, como já dito, para haver
proximidade desde já com os eleitores.
41
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de toda pesquisa realizada, viu-se que não houve mudanças drásticas
na utilização das estratégias presidenciais. O que houve foi um aprimoramento, uma
nova caracterização de condutas. Observou-se que os candidatos e, posteriormente
presidentes sempre buscavam uma aproximação com o povo, uma maneira de
poder resolver os problemas que existiam e ainda existem na sociedade brasileira.
A primeira campanha analisada, de Getúlio Vargas, foi marcada pelo exagero
(trazendo para nossa realidade), em distribuir objetos fantasmagóricos aos eleitores,
a fim, é claro de agradar-lhes e assim ser retribuídos com votos. Ao mesmo tempo
em que partilhava esses materiais, Getúlio era muito atencioso e sabia quais meios
utilizar para poder conseguir se eleger, sempre procurando transmitir uma imagem
nacionalista, de adorador da Pátria.
Com grande carisma e simplicidade, Juscelino conquistou a população ao
viajar por muitas cidades brasileiras, expressando sua simplicidade e humildade,
gostava de ficar próximo ao povo e ouvir os problemas da população, em paralelo,
sempre discursava e desfilava ao lado de personalidade para garantir mais votos.
Com um governo de desenvolvimento, a mais famosa de suas promessas fora
cumprida: de trazer para o centro do País a capital da República.
Já Jânio Quadros dispunha da mesma humildade de Juscelino e, apesar de
ser culto, sempre procurava realizar seus discursos com linguagem simples e que os
possíveis eleitores pudessem compreender logo. O grande destaque foi a vassoura,
que utilizou como um símbolo para sua campanha, figurando varrer toda a corrupção
que já tomava conta do país na época.
Como foi o primeiro candidato a ter oficialmente um profissional de marketing
que cuidasse da campanha, Tancredo Neves foi o iniciante para que a campanha se
tornasse padrão, com cores, legendas, e todos os outros materiais fossem
apresentados e distribuídos igualmente. Como havia um profissional de marketing
cuidando da campanha, as estratégias de Tancredo foram mais elaboradas, os
discursos mais sugestivos, com linguagem simples e direta.
O presidente eleito mais jovem do Brasil Fernando Collor de Melo, sempre
procurou expressar a imagem de jovem, disposto e
esportista. Com o
desenvolvimento tecnológico as pesquisas e monitoramento de dados foram
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aperfeiçoados, a criação de um programa de computador (software) para fiscalizar
dados e documentos favoreceu o controle do eleitorado.
Fernando Henrique Cardoso pode ser considerado, dentre os presidentes
estudados, o mais “elitista”, pois seus discursos eram proferidos com palavras
difíceis e com linguagem jornalística, era mais popular entre as classes mais altas,
que, por sinal, eram minoria na época. Mesmo assim, elegeu-se com a promessa da
criação de uma nova moeda, o chamado “Plano Real”.
O presidente que deixou o cargo com a maior popularidade da história, Lula
se candidatou quatro vezes até conseguir ser eleito em 2003. Desde 1989 buscava
a eleição e o poder da mudança, mas, devido a origem humilde, pouco estudo e a
profissão (metalúrgico), a imagem do ex-presidente não era atrelada a mudança, a
confiança e ao cargo. Somente na eleição de 2002, que Lula impôs à sua equipe
que aceitaria se candidatar somente com a ajuda de um profissional, visto que nas
campanhas passadas as estratégias eram elaboradas pelos companheiros políticos.
Foi com o trabalho do publicitário e marqueteiro Duda Mendonça, que se tornou o
presidente mais popular da história do Brasil e o período do seu mandato o mais
popular do mundo.
Dilma teve um grande desafio a ser cumprido disputando a primeira eleição
de sua vida e quebrando paradigmas de homens presidentes, foi a primeira
secretária de fazenda do Rio Grande do Sul, a primeira ministra chefe da Casa Civil
e a primeira presidente do Brasil, então, desde o início de sua vida política, ela
sempre veio realmente abrindo oportunidades e quebrando barreiras de poder, de
desigualdade, de discriminação e de gêneros.
Contudo, vimos que uma eleição não se ganha apenas distribuindo brindes,
terras, e promessas infundadas como eram feitas tempos atrás, e sim com propostas
concretas, realizáveis, que tenham fundamento e que realmente sejam necessárias
para não mudar radicalmente, mais melhorar a vida da população, do trabalhador
que depende de transporte público diário, da empregada doméstica para que tenha
seus direitos protegidos, na criança que não tem com quem ficar e pode usufruir de
uma escola em tempo integral.
Vimos também grandes mudanças no que se refere a punições quanto às
suspeitas de corrupção, Dilma nesses pouco mais de três anos sempre foi firme nas
decisões e nos afastamento imediatos de ministros, mesmo que informações
tenham sido apenas supostas. Fato considerável em sua gestão, pois com essa
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ousadia em tirar do poder quem está ao menos relacionado aos escândalos, é de
grande valia e coragem em enfrentar teias corruptas que estão impregnadas nos
corredores do congresso, de ministérios e de câmaras legislativa e federal.
Podemos perceber que a realidade brasileira está mudando, apesar do caos
na saúde pública, do obsoleto e dispendioso transporte público, da segurança, da
educação e tantos outros problemas que existiram e sempre existirão em um país
com mais de 200 milhões de habitantes, o que podemos observar é que, diante dos
problemas existentes o cotidiano tem melhorado.
Atualmente no Brasil as oportunidades estão mais acessíveis, a educação, a
escola em tempo integral, ao exame nacional do ensino médio (ENEM), a
Universidade, ao ensino técnico-profissionalizante, e tem principalmente o poder de
mudança, de querer melhorias, de mudar o futuro. A sociedade está mais estuda,
mais informada, está querendo saber o que está acontecendo com a economia, com
a agropecuária, exportação, inflação, PIB e tantos outros fatores que antes não eram
de interesse da grande massa.
Hoje o trabalhador assalariado tem acesso à internet, a informação, que seja
de um jornal, de uma revista, do rádio ou até mesmo da TV, e com esse
conhecimento ele tem o discernimento de saber se vale a pena continuar apoiando
tal candidato nas eleições de outubro. Pois vale a pena continuar conhecendo, tendo
direito a informação, a gastos governamentais e assim observar que as pessoas
podem sim, deve estudar mais, se informar, buscar diferentes pontos de vista,
obtendo assim opinião, conhecimento para poder transformar a sociedade, a política
e todas as outras ramificações que dependem desta para poder progredir, mudar a
realidade, e assim transformar a sociedade, para que seja mais igual, humana e
honesta.
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era da internet. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2013.
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