Resumo expandido

Propaganda
Resumo expandido
Propõe-se retomar e avançar nas reflexões desenvolvidas no artigo “Apropriação do
popular-massivo como estratégia discursiva no HGPE de Dilma Rousseff”, apresentado no 35º
Encontro Anual da ANPOCS e ainda inédito em termos de publicação. A intenção é buscar
seguir as recomendações pertinentes e relevantes formuladas pela professora Flávia Biroli
(UnB) em seu relato no sentido de aprofundar as implicações da adoção de um discurso da
“igualdade de oportunidades”. São elas:
- Dotar o artigo de um foco mais preciso: excluindo a proposta anterior de também realizar
uma discussão sobre a presença do popular-massivo como estratégia discursiva no HGPE
televisivo de Dilma Rousseff;
- Desenvolver uma reflexão sobre as noções restritas de justiça social e igualdade política que
emergem com a adoção do discurso da “ igualdade de oportunidades” ; sobretudo da relação
entre uma e outra. E ainda problematizar, de acordo com essa perspectiva analítica, os dois
biografemas selecionados de Dilma Rousseff, veiculados em seu HGPE: “Dilma gosta dos
pobres” e “mãe do povo” . Pergunta-se: o conceito de partilha no sentido cristão mencionado
é ideal de justiça? Como se coloca na diferenciação das posições no espectro político (já que se
trata de campanha eleitoral)?
- E, por fim, examinar criticamente a articulação entre a noção de justiça social e empenho
individual que ancora o estudo desenvolvido por Jessé Souza apresentado em seu livro “Os
batalhadores brasileiros. Nova classe média ou nova classe trabalhadora?”, publicado em
2010. De acordo com o autor: “qualquer noção de justiça social moderna tem que articular
responsabilidade social e reconhecimento dos desempenhos singulares e extraordinários. Há
que se proteger tanto a ideia de que somos responsáveis uns pelos outros quanto estimular o
esforço pessoal (diferente do mérito individual)”.
Cabe salientar que se considera
particularmente relevante realizar tal esforço compreensivo uma vez que se nota que essa
articulação – entre a noção de justiça social e empenho individual – também ancora o discurso
político eleitoral de Dilma Rousseff sobre justiça social. É evidente a correspondência entre o
termo “batalhador” e a expressão “gente guerreira” recorrentemente utilizada no HGPE de
Dilma Rousseff ao referir-se aos 30 milhões de brasileiros que ascenderam socialmente.
Posto isso, cabe esclarecer que o artigo apresentado em 2011 elegeu como corpora os
programas televisivos do primeiro turno e a presente proposta inclui também o exame do
segundo turno, ou seja, a elaboração de um estudo diacrônico do discurso da igualdade
construído pela candidata em sua campanha. Considera-se tal procedimento importante tendo
em vista as mudanças no cenário político eleitoral na passagem entre um turno e outro.
Importa ressaltar que se entende por discurso da candidata não somente suas falas, mas o
conjunto de mensagens transmitidas pelos programas de Dilma como um todo no HGPE: falas
dos apresentadores, dos políticos e dos populares. Interessa-nos, sobretudo, examinar os
relatos biográficos apresentados por sete “guerreiros” – considerados o ponto alto do HGPE da
candidata. Todos beneficiários das políticas sociais implementadas na gestão Lula. Ilustrativo,
nesse sentido, é o seguinte trecho mencionado pelo apresentador ao introduzir o depoimento
da costureira Marilane Dantas – “socorrida pelo Bolsa Família e pelo micro-crédito do Banco
Nordeste” – : “Marilane é um exemplo desse Brasil que, com Lula, se tornou mais justo e
solidário” (HGPE 26/08/2010). Dado o objeto de estudo proposto, ocorre-nos que, ao analisar
os programas televisivos, será necessário atentar para os dispositivos de enunciação acionados
ao mencionar as políticas sociais dos governos petistas e os sentidos de cidadania aí
implicados. Atenção essa que não foi dada por ocasião da elaboração do artigo anterior.
Download