ThaisEvelynGuilherme Sionismo

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O Sionismo
Thaís P.Mancilio, Evelyn Gondim, Guilherme Klausner.
O
Sionismo
é
um
movimento
nacionalista. De cunho político e religioso,
defende o direito dos judeus de formar um
Estado Judaico.
O Judaísmo é a mais antiga das religiões
monoteístas. Surgiu na terra de Canaã a partir da
promessa de Deus feita a Abraão, que sua
descendência seria tão numerosa quanto as
estrelas
do
céu.
Nesse
contexto,
Abraão
Figura 1: Cidade de Jerusalém, berço das religiões
monoteístas.
abandona o politeísmo e abraça o culto
monoteísta. No entanto, somente com Moisés - reunindo na sua figura de líder aspectos
sociais, religiosos e políticos - a religião se estabelece como nação. Dessa forma, foi
constituída
a
aliança
e
as
leis
do
povo
por
meio
dos
10
mandamentos.
É importante destacar que os judeus – tribo de Judá – são descendentes de uma entre
as 12 tribos dos filhos de Jacó, cujo nome também era Israel. Viveram sob o domínio de
vários povos e impérios, espalhando-se no mundo pela Diáspora. Esse processo foi favorecido
pela destruição dos Templos de Jerusalém (o primeiro pelos neobabilônicos e o segundo pelos
romanos), o exílio da Babilônia e a venda dos judeus como escravos. Mesmo nessa
conjuntura, alguns grupos judaicos permaneceram na região de Jerusalém pois, ela é tida
como a sua capital sagrada. Os judeus vinham sendo perseguidos há séculos, através de
cruzadas, inquisições populares, massacres e conversões. Os motivos foram sempre os mais
variados, ainda que intrinsecamente interligados, indo de étnicos - que temos o exemplo
contemporâneo do Holocausto - a religiosos, destacando as perseguições ocorridas logo após
a ascensão do cristianismo.
A partir do final do século XIX, grupos judaicos começaram a se organizar
politicamente na Europa para constituir um lar nacional. Nesse contexto se forma o Sionismo
ou a evocação ao Sion, a colina de Jerusalém que simboliza a Terra Prometida.
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Vários fatores foram marcantes para a formação do movimento: a diáspora milenar, já
mencionada anteriormente; a busca da Terra Prometida; o confinamento da vida dos judeus
em guetos e o crescente anti-semitismo europeu. E também foram marcados pela falência na
política de integração dos judeus nas sociedades européias.
O Anti-semitismo, na sua origem etimológica, significa aversão aos semitas que
biblicamente são os descendentes de Sem, filho mais velho de Noé. Esse grupo étnico e
lingüístico compreende os hebreus, os assírios, os arameus, os fenícios e os árabes. Mas a
palavra se transformou no conceito contemporâneo de aversão social, étnica e social aos
judeus, quando foi utilizada pela língua alemã no século XIX. O jornalista Wilhelm Marr
empregou o termo pois, ele soava com o ar mais científico do que a palavra alemã Judenhass
("ódio aos judeus") e dessa maneira, se espalhou pelo mundo.
Muitos fatores políticos, religiosos, raciais e nacionais motivaram esse conceito. Entre
eles podemos citar a pregação religiosa da Igreja Católica em que os judeus eram os
responsáveis pela morte de Jesus Cristo e também fatores
socioeconômicos, já que eles ocupavam atividades econômicas de
impostos e empréstimos. Chegando ao seu ápice na Segunda Guerra
Mundial , quando os judeus foram perseguidos, presos e mortos em
campos de concentração nazistas.
Observamos atividades anti-semitas quando evidenciamos os
massacres de comunidades inteiras de judeus que começam a
acontecer na Rússia e pelo caso Dreyfus na França. Alfred Dreyfus,
um oficial judeu francês, foi acusado e indiciado injustamente por
passar informações secretas do exército francês para os alemães. Este
Figura 2: Theodor
Herzl,um dos pais do
Sionismo.
famoso episódio, que é um dos maiores erros judiciários da sociedade francesa, provocou
manifestações anti-semitas pela Europa. Em oposição, se fortalecem e se efetivam os
movimentos sionistas que foram influenciados pela ação de Theodor Herlz.
Theodor Herzl nasceu em Budapeste, em 1860. Era mais um judeu integrado na
multicultural sociedade Austro-húngara quando estourou na França o caso Dreyfus. Nesse
contexto conturbado, escreve o livro “O Estado Judeu”, publicado em 1896. E em agosto de
1897,
comanda
na
Suíça
o
Primeiro
Congresso
Sionista
Mundial.
Devido a sua falta de identificação para com judaísmo como religião, Herzl conseguiu
compor em seu livro, um plano puramente político para tirar seus iguais da situação de
miséria pela qual passavam na Europa. A criação de um Estado Judeu laico, feito através de
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duas companhias, a Jewish Company, que ia trabalhar com os aspectos práticos da realocação
dos judeus no novo Estado (como a venda de suas propriedades e a compra de terras) e a
Society of Jews, que trabalharia com os aspectos ideológicos da fundação deste Estado. Essa
foi uma solução inovadora e que facilitou o seu reconhecimento internacionalmente pelos
chefes de Estado e como líder do sionismo.
No entanto, seu plano não foi amplamente aceito pela comunidade judaica. Muitos
grupos de judeus se opuseram ao plano laico de criação de um Estado Judeu, chegando a
acusarem posteriormente a criação do Estado de Israel como um “ato de Satã” e implicar o
Sionismo como motivo do Holocausto.
Durante a Primeira Grande Guerra, o líder sionista Chaim Weizmann instalou o
primeiro quartel general do sionismo em Londres, e ofereceu o apoio do seu movimento à
causa aliada. Em troca, em Novembro de 1917, o governo inglês aprovou a idéia de uma
“pátria para os judeus”. Após a guerra e o esfacelamento do Império Turco, a Liga das Nações
outorgou ao governo inglês um mandato para administrar a Palestina e criar condições
favoráveis à imigração e fixação de judeus naquele território. O que não seria uma tarefa fácil
já que era impossível criar um Estado Judaico na Palestina sem afetar as populações árabes já
ali estabelecidas.
Até antes da Segunda Guerra Mundial, o número de judeus que se realocaram na
Palestina foi pequeno. No entanto, após a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha e,
principalmente, após o inicio da guerra, os judeus migraram em massa de volta a Terra Santa.
Em 1947, a Organização das Nações Unidas aprovou o Plano de Partição para a Palestina.
Este plano previa o fim do mandato britânico na região, a criação de dois Estados, um judeu e
um árabe, bem como o estabelecimento de uma zona a ser protegida internacionalmente, que
envolvia de Belém a Jerusalém. Além disso, estavam ressaltados no plano a proteção de
minorias religiosas e o progressivo entrelaçamento das economias dos dois países. Seria
estabelecido, no tempo da aplicação do Plano na região, um período em que a manutenção da
paz seria encargo da Organização das Nações Unidas.
No entanto, o Alto Comitê Árabe Palestino não aceitou o Plano, bem como não o fez a
Liga Árabe. Duas exceções a esta recusa foram o Partido Comunista Palestino, que seguia
ordens de Moscou, e a Liga Nacional pela Liberação da Palestina. Porém, estas não se
mostraram suficientemente preponderantes para evitar a guerra que sucedeu a aprovação do
Plano, a primeira das guerras de fato a envolver árabes e israelenses
Os conflitos árabe-isralenses e seus desdobramentos
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.
A guerra entre os árabes e os israelenses não cessou e se desenvolveu também após a
Segunda Guerra Mundial. Esse conflito se intensificou com a retirada dos ingleses, que gerou a
Guerra Árabe-Israelense de 1948. A partir da vitória dos israelenses nesse conflito, e com a
ocupação da maior parte do território da Palestina pelos mesmos, Israel se fortaleceu
envolvendo-se em uma série de conflitos posteriores. Dentre esses conflitos podem ser
Principais Correntes Sionistas
destacados a Guerra de Suez, a Guerra dos Seis Dias e a Guerra do Yom Kippur.
A partir do surgimento do ideário sionista, diversas correntes foram formadas dentro
do próprio movimento no decorrer dos anos. De acordo com as diferentes ocasiões e origens
de seus integrantes, surgiram inúmeras ideologias distintas e algumas, ainda hoje, tem
influência nos partidos políticos no Estado de Israel. Dentre eles podem ser destacados o
Sionismo Socialista, o Sionismo Religioso e o Sionismo Geral.
O Movimento Sionista Socialista constituiu um grande problema para o Judaísmo no
início do século XVIII. Muitos jovens foram seduzidos pelo movimento socialista,
constituindo dessa maneira, uma perda de membros do judaísmo para o Comunismo. No
entanto, eles foram fundamentais para o Sionismo Socialista, principalmente nos movimentos
juvenis da Diáspora.
Os sionistas socialistas se diferenciam do ramo político do sionismo, na medida em
que não acreditavam que se pudesse criar um Estado judeu apelando somente à comunidade
internacional ou recorrendo ao apoio de nações poderosas como Alemanha, Grã-Bretanha ou
o Império Otomano. Pelo contrário, acreditavam que a via correta era a partir da luta de
classes. Com os esforços da classe operária judia assentada na Palestina e que construiria um
Estado através da criação do “kibutz” no campo e de um proletariado judeu nas cidades. O
movimento teve como principais teóricos: Nahum Syrkin, Moisés Hess, Aarón David Gordo e
Dov Ber Borojov.
O Sionismo Socialista tinha como principais metas estabelecer um Estado Judeu no
que diz respeito ao judaísmo como nacionalidade. Recusava-se a perpetuar a religião como
uma ideologia da diáspora entre o povo judeu. Os integrantes desse movimento, muitos
originários da Rússia, acreditavam que os judeus poderiam escapar da situação de opressão
que viviam se tornando agricultores, trabalhadores ou soldados em seu próprio país. Nesse
contexto, criaram em Israel as comunas rurais chamadas “kibutzim”, fundadas numa altura
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em que a lavoura individual não era prática. Combinando o socialismo e o sionismo no
sionismo trabalhista, os “kibutzim” são uma experiência única israelita.
Dentro dessa perspectiva, é possível afirmar que o Movimento Sionista Socialista
incluía muitos sionistas ateus, que se opunham à religião, tendo como conseqüência grande
rivalidade com o sionismo religioso.
Os sionistas religiosos uniam os ideais de criação de um Estado Judeu com a religião.
Para os integrantes desse movimento, o Estado deveria ser regido com bases religiosas e ser
estabelecido em toda a Terra de Israel. Uma das principais personalidades que moldaram o
movimento foi o Rabino Kook. Desenvolvendo uma argumentação teológica a qual via de
forma muito positiva o sionismo, em termos religiosos, Kook dizia que o assentamento
judaico na Terra de Israel era "o início da redenção".
Já os sionistas gerais, assumiam como principal preceito o desejo por um sionismo ao
estilo de Basilea, sem posicionamento ideológico e sem priorizar quaisquer interesses
classistas, partidários ou pessoais. Dado pela Organização Sionista Mundial, criada no
primeiro congresso sionista, o termo Sionismo Geral englobava os integrantes do movimento
sionista que não se filiaram a nenhum partido ou facção específicos, compondo somente as
organizações sionistas de seus respectivos países. Porém, seus integrantes no decorrer dos
anos criaram instituições ideológicas e formaram a Organização de Sionistas Gerais, que em
1922 passa a ser reconhecida como o partido de centro do movimento sionista.
Crítica ao Sionismo
Não existe uma política oficial de discriminação em Israel, mas são visíveis as
injustiças, atos e cenas de preconceito e intolerância com relação à minoria árabe.
Theodor Herzl, pai do moderno sionismo político, tinha por visão um Estado baseado
nos princípios da democracia, evolução tecnológica e igualdade social e humana para os
árabes que já estavam na terra. Sua visão foi deturpada, e isso pode ser comprovado pela
existência de inúmeros episódios preconceituosos. Mas o que marca essas ações contra a
população árabe é que quase 100.000 deles vivem em aldeias 'não reconhecidas', o que
basicamente significa que eles vivem sem suprimento de água e eletricidade, tudo isso porque
um dia os judeus podem precisar expropriar as terras em que os árabes viveram por anos. Os
judeus contrariam os princípios do sionismo ao introduzir práticas discriminatórias em seu
organismo político. De acordo com o Adalah (Centro Legal de Defesa da Minoria Árabe),
existem mais de 20.000 leis e regulamentos que discriminam os 1.200.000 árabes israelenses.
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Eles são vistos como cidadãos de segunda classe, sofrem vários tipos de discriminações,
começando pela sua representatividade política. Um estudo de setembro de 2003 feito pelo
Israel Democracy Institute, de Jerusalém, verificou que 53% dos judeus de Israel são contra a
igualdade entre eles e os árabes e apenas 31% apóiam a idéia dos partidos árabes participarem
do governo. Tal discriminação é, obviamente, de origem racial, portanto racismo, o que é de
certa forma irônico, uma vez que parte de um povo que tem sido vítima dele ao longo da
História. Talvez se deva buscar melhor resposta na definição de Israel: um estado democrático
e judeu. Essa autodefinição está mergulhada em uma contradição. O conceito de “estado
judeu” pressupõe privilégios para o grupo que se enquadra nele, os judeus, opondo-se ao
conceito de “estado democrático”, que implica em direitos iguais para todos.
Portanto, é possível concluir que há sim racismo e preconceito no Estado Judeu, o que
não podemos é afirmar que o movimento sionista na sua origem tinha ambições
discriminatórias. Nem todos os judeus concordavam ou concordam com a existência ou com
as práticas do governo do Estado de Israel.
Memória do Holocausto
Observamos nos dias de hoje um perigoso retorno da intolerância e das idéias nazistas de raça
pura e de discriminação contra grupos específicos (homossexuais, negros, índios, judeus e
comunistas). Esses grupos neonazistas promovem segregações, atos de violência e defendem a
minimização do Holocausto– O Revisionismo do Holocausto- afirmando que o extermínio
sistemático dos judeus não aconteceu ou não ocorreu nas proporções mostradas em
documentos pós- 2° Guerra.
Uma das maneiras encontradas para não se esquecer da discriminação, crueldade e
barbáries do Holocausto, é a partir do resgate da
Fig 3: Cena do filme “A lista de Schindler”
memória dos judeus que viveram em campos de
concentração no período da guerra. Histórias e
relatos que podem ser encontrados em filmes,
documentários, exposições,projetos e nas próprias
cidades, onde existem vários marcos importantes.
Filmes como a Lista de Schindler, A vida é
bela e o Diário de Anne Frank, servem de exemplos
para assinalar como o cinema foi uma fonte valiosa
para o estudo das representações políticas, culturais e assim, das conseqüências do Nazismo na
vida dos indivíduos.
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Bibliografia:
HERZL, Theodor. O Estado Judeu: Ensaio de uma Solução da Questão Judia, Organização
Sionista Unificada do Brasil, 1947.
ORBIS Publishing Co., 1984, Editora Rio Gráfica Ltda, para a língua portuguesa, Guerra na
Paz: Volume I, tradução de Sílvio Rolim, Cássia Rocha, Carmen Montara, 1984
Krinberg, K. O Mundo Árabe e as Guerras Árabe-Israelenses. O Século XX: O Tempo Das
Dúvidas organização- 3° Ed.- Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
Sorj,Bila. Anti-semitismo na Europa hoje. Novos estudos. CEBRAP
Novembro.
2007.
n°.79, São Paulo,
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002007000300005>.
RAB. DAVID J. FORMAN, - RHR www.rhr.israel.net - 31/07/2001.Sionismo não é racismo.
Tragtenberg, Maurício. Dialética do Sionismo. Nova Escrita Ensaio. Ano IV, Nº 10 ,1982
Pereira,W.Pinheiro. História e Memória Audiovisual do Nazismo e do Holocausto. Educando
para a cidadania e a democracia. p.38-56. Julho. 2009.
Filmografia:
“A Lista de Schindler”. Schindler’s List. 1993. EUA. Direção: Steven Spielberg.
“A vida é bela”. La Vitta è Bella. 1997. Itália. Direção: Roberto Benigni
“O Diário de Anne Frank”. The Diary of Anne Frank. 1959. USA. Direção: George Stevens.
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