Oficina pedagógica: aprendendo com afetividade em brincadeiras e

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ALDA VALÉRIA BORGES
FELIPE GABRIEL FREIRE DOS SANTOS BARROS
STELLAMARES GONÇALVES
OFICINA PEDAGÓGICA: APRENDENDO COM
AFETIVIDADE EM BRINCADEIRAS E JOGOS
EDUCATIVOS NO ENSINO FUNDAMENTAL
RECIFE
2012
ALDA VALÉRIA BORGES
FELIPE GABRIEL FREIRE DOS SANTOS BARROS
STELLAMARES GONÇALVES
OFICINA PEDAGÓGICA: APRENDENDO COM AFETIVIDADE EM BRINCADEIRAS E JOGOS EDUCATIVOS NO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Letras, da Faculdade
São Miguel, como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciatura em
Letras com habilitação em língua portuguesa e inglesa.
ORIENTADOR
JOÃO MURILO DOS SANTOS
OFICINA PEDAGÓGICA: APRENDENDO COM AFETIVIDADE EM BRINCADEIRAS E JOGOS EDUCATIVOS NO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho julgado adequado e aprovado com conceito __ em __/__/____.
Banca Examinadora
_______________________________________________
Prof. Madge Schuler - Faculdade São Miguel
_______________________________________________
Prof. Silvânia Ataíde - Faculdade São Miguel Aos nossos pais.
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Oficina pedagógica: aprendendo com afetividade em brincadeiras e jogos educativos no ensino fundamental
FACULDADE SÃO MIGUEL
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
Aos nossos pais.
AGRADECIMENTOS
A Deus, Pai da sabedoria, que nos permitiu investigar racionalmente coisas
visíveis do universo científico-acadêmico.
Aos nossos pais, primeiros educadores, que além de nos darem formas orgânicas e comportamentais, também nos apoiaram e investiram nessa caminhada
da escalada do saber.
À nossas famílias: esposo(a) e filhos pela paciência e compreensão, nos momentos em que nos fizeram ausentes para elaboração desse trabalho.
Aos amigos de turma, pela partilha do aprendizado e pela troca de conhecimentos, como também pelo companheirismo que nos uniu no decorrer desses
anos de convivência.
A todos os mestres, que ao invés de facilitarem nossa forma de raciocínio,
problematizaram para que pudéssemos pensar mais e mais.
À nossa coordenadora, Professora. Madge , que nos apresentou as técnicas do
ofício que escolhemos, proporcionando mais habilidade, competência e ética
nessa área.
Ao meu orientador professor João Murilo dos Santos pela disponibilidade em
responder as nossas inquietações relacionadas a essa pesquisa, organizandoas e norteando-as para que a conclusão desse trabalho fosse efetivada.
A todos, o nosso mais sincero agradecimento.
“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem
ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.”
Carlos Drummond de Andrade
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A maioria das pessoas pensa em prática afetiva como ação carinhosa. No
entanto, afetividade não se resume a gestos e é um processo que requer do
professsor uma busca de alternativas para efetiva-la no cotidiano escolar. Os
objetivos dessa oficina é investigar a possibilidade da inserção da afetividade
na prática pedagógica através da aplicação de brincadeiras e jogos educativos
no ensino fundamental, trabalhando conteúdo didático, regras sociais e
interrelacionamento; associar a prática da afetividade e interatividade com a
aplicação dos jogos educativos; caracterizar a afetividade no processo educativo
segundo a teoria de Wallon; e propor estratégias metodológicas de ensino na
aplicabilidade de atividades que envolva a afetividade atrelada a bricadeiras e
jogos educativos. Após a execução da oficina constatou-se a importância da
postura do professor para o desenvolvimento do educando. Logo, evidenciouse em nossa análise a importância da afetividade nas relações e o quanto
um desequilíbrio nessa área compromete a auto-estima e o desempenho
escolar. Concluímos portanto, que, por causa dos laços entre intelecto e afeto,
a influência do educador vai além dos muros da escola.
Palavras-chave: Afetividade; Relação professor/aluno, Brincadeiras e jogos
educativos; ensino-aprendizagem.
ABSTRACT
Most people think of practical affective caring as action. However, warmth is
not just gestures and is a process that requires the teacher search for effective
alternatives to it in everyday school life. The objectives of this workshop is
to investigate the possibility of including affectivity in pedagogical practice
through the application of games and educational games in elementary school,
working on educational content, social rules and interrelationships; associate
the practice of affection and interaction with the application of educational
games; characterize the affection in the educational process according to the
theory of Wallon, and propose methodological strategies in the applicability of
educational activities involving affection tied to players and educational games.
After running the workshop noted the importance of posture from teacher to
student development. Soon, it became clear in our analysis the importance of
affectivity in the relationship and how an imbalance in this area undermines
the self-esteem and school performance. We therefore conclude that, because
of the ties between intellect and affection, the influence of the educator goes
beyond the school walls.
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Oficina pedagógica: aprendendo com afetividade em brincadeiras e jogos educativos no ensino fundamental
RESUMO
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KEYWORDS: Affection; Relationships between teacher/student, Play and
educational games, teaching and learning.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................402
1.
A AFETIVIDADE E A INTERATIVIDADE COM JOGOS
EDUCATIVOS ................................................................................... 404
2.
CARACTERÍSTICAS DA AFETIVIDADE NO PROCESSO
EDUCATIVO SEGUNDO A TEORIA DE WALLON ......................................409
3.
TABELA DE ATIVIDADES E PRÁTICAS AFETIVAS COM
BRINCADEIRAS E JOGOS EDUCATIVOS ............................................... 412
3.1 O objetivo dos jogos..................................................................413
3.2 Vivências e práticas...................................................................414
4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................415
REFERÊNCIAS................................................................................... 417
ANEXOS........................................................................................... 418
INTRODUÇÃO
Durante esses anos de experiência como educadores, observamos que,
pensar sobre afetividade na educação, é um processo que requer intensa
reflexão e pressupõe ao educador uma pesquisa minuciosa, que viabilize
alternativas para desenvolver atividades que proporcionem ao educando uma
vivência satisfatória na relação professor/aluno envolvendo conceitos, préconceitos, estereótipos, discriminações, identidades e culturas.
Esse trabalho de conclusão de curso foi idealizado a partir das nossas
próprias necessidades enquanto educandos. Trata-se de uma oficina pedagógica
que tem como objetivo geral estudar a afetividade como prática pedagógica
nas brincadeiras e jogos educativos e como objetivos específicos, caracterizar
associar a prática da afetividade com as práticas das brincadeiras e jogos
educativos e propor estratégias metodológicas de ensino que envolvam a
afetividade atrelada às brincadeiras e jogos no planejar pedagógico,
Desenvolvemos esse trabalho com o propósito de aprofundar essa
temática através de estudos que contemplem a afetividade através da aplicação
de jogos didáticos de modo que venha contribuir como fator de motivação para
a aprendizagem, pois compreendemos que a prática afetiva é um dos pontos
primordiais para tornar a prática pedagógica em um ato criador e recriador,
aguçando a sensibilidade e o espírito de liberdade enquanto proporciona ao
estudante a possibilidade de aprender, favorecendo-o no desenvolvimento do
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“I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios
básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da
tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista
a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e
valores;
“IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade
humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social” (art.
32). (PCNS, 1996, pg.12).
Constata-se pela leitura dos tópicos acima que, no âmbito da educação
não se leva em conta apenas o desenvolvimento da leitura, escrita e do cálculo,
mas, para que se adquira esses conhecimentos, faz-se necessário criar um
ambiente propício à aquisição desses e de outros conhecimentos. Embora,
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processo de organização psicossocial.
A sociedade atual pasa por processo de profunda transformação, sofrendo
modificações que geram conflitos de modo geral. No âmbito da educação não é
diferente, o perfil do novo aluno é intrigante, temos indivíduos questionadores,
que dão pouco valor à regras de comportamento e acreditam que têm o domínio
sobre tudo, inclusive sobre sua própria vida, então queremos discutir aqui, a
visão do professor que precisa ir além do simples envio de informações, já que
sua influência é extrema e suas atitudes são recebidas pela consciência do
educando, passando a funcionar como regra naquilo que o mesmo pensa a seu
respeito.
Nesse contexto, pensamos ser necessário estar atentos à promoção do
desenvolvimento integral e harmonioso do estudante, que é o alvo principal do
nosso projeto.
As discussões e reflexões propostas no decorrer do trabalho parte do
pressuposto de que o ser humano necessita participar da vida em sociedade
para perceber-se enquanto ser para a aquisição do conhecimento, bem como, na
construção integral do seu eu. Assim sendo, defendemos que é imprescindível
as relações afetivas no espaço da escola
Nosso intuito é contribuir para que nossa prática pedagógica seja
realmente significativa, centrada nas exigências da sociedade atual, bem como,
mostrar através dessa pesquisa, que a necessidade de envolvimento afetivo e
a busca pelo novo é maior que nosso medo ou comodismo.
Este trabalho justifica-se pela crença na possibilidade de coordenar
métodos educacionais com jogos educativos, visando propiciar ao alunado do
ensino fundamental I e II uma aprendizagem significativa.
Segundo a LDB, que é citado nos PCNS (PCNS, introdução aos parâmetros
curriculares nacionais/ 1996, pg.12), faz-se necessário criar métodos eficazes
para se adquirir a formação básica e a escola, na pessoa do educador, deve
criar condições para o aprendizado.
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
esses parâmentos tenham sido estabelecidos por lei federal, sua aplicabilidade
não é tão fácil como parece e as metodologias educacionais convencionais
favorecem apenas uma pequena parcela de alunos, já que cada discente tem
uma habilidade cognitiva diferente e assim partindo do princípio das múltiplas
inteligências veremos que se torna vital um aprimoramento dos métodos
pedagógicos
Nesse trabalho buscou-se, por meio da literatura consultada um elencar
de respostas de autores renomados que se debruçam efetivamente sobre a
temática entre eles, destacam-se os mais significativos para o feito: Wallon,
Vygotsky e Freire, além disso, foram consultados livros, PCNS, jogos educativos
e consultas a sites que tratam do assunto em pauta e para sua composição,
utilizou-se a sistematização em três capítulos onde o primeiro aborda pontos
introdutórios sobre a afetividade e a interatividade com jogos educativos, o
segundo discorre sobre as características da afetividade no processo educativo
segundo a teoria de Wallon, e o terceiro enfoca o cronograma das práticas
afetivas com as dos jogos educativos, por meio de oficina pedagógica.
1. A AFETIVIDADE E A INTERATIVIDADE COM JOGOS EDUCATIVOS
Ao perceber educação como uma necessidade inerente ao ser e levando
em consideração o avanço das tecnologias em um mundo globalizado e cada
vez mais acelerado na busca do novo, entendemos que há uma necessidade
de se apropriar de teorias fundamentais para a formação do ser humano, não
apenas no caráter acadêmico, mas principalmente, no caráter psicológico com
relação ao envolvimento emocional de cada pessoa. A questão da afetividade
é uma preocupação de todos os segmentos da sociedade que trazem em seus
discursos essas abordagens e têm buscado práticas que possam embasar
aquilo em que acreditam. Talvez todos nós tenhamos consciência, mas ainda
não conseguimos entender a urgência desse momento em considerar o outro
no suprimento das suas necessidades humanas. A afetividade é a via de acesso
para o resgate de valores que têm sido deixados em segundo plano por causa
da busca pelo material que para a maioria, é o mais importante no tocante à
sobrevivência.
Nessa percepção conflituosa, onde se vivencia ambientes problemáticos
no que se diz respeito a comportamentos, faz-se necessário, mais uma vez,
que a escola interfira como agente reorganizador de conceitos fundamentais
para a formação do caráter do aluno/cidadão e, segundo Vygotsky (1989), a
aprendizagem tem um papel fundamental para o desenvolvimento do saber e
da construção do conhecimento. Todo e qualquer processo de aprendizagem e
ensino-aprendizagem, inclui aquele que aprende, aquele que ensina e a relação
entre eles.
Ele explica esta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem
através da zona de desenvolvimento proximal (distância entre os níveis de
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“Se um professor assume aulas para uma classe e crê que ela não aprenderá,
então está certo e ela terá imensas dificuldades. Se ao invés disso, ele crê
no desemprnho da classe, ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro
humano é muito sensível a essa expectativa sobre o desempenho.” Antunes
(1998, p.56)
A partir dessa informação, entendemos a importância da escola em
uma sociedade que apresenta vários distúrbios de comportamento entre
adolescentes e jovens e principalmente, a importância de um educador que,
baseado em estudos e pesquisas de teóricos com Wallon, Vygotsky e Freire,
pode transformar sua simples ação pedagógica em ação criadora para ajudar
na formação integral do outro, tornando a relação entre professor e aluno não
apenas significante mas, sobretudo marcante.
Desse modo, pretende-se que os educandos desenvolvam senso de
autonomia, ao lidar com as situações com as quais se deparam durante o
processo de crescimento e necessecidade de aprendizagem. Sabemos que
Wallon identifica para o seu momento histórico as seguintes fases:
•Impulsvo Emocional (0 a 1 ano de idade);
•Sensório-Motor e Projetivo (1 a 3 anos)
•Personalismo (3 a 6 anos);
•Categorial (6 a 11 anos)
•Puberdade e Adolescência (11 anos em diante)
•Idade adulta...
Não pretendemos aqui, dissertar a respeito de todas as fases, mas
buscar entender algumas questões com relação ao nosso público alvo, os
adolescentes. Com relalão a uma dessas etapas do desenvolvimento, Wallon
(2000 apud MAHONEY, 2006, p.13) afirma que:
“No estágio categorial é preciso observar a diferenciação nítida entre o
eu e o outro dá condições estáveis para a exploração mental do mundo
físico, mediante atividades de agrupamentos, seriação, classificação,
categorização em vários níveis de abstração até chegar ao pensamento
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desenvolvimento potencial e nível de desenvolvimento real), um “espaço
dinâmico” entre os problemas que uma criança pode resolver sozinha (nível de
desenvolvimento real) e os que deverá resolver com a ajuda de outro sujeito
mais capaz no momento, para em seguida, chegar a dominá-los por si mesma
(nível de desenvolvimento potencial). Nesse contexto, o professor constitui-se
na pessoa mais competente para ajudar o aluno na resolução de problemas
que estão fora do seu alcance, porém, deixando espaço para que pouco a
pouco ele comece a entender e seja capaz de resolvê-los sozinha.
Para haver aprendizagem faz-se necessária a interação com o outro e a
figura do professor destaca-se como mediador cujo procedimento deve estar
pautado em afetividade e sinceridade.
Antunes (1998, p.56) confere:
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
categorial. A organização do mundo físico em categorias mais bem definidas
possibilita também uma compreensão mais nítida de si mesmo.”
De acordo com essa afirmação vê-se a necessidade de trabalhar com a
criança, respeitando as fases percorridas, observando as características e as
condições de aprendizagem de modo individual, sem, no entanto, deixar de
vivenciar conteúdos, levando o indivíduo a aprender a conviver e desenvolver
habilidades e conhecimentos exigidos em sala de aula.
Independentemente de classe social, os jogos fazem parte da vida
de cada pessoa, pois vale ressaltar a importância de considerar aspectos da
infância que trazem a necessidade de brincar com aquilo que é sério e aprender
em um clima de descontração.
A função da aplicação de jogos em sala de aula é fazer com que os alunos
obtenham um convívio social dinâmico, participativo, ético, e a construção
de um espírito proativo, sem necessariamente, incluir competitividade,
desenvolvendo a capacidade de conviver com o outro e permitir o desenvolver
do senso e a criatividade no dia-a-dia. Desse modo, pretende-se que os
educandos desenvolvam senso de autonomia, ao lidar com situações com as
quais se deparam durante o processo de aprendizagem.
Introduzir atividades de lazer, em forma de jogos educativos é
oportunizar maneiras diferentes de vivenciar não apenas conteúdos, mas,
sobretudo, priorizar a interação entre seres, tendo a oportunidade de intervir
no comportamento do aluno, brincando, ato que o fará pensar toda vez que
agir, pois foi abordado em um momento de prazer e de modo afetivo, porém
o educador precisa sentir que está preparado, tanto para inserir brincadeiras,
quanto para chamar a atenção do estudante, quando necessário.
Um professor que privilegia o jogo didático em sala, ajuda seu educando
no desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois através das
atividades, pode-se formar conceitos, relacionar ideias, estabelecer relações
lógicas, desenvolver a expressão oral e corporal, reforçar habilidades sociais,
reduzir agressividade, e ainda, ajudar a construir uma imagem positiva com
relação a si mesmo e ao outro.
Vygotsky, em 1989, produziu um campo teórico no qual privilegia a
linguagem e o significado no desejo de brincar, mostrando que sem esse
recurso seria muito mais áspera à transposição mental entre os significados e
os recursos significantes. O jogo tem uma função muito importante no fazer
pedagógico, mas precisa ser planejado e bem trabalhado, isto é, caracterizar-se
como um método que funciona como contribuição para construir conhecimentos.
Todavia, é necessário ter atenção na forma de como pensar e trabalha jogos
e brincadeiras no ambiente escolar hoje em dia Dessa forma, Santos (2001,
p.15) ressalta que:
Vale lembrar que, quando se fala de jogo na educação atualmente, este
tem uma conotação diferente daquele conceito que prevaleceu por muito
tempo no Brasil, no qual a competição e as regras fixas eram aspectos
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O docente precisa ter uma visão mais coerente do jogo, ele não pode
ser visto apenas como recreação ou competição, porém é necessário que seja
considerado como ato gerador de aprendizado e sociabilização. Uma aula bem
elaborada e sistematizada pelo ato de brincar levará o aluno a ter prazer em
aprender e criará uma expectativa positiva quanto às próximas aulas, ainda
que necessariamente, não haja jogos em todas elas.
A interação no momento da aplicação dos jogos auxiliará o educando a
ter consciência do seu papel não apenas na escola, mas em casa e na sociedade
de modo a perceber que faz parte de um todo e que precisa aprender a conviver
para multiplicar valores éticos, morais e sociais independente da sua história
de vida.
Diante disso tomamos como base a prática dos jogos educativos associada
à afetividade, perante a necessidade de envolvimento entre o professor e o
aluno, proporcionando um ambiente de socialização, quebrando uma barreira
que antes havia na metodologia tradicional, em que existia um distanciamento
entre o professor e o aluno, assim como os alunos entre si. Para isso a aplicação
dos jogos em sala de aula, proporciona um clima favorável, abrindo espaço
para qualquer tipo de discurso.
A proposta dessa prática faz com que o aluno exercite o conjunto motor,
afetivo e principalmente o cognitivo, pois a aplicação das atividades é voltada
para a leitura e escrita. Atrelado a isso sabemos que o ser está em constante
processo de mudança, essencialmente na faixa etária do ensino fundamental,
e que se faz necessário um acompanhamento instrutivo para canalizar esse
contínuo processo, transformando em unidade toda a ação coletiva, criando
um pensamento compartilhado e não individual. Então a proposição dos jogos
educativos em sala de aula faz com que a influência desse meio crie uma ação
que contribua para o fortalecimento do processo de mudanças de fases.
Todo foco é voltado para uma interação social do adolescente com o
meio em que está inserido, seja em seu lar, ou no ambiente escolar, onde passa
a maior parte do tempo, sendo instrumento da esfera que atua. Assim como
trata Vigotsky:
“Uma operação que inicialmente representa uma atividade externa é
reconstruída e começa a ocorrer internamente; um processo interpessoal
termina por transformar-se em outro interpessoal. No desenvolvimento
cultural da criança, toda função aparece duas vezes: primeira em nível
social e, mais tarde em âmbito individual primeiro entre pessoas –
interpsicológica – e depois, no interior da própria criança – intrapsicológica.
Isto pode ser aplicado igualmente à atenção voluntária, à memória lógica
e à formação de conceitos. Todas as funções superiores se originam como
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Oficina pedagógica: aprendendo com afetividade em brincadeiras e jogos educativos no ensino fundamental
que o diferenciava das brincadeiras. Trata-se o jogo, hoje de forma bem
mais abrangente. Neste sentido tanto pode ser competição, como apenas
representar uma ação lúdica. É a ludicidade que dá o caráter de jogo às
atividades escolares.
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
relações entre seres humanos (VIGOTSKY, 1978, p.93-94).”
O que estamos tratando aqui é justamente a interação afetiva entre
o ser e o outro consigo próprio. É no desenvolver externo que o interior é
aperfeiçoado, fazer com que o aluno apreenda a partilhar tudo que lhe é
oferecido para que compreenda bem o que está sendo aplicado, por que dessa
forma ele saberá que a individualidade não se aplica em um todo no ambiente
escolar, crucial é se envolver na experiência em grupo para que o individual
esteja capacitado em qualquer meio de convivência.
É partindo desse pressuposto, que sugerimos os jogos educativos como
prática pedagógica, não desvirtuando a grade curricular, mas somando ao
conteúdo proposto, independente do conteúdo em questão, porém dinamizando
com estímulo e criatividade, para romper com barreiras tradicionais, porque o
ambiente em sala de aula deve ser atrativo, em vista que os recursos multimídia
são de utilidade primária no âmbito social do aluno. Sendo assim os jogos
servem para aguçar o ensino, em uma perspectiva interacional afetiva, não com
o objetivo de superar os atrativos multimídias que as vezes pode até dispersar
os estudantes, mas sim para reter sua atenção enquanto estiverem em aula,
mostrar que sua “segunda casa”, não é um lugar repleto de regras, porém,
um local onde o aprender é convincente e motivador para outros saberes.
Aprender de forma descontraída é mais interessante e proporciona o despertar
para uma educação propícia à realidade.
Quanto ao trabalho com os jogos, esse deve estimular a exploração e
a solução de problemas, livre de pressões e avaliações convencionais. Esse
momento desse se desenvolver em um clima adequado para a investigação
e a busca de soluções, levando o aluno a ver os erros de forma natural, sem
deixar marcas negativas, mas proporcionando novas tentativas; estimulando
previsões e checagem, aprendendo até com os erros.
Os jogos devem trazer situações interessantes e desafiadoras, permitindo
que os jogadores se auto-avaliem quanto ao seu desempenho. O professor
antes de trabalhar com os alunos tem por dever estar bem instruído de todas
as condições do jogo, quanto ao nível, a faixa etária e ver quais os objetivos
dos jogos, em seguida explanar aos espectadores todas as disposições das
atividades.
Essas condições devem estar bem atreladas à proposta pedagógica
desejada para que os objetivos principais possam ser alcançados, porque é a
partir daí que o professor irá trabalhar as deficiências existentes em sala de
aula, para então, promover uma ação apurada das futuras práticas a serem
efetuadas.
No entanto é necessário saber o que vai ser aplicado para não haver
erros no decorrer do processo, pois a aplicação dessa prática deve estar
alinhada junto com os objetivos afetivos, lembrando que o planejamento é para
mudança de comportamento e informação de conteúdo ao aluno, para uma
inovação positiva com foco decorrente da socialização e instrução do docente.
No próximo capitulo será apresentado às características da afetividade no
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2. CARACTERÍSTICAS DA AFETIVIDADE NO PROCESSO EDUCATIVO
SEGUNDO A TEORIA DE WALLON
A afetividade sobre a perspectiva de Wallon prevalece no objetivo desse
tema, e analisa o ciclo emocional e cognitivo do adolescente, esse nosso
público alvo está inserido em uma das fases mais complexas da existência
humana, pois está sujeito à uma série de mudanças no campo físico, emocional
e psicológico.
Partindo desse princípio veremos o que Wallon aborda sobre o
comportamento adolescente em meio à puberdade e adolescencia, que
representa a quinta etapa do desenvolvimento humano.
“Há, ao lado de sonhos vãos, verdadeiros riscos, mas há também elementos
positivos, e é essa parte positiva que o educador deve esforçar-se por pôr
em evidência. É preciso utilizar esse gosto de aventura, esse gosto de
ultrapassar a vida cotidiana, esse gosto de se unir a outros que têm os
mesmos sentimentos, as mesmas aspirações, esse gosto de ultrapassar o
ambiente atual, para ajudar a criança a fazer sua escolha entre os valores
em presença, que pode ser por vezes valores criminosos, mas também
valores sociais, valores morais.” (WALLON, 1975, p.221)
Dada essa afirmação, observa-se que o período da puberdade e
adolescência é uma fase de riscos, o senso de aventura está intrínseco neste
ser em formação, pois o desafio começa a fazer parte dos seus planos, e isso
pode ser um perigo, ou uma virtude. Perigo por que há a possibilidade do
adolescente ter um transtorno de caráter, e virtude, porque tem a oportunidade
de utilizar o espírito aventureiro para filtrar o que vem e desenvolver valores
éticos, morais, sociais e espirituais que proporcionam crescimento de modo
geral.
Portanto o professor afetivo deve ficar atento aos seus educandos para
que seja direconado no tocante à análise do que se tem e a busca do que
se quer ter, se preocupando também, com as constantes mudanças impostas
aos adolescentes. Todas as mudanças dessa faixa etária são praticamente
pertinentes à sala de aula, a busca por independência, a procura de
relacionamentos, a rebeldia, entre outros, de maneira que será importante
que o professor aproveite essas emoções para agrupá-las ao cotidiano escolar.
É preciso sondar as necessidades afetivas do aluno para que se obtenha o
resultado satisfatório, mesmo ciente de que ele está rodeado de regras e isso.
É pertinentes aqui, citar o cuidado que o educador precisa ter para
não bloquear seu educando, prejudicando-o no seu desenvolvimento e na
construção do conhecimento. Em sua citação, Paulo Freire afirma que:
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Oficina pedagógica: aprendendo com afetividade em brincadeiras e jogos educativos no ensino fundamental
processo educativo.
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Na verdade um dos sérios problemas do exilado (a) está em como lidar, de
corpo inteiro, com sentimentos, desejos razão, recordação, conhecimento
acumulados, visões do mundo, com a tensão entre o hoje sendo vivido na
realidade de empréstimo e o ontem, no seu contexto de origem, de que
chegou carregado de marcas fundamentais. Não podendo deixar de tomar,
pelo menos por largo tempo, seu contexto de origem como referência.
Freire (1992)
Antes de rotular o estudante determinando que o mesmo apresenta
dificuldades de aprendizagem, é preciso verificar seu histórico de vida, se
passou por algum constrangimento ou desenvolve alguma questão de de
natureza congênita ou orgânica, sócio econômica, cultural ou emocional. Cabe
ao professor criar possibilidades de aprendizagens, até porque existem múltiplas
inteligências e as habilidades são diversificadas. O professor é o mediador entre
estudante e conhecimento e cabe ao mesmo identificar o melhor caminho para
o ensino, tendo a capacidade de globalizar e individualizar ao mesmo tempo.
Para que a escola transforme os alunos em sujeitos críticos, os
educadores precisam gerenciar e reinventar suas práticas pedagógicas, não
é com frieza e distanciamento que o aluno irá interagir na aula, é com prática
aconchegante, o ambiente escolar precisa ser acolhedor e o estudante precisa
se sentir importante para desenvolver confiança em sí mesmo e nos outros.
A intenção de trabalhar o lado afetivo com brincadeiras e jogos educativos
em sala de aula é agrupar, trocar experiências, experimentar o novo; esse passoa-passo derruba as barreiras tais como preconceitos, timidez, egocentrismo,
hostilidade etc. Porém ainda há educadores pensando que a união entre alunos
pode se tornar uma ameaça, ou seja, vê como ato de algazarra, anarquia, ou
até vandalismo; sobre isso Wallon afirma:
“Os grupos da adolescência são, muitas vezes, entendidos como grupos de
confronto ao adulto ou de evasão da realidade. Talvez isso seja também o
resultado de um meio escolar e de um meio social em que toda tentativa de
atividade coletiva por parte dos jovens parece ser um perigo para os usos
ou normas consagradas.” (WALLON, 1975: p173)
Alguns educadores sentem-se ameaçados com a a formação de grupos e
não consegue aproveitar essa situação para conduzir o grupo ao aprendizado de
maneira coletiva. O professor não deve ter como ponto principal o sentimento de
rebeldia do adolescente, não que seja improvável haver aqueles que se rebelem
contra o professor, principalmente, quando há casos de estudantes com famílias
conflituosas, pois isso faz com que crie um estereótipo negativo em sua mente
para todo adulto que precisa impor regras. O educador deve se valer dessa
intimidade coletiva para aflorar a afetividade e partindo desse ponto, abranger
suas possibilidades de trabalho com os alunos, apesar de sabermos que é
raro uma turma totalmente unida, disciplinada. Infelizmente há grupos malintencionados, as aventuras fora da lei atraem, o prazer negativo de hostilizar,
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“É necessário outro eixo que reúna dentro da unidade e da unidade do eu
não somente suas relações com o ambiente, mas também sua sobrevivência
no tempo.” (WALLON, 1985, p. 234)
Segundo o autor, é a questão de identificação do individual com o social
que se torna um eixo necessário para que o jovem supra todo seu questionamento
psíquico e personal, é isso a “afetividade” ajuda a fazer, por isso, se for bem
aplicada, auxiliará o adolescente na formação integral. Sua relação com as
pessoas será mais agradável, se entender afetividade como prática de respeito
mútuo e terá como resultado, o prazer de compartilhar, ceder, favorecer e até
doar-se. Esses pontos são importantes para que o adolescente consolide sua
formação acadêmica, moral e ética, já implantadas em seu convívio familiar.
Portanto, entendemos que a prática da afetividade é de grande
importância na educação e instrução do adolescente e contribui em todas as
etapas da vida, nas relações cognitivas, sociais, culturais, psicológicas, etc.
Durante nossa pesquisa, observamos que a relação entre professor e
aluno imbuídas pela afetividade faz-se necessária para que ambos tenham a
oportunidade de aprender a interagir consigo mesmo e com o mundo à sua
volta, e se contarmos apenas com o conteúdo curricular para suprir todas as
necessidades do educando, veremos que não será suficiente para que o mesmo
desenvolva suas aptidões, o tratamento com as pessoas, a obediência às regras,
a disciplina, o ato de afetar e de ser afetado; são práticas profundamente
ligadas à afetividade, é exercendo-a como um dos fundamentos educativos
que se tem um ambiente favorável às mudanças de comportamento.
Veremos no próximo capítulo, algumas sugestões de atividades atreladas
aos jogos educativos em que se pode aplicar a afetividade como instrumento
psicológico e educativo.
Conceito A
Recife
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Oficina pedagógica: aprendendo com afetividade em brincadeiras e jogos educativos no ensino fundamental
depredar, brigar, entre outros, são seus principais objetivos. Contudo, deve-se
aproveitar a maioria bem-intencionada para viabilizar um ambiente saudável
em sala, ajudando a formar cidadãos disciplinados, cujo caráter seja firme e
cresçam com o desejo de progredir, fazendo-os entender que o viver coletivo e
o conhecimento são pilares que auxiliam para a boa e completa formação.
Esse processo de adaptação às normas e regras estabelecidas no ambiente
escolar põe o adolescente em questionamento sobre sua própria identidade e
seus planos para o futuro, a partir daí, surge a escolha entre participar da
relação afetiva social, ou se afastar e isolar-se em seu mundo, com desejos
que não são propícios. Há no jovem uma necessidade por autonomia que cria
um pensamento individual, competitivo e egocêntrico, aliados ao desejo de
estar em evidência que é cada vez mais forte nessa fase da vida aliados à
busca pelo próprio espaço que é mais intensa e é justamente nesse período
que se vislumbra os traços de caráter do futuro adulto.
Para que o adolescente saiba concentrar toda efervescência de mudanças
emocionais e afetivas Wallon comenta:
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
3. TABELA DE ATIVIDADES COM PRÁTICAS AFETIVAS EM BRINCADEIRAS
E JOGOS EDUCATIVOS
Atividades
Duração
1ª Coelho na Cartola: É um jogo
simulando um show de mágica
levando a imaginar a mágica do
aprendizado. Serão usadas cartelas contendo palavras e perguntas em língua inglesa, 3 cartolas
e um coelho de pelúcia que funciona como coringa para isentar o
jogador de responder a pergunta,
ganhando os pontos sem fazer
esforço. Cada jogador terá a um
tempo estipulado para responder ou formular uma pergunta de
acordo com a cartela que retirar
da cartola.
2ª Adedonha / Stop!
Também
conhecido
como
“uestópe”, “istópi”, ou ,dependendo a região, “adedanha” ou
“adedonha”, é um jogo muito
comum entre as crianças e até
mesmo entre adultos, onde inicialmente desenha-se uma tabela
em um papel para cada jogador.
Cada coluna recebe o nome de
uma categoria de palavras como
animais, automóveis, nomes pessoais, cores etc. e cada linha
representa uma rodada do jogo.
Deve-se inserir conteúdos nas
classes de palavras para caracterizar o jogo educativo. Inicia-se
sorteando uma letra do alfabeto e
todas as palavras devem ser escritas a partir dessa mesma letra
em cada rodada do jogo. Ganha
o jogador que tiver um número
maior de palavras diferentes dos
demais jogadores.
Conceito A
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Recife
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15 min
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3.1 O objetivo dos jogos
Os jogos pedagógicos podem e devem ser empregados para a
aprendizagem de habilidades necessárias em diversas áreas, entretanto, como
temos o princípio metodológico de ensinar mais do que jogar, entendemos
que os jogos podem estimular habilidades e competências para solucionar
problemas das demandas escolares e cotidianas, que os jovens se deparam
constantemente no processo de aprendizagem.
Conceito A
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Oficina pedagógica: aprendendo com afetividade em brincadeiras e jogos educativos no ensino fundamental
3ª Descrevendo o Próximo:
Com o intuíto de trabalhar adjetivos e graus dos adjetivos em
língua portuguesa ou estrangeira,
será entregue a cada participante
uma folha em branço e um recorte com figuras de pessoas. É
um jogo onde cada participante
terá a oportunidade de descrever
características de pessoas próximas a ela e estabelecer comparações com a pessoa da figura
. O vencedor será o que criar a
frase comparativa mais criativa
usando o maior número de adjetivos. O jogo poderá começar com
um sorteio ou pela ordem estabelecida em sala.
4ª Plantando Sementes: É uma
brincadeira onde os participantes
receberão flores confeccionadas
em papel color set, representando sementes e irão escrever nas
mesmas os tipos de “sementes”
que desejam plantar no “terreno”
chamado coração dos seus amigos, familiares, etc. Em seguida,
devem dobrar as pétalas para
dentro, cobrindo o que escreveu
e colocar as flores dentro de uma
bacia com água com as pétalas
viradas para cima para ver se irão
nascer. (As pétalas deverão se
abrir representando o nascer das
sementes no coração)
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
Toda forma lúdica bem aplicada contribui na vida social tanto da criança
como do adulto, enriquece seu cognitivo e desenvolve uma forma de aproveitar
bem toda energia corporal, desenvolvendo também a socialização entre os
demais. A criança não se habitua em salas enfileiradas, por isso a sabedoria e
criatividade do professor em incentivar a criança para o lúdico, desenvolvendo
sua inteligência e estimulando a assimilação do conhecimento com criatividade.
Através da aplicação de jogos, o aluno aprende com prazer o que realmente
é interessante, dessa forma temos um resultado satisfatório com essa prática
educativa.
Os jogos relacionados acima, têm por objetivo promover interação,
aproximação, percepção do outro, extrair conhecimento de mundo e
descontração no momento da proposta de conteúdos, fazendo o aluno entender
que pode aprender até brincando. Com essas práticas também se pretende
promover estímulos nas áreas cognitiva, sócio afetiva e psicomotora através
de gestos e movimentação.
3.2 Vivências e práticas
Trata-se do momento de colocar em prática tudo que foi planejado,
levando em consideração, em algumas situações, a necessidade de ajustes
durante os jogos, pois até no momento da brincadeira é preciso observar o
comportamento e as diferentes capacidades por parte de cada aluno e na
dinâmica do jogo, pode haver situações que necessitem de intervenções e
modificações para que todos possam apreciar, interagir e aprender com as
atividades propostas. Numa perspectiva construtivista esses momentos podem
ser muito ricos para a aprendizagem. O professor deve fazer adequações entre
regras e práticas dos diferentes papéis assumidos pelos jogadores, retirar todas
as dúvidas e deixar bem claro todos os objetivos propostos pelo trabalho:
Definição dos Jogos
Coelho na Cartola: Esse jogo simula um show de mágica com o objetivo
de apresentar o conteúdo, bem como despertar o interesse em aprender língua
estrangeira, durante o momento de interação e descontração onde o professor
terá a oportunidade de repassar conteúdos propostos além de ajudar na
assimilação do mesmo pelo educando. O jogo terá início com um sorteio para
saber quem será o primeiro a jogar. Serão usadas cartelas contendo palavras
e perguntas em Língua Inglesa e Portuguesa, de acordo com o número de
participantes. Usa-se 3 cartolas e um coelho que pode ser de pelúcia mas,
precisa caber dentro da cartola, esse que funciona como coringa para isentar o
jogador de responder a pergunta, ganhando os pontos sem fazer esforço. Cada
jogador terá 3 minutos para responder ou formular uma pergunta de acordo
com a cartela que retirar da cartola. Vence o jogo quem ajudar a outros a
responder mais perguntas, porém os participantes não saberão desse detalhe.
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Descrevendo o Próximo:
Esse jogo tem o objetivo de trabalhar adjetivos e graus dos adjetivos
em língua portuguesa ou estrangeira. Ao começar o jogo, será entregue a
cada participante, papel em branço para elaboração de frases e um recorte
com figuras de pessoas. Cada participante terá a oportunidade de descrever
características de pessoa do grande grupo, de acordo com escolha prévia e
estabelecer comparações com a pessoa da figura . O vencedor será o que criar
a frase comparativa mais criativa usando o maior número de adjetivos. Um
outro objetivo é descrever características de outros participantes, percebendo
aspectos físicos e de comportamento positivo. O jogo pode ser individual ou em
dupla. A primeira dupla a terminar de elaborar e ler suas frases será vencedora.
O jogo terá início quando todos os participantes receber o material necessário.
Plantando Sementes: É uma brincadeira que pretende despertar nos
participantes o interesse em tratar o outro do modo que gostaria de ser tratado,
levando em conta os sentimentos, valores e necessidades que nos cercam.
Nessa dinâmica, os participantes receberão flores de papel representando
sementes e irão escrever nas mesmas os tipos de “sementes” que desejam
plantar no “terreno” chamado coração de pessoas do convívio. As sementes
podem ser: amor, carinho, paciência, respeito, alegria, elogios positivos, entre
outros. Em seguida, colocarão as flores em uma bacia com água para ver se
irão nascer. com água com as pétalas viradas para cima para ver se irão nascer
As pétalas das flores deverão se abrir em sinal que aquilo que se plantou,
nascerá desde que plantado com carinho e afeto.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Procurando identificar o papel da afetividade no processo de ensinoaprendizagem, elaboramos essa pesquisa bibliográfica buscando compreender
sua importância e melhor maneira de se aplicar. Em todas as etapas da pesquisa,
ficou claro que a afetividade precisa ser vista como um fator relevante para a
vida não apenas em sala de aula, mas numa visão geral, já que a mesma está
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Oficina pedagógica: aprendendo com afetividade em brincadeiras e jogos educativos no ensino fundamental
Adedonha: É um jogo muito comum entre as crianças e até mesmo entre
adultos, onde inicialmente desenha-se uma tabela em um papel para cada
jogador. . Cada coluna recebe o nome de uma categoria de palavras como
animais, automóveis, nomes pessoais, cores etc. e cada linha representa
uma rodada do jogo. Deve-se inserir conteúdos nas classes de palavras para
caracterizar o jogo educativo. Inicia-se sorteando uma letra do alfabeto e todas
as palavras devem ser escritas a partir dessa mesma letra em cada rodada do
jogo. Ganha o jogador que tiver um número maior de palavras diferentes dos
demais jogadores.
Revista Conceito A | Revista dos Trabalhos de Conclusão de Curso
intrisecamente ligada aos aspectos cognitivos do indivíduo.
Entendemos o quanto o aluno é sensível ao olhar e ao desejo do professor
que o aborda através de atitudes de respeito, elogios, exigências, conselhos,
escutas e até mesmo, repreensão na forma respeitosa e no momento oportuno,
como elemento fundamental para o seu interesse e motivação na busca do
conhecimento.
Compreendemos a importância da afetividade nas relações e o
quanto um desequilíbrio nessa área pode comprometer o desempenho e o
desenvolvimento desse ser , impedindo-o de desenvolver suas habilidades e
tirando sua motivação, que muitas vezes já não existe por causa de conflitos
pessoais na família, além de comprometer sua auto-estima.
Na construção do conhecimento não está em evidência apenas a
aquisição de conhecimento didático, mas a formação do caráter de um
cidadão, nessa construção a participação efetiva do professor junto ao aluno,
estabelecendo relações entre o “ser” e o “sentir” e entre o “saber” e o “fazer” faz
a diferença necessária na trajetória desse sujeito/aluno que passará a pautar
sua aprendizagem de modo mais significativo, permeado pela ação afetiva.
Sabemos que o acúmulo de atividades tais como as obrigações
burocráticas entre outras necessidades e até mesmo a falta de recursos,
faz do professor um ser até certo ponto, mecanizado, aliados a isso, a falta
de interesse e desatenção dos estudantes provocam uma desmotivação no
educador, que é tentado a não propor estratégias que despertem a atenção
e interesse do educando. Desse trabalho podemos observar que a aplicação
de jogos na educação torna-se uma proposta eficaz e cria uma atmosfera de
prazer, pois o ser humano, desde o seu nascimento, está imerso no mundo das
brincadeiras, onde seu desenvolvimento depende da motivação ao explorar
o meio em que vive; isto se inicia quando ele brinca e manuseia objetos que
estão à sua volta. Não é diferente com o adolescente, que vive sobrecarregado
de atividades, algumas obrigações inerentes à sua idade entre tantos outros
conflitos. No contato com o jogo, o brincar é comparado com a realidade onde
cada um tem a oportunidade de construir sua visão de mundo e assimilar o
conhecimento de acordo com suas múltiplas capacidades, e enquanto aprende
o conteúdo, tem a oportunidade de vivenciar regras e suas aplicabilidades para
o mundo real, essa prática o auxiliará na sua vida futura, enquanto isso, o
professor tem a oportunidade de transmitir conhecimento de modo maleável,
provando que não se aparende apenas quando se está estático, em silêncio,
ações que nem sempre pressupõem atenção.
Alguns profissionais da educação ainda insistem em negar a importância
e necessidade da prática da afetividade em sala de aula, talvez isso aconteça
por falta de conhecimento às contribuições que a afetividade traz em qualquer
prática, mas principalmente no momento de educar e dividir conhecimento.
Não será possível a construção integral do sujeito se houver separação entre a
afetividade e a cognição. As escolas insistem em fragmentar o conhecimento
através de uma supervalorização dos conhecimentos cognitivos e o desprezo
com relação aos laços afetivos, mas entendemos que o desenvolvimento da
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REFERÊNCIAS
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do
oprimido. Paz e Terra: 1992
PCNS, Parâmetros Curriculares Nacionais. Editora Porto, 1996
SANTOS, Santa Marli. Apresentação. In: SANTOS, Santa Marli (Org.). Ludicidade
como ciência. Petrópolis: Vozes, 2001.
WALLON, Henri. Psicologia e Educação. São Paulo: Edições Loyola, 2006
______. (1973/1975a). a Formação Psicológica dos professores.In: Psicologia
e educação da infância. Lisboa: Estampa (coletânia), PP. 355-366.
VYGOTSKY, LEV S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos
processos psicológicos superiores. 3ªed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
168p. (Coleção Psicologia e Pedagogia. Nova Série).
http://www.ufsm.br/lec/02_00/Cintia-L&C4.htm - algumas reflexões sobre o
ensino mediado por computadores - cíntia maria basso> acesso em 18 de
junho 2012
Conceito A
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inteligência está atrelado à valorização, à percepção e à preocupação com o
outro e é dever do professor estabeler relações afetivas, pois ela é essencial no
processo de interação professor/aluno e não haverá aprendizagem significativa
sem esse vínculo.
É dever do mestre viabilizar a aprendizagem evitando juízos precipitados
e rótulos, pois cada aluno possui um potencial e sua maior necessidade é
portanto, que a escola e o professor trabalhem de forma que se crie um
ambiente onde o estudante tenha a oportunidade de se desenvolver dentro
de uma perspectva holística. A escola tem o papel de contribuir na construção
da identidade do aluno enquanto cidadão e o professor, como viabilizador e
facilitador do aprendizado.
Entendemos com essa pesquisa, que a afetividade é extremamente
necessária em todas as etapas de nossas vidas, nas relações cognitivas, sociais,
culturais, psicológicas, etc. Não é apenas um sentimento desorganizado e
irrelevante, não é demonstração de aceitação do erro, mas a demonstração de
que alguém se importa com o que se é e o que se faz. É através dessa relação
afetiva que o estudante vai sentir sua importância, e consequentemente a
necessidade de aprender não por obrigação mas por prazer e motivado pelo
desejo de que seu desenvolvimento seja satisfatório, dentro da esfera da
possibilidade e da necessidade inerente a todo ser.
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ANEXOS
Adedonha grupo I
Cidades Autores de livros
Jogos Verbos
Substantivo Próprio
Adedonha grupo II
Estados Objetos escolares Historias infantis Advérbios Substantivo comum
Adedonha grupo III
Países Automóveis Cantores
Adjetivos Substantivo abstrato
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