JAPÃO Localizado no Extremo Oriente, o Japão está numa posição a leste da Ásia. Ele é formado por um arquipélago integrante do “círculo de fogo” do Oceano Pacífico, área onde há o encontro de placas tectônicas. Isso explica a existência de vários vulcões ativos em atividade naquele território, bem como a freqüente ocorrência de maremotos e terremotos. Com 377748 km2, o país é formado por aproximadamente três mil ilhas. As quatro maiores e mais importantes dessas ilhas correspondem a 97% do território japonês. São elas: Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kiushu. Nesse espaço relativamente reduzido a população estimada em 2003 é de 127,3 milhões de habitantes. Isso explica a existência de elevadas densidades demográficas no país. http://oglobo.globo.com/fotos/2007/07/16/070713_mundo_23.gif a) Processos históricos e geopolíticos da industrialização japonesa: Embora os japoneses mantivessem um pequeno comércio com os portugueses e os holandeses desde o século XVI, quando os norte-americanos aportaram no Japão em 1853, eles encontraram um país feudal e economicamente atrasado. Sob o regime militarizado do xogunato Tokugawa, o Japão permaneceu um longo tempo isolado. Embora o clã Tokugawa estivesse no poder desde 1603, foi a partir de 1636, sob o xogunato Iyemitsu, que o país viveu um período de reclusão. A partir de então, os estrangeiros foram proibidos de entrar no país e os japoneses de sair. Tal prática vigorou por mais de dois séculos, até que os norte-americanos, tentando realizar seu projeto de geopolítico de controle sobre os oceanos, forçaram a abertura do país através do Tratado de Kanagawa, assinado em 1854. Essa abertura acelerou a desintegração do sistema feudal japonês e, em 1868, encerrou-se o domínio dos Tokugawas. A Era Meiji (1868-1912), como ficou conhecida, representou um período de grandes mudanças na história do Japão. Entre as mudanças, podemos citar: o fim da estrutura feudal; a criação de províncias submetidas à administração do poder central, em substituição aos feudos; a obrigatoriedade do ensino do ensino primário; a implantação do serviço militar e a reestruturação das Forças Armadas segundo os modelos prussiano e francês; transferência da capital do país de Kioto para Edo, que recebeu o nome de Tóquio (“cidade oriental”); instituição da imprensa e de serviços postais; construção de estradas de ferro; fundação do Banco do Japão; eliminação da casta dos samurais; aprovação de uma constituição em 1889, que estabeleceu a divisão de poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e designou o imperador como o chefe supremo do país. Desejando acompanhar o desenvolvimento tecnológico do mundo ocidental, o governo japonês começou a investir na implantação de estabelecimentos industriais em todos os setores nos quais o capital privado não tinha condições de atuar. Posteriormente, algumas dessas indústrias foram vendidas a baixo preço a empresas particulares. A venda de algumas empresas estatais originou os zaibatsus, verdadeiros monopólios que tiveram um grande desenvolvimento entre as duas guerras mundiais, porque o governo japonês lhes proporcionou inúmeras vantagens e privilégios. Os zaibatsus passaram então a dominar a economia do Japão, atuando em praticamente todos os setores industriais, além do comércio e das finanças, incorporando indústrias menores. Como resultado dessa política modernizante, o Japão viveu um vertiginoso processo de industrialização. No decorrer de sua história, como estamos vendo, o país sempre se fechou à penetração estrangeira. Desse modo, não sofreu o avanço colonialista e imperialista europeu do século XVI ao XX. Tornando-se potência industrial no século XIX, o Japão lançou-se às conquistas imperialistas na Ásia, passando a competir com as potências industriais européias na tomada de territórios e na formação de colônias. Da mesma forma que alguns países europeus, o expansionismo japonês tinha, pelo menos, dois objetivos: 1 – assegurar fontes de abastecimento de matérias-primas, por ser o país relativamente pobre em recursos minerais; 2 – conquistar mercados compradores para seus produtos industrializados. A expansão iniciou-se com a vitória na Guerra Sino-japonesa (1894-1895), que garantiu a ocupação da Coréia e de Taiwan. Com a vitória na guerra contra a Rússia (1904-1905), os japoneses ocuparam as ilhas Sacalinas. Mais tarde, em 1931, ocupariam a Manchúria, parte do território chinês, onde implantaram em 1934 um Estado fantoche. O governo militarista japonês alia-se à Alemanha e à Itália em 1940 e ocupa a Indochina francesa no ano seguinte. A expansão militar coloca o Japão em choque com os EUA. Em dezembro de 1941, os japoneses realizam um ataquesurpresa e destroem a esquadra norte-americana ancorada em Pearl Harbor, no Havaí. O Japão toma o sudeste da Ásia e a maior parte do Pacífico Ocidental, mas é derrotado pelas forças aliadas e retira-se das áreas ocupadas. A rendição só ocorre em setembro de 1945, após a explosão das bombas atômicas jogadas pelos EUA nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. b) A reconstrução japonesa no pós-Guerra: Entre 1945 e 1951, o Japão conheceu a ocupação militar norte-americana. A nova Constituição, elaborada sobre a supervisão da potência ocupante, limitava os gastos militares a 1% do PIB e substituía as forças armadas por Forças de Autodefesas, com a atuação restrita ao arquipélago japonês. O “milagre japonês” O Japão, como a Europa, emergiu da Segunda Guerra Mundial arrasado. Sua estratégia de reconstrução envolveu dois elementos básicos: a formação de uma poupança interna e a conquista dos mercados externos. Ao contrário da Europa, a trajetória de reconstrução japonesa não dependeu de vultosos empréstimos norteamericanos. Os zaibatsu, que tinham sustentado o militarismo, foram legalmente dissolvidos. Contudo, sob outras denominações e figuras jurídicas, reergueram-se como conglomerados familiares monopolistas. A tradição da Era Meiji, de forte coesão entre as grandes empresas, os bancos e o poder político serviu de alicerce para a reconstrução do país. O Estado, por meio do Ministério da Indústria e do Comércio Exterior, cercou os conglomerados de proteções e estímulos, de modo a reduzir a concorrência de empresas estrangeiras e assegurar a conquista de mercados externos. As noções de disciplina e fidelidade estruturaram as relações entre a força de trabalho e as empresas, sobre o alicerce da garantia de emprego vitalício. O governo encarregou-se de realizar significativos investimentos em educação, formando trabalhadores e profissionais de elevada qualificação. A capitalização dos conglomerados industriais apoiou-se no baixo custo da força de trabalho e na fragilidade do movimento sindical. Além disso, os conglomerados contaram com um imenso volume de poupança popular, garantido pela debilidade do sistema de previdência social e pela carência habitacional. Esses recursos foram canalizados para os investimentos empresariais através de grupos bancários que participam como acionistas, da direção dos conglomerados. O consumo reprimido transformou-se em capital e o capital, em tecnologia. A conquista dos novos mercados apoiou-se numa política agressivamente exportadora, fundada na subvalorização cambial do iene: produtos japoneses deveriam ser baratos fora do Japão e produtos estrangeiros deveriam ser caros dentro do Japão. A força do dólar fez o resto. Na década de 1960, o Japão começava a registrar saldos positivos crescentes no comércio com os Estados Unidos. A manutenção de uma balança comercial em superávit tornou-se um traço estrutural do “capitalismo-fábrica” japonês. A indústria têxtil, a siderurgia e a construção naval lideraram os primeiros tempos da reconstrução. Nas décadas de 1960 e 1970, esses ramos foram substituídos pela eletrônica de consumo e pela indústria automobilística. Pouco mais tarde, com o desenvolvimento da revolução tecnocientífica e informacional, a robótica, a informática e a microeletrônica passaram a funcionar como locomotivas do crescimento japonês. Após a crise do petróleo de 1973, que mostrou a grande vulnerabilidade da economia japonesa em vista de sua dependência ao subsolo estrangeiro, esse país acelerou o seu programa de desenvolvimento de novas tecnologias e novas áreas industriais (até então, as indústrias estavam concentradas na ilha de Honshu). Para tanto, estimulou a implantação de vários tecnopólos em seu território. As maiores concentrações industriais localizam-se no litoral do Pacífico, entre as baías de Tóquio e Osaka. Essa área é responsável por cerca de 70% de toda a produção industrial do país. Os choques de preços do petróleo exacerbaram os custos de produção no arquipélago e aceleraram a relocalização de investimentos. Os conglomerados industriais baseados na utilização intensiva de trabalho e de energia passaram a deslocar unidades produtivas para países vizinhos ao Japão, dinamizando as economias do leste e do sudeste asiático. A megalópole mais populosa do mundo A intensa relação entre Tóquio e Osaka, fruto de um processo de industrialização com forte intervenção do Estado, acabou por centralizar grande parte da atividade econômica naquela porção do território. Isso levou ao surgimento de uma megalópole – Tokkaido, no eixo Kioto-Osaka-Nagóia-Tóquio, onde se dá a maior concentração urbana do mundo contemporâneo. Ali vivem mais de 60% da população japonesa. Tokkaido engloba várias planícies (inclusive a de Kanto), o que proporcionou uma grande concentração populacional naquela área, desde o início da rizicultura. Desde o início, o desenvolvimento industrial do Japão se concentrou na área ocupada por Tóquio, Nagóia e Osaka. Um dos resultados da intensificação industrial japonesa a partir dos anos 1950 foi a formação da megalópole. A área concentrou, de 1955 a 1973, as principais atividades industriais e terciárias da economia, levando o Japão a apresentar as maiores taxas de crescimento industrial em todo o mundo. Um aspecto interessante, decorrente da própria limitação do território, é a atual arquitetura japonesa. A construção de pôlderes e represas ampliou os terrenos para uso industrial-urbano nas baías de Tóquio, Osaka e Nagóia. Mais recentemente, novas e avançadas tecnologias permitem a construção de arranha-céus e de galerias subterrâneas que estendem a vida econômica abaixo da superfície das grandes cidades. O Japão ainda se destaca em relação à agricultura, embora apenas 15% do espaço sejam aproveitáveis para esta prática. O relevo montanhoso (cerca de 580 elevações com altitude superior a 2000m e mais de 200 vulcões ativos), o clima frio da porção norte do arquipélago (cerca de 200 dias por ano com geada e neve), a preservação das áreas florestais (67% do território recoberto por florestas originais e reflorestamento) e a expansão da indústria reduziram e encareceram as áreas cultiváveis, situadas nas planícies litorâneas do sul. Após a Segunda Guerra Mundial, uma reforma agrária assentou2 milhões de famílias, tornando predominante a pequena propriedade, com alta mecanização e tecnologia. Os principais cultivos (arroz, legumes e frutas) destinam-se à alimentação, mas também há cultivos industriais como o chá e a amoreira. A presença de correntes marinhas (OYA SHIVO, fria, e KURO SHIVO, quente) atrai cardumes para desova e favorece a pesca e a aquacultura (criação de ostras, camarões e algas). A indústria de beneficiamento do pescado e os pequenos estaleiros se espalham em torno das ilhas, embora os portos de Kushiro (em Hokkaido) e Hachinohe (em Honshu) exerçam o monopólio de tais atividades. O país dispõe da maior frota pesqueira do mundo. c) O Esgotamento do “Modelo Japonês” O “modelo japonês” de desenvolvimento, tão bem-sucedido dos anos 1950 até início dos anos 1990, parece ter se esgotado. Ele precisa de reformas urgentes para que o país volte a crescer. Basicamente, a economia japonesa precisa deixar de ser essencialmente para fora (para a exportação) e voltar-se para dentro, para o mercado interno. A crise japonesa, anterior à crise asiática é de certa maneira, conseqüência do sucesso dos anos anteriores. O grande acúmulo de riquezas no país provocou uma crescente especulação com ações, levando a uma enorme alta na bolsa de Tóquio. Ao mesmo tempo, os bancos japoneses, que chegaram a ocupar as dez primeiras posições entre os maiores do mundo nos anos 1980 (em 2000 eram apenas dois), fizeram grandes empréstimos sem critério, principalmente para o ramo imobiliário, o que provocou uma grande especulação nesse setor. Os preços dos imóveis no Japão subiram exageradamente, transformando-se nos mais altos do mundo. Essa bolha especulativa – financeira e imobiliária – estourou no início dos anos 1990. Os preços das ações e dos imóveis despencaram, fazendo a crise se propagar pela economia real. Os bancos, não tendo como receber dos devedores, não faziam novos empréstimos. Muitas empresas e instituições financeiras foram à falência, levando o país à estagnação econômica. Agravando esse quadro, a população, receosa com a crise, passou a poupar mais, reduzindo os níveis de consumo. Embora esteja apresentando, nos anos 2000, dados que comprovam uma certa recuperação na economia, esses números encontram-se muito aquém dos índices registrados pelos japoneses durante boa parte da segunda metade do século XX. Resumo: O caráter montanhoso do país é resultado de forças orogênicas geologicamente recentes, como demonstra a freqüência de terremotos violentos, atividade vulcânica e as alterações do nível do mar ao longo do litoral. São escassas as planícies e planaltos, ao contrário do que ocorre em regiões mais estáveis e antigas da Terra, niveladas pela erosão. Montanhas cobrem mais de quatro quintos do Japão e se agrupam em seis pequenas cadeias, de nordeste para sudeste. Arquipélago: vulcânico (círculo do Fogo do Pacífico), constituído por terrenos de origem recente (Período Terciário); Extensão: pouco maior que o Estado de São Paulo. Relevo: montanhoso obrigando a população a se concentrar nas pequenas superfícies planas no litoral (16% do território). Clima: Temperado atingido pelas monções; grande influência marítima resultando em elevado índice pluviométrico. Florestas: cobrem cerca de 65% do território. Hidrografia: rios de pequeno porte intensamente aproveitados para irrigação e produção de energia. Litoral: recortado e com muitos portos. Chuvas abundantes + Clima Temperado = vegetação rica: favorecimento da Agricultura; Importador de Madeira, apesar de suas florestas, devido à grande demanda para a construção civil. O principal transporte do país é o HIDROVIÁRIO. O Japão, até séc. XIX tinha uma estrutura feudal cujos líderes eram os Xóguns. O Imperador Mutsohito institui a era MEIJI (1868 - 1912); Governo pró-ocidente que dá início à modernização do Japão; Término da estrutura feudal; obrigatoriedade do ensino primário e serviço; criação de uma constituição e implantação da revolução industrial; Agricultura: Aplicando técnicas modernas (mecanização e fertilizantes) obtém-se alto rendimento mesmo se dispondo de pequeno território (14%). Apenas 6,5% da população se dedica ao setor primário. Pesca: Produz 15% da pesca mundial ( a atividade é favorecida pela grande extensão do litoral e presença de correntes marítimas frias e quentes ). A frota pesqueira japonesa é a maior do mundo em tonelagem, ainda que a pesca seja realizada por empresas de pequeno porte. Recursos Minerais: É um dos maiores importadores de matéria prima do mundo. Energia: O petróleo é importado e representa 75% do consumo; o carvão representa 15%. A agricultura japonesa: elevado número de propriedades pequenas e ineficientes. Somente em Hokkaido encontram-se empreendimentos maiores. O arroz é o principal produto agrícola do país. Outros produtos importantes são batata, rabanete, tangerina, repolho, batata-doce, cebola, pepino e maçã.