EMÍLIA MACHADO SHERLOCK PROPAGAÇÃO IN VITRO DE ENCYCLIA ALBOXANTHINA FOWLIE (ORCHIDACEAE): ESPÉCIE ENDÊMICA DA CHAPADA DIAMANTINA-BAHIA Feira de Santana, BA 2009 EMÍLIA MACHADO SHERLOCK PROPAGAÇÃO IN VITRO DE ENCYCLIA ALBOXANTHINA FOWLIE (ORCHIDACEAE): ESPÉCIE ENDÊMICA DA CHAPADA DIAMANTINA-BAHIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biotecnologia. Orientador: Prof. Dr. José Raniere Ferreira de Santana Co-orientadora: Prof. Dra. Moema Cortizo Bellintani Feira de Santana, BA 2009 À minha família, em especial, meus pais (Ítalo Sherlock e Juracy Sherlock) e meu irmão (Tim), que foram sempre fonte de força, persistência e princípios. AGRADECIMENTOS À DEUS, fonte da minha inspiração, força e dedicação, sem ele não posso existir. Aos meus pais e irmão, exemplos de vida, dedicação, amor e trabalho. À meu querido namorado Rodrigo Almeida Bastos, pelo companheirismo, incentivo e paciência. Ao Prof. Dr. José Raniere Ferreira de Santana, pela orientação, confiança e ensinamentos, que foram de grande importância para minha realização profissional e pessoal. À Profa. Dra. Moema Cortizo Bellintani, pela co-orientação, disponibilidade e amizade que contribuíram para a conclusão deste trabalho. À Profa. Dra. Luciana Veiga Barbosa e demais membros do Laboratório de Biologia molecular da UFBA, por disponibilizar a estrutura do laboratório e os equipamentos para a realização de grande parte do trabalho. Ao Prof. MsC. Lázaro Benedito da Silva, pessoa maravilhosa que conheci em tão pouco tempo e que me passou alguns de seus conhecimentos, disponibilizando também a estrutura do laboratório para a realização de parte do trabalho. À Flávia Dionísio, pela amizade e apoio mesmo estando distante. À minha amiga Geisa Moreira da Costa (Geisinha) por ter me aconselhado e me acolhido nos momentos de angústia, me transmitindo paz e segurança. À Helton e Alberto, secretários do curso de Biotecnologia e Recursos Genéticos Vegetais, que estavam sempre de bom humor, dispostos e prestativos em meio tantas burocracias de rotina. À Maria Nazaré Guimarães Marchi e Cássia Marques Viana pelo apoio e colaboração durante todo o trabalho. Aos membros do Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais e demais laboratórios do Horto Florestal, da UEFS, pela convivência e colaboração: Alone Lima Brito e Sheila Resende, pela compreensão e colaboração. Ao Projeto Sempre-Viva Mucugê e à sua equipe, pelo apoio e incentivo, essencial a realização deste trabalho. À FAPESB pelo apoio concedido para a realização deste trabalho. À todos meus Professores da graduação (UCSal), em especial a Profa. Dra. Luzimar Gonzaga Fernandez, pelo carinho, compreensão e disponibilidade com que me acolheu no LEMA e confiança com que me indicou para o programa de pós-graduação. Aos demais professores do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, pela contribuição profissional. À todos meus amigos (as), especialmente a Gisele Dela Justina, Isabela Aguiar Bastos, que me incentivaram e me acolheram desde o inicio, para a realização deste trabalho e a Taís Nogueira, por torcer tanto por mim e se mostrar sempre disposta a me ajudar. À Carolina Oliveira de Cerqueira Lima e Cimille Gabriele Cardoso Antunes, pelas boas conversas e risadas, e por terem me acolhido em suas casas com tanto carinho no inicio do curso de Biotecnologia. À toda família de Rodrigo Almeida Bastos, pela compreensão e carinho. À todos que de alguma forma contribuíram para a realização desta etapa importante da minha vida, deixo aqui relatado meu sincero agradecimento. Agradecimento especial: A meu Pai Ítalo R.A. Sherlock (in memorian). Querido Pai, sei que não poderei compartilhar da tua presença nesta etapa tão importante e difícil que passei e agora estou finalizando, mas quero deixar relatado aqui, meus sinceros agradecimentos por ter sido o exemplo de vida mais importante pra mim em todos os momentos, jamais esquecerei de ti e do que fizestes, lutarei e tentarei ser firme sempre, como tu fostes. Muito obrigada por tudo, AMO VOCÊ! Fique com Deus. “A maior recompensa pelo esforço de uma pessoa não é o que ela ganha com isso, mas o que ela se torna através dele.” (John Ruskinz) RESUMO Encyclia alboxanthina Fowlie (Orchidaceae), é endêmica da Chapada Diamantina e apresenta potencial ornamental. A cultura de tecidos pode contribuir na conservação possibilitando a germinação e a propagação rápida dessa espécie. Esse trabalho objetivou o desenvolvimento de um protocolo para a propagação in vitro de E. alboxathina. Foi avaliada a germinação e o crescimento em diferentes meios de cultura na presença ou ausência de carvão ativado; o crescimento foi avaliado também em meios submetidos à esterilização física ou química e suplementados com diferentes concentrações e tipos de açúcar. Avaliou-se ainda o efeito de diferentes concentrações de BAP e ANA e de diferentes tipos de explantes na indução de brotações e a aclimatização de mudas cultivadas em diferentes concentrações de sacarose em tubos fechados com PVC ou algodão. Na aclimatização foram testados dois substratos: fibra de coco + gravilhão, ou, isopor + gravilhão e a adubação com solução WPM 20% além da transferência direta para casa de vegetação ou precedida de uma fase em sala de crescimento. O MS/2 (26,55%) e Knudson C (25,65%) sem carvão proporcionaram maior germinação. No crescimento, o meio WPM suplementado com 30 gL-1 submetido à esterilização física, independentemente do carvão ativado, promoveu o melhor desempenho geral. A maior produção de brotos utilizando plantas como explante ocorreu nos tratamentos com 17,60 µM de BAP + 0 µM de ANA (3,47); 17,60 µM de BAP + 0,268 µM de ANA (3,44); e 8,8 µM de BAP + 0,537 µM de ANA (3,33). O único explante procedente de plantas com dois anos de idade com capacidade de regeneração foi a base caulinar quando tratada com 17,60 µM de BAP + 0 µM de ANA (1,92 brotos) ou 8,8 µM de BAP + 0,573 µM de ANA (1,87). Após 90 dias da retirada dos tubos de cultura, os maiores percentuais de sobrevivência (83,34%) foram obtidos com o uso de isopor + gravilhão, sem adubação em plantas transferidas para casa de vegetação após 30 dias de cultivo em sala de crescimento. Palavras-chave: Orchidaceae, encyclia alboxanthina, cultura de tecidos vegetais. ABSTRACT Encyclia alboxanthina Fowlie (Orchidaceae) is endemic to the Chapada Diamantina and presents ornamental potential. The tissue culture can contribute for the conservation making possible the germination and the fast propagation of this species. This work intended the development of in vitro propagation protocol for E. alboxanthina. The germination and the growth in different culture media in the presence or absence of activated charcoal was evaluated; the growth was also evaluated in culture media submitted to physical or chemical sterilization and supplemented with different concentrations and kinds of sugar. Was evaluated the effect of different BAP and NAA concentrations and different kinds of explants in the multiplication and acclimatization of seedings cultivated in different concentrations of sucrose in closed pipes with PVC or cotton. In the acclimatization two substrata were tested: coconut fiber + crushed granite or styrofoam + crushed granite and the fertilization with WPM 20% solution, besides the direct transference to the greenhouse or preceeded of a phase in growth room. The MS/2 (26.55%) and Knudson C (25.65%) without charcoal provided greater germination. In the growth, the media WPM supplemented with 30 gL-1 submitted to the physical sterilization, despite the activated charcoal, presented the best general performance. The largest production of shoots using plants as explant occurred in the treatments with 17,60 µM of 0 BAP + 0 µM of NAA (3,47); 17,60 µM of BAP + 0,268 µM of NAA (3,44); e 8,8 µM of BAP + 0,537 µM of NAA (3,33). The only explant coming from plants two years old with regeneration capacity was the pseudobulb when treated with 17,60 µM of BAP + 0 µM of NAA (1,92 shoots) or 8,8 µM of BAP + 0,573 µM of NAA (1,87). After 90 days of the culture pipes withdrawal, the greater survival percentages (83,34%) were obtained with the styrofoam + crushed granite, without fertilization, in plants transferred to greenhouse after 30 days of culture in growth room. Keywords: Orchidaceae, encyclia alboxanthina, plant tissue culture. LISTA DE FIGURAS Figura 1 E. alboxanthina. Aspecto visual de uma planta adulta (A); 4 inflorescência (B e C ). Barra: 1 cm. Fonte: Rosim, 2007. Figura 2 E. alboxanthina. Aspecto visual de uma capsula (A); sementes 12 imersas em água destilada (B); sementes inoculadas em meio nutritivo (C); protocormos em formação (D); plantas formadas (E); plantas com 5 à 10 mm (F). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. Figura 3 E. alboxanthina. Planta com 24 meses (A); folha (B); base 17 caulinar (C); protocormo com um mês de idade (D). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. Figura 4 Substratos utilizados na aclimatização de E. alboxanthina: (A) 19 Pérolas de isopor; (B) gravilhão; (C) fibra de coco; (D) Recipiente Galvanotek G-70; (E) gravilhão combinado com fibra de coco; (F) gravilhão combinado com isopor. UEFS, Feira de Santana-Ba. Barra: 1 cm. Fonte: o autor. Figura 5 Germinação das sementes de E. alboxanthina em diferentes meios de cultura na presença (2 gL-1) 23 ou na ausência de carvão ativado, após 15 e 30 dias da inoculação das sementes. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. Figura 6 Plantas de E. alboxanthina com seis meses de idade, cultivadas 30 em meio submetido à esterilização química (A) ou física (B). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. Figura 7 NB- Números de brotos obtidos a partir de plantas de E. alboxanthina, inoculados em meio de cultura 39 WPM suplementado com diferentes concentrações de BAP e ANA. Figura 8 Aspecto da multiplicação in vitro e da comprimento dos brotos de E. alboxanthina formados a partir de plântulas germinadas in vitro com 12 meses de idade. (1) Brotos oriundos do meio WPM com 17,60 µM de BAP com 0,2685 µM de ANA com 39 comprimento de 0,2 mm (1-a) e 0,3 mm (1-b). (2) Brotação induzida com o uso de 17,60 µM de BAP na ausência de ANA com comprimento de 0,1 mm (2-a); 0,2 mm (2-b) e 0,4 mm (2c). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Fonte: o autor. Figura 9 Comprimento médio dos brotos (mm) obtidos a partir de 41 plantas de E. alboxanthina, inoculados em meio de cultura WPM suplementado com diferentes concentrações de BAP. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Figura 10 Percentagem de explantes que formaram brotos de E. alboxanthina, inoculados em meio de cultura 43 WPM suplementado com diferentes concentrações de BAP e ANA (µM). Figura 11 Plantas de E. alboxanthina com 12 meses de idade. Aspecto do 44 meio de cultura durante a multiplicação. Meio sem oxidação (A); meio com oxidação (B e C). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. Figura 12 Aspecto da aclimatização de E. alboxanthina após 90 dias de adaptação em casa de vegetação, de plantas germinadas in vitro com 30 meses de idade regadas com água. Bandejas vista de cima (A e B); Bandejas com vista aproximada (C, D, E, F e G). Barra: 1 cm. Fonte: o autor. 54 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Resumo da análise de variância para % de germinação de 20 sementes de E. alboxanthina, em função de diferentes tipos de meios de cultura e da presença de carvão ativado (2 gL-1). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 2 Valores médios para germinação de sementes de E. 21 alboxanthina (%) em função de diferentes tipos de meios de cultura e da presença de carvão ativado (2 gL-1). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 3 Resumo da análise de variância para MAS- matéria seca da 25 parte aérea (mg), MSR- matéria seca das raízes (mg), NRnúmero de raízes, CF- comprimento da folha (mm), CRcomprimento das raízes (mm) e CC- comprimento do caule (mm) de plantas de E. alboxanthina em função dos diferentes tipos de meio de cultura submetidos à esterilização física ou química. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 4 Valores médios para matéria seca da parte aérea, matéria seca 27 da raiz, número de raízes, comprimento da folha, comprimento das raízes e comprimento do caule de plantas de E. alboxanthina em função de diferentes tipos de meio de cultura submetidas à esterilização física ou química com NaClO. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 5 Resumo da análise de variância para MAS- matéria seca da 31 parte aérea (mg), MSR- matéria seca das raízes (mg), NRnúmero de raízes, CPA- comprimento da parte aérea (mm), CR- comprimento das raízes (mm) de plantas de E. alboxanthina, em função de diferentes fontes de carbono em duas concentrações 43,82 e 87,64 mM. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 6 Valores médios para matéria seca da parte aérea, matéria seca das raízes, número de raízes, e comprimento da parte aérea e comprimento das raízes de plantas de E. alboxanthina em 33 função de diferentes concentrações e fontes de carbono. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 7 Resumo da análise de variância para MAS- matéria seca da 35 parte aérea (mg), MSR- matéria seca das raízes (mg), NRnúmero de raízes, CPA- comprimento da parte aérea (mm), e CR- comprimento das raízes (mm) de plantas de E. alboxanthina, em função das concentrações de carvão ativado (0 e 2gL-1) no meio de cultura. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 8 Valores médios para matéria seca da parte aérea, matéria seca 37 das raízes, número de raízes, comprimento da parte aérea, comprimento das raízes de plantas de E. alboxanthina em função da presença de carvão ativado na concentração de 2 gL1 Tabela 9 . UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Resumo da análise de variância para NB- número de brotos, CMB- comprimento médio dos brotos (mm), e 38 EFB- explantes que formaram brotos (%) de E. alboxanthina em função de diferentes concentrações de BAP e NAA. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 10 Resumo da análise de variância para NB- número de brotos, 45 CMB- comprimento médio dos brotos (mm), MSB- matéria seca dos brotos (mg) e EFB- explantes que formam brotos (%) de E. alboxanthina em função dos tipos de explantes. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 11 Valores médios para número de brotos (NB), comprimento 47 médio dos brotos (AMB), matéria seca dos brotos (MSB) e explantes que formam brotos (EFB) de E. alboxanthina em função de diferentes fontes de explantes: planta (PL), protocormo (PR), base caulinar (BC) e folha (F). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 12 Resumo da análise de variância para redução de peso fresco (%) até 30 minutos, (%) entre 30 e 60 minutos, e (%) redução total após 60 minutos da exposição às condições ambientais, 50 em função do tipo de vedação (V) e da concentração de sacarose (S) utilizada. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Tabela 13 Valores médios para redução de peso fresco (%) até 30 51 minutos, (%) entre 30 e 60 minutos, e (%) redução total após 60 minutos da exposição às condições ambientais, em função do tipo de vedação (V) e concentração de sacarose (0 e 30 gL1 Tabela 14 ) utilizada. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Valores percentuais (%) da sobrevivência das mudas de E. alboxanthina 30, 60 e 90 dias de acordo com o substrato (gravilhão + fibra de coco ou gravilhão + pérolas de isopor), adubação com solução WPM 20% e local de aclimatização, após a pré-aclimatização in vitro. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. 53 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANA- Ácido naftalenoacético AIA- Ácido indolacético AIB- Ácido indolbutírico BAP- Benzilaminopurina CV- Coficiente de variação F- Valor da análise de variância FV- Fonte de variação GL- Grau de liberdade IAA- Ácido 3- indol acético KC- Meio nutritivo Knudson C de Knudson, 1922 M- molaridade MS- Meio nutritivo de Murashige & Skoog, 1962 MS/2- Meio nutritivo de Murashige & Skoog, 1962 com metade da concentração dos sais MS/3- Meio nutritivo de Murashige & Skoog, 1962 com 1/3 da concentração dos sais MS/4- Meio nutritivo de Murashige & Skoog, 1962 com 1/4 da concentração dos sais MS/Banana- Meio nutritivo de Murashige & Skoog, 1962 acrescido com 50g.L-1 polpa de banana MN- Meio Knudson C modificado por Novais e Rodrigues, 2004 N- normalidade N:P:K- adubo com nitrogênio, fósforo e potássio ns- não significativo à 5% de probabilidade pelo teste F µL- microlitros R2- Coeficiente de determinação TDZ- Thidiazuron VW- Meio nutritivo Vacin & Went, 1949 WPM- Wood Plant Medium LLOYD & McCOWN, 1980 µM- Micromolaridade µL- Microlitros µmol.m-2s-1- Micromol por metro quadrado por segundo 2,4- D- Ácido 2,4 Diclorofenoxiacético SUMÁRIO 1 2 2.1 2.2 2.3 2.3.1 2.3.2 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.5 3.5.1 3.5.2 3.6 3.7 4 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.3 4.3.1 4.3.2 4.4 INTRODUÇÃO REVISÃO DA LITERATURA ASPECTOS GERAIS DA FAMÍLIA ORCHIDACEAE ÁREA DA PESQUISA CULTURA DE TECIDOS VEGETAIS Meios de cultura Pré-aclimatização e aclimatização MATERIAL E MÉTODOS CONDIÇÕES GERAIS DO EXPERIMENTO CONDIÇÃO DE CULTIVO IN VITRO GERMINAÇÃO ASSIMBIÓTICA IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA CRESCIMENTO IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA Efeito do meio de cultura e da esterilização sobre o crescimento in vitro de E. alboxanthina Efeito de diferentes fontes de carbono no crescimento in vitro de E. alboxanthina Efeito do carvão ativado no crescimento in vitro de E. alboxanthina MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA Efeito de diferentes concentrações de BAP e NAA na multiplicação de E. alboxanthina Efeito de diferentes tipos de explante na multiplicação de E. alboxanthina EFEITO DA VENTILAÇÃO IN VITRO E DA CONCENTRAÇÃO DE SACAROSE NA PRÉ-ACLIMATIZAÇÃO E DO SUBSTRATO E DA ADUBAÇÃO NA ACLIMATIZAÇÃO DE E. ALBOXANTHINA ANÁLISE ESTATÍSTICA RESULTADOS E DISCUSSÃO GERMINAÇÃO ASSIMBIÓTICA IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA CRESCIMENTO IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA Efeito do meio de cultura e da esterilização sobre o crescimento in vitro de E. alboxanthina Efeito de diferentes fontes de carbono no crescimento in vitro de E. alboxanthina Efeito do carvão ativado no crescimento in vitro de E. alboxanthina MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA Efeito de diferentes concentrações de BAP e NAA na micropropagação de E. alboxanthina Efeito de diferentes tipos de explantes na multiplicação in vitro de E. alboxanthina EFEITO DA VENTILAÇÃO IN VITRO E DA CONCENTRAÇÃO DE SACAROSE NA PRÉ-ACLIMATIZAÇÃO E DO SUBSTRATO E DA ADUBAÇÃO NA ACLIMATIZAÇÃO DE E. 1 2 2 4 5 7 10 11 11 12 13 13 14 14 15 15 15 16 17 19 20 20 24 25 31 35 37 37 45 49 5 ALBOXANTHINA CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 55 56 1 INTRODUÇÃO As orquidaceae estão entre as plantas mais exploradas comercialmente, apresentando potencial ornamental, alimentício, cosmético e medicinal. São consideradas, também, importantes bioindicadoras do grau de preservação de uma determinada área, o que possibilita inferir a respeito do estágio sucessional em que um ambiente se encontra apenas observando a densidade de orquídeas presentes no local (PELÚCIO & SOARES, 2004). São plantas herbáceas e perenes apresentando variadas forma e cores, sendo mundialmente procuradas por colecionadores e pela floricultura. A busca incessante por exemplares inéditos e cada vez mais exóticos, levou muitas espécies nativas à beira da extinção, além da destruição do ecossistema e consequentemente dos organismos que dele dependem (SILVA, 2003; GIATTI & LIMA, 2007). Tendo em vista a velocidade da degradação do meio ambiente e a importância das orquídeas na manutenção da biodiversidade, a preocupação de conservar esta família têm incentivado a realização de projetos visando a reintrodução, conservação e manejo de orquídeas na natureza. (PEREIRA et al., 2003; PELÚCIO & SOARES, 2004). Em contrapartida, o investimento em pesquisas voltadas à produção de plantas ornamentais tem apresentado um aumento significativo em inúmeros países como Holanda, França, Espanha, Japão e, mais recentemente no Brasil (FRANÇA & MAIA, 2008). Técnicas como a cultura de tecidos vegetais (cultivo in vitro), que permitem um melhor controle dos fatores de produção, têm possibilitado a obtenção de mudas em larga escala, com alta qualidade genética e sanitária e a preços mais acessíveis, o que possibilita uma produção padronizada exigida pelo mercado consumidor, evitando assim, a degradação do meio ambiente (REDENBAUGH, 1991; TOMBOLATO & COSTA, 1998). O cultivo in vitro é relevante do ponto de vista ecológico, a depender da metodologia empregada, pois plantas que estão ameaçadas de extinção podem ser produzidas a partir da germinação in vitro sendo interessantes para programas de manejo, preservação e reintrodução no meio ambiente já que estas mantêm sua identidade e variabilidade genética, bem como, serem produzidas através da multiplicação in vitro, sendo interessantes para a conservação em laboratório e para comercio de flores (ARAÚJO, 2004). Algumas espécies de orquídeas têm sido encontradas em diversas listas de prioridade máxima de conservação por apresentarem baixo sucesso reprodutivo ou habitat restrito, e ainda, existem espécies não listadas que também encontram-se ameaçadas de extinção (MENDONÇA & LINS, 2000). Plantas endêmicas sofrem um maior risco de extinção por estarem retristras apenas a uma região e podem apresentar perdas significativas em seus exemplares com o processo antrópico ou mesmo ambiental. Encyclia alboxanthina Fowlie (1990) (Orchidaceae), é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina que apresenta potencial ornamental. Esta espécie, segundo Azevedo (2004) foi por muito tempo confundida com outras presentes no Parque Nacional da Chapada Diamantina e em outras localidades demonstrando a importância de uma maior divulgação desta espécie para programas de conservação. Afim de possibilitar a preservação da biodiversidade, usufruindo paralelamente da beleza posta pela natureza, a cultura de tecidos vegetais, se encaixou como alternativa eficiente para o cultivo assimbiótico de orquídeas (SILVA, 2003). Segundo Giatti & Lima (2007), grande parte das sementes de orquídeas germinam e as plântulas se desenvolvem rapidamente quando comparadas com o método natural, as sementes germinam e as mudas crescem lentamente em associação simbiótica com fungos micorrízicos. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo desenvolver um protocolo para a propagação in vitro de plantas de E. alboxanthina, espécie endêmica da Chapada DiamantinaBahia. 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 ASPECTOS GERAIS DA FAMÍLIA ORCHIDACEAE A família Orchidaceae está entre uma das maiores e mais diversificadas entre as angiospermas. São plantas herbáceas e perenes, com espécies epífitas, terrestres, rupícolas, saprofíticas ou subterrâneas. Embora ainda não se conheça o número exato, estima-se que existam aproximadamente, entre 17.000 e 35.000 espécies e mais de 160.000 híbridos distribuídas em cerca de 1.800 gêneros. Estão amplamente distribuídas em todos os continentes com exceção das regiões polares e de desertos extremamente secos, sendo abundantes nas regiões quentes e úmidas. A medida que se aproxima da linha do Equador há uma maior frequência, variabilidade de espécies e exuberância de cores (DRESSLER, 1993; SILVA, 2003; COZZOLINO & WIDMER, 2005; PEMBERTON & HONG LIU, 2008). Esta família está bem representada no Brasil com aproximadamente 2.350 espécies, distribuídas em 200 gêneros, apresentando inúmeros híbridos de variadas formas, tamanhos, aromas e cores de folhas e flores. Destaca-se como importante planta ornamental, de interesse econômico, botânico, e inclusive de importância para indústria medicinal, cosméticos e alimentícia (SILVA, 2003; ARAÚJO, 2004). Morfologicamente a família Orchidaceae apresenta crescimento monopodial (ereto) ou simpodial (prostrado), como a espécie E. alboxanthina. São constituídas de raiz, caule (bulbo/pseudobulbo), folha, inflorescência, flor e fruto do tipo cápsula (DRESSLER, 1993). A família Orchidaceae é de fundamental importância para manutenção da biodiversidade, atuando como bioindicadoras ambientais do estado de conservação das florestas, sendo sensíveis às interferências em matas primárias em virtude da ocupação de ninchos especializados (MARRARA et al., 2007). Estima-se que 60% das espécies de orquídeas, sejam polinizadas principalmente por diferentes espécies de himenopteros, mas também por Lepidópteros, aves, Dípteros e Coleópteros. Algumas espécies se autopolinizam espontaneamente (autógamas), sendo geralmente aquelas que apresentam flores de cores pálidas, estruturas secretoras reduzidas ou ausentes, e, frequentemente, há modificações morfológicas da coluna que facilitam a autopolinização (SINGER, 2004; HUMAÑA et al., 2007; JERSÁKOVÁ et al., 2008). O cultivo de orquídeas é realizado frequentemente através da propagação vegetativa de mudas e estes métodos convencionais de propagação de orquídeas são muito lentos e podem disseminar patógenos capazes de provocar perdas significativas das inflorescências (ARAÚJO, 2007; ROCHA, 2007; SAIURY, 2006). Apesar de uma cápsula conter 1.000.000 de sementes ou mais, estas são muito reduzidas e quase desprovidas de endosperma, necessitando da simbiose com fungos micorrízicos para iniciarem o processo de germinação na natureza (DRESSLER, 1993). A espécie E. alboxanthina (Orchidaceae) (Figura 1) foi descrita originalmente do município de Mucugê-Bahia, mas sua ocorrência foi citada também para Lençóis e CatolésBahia. Esta espécie têm hábito exclusivamente rupícola, apresenta “rizoma inconspícuo, flores ressupinadas de coloração amarela-esverdeadas com estrias vináceas, muito perfumadas, pedicelo, incluindo o ovário, labelo branco e linhas purpúreas, de textura lisa, hastes florais com inflorescências muito longas e grande quantidade de flores. Cresce diretamente sobre as rochas a pleno sol, com o período de floração entre outubro e fevereiro” (AZEVEDO, 2004). B A C Figura 1: E. alboxanthina. Aspecto visual de uma planta adulta (A); inflorescência (B e C ). Barra: 1 cm. Fonte: Rosim, 2007. Em decorrência dos problemas ambientais ocasionados pelos contrastes dos fatores climáticos e físicos e o intenso extrativismo que ocorrem na Chapada Diamantina, alguns trabalhos que ressaltam a importância de conservação da biodiversidade, têm dedicado atenção a família Orchidaceae nesta região, objetivando desenvolver novas alternativas de cultivo, visto que, hoje algumas espécies encontram-se ameaçadas de extinção (COLOMBO et al., 2004; RIBEIRO et al., 2005). 2.2 ÁREA DA PESQUISA No nordeste brasileiro onde está concentrada a maior parte da região semiárida, estão presentes as mais diversas paisagens, tanto em relação a geomorfologia quanto aos tipos de vegetação. Devido às diferentes fisionomias do relevo, o clima do Nordeste é um dos mais complexos de todo o País, variando de super-úmido até semiárido, o que torna a disponibilidade de água um fator determinante para a vegetação (QUEIROZ et al., 2006; GIULIETTI et al., 2006). O Estado da Bahia como o Nordeste de uma forma geral, possui uma flora rica, composta por espécies pertencentes a diversas famílias com grande potencial para exploração econômica. A Chapada Diamantina está inserida neste Estado como complexo montanhoso altamente influenciado pela umidade atmosférica, apresentando variadas plantas epífitas (RIBEIRO et al., 2005). As orquídeas estão presentes nos tipos vegetacionais da Chapada Diamantina, que é um importante centro de diversidade da flora brasileira, sendo localizadas principalmente nas matas e nos Campos Rupestres. Nesta região, a Orchidaceae é uma das principais famílias em número de espécies, sendo inferior apenas para a Poaceae e Asteraceae (CONCEIÇÃO & GIULIETTI, 2006). O Parque Municipal de Mucugê-Bahia (PMM), onde a família Orchidaceae apresenta grande importância florística, está localizado no município de Mucugê cerca de 4 km da cidade de Mucugê (AZEVEDO, 2004). Apresenta vegetação predominante de Campo Rupestre, destacando-se pela presença do grande número de espécies endêmicas (GIULIETTI & QUEIROZ, 2006). Segundo Azevedo (2004), no Parque Municipal de Mucugê foram encontradas 35 espécies de orquídeas distribuídas em 22 gêneros. Algumas dessas orquídeas estão distribuídas amplamente pelo mundo, podendo ser encontradas pelo Brasil e em outros países e outras são espécies endêmicas da Chapada Diamantina como E. alboxanthina. 2.3 CULTURA DE TECIDOS VEGETAIS A cultura de tecidos vegetais através da micropropagação apresenta-se como uma alternativa importante e economicamente viável para a multiplicação de orquídeas. É uma técnica que concilia a comercialização, com a preservação do meio ambiente e a conservação das espécies usadas. Em vista disso, esta técnica tem se tornado uma boa alternativa para a produção em larga escala de plantas uniformes em um curto espaço de tempo o que satisfaz as necessidades do mercado. Vem sendo amplamente utilizada para os estudos de fisiologia vegetal, nutrição mineral, fitopatologia e limpeza clonal, produção de metabólitos secundários, criopreservação, propagação in vitro e melhoramento genético (DEBERGH & ZIMMERMAN, 1991; ARDITTI & ERNST, 1992; TOMBOLATO & COSTA, 1998; BUFFA et al., 2002; ERIG & SCHUCH, 2005; SOUZA & JUNGHANS, 2006). Dentre os métodos de propagação in vitro, a germinação assimbiótica de sementes de orquídeas, que é corriqueiramente usada, foi estabelecido em 1922 pelo Prof. Lewis Knudson (1884-1958), da Cornell University, em frascos de vidro contendo ágar, nutrientes e sacarose (Campos, 2000). Knudson, conseguiu germinar as sementes de orquídeas ao incorporar o íon amônia (NH4+) juntamente com teores de NO3+, o que posteriormente ocasionou inúmeras pesquisas enfatizando a importância do íons amônia para o crescimento de orquídeas (Pasqual et al., 1997). Com a descoberta desta técnica, foi possível estabelecer protocolos de desenvolvimento e multiplicação de diversas espécies ornamentais em um curto período de tempo, difundindo para centros de pesquisas voltados a conservação, medicina alternativa e cosmética, além de grandes produtores interessados em produzir mudas com baixo valor comercial (ARAÚJO, 2004). Para o cultivo in vitro, George (1993) define algumas etapas: Etapa 0: a seleção da planta matriz é realizada seja por germinação in vitro ou desinfestação de uma planta retirada do ambiente natural; Etapa 1-Estabelecimento: o explante é colocado em um meio de cultura asséptico para se adaptar as condições de cultivo in vitro; Etapa 2-Multiplicação: nesta etapa pode-se obter o maior número de brotos a partir da planta ou de explantes, a depender da espécie, por meio de estímulos específicos e subcultivos sucessivos; Etapa 3-Enraizamento: é feita a indução do enraizamento e Etapa 4-Aclimatização: as plantas são transferidas para casa de vegetação. Esta última etapa é considerada decisiva para o sucesso da cultura in vitro, requerendo atenção especial devido a fragilidade das mudas obtidas in vitro e a dificuldade que pode representar frente as mudança das condições do laboratório para a casa de vegetação (SOUZA & JUNGHANS, 2006). Algumas dificuldades também são encontradas para a realização desta técnica. Normalmente, a escassez de protocolos específicos para determinadas espécies, a etapa de aclimatização, a limpeza clonal e a introdução de novas variedades, dentre outros, tornam o trabalho mais laborioso (TOMBOLATO & COSTA, 1998; SOUZA & JUNGHANS, 2006). 2.3.1 Meios de Cultura O meio de cultura utilizado na otimização de protocolos de micropropagação está entre um dos principais fatores que influenciam no sucesso do cultivo in vitro. Este meio é composto por substâncias essenciais para o crescimento dos tecidos, controlando, em grande parte, o padrão de desenvolvimento in vitro, através das exigências nutricionais de cada espécie. Sendo assim, é escolhido de acordo com o trabalho a ser realizado e a espécie em estudo (PASQUAL et al., 2008; CALDAS et al., 1998). A água, os macro e micronutrientes, vitaminas, aminoácidos, açúcares, agente gelificante, reguladores vegetais, além de eventuais suplementos como antibióticos, carvão ativado, polpa de frutas, água de coco, suco de abacaxi e extrato de folha de fumo, fazem parte do meio nutritivo (ARDITTI & ERNST, 1992; GEORGE, 1993; SANTOS-SEREJO et al., 2006). Geralmente o carvão ativado é adicionado ao meio de cultura em concentrações que variam de 0,2 a 3% promovendo o escurecimento do meio e favorecendo o geotropismo das raízes. Além disso, pode promover outras alterações no meio de cultura e em algumas circunstâncias melhorar ou regular o crescimento de plantas in vitro. Em algumas espécies, o carvão ativado pode beneficiar o enraizamento por meio da remoção dos inibidores da rizogênese que são liberados por alguns explantes ou por alguns compostos presentes no meio de cultura. Entretanto o carvão ativado possui efeito não seletivo o que pode induzir androgenia, alterar o pH, remover nutrientes orgânicos e reguladores vegetais, inibir o crescimento e a morfogenia (ARDITTI & ERNST, 1992; GEORGE, 1993; PAN & STADEN, 1998; SANTOS-SEREJO et al., 2006). Arditti & Ernst (1992) citam que para as orquídeas, o carvão ativado pode ser empregado para adsorção dos compostos fenólicos tóxicos produzidos pelas raízes. No entanto, esses autores sugerem também comparar os efeitos do carvão ativado com a polivinilpirrolidona (PVP) e polivinilpolipirrolidona (PVPP), como adsorventes de substâncias tóxicas, nutrientes, vitaminas e reguladores vegetais a fim de se escolher o mais apropriado para a espécie em estudo. Os carboidratos são essenciais aos processos metabólicos e fisiológicos na cultura in vitro. Plantas que são cultivadas por esta técnica não encontram condições adequadas de iluminação e concentração de CO2, apresentando por vezes teores baixos de clorofila para a realização da fotossíntese (GEORGE, 1993; TOMBOLATO & COSTA, 1998; SKRESBSKY et al.,2004). Em geral, o carboidrato mais utilizado nos meios de cultura é a sacarose mas, outras fontes de carbono como a glicose, frutose e maltose também podem ser usadas. A escolha do tipo e da concentração dos carboidratos são importantes para a promoção do crescimento das plantas, folhas e raízes (GEORGE, 1993; CALDAS, 1998; RIBEIRO et al.,2007). As concentrações de sacarose mais utilizadas estão entre 2 a 5%, sendo que para o meio de cultura MS a concentração de 3% é a mais usada (GEORGE, 1993). O excesso de sacarose também pode ser prejudicial, podendo inibir a síntese de clorofila e, portanto, reduzir a capacidade fotossintética das culturas, além de reduzir a água disponível no meio (ZIV, 1991). Além da sacarose, outros componentes importantes para o controle do crescimento e o desenvolvimento das plantas, são os fitormônios. Estes, são sintetizados em pequenas concentrações e em determinadas partes da planta sendo distribuídas posteriormente a diferentes órgãos nos quais exerce a função de inibir ou estimular processos fisiológicos e/ou bioquímicos vitais. Os fitormônios podem ser sintetizados em laboratório, e nessa situação, são denominados de reguladores vegetais ou fitorreguladores. Estes fitorreguladores apresentam ação similar aos fitormônios, atuando em baixas concentrações em vários processos do desenvolvimento das plantas (MACHAKOVA et.al., 2008). Em geral, um dos fatores determinantes no crescimento e no padrão de desenvolvimento dos sistemas de cultura in vitro é a composição e concentração de reguladores vegetais adicionados ao meio de cultura. Uma concentração ideal é necessária para cada espécie e tipo de explante usado (TAGLIACOZZO, 1998; SEREJO-SANTOS et al., 2006; FERREIRA & PASQUAL, 2008). Dentre os fitorreguladores amplamente usados na cultura de tecidos vegetais estão as auxinas (AIA-Ácido indolacético; AIB-Ácido indolbutírico; Picloran; ANA-Ácido naftalenoacético e 2,4-D-Ácido 2,4 Diclorofenoxiacético) e as citocininas (cinetina, BAP-Benzilaminopurina, Zeatina e TDZThidiazuron), sendo a BAP o menos dispendios para promoção e desenvolvimento da parte aérea da planta (MACHAKOVA et al.,2008; STADEN et al., 2008). As auxinas quando colocadas no meio de cultura promovem a acidificação da parede celular permitindo o alongamento das células (TAIZ & ZEIGER, 2009) e são utilizadas para a indução de calos em raízes, folhas, gemas axilares ou apicais, embriões, cotilédones e hipocótilos, sendo responsável também pelo crescimento em altura (dominância apical) e pelo enraizamento das plantas. Já as citocininas promovem a divisão celular sendo amplamente utilizadas na regeneração in vitro. Desempenham importante papel na indução de brotações bem como na quebra da dominância apical, na multiplicação e na indução da formação de gemas axilares e na etapa de regeneração dos calos (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1990; TAGLIACOZZO, 1998; SANTOS-SEREJO et al., 2006). As auxinas e citocininas devem ser combinadas por tipo e concentração para promover a multiplicação e o desenvolvimento in vitro das plantas cultivadas. A combinação ótima entre os dois tipos de reguladores vai depender da espécie ou dos cultivares dentro de uma mesma espécie (TAGLIACOZZO, 1998; FERREIRA & PASQUAL, 2008). A alta relação citocinina/auxina é quase sempre necessária para a indução direta de brotações nos explantes. No entanto, alguns tecidos são totalmente dependentes da presença dos reguladores para regenerar e outros são auto-suficientes. Nesse caso, a formação de novos brotos é observada mesmo na ausência de reguladores exógenos (GEORGE, 1993; SEREJO-SANTOS et al., 2006). Os aditivos orgânicos complexos que tem como objetivo, melhorar a resposta no padrão de crescimento da planta, são preparações obtidas de produtos naturais de composição indefinida, mas que atendem o propósito de enriquecimento do meio de cultura. O Coco (endosperma, água, leite), a peptona de carne e a polpa de banana são usados na germinação de sementes e no crescimento da planta, podendo promover diferentes efeitos durante o cultivo in vitro, a depender do cultivar e da quantidade de aditivo orgânico utilizada (TOMBOLATO & COSTA, 1998; SANTOS-SEREJO et al., 2006). De acordo com a literatura citada, o meio de cultura mais utilizado para o processo de micropropagação é o MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962), entretanto, sua concentração de nutrientes é alta, necessitando muitas vezes de modificações para suprir as necessidades ideais de cada espécie (ARDITTI & ERNST, 1992; SANTOS-SEREJO et al., 2006; SOUZA & JUNGHANS, 2006). A presença de altas concentrações de nitrogênio total ou na forma de NH4+ no meio MS é muito maior do que na maioria dos outros meios de cultura, fato que torna este meio inadequado para algumas espécies (MELO et al.,1999). Hoffmann et al., (1998) relatam que a redução de sais promove o melhor crescimento de tecidos em orquídeas. Assim os meios de cultura que apresentam menor proporção salina, Knudson (KNUDSON, 1922), White (WHITE, 1942) ou WPM Wood Plant Medium (LLOYD & MCCOWN, 1981) podem ser melhores para otimizar o crescimento e a morfogênese em algumas espécies (PASQUAL et al., 1997 apud ARAUJO, 2004). O meio de cultura WPM é utilizado para plantas lenhosas sendo quatro vezes menos concentrado que o meio MS em relação aos macronutrientes. Este meio tem sido frequentemente empregado para plantas herbáceas, inclusive orquídeas (MELO et al.,1999). Contudo, ressalta-se a importância da esterilização do meio nutritivo e o controle ambiental para a realização do cultivo, pois irão proporcionar a obtenção de plantas mais uniformes e evitar a contaminação (RIBEIRO, 2006). 2.3.2 Pré-aclimatização e Aclimatização A adaptação das plantas procedentes do cultivo in vitro para o ambiente ex vitro é denominada aclimatização. Este processo é de extrema importância para o sucesso da cultura de tecidos vegetais. Em geral, a adaptação ocorre gradativamente e tem como objetivo minimizar as dificuldades submetidas às plantas durante a transferência para a casa de vegetação. A temperatura, a luminosidade, a umidade, os substratos e os nutrientes são alguns dos fatores que podem dificultar o desenvolvimento e sobrevivência das mudas durante esse processo (DEBERG & ZIMMERMAN, 1991; SOUZA et al., 2007). Morfologicamente, as plantas cultivadas in vitro podem apresentar diferenças quando comparadas àquelas que se desenvolvem em ambiente natural. Esse fato pode ser responsável pela baixa sobrevivência das mudas quando transferidas do cultivo in vitro para a casa de vegetação. No ambiente ex vitro uma maior taxa de transpiração é exigida às plantas, pois frequentemente plantas cultivadas in vitro apresentam as estruturas que controlam a perda de água pouco desenvolvidas (PREECE & SUTTER, 1991; ROCHA, 2007). Para aumentar o índice de sobrevivência das mudas durante a aclimatização, alguns autores têm relatado a importância do desenvolvimento de determinadas características morfológicas ainda durante o crescimento in vitro (CARVALHO et al., 1999; SOUZA et al., 2007). Modelos de cultivo que possibilitam a ocorrência de trocas gasosas e sistemas de micropropagação fotoautotróficos que envolvem a exposição das plantas a alta intensidade luminosa, têm facilitado a fase de aclimatização das mudas, aumentando assim o índice de sobrevivência no ambiente ex vitro (PEDROTTI & VOLTOLINI, 2001; HAZARIKA, 2003). Alguns autores sugerem manter a concentração da sacarose em 30 gL-1 ou mesmo aumentá-la (LEITE et al., 2000; CALVETE, 2002). Outros autores recomendam reduzir a fonte de carbono durante a pré-aclimatização, afim, de habituar a planta à nutrição autotrófica (KOZAI, 1991; HAZARIKA, 2003; SKREBSKY et al., 2004). Outro fator de extrema importância para a aclimatização é o tipo de substrato usado na preparação das mudas. Conforme suas propriedades físico-quimicas, podem interferir no crescimento da planta. No caso das orquídeas, plantas epífitas, torna-se necessário a utilização de substratos de textura relativamente grossa e de drenagem livre que proporcionam às raízes o livre acesso ao ar e à luz. Com freqüência são utilizados como substrato: a fibra de coco, pó de coco, esfagno, casca de pinus, piaçava, xaxim, vermiculita, tijolo, carvão vegetal, dentre outros. Geralmente são usadas misturas de diferentes substratos, pois dificilmente um único material conseguirá apresentar todas as características adequadas para compor um bom substrato (LUCENA, 2008). Fisicamente o substrato deve permitir o crescimento das raízes, reter água possibilitando paralelamente aeração e suporte do sistema radicular, e principalmente, não favorecer o crescimento de microorganismos e plantas daninhas. Sendo assim, o sucesso dos substratos vai depender da espécie, do tipo de ambiente e do local pretende cultivar a planta (KAMPF, 2000; WEDLING et al., 2002; LUCENA, 2008). 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 CONDIÇÕES GERAIS DO EXPERIMENTO O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais na Unidade Experimental-Horto Florestal da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). As cápsulas da espécie E. alboxanthina (Figura 6-A) foram coletadas no Projeto Sempre-Viva dentro do Parque Municipal de Mucugê localizado no município de Mucugê-Bahia. Para a germinação foram usadas sementes retiradas de cápsulas maduras naturalmente abertas (Figura 2-A, B e C) e para o restante dos experimentos, foram usadas plantas germinadas previamente in vitro, variando de 5 à 10 mm de comprimento à depender do experimento (Figura 2-D, E e F). 25 mL B A D D D E C F Figura 2: E. alboxanthina. Aspecto visual de uma capsula (A); sementes imersas em água destilada (B); sementes inoculadas em meio nutritivo (C); protocormos em formação (D); plantas formadas (E); plantas com 5 à 10 mm (F). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. 3.2 CONDIÇÃO DE CULTIVO IN VITRO Os meios de cultura utilizados foram suplementados com 30 gL-1 de sacarose, gelificados com 8 gL-1 de ágar e tiveram o pH ajustado para 6 ± 0,1 utilizando NaOH ou HCl a 0,1N. Em cada tubo de ensaio (25 x 150 mm) foram vertidos 15 mL de meio de cultura. Os tubos foram fechados com tampa de plástico e autoclavados a 127 °C e 1,05 kg.cm-2 por 15 minutos. Após a inoculação do material vegetal os tubos de cultura foram vedados com filme PVC e mantidos em sala de crescimento sob as seguintes condições de cultivo: Temperatura de 25 ± 2 °C, fotoperíodo de 16 horas e densidade de fluxo de fótons fotossinteticamente ativos de 40 µmol.m-2.s-1. Os experimentos relacionados aos itens 3.4 e 3.6 apresentam variações nestas condições de cultivos e as suas metodologias encontram-se descritas nos próprios itens. 3.3 GERMINAÇÃO ASSIMBIÓTICA IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA As sementes foram retiradas das cápsulas e estocadas em envelope de papel na temperatura de 5 °C. Em 50 mL de água destilada foram colocadas 30 mg de sementes para agitação manual e decantação. As sementes decantadas foram retiradas e passaram para uma solução contendo 25 mL da solução de NaClO (2-2,5% de cloro ativo) misturado com 25 mL de água destilada por 15 minutos para a assepsia, e, posteriormente, lavadas em água destilada três vezes. Para a inoculação usou-se 15 mL de água destilada autoclavada contendo as sementes assépticas, sendo inoculados 150 µL da solução em cada tubo, contendo 130 sementes. Para a contagem das sementes, foi colocado em placas de petri, separadamente, a primeira gota e a penúltima gota, antes da inoculação dos tubos de cultura e a última gota após a última inoculação nos tubos de cultura. A contagem das três placas contendo as sementes foi feita em microscópio óptico e ao final tirou-se uma média. Foram testados seis tipos de meio de cultura: Meio 1. “alternativo” MC-1, composto por 50 gL-1 de polpa de banana nanica semi madura, 50 gL-1 de polpa de mamão papaya e 50 gL-1 de polpa de tomate semi maduro, 120 mL.L de água de coco verde, 3 mL.L de adubo NPK (10:10:10) para orquídeas “Orchids”; Meio 2. ágar; Meio 3. KC (KNUDSON, 1922); Meio 4. MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) com a concentração total de sais e vitaminas; Meio 5. MS com a metade da concentração total de sais e vitaminas (MS/2) e, Meio 6. MS com ¼ da concentração total de sais e vitaminas (MS/4). Todos os meios de cultura foram suplementados com 30 gL-1 de sacarose, exceto o meio KC que foi suplementado com 20 gL-1 de glicose. Em todos os meios de cultura também foi avaliado o efeito da presença (2 gL-1) ou ausência de carvão ativado. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 6 x 2 (meios de cultura x concentração carvão), com 5 repetições para cada tratamento contendo 130 sementes em cada tubo. Após 30 dias da inoculação das sementes avaliou-se o percentual de germinação contando-se o número de protocormos verdes em relação proporcional ao número total de sementes inoculadas. 3.4 CRESCIMENTO IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA 3.4.1 Efeito do meio de cultura e da esterilização sobre o crescimento in vitro de E. alboxanthina Foram usados os mesmos meios de cultura descritos no item 3.3, exceto meio 2. Porém, para esse experimento acrescentou-se o meio de cultura MS completo acrescido com 100 gL-¹ de polpa de banana (MS/banana) e o meio de cultura WPM. Todos os meios de cultura foram submetidos a duas formas de esterilização: por autoclavagem a 121°C e 1 kg.cm-2 por 15 minutos (esterilização física) e com a utilização de NaClO à 5% de cloro ativo (esterilização química) segundo a metodologia descrito por Ribeiro (2006). Para a inoculação foram usadas plântulas com 3 meses de idade, obtidas a partir do experimento anterior. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 7 x 2 (meios de cultura x tipos de esterilização do meio) com 10 repetições contendo quinze plântulas/parcela. A avaliação foi efetuada após 90 dias da inoculação. Foram mensurados a MSAmatéria seca da parte aérea (mg), MSR- matéria seca da raiz (mg), NR- número de raízes por planta, CF- comprimento da folha (mm), CR- comprimento da maior raiz (mm) e CCcomprimento do caule (mm). 3.4.2 Efeito de diferentes fontes de carbono no crescimento in vitro de E. alboxanthina A partir dos resultados obtidos no experimento anterior, instalou-se este, utilizando o meio de cultura WPM submetido à esterilização física. Neste experimento foi avaliado o crescimento das plantas de E. alboxanthina em meio de cultura WPM suplementado com diferentes fontes de carbono (sacarose, sorbitol, açúcar comum, glicose, manitol e maltose) em duas diferentes concentrações (43,82 mM e 87,64 mM). Para a inoculação foram usadas plântulas com 6 meses de idade obtidas a partir da germinação in vitro. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 6 x 2 (fonte de carbono x concentração) com cinco repetições contendo oito plantas/parcela. A avaliação foi efetuada aos 120 dias da inoculação, quanto a MSA- matéria seca da parte aérea (mg), MSR- matéria seca da raiz (mg), NR- número de raízes por planta, CPAcomprimento da parte aérea (mm) e CR- comprimento da maior raiz (mm). 3.4.3 Efeito do carvão ativado no crescimento in vitro de E. alboxanthina A partir dos resultados obtidos no experimento anterior, instalou-se este, utilizando o meio de cultura WPM submetido à esterilização física, suplementado com 30gL-1 de sacarose. Foi avaliado o crescimento das plantas de E. alboxanthina em meio de cultura WPM suplementado com 30 gL-1 de sacarose e carvão ativado (0 ou 2 gL-1). Para a inoculação foram usadas plântulas com 9 meses de idade obtidas a partir da germinação in vitro. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 20 repetições contendo cinco plantas/parcela. A avaliação foi efetuada após 90 dias da inoculação, quanto a MSA- matéria seca da parte aérea (mg), MSR- matéria seca das raízes (mg), NR- número de raízes por planta, CPAcomprimento da parte aérea (mm) e CR- comprimento da maior raiz (mm). 3.5 MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA 3.5.1 Efeito de diferentes concentrações de BAP e ANA na multiplicação de E. alboxanthina Neste experimento, utilizou-se plantas com 12 meses de idade medindo cerca de 5 a 10 mm de comprimento procedentes da germinação in vitro que foram inoculadas em meio de cultura WPM suplementado com diferentes concentrações de BAP (0,0; 2,2; 4,4; 8,8; 17,60 µM) e ANA (0,0; 0,26; 0,57; 1,07 µM). A avaliação foi efetuada após 90 dias da inoculação, quanto ao NB- número de brotos, CMB- comprimento médio dos brotos (mm) e EFB- explantes que formaram brotos (%). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 5 x 4 (concentrações de BAP x concentrações de ANA) com cinco repetições contendo 12 plantas/parcela. 3.5.2 Efeito de diferentes tipos de explante na multiplicação de E. alboxanthina Este experimento avaliou-se a capacidade regenerativa de quatro tipos de explantes: (1) plantas germinadas in vitro com 5 à 10 mm de comprimento possuindo 24 meses de idade, (2) folha com ± 3 mm de comprimento retiradas de plantas com 24 meses de idade, (3) base caulinar com ± 3 mm de comprimento sem ápice e sem raízes extraídos de plantas com 24 meses de idade e (4) protocormos com cerca de ± 2 mm de diâmetro com 15 dias de idade (Figura 7), em três combinações de BAP e ANA (0,0-0,0; 8,8-0,573; 17,60-0,0 µM), que foram estabelecidas após a avaliação do primeiro experimento de multiplicação. A avaliação foi efetuada após 90 dias da inoculação, quanto ao NB- número de brotos, CMB- comprimento médio dos brotos (mm), MSB- matéria seca dos brotos (mg) e EFBexplantes que formaram brotos (%). Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial 4 x 3 (tipos de explante x combinações de BAP e ANA), totalizando cinco repetições de oito explantes/parcela. A Planta B 2,5 cm Planta Folha B 2,5 cm Folha C Base caulinar C 2,5 cm 2,5 cm Base caulinar D Protocormo GERMINAÇÃO D 2,5 cm GERMINAÇÃO A E Protocormo ProtocormoE Figura 3: E. alboxanthina. Planta com 24 meses (A); folha (B); base caulinar (C); protocormo com um mês de idade (D). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. 3.6 EFEITO DA VENTILAÇÃO IN VITRO E DA CONCENTRAÇÃO DE SACAROSE NA PRÉ-ACLIMATIZAÇÃO E DO SUBSTRATO E DA ADUBAÇÃO NA ACLIMATIZAÇÃO DE E. ALBOXANTHINA Na fase de pré-aclimatização, plântulas sem raízes germinadas in vitro com 15 a 20 mm de comprimento foram cultivadas no meio de cultura WPM suplementado com 0 e 30 gL1 de sacarose. Os tubos de cultura foram fechados com película de PVC ou com rolha de algodão e mantidos em sala de crescimento por 60 dias. Assim para esse experimento o delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 2 (concentração de sacarose x tipo de fechamento dos tubos) com 10 repetições contendo cinco plântulas/parcela. Decorridos 30 dias foi determinada a perda de água por transpiração. Para tanto, as plantas foram pesadas no momento da retirada dos tubos e após 30 e 60 minutos de exposição às condições ambientais. Foi calculado o percentual de redução de peso relacionando o peso obtido após 30 e 60 minutos com o peso inicial de cada indivíduo de acordo com a metodologia proposta por Mills & Tal (2003), modificado por Bellintani (2006). Para a aclimatização das plantas, realizou-se posteriormente, um experimento que foi dividido em 2 partes: 1. Diretamente em casa de vegetação com 70% de luminosidade, durante 90 dias e 2. Em sala de crescimento, com temperatura de 25 ± 2 oC sob radiação fotossintética ativa de 40 µmol.m-2.s-1 e fotoperíodo de 16 horas durante os primeiros 24 dias, e, posteriormente, transferido para a casa de vegetação com 70% de luminosidade por mais 66 dias. As plantas foram colocadas em oito bandejas de plástico “Galvanotek G-70” em dois tipos de substratos: gravilhão combinado com fibras de coco ou gravilhão combinado com pérolas de isopor na proporção de 1:1, cada bandeja recebeu 48 plantas (Figura 8), as quais foram irrigadas diariamente com 25 mL de água de torneira. Foi avaliada, ainda, a influência da adubação durante a aclimatização, sendo que, a cada 48 horas parte das plantas foi irrigada com os sais do meio de cultura WPM diluido a 20%. A percentagem de sobrevivência foi determinada pela contagem do número de plantas vivas em relação ao total de plantas submetidas à aclimatização. D 24 cm 38,5 cm E A B F C Figura 4: Substratos utilizados na aclimatização de E. alboxanthina: (A) Pérolas de isopor; (B) gravilhão; (C) fibra de coco; (D) Recipiente Galvanotek G-70; (E) gravilhão combinado com fibra de coco; (F) gravilhão combinado com isopor. UEFS, Feira de Santana-Ba. Barra: 1 cm. Fonte: o autor. 3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os experimentos foram avaliados estatisticamente mediante a análise de variância, aplicando-se o teste de Scott-Knott para os dados qualitativos e a análise de regressão para os dados quantitativos. Os dados foram analisados usando o software SISVAR versão 4.6 (FERREIRA, 2003). 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 GERMINAÇÃO ASSIMBIÓTICA IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA Observou-se efeito altamente significativo (p ≤ 0,01) da interação “ meios de cultura x carvão ativado” para a variável porcentagem de germinação (Tabela 1). Os maiores valores de germinação, após 30 dias de inoculação, foram obtidos nos meios de cultura KC (25,65%) e MS/2 (26,55%) na ausência de carvão ativado (Tabela 2 e Figura 5). Tabela 1: Resumo da análise de variância para % de germinação de sementes de E. alboxanthina, em função de diferentes tipos de meios de cultura e da presença de carvão ativado (2 gL-1). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. FV GL Quadrados Médiosz % Germinação Meio de Cultura (MC) 5 548,04** Carvão Ativado (CA) 1 1319,20** MC x CA 5 295,75** Resíduo 48 13,11 CV (%) z 25,79 Médias transformadas em arco seno. ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste F. Araújo et al. (1999) trabalhando com as espécies Cattleya walkeriana Gard. e Cytropodium palmifrons Rchb.f., verificaram que a taxa de germinação, aos 30 e 45 dias variou de 50 a 100% de germinação com o uso dos meios de cultura KC e MS tradicionais ou combinados com cinetina (0,25; 5 e 10 mgL-1) e IAA (1, 15 e 30 mgL-1). Tabela 2– Valores médios para germinação de sementes de E. alboxanthina (%) em função de diferentes tipos de meios de cultura e da presença de carvão ativado (2 gL-1). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. % Germinação z Meios de Cultura Com carvão ativado (2g/L) Sem carvão ativado 5,13 byAx 0,00 cB Ágar 0,00 cB 17,63 bA KC 0,00 cB 25,65 aA MS 17,00 aB 20,62 bA MS/2 17,59 aB 26,55 aA MS/4 16,39 aB 21,93 bA Alternativo z Estatística realizada com médias transformadas em arco seno. y – Médias seguidas pela mesma letra minúscula em cada coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. x – Médias seguidas pela mesma letra maiúscula em cada linha, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. Resultados semelhantes também foram reportados para outras espécies quando se utilizou meios de cultura com menor concentração salina. Em estudos comparativos com Phalaenopsis, obteve-se índice de germinação de 87,7 a 100% para o meio de cultura MS/3 e nenhuma germinação para o meio MS tradicional (FAVETTA et al., 2008). Manrique & Gutiérrez (2006), trabalhando com Odontoglosum gloriosum Lind & Rchb.f., constataram que a germinação desta espécie em meio de cultura MS foi inferior (2,57%) ao meio KC (19,23%). Estes mesmos autores observaram que a adição de 2 gL-1 de carvão ativado no meio de cultura não influenciou na germinação. Neste experimento as sementes de E. alboxanthina apresentaram germinação na maioria dos tratamentos analisados exceto para o meio 2 (ágar) e para o meio 3 (KC) suplementados com 2 gL-1 de carvão ativado e para o meio alternativo sem a presença de carvão ativado. A ausência do carvão ativado nos meios de cultura proporcionou uma melhor germinação em todos os meios analisados exceto no meio de cultura alternativo (Tabela 2 e Figura 5). Este fato indica que o carvão ativado na concentração em que foi testada (2 gL-1), não é satisfatório para a obtenção de plântulas através da germinação, e, que talvés, a ausência ou o uso de concentrações menores que 2 gL-1, podem proporcionar maior percentual de germinação nas sementes de E. alboxanthina. Resultados similares foram encontrados por Ventura (2007) no cultivo in vitro de Cattleya amethystoglossa Lind. & Rchb.f. em meio MN (CHU & HILL, 1988), onde foi verificado que as diferentes concentrações de carvão ativado (0; 1; 2; 3 e 4 gL-1) mostraram-se prejudiciais à germinação e retardaram o crescimento dos protocormos independente da concentração de carvão utilizada. Esse autor sugere, assim, novos estudos para a identificação de susbstâncias adsorvidas ou liberadas pelo carvão ativado e para entender os mecanismos de ação deste composto sobre a germinação e o crescimento de plantas. Esses resultados corroboram observações feitas por Ventura (2007), sobre o uso do carvão ativado para germinação, crescimento e desenvolvimento de protocormos de orquídeas. Segundo este autor existe correlação, em alguns casos, entre o tipo do meio de cultura usado, a espécie da orquídea e a marca do carvão ativado. O carvão ativado é usado no cultivo in vitro pelo seu eficiente escurecimento e adsorção de substâncias nocivas do meio. Embora muitas espécies de plantas necessitem deste suplemento, em orquídeas observa-se uma frequente necrose e subseqüente morte dos protocormos durante a germinação e crescimento das plantas (PAN & STADEN, 1998; VENTURA, 2007). Observou-se que o meio de cultura “alternativo” composto por polpas de frutas proporcionou uma baixa percentagem (5,13%) ou ausência de germinação quando suplementado com carvão ativado (2 gL-1) ou na ausência deste, respectivamente, mostrandose inadequado para a germinação e formação de protocormos de E. alboxanthina (Tabela 2 e Figura 9). Entretanto o interesse na adição desses aditivos no meio de cultura tem se tornado crescente. Shu-Fung Lo et al. (2004), utilizando o meio de cultura MS suplementado com 8% de banana, 8% de batata e 8% de água de coco no cultivo de Dendrobium tosaense JJSm & Comber, obtiveram depois de 2 meses, melhor germinação e maior formação de protocormos quando comparados aos meios de cultura MS básico, MS/2, KC e VW (VACIN & WENT, 1949). O uso de aditivos orgânicos (polpa de banana, tomate, água de coco, etc.) pode proporcionar para algumas espécies, bons estímulos à germinação e crescimento, mas como não há uma padronização da quantidade de sais contidos nestes aditivos, os meios de cultura que levam estes suplementos podem ter uso restrito (STANCATO et al., 2008). 15 dias Sem carvão Com carvão 30 dias Com carvão Sem carvão Alternativo 2,5 cm Ágar Knudson C MS MS/2 MS/4 Figura 5: Germinação das sementes de E. alboxanthina em diferentes meios de cultura na presença (2 gL-1) ou na ausência de carvão ativado, após 15 e 30 dias da inoculação das sementes. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. Os resultados obtidos para a germinação de E. alboxanthina são inferiores àqueles reportados para outras espécies de orquídeas, o que pode sinalizar que a espécie em estudo necessite da simbiose com fungos micorrízicos durante a germinação. Estudos realizados por Pereira et al. (2005) comparando a germinação assimbiótica in vitro de Oncidium flexuosum Sims com a germinação in vitro na presença de dez isolados de fungos micorrízicos mostraram que na ausência dos fungos não houve germinação e que 90% das sementes inoculadas germinaram na presença de todos os isolados usados. Contudo, apenas um isolado foi capaz de promover o desenvolvimento completo do protocormo. Outros fatores podem ter contribuido para a ocorrência da baixa taxa de germinação. Segundo observações realizadas por Pardo & Ferreira (2006), obter frutos com boa qualidade fisiológica requer cuidados específicos, tais como: não coletar frutos muito verdes, evitar a exposição das sementes à altas temperaturas ou colocá-las em sacos plásticos fechados após a coleta. Estes mesmos autores reportam que o controle da temperatura e do teor de água nas sementes podem interferir na conservação das sementes de várias espécies de orquídeas. Neste estudo com E. alboxanthina não foi possível determinar o tempo em que as sementes ficaram expostas às condições ambientais naturais, pois a abertura das fendas da cápsula ocorreu antes da expedição de coleta. Aos 30 dias de armazenamento das sementes, na temperatura de 5 ºC foram observadas sementes desprovidas de embrião ou contendo embriões murchos, o que pode ter contribuído para a baixa taxa de germinação. Tais fatos dificutam estabelecer certamente o período e condições de armazenamento necessários à inviabilidade das sementes, o que sugere a necessidade de estudos sobre o tempo e condições de armazenamento destas sementes a fim de determinar as condições necessárias para estocagem e conservação das mesmas. Por outro lado, ao comparar a germinação obtida neste experimento a que ocorre normalmente em condição natural (1 a 3%) (SILVA, 2003) pode-se observar uma vantagem do uso desta técnica para a geminação desta espécie. Levando-se em consideração que em uma cápsula existam cerca de 1 milhão de sementes, a germinação de 26,55% delas implica na formação de 265.500 plântulas, quantidade elevada de mudas. 4.2 CRESCIMENTO IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA 4.2.1 Efeito do meio de cultura e da esterilização sobre o crescimento in vitro de E. alboxanthina Observou-se efeito altamente significativo (p ≤ 0,01) da interação “meios de cultura x tipo de esterilização” para todas as variáveis analisadas, exceto para matéria seca das raízes (Tabela 3). Tabela 3: Resumo da análise de variância para MAS- matéria seca da parte aérea (mg), MSR- matéria seca das raízes (mg), NR- número de raízes, CF- comprimento da folha (mm), CR- comprimento das raízes (mm) e CC- comprimento do caule (mm) de plantas de E. alboxanthina em função dos diferentes tipos de meio de cultura submetidos à esterilização física ou química. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. FV Quadrados Médios GL MSA MSR NR CF CR CC Meio de Cultura (MC) 6 0,1404** 0,4208** 3,8679** 0,2212** 2,2757** 0,1249** Esterilização (E) 1 0,9008** 0,0394 ns 0,2160 ns 0,0004 ns 0,3672ns 0,0435** MC x E 6 0,1533** 0,0084 ns 0,4209** 0,0702** 0,2120** 0,0816** Resíduo 126 0,0052 0,0195 0,0852 0,0016 0,0537 0,0009 30,26 76,28 42,17 18,81 57,64 13,93 CV (%) ** ,*, ns. Significativo ao nível de 1% de probabilidade, significativo ao nível de 5% de probabilidade, não significativo pelo teste F, respectivamente. Na tabela 4, observa-se que o meio de cultura WPM e o MS/4 promoveram as maiores médias para todas as variáveis analisadas. Estes resultados estão de acordo com aqueles observados por Araújo (2007) que também reportou um maior crescimento in vitro com o uso do meio WPM no cultivo de Cattleya loddigesii Lindl. para todas as variáveis analisadas. Para a variável matéria seca da parte aérea, o meio de cultura WPM não apresentou diferença estatística dos meios MS/4 e MS/2, na esterilização química (Tabela 4). Para o número de raízes, os meios de cultura MS, MS/2 e MS/4 não diferiram estatisticamente do meio de cultura WPM quando realizou a esterilização física do meio de cultura (Tabela 4). Foi verificado também que o número de raízes do meio MS, aumentou à medida que a concentração de sais deste meio foi reduzida. Com estes resultados, pode-se inferir que a concentração de macronutrientes reduzida em ¼ tem maior importância para a emissão de raízes em E. alboxanthina do que os micronutrientes, já que o meio WPM em sua formulação normal promoveu as maiores médias. Estes resultados diferem daqueles abordados por Silva (2003) para o híbrido Bc. Pastoral x Lc. Amber Glow, que verificou o aumento do número de raízes em relação proporcional ao aumento de vitaminas do meio MS. Diferem também daqueles reportados por Muller et al. (2007) para Miltonia flavescens Lindl., que observou uma redução dos valores médios na emissão de raízes, na ausência dos sais do MS. Nas variáveis matéria seca das raízes (mg), comprimento folha (mm) e comprimento da raiz (mm), observou-se que os meios WPM e MS/4 promoveram as maiores médias, não diferindo estatisticamente entre se (Tabela 4). Já o comprimento do caule, além dos meios de cultura citados anterioremente, o meio MS/2 também não apresentou diferença significativa. Estes resultados corroboram aqueles reportados por Sorace et al. (2008), para Oncidium baueri Lindl.. Estes autores verificaram que para o desenvolvimento vegetativo desta espécie, o meio de cultura MS/2 foi o mais eficiente para o comprimento da parte aérea, número de raízes, comprimento da maior raíz, massa fresca total e massa seca total da planta. Entretanto, diferem daqueles encontrados por Muller et al. (2007), para Miltonia flavescens Lindl. em que os autores verificaram uma redução dos valores médios para número de raízes, comprimento da maior raíz, número de folhas, comprimento da parte aérea e peso da matéria fresca, na ausência dos sais do meio MS. Diferem também daqueles verificados por Silva (2003), para o híbrido Bc Pastoral x Lc Amber Glow em relação ao comprimento das raízes. Este autor verificou que o meio MS influenciou de maneira positiva no crescimento das raízes e que o meio KC, que contém menor proporção salina, promoveu efeito inibitório a emissão destas. Tabela 4 – Valores médios para matéria seca da parte aérea, matéria seca da raiz, número de raízes, comprimento da folha, comprimento das raízes e comprimento do caule de plantas de E. alboxanthina em função de diferentes tipos de meio de cultura submetidas à esterilização física ou química com NaClO. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Meio de cultura Matéria seca da parte aérea (mg) Matéria seca da raiz Número de raízes (mg) Comprimento da folha (mm) Comprimento da raiz (mm) Comprimento caule (mm) Física Química Física Química Física Química Física Química Física Química Física Química 0,18 dzAy 0,00 bB 0,00 dA 0,00 cA 0,08 bA 0,00 cB 1,48 cA 0,00 dB 3,50 bA 0,00 cB 2,05 bA 0,00 cB KC 0,14 dA 0,18 aA 0,15 cA 0,11 bA 0,32 bB 0,81 bA 1,92 bB 2,37 cA 1,53 cB 4,06 bA 2,23 bB 2,66 bA MS 0,26 cA 0,21 aA 0,19 cA 0,14 bA 0,91 aA 0,90 bA 1,96 bB 2,96 bA 3,51 bA 2,72 cA 2,40 bB 2,79 bA MS/Banana 0,31 cA 0,00 bB 0,07 dA 0,00 cB 0,28 bA 0,00 cB 1,51 cA 0,00 dB 1,16 cA 0,00 cB 2,33 bA 0,00 cB MS/2 0,39 bA 0,23 aB 0,23 bA 0,16 bA 0,98 aA 1,02 aA 1,97 bB 3,06 bA 3,94 bB 4,94 bA 2,52 aB 3,08 aA MS/4 0,43 bA 0,23 aB 0,35 aA 0,35 aA 0,98 Ab 1,18 aA 2,98 aB 3,48 aA 6,78 aB 9,89 aA 2,61 aB 2,95 aA WPM 0,50 aA 0,24 aB 0,38 aA 0,39 aA 0,99 aB 1,19 aA 3,33 aB 3,53 aA 7,28 aB 10,12 aA 2,78 aB 2,97 aA Alternativo z – Médias seguidas pela mesma letra minúscula em cada coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. y – Médias seguidas pela mesma letra maiúscula em cada linha, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. Os meios de cultura suplementados com frutas (alternativo e MS/banana), promoveram as menores médias em todas as variáveis analisadas seguidos pelo meio KC (Tabela 4). Segundo Stancato et al. (2008), os meios de cultura KC e VW possuem baixas concentrações de macro e micronutrientes principalmente quando comparados ao meio MS e WPM. Teoricamente, segundo os mesmos autores, esta baixa concentração de sais é exigido pelas espécies de orquídeas já que estas vivem em ambientes com baixa disponibilidade de nutrientes. No entanto, os resultados encontrados neste estudo com E. alboxanthina mostraram que o meio KC não foi eficiente para o desenvolvimento in vitro desta espécie (Tabela 4). Todavia, esses resultados discordam daqueles encontrados por Figueiredo et al. (2008), para híbridos de orquídeas que obtiveram os melhores resultados de crescimento nos meios de cultura KC na formulação tradicional e KC acrescidos com os suplementos (vitaminas, glicina e mio-inositol). Araújo (2004), também reportou os melhores resultados com o uso do meio de cultura KC. Este autor observou que a quantidade de raízes foi proporcional ao aumento de sais no meio KC até alcançar 96,5% da concentração salina original deste meio. Observações sobre aditivos orgânicos foram realizadas por Stancato et al. (2008). Segundo estes autores, os suplementos orgânicos não possuem uma concentração padronizada de sais podendo haver a escassez de substâncias importantes ao desenvolvimento da planta. A presença de possíveis substâncias derivadas dos produtos químicos usadas no cultivo das frutas podem, também, ocasionar uma inibição no crescimento, ou, até mesmo subsequente morte dos explantes. Neste caso, os resultados obtidos neste estudo com E. alboxanthina corroboram observações reportadas por Stancato et al. (2008), já que para todas as variáveis analisadas, os meios de cultura suplementados com polpas de fruta promoveram as médias mais baixas de crescimento (Tabela 4). Estes resultados diferem daqueles reportados ainda pelos mesmos autores para as espécies Laelia longipes Rchb.f., Laelia tenebrosa Rolfe e Miltonia spectabilis Lindl., onde verificaram que os meios de cultura formulados com 1 gL-1 de adubo N:P:K (10:10:10 e 10:30:20) e meios compostos com polpa de tomate, maçã e banana (10; 10; 50 gL-1), foram os que proporcionaram maior crescimento in vitro para as três espécies avaliadas quando comparadas ao meio de cultura MS. Em relação a esterilização, observou-se uma influência direta deste fator de variação sobre o desenvolvimento das plantas de E. alboxanthina (Tabela 4). Apenas para a variável matéria seca das raízes (mg), a esterilização física não diferiu estatisticamente da esterilização química para todos os meios de cultura testados, exceto para o meio de cultura MS/banana, para qual a esterilização química não foi eficaz em relação a esterilização física (Tabela 4). Para os meios de cultura “alternativo” e “MS/Banana” a esterilização química não foi eficaz para nenhuma das variáveis analisadas, ocasionando a proliferação de fungos e a perda de todos os frascos de cultura que foram submetidos a este tipo de esterilização, o que explica as médias “0” apresentadas na Tabela 4. Podemos inferir que a contaminação tenha sido ocasionada pelos microorganismos presentes em grande quantidade nas polpas de frutas usadas como suplementos no meio de cultura, e que, a esterilização química na concentração de 5% de cloro ativo utilizado não foi eficiente. Em estudos realizados por Nascimento et al. (2006), foram observados 100% de contaminação por fungos e leveduras quando se avaliou as condições higiênico-sanitárias das polpas de frutas comercializadas. De acordo com os mesmos autores, a contaminação por bactérias, fungos e leveduras ocorrem principalmente durante o cultivo, colheita, manipulação, processamento, distribuição e armazenamento dos produtos. Os resultados obtidos neste experimento com E. alboxanthina em relação à esterilização química diferem daqueles reportados por Ribeiro (2006), para as espécies Ananas comosus Mill. e Sequóia sempreviren Endl.. Este autor observou que é possível obter a esterilização do meio de cultura em baixas concentrações de NaOCl (3 à 5%) quando combinada a fusão do meio gelificante no microondas. Além disso, ele observou que a presença de 3 a 5% de cloro ativo no meio de cultura estimulou a formação de brotações, o aumento de biomassa fresca e a maior formação de ramos. Neste estudo com E. alboxanthina, a utilização de NaOCl à 5% não foi favorável apenas para a variável matéria seca da parte aérea (mg) para todos os meios de cultura testados, exceto para os meios KC e MS no qual a esterilização química não apresentou diferenças estatísticas da esterilização física (Tabela 4). No entanto, com o uso da esterilização química (NaClO à 5%) foi observado uma possível sensibilidade das raízes quando comparado à raízes de plantas cultivadas em meio submetido a esterilização física (Figura 6). Figura 6: 9,5 cm AA 9,5 cm BB Plantas de E. alboxanthina com seis meses de idade, cultivadas em meio submetido à esterilização química (A) ou física (B). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. Embora a autoclavagem seja um método dispendioso, devido ao elevado consumo de energia, é a técnica de esterilização mais usada na maioria dos trabalhos com cultura de tecidos vegetais. No entanto, opções como a esterilização química com hipoclorito de sódio, dentre outras, podem ser boas opções em substituição à esterilização física, sendo recomendado uma avaliação prévia da concentração e sensibilidade da planta, bem como, a composição do meio de cultura a fim de evitar a formação de compostos halogenados, subsequente morte dos explantes ou contaminação do meio de cultura utilizado. Ribeiro (2006) relata que o NaOCl é amplamente utilizado por apresentar vasto espectro de atividade biocida contra bactérias, fungos e vírus, além de ser um produto relativamente barato. No entanto, é importante conhecer o seu comportamento quando utilizado na esterilização de meios de cultura. Ainda segundo esse autor, uma das grandes preocupações decorrentes da utilização do NaOCl durante a esterilização, é a quantidade de formação de compostos orgânicos halogenados resultantes de seu uso, no qual vai depender tanto da concentração de NaOCl usada, quanto da quantidade de compostos orgânicos presentes no meio em que o NaOCl será aplicado. 4.2.2 Efeito de diferentes fontes de carbono no crescimento in vitro de E. alboxanthina Observou-se efeito altamente significativo (p ≤ 0,01) para as fontes de carbono utilizadas sobre as variáveis matéria seca da raiz, número de raízes e comprimento das raízes, e um efeito significativo (p ≤ 0,05) para matéria seca da parte aérea (Tabela 5). Em relação a concentração da fonte de carbono usada, observou-se efeito altamente significativo (p ≤ 0,01) apenas para a variável comprimento da raiz, e efeito significativo (p ≤ 0,05) para a variável matéria seca da parte aérea (Tabela 5). A interação fontes de carbono x concentação de carbono não foi significativo para todas as variáveis analisadas. Tabela 5: Resumo da análise de variância para MAS- matéria seca da parte aérea (mg), MSR- matéria seca das raízes (mg), NR- número de raízes, CPA- comprimento da parte aérea (mm), CR- comprimento das raízes (mm) de plantas de E. alboxanthina, em função de diferentes fontes de carbono em duas concentrações 43,82 e 87,64 mM. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. FV GL Quadrados Médios MSA MSR NR CPA CR Fontes de Carbono (FC) 5 175,04* 128,57** 2,40** 0,09ns 1,33** Concentração de carbono (CC) 1 399,90* 55,71ns 1,44ns 0,04ns 1,72** FC x CC 5 51,75ns 8,04ns 0,11ns 0,01ns 0,31ns Resíduo 48 64,57 17,73 0,44 0,04 0,14 63,89 35,32 22,63 0,44 22,63 CV (%) ns ** ,*, . Significativo ao nível de 1% de probabilidade, significativo ao nível de 5% de probabilidade, não significativo pelo teste F, respectivamente. Na tabela 6, verifica-se que para todas as variáveis analisadas a sacarose promoveu as maiores médias de crescimento, tanto na menor (43,82 mM) quanto na maior concentração (87,64 mM). No entanto, apenas para a variável “comprimento da raiz”, as médias obtidas com a sacarose, na menor concentração testada (43,82 mM), diferiram estatisticamente de todas as outras fontes de carbono utilizadas. Já na maior concentração de carbono testada (87,64 mM), apenas para a variável “comprimento da parte aérea” a sacarose não diferiu estatisticamente das outras fontes de carbono utilizadas. Observou-se também que o aumento da concentração de sacarose no meio de cultura foi proporcional ao aumento das médias nas variáveis “matéria seca da parte aérea” e “comprimento da raiz”. Estes resultados diferem daqueles encontrados por Fráguas et al. (2003) para híbridos de Cattleya labiata Lindl. x Laelia itambana Pabst., onde verificou-se que o uso de 58,43 mM de sacarose favoreceu um aumento das médias para o comprimento da parte aérea, número de raízes, e peso da matéria fresca das plantas. A maioria dos trabalhos com orquídeas utilizam a comprimento da parte aérea, o comprimento da maior raiz, o número de raízes e a massa fresca da planta para verificar o efeito da sacarose no cultivo in vitro. Entretanto, neste estudo com E. alboxanthina foram avaliados outras variáveis para tornar mais evidente a ação da sacarose durante o crescimento da planta. Em relação a matéria seca da parte aérea (mg) não foram observadas diferenças significativas entre os diferentes tipos de fontes de carbono na concentração de 43,82 mM. Para a maior concentração testada (87,64 mM) a sacarose, a maltose e a glicose promoveram maior incorporação de matéria seca da parte aérea com as médias 22,58, 21,40 e 17,46 mg respectivamente (Tabela 6). Para a variável matéria seca da raiz as médias das diferentes fontes de carbono testadas para a menor concentração usada (43,82 mM) não apresentaram diferenças significativas. Já para a maior concentração testada (87,64 mM), a sacarose promoveu a maior média (20,66 mg) não diferindo estatisticamente de todas as outras fontes de carbono utilizadas (Tabela 6). As médias do número de raízes emitidas de E. alboxanthina não foram significativamente diferentes em relação à menor concentração usada (43,82 mM) para todas as fontes de carbono testadas. No entanto, para a maior concentração testada (87,64 mM) a sacarose (3,95 raízes/planta), a maltose (3,42 raízes/planta) e o açúcar comum (3,22 raízes/planta) promoveram as maiores médias, não apresentando diferenças significativas entre si (Tabela 6). Resultados superiores aos encontrados neste estudo com E. alboxanthina foram reportados por Moreira et al. (2007), para híbridos de Laelia purpurata Lindl. var venosa x Cattleya warneri T. Moore alba, os quais observaram que a maior emissão de raízes (5,75 raízes/planta) ocorreu com o uso de 58,43 mM de sacarose. Observações feitas por Faria et al. (2004), para Dendrobium nobile Lindl. diferem dos resultados encontrados neste estudo com E. alboxanthina para o número de raízes. Estes autores reportam que o acréscimo de sacarose no meio não influenciou o enraizamento in vitro das plantas. Tabela 6 – Valores médios para matéria seca da parte aérea, matéria seca das raízes, número de raízes, e comprimento da parte aérea e comprimento das raízes de plantas de E. alboxanthina em função de diferentes concentrações e fontes de carbono. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Fontes de Carbono Matéria seca da parte aérea (mg) Matéria seca das raízes Número de raízes (mg) Comprimento parte Comprimento raiz (mm) aérea (mm) 43,82 mM 87,64 mM 43,82 mM 87,64 mM 43,82 mM 87,64 mM 43,82 mM 87,64 mM 43,82 mM 87,64 mM Sacarose 13,84 a zBy 22,58 aA 16,26 aA 20,66 aA 3,62 aA 3,95 aA 11,86 aA 11,82 aA 20,56 aB 24,96 aA Sorbitol 9,16 aB 9,66 bA 10,06 aA 10,90 bA 2,57 aA 2,60 bA 9,74 aA 9,18 aA 15,22 bB 14,06 bA Açúcar comum 10,44 aB 10,02 bA 8,12 aA 12,14 bA 2,65 aA 3,22 aA 9,48 aA 8,92 aA 12,28 bB 13,46 bA Glicose 7,84 aB 17,46 aA 11,54 aA 11,88 bA 2,75 aA 2,85 bA 11,40 aA 10,02 aA 13,72 bB 18,08 bA Manitol 6,08 aB 9,84 bA 7,60 aA 8,38 bA 2,95 aA 2,60 bA 10,94 aA 10,32 aA 12,38 bB 16,04 bA Maltose 12,62 aB 21,40 aA 12,18 aA 13,36 bA 3,62 aA 3,42 aA 11,02 aA 11,02 aA 15,56 bB 23,48 aA z – Médias seguidas pela mesma letra minúscula em cada coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. y – Médias seguidas pela mesma letra maiúscula em cada linha, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. Rego-Oliveira et al. (2003), em estudos comparativos com fontes de carbono na espécie Oncidium varicosum Lindl., também reportaram resultados superiores aos encontrados neste estudo com E. alboxanthina para o número de raízes. Estes autores obtiveram as melhores médias com o uso de 175,28 mM de sacarose (9,10 raízes/planta) e com 63,16 mM e 94,74 mM de maltose (9,70 raízes/planta e 11,19 raízes/planta, respectivamente). Em relação ao comprimento da parte aérea de E. alboxanthina, as maiores médias (11,86 e 11,82 mm) foram obtidas com 43,82 e 87,64 mM de sacarose, respectivamente, não sendo estatisticamente diferentes em relação as duas concentrações (43,82 e 87,64 mM) e diferentes fontes de carbono testadas (Tabela 6). Esses resultados foram inferiores aqueles reportados por Rego-Oliveira et al. (2003) com Oncidium varicosum Lindl. que as maiores médias para o comprimento da parte aérea (6,99 cm) com o uso de 175,28 mM de sacarose. Os resultados encontrados para o crescimento da parte aérea de E. alboxanthina corroboram os resultados verificados por Faria et al. (2004), os quais observaram que o crescimento da parte aérea foi proporcional ao aumento da concentração de sacarose no meio de cultura obtendo o valor de 4,21 ± 0,9 cm com o uso de 175,28 mM de sacarose, quando avaliaram seis concentrações (0; 14,56; 29,11; 58,43; 87,64 e 175,28 mM). No presente estudo, os resultados para crescimento da parte aérea foram inferiores aos reportados por Sorace et al. (2008), para Oncidium baueri Lindl. que observaram que a concentração de 116,85 mM de sacarose foi a mais eficiente para o comprimento da parte aérea atingindo em média 4,95 cm, enquanto que, com o uso da maior concentração de sacarose (175,28 mM) ocorreu o menor crescimento da parte aérea (2,94 cm). Em relação ao comprimento das raízes de E. alboxanthina, para a menor concentração da fonte de carbono usada (43,82 mM), a maior média observada (20,56 mm), foi obtida com o uso da sacarose, enquanto que na maior concentração proposta (87,64 mM), além da sacarose (24,96 mm), a maltose (23,48 mm) promoveu a segunda maior média (Tabela 6). Moreira et al. (2007), em estudos com híbridos de Laelia purpurata Lindl. var venosa x Cattleya warneri T. Moore alba, encontraram resultados inferiores aos obtidos no presente estudo, onde observaram um maior comprimento da raiz (1,51 cm), foi obtido com o uso de 58,43 mM de sacarose quando avaliados a sacarose e frutose em diferentes concentrações (29,21; 43,82; 58,43; 73,03 mM e 5,26; 10,52; 13,15 mM), respectivamente. Rego-Oliveira et al. (2003), também reportaram resultados superiores para Oncidium varicosum Lindl. Segundo os autores as maiores médias observadas para o comprimento das raízes (6,56 cm), foram obtidos com o uso de 175,28 mM de sacarose. De modo geral as médias observadas para a sacarose nas duas concentrações não foram significativamente diferentes quando comparadas à maltose, exceto para a matéria seca da raiz na maior concentração (87,64 mM) e para o comprimento da raiz na concentração de 43,82 mM, para as quais a sacarose proporcionou um melhor desempenho do que a maltose (Tabela 6). 4.2.3 Efeito do carvão ativado no crescimento in vitro de E. alboxanthina A presença do carvão ativado interferiu de forma altamente significativa (p ≤ 0,01) nas variáveis números de raízes e comprimento da parte aérea (mm). Já para as variáveis matéria seca da parte aérea (mg), matéria seca das raízes (mg) e o comprimento das raízes (mm) não foram influenciadas pela presença de carvão ativado (Tabela 7). Tabela 7: Resumo da análise de variância para MAS- matéria seca da parte aérea (mg), MSR- matéria seca das raízes (mg), NR- número de raízes, CPA- comprimento da parte aérea (mm), e CRcomprimento das raízes (mm) de plantas de E. alboxanthina, em função das concentrações de carvão ativado (0 e 2gL-1) no meio de cultura. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. FV GL Quadrados Médios MSA MSR NR CPA CR Carvão ativado 1 0,36ns 3,69ns 1,29** 0,75** 0,45 ns Resíduo 38 0,34 1,59 0,12 0,09 0,12 31,19 32,75 18,79 32,24 15,91 CV (%) ns ** ,*, . Significativo ao nível de 1% de probabilidade, significativo ao nível de 5% de probabilidade, não significativo pelo teste F, respectivamente. Em relação a matéria seca da parte aérea, na presença do carvão ativado (2 gL-1), foi verificado uma média (1,77 mg), 0,19 mg à menos que o peso obtido para plantas que foram cultivadas em meio na ausência do carvão ativado (1,96 mg). No entanto, as médias não foram estatisticamente diferentes entre se (Tabela 8). Para a matéria seca da raiz de E. alboxanthina, verificou-se maior valor (4,16 mg) na ausência do carvão ativado. Todavia não diferente estatisticamente do valor observado na presença do carvão ativado (3,55 mg) (Tabela 8). Em relação ao número de raízes formadas, a presença do carvão ativado na concentração de 2 gL-1, reduziu a emissão à 1,68 raízes/planta, valor significativamente inferior aquele obtido em meio de cultura sem a adição de carvão ativado (2,04 raízes/planta) (Tabela 8). Esses resultados estão de acordo com aqueles encontrados por Ventura (2007), para Cattleya amethystoglossa Lindl. & Rchb.f. onde verificaram que a maior emissão de raízes (2,5 raízes/planta) foi obtida no meio sem carvão ativado quando comparado ao uso do carvão ativado nas concentrações de 1; 2; 3; e 4 gL-1. Corroboram também com os resultados obtidos por Muller et al. (2007), para a espécie Miltonia flavescens Lindl., em que segundo os autores, o carvão ativado não influênciou na emissão de raízes em qualquer uma das concentrações testadas. Entretanto, Araújo (2004), trabalhando com Laelia tenebrosa Rolf. verificou que a emissão de raízes foi proporcional ao aumento da concentração de carvão ativado (0; 1; 2; 3 e 4 gL-1), o que não foi evidenciado nos resultados aqui obtidos referentes a E. alboxanthina, no qual a ausência do carvão propiciou maior emissão de raízes por planta. Para o comprimento da parte aérea, na presença do carvão ativado (2 gL-1) verificou-se uma média de 8,02 mm, enquanto que na ausência do carvão ativado foi observado valor significativamente superior de 10,76 mm para esta variável (Tabela 8). Esses resultados condizem com aqueles encontrados por Ventura (2007), para Cattleya amethystoglossa Lindl. & Rchb.f. que reportou um maior comprimento da parte aérea (7,8 mm) no meio sem carvão ativado. Muller et al. (2007), trabalhando com Miltonia flavescens Lindl. verificaram que o uso de carvão ativado em qualquer uma das concentrações usadas (1,5 ou 3,0 gL-1), não influênciou no comprimento da parte aérea. Entretanto, os resultados aqui reportados referentes a E. alboxanthina demonstram que a ação do carvão ativado não é positiva quanto ao comprimento da parte aérea. Tabela 8 – Valores médios para matéria seca da parte aérea, matéria seca das raízes, número de raízes, comprimento da parte aérea, comprimento das raízes de plantas de E. alboxanthina em função da presença de carvão ativado na concentração de 2 gL-1. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Carvão (gL-1) Matéria seca da parte aérea (mg) Matéria seca das raízes (mg) Número de raízes Comprimento parte aérea (mm) Comprimento raiz (mm) 0,0 1,96 a z 4,16 a 2,04 a 10,76 a 22,88 a 2,0 1,77 a 3,55 a 1,68 b 8,02 b 20,74 a z – Médias seguidas pela mesma letra minúscula em cada coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. Com relação ao comprimento das raízes de E. alboxanthina não foi observado diferença entre os tratamentos com ou sem carvão ativado (Tabela 8). Estes resultados estão de acordo com aqueles obtidos por Muller et al. (2007), para a espécie Miltonia flavescens Lindl. em que verificaram que o carvão ativado na concentração de 1,5 ou 3,0 gL-1 não influênciou no comprimento das raízes. Entretanto, os resultados obtidos discordam das observações feitas por Araújo (2004), para Laelia tenebrosa Rolf. no qual reportaram um efeito estimulante do carvão ativado sob o comprimento das raízes com a utilização de concentrações superiores a 4 gL-1. No mesmo contexto Ventura (2007), trabalhando com Cattleya amethystoglossa Lindl. & Rchb.f. observou uma redução do crescimento das raízes proporcionalmente a adição de carvão ativado no meio de cultura. Diante dos resultados infere-se que concentrações de carvão ativado menores que 2 -1 gL podem ser testadas na tentativa de obter-se melhores respostas pela espécie E. alboxanthina, já que na concentração de carvão usada a espécie não teve desenvolvimento vegetativo satisfatório. 4.3 MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE E. ALBOXANTHINA 4.3.1 Efeito de diferentes concentrações de BAP e ANA na micropropagação de E. alboxanthina Observou-se efeito altamente significativo (p ≤ 0,01) para a interação “ BAP x ANA” nas variáveis NB- números de brotos e EFB- explantes que formaram brotos (%) e para a variável CMB- comprimento médio dos brotos (mm) foi observado efeito isolado altamente significativo (p ≤ 0,01) do BAP (Tabela 9). Tabela 9: Resumo da análise de variância para NB- número de brotos, CMB- comprimento médio dos brotos (mm), e EFB- explantes que formaram brotos (%) de E. alboxanthina em função de diferentes concentrações de BAP e ANA. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. FV GL Quadrados Médios NB AMB z EFB y BAP 4 4,95** 0,10** 24,99** ANA 3 1,62** 0,01ns 8,39* BAP x ANA 12 3,06** 0,0 ns 15,40** Resíduo 80 0,30 0,01 2,35 29,13 9,07 39,52 CV (%) z Dados transformados em (x+1)0,5 . y Médias transformadas em arco seno. ** ,*, ns. Significativo ao nível de 1% de probabilidade, significativo ao nível de 5% de probabilidade, não significativo pelo teste F, respectivamente. A maior regeneração de brotos pela espécie E. alboxanthina foi observada no tratamento 17,60 µM de BAP combinado com 0,2685 µM de ANA (3,44 brotos/planta) (Figuras 7 e 8). Os resultados obtidos neste experimento estão de acordo com os reportados por Araújo (2004), para o híbrido Bc Pastoral x Lc Amber Glow, que verificou a produção de 3,4 brotos/planta utilizando a concentração de 17,60 µM de BAP. Número de brotos y= ns Figura 7: NB- Números de brotos obtidos a partir de plantas de E. alboxanthina, inoculados em meio de cultura WPM suplementado com diferentes concentrações de BAP e ANA. b 1 a b a Figura 8: 2 c Aspecto da multiplicação in vitro e da comprimento dos brotos de E. alboxanthina formados a partir de plântulas germinadas in vitro com 12 meses de idade. (1) Brotos oriundos do meio WPM com 17,60 µM de BAP com 0,2685 µM de ANA com comprimento de 0,2 mm (1-a) e 0,3 mm (1-b). (2) Brotação induzida com o uso de 17,60 µM de BAP na ausência de ANA com comprimento de 0,1 mm (2-a); 0,2 mm (2-b) e 0,4 mm (2-c). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Fonte: o autor. Na ausência de BAP verificou-se menor produção de brotos em todas as concentrações de ANA testadas. Resultados diferentes foram reportados para outras espécies de orquídeas, como o híbrido Bc Pastoral x Lc Amber Glow (SILVA, 2003) e Phaleanopsis amabilis (L.) (SAIURY, 2006), quando foram verificados a maior produção de brotos com o uso de 0,537 e 26,85 µM de ANA, respectivamente, na ausência de BAP. No entanto, estes autores verificaram que com o aumento das concentrações de ANA houve um decréscimo na produção de brotos. A análise de regressão mostrou que na presença de 0,2685 µM de ANA existe uma tendência ao aumento no número de brotos formados com a utilização de concentrações de BAP maiores que 17,60 µM. Observou-se também que quanto menor a concentração de ANA e maior a concentração de BAP, maior a produção de brotos (Figuras 7 e 8). O balanço entre as citocininas e auxinas são importantes para desencadear processos organogênicos em diversas espécies (COSTA, 2009). As citocininas são utilizadas para quebrar a dominância apical aumentando assim a taxa de multiplicação através do crescimento de meristemas laterais, enquanto as auxinas, apesar de não promoverem a proliferação de brotos laterais, podem incrementar o crescimento da cultura (ERIG et al., 2002). Segundo estes autores uma das possíveis ações da auxina no meio de multiplicação seria a anulação do efeito supressivo das altas concentrações de citocinina sobre a elongação das brotações axilares, restaurando o crescimento normal das mesmas. Em relação ao comprimento médio dos brotos de E. alboxanthina, os dados ajustaramse ao modelo matemático linear, apresentando a maior comprimento (1,26 mm), quando utilizou-se 17,60 µM de BAP no meio de cultura WPM na ausência de ANA. Já a menor média alcançada (1,08 mm) ocorreu na concentração de 2,2 µM de BAP sem a presença de ANA (Figuras 8 e 9). Estes resultados são inferiores aos reportados por Araújo (2004) que trabalhou com o híbrido Bc Pastoral x Lc Amber Glow, quando verificou o maior comprimento médio (4,7 cm) quando se utilizou 17,60 µM de BAP na ausência de ANA. Assim pode-se sugerir que nas concentrações mais baixas de BAP a diferenciação e morfogênese da parte aérea é pouco induzida. Comprimento médio dos brotos (mm) 1,30 1,25 1,20 1,15 1,10 1,05 0 5 10 BAP (µM) 15 20 ANA (0,0 µM) y = 0,0099x + 1,0768 R2 = 91,18% ** Figura 9: Comprimento médio dos brotos (mm) obtidos a partir de plantas de E. alboxanthina, inoculados em meio de cultura WPM suplementado com diferentes concentrações de BAP. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Observações realizadas por George (1993), reportam que existe uma relação entre o número e comprimento dos brotos, e quanto maior for o número de brotos menor será o comprimento dos mesmos. No entanto, os resultados com E. alboxanthina indeicam que a comprimento dos brotos é diretamente proporcional ao aumento da concentração de BAP e que, provavelmente, este crescimento pode continuar com concentrações mais elevadas de BAP na ausência de ANA já que a linha de tendência mostra-se crescente (Figura 9). Os resultados encontrados para a comprimento médio dos brotos corroboram observações feitas por Grattapaglia & Machado (1998), sobre a influência direta das citocininas no crescimento da planta. No entanto, eles relatam também que um balanço hormonal poderia produzir uma melhor resposta para o crescimento de plantas, o que não foi observado neste trabalho para E. alboxanthina. Torres et al. (1998), relatam que o uso de citocininas estimula o crescimento da parte aérea, porém o contrário é obtido com a utilização de concentrações mais elevadas. Outros autores citam que o aumento da concentração de citocininas no meio de cultura pode levar a diminuição do comprimento dos brotos (GRATTAPLAGIA & MACHADO, 1998; ERIG et al., 2002; NICIOLI et al., 2008; PASQUAL, 2008). De acordo com Peres et al. (1997), existem níveis endógenos de citocininas nos tecidos vegetais e este fato dificulta o estabelecimento de dosagens “ótimas” para crescimento das plantas cultivadas in vitro, pois estes níveis endógenos não podem ser mensurados durante a inserção de reguladores vegetais exógenos no meio de cultura. Com relação ao percentual de explantes que formaram brotos, a análise de regressão mostra tendência quadrática crescente em função das concentrações de BAP utilizadas,na presença de 0,26 µM de ANA . Todavia, na presença de 0,53 µM de ANA, observou-se tendência quadrática decrescente em função das concentrações de BAP utilizadas (Figura 10). Esses resultados diferem aos reportados por Janarthanam & Seshadri (2008) para Vanilla planifolia Andr., no qual observaram que o uso de 13,32 µM de BAP combinado com 13,43 µM de ANA levaram 70% dos explantes a formarem brotos. Os resultados aqui encontrados para porcentagem de explantes que formaram brotos são diferentes daqueles reportados para Miltonia flavescens Lindl. por Stefanello et al. (2009), que observaram que 47,94% dos explantes formaram protocormos com o uso de 13,59 µM de 2,4-D e 4,44 µM de BAP após 360 dias. Já Zhao et al. (2008), reportaram resultados superiores para Dendrobium candidum Wall. ex Lindl. em relação aos encontrados neste estudo, quando verificaram que 82% dos explantes de folhas formaram brotos quando se usou a concentração de 8,8 µM de BAP. Vários fatores podem influenciar a multiplicação de plantas, tais como, a idade, o tipo e o tamanho do explante usado, podem ter influência direta sob a capacidade organogênica das plantas (SOUZA et al., 2006). Neste experimento com E. alboxanthina utilizou-se como explante plantas com 12 meses de idade, sendo assim, dois fatores podem ser levados em consideração quanto a capacidade organogênica: a idade e o tipo do explante usado. No entanto, apesar da possível influência de diversos fatores sob a capacidade organogênica destes, ao analisar-se as figuras 7, 9 e 10, infere-se que concentrações de BAP mais elevadas que 17,60 µM combinadas com 0,26 µM de ANA, podem resultar em maiores taxas de multiplicação para esta espécie. 60,00 Explantes responsivos (%) 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 0 2 -10,00 4 6 8 10 12 14 16 18 20 BAP (µM) ANA (0,0 µm) ANA (0,2685 µM) ANA (0,537 µM) y = 0,1911x2 - 0,9476x + 5,8923 y = -0,34x2 + 7,0803x - 1,0738 R² = 97,42 % ** R² = 70,16 % ** ANA (1,074 µM) Figura 10: Percentagem de explantes que formaram brotos de E. alboxanthina, inoculados em meio de cultura WPM suplementado com diferentes concentrações de BAP e ANA (µM). Observou-se um escurecimento do meio de cultura quando este foi suplementado com concentrações de BAP superiores a 4,4 µM, independente da presença de ANA. No entanto, visivelmente, este escurecimento parece não ter afetado a produção de brotos e o índice de sobrevivência (Figura 11). Também verificou-se necrose nos tecidos do explante, como geralmente ocorre em cultura com oxidação. A B C Figura 11:Plantas de E. alboxanthina com 12 meses de idade. Aspecto do meio de cultura durante a multiplicação. Meio sem oxidação (A); meio com oxidação (B e C). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Barra: 10 mm. Fonte: o autor. Minamiguchi & Machado Neto (2007), trabalhando com Phalaenopsis, observaram que em concentrações de 8,88 µM de BAP combinadas com zero, 0,1 e 0,2mg L-1 de ANA, a taxa de fenolização de explantes foi alta e que na concentração de 4,44 µM de BAP na ausência de ANA foi registrada a menor taxa de fenolização. Esses mesmos autores relatam que o maior índice de sobrevivência das plantas ocorreu com 4,44 µM de BAP justamente quando foi observada a menor taxa de fenolização, o que permitiu inferir que a ocorrência da liberação de fenóis prejudicou a sobrevivência dos explantes. Além disso, eles relatam que os reguladores vegetais em doses elevadas podem induzir a toxidez, como ocorreu no estudo com Phalaenopsis, em que apesar dos brotos serem formados, a necrose nos tecidos do explante decorridas da fenolização causou subsequente morte dos mesmos. Tendo em vista os resultados obtidos neste experimento, pode-se inferir que a concentração de 17,76 µM de BAP tanto na ausência quando combinado com 0,2685 µM de ANA podem ser usados na multiplicação in vitro de plantas de E. alboxanthina. No entanto, é importante evidenciar que o aumento da concentração de BAP para maior produção de brotos deve estar associada a concentração de 0,2685 µM de ANA, já que a linha de tendência para estas concentrações é crescente e o valor do R2 revela uma correlação de quase 100% entre os valores estimados e os dados reais (Figura 7). 4.3.2 Efeito de diferentes tipos de explantes na multiplicação in vitro de E. alboxanthina Observou-se efeito altamente significativo (p ≤ 0,01) para a interação “explante x combinação de BAP e ANA” para todas as variáveis analisadas (Tabela 10). Tabela 10: Resumo da análise de variância para NB- número de brotos, CMB- comprimento médio dos brotos (mm), MSB- matéria seca dos brotos (mg) e EFB- explantes que formam brotos (%) de E. alboxanthina em função dos tipos de explantes. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. FV Quadrados Médios z GL NB CMB MSB EFB Explante (E) 2 1,55** 0,25** 25,36** 94,66** Combinação BAP e ANA (C) 3 0,23** 0,01* 4,58** 6,65** ExC 6 0,23** 0,01** 4,58** 6,65** Resíduo 48 0,00 0,00 0,09 0,42 6,89 4,93 18,91 29,00 CV (%) z Dados transformados em (x+1)0,5 n.s. ** ,*, ns. Significativo ao nível de 1% de probabilidade, significativo ao nível de 5% de probabilidade, não significativo pelo teste F, respectivamente. A base caulinar foi o único explante que promoveu capacidade organogênica para a formação de brotos nas três combinações de BAP x ANA pré-estabelecidas. Os outros explantes usados (planta, protocormo e folha) não apresentaram capacidade organogênica após 90 dias em nenhuma das condições de cultura testadas, indicando que a utilização desses explantes são inviáveis para a multiplicação desta espécie nessas condições (Tabela 11). Para o número de brotos obtidos através da base caulinar, a maior média observada (1,92 brotos) foi quando utilizou-se a combinação de 17,60 µM de BAP com 0,0 µM de ANA, mas este valor não diferiu significativamente da combinação de 8,8 µM de BAP com 0,573 µM de ANA (1,87 brotos) (Tabela11). Resultados diferentes foram verificados para outras espécies de orquídeas, como para híbridos de Cattleya mesquitae LC. Menezes, (RAMOS & CARNEIRO, 2007), e Coelogyne stricta (D. Don) Schltr. (BASKER & BAI, 2006), na multiplicação pela base caulinar, no qual reportaram a maior produção de brotos (4,3 brotos/planta), com o uso de 2,22 µM de BAP na ausência de ANA e 6,4 brotos/planta com o uso de 5,37 µM de ANA combinado com 8,88 µM de BAP, respectivamente. Em estudos com hastes florais de Phalaenopsis, Kosir et al. (2004), verificaram que o uso da concentração de 8,88 µM de BAP combinado com 2,68 µM de ANA, produziram a maior brotação (8,35 brotos/planta), quando comparadas ao uso das concentrações 19,58 µM de BAP com 5,37 µM de ANA e 8,88 µM de BAP na ausência de ANA. Diferentes efeitos de reguladores vegetais podem ocorrer entre as espécies, inclusive para os cultivares dentro da mesma espécie (GIATTI & LIMA, 2007). Estes mesmos autores obtiveram resultados diferentes aos reportados neste estudo, quando verificaram a produção de 254 brotos depois de 184 dias com o uso de meio líquido suplementado com 1,5 mL de água de coco, 0,537 µM de ANA e 4,44 µM de BAP, através de gemas laterais para o híbrido Bc owen HOLMES ponkan x Brassavola digbiana nº 2. Neste trabalho com E. alboxanthina, os resultados encontrados no item 4.3.1 para a formação de brotos revelam uma produção de 3,47 brotos/planta quando utilizou-se 17,60 µM de BAP na ausência de ANA (Figura 7). Para este experimento com tipos de explante, a maior produção de brotos (1,92 brotos/planta) ocorreu na mesma concentração de BAP (17,60 µM), na ausência de ANA usada anteriormente. No entanto, a fonte de explante não apresentou grande eficiência para a formação de brotos nesta situação (Tabela 11). Estes resultados foram diferentes aos reportados por Nascimento (2006), que verificaram a produção de 2,38 brotos/planta para segmentos internodais de híbridos de Brassavola flagellaris Barb. Rodr. x Cattleya harrisoniana f. alba. Beer com o uso de 17,60 µM de BAP. Tabela 11 – Valores médios para número de brotos (NB), comprimento médio dos brotos (AMB), matéria seca dos brotos (MSB) e explantes que formam brotos (EFB) de E. alboxanthina em função de diferentes fontes de explantes: planta (PL), protocormo (PR), base caulinar (BC) e folha (F). UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Explantes BAP 0,0 ANA 0,0 (µM) NB BAP 8,88 ANA 0,573 (µM) BAP 17,60 ANA 0,0 (µM) AMB (mm) MSB (mg) EFB (%) NB AMB (mm) MSB (mg) EFB (%) NB AMB (mm) MSB (mg) EFB (%) PL 0,00 b zA y 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA PR 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA BC 1,14 aB 1,03 aB 1,40 aC 24,48 aC 1,87 aA 1,32 aA 4,43 aB 51,50 aB 1,92 aA 1,31 aA 4,95 aA 55,21 aA F 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA 0,00 bA z – Médias seguidas pela mesma letra minúscula em cada coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. y – Médias seguidas pela mesma letra maiúscula em cada linha, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. Deve-se evidenciar que as concentrações utilizadas para este experimento foram estabelecidas com resultados parciais do item 4.3.1. Provavelmente a base caulinar usada neste experimento (4.3.2), associado com a concentração de 17,60 µM de BAP combinada com 0,2685 µM de ANA estabelecida ao final do experimento do item 4.3.1, poderia apresentar maior número de brotações já que uma linha de tendência crescente foi observado para tal experimento do item 4.3.1 (Figura 7). Na organogênese, os tecidos em geral, possuem a capacidade de responder a estímulos químicos, sendo denominados como competentes. No entanto, pode ocorrer uma falha desse mecanismo fazendo com que a resposta esperada para determinado tecido em formar órgãos não aconteça, e mesmo administrando concentrações elevadas de reguladores exógenos não é possível prover a formação de órgãos (PERES, 2002). Outro fator que pode ter influenciado durante a multiplicação foi a idade dos explantes, no 1° experimento do item 4.3.1 as plantas tinham 12 meses já neste experimento (4.3.2) as plantas tinham 24 meses de idade. Todavia, os protocormos que possuíam 1 mês de idade não se desenvolveram na presença dos reguladores vegetais. Souza et al. (2007) relatam que o tamanho do explante pode ser um fator determinante no processo de desenvolvimento in vitro, pois é ele que vai determinar a possibilidade de sobrevivência e a capacidade de crescimento e regeneração da planta. Os resultados encontrados neste estudo indicam que protocormos com cerca de 0,1 a 0,2 cm foram usados como explante e não promoveram crescimento e/ou brotações nas condições determinadas. Em relação a comprimento médio dos brotos para E. alboxanthina, o uso de 8,8 µM de BAP combinado com 0,573 µM de ANA obteve a maior média (1,32 mm). No entanto, para a concentração mais alta usada (17,60 µM de BAP na ausência de ANA) não foi observada diferença significativa (Tabela 11). As maiores médias para a matéria seca dos brotos (4,43 e 4,95 mg), foram observadas respectivamente, nas combinações de 8,8 µM de BAP com 0,573 µM de ANA e 17,60 µM de BAP na ausência de ANA. Porém, a maior concentração de BAP testada proporcionou uma maior incorporação de biomassa, diferindo significativamente das outras combinações (sem BAP e ANA, e com 8,8 µM de BAP combinado com 0,573 µM de ANA) (Tabela 11). Em relação ao percentual de explantes que formaram brotos a maior média foi observada (55,21%) na presença de 17,60 µM de BAP na ausência de ANA, diferindo significativamente dos outros meios testados, sem o uso do regulador e suplementado com 8,8 µM de BAP combinado com 0,573 µM de ANA (Tabela 11). Esses resultados são diferentes daqueles reportados por Stefanello et al. (2009), quando trabalharam com ápices radiculares e segmentos foliares de Miltonia flavescens Lindl. e obtiveram um percentual de responsividade de 47,94% para ápices radiculares usando as concentrações de 13,59 µM de 2,4-D combinado com 0 ou 4,44 µM de BAP, e, de 24% para segmentos foliares na ausência dos reguladores ou usando as concentrações de 13,59 µM de 2,4-D combinado com 4,44 ou 13,32 µM de BAP. Giatti & Lima (2007), também reportaram resultados diferentes àqueles aqui obtidos em relação ao percentual de responsividade na regeneração de gemas laterais do híbrido Bc owen HOLMES ponkan x Brassavola digbiana nº 2. Estes autores obtiveram com o uso de 4,44 µM de BAP, 23% de responsividade após 93 dias de cultivo, e ao final dos 153 dias a responsividade aumentou para 37%. Os resultados encontrados neste estudo com E. alboxanthina foram diferentes dos reportados por Nascimento (2006), para híbridos de Brassavola flagellaris Barb. Rodr. x Cattleya harrisoniana f. alba Beer, os quais verificaram a responsividade de 92% para os segmentos internodais com o uso de 17,60 µM de BAP. Desse modo, os resultados obtidos neste experimento indicam que é necessário testar outras fontes de explante, citocininas, ou até mesmo concentrações maiores de BAP para obter-se melhores resultados quanto à expressividade das respostas organogênicas em E. alboxanthina. 4.4 EFEITO DA VENTILAÇÃO IN VITRO E DA CONCENTRAÇÃO DE SACAROSE NA PRÉ-ACLIMATIZAÇÃO E DO SUBSTRATO E DA ADUBAÇÃO NA ACLIMATIZAÇÃO DE E. ALBOXANTHINA Observou-se efeito altamente significativo (p ≤ 0,01) da interação “vedação x concentração de sacarose” para a variável redução do peso fresco entre 30 e 60 minutos, e total (Tabela 12). Tabela 12 – Resumo da análise de variância para redução de peso fresco (%) até 30 minutos, (%) entre 30 e 60 minutos, e (%) redução total após 60 minutos da exposição às condições ambientais, em função do tipo de vedação (V) e da concentração de sacarose (S) utilizada. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. FV Quadrados Médiosz GL Até 30 minutos entre 30 e 60 minutos total após 60 minutos V 1 12,05 ns 34,04** 36,63** S 1 9,6 ns 1,24 ns 10,36 ns VxS 1 12,90ns 34,78** 48,13** Resíduo 36 3,22 3,48 2,77 2,53 13,31 2,54 CV (%) z Médias originais. ** ,*, ns. Significativo ao nível de 1% de probabilidade, significativo ao nível de 5% de probabilidade, não significativo pelo teste F, respectivamente. Após 30 minutos de exposição ao ambiente ocorreu a maior redução de peso fresco em todos os tratamentos avaliados (Tabela 13). Entre 30 e 60 minutos de exposição às condições ambientais, foi observado em média uma redução de mais 7,08% em relação ao peso inicial para plantas provenientes de tubos vedados com PVC, enquanto que para plantas provenientes de tubos vedados com algodão essa redução foi de 5,78% em relação ao peso inicial (Tabela 13). A avaliação da redução total de peso fresco após 60 minutos de exposição ao ambiente revelou que plantas provenientes de tubos fechados com algodão (16,47%) perderam apenas 1,09% menos água por transpiração do que plantas provenientes de tubos fechados com PVC (17,56%) (Tabela 13). Tabela 13 – Valores médios para redução de peso fresco (%) até 30 minutos, (%) entre 30 e 60 minutos, e (%) redução total após 60 minutos da exposição às condições ambientais, em função do tipo de vedação (V) e concentração de sacarose (0 e 30 gL-1) utilizada. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Até 30 minutos z Conc. Sacarose PVC entre 30 e 60 minutos z total z após 60 minutos Algodão PVC Algodão PVC Algodão 0g 12,71 a yAx 10,35 aB 8,03 aA 4,97 aB 20,74 aA 15,32 aB 30g 10,26 bA 11,03 aA 6,13 bA 6,60 aA 14,38 bA 17,63 aA 11,48 A 10,69 A 7,08 A 5,78 B 17,56 A 16,47 B Média z Médias originais. A estatística foi realizada com médias transformadas em arco seno. y – Médias seguidas pela mesma letra minúscula em cada coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. x – Médias seguidas pela mesma letra maiúscula em cada linha, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. Estes resultados são inferiores aos encontrados nas avaliações realizadas por Bellintani (2006), que trabalhou com Orthophytum mucugense Wand. & Conceição obtendo entre 30 e 60 minutos de exposição às condições ambientais, a redução do peso fresco em relação ao peso inicial para tubos vedados com PVC de mais 7,2%, enquanto que para os tubos vedados com algodão essa redução foi de apenas 3,4%. Já para a redução do peso fresco após 60 minutos de exposição ao ambiente, este autor verificou que para tubos vedados com algodão (10,9%) a redução do peso fresco foi de aproximadamente 50% menor que para os tubos vedados com PVC (20,2%). Na ausência de sacarose as plantas cultivadas em tubos tampados com algodão desenvolveram maior capacidade de resistir à perda de água do que plantas cultivadas em tubos fechados com PVC. Já na presença de 30 gL-1 de sacarose não foi observado diferença entre as plantas cultivadas em tubos fechados com PVC e plantas cultivadas em tubos fechados com algodão (Tabela 13). Observações feitas por Bellintani (2006), para Orthophytum mucugense Wand. & Conceição reporta que adaptações na folha contra a perda de água por transpiração foram desenvolvidas durante a pré-aclimatização in vitro, inferindo que o deficit hídrico diminuiu durante a fase de aclimatização das mudas em casa de vegetação. Segundo Ribeiro et al. (2007), a concentração de sacarose influencia diretamente no desenvolvimento das folhas. Para George e Sherrington (1994), os níveis de sacarose a 30 gL1 podem inibir a síntese de clorofila. Kozai (1991), acreditam que na presença do açúcar as plantas não desenvolvam a capacidade fotoautotrófica podendo causar crescimento reduzido in vitro e morte de mudas durante a fase de aclimatização. Skrebsky et al. (2004), relatam que o pré-condicionamento com altas concentrações de sacarose aumentaria as reservas de carboidratos armazenados pelas folhas, aumentando assim, a energia disponível para as plantas durante o processo de aclimatização. Por outro lado, com a concentração zero de sacarose as plantas seriam obrigadas a realizar fotossíntese proporcionando o cultivo fotoautotrófico. É possível inferir que o resultado das duas metodologias usadas ao final da préaclimatização não causaram diferenças significativas em relação a perda de água por em mudas de E. alboxanthina. Observações feitas por Grattapaglia & Machado (1998) citam que vários fatores são limitantes para a sobrevivência das plantas durante a aclimatização. Estes fatores tornam a passagem da planta de um meio heterotrófico para outro autotrófico, uma fase decisiva para o sucesso da cultura de tecidos vegetais. Isto sugere avaliar a exigência particular de cada espécie, afim de encontrar uma metodologia mais adequada a ser aplicada para a espécie em estudo. Na aclimatização não foram observadas diferenças na sobrevivência de mudas préaclimatizadas em diferentes concentrações de sacarose e em tubos fechados com algodão ou PVC. Por isso os resultados foram agrupados considerando apenas os tratamentos realizados na aclimatização. As mudas foram transferidas diretamente para casa de vegetação ou passaram por uma fase de 30 dias em sala de crescimento antes da transferência. As análises realizadas após 60 dias de aclimatização das mudas de E. alboxanthina, possibilitaram observar que a manutenção das plântulas durante os primeiros 30 dias na sala de crescimento reforçou o índice de sobrevivência das mudas. Em média 76,57% das plântulas mantidas durante 30 dias em sala de crescimento sobreviveram na fase de aclimatização, e, somente, 56,25% das plântulas que foram transferidas diretamente para a casa de vegetação (Tabela 14). Ainda de maneira geral, os maiores níveis médios de sobrevivência (69,79%) foram alcançados por plantas cultivadas em gravilhão + isopor sem adubação (Tabela 14 e Figura 12). Entre todos os tratamentos avaliados, o melhor percentual de sobrevivência (83,34%) após 90 dias foi observado para as mudas cultivadas em gravilhão + pérolas de isopor, sem adubação, que passaram por fase intermediária em sala de crescimento. Os resultados mostram ainda que houve um grande decréscimo na sobrevivência das mudas entre 30 e 90 dias de aclimatização, o que indica que 60 dias não são suficientes para a aclimatização das mudas (Tabela 14 e Figura 12). Tabela 14 – Valores percentuais (%) da sobrevivência das mudas de E. alboxanthina 30, 60 e 90 dias de acordo com o substrato (gravilhão + fibra de coco ou gravilhão + pérolas de isopor), adubação com solução WPM 20% e local de aclimatização, após a pré-aclimatização in vitro. UEFS, Feira de Santana-Ba, 2009. Local de aclimatização Gravilhão + coco S/ adubação C/ adubação Gravilhão + isopor S/ adubação Média C/ adubação 30 dias Casa de vegetação (CV) 91,67 85,42 97,92 81,25 89,07 Sala de crescimento (SC) 97,92 93,75 100,00 100,00 97,92 Média 94,79 89,58 98,96 90,62 93,49 60 dias CV 58,33 50,00 70,83 45,83 56,25 CV + SC 75,00 72,92 89,60 68,75 76,57 Média 66,66 61,46 80,21 57,29 66,41 90 dias CV 37,50 27,08 56,25 18,74 34,89 CV + SC 62,50 58,37 83,34 52,08 64,07 Média 50,00 42,72 69,79 35,41 49,48 Todo substrato usado para a aclimatização deve apresentar algumas propriedades, como capacidade de reter a umidade durante algum tempo sem ficar encharcado, possibilitar a fixação da planta sem agredir as raízes, ser de fácil uso e de longa duração, proporcionar boa aeração e apresentar o pH ligeiramente ácido, pois a eficácia da absorção do adubo vai depender da acidez do substrato (KAMPF, 2007; WEDLING et al., 2002). C A B E D F G Figura 12: Aspecto da aclimatização de E. alboxanthina após 90 dias de adaptação em casa de vegetação, de plantas germinadas in vitro com 30 meses de idade regadas com água. Bandejas vista de cima (A e B); Bandejas com vista aproximada (C, D, E, F e G). Barra: 1 cm. Fonte: o autor. O uso do isopor em cultivo de orquídeas vem se tornando freqüente, principalmente quando combinado com pedra britada ou gravilhão, pois além de deixar os vasos mais leves, proporciona uma boa aeração, retém pouca umidade o que evita a disseminação de patógenos nas raízes. Além de ser um material inerte que sofre pouca ou nenhuma variação, possui um pH levemente ácido o que é favorável ao crescimento das raízes, e por ser poroso ajuda a manter a disponibilidade dos nutrientes usados na adubação (GRUSZYNSKI, 2002). Em contrapartida, o gravilhão sofre pouca ou nenhuma alteração no pH podendo manter a planta por mais tempo em um mesmo ambiente sem que haja a necessidade do estressante transplantio (RODRIGUES, 2003). É recomendado para o cultivo de Cattleya nobilior Rchb.f., Rodriguezia sp. Rchb.f., e principalmente, para espécies rupícolas que não precisam de muita água, como é o caso da E. alboxanthina usada neste estudo (ARAÚJO, 2004). 5 CONCLUSÃO Os resultados obtidos nas diferentes etapas desse estudo relacionados à germinação, crescimento e propagação in vitro, bem como, a taxa de sobrevivência em viveiro durante a aclimatização de plantas de E. alboxanthina Fowlie permitem as seguintes conclusões: a) A germinação assimbiótica in vitro de E. alboxanthina deve ser realizada em meio de cultura MS/2 ou KC esterilizado fisicamente sem adição de carvão ativado; b) O crescimento in vitro de E. alboxanthina deve ser feito em meio de cultura WPM ou MS/4 suplementado com sacarose (43,82mM), sem adição do carvão ativado e esterilizado fisicamente; c) Para a multiplicação in vitro de E. alboxanthina deve ser usado o meio de cultura WPM suplementado com BAP (17,60µM) na ausência ou combinado com ANA (0,2685) sem adição de carvão ativado e esterilizado fisicamente utilizando como fonte de explante a base caulinar; d) A pré-aclimatização das mudas de E. alboxanthina deve ser realizado na sala de crescimento e na aclimatização deve-se utilizar como substrato o gravilhão combinado com pérolas de isopor (1:1), sem necessidade de adubação; e) Na multiplicação de E. alboxanthina recomenda-se novos estudos para avaliar fontes de explantes e reguladores de crescimento, bem como, avaliar a concentração de sacarose e a aeração dos tubos na etapa de pré-aclimatização. 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