Escola modernista carioca

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DEPARTAMENTO DE TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA - THA
DISCIPLINA ARQ&URB NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
PROFª DRª. ANA PAULA GURGEL
Escola modernista carioca
Entre o racionalismo e a cultura brasileira
Sumário
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Contextualização
A escola carioca
Le Corbusier e o edifício do MES
Lucio Costa
Oscar Niemayer
Referências
1. Contextualização
Contextualização
1914 -18
1ª Guerra
Mundial
1922
Semana
de Arte
Moderna
1928
Villa
Savoye, de
Le
Corbusier
1930
Revolução
de 30
Lucio Costa
assume a
Escola de
Belas Artes
do RJ
1917
1929
1933
1927-28
Revolução Casa do
Quebra da
Carta de
Russa
bolsa de NY Atenas
arquiteto
Gregori
Warchavchi
k
em SP
1934-37
Atuação de
Luiz Nunes
no Recife
1936-47
Construção
dá sede do
MES – atual
Palácio
Capanema
1939 -1945
2ª Guerra
Mundial
1940
Complexo
da
Pampulha
de Oscar
Niemayer
1947-52
Unité
d'Habitation
, Marseille
de Le
Corbusier
1951
Edifício
Copan de
Oscar
Niemayer
2. A escola carioca
A escola carioca
Revolução de 30
•
Antecedentes: política
oligárquica do café–com-leite
•
Aliança Liberal: a chapa
encabeçada pelo fazendeiro
gaúcho Getúlio Dorneles Vargas
prometia um conjunto de medidas
reformistas (voto secreto, o
estabelecimento de uma
legislação trabalhista e o
desenvolvimento da indústria
nacional)
•
Júlio Prestes foi considerado
vencedor das eleições
•
Assassinato do liberal João
Pessoa
•
derrubada do governo oligárquico
com o auxílio de setores militares
A escola carioca
Revolução de 30 e a Era Vargas
•
Criação do Ministério da educação, com o
jurista Francisco campos que escolheu como
chefe de gabinete Rodrigo de Mello
Franco de Andrade, um importante
intelectual carioca.
•
Este convenceu o ministro a convocar
Lucio Costa para uma renovação da Escola de
Belas Artes:
“pretendia-se proporcionar aos seus alunos uma
opção entre o ensino acadêmico, ministrado por
professores catedráticos, que seriam mantidos em
suas funções e o ensino ministrado por elementos
mais jovens, identificados com o espírito moderno
e que seriam recrutados por contrato”
(BRUAND, p. 72)
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
•
Lucio Costa chega à direção da Escola com apenas
4 anos de formado em arquitetura e 28 de idade,
•
Substitui o professor Corrêa Lima, escultor que vinha
buscando mudanças, apesar de ter em sua formação a
orientação de Archimedes Memória (arquiteto de
inclinação clássica) e de José Mariano Filho (antigo
diretor), que na ENBA defendia as poéticas da
arquitetura neocolonial.
•
O esgotamento do modelo historicista
•
Lucio costa já possuía, como jovem intelectual e
arquiteto sensível, a sedução do novo, razão que o fez
percorrer caminhos ainda não totalmente abertos na
Escola.
•
É importante salientar que ele não era a única voz
que defendia a modernidade.
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Desvinculava o ensino de Arquitetura das Belas Artes e incluía em
seu currículo as disciplinas do Urbanismo e do Paisagismo.
O ensino de Arquitetura assumiria identidade própria, mais
próxima da problemática urbana e das novas técnicas da
indústria.
Rejeitada nos embates iniciais da ENBA, a Reforma seria
implantada apenas em 1946, com a fundação da
Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil,
atual UFRJ
A contratação de novos professores, afinados com o ideário
moderno - entre os quais Gregori Warchavchik (1896 - 1972),
bem como o escultor Celso Antônio e o pintor Leo Putz - assim
como a reestruturação das Exposições Gerais de Belas Artes e
dos prêmios de viagem ao exterior estão entre as metas primeiras
do arquiteto.
Frank Lloyd Wright ladeado por Gregori
Warchavchik e Lúcio Costa, em sua visita ao Brasil
em 1931, na Casa Nordshild, RJ.
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
“A reforma visará aparelhar a escola de um
ensino técnico‐científico tanto quanto possível
perfeito, e orientar o ensino artístico no sentido
de uma perfeita harmonia com a construção.
Os clássicos serão estudados como
disciplina; os estilos históricos como
orientação crítica e não para aplicação direta.
Acho indispensável que os nossos arquitetos
deixem a escola conhecendo perfeitamente
a nossa arquitetura da época colonial ‐ não
com o intuito da transposição ridícula de seus
motivos, não de mandar fazer falsos móveis de
jacarandá ‐ os verdadeiros são lindos ‐, mas de
aprender as boas lições que ele nos dá de
simplicidade, perfeita adaptação ao meio e à
função, e consequente beleza.”
(COSTA, 1931, p, 89)
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
•
38ª Exposição Geral de Belas Artes realizada entre os
dias 1° e 29 de setembro de 1931, na Escola Nacional
de Belas Artes (ENBA), no Rio de Janeiro.
•
Foi revolucionaria por ter abrigado, pela primeira vez,
artistas de perfil moderno e modernista.
•
Comissão organizadora: além de Lucio Costa,
Manuel Bandeira, Anita Malfatti, Candido
Portinari e Celso Antônio, todos ligados ao movimento
moderno.
•
Diversos artistas modernos expõe
•
Na arquitetura, Gregori Warchavchik participou
apresentando as fotografias de suas casas
modernistas
Revista da Semana, Rio de Janeiro, 12 de Setembro de
1931. "O Salão de 1931"
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
"O Salão, por exemplo - que exprime sobejamente o nosso grau de cultura artística -, diz
bem do que precisamos.
De ano para ano, tem-se a impressão de que as telas são sempre as mesmas, as mesmas
estátuas, os mesmos modelos, apenas a colocação ligeiramente varia.
Apesar do abuso de cor (ter colorido gritante, julgam muitos, é ser moderno), sente-se uma
absoluta falta de vida, tanto interior como exterior, uma impressão irremediável de raquitismo,
de inanição (...).
Tem-se a impressão que vivemos em qualquer ilha perdida no Pacífico, as nossas últimas
criações correspondem ainda às primeiras tentativas do impressionismo".
Lucio Costa
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
• Victor Brecheret
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
• Victor Brecheret
Anita Malfatti - O homem amarelo (1915-1916)
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
Antônio Gomide –
Nu Cubista - s/d
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
• Victor Brecheret
Pensando - Flávio de Carvalho - 1931
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
• Victor Brecheret
Projeto para farol
de Colombo, em
tempos onde
apenas Gregori
Warchavchik
possuía obras
modernistas
construídas Flávio de Carvalho
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
• Victor Brecheret
L. Segall - Morro Vermelho 1926
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
• Victor Brecheret
Imigrante Lituano, 1930 Paulo Cláudio Rossi Osir
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
• Victor Brecheret
Caipirinha - c. 1923 – Tarsila do Amaral
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
• Victor Brecheret
A feira II, 1925 / Tarsila do Amaral
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão
Revolucionário
Artistas que participaram:
• Alberto da Veiga Guignard
• Aldo Bonadei
• Anita Malfatti (org.)
• Antônio Gomide
• Cândido Portinari (org.)
• Cícero Dias
• Di Cavalcanti
• Flávio de Carvalho
• Ismael Nery
• John Graz
• Lasar Segall
• Paulo Rossi Osir
• Quirino da Silva
• Tarsila do Amaral
• Waldemar da Costa
• Victor Brecheret
Fuga para o Egito - c. 1924 - Victor Brecheret
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão Revolucionário
Tocadora de Guitarra, escultura de Victor Brecheret, 1927.
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão Revolucionário
Cícero Dias, que apresentou o imenso painel Eu vi o mundo ... Ele começava no Recife, que teve partes
que retratavam cenas eróticas danificadas pelo público.
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão Revolucionário
•
No exato dia da abertura da Exposição, 1° de setembro,
o ministro da Educação Francisco Campos demitiu-se
do governo, fragilizando a posição de Lucio Costa na
direção da Escola.
•
As resistências e as campanhas movidas contra a
gestão de Lucio Costa à frente da ENBA, a despeito do
apoio (sobretudo dos alunos), a falta de apoio político,
Costa não foi capaz de suportar as pressões e acabou
por também se demitir 18 de setembro de 1931, não
por acaso no mês em que o Salão Revolucionário abre
as portas ao público.
•
Foi substituído Arquimedes Memória, escolhido por
votação da Congregação
Porém, o “estrago” já estava feito!
A escola carioca
A reforma da Escola de Belas Artes
Salão de 1931, conhecido como Salão Revolucionário
O Salão Revolucionário foi sintoma de uma sociedade em transformação, rumo à
consolidação da cultura moderna e, em se tratando de sua importância enquanto
acontecimento histórico, vale ressaltar uma colocação do pensador Pierre Bourdieu:
"a ruptura com o estilo acadêmico implica a ruptura com o estilo
de vida que ele supõe e exprime".
A despeito da Semana de 1922 já ter proclamado tal ruptura, o Salão reafirma-se em sua
importância por realizar as façanhas do moderno no seio da sociedade tradicionalista,
representada pela canonizada Escola de Belas Artes.
Se em 1922, intelectuais e artistas travaram uma batalha no campo da estética, projetavase nos anos 1930 um combate institucional, na defesa de um sistema de Estado que
favorecesse a cultura, e mais especificamente, a cultura moderna. Lucio Costa saiu do
comando da Escola, mas deixou a mensagem de ruptura com os dogmas acadêmicos
dentro de um recinto oficial.
3. Le Corbusier e o edifício do
MES
3. Le Corbusier e o edifício do MES
Le Corbusier a bordo do navio Lutetia retornando do Brasil à França, 1929
Foto divulgação [SEGRE, Roberto. Ministério da Educação e Saúde]
Primeira viagem: 1929
•
Le Corbusier visitou o
Rio e São Paulo,
durante uma viagem à
América do Sul iniciada
por Buenos Aires.
•
Seus anfitriões sulamericanos foram
Victoria Ocampo,
escritora argentina de
elite (de quem, aliás,
partira o convite inicial
para a viagem), e Paulo
Prado, grande
fazendeiro de café e
também escritor, além
de homem influente na
política brasileira e
patrocinador da
Semana de 1922
3. Le Corbusier e o edifício do MES
Primeira viagem: 1929
Ideias para SP
Em São Paulo, Le Corbusier
descobriu que alguns arquitetos já
praticavam o ‘moderno’:
Warchavchik, p. ex.
Aproveitando a passagem de Le
Corbusier, mostrou o que fazia e
reuniu o circulo de artistas e
amadores de arte de vanguarda
de São Paulo. O visitante o
convidou a comparecer, como
representante da América do Sul,
aos Congressos Internacionais
de Arquitetura Moderna.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
Primeira viagem: 1929
Ideias para SP
3. Le Corbusier e o edifício do MES
Primeira viagem: 1929
Ideias para o Rio
Victoria Ocampo e Paulo Prado
acenaram a Le Corbusier com projetos
de villas (mansões), mas não chegaram
a confiram-lhes encomendas.
As sérias dificuldades para construir
uma mansão ‘moderna’ com o arquiteto
principal a enorme distância e os riscos
e incertezas quanto aos ganhos
simbólicos envolvidos em habitar uma
‘casa de vanguarda’, intimidavam os
anfitriões sul-americanos de Le
Corbusier como comanditários pessoais
de sua arquitetura.
Assim, a viagem se limitou a
conferências em clubes literários,
sociedades de engenheiros e arquitetos
e câmaras municipais.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
Primeira viagem: 1929
Ideias para o Rio
No Rio, as conferências de Le Corbusier se repetiram, agora atingindo estudantes e arquitetos descontentes
com o ensino na principal escola de belas artes do país e mais próximos ao centro de decisões políticas.
O prefeito do Rio, Antônio Prado (irmão de Paulo Prado), ofereceu a Le Corbusier um vôo de avião sobre a
cidade, mas nada pôde encomendar como programa urbanístico, visto que outro francês, o urbanista DonatAlfred Agache, já desenvolvia um plano para a cidade.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
Primeira viagem: 1929
Ideias para o Rio
3. Le Corbusier e o edifício do MES
Primeira viagem: 1929
Ideias para o Rio
As oportunidades de
trabalho profissional ficaram
adiadas.
Le Corbusier trouxe de volta
apenas carnês de viagem
cheios de desenhos das
montanhas do Rio, de
mulatas curvilíneas e de
negros musculosos.
Numerosos croquis em
perspectiva aérea de
Montevidéu, São, Paulo e
Rio de Janeiro mostravam
cidades cortadas por
`majestosas auto-estradas'
que, se construídas,
atestariam para todo o
sempre a passagem do
arquiteto pelo continente.
Le Corbusier e Josephine Baker em sua primeira viagem ao Brasil, 1929
3. Le Corbusier e o edifício do MES
Primeira viagem: 1929
Ideias para o Rio
O texto de despedida, escrito a
bordo do navio, é pleno de gratidão
pelos "momentos de lucidez"
que lhe proporcionara a já
cansativa "profissão de
conferencista improvisador
ambulante".
Ligado apenas, por enquanto, a
amadores de arte com uma relação
diletante com a arquitetura, Le
Corbusier deixou a América do Sul
de mãos vazias.
Joséphine Baker e Le Corbusier no Rio de
Janeiro, desenho. Le Corbusier, 1929
[SANTOS, Cecilia Rodrigues; et al. Le
Corbusier e o Brasil]
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O concurso para a sede do MES
•
Criação do Ministério da Educação e
Saúde deu-se no âmbito do governo
Getúlio Vargas
•
Em 26 de julho de 1934, dez dias após a
eleição de Vargas para a presidência da
República pela Constituinte, Gustavo
Capanema foi efetivamente nomeado
ministro
•
Dentro das suas ações de
“modernização”, organizou o concurso
para o edifício do Ministério da Educação
e Saúde em 1935.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O concurso para a sede do MES
•
A comissão julgadora, de arquitetos academicistas, escolheu como vencedor o projeto de
Archimedes Memória e Francisque Cuchet, com um projeto marcado pela ornamentação
marajoara.
•
O ministro Gustavo Capanema premia o projeto, mas não o executa, chamando Lucio
Costa para formular outro plano.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O concurso para a sede do MES
•
A decisão de convidar o próprio Le
Corbusier para trabalhar como consultor do
projeto é parte de um acordo entre Lucio
Costa e Capanema.
•
O arquiteto franco-suíço chega então ao
país, em 1936, para assessorar diretamente
o plano do ministério e para elaborar o
primeiro esboço da Cidade Universitária
que se pretendia construir na Quinta da Boa
Vista, mas que nunca saiu do papel.
•
Lucio Costa forma uma equipe de arquitetos
afinados com as linhas mestras do
racionalismo arquitetônico:





Affonso Eduardo Reidy
Carlos Leão
Jorge Moreira
Ernani Vasconcellos
Oscar Niemeyer
3. Le Corbusier e o edifício do MES
A 2ª visita de Le Corbusier ao Brasil
•
entre 12 de julho e 15 de agosto de 1936
•
Demonstra resistência em elaborar o projeto do edifício ministerial no terreno originalmente
proposto, localizado no centro da cidade, definido por uma quadra inteira delimitada pelas
ruas Graça Aranha, Araújo Porto Alegre, da Imprensa e Pedro Lessa
Segundo Queiroz (2012)
• dos 35 dias que permaneceu na cidade do Rio de Janeiro, Le Corbusier reservou 31 à
elaboração de um projeto alternativo para o edifício do ministério, primeiramente
implantado em chão fictício, abstrato, vazio e com perspectiva completamente
desimpedida, defronte ao mar.
•
Passados dez dias de sua chegada, o arquiteto encontra o terreno ideal para a
implantação de seu novo projeto e adapta seu estudo a uma área linear com o
comprimento voltado à Baía da Guanabara.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
A 2ª visita de Le Corbusier ao Brasil
Ministério da Educação e Saúde Pública, estudo para a
Praia de Santa Luzia, Le Corbusier e equipe brasileira,
1936 [CORONA, Eduardo. Oscar Niemeyer: uma lição
de arquitetura]
•
Faltando apenas quatro dias para seu retorno à Paris, Le Corbusier é informado da inviabilidade de sua
proposta e dedica-se, contrariado, à elaboração de um novo projeto para o terreno original
•
Esse episódio ilustra com nitidez um dos principais paradoxos da arquitetura moderna: a suposta
incompatibilidade entre o projeto do espaço moderno e a cidade tradicional.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
A 2ª visita de Le Corbusier ao Brasil
PROJETO
BRASILEIRO
Ministério da Educação e Saúde Pública, estudo para o terreno
original, Le Corbusier e equipe brasileira, 1936 [CORONA,
Eduardo. Oscar Niemeyer: uma lição de arquitetura]
3. Le Corbusier e o edifício do MES
Projeto definitivo
“essas modificações introduzidas no estudo de Le
Corbusier transformavam-no num projeto
inteiramente novo, embora integralmente baseado
nas propostas Iniciais do arquiteto consultor e aplicando
princípios por ele ditados.
Não cabe negar a contribuição fundamental de Le
Corbusier, plenamente reconhecida pelos jovens
brasileiros [...]
O projeto definitivo [...] foi obra
da equipe brasileira, que lhe deu
um desenvolvimento e um
encanto peculiares [...]
Revelou o talento potencial
dos jovens arquitetos
cariocas da nova geração.
(BRUAND, p. 89)
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
•
os três volumes distintos sobre pilotis,
projetados por Le Corbusier, se transformam em
um bloco principal também sobre pilotis - mais
altos do que o previsto - e em dois outros
blocos baixos localizados num mesmo eixo, de
modo a sugerir continuidade.
•
No térreo, uma esplanada aberta, ajardinada,
com espaços livres distribuídos por todos os
lados, valoriza a construção, que ganha um
novo efeito de monumentalidade, sugerido pelos
contrastes entre volumes e vazios.
•
o edifício no centro do terreno, e separando-o
do entorno: modelo de implantação de arranhacéus isolados, o que subverte as normas de
ocupação tradicional da cidade do Rio de
Janeiro.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
•
Verticalidade versus a
horizontalidade pretendida por
Le Corbusier
•
As salas são dispostas de
ambos os lados do corredor
central, tendo sido as paredes
substituídas por divisórias de
meia altura, que facilitam a
ventilação e conferem maior
flexibilidade ao espaço.
•
Caixilhos de vidro na fachada
sudeste - para maior iluminação
e vista da baía de Guanabara e, na fachada oposta, mais
iluminada, os brise-soleils.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
O projeto reflete a tentativa do grupo brasileiro de incorporar os preceitos racionais da
arquitetura corbusiana:
•
•
•
•
•
•
•
•
a adoção de formas
simples e geométricas,
o térreo com pilotis,
os terraços-jardim,
a fachada envidraçada,
as aberturas horizontais,
a integração dos espaços
interno e externo,
o aproveitamento da
ventilação e luz naturais
por meio do uso de
lâminas móveis
o trabalho com volumes
puros, a partir do
cruzamento de um corpo
horizontal e de um vertical.
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
•
Resultado novo, fruto da combinação entre:
 o léxico do racionalismo arquitetônico
internacional ,e
 as experiências até então realizadas
pela escola carioca.
•
Segundo Yves Bruand, são inovações
brasileiras
 o dinamismo e a leveza do conjunto,
 forte integração entre arquitetura,
paisagismo e artes plásticas.
•
O projeto tem destaque ainda por ser a
primeira realização mundial da curtain
wall (fachada envidraçada orientada para a
face menos exposta ao sol) e a primeira
utilização do brise-soleil em larga escala,
inventado três anos antes por Le Corbusier
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
“A suspensão da
edificação sobre pilotis
proposta por Le Corbusier
e a consequente
desobstrução do solo
consiste em uma solução
arquitetônica que assimila
a técnica – estrutura de
concreto armado
composta por pilares e
vigas – como instrumento
fundamental para o
desenho da cidade
moderna que tem no piloti
sua correspondência
arquitetônica que permite
a constituição de um solo
aberto, democrático,
sem limites.”
(QUEIROZ, s/p, 2012)
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
•
Uso de vegetação
tropical –paisagista
Roberto Burle Marx
•
Pedras da região
•
Azulejos
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
“A inserção das artes
plásticas no MES esteve
relacionada com a
participação de alguns
membros da equipe na
dinâmica artística carioca.
Lucio Costa nunca deixou
de desenhar as paisagens
relacionadas com suas
obras e em viagens de
estudos. Oscar Niemeyer
manteve uma constante
produção literária, gráfica,
escultórica e de desenho
de mobiliário. Carlos Leão
foi o mais próximo das
atividades artísticas,
concentrando no final de
sua vida a dedicação à
pintura e ao desenho”
(BARKI et.al., 2006)
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
“compreenderam
eles que a arquitetura
nova não estava
essencialmente
voltada para
austeridade e que
não devia excluir o
apelo a recursos
do passado, se
estes conservavam
sua razão de ser e se
adaptavam ao
espírito das
edificações
modernas”
(BRUAND, p. 91)
3. Le Corbusier e o edifício do MES
O edifício do MES
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