capítulo 6 Multiplexação e demultiplexação Um canal de comunicação ou enlace entre dois pontos é estabelecido sempre que um cabo é conectado ou um transmissor e um receptor de rádio são configurados entre os dois pontos. Quando existe apenas um enlace, apenas uma função – seja a transmissão de sinal, sejam operações de controle – pode ser feita por vez. Para uma comunicação bidirecional, um processo half duplex é configurado: as duas extremidades do enlace de comunicação podem enviar e receber, mas não ao mesmo tempo. A transmissão de dois ou mais sinais ao mesmo tempo pode ser realizada usando vários cabos ou configurando um par transmissor/receptor para cada canal, mas essa é uma abordagem cara. Na verdade, um único cabo ou enlace de rádio pode lidar com múltiplos sinais simultaneamente usando uma técnica conhecida como multiplexação, permitindo que centenas ou mesmo milhares de sinais possam ser combinados e transmitidos através de um único meio. A multiplexação tornou a comunicação simultânea mais prática e economicamente viável, ajudou a conservar espaço no espectro e permitiu que novas aplicações sofisticadas pudessem ser implementadas. Objetivos deste capítulo Explicar por que as técnicas de multiplexação são necessárias em telemetria, sistemas de telefonia, transmissões de rádio e televisão e acesso à Internet. Comparar a multiplexação por divisão de frequência com a multiplexação por divisão de tempo. Rastrear os passos na transmissão e na recepção de sinais multiplexados. Listar os principais subtipos de multiplexação por divisão de tempo. Definir modulação por codificação de pulso, desenhar o diagrama de um multiplexador PCM típico e citar o principal benefício do PCM sobre outras formas de modulação de pulso. Listar as características do sistema de portadora T. Explicar a diferença entre a duplexação no tempo e na frequência. Princípios da multiplexação A multiplexação é o processo de transmitir simultaneamente dois ou mais sinais individuais ao longo de um único canal (cabo ou wireless) de comunicação. Na realidade, essa técnica aumenta o número de canais de comunicação para que mais informações possam ser transmitidas. Frequentemente, em comunicação é necessário ou desejável transmitir mais de um sinal de voz ou dados simultaneamente. Uma aplicação pode exigir múltiplos sinais, ou a redução de custos pode ser obtida através de um único canal de comunicação para enviar sinais de informações múltiplas. Quatro aplicações que seriam proibitivamente caras ou impossíveis sem a multiplexação são os sistemas de telefonia, telemetria, satélites e as modernas transmissões de rádio e TV. O maior uso da multiplexação é no sistema telefônico, em que milhões de chamadas são multiplexadas em cabos, linhas de longa distância, satélites e percursos wireless. A multiplexação aumenta a capacidade da portadora para lidar com mais chamadas ao mesmo tempo, minimizando os custos do sistema e a utilização do espectro. Linhas, micro-ondas e antenas Em telemetria, as características físicas de uma determinada aplicação são monitoradas por sensíveis transdutores responsáveis por gerar sinais elétricos que variam em resposta a mudanças no status das diferentes características físicas. As informações geradas por sensores podem ser enviadas para um local central de monitoramento ou podem ser usadas como uma realimentação em um sistema de controle de malha fechada. A maioria das naves espaciais e muitas fábricas de produtos químicos, por exemplo, usam sistemas de telemetria para monitorar características tais como temperatura, pressão, velocidade, intensidade luminosa, vazão e nível de um líquido. 2 O uso de um único canal de comunicação para cada característica a ser medida em um sistema de telemetria não seria prático, por causa das múltiplas possibilidades de degradação do sinal e do alto custo. Considere, por exemplo, o monitoramento de um voo espacial. Cabos feitos de fios estão obviamente fora de questão, e vários transmissores seria impraticável. Se fosse usada uma sonda em um voo espacial, seria necessário o uso de múltiplos transdutores, e também de muitos transmissores para enviar os sinais de volta à Terra. Por causa do custo, da complexidade, do tamanho e do peso dos equipamentos, essa abordagem não seria viável. Claramente, a telemetria é uma aplicação ideal para multiplexação, com a qual os diferentes sinais de informações podem ser todos enviados por um único canal. Finalmente, a moderna transmissão FM estéreo exige técnicas de multiplexação, assim como a transmissão de som estéreo e cor na TV. A TV digital é multiplexada. Multiplexação é realizada por um circuito eletrônico conhecido como multiplexador. Um multiplexador simples é ilustrado na Figura 6-1. Vários sinais de entrada são combinados pelo multiplexador em um único sinal composto que é transmitido através do meio de comunicação. Alternativamente, os sinais multiplexados podem modular uma portadora antes da transmissão. Na outra ponta do enlace de comunicação, um demultiplexador é usado para processar o sinal composto para recuperar os sinais individuais. Os dois tipos mais comuns de multiplexação são multiplexação por divisão de frequência (FDM – frequency-division multplexing) e multiplexação por divisão de tempo (TDM – time-division multiplexing). Duas variações desses métodos básicos são o acesso múltiplo por divisão de frequência (FDMA – frequency-division multiple access) e o acesso múltiplo por divisão de tempo (TDMA – time-division multiple access). Em geral, os sistemas FDM são usados para informações analógicas e os sistemas TDM são usados para informações digitais. Obviamente, as técnicas de TDM também são encontradas em muitas aplicações analógicas, porque os processos de conversão A/D e D/A são muito comuns. A principal diferença entre essas técnicas é que, em FDM, os sinais individuais a serem transmitidos são atribuídos a uma frequência diferente dentro de uma largura de banda comum. Em TDM, os sinais múltiplos são transmitidos em intervalos (slots) de tempo diferentes em um único canal. Canal de comunicação único (fio ou rádio) Múltiplos sinais de entrada MUX O multiplexador (MUX ou MPX) combina todas as entradas em um único sinal DEMUX Sinais de entrada originais O demultiplexador (DEMUX) processa o sinal de entrada separando-os nos sinais individuais originais Figura 6-1 Conceito de multiplexação. Transmissor-multiplexadores Multiplexação por divisão de frequência A Figura 6-2 mostra um diagrama em bloco geral de um sistema FDM. Cada sinal a ser transmitido alimenta um circuito modulador. A portadora para cada modulador (fc) está em uma frequência diferente. As frequências de portadora costumam ser igualmente espaçadas entre si ao longo de uma faixa de frequência específica. Essas portadoras são referidas como subportadoras. Cada sinal de entrada tem uma porção da largura de banda. O espectro resultante é ilustrado na Figura 6-3. Qualquer um dos tipos padrão de modulação pode ser usado, incluindo AM, SSB, FM, PM ou qualquer um dos vários métodos de modulação digital. O processo FDM divide a largura de banda do único canal em canais menores, igualmente espaçados, cada um capaz de transportar informações em bandas laterais. Na multiplexação por divisão de frequÊncia (fdm), os sinais múltiplos compartilham a largura de banda de um canal de comunicação comum. Lembre-se que todos os canais têm larguras de banda específicas, e alguns são relativamente amplos. Um cabo coaxial, por exemplo, tem uma largura de ban- As saídas do modulador que contém as informações de banda lateral são adicionadas algebricamente em um misturador linear; nenhuma modulação ou geração de bandas laterais ocorre. O sinal de saída resultante é composto de todas as subportadoras moduladas. Esse sinal pode ser usado para Outra forma de acesso múltiplo é conhecida como acesso mÚltiplo por divisão de cÓdigo (cdma – code-division multiple access). Ele é muito utilizado em sistemas de telefonia móvel para permitir que os assinantes usem uma largura de banda comum ao mesmo tempo. Esse sistema utiliza códigos especiais atribuídos a cada usuário que pode ser identificado. O CDMA utiliza uma técnica denominada espalhamento espectral para tornar esse tipo de multiplexação possível. Multiplexação espacial multiplexação espacial é o termo usado para descrever a transmissão de múltiplos sinais wireless em uma frequência comum de tal forma que não interfiram uns com os outros. Uma maneira de fazer isso é usar transmissões de baixa potência. Quando é utilizada uma potência muito baixa, os sinais não têm longo alcance. A distância de transmissão é uma função do nível de potência, da frequência e da altura da antena. Por exemplo, esses fatores podem ser utilizados para garantir que os sinais não se desloquem mais de, por exemplo, 3 milhas (4,8 km). Para além dessa distância, essas mesmas frequências podem ser usadas novamente para transportar sinais diferentes. Outra técnica é a utilização de padrões de radiação de antena cuidadosamente controlados para direcionar os sinais para locais diferentes de tal forma que os sinais que compartilham o mesmo canal de frequência não interfiram uns com os outros. Antenas especiais usando vários elementos de transmissão e recepção e circuitos de deslocamento de fase formam os feixes de energia de rádio de tal forma a minimizar ou, em alguns casos, eliminar completamente a interferência dos sinais nas proximidades de um canal comum. A multiplexação espacial é algumas vezes denominada de reuso de frequÊncias. Essa técnica é muito utilizada em sistemas de telefonia via satélite e móvel. Multiplexação e demultiplexação Os sistemas FDM são usados para informações analógicas e os sistemas TDM são usados para informações digitais, embora os sinais analógicos ou digitais possam usar qualquer tipo de multiplexação. capítulo 6 É BOM SABER da de cerca de 1 GHz. As larguras de banda de canais de rádio variam, e são geralmente determinadas pela FCC e pelos tipos de serviços de rádio envolvidos. Independentemente do tipo de canal, a largura de banda larga pode ser compartilhada com a finalidade de transmitir muitos sinais ao mesmo tempo. 3 Dados originais modulam portadoras de frequências diferentes Sinal 1 Modulador Para um cabo único Portadora fc1 Sinal 2 Modulador Portadora fc2 Entrada 3 Antena Modulador Canal de comunicação único Misturador linear ou somador Transmissor Todas as portadoras são combinadas em um único sinal composto que modula um transmissor Opcional Portadora fc3 Entrada m Modulador Portadora fcn Figura 6-2 A parte final da transmissão de um sistema FDM. Linhas, micro-ondas e antenas modular um transmissor de rádio ou pode ser transmitido através do canal de comunicação único. Alternativamente, o sinal composto pode tornar-se uma entrada para outro sistema multiplexado. 4 Receptor-multiplexador A porção de entrada da recepção de um sistema FDM é mostrada na Figura 6-4. Um receptor capta o sinal e o demodula, recuperando o sinal composto. Este é enviado a um grupo de filtros passa-faixa, cada um centrado em uma das frequências das portadoras. Cada filtro permite a passagem apenas de seu canal e rejeita todos os outros. Um demodulador de canal, que vem em seguida, recupera cada sinal original de entrada. Aplicações FDM Telemetria. Como indicado anteriormente, os sensores em sistemas de telemetria geram sinais elétricos que variam de alguma forma em resposta às mudanças nas características físicas. Um exemplo de um sensor é um termistor, um dispositivo usado para medir a temperatura. A resistência de um termistor varia inversamente com a temperatura: quando a temperatura aumenta, a resistência diminui. O termistor é geralmente conectado em algum tipo de rede resistiva, como um divisor de tensão ou uma ponte, e uma fonte de tensão CC. O resultado é uma tensão CC de saída que varia de acordo com a temperatura e que é transmitida para um receptor remoto para medição, leitura e gravação. O termistor torna-se um canal de um sistema FDM. Largura de banda de um único canal Largura de banda de todo o canal de comunicação fc 1 fc 2 Frequência fc fc 3 n Figura 6-3 Espectro de um sinal FDM. A largura de banda de um único canal é dividida em canais menores. Os filtros passa-faixa selecionam os canais individuais O sinal recebido é demodulado em um sinal composto Receptor Sinais originais FPF fc1 Demodulador 1 FPF fc2 Demodulador 2 FPF fc3 Demodulador 3 Demodulador Demodulador n Figura 6-4 A entrada do receptor de um sistema FDM. Outros sensores possuem diferentes tipos de saídas. Muitos têm diferentes saídas CC e outros têm saída CA. Cada um desses sinais é normalmente amplificado, filtrado e condicionado de outra maneira antes de ser usado para modular uma portadora. Todas as portadoras são então adicionadas para formar um único canal multiplexado. As saídas do transdutor condicionadas são normalmente utilizadas para modular a frequência de uma subportadora. A variação contínua ou alternada muda a frequência de um oscilador que opera na frequência da portadora. Tal circuito é geralmente referido como um oscilador controlado por tensão (VCO – vol- tage-controlled oscillator) ou um oscilador de subportadora (SCO – subcarrier oscillator). Para produzir FDM, cada VCO opera em um centro diferente ou frequência de portadora. As saídas dos osciladores das subportadoras são somadas. Um diagrama desse sistema é mostrado na Figura 6-5. A Figura 6-6(a) mostra um diagrama em bloco de um típico circuito VCO. Os VCOs estão disponíveis como CIs de pastilha única. O popular CI VCO 566 consiste em uma fonte de corrente de polaridade dupla que carrega e descarrega linearmente um capacitor externo C. O valor da corrente é definido por um resistor R1 externo. Juntos, R1 e C definem a operação ou a capítulo 6 FPF fcn Multiplexação e demultiplexação Os demoduladores recuperam os sinais originais 5 Sensores Amplificadores de condicionamento de sinal R1 VCO 1 Amplificador somador R2 VCO 2 Rf R3 VCO 3 Antena Modulador de frequência Amplificador RF AOP Portadora RF final R4 VCO 4 Linhas, micro-ondas e antenas Figura 6-5 Um sistema de transmissão de telemetria FDM. 6 frequência central da portadora, que pode ser qualquer valor até cerca de 1 MHz. mostram sua ação de realimentação, responsável por criar um oscilador estável livre. A fonte de corrente pode ser variada por um sinal externo, seja CC ou CA, que é o sinal modulante de um transdutor ou outra fonte. O sinal de entrada varia a corrente de carga e descarga, variando, assim, a frequência da portadora. O resultado é um sinal FM direto. A saída da fonte de corrente é uma forma de onda linear triangular que passa por um amplificador buffer para uso externo e passa também por um circuito Schmitt-trigger interno. Esse circuito interno gera um pulso retangular na frequência de operação que é transferido para um amplificador buffer para uso externo. Muitos dos VCOs são multivibradores estáveis cuja frequência é controlada pela entrada a partir dos circuitos de condicionamento de sinal. A frequência do VCO varia linearmente na proporção da tensão de entrada. O aumento da tensão de entrada faz a frequência do VCO aumentar. A saída retangular ou triangular do VCO é geralmente filtrada em uma onda senoidal por um filtro passa-faixa centrado na frequência central não modulada do VCO. Este pode ser um filtro LC convencional ou um filtro ativo feito com um amplificador operacional, entrada RC e malha de realimentação. A saída senoidal resultante é aplicada ao misturador linear. A saída do Schmitt-trigger também realimenta para a fonte de corrente, que controla se o capacitor é carregado ou descarregado. Por exemplo, o VCO pode começar carregando o capacitor. Quando o Schmitt-trigger detecta um nível específico na onda trigangular, ele comuta a fonte de corrente, ocorrendo a descarga. As formas de onda na Figura 6-6(b) O processo linear de mistura em um sistema FDM pode ser realizado com uma simples rede de resistores. No entanto, tais redes atenuam bastante o sinal, sendo geralmente necessária uma amplificação de tensão para sistemas práticos. A maneira de conseguir mistura e amplificação, ao mesmo tempo, é usar um amplificador operacional somador, como o V R1 CI VCO 566 Sinal modulante do transdutor ou do condicionador de sinal Fonte de corrente Schimitt trigger Para o somador FPF Realimentação Ampificadores buffer C (a) Níveis de disparo do Schmitt-trigger Triangular Saídas Retangular (b) Na maioria dos casos, os níveis de saída FM do VCO são os mesmos e, portanto, todos os resistores de entrada do amplificador somador são iguais. Se existirem variações, as correções de amplitude podem ser realizadas fazendo as resistências de entrada do somador ajustáveis. A saída do amplificador somador faz inverter o sinal, no entanto, isso não tem efeito sobre o conteúdo. O sinal de saída composto é usado para modular um transmissor de rádio. Novamente, a maioria dos sistemas de telemetria usa FM, embora seja possível usar outros tipos de modulação. Um sistema que usa FM das subportadoras VCO, bem como FM da portadora final, é geralmente denominado sistema FM/FM. A entrada do receptor de um sistema de telemetria é mostrada na Figura 6-7. Um receptor super-heteródino padrão sintonizado na frequência da portadora RF é utilizado para captar o sinal. Um demodulador FM reproduz o sinal multiplexado composto original, inserido em um demultiplexador, que divide os sinais e reproduz as entradas originais. A saída do primeiro demodulador FM é enviada simultaneamente para múltiplos filtros passa-faixa, cada um dos quais está sintonizado na frequência central de um dos subcanais especificado. Cada filtro passa apenas sua subportadora e as bandas laterais relacionadas e rejeita todas as outras. O processo de demultiplexação é, então, um dos que usa essencialmente filtros para classificar o sinal multiplexado composto de volta aos seus capítulo 6 mostrado na Figura 6-5. Lembre-se de que o ganho de cada entrada é uma função da relação entre o resistor de realimentação, Rf, e o valor do resistor de entrada (R1, R2, etc.). A saída é dada pela expressão Multiplexação e demultiplexação Figura 6-6 Típico circuito com um CI VCO 566. 7 Demultiplexador Sinal multiplexado composto Demodulador FM Receptor super-heterodino FPF Discriminador PLL FPF Discriminador PLL FPF Discriminador PLL Sinais de banda base original para gravação ou apresentação Sinal composto para gravação FPF PLL Discriminador Figura 6-7 Um receptor de telemetria FM/FM. componentes originais. A saída de cada filtro é a frequência do oscilador de subportadora com sua modulação. Linhas, micro-ondas e antenas Esses sinais são então aplicados a demoduladores FM, também conhecidos como discriminadores. Esses circuitos tomam o sinal FM e recriam o sinal CC ou CA original produzido pelo transdutor. Os sinais originais são medidos ou processados para fornecer a informação desejada a partir da fonte remota de transmissão. Na maioria dos sistemas, o sinal multiplexado é enviado para um gravador de dados onde é armazenado para um possível uso futuro. Os sinais originais de saída de telemetria podem ser exibidos graficamente em um registrador gráfico ou de outra forma convertidos em saídas úteis. 8 Os circuitos demoduladores usados em demultiplexadores FM típicos são do tipo PLL ou do tipo média de pulso. Os circuitos PLL têm um desempenho de ruído superior sobre os tipos média de pulso. Um discriminador PLL também é usado para demodular a saída do receptor. Os sistemas de telemetria FDM, que são baratos e altamente confiáveis, ainda são muito usados na instrumentação de aeronaves e mísseis e no monitoramento de dispositivos médicos, tais como marca-passo. Sistemas de telefone. Durante décadas as empresas de telefonia usaram a técnica FDM para enviar múltiplas con- versas telefônicas ao longo de um número mínimo de cabos. Nessa aplicação, o sinal de voz original, na faixa de 300 a 3000 Hz, era usado para modular uma subportadora em um sistema AM SSB que usava a banda lateral inferior (LSB). Cada subportadora estava em uma frequência diferente, e essas subportadoras eram então adicionadas para formar um único canal. Esse processo de multiplexação era repetido em vários níveis, de modo que até 10.800 telefonemas poderiam ser transportados por um único canal de comunicação, presumindo uma largura de banda suficientemente grande. Esse sistema FDM elaborado não é mais usado. Foi substituído por um sistema de multiplexação por divisão de tempo (TDM) totalmente digital, descrito mais adiante neste capítulo. TV a cabo. Um dos melhores exemplos de FDM é a TV a cabo, em que múltiplos sinais de TV, cada um em seu canal próprio de 6 MHz, são multiplexados em um cabo coaxial comum ou de fibra óptica e enviados para as casas. Os sinais de TV incluem vídeo e áudio para modular portadoras que usam métodos analógicos. Cada canal utiliza um conjunto separado de frequências portadoras, as quais podem ser adicionadas para produzir FDM. A caixa de cabo funciona como um filtro sintonizável para selecionar o canal desejado. A Figura 6-8 mostra o espectro no cabo. Cada canal de 6 MHz transporta o vídeo e a voz do sinal de TV. Os cabos coaxiais e de fibra óptica têm uma A Figura 6-9 é um diagrama em bloco geral de um modulador multiplex FM estéreo. Os dois sinais de áudio, geralmente chamados de sinais esquerdo (L) e direito (R), se originam nos dois microfones mostrados na figura. Esses dois sinais são enviados para um circuito de combinação, onde são usados para formar os sinais soma (L 1 R) e diferença (L − R). O sinal L 1 R é uma combinação algébrica linear dos canais esquerdo e direito. O sinal composto produzido é o mesmo como se um único microfone fosse usado para captar o som. Ele é o sinal que um receptor mono vai ouvir. A resposta de frequência é de 50 Hz a 15 kHz. O circuito de combinação inverte o sinal do canal direito, subtraindo-o assim do canal esquerdo para produzir o sinal L − R. Estes dois sinais, L 1 R e L − R, são transmitidos de forma independente e depois recombinados no receptor para produzir os canais individuais esquerdo e direito. 6 MHz Voz e vídeo em cada canal Juntamente com os sinais L 1 R e L − R é transmitida também uma portadora piloto de 19 kHz, gerada por um oscilador cuja saída também modula o transmissor principal. Note que o oscilador de 19 kHz aciona um duplicador de frequência para gerar a portadora de 38 kHz para o modulador balanceado. Algumas estações FM também transmitem um ou mais sinais adicionais, conhecidos como sinais de autorização de comunicação de subsidiária (SCA). O sinal SCA básico é uma subportadora separada de 67 kHz, que é um sinal de áudio modulado em frequência, geralmente de música. Os sinais SCA também são usados para transmitir informações sobre clima, esportes e finanças. Receptores FM especiais com SCA podem captar esses sinais. A parte SCA do sistema é geralmente usada para a difusão de música de fundo para elevadores, lojas, escritórios e restaurantes. Se um sistema SCA está sendo usado, a subportadora de 67 kHz, com sua modulação de música, também será adicionada aos sinais L − R e L 1 R para modular o transmissor FM. Nem todas as estações transmitem SCA, mas algumas transmitem vários canais, usando subportadoras de alta frequência adicionais. Outro serviço alternativo fornecido por algumas estações FM é chamado de sistema de dados radiofônicos (RDS). É 6 MHz Frequência Figura 6-8 O espectro em um cabo coaxial de um sistema de TV a cabo com canais de 6 MHz. Multiplexação e demultiplexação Transmissão de FM estéreo. Na gravação estéreo original são usados dois microfones para gerar dois sinais de áudio separados. Os dois microfones captam o som de uma fonte comum, como uma voz ou uma orquestra, mas a partir de diferentes direções. A separação dos dois microfones fornece diferenças suficientes nos dois sinais de áudio para proporcionar uma reprodução mais realista do som original. Quando o som estéreo é reproduzido, os dois sinais podem vir de uma fita cassete, um CD ou alguma outra fonte. Esses dois sinais independentes devem de alguma forma ser transmitidos por um único transmissor. Isso é feito através de técnicas FDM. O sinal L − R é usado para modular a amplitude de uma portadora de 38 kHz em um modulador balanceado. O modulador balanceado suprime a portadora, mas gera as bandas laterais superior e inferior. O espectro resultante do sinal modulante composto é mostrado na Figura 6-10. Conforme mostrado, a faixa de frequência do sinal L 1 R é de 50 Hz a 15 kHz. Uma vez que a resposta de frequência de um sinal FM é de 50 a 15 kHz, as bandas laterais do sinal L − R estão na faixa de frequência de 38 kHz ± 15 kHz ou 23 a 53 kHz. Esse sinal de portadora suprimida, DSB, é adicionado algebricamente e transmitido junto ao sinal de áudio padrão L 1 R. capítulo 6 largura de banda enorme e podem transportar mais de 100 canais de TV. Muitas empresas de TV a cabo também usam seus sistemas de cabos para acesso à Internet. Um modem (modulador-demodulador) especial possibilita que dados de computador sejam transmitidos e recebidos em velocidades muito altas. Você irá aprender mais sobre modems de cabo no Capítulo 7. 9 Ou entrada estéreo de fita cassete, CD, etc. Microfone Esquerdo (L) Direito (R ) Circuito de combinação (L R ) (L R) Oscilador 19 kHz Modulador balanceado Duplicador de frequência 38 kHz Misturador linear Transmissor FM Piloto 19 kHz Fonte de música Modulador de frequência SCA Oscilador de subportadora 67 kHz Dados RDS 1187,5 b/s Modulador QPSK Oscilador de subportadora 57 kHz Figura 6-9 Diagrama em bloco geral de um modulador multiplex FM estéreo, multiplexador e transmissor. Subportadora suprimida Linhas, micro-ondas e antenas Piloto 10 L R 50 Hz Subportadora RDS RDS L R 15 kHz 23 kHz 19 kHz 37,95 kHz 38,05 kHz 38 kHz Subportadora SCA SCA 53 kHz 74,5 kHz 57 kHz Frequência (kHz) Figura 6-10 Espectro de um sinal FM estéreo multiplex. Esse sinal modula em frequência a portadora RF. 67 kHz Assim como em outros sistemas FDM, todas as subportadoras são adicionadas com um misturador linear para formar um único sinal (Figura 6-10). Esse sinal é usado para modular a frequência da portadora do transmissor. Novamente, note que o FDM simplesmente ocupa uma porção do espectro de frequências. Há espaço suficiente entre as esta- Sinal composto Receptor super-heteródino FPB Na interface de entrada do receptor a demodulação é realizada com um circuito semelhante ao ilustrado na Figura 6-11. O receptor super-heteródino FM capta, amplifica e translada o sinal para uma frequência intermediária, geralmente 10,7 MHz e, em seguida, é demodulado. A saída do demodulador é o sinal original multiplexado. Os circuitos adicionais agora separam os vários sinais e os reproduzem em suas formas originais. O áudio original do sinal L 1 R é extraído simplesmente passando o sinal multiplex através de um filtro passa-baixas. Apenas o áudio original, de 50 a 15 kHz, passa. Esse sinal é totalmente compatível com receptores FM mono que não possuem a capacidade estéreo. Em um sistema estéreo, o sinal de áudio L 1 R passa por uma matriz linear ou combinador onde é misturado com o sinal L − R para criar os dois canais separados, L e R. (L R ) Combinador linear 15 kHz corte Demodulador FM Modulador balanceado FPF L Amplificador de potência Alto-falantes R (L R ) 38 kHz FI 10,7 MHz 38 kHz FPF Opcional RDS Duplicador de frequência 19 kHz FPF Demodulador QPSK Display LCD 57 kHz SCA Amplificador FPF Demodulador FM 67 kHz Figura 6-11 Demultiplexação e recuperação dos sinais FM estéreo e SCA. Alto-falante Multiplexação e demultiplexação Os dados a serem transmitidos são usados para modular outra subportadora de 57 kHz. Esse é o terceiro harmônico da portadora piloto de 19 kHz e, assim, ajuda a evitar a interação com os sinais estéreos. Uma forma de modulação de fase chamada modulação de fase em quadratura (QPSK) é usada para modular a subportadora. A taxa de dados em série é 1187,5 bits por segundo (bps). ções adjacentes FM de modo que as informações adicionais podem ser acomodadas. Tenha em mente que cada subportadora adicional reduz a quantidade pela qual o sinal principal L 1 R pode modular a portadora, já que a tensão máxima de modulação total é determinada pela largura do canal legal. capítulo 6 muito utilizado em autorrádios e alguns receptores estéreo de casa. Ele permite que dados digitais sejam transmitidos para um receptor FM. Alguns exemplos dos tipos de dados transmitidos incluem dados da estação FM, dados meteorológicos e de viagem e notícias curtas. Um uso popular do RDS é transmitir o nome do artista e da música que estão sendo apresentados pela estação. Os dados transmitidos são exibidos em um display de cristal líquido (LCD) no receptor. 11 O sinal multiplexado também é aplicado a um filtro passa-faixa que permite a passagem da subportadora suprimida de 38 kHz com suas bandas laterais. Esse é o sinal l − r que modula a portadora de 38 kHz. Esse sinal passa por um modulador balanceado para demodulação. A portadora piloto de 19 kHz é extraída ao passar o sinal multiplexado por um filtro de banda estreita. Essa subportadora de 19 kHz passa então por um circuito amplificador e duplicador de frequência que produz um sinal de portadora de 38 kHz que é enviado ao modulador balanceado, cuja saída é, obviamente, o sinal de áudio l − r. Este é enviado ao combinador resistivo linear junto com o sinal l 1 r. O combinador linear produz tanto a soma quanto a subtração desses dois sinais. Além disso, produz o canal esquerdo: (l 1 r) 1 (l − r) 5 2l. A subtração produz o canal direito: (l 1 r) – (l − r) 5 2r. Os sinais de áudio esquerdo e direito são enviados para amplificadores de áudio separados e, finalmente, para os alto-falantes. Se for usado um sinal SCA, um filtro passa-faixa separado centrado na subportadora de 67 kHz irá extrair o sinal e enviá-lo a um demodulador FM, cuja saída é então enviada para um amplificador de áudio separado e alto-falante. Linhas, micro-ondas e antenas Se o sinal RDS for utilizado, um filtro passa-faixa de 57 kHz seleciona esse sinal e o envia para uma demodulação QPSK. Os dados digitais recuperados são exibidos no LCD do receptor. Normalmente, os dados recuperados são enviados ao microprocessador de controle integrado ao receptor, que também controla o display LCD, onde os dados são condicionados antes da visualização. 12 Todos os circuitos utilizados no processo de demultiplexação estão geralmente contidos em um único CI. Na verdade, a maioria dos receptores FM está contida em um único chip que inclui o circuito FI, o demodulador e o demultiplexador. Note que a multiplexação e a demultiplexação de FM estéreo em um aparelho de TV são exatamente como descrito acima, mas com uma FI diferente. Sinal 1 Sinal 2 Sinal 3 Tempo Um quadro Figura 6-12 O conceito básico do TDM. ExEMPlo 6-1 Um serviço de TV a cabo usa um único cabo coaxial com uma largura de banda de 860 MHz para transmitir sinais de TV para vários assinantes. Cada sinal de TV tem uma largura de 6 MHz. Quantos canais podem ser transportados? Total de canais 5 860/6 5 143,33 ou 143 Multiplexação por divisão de tempo Em FDM, múltiplos sinais são transmitidos através de um único canal, sendo que cada sinal é alocado em uma porção do espectro dentro dessa largura de banda. Na multiplexação por divisão do tempo (tdm), cada sinal ocupa toda a largura de banda do canal. No entanto, cada sinal é transmitido apenas por um breve período. Em outras palavras, múltiplos sinais de transmissão se revezam em um único canal, conforme o diagrama na Figura 6-12. Aqui, cada um dos quatro sinais transmitidos pelo canal único, tem a permissão de usar o canal por um tempo fixo, um após o outro. Uma vez que os quatro tenham sido transmitidos, o ciclo se repete. O TDM pode ser usado com sinais digitais e analógicos. Por exemplo, se os dados consistem em bytes sequenciais, 1 byte de dados de cada fonte pode ser transmitido durante o intervalo de tempo atribuído a um canal particular. Cada um dos intervalos (slots) de tempo mostrado na Figura 6-12 pode conter um byte de cada uma das quatro fontes. Um canal transmite 8 bits e então para, enquanto o próximo canal transmite 8 bits. O terceiro canal transmite então sua palavra de dados, e assim por diante. O ciclo se repete em uma taxa de velocidade alta. Ao utilizar essa técnica, os bytes de dados dos canais individuais podem ser intercalados ou entrelaçados. O sinal de canal único resultante é um fluxo de bits digitais que é decifrado e remontado no receptor. Sinal 4 Sinal 1 Sinal 2 Nota: Intervalos de tempo iguais para cada sinal Tempo Multiplexadores PAM O mais simples multiplexador temporal funciona como uma chave mecânica, ou eletrônica, de um polo e múltiplas posições que amostra sequencialmente as múltiplas entradas analógicas com uma taxa elevada de velocidade. Uma chave mecânica básica rotativa é mostrada na Figura 6-14. O braço da chave é girado por um motor e permanece momentaneamente em cada contato, permitindo que o sinal de entrada passe para a saída. Em seguida, a chave muda rapidamente para o próximo canal, permitindo que esse canal passe por um período fixo. Os canais restantes são amostrados da mes- Entradas analógicas Contatos Figura 6-14 Multiplexador simples com chave rotativa. ma forma. Após cada sinal ser amostrado, o ciclo repete. O resultado é que os quatro sinais analógicos são amostrados, gerando sinais modulados em amplitude que são intercalados. A velocidade de amostragem é diretamente relacionada à velocidade de rotação, e os tempos de permanência do braço da chave em cada contato depende da velocidade de rotação e da duração do contato. A Figura 6-15 ilustra como quatro sinais analógicos diferentes são amostrados por essa técnica. Os sinais A e C são sinais analógicos que variam continuamente, o sinal B é uma rampa linear contínua positiva e o sinal D é uma tensão CC constante. É BOM SABER A taxa de comutação ou de multiplexação é derivada da multiplicação do número de amostras por quadro pela taxa de quadro. Chaves comutadoras. Sinal analógico Amplitude Pulsos amostrados Intervalo de amostragem Braço Tempo de pulso de amostragem estreito Tempo Figura 6-13 Amostragem de um sinal analógico para produzir a modulação por amplitude de pulso. Logo quando surgiram os sistemas de telemetria TDM/PAM, os multiplexadores eram uma forma de chave rotativa conhecida como comutador. Uma chave com múltiplos seguimentos era conectada aos diversos sinais de entrada enquanto uma escova de alta velocidade rotacionada por um motor CC amostrava rapidamente os sinais enquanto passava sobre os contatos. (Os comutadores já foram totalmente substituídos por circuitos eletrônicos, os quais são discutidos na próxima seção.) Na prática, a duração dos pulsos de amostra é menor que o tempo alocado para cada canal. Por exemplo, suponha que o comutator, ou a chave multiplexada, leve 1 ms para se mover de um contato para outro. Os contatos podem ser configurados de modo que cada amostra seja de 1 ms. Normalmente, a dura- Multiplexação e demultiplexação A amostragem de um sinal analógico gera a modulação por amplitude de pulso (PAM). Como mostrado na Figura 6-13, o sinal analógico é convertido em uma série de pulsos de largura constante, cuja amplitude segue o formato do sinal analógico. O sinal analógico original é recuperado ao passar por um filtro passa-baixas. Em TDM usando PAM, um circuito denominado multiplexador (MUX) amostra várias fontes de sinal analógico; os pulsos resultantes são intercalados e, em seguida, transmitidos através de um único canal. Saída multiplexada capítulo 6 A transmissão de dados digitais por TDM é simples e consiste na divisão dos dados digitais em partes que são facilmente atribuídas a diferentes slots de tempo. O TDM também pode ser usado para transmitir sinais analógicos contínuos, sejam eles voz, vídeo ou telemetria. Isso é feito amostrando o sinal análogo repetidamente em uma taxa elevada e, em seguida, convertendo as amostras para números binários proporcionais e transmitindo-os serialmente. 13 C A B D Quatro analógicas ração da amostra seja igual, cada canal é alocado, portanto, em 10/4 5 2,5 ms. (Como indicado anteriormente, o período completo de 2,5 ms não seria usado. A duração da amostra durante esse intervalo pode ser, por exemplo, apenas 1 ms.) Visto que são obtidas quatro amostras por quadro, a taxa de comutação é 4 3 100 ou 400 pulsos por segundo. Multiplexadores eletrônicos. Em sistemas TDM/PAM práticos, são usados circuitos eletrônicos em vez de chaves mecânicas ou comutadores. O multiplexador em si é normalmente implementado com FETs, que são chaves on/off quase ideais e podem ligar e desligar em velocidades muito altas. A Figura 6-16 ilustra um circuito TDM/PAM completo. Tempo C A B D Saídas PAM Um quadro Tempo Figura 6-15 Multiplexador por divisão de tempo PAM de quatro canais. Linhas, micro-ondas e antenas ção da amostra é definida para ser cerca de metade do valor de período do canal (nesse exemplo 0,5 ms). 14 Uma revolução completa da chave comutadora é conhecida como quadro (frame). Em outras palavras, durante um quadro, cada canal de entrada é amostrado uma vez. O número de contatos na chave multiplexada, ou comutador, define o número de amostras por quadro. O número de quadros concluídos em 1 s é chamado de taxa de quadro. Multiplicando o número de amostras por quadro pela taxa de quadro, obtemos a taxa de comutação ou taxa de multiplex, que é a frequência básica do sinal composto, o sinal multiplexado final que é transmitido através do canal de comunicação. Na Figura 6-15, o número de amostras por quadro é 4. Suponha que a taxa de quadro seja de 100 quadros por segundo. Portanto, o período para um quadro é 1/100 5 0,01 s 5 10 ms. Durante esse período de quadro de 10 ms, cada um dos quatro canais é amostrado uma vez. Considerando que a du- O multiplexador é um circuito somador com AOP que usa MOSFETs em cada resistor de entrada. Quando o MOSFET está conduzindo, apresenta uma resistência muito baixa e, portanto, se comporta como uma chave. Quando o transistor está desligado, nenhuma corrente flui através dele; portanto, se comporta como uma chave aberta. Um pulso digital aplicado na porta do MOSFET liga o transistor. A ausência de pulso significa que o transistor está desligado. Os pulsos de controle para as chaves MOSFETs são tais que apenas um MOSFET é ligado a cada vez. Esses MOSFETs são ligados em sequência pelo circuito digital ilustrado. Todas as chaves MOSFET são conectadas em série com resistores (R1 2 R4), o que, em combinação com o resistor de realimentação (Rf) no circuito AOP, determina o ganho. Para efeitos desse exemplo, suponha que a entrada e os resistores de realimentação sejam todos iguais em valor; em outras palavras, o circuito AOP tem um ganho de 1. Visto que esse circuito AOP somador inverte a polaridade dos sinais analógicos, ele é seguido por outro AOP inversor que mais uma vez inverte, restaurando a polaridade apropriada. Todo o circuito mostrado na Figura 6-16 normalmente faz parte de um único CI. Os multiplexadores com MOSFET estão disponíveis com 4, 8 e 16 entradas, e esses podem ser agrupados para lidar com um número ainda maior de entradas analógicas. Os pulsos de controle digital são desenvolvidos pelos circuitos contador e decodificador mostrados na Figura 6-16. Visto que existem quatro canais, é necessário um contador de quatro estados. Esse contador pode ser implementado com dois flip-flops, que representam os quatro estados discretos (00, 01, 10 e 11) que são os equivalentes binários dos números decimais 0, 1, 2 e 3. Portanto, os quatro canais podem ser rotulados de 0, 1, 2 e 3. 0 Chave MOSFET R1 Entradas analógicas R2 1 2 Rf Inversor R3 3 R4 11 (3) 01 (1) 10 (2) 4 3 Somador Saída multiplexada 00 (0) 2 1 Decodificadores com portas AND Monoestável A A B B Clock T A A T B B O multivibrador monoestável desenhado na Figura 6-16 é usado para disparar todas as portas AND do decodificador na frequência do clock. Ele produz um pulso de saída cuja duração é definida para ser o intervalo de amostragem desejado, nesse caso 1 ms. Cada vez que o pulso de clock ocorre, o monoestável gera o seu pulso, que é aplicado simultaneamente nas quatro portas AND do decodificador. Em um determinado momento, apenas uma das quatro portas é habilitada. A saída da porta habilitada é um pulso cuja duração é a mesma que a do monoestável. Quando o pulso ocorre, liga o MOSFET associado e permite que o sinal analógico a ser amostrado passe pelo AOP para a saída. A saída do AOP final é o sinal PAM multiplexado como o da Figura 6-15. A saída PAM é usada para modular uma portadora para a transmissão para um receptor. Os métodos de modulação normalmente usados são FM e PM. Circuitos demultiplexadores Uma vez que o sinal PAM composto é recuperado no receptor, é aplicado a um demultiplexador (DEMUX). O demultiplexador é, naturalmente, o inverso de um multiplexador. Ele tem uma única entrada e várias saídas, uma para cada sinal de entrada original. O circuito típico de um DEMUX é mostrado na Figura 6-18. Um demultiplexador de quatro canais tem uma única entrada e quatro saídas. A maioria dos demultiplexadores usa FETs acionados por um contador-decodificador. Os sinais PAM individuais são enviados para AOPs onde capítulo 6 Um circuito oscilador de clock dispara o contador com dois flip-flops. O clock e as formas de onda dos flip-flops são ilustrados na Figura 6-17. As saídas dos flip-flops são aplicadas ao decodificador com portas AND que são configuradas para reconhecer as quatro combinações binárias, 00, 01, 10 e 11. A saída de cada porta do decodificador é aplicada a uma das portas do multiplexador FET. Multiplexação e demultiplexação Figura 6-16 Um multiplexador por divisão de tempo usado para produzir modulação por amplitude de pulso. 15 qual os pulsos PAM ocorrem e é determinada pelo clock do multiplexador de transmissão. Clock A Os pulsos retangulares na saída do limitador são aplicados a um filtro passa-faixa, o que elimina os harmônicos superiores, criando um sinal de onda senoidal na frequência do clock de transmissão. Esse sinal é aplicado ao circuito detector de fase em um PLL, juntamente com a entrada do oscilador controlado por tensão (VCO). O VCO é configurado para operar na frequência dos pulsos PAM. No entanto, a frequência VCO é controlada por uma tensão CC de erro aplicada à sua entrada. Essa entrada é derivada da saída do detector de fase, que é filtrado por um filtro passa-baixas para obter uma tensão CC. B Monoestável 1 2 Saídas das portas 3 AND 4 Um quadro Figura 6-17 Formas de onda para um multiplexador PAM. passam por buffers e amplificadores. Eles são então enviados para filtros passa-baixas, onde são suavizados para formar os sinais analógicos originais. O principal problema encontrado na demultiplexação é a sincronização. Ou seja, para o PAM ser exatamente demultiplexado nos sinais amostrados originalmente, a frequência de clock utilizada no demultiplexador do receptor deve ser idêntica à utilizada na transmissão no multiplexador. Além disso, a sequência do demultiplexador deve ser idêntica à do multiplexador de forma que quando o canal 1 está sendo amostrado no transmissor, o canal 1 é ativado no demultiplexador do receptor ao mesmo tempo. Essa sincronização é geralmente realizada por um pulso especial de sincronismo incluído como uma parte de cada frame. Alguns dos circuitos utilizados para a frequência de clock e sincronismo de quadro são discutidas nas seções seguintes. Linhas, micro-ondas e antenas Recuperação de clock. Em vez de usar um oscilador de 16 clock livre definido para uma frequência idêntica à do clock do sistema transmissor, o clock para o demultiplexador é derivado do próprio sinal PAM recebido. Os circuitos mostrados na Figura 6-19, denominados de recuperação de CLOCK, são normalmente usados para gerar os pulsos de clock no demultiplexador. Na Figura 6-19(a), o sinal PAM foi aplicado a um circuito amplificador/limitador que primeiro amplifica todos os pulsos recebidos para um nível maior e, em seguida, ceifa os mesmos em um nível fixo. Portanto, a saída do limitador é uma onda retangular de amplitude constante cuja frequência de saída é igual à taxa de comutação. Essa é a frequência na É BOM SABER Circuitos de recuperação de clock são usados para resolver o problema de sincronização encontrados na demultiplexação. O detector de fase compara a fase da onda de entrada senoidal PAM com a onda senoidal do VCO. Se existe um erro de fase, o detector de fase produz uma tensão de saída que é filtrada para fornecer uma tensão CC variável. O sistema é estabilizado ou sincronizado quando a frequência de saída do VCO for idêntica à frequência de onda senoidal derivada da entrada PAM. A diferença é que os dois são deslocados em fase de 90°. Se a frequência do sinal PAM varia, por algum motivo, o detector de fase capta a variação e gera um sinal de erro que é usado para alterar a frequência do VCO para igualar com a frequência do PAM. Devido à característica de malha fechada do sistema, o VCO rastreia automaticamente mesmo uma pequena variação de frequência no sinal PAM, garantindo que a frequência de clock usada no demultiplexador sempre se iguale perfeitamente com a do sinal PAM original. O sinal de saída do VCO é aplicado a um gerador de pulso monoestável, o que gera pulsos retangulares na frequência adequada. Esses pulsos são usados para acionar o contador no demultiplexador; o contador gera os pulsos para acionamento das chaves FET do demultiplexador. O circuito de pulsos de clock de malha aberta mais simples é mostrado na Figura 6-19(b). Novamente, o sinal PAM é aplicado a um amplificador/limitador e, em seguida, a um filtro passa-faixa. A saída de onda senoidal do filtro passa-faixa é amplificada e aplicada a um circuito de deslocamento de fase que 17 Monoestável 3 2 Clock R4 R3 Entradas analógicas R2 1 capítulo 6 4 T 11 (3) 2 T B B 1 Rf A A B B Decodificadores com portas AND 00 (0) Chave MOSFET 01 (1) Contador de 2 bits A A 3 10 (2) Multiplexação e demultiplexação Figura 6-18 Um demultiplexador PAM. Sinal PAM multiplexado 0 R1 Decodificador 1 de 4 AOP Sinais analógicos recuperados FPB FPB FPB FPB PLL Amplificador ceifador/limitador Entrada PAM Detector de fase BPF LPF VCO Monoestável Tensão de erro Clock para o demultiplexador PAM (a) Amplificador/ limitador Entrada PAM Amplificador FPF Deslocador de fase de 90º Monoestável Clock para o demultiplexador (b) Figura 6-19 Dois circuitos PAM de recuperação de clock. (a) Malha fechada. (b) Malha aberta. Linhas, micro-ondas e antenas produz um deslocamento de 90° na frequência de operação. Essa onda senoidal de fase deslocada é aplicada a um gerador de pulso que, por sua vez, gera os pulsos de clock para o demultiplexador. Uma desvantagem dessa técnica é que o circuito de deslocamento de fase é fixo para gerar um deslocamento de fase de 90° em apenas uma frequência e, assim, pequenos deslocamentos na frequência de entrada produzem pulsos de clock cuja temporização não é perfeitamente precisa. No entanto, na maioria dos sistemas em que variações de frequência não são grandes, o circuito opera de forma confiável. 18 Sincronismo de quadros. Após a obtenção dos pulsos de clock na frequência adequada, é necessário sincronizar os canais multiplexados. Isso geralmente é feito com um pulso de sincronização especial (sync) aplicado a um dos canais de entrada no transmissor. No sistema de quatro canais discutido anteriormente, apenas três sinais reais são transmitidos. O quarto canal é usado para transmitir um pulso especial cujas características são únicas de alguma forma para que ele possa ser facilmente reconhecido. A amplitude do pulso pode ser maior do que o pulso de dados de maior amplitude, ou a largura do pulso pode ser maior do que os pulsos derivados da amostragem dos sinais de entrada. São usados circuitos especiais para detectar o pulso de sincronização. A Figura 6-20 mostra um exemplo de um pulso de sincronismo que é maior em amplitude do que o valor do pulso máximo de qualquer sinal de dados. O pulso sync também é o último a ocorrer no quadro. No receptor, um circuito comparador é usado para detectar o pulso de sincronismo. Uma entrada para o comparador é ajustada em uma tensão de referência CC ligeiramente superior à amplitude máxima possível para os pulsos de dados. Quando ocorre um pulso maior do que a amplitude de referência, ou seja, o pulso de sincronismo, o comparador gera imediatamente um pulso de saída, que pode então ser usado para sincronismo. Como alternativa, é possível não transmitir um pulso durante um intervalo de canal, deixando um espaço em branco em cada quadro que pode ser detectado, para fins de sincronismo. Quando o pulso de sincronismo é detectado no receptor, ele funciona como um pulso de reset para o contador no circuito demultiplexador. No final de cada quadro, o contador é zerado (canal 0 é selecionado). Quando o próximo pulso PAM ocorre, o demultiplexador é definido para o canal adequado. Pulso sync Máxima amplitude de pulso para qualquer canal Sinal PAM № do canal 1 2 3 1 Comparador PAM signal Referência CC Saída sync Um quadro Figura 6-20 Pulso sync de quadro e comparador para detecção. Modulação por codificação de pulso A forma mais popular de TDM usa a modulação por codificação de pulso (pcm), na qual múltiplos canais de dados digitais são transmitidos de forma serial. Cada canal é associado a um intervalo de tempo para transmitir uma palavra binária FPB Chaves do DEMUX FET Entrada PAM FPB FPB Decodificador Detector de sync Contador Reset Circuito de recuperação de clock Figura 6-21 Demultiplexador PAM completo. Sinais analógicos originais recuperados Multiplexadores PCM Quando o PCM é usado para transmitir sinais analógicos, os sinais são amostrados com um multiplexador, como descrito anteriormente para o PAM, e depois convertido por um conversor A/D em uma série de números binários, onde cada número é proporcional à amplitude do sinal analógico nos pontos diferentes de amostragem. Essas palavras binárias são convertidas do formato paralelo para série e, em seguida, transmitidas. No receptor, os vários canais são demultiplexados e os números binários sequenciais originais, recuperados, armazenados em uma memória digital e transferidos para um conversor D/A que reconstrói o sinal analógico. (Obviamente, quando os dados originais são estritamente digitais, a conversão D/A não é necessária.) Quaisquer dados binários, multiplexados ou não, podem ser transmitidos via PCM. As sondas espaciais têm câmeras de vídeo embutidas cujos sinais de saída são digitalizados e transmitidos de volta à Terra em formato binário. Esses sistemas de vídeo PCM possibilitam a transmissão de imagens gráficas em distâncias incríveis. Em apresentações multimídia de computador os dados de vídeo são digitalizados e transmitidos através de técnicas de PCM para locais remotos. A Figura 6-22 mostra um diagrama em bloco geral dos principais componentes de um sistema PCM, onde os sinais analógicos de voz são as entradas iniciais. Os sinais de voz são aplicados em conversores A/D que geram uma palavra binária em paralelo de 8-bit (byte) cada vez que um amostra é obtida. Visto que os dados digitais devem ser transmitidos de forma serial, a saída do conversor A/D passa por um regis- Multiplexação e demultiplexação Finalmente, na saída do demultiplexador os filtros passabaixas separam cada canal para recuperar o sinal original analógico. A Figura 6-21 mostra o demultiplexador PAM completo. de dados. O fluxo de dados de vários canais são intercalados e transmitidos sequencialmente. capítulo 6 Então, os pulsos de clock acionam o contador na sequência correta para demultiplexação. 19 Sinal PCM em banda base Para um cabo par trançado ou coaxial Condificação Voz ADC Amplificador RF de potência Registrador de deslocamento Clock Canais de entrada similares Digital MUX Modulador AM ou FM PCM/AM ou PCM/FM Oscilador da portadora Decodificador Clock Contador Figura 6-22 Um sistema PCM. trador de deslocamento, que produz uma saída de dados em série a partir da entrada em paralelo. Em sistemas de telefonia, um codec cuida da conversão A/D de paralelo para série. O circuito oscilador de clock aciona o registrador de deslocamento para operar na taxa de bits desejada. Linhas, micro-ondas e antenas A multiplexação é feita com um simples MUX digital. Visto que todos os sinais a serem transmitidos são binários, pode ser usado um multiplexador padrão construído de portas lógicas. Um contador binário aciona um decodificador que seleciona o canal de entrada desejado. 20 A saída multiplexada é uma forma de onda de dados em série das palavras binárias intercaladas. Esse sinal digital em banda base pode então ser codificado e transmitido diretamente sobre um cabo par trançado, coaxial ou fibra óptica. Alternativamente, o sinal PCM binário pode ser usado para modular uma portadora. Uma forma de modulação de fase conhecida como chaveamento de fase C (PSK) é a mais usada. A Figura 6-23 mostra os detalhes de um multiplexador PCM de quatro entradas. Normalmente, as entradas desse multiplexador vem de um conversor A/D. As entradas binárias são aplicadas a um registrador de deslocamento, que pode ser carregado a partir de uma fonte paralela, como um conversor A/D ou outra fonte em série. Na maioria dos sistemas de PCM, os registradores de deslocamento são parte de um codec. O multiplexador em si é um circuito digital familiar conhecido como seletor de dados. Ele é composto pelas portas de 1 a 5. Os dados em série são aplicados às portas de 1 a 4; somente uma porta de cada vez é habilitada por um decodificador 1 de 4. Os dados em série a partir da porta habilitada são passados pela porta OR, porta 5, e aparecem na saída. Agora, suponha que todos os registradores de deslocamento são carregados com os bytes a serem transmitidos. O contador AB de 2 bits é inicializado, enviando o código 00 para o decodificador. Isso ativa a saída 00, habilitando a porta 1. Note que a saída do decodificador também habilita a porta 6. Os pulsos de clock começam a disparar o registrador de deslocamento 1 e os dados saem, um bit de cada vez. Os bits em série passam pelas portas 1 e 5 para a saída. Ao mesmo tempo, o contador de bits, que é um circuito divisor por 8, mantém o controle do número de bits deslocados. Quando ocorrem 8 pulsos, todos os 8 bits do registrador de deslocamento foram transmitidos. Após a contagem 8 pulsos de clock, o contador de bit recicla e aciona o contador de 2 bits. Seu código é agora 01. Isso habilita as portas 2 e 7. Os pulsos de clock continuam, e agora o conteúdo do registrador de deslocamento 2 é deslocado para fora 1 bit de cada vez. Os dados em série passam pelas portas 2 e 5 para a saída. Novamente, o contador conta 8 bits e, em seguida, recicla todos os bits no registrador de deslocamento 2. Isso dispara novamente o contador de 2 bits, cujo código agora é 10. Isso habilita as portas 3 e 8. O conteúdo do registrador de deslocamento 3 é agora deslocado para fora. O processo se repete para o conteúdo do registrador de deslocamento 4. Quando o conteúdo de todos os quatro registradores de deslocamento é transmitido uma vez, um quadro PCM é formado (ver Figura 6-23). Os dados nos registradores de deslocamento são então atualizados (a amostra seguinte do sinal analógico convertido), e o ciclo se repete. Se o clock na Figura 6-23 for 64 kHz, a taxa de bits é 64 quilobits por segundo (kbps) e o intervalo de bit é 1/64.000 5 15,625 ms. Com 8 bits por palavra, leva 8 3 15,625 5 125 ms para transmitir uma palavra. Isso significa que a taxa de 26 palavra é 1/125 3 10 5 8 kbytes/s. Se os registradores de deslocamento obtiverem dados de um conversor D/A, a taxa de amostragem será de 125 ms ou 8 kHz. Essa é a taxa usada em sistemas de telefonia para a amostragem de sinais de voz. Considerando uma frequência de voz máxima de 3 kHz, a taxa de amostragem mínima é o dobro, ou 6 kHz; assim, uma taxa de amostragem de 8 kHz é mais que adequada para representar com precisão e reproduzir o sinal de voz analógico. (Taxas de dados seriais são melhor explicadas no Capítulo 7.) Como mostra a Figura 6-23, um pulso sync é adicionado ao final do quadro. Isso sinaliza para o receptor que um quadro Entrada paralela de dados Registrador de deslocamento Entrada serial de dados 1 1 2 2 6 3 3 Saída PCM Pulso sync Pulso sync 8 SR 1 4 4 9 Clock Contador de bits Divisor de frequência 8 00 01 10 11 Decodificador 1 de 4 A A B B A B Contador de 2 bits Figura 6-23 Multiplexador PCM. SR 2 SR 3 Tempo Quadro PCM SR 4 Multiplexação e demultiplexação 5 capítulo 6 7 21 de quatro sinais foi transmitido e que outro está prestes a começar. O receptor usa o pulso de sync para manter todos os seus circuitos em sincronismo de modo que cada sinal original pode ser recuperado com precisão. Demultiplexadores PCM No receptor do enlace de comunicação, o sinal PCM é demultiplexado e convertido de volta para os dados originais (ver Figura 6-24). O sinal PCM de banda base pode vir em um cabo, caso em que o sinal é regenerado e reformatado antes de ser aplicado ao demultiplexador. Alternativamente, se o sinal PCM modula uma portadora e é transmitido por rádio, o sinal RF será captado por um receptor e, em seguida, demodulado. A forma de onda binária PCM original em série é recuperada e enviada a um circuito de formatação para limpar e regenerar os pulsos binários. O sinal original é então demultiplexado por meio de um demultiplexador digital usando portas AND ou NAND. O contador binário e decodificador que acionam o demultiplexador são mantidos em sincronismo com o receptor através uma combinação de clock recuperado e do circuito detector de pulso sync semelhante aos utilizados em sistemas PAM. O pulso sync é normalmente gerado e enviado no final de cada quadro. Os sinais de saída seriais demultiplexados são enviados a um registrador de deslocamento para serem convertidos para paralelo e envidados a um conversor D/A e, em seguida, a um filtro passa-baixas. O registrador de deslocamento e o conversor D/A geralmente fazem parte de um codec. O resultado é uma reprodução de alta precisão do sinal de voz original. Tenha em mente que todos os circuitos de multiplexação e demultiplexação são geralmente circuitos integrados. Na verdade, os circuitos MUX e DEMUX são combinados em um único chip para formar um transceptor TDM que é usado nas extremidades de um enlace de comunicação. Os circuitos individuais não são acessíveis; no entanto, temos acesso a FPB Sinal analógico original DAC Sinal de banda base PCM do cabo Dados em paralelo Clock Registrador de deslocamento Dados seriais Linhas, micro-ondas e antenas Receptor super-heterodino 22 Demodulador Circuito de recuperação do clock Clock Decodificador Detector sync Contador Reset Figura 6-24 Um receptor com demultiplexador PCM. Canais similares DEMUX digital O sistema PCM é confiável, barato e altamente resistente ao ruído. No PCM, todos os pulsos binários transmitidos têm a mesma amplitude e, assim como os sinais de FM, podem ser ceifados para reduzir o ruído. Além disso, mesmo quando os sinais são degradados por ruído, atenuação ou distorção, tudo o que o receptor tem a fazer é determinar se um pulso foi transmitido. Largura, amplitude, frequência, forma de fase, e assim por diante, não afetam a recepção. Assim, os sinais PCM são facilmente recuperados e regenerados, não importando quais sejam as circunstâncias. O PCM é tão superior a outras formas de modulação de pulso e multiplexação para transmissão de dados que tem praticamente substituído a todos em aplicações de comunicação. Exemplo 6-2 Um sistema PCM especial utiliza 16 canais de dados, cuja finalidade é identificação (ID) e sincronismo. A taxa de amostragem é de 3,5 kHz. O comprimento da palavra é 6 bits. Determine (a) o número de canais de dados disponíveis, (b) o número de bits por quadro e (c) a taxa de dados serial. a. 16 (número total de canais) − 1 (canal usado para ID) 5 15 (para dados) b. Bits por quadro 5 6 3 16 5 96 c. Taxa de dados em série 5 taxa de amostragem 3 no de bits/ quadro 5 3,5 kHz 3 96 5 336 kHz Sistemas de portadora digital O uso mais difundido do TDM é no sistema telefônico. Todos os modernos sistemas de telefonia usam de transmissão digital via PCM e TDM. A única parte na qual os sinais analógicos ainda são usados é na conexão local, que está entre a central telefônica e o telefone do assinante, conhecido como equipamento nas instalações do cliente (CPE). Todas as ligações locais e de longa distância são digitais. Anos atrás, as empresas de telefonia desenvolveram um sistema de transmissão digital completo chamado sistema de portadora T. Ele é usado nos Estados Unidos para todas as chamadas telefônicas e para a transmissão de dados de computador, incluindo O sistema de portadora T define um conjunto de sistemas PCM TDM com taxas de dados progressivamente mais rápidas. As implementações físicas desses sistemas são referidas como T-1, T-2, T-3 e T-4. Os sinais digitais que eles transportam são definidos pelos termos DS1, DS2, DS3 e DS4. Ele começa com o sistema de T-1, que multiplexa 24 sinais de voz digital DS1 básicos, que são então multiplexados em sinais DS2, DS3 e DS4 maiores e mais rápidos para transmissão. Normalmente, a transmissão T-1 é por meio de um cabo de par trançado ou coaxial. Transmissão sem fio também é comum hoje. Os sistemas T-2, T-3 e T-4 usam transmissão via cabo coaxial, rádio de micro-ondas ou fibra óptica. Sistemas T-1 O PCM mais usado é o sistema T-1 desenvolvido pela Bell Telephone para a transmissão de conversas telefônicas por enlaces digitais de alta velocidade. O sistema T-1 multiplexa 24 canais de voz em uma única linha usando técnicas de TDM. Cada palavra digital em série (palavras de 8 bits, 7 bits de magnitude e 1 bit representando a polaridade) a partir de 24 canais é então transmitida sequencialmente. Cada quadro é amostrado a uma taxa de 8 kHz, produzindo um intervalo de amostragem de 125 ms. Durante o intervalo de 125 ms entre as amostras analógicas em cada canal, são transmitidas 24 palavras de 8 bits, cada uma representando uma amostra de cada uma das entradas. O intervalo de amostragem de canal é 125 ms/24 5 5,2 ms, o que corresponde a uma taxa de 192 kHz. Isso representa um total de 24 3 8 5 192 bits. Um bit adicional, pulso sync de quadro, é adicionado a esse fluxo para manter os sinais de transmissão e recepção em sincronismo entre si. As 24 palavras de 8 bits e o bit de sincronismo formam um quadro de 193 bits. Essa sequência é realizada repetidamente. A taxa de bits total para o sinal multiplexado é de 193 3 8 kHz 5 1544 kHz ou 1,544 MHz. A Figura 6-25 mostra um quadro de um sinal T-1. O sinal T-1 pode ser transmitido através de cabo (par trançado, coaxial ou fibra óptica) ou pode ser usado para modular uma portadora para a transmissão de rádio. Por exemplo, para chamadas telefônicas de longa distância, os sinais T-1 são enviados para estações de micro-ondas, onde eles modulam em frequência uma portadora para a transmissão a longas distâncias. Os sinais T-1 também são transmitidos via satélite ou cabo de fibra óptica. Multiplexação e demultiplexação Benefícios do PCM acesso à Internet. Sistemas similares são usados no Japão e na Europa. capítulo 6 todas as entradas e saídas que nos permitem realizar testes, medições e análise de defeitos, conforme necessário. 23 125 s 5,2 s № do canal 2 1 3 4 5 Palavras de 8 bits 23 24 1 Bit sync 193 bits Figura 6-25 Formato de um quadro T-1 com dados seriais. É BOM SABER Embora os multiplexadores eletrônicos não utilizem peças mecânicas para amostras de entrada, um ciclo de entrada completo ainda assim é chamado de frame. Sistemas de portadora T O sistema T-1 transmite cada sinal de voz a uma taxa de 64 kbps. Mas eles também são frequentemente usados para transmitir menos de 24 entradas em uma taxa mais rápida. Por exemplo, uma linha T-1 pode transmitir uma única fonte de dados de computador a uma taxa de 1,544 Mbps. Ele também pode transmitir duas fontes de dados a uma taxa de 722 kbps ou quatro fontes a uma taxa de 386 kbps e assim por diante. Estes são conhecidos como linhas fracionárias T-1. Linhas, micro-ondas e antenas Sistemas T-2, T-3 e T-4 24 Para produzir maior capacidade de tráfego de voz, bem como o tráfego de dados de computador, os sinais DS1 ainda podem ser multiplexados em sinais mais rápidos que transportam ainda mais canais. A Figura 6-26 mostra como quatro sinais DS1 são multiplexados para formar um sinal DS2. O resultado é um sinal digital serial de 6,312 Mbps que contém 4 3 24 5 96 canais de voz. Os sistemas T-2 não são muito utilizados, exceto como um degrau para formar sinais DS3. Conforme a Figura 6-26 mostra, sete saídas DS2 são combinadas em um multiplexador T-3 para gerar um sinal DS3. Este sinal contém 7 3 96 5 672 canais de voz a uma taxa de dados de 44,736 Mbps. Quatro sinais DS3 podem ainda ser multiplexados para formar um sinal DS4. A taxa de dados de saída de um multiplexador T-4 é 274,176 Mbps. As linhas T-1 e T-3 são muito utilizadas por empresas e indústrias para o serviço telefônico bem como para transmissão de dados digitais. Esses são circuitos dedicados alugados pela companhia telefônica e utilizados apenas pelo assinante para que a taxa de dados total esteja disponível. Essas linhas também são usadas em várias formas não multiplexadas para alcançar acesso rápido à Internet ou transmissão de dados digitais além do tráfego de voz. As linhas T-2 e T-4 são raramente utilizadas pelos assinantes, mas elas são usadas dentro do próprio sistema de telefonia. Duplexação Duplexação é o método pelo qual duas vias de comunicação são manipuladas. Lembre-se que half duplex significa que as duas estações de comunicação se revezam entre transmissão e recepção. Os serviços de rádio móvel da marinha e de aeronaves usam half duplex. Full duplex significa que as duas estações podem enviar e receber simultaneamente. O full duplex é certamente preferido, como em chamadas telefônicas. Mas nem todos os sistemas exigem a capacidade envio/recepção simultânea. Assim como na multiplexação, existem duas maneiras de fornecer duplexação: duplexação por divisão de frequência (FDD) e duplexação por divisão de tempo (TDD). A forma mais simples e talvez a melhor para fornecer full duplex seja 24 canais de voz 1,544 Mbps 6,312 Mbps T-1 MPX Outras linhas T-1 44,736 Mbps T-2 MPX Outras linhas T-2 274,176 Mbps T-3 MPX Outras linhas T-3 T-4 MPX Figura 6-26 Sistema de portadora T. Estação 1—Transmite Estação 2—Recebe f1 f2 Frequência Figura 6-27 Duplexação por divisão de frequência (FDD). to a taxa de dados em série for alta o suficiente, um usuário nunca saberá a diferença. O principal benefício do TDD é que apenas um canal é necessário. Ele economiza espaço no espectro e custo. Por outro lado, o método TDD é mais difícil de implementar. O principal para fazê-lo funcionar é a temporização precisa e o sincronismo entre transmissor e receptor. São necessários pulsos de sincronismo epeciais ou sequencias de quadros para garantir constantemente que a temporização não irá resultar em colisões entre transmissão e recepção. Vários sistemas celulares de terceira geração podem usar TDD. Multiplexação e demultiplexação A duplexação por divisão de tempo (TDD) significa que os sinais são transmitidos simultaneamente em um único canal intercalando-os em intervalos de tempo diferentes. Por exemplo, slots de tempo alternados são dedicados à transmissão e recepção. Isso é ilustrado na Figura 6-28. Durante o slot de tempo t1, a estação 1 está transmitindo (TX) enquanto a estação 2 está recebendo (RX). Em seguida, durante o slot t2, a estação 1 está recebendo enquanto a estação 2 está transmitindo. Cada slot de tempo pode conter uma palavra de dados, como 1 byte de um conversor A/D ou D/A. Enquan- Estação 1—Recebe Estação 2—Transmite capítulo 6 usar FDD, que utiliza dois canais separados, um para enviar e outro para receber. A Figura 6-27 mostra o conceito. As partes que se comunicam são denominadas de estação 1 e estação 2. A estação 1 utiliza o canal em torno de f1 apenas para receber e o canal em torno de f2 para transmitir. A estação 2 usa f1 para transmitir e f2 para receber. Espaçando os dois canais suficientemente, o transmissor não irá interferir com o receptor. Filtros seletivos mantêm os sinais separados. A maior desvantagem desse método é o espaço extra necessário no espectro. Esse espaço é escasso e caro. A maior parte do sistema de telefonia móvel usa esse método porque ele é mais fácil de ser implementado e mais confiável. 25 t1 t2 t3 t4 Estação 1 - TX Estação 1 - RX Estação 1 – TX Estação 1 - RX Estação 2 - RX Estação 1 – TX Estação 2 - RX Estação 2 – TX Tempo TX = transmite RX = recebe Figura 6-28 Duplicação por divisão de tempo (TDD). REVISÃO DO CAPÍTULO Resumo A multiplexação é o processo de transmissão de sinais múltiplos simultaneamente ao longo de um único canal de comunicação. Aplicações que seriam proibitivamente caras ou impossíveis sem multiplexação: telemetria, sistemas de telefonia, satélites, rádio e televisão e TV a cabo. Os dois tipos básicos de multiplexação são: multiplexação por divisão de frequência (FDM) e multiplexação por divisão de tempo (TDM). Em FDM, múltiplos sinais são atribuídos a frequências diferentes dentro de uma largura de banda comum. Em TDM, múltiplos sinais são transmitidos em slots de tempo diferentes. FDM exige tanto a mistura quanto a amplificação, que são realizadas usando circuitos conhecidos como amplificador operacional somador. O sinal de saída composto é então normalmente usado para modular um transmissor de rádio. Alguns sistemas de telemetria usam modulação FM. Em sistemas de TV a cabo, o sinal FDM é transmitido diretamente no cabo. As transmissões de FM e TV usam FDM. Linhas, micro-ondas e antenas TDM pode ser usado com sinais digitais e analógicos. Na transmissão TDM de sinais analógicos, esse sinal é repetidamente amostrado 26 a uma taxa elevada, criando a modulação por amplitude de pulso (PAM) e, em seguida, é convertido para números binários proporcionais e transmitido serialmente. O PAM pode ser usado para multiplexação temporal de vários sinais analógicos. O sinal PAM é então geralmente usado para modular uma portadora RF. Uma vez que o sinal PAM composto é recebido, é aplicado a um demultiplexador, que recupera os sinais originais. Hoje praticamente todos os sistemas TDM usam a técnica digital conhecida como modulação por codificação de pulso (PCM), que é um sistema de portadora T muito usado desenvolvido para transmissão de conversações telefônicas em enlaces digitais de alta velocidade. O PCM é altamente imune a ruídos, confiável e, graças aos CIs de baixo custo, relativamente barato de implementar. Existem duas maneiras básicas para implementar a operação full duplex: duplexação por divisão de frequência (FDD) e duplexação por divisão de tempo (TDD). FDD é o mais utilizado, mas requer mais espaço de espectro. TDD é mais econômico no uso de espaço no espectro, mas é mais difícil de implementar porque necessita de temporização e sincronismo. Questões 1. A multiplexação é o processo de transmissão de múltiplos sinais através de múltiplos canais? 5. Que circuito combina sinais múltiplos em um sistema FDM? 2. Cite o principal benefício da multiplexação. 6. Qual é o nome do circuito no qual os sinais são multiplexados em frequência? 3. Qual é o nome do circuito utilizado no receptor para recuperar sinais multiplexados? 7. Que tipo de modulação a maioria dos sistemas de telemetria multiplexada usa? 4. Qual é o princípio básico do FDM? 8. Cite os três lugares em que a telemetria é usada. 9. Defina multiplexação espacial. Onde ela é usada? 10. Qual é a designação matemática do sinal mono na multiplexação de FM estéreo? 22. Como é selecionada a entrada desejada para um multiplexador por divisão de tempo? 23. Como um sinal PAM é transmitido? 12. Que tipo de modulação é usada no canal L − R? 24. Que tipo de circuito de recuperação de clock rastreia as variações de frequência PAM? 13. Que tipo de modulação é usado pelos sinais SCA em sistemas estéreo? 25. Como são transmitidos os sinais analógicos em um sistema PCM? 14. Qual é o circuito básico usado para demultiplexação em sistemas FDM? 26. Qual é o nome do CI que faz as conversões A/D e D/A no sistema de telefonia PCM? 15. Em TDM, como múltiplos sinais compartilham um canal? 27. Qual é a taxa padrão de amostragem de áudio em um sistema de telefonia PCM? 11. Cite os quatro sinais transmitidos em FM estéreo multiplex. 16. Que tipo de modulação é produzida quando um sinal análogo é amostrado em alta velocidade? 17. Que tipo de circuito é usado para recriar os pulsos de clock para o receptor em um sistema PAM? 18. Em um sistema PAM, como o multiplexador e o demultiplexador são mantidos em sincronismo entre si? 28. Qual é o tamanho da palavra padrão em um sistema de telefonia PCM? 29. Qual é o principal benefício do PCM sobre PAM, FM e outras técnicas de modulação? 30. Qual é o número total de bits em um quadro T-1? 19. Como é denominado o período de tempo nos sistemas PAM ou PCM quando todos os canais são amostrados uma vez? 31. O sistema T-1 faz uso da técnica de banda base ou de largura de banda? Explique. 20. Que circuito é usado para demodular um sinal PAM? 32. Defina half duplex e full duplex. 21. Que tipo de chave é usada em um multiplexador eletrônico? 33. Explique a diferença entre FDD e TDD. 34. Discuta os prós e os contras na comparação FDD versus TDD. 3. Cite a taxa de bit e o número máximo de canais nos sistemas TDM de telefonia T-1 e T-3. 2. Qual é a taxa mínima de amostragem para um sinal com uma largura de banda de14 kHz? RR As respostas para os problemas selecionados estão no final do capítulo. Raciocínio crítico 1. Quanto tempo leva para transmitir um quadro PCM com 16 bytes, sem sincronismo e uma velocidade de clock de 46 MHz? O tempo de duração de 1 bit é 488,28 ns. Quantos bits por quadro é transmitido e em que taxa? 2. Um sistema PCM especial usa palavras de12 bits e 32 canais. Os dados são transmitidos serialmente sem pulso de sincronismo. 3. FDM pode ser usado com sinais de informações binárias? Explique. Respostas dos problemas selecionados CAPÍTULO 6 6-1133 6-3 T1:Taxa de bit 1,54 MHz, 24 canais T3: Taxa de bit 44,736 MHz, 672 canais capítulo 6 1. Quantos canais de TV de 6 MHz de largura podem ser multiplexados em um cabo coaxial de 800 MHz? Multiplexação e demultiplexação Problemas 27