RPCV (2015) 110 (595-596) 240-245 Rinotomia dorsal empregada no tratamento de carcinoma intranasal em dois cães Rhinotomy backbone in treatment in two dogs intranasal carcinoma Josiane M. Pazzini1*, Andrigo B. De Nardi1, Eduardo L. Serafim1, Sabryna G. Calazans1, Rafael R. Huppes2, Carlos Eduardo B. S. Rocha3, Rafaela Bortolóti Viéra1, Carlos Alfredo Calpaa Oliva1, Cynthia Bueno Marchiori1, Marília Gabriele Albuquerque Ferreira1 Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP – Univ Estadual Paulista. 2 Profº Dr. de Técnica Cirúrgica pela Universidade Unicesumar – Maringá/PR. 3 CEO – Criocirurgia e enfermidades oncológica, Campina-SP. Resumo: Os tumores intranasais representam cerca de 1 a 2% das neoplasias que acometem cães, apresentam alta capacidade de invasão local, com potencial metastático relativamente baixo. Acometem principalmente animais de meia idade a idosos. Os sinais clínicos comumente observados são epistaxe, espirros, corrimento nasal, epífora e em casos mais avançados, assimetria facial. O diagnóstico é estabelecido através da associação de exames de imagem tais como a radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e rinoscopia, entretanto a análise histopatológica se faz necessária para a confirmação do diagnóstico. O tratamento consiste em cirurgia, e associação de quimioterapia, e radioterapia quando disponível. Diante disso, o presente trabalho tem objetivo de relatar dois casos de carcinoma intranasal em cão, que foram submetidos a técnica cirúrgica de rinotomia dorsal associado ao tratamento quimioterápico. Sendo assim, pode-se concluir que a técnica de rinotomia associada ao tratamento quimioterápico é eficiente, por ter promovido melhora dos sinais clínicos, e proporcionado qualidade de vida aos pacientes. Palavras–chave: neoplasia, quimioterapia, canino Summary: Intranasal tumors account for about 1-2% of cancers that affect dogs, have a high capacity for local invasion, with relatively low metastatic potential. Mainly affect animals middle-aged to elderly. Clinical signs commonly observed are epistaxis, sneezing, nasal discharge, epiphora and in more advanced cases, facial asymmetry. The diagnosis is established by imaging studies of association such as radiography, computed tomography, magnetic resonance and rhinoscopy, however histopathological analysis is needed to confirm the diagnosis. Treatment consists of surgery, and association of chemotherapy and radiation when available. Therefore, this study aimed to report two cases of carcinoma in intranasal dog, who underwent surgical technique of dorsal rhinotomy associated with chemotherapy. Thus, it can be concluded that the rhinotomy technique associated to chemotherapy is effective, for promoting improvement of clinical signs and provided quality of life for patients. Keywords: cancer, chemotherapy,surgery, canine *Correspondência: [email protected], Rua Alexandria, 91, Parque Itamarato, Jacareí, SP,Brasil, CEP. 12.307.300. 240 Introdução Os tumores intranasais representam cerca de 1 a 2% das neoplasias que acometem cães (Macewen et al., 1977), e aproximadamente 80% destas, são malignas (Silva et al., 2008). Estes apresentam alta capacidade de invasão local, com potencial metastático relativamente baixo (Patnaik, 1989). Acometem principalmente animais de meia idade a idosos, entretanto há relatos descrevendo a sua ocorrência em animais jovens (Patnaik, 1989; Lefebvre et al., 2005). Alguns autores descrevem uma maior predisposição em cães de raças dolicocefálicas que vivem em regiões urbanizadas, devido ao maior contato da mucosa nasal com poluentes ambientais (Strunzi e Hauser, 1976; Reif e Cohen, 1971; Bukowski e Wartenberg, 1998). A menor ocorrência em cães de raças braquicefálicas é por respiram principalmente pela boca, o que reduz o contato da mucosa nasal com possíveis carcinógenos ambientais, além de terem uma extensão de mucosa nasal inferior a dos cães de raças dolicocefálicas (Mcentee, 2004). A exposição crônica a fumaça de cigarro, inseticidas tópicos e a fumaça de aquecedores a querosene foi associada ao aumento do risco de desenvolvimento de carcinomas intranasais (Reif et al., 1998; Bukowski e Waternberg, 1998). Os sinais clínicos comumente observados são epistaxe, espirros, corrimento nasal, epífora e em casos mais avançados, assimetria facial (Silva et al., 2008). O diagnóstico é estabelecido por meio da associação de exames de imagem tais como a radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e rinoscopia, entretanto a análise histopatológica se faz necessária para a confirmação do diagnóstico (Kuehn, 2006; Pownder et al., 2006). A terapia consiste na associação de técnicas como a cirurgia, a radioterapia, a quimioterapia e a utilização de inibidores da COX-2. Alguns estudos sugerem que, Pazzini J. et al. a associação do procedimento cirúrgico à radioterapia é a opção que tem oferecido um maior tempo de sobrevida, aos pacientes acometidos (Adams et al., 2005). O tempo médio de sobrevida de cães não tratados é de 3,1 meses, enquanto que cães tratados podem apresentar uma sobrevida média de 3 anos (Rassnick et al., 2006, Silva et al., 2008). O aumento da expressão da ciclooxigenase-2 (COX-2) que vem sendo observado em neoplasias intranasais de cães, também pode estar envolvido na gênese desta neoplasia (Kleiter et al., 2004). As neoplasias da cavidade nasal, normalmente acometem os dois terços caudais da passagem nasal, com envolvimento secundário dos seios paranasais frontais (Morris et al., 1996). Em cães, de 51 a 75% dos tumores são de origem epitelial, e representam carcinomas de diferentes tipos (Madwell et al., 1976; Patnaik, 1989), destes os mais frequente são os adenocarcinomas e os carcinomas de células escamosas (Silva et al., 2008). As neoplasias intranasais apresentam um comportamento local bastante agressivo, diante disto seu tratamento deve objetivar, principalmente, o controle local da doença (Malinowski, 2006). A combinação de terapias como a cirurgia, a radioterapia e/ou a quimioterapia são as modalidades de tratamento mais empregadas em pacientes com neoplasias intranasais. Entretanto, a escolha da terapia a ser instituída depende da localização e do tamanho do tumor, avaliados pelos exames de imagem (Evans et al., 1989; Hahn et al., 1992; Lana et al., 1997; Morris et al., 1994; Norris, 1979; Thrall e Harey, 1983). A quimioterapia paliativa pode ser eficiente na redução dos sinais clínicos, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida, e podendo aumentar o tempo de sobrevida do paciente, entretanto a resposta ao tratamento quimioterápico, normalmente, é temporária (Langova et al., 2004). Protocolos nos quais são feitas associações de quimioterápicos, apresentam resultados mais promissores quando comparados a protocolos que utilizam apenas um quimioterápico (Langova et al., 2004). Alguns fármacos utilizados no tratamento de neoplasias intranasais incluem a mitoxantrona, doxorrubicina carboplatina, ciclofosfamida e a vincristina (Moore e Ogilvie, 2001). Estudos tem demonstrado uma alta expressão de COX-2, em grande parte dos carcinomas intranasais de cães, justificando desta forma a utilização de inibidores de COX-2 como adjuvantes no tratamento dos carcinomas intranasais (Borzacchiello et al., 2004; Kleiter et al., 2004; Impellizeri e Esplin, 2008) A intervenção cirúrgica isolada, não confere um tempo de sobrevida prolongado aos pacientes submetidos a esta modalidade visto que, na maioria dos casos a remoção completa não é possível (Rassnick et al., 2006). O tempo de sobrevida médio após a intervenção cirúrgica é de aproximadamente 3 a 6 meses, semelhante ao descrito em animais nos quais não foi realizado nenhum tipo de tratamento (Henry et al., RPCV (2015) 110 (595-596) 241-245 1998; Macewen et al., 1977; Laing e Binnington, 1988; Holmberg et al., 1989). Entretanto a rinotomia ou a traqueostomia permanente podem ser necessárias em situações nas quais o tumor esteja obstruindo a via aérea, e dessa forma causando um estresse respiratório ao paciente (Fossum et al., 2014). A radioterapia é a terapia de escolha para cães acometidos por neoplasias nasais malignas (Adams et al., 2005 e Rassnick et al., 2006). Um estudo mostrou que a cirurgia associada à radioterapia de ortovoltagem proporcionou maior tempo de sobrevida, quando comparada a outras modalidades de tratamento (Adams et al., 2005). O presente trabalho tem objetivo de relatar dois casos de carcinoma intranasal em cão, que foram submetidos a técnica cirúrgica de rinotomia dorsal como parte do tratamento. Relato dos casos Foi atendido no Hospital Veterinário, no Serviço de Oncologia da FCAV/UNESP, Jaboticabal, dois pacientes, uma fêmea e um macho, ambos com 8 anos de idade, um SRD (paciente 1) e o outro Chow – chow (paciente 2), com histórico semelhante de dispnéia, epistaxe e corrimento nasal mucopuruleto, e aumento de volume em osso nasal (Figura 1). Realizou-se exames hematológicos, bioquímicos, radiografia de tórax (pesquisa de mestástase, Figura 2), e eletrocardiograma, e os resultados obtidos não apresentavam alterações dignas de nota. Figura 1 - Imagem fotográfica de cão com aumento de volume em osso nasal (seta) Fonte: Serviço de Oncologia Veterinária – FCAV/UNESP. Figura 2 - Imagem fotográfica de radiografia de tórax de cão para pesquisa de mestástase, 241 Pazzini J. et al. RPCV (2015) 110 (595-596) 242-245 Foi realizado inicialmente em ambos os pacientes a rinoscopia para inspeção e biópsia incisional da massa. Encaminhou-se o material para análise histopatológica obtendo resultado compatível com tumor venéreo transmissível (TVT) na paciente 1 e no outro carcinoma nasal. Na paciente 2, com carcinoma nasal foi realizado a tomografia computadorizada, para avaliar o grau de comprometimento de coanas e seios nasais. Já a outra paciente com TVT, foi submetido ao protocolo de sulfato de vincristina (0,75 mg/m2/semanalmente/oito sessões). Não havendo remissão da neoplasia, substituí-se o quimioterápico pelo cloridrato de doxorrubucina (30 mg/m2/a cada 21 dias/seis sessões). Observou-se redução do aumento de volume em osso nasal, porém o paciente iniciou quadros de espirros e descarga nasal mucopurulenta. Diante disso, tomografia computadorizada foi realizada, evidenciando comprometimento de coanas e seios nasais (Figura 3). dermorrafia com nylon 3.0 (Figura 4E). O material foi encaminhado para exame histopatológico, em ambos os casos o laudo confirmou a presença de carcinoma nasal. No pós operatório recomendou-se limpeza da ferida cirúrgica com solução fisiológica. Foi prescrito Cloridrato de Ranitidina (2mg/kg/BID, 10 dias) como protetor gástrico, Cefalexina (30mg/kg/BID, 10 dias) como terapia antibiótica, Cloridrato de Tramadol (3 mg/kg/TID/ 7 dias) e Diripona (25mg/kg/TID, 7 dias) como analgesia, Meloxican (0,1mg/kg/SID, 3 dias) como terapia antiinflamatória. O pós operatório evoluiu bem, e com dez dias do procedimento cirúrgico retirou-se os pontos. Instituise na paciente 1, que apresentou inicialmente TVT, o protocolo associando inibidor da COX-2 (5 mg/kg/SID) à carboplatina (300mg/m2 a cada 21 dias/seis sessões, e também n-Acetil Cisteína (10 mg/kg/BID). Para o outro paciente institui-se protocolo quimioterápico com carboplatina (300mg/m2 a cada 21 dias/três sessões) associado à doxorrubicina (30mg/m2 a cada 21 dias/três sessões). No presente momento, a paciente 1 está com 2 anos após o tratamento cirúrgico, e apresentou remissão completa da neoplasia, no entanto, tem sido tratada com n-Acetil Cisteína (10 mg/kg/BID/ANR), devido a ausência dos cornetos e coanas nasais, sendo assim, empregou-se a medicação para melhor fluidificar as secreções nasais. Já o outro paciente, a neoplasia encontra-se em remissão e a paciente está sendo tratada com quimioterapia metronômica com ciclofosfamida (10mg/m²/ SID/ANR). Figura 3 - Imagem fotográfica de tomografia computadorizada de cão evidenciando envolvimento à porção nasal rostral direita e esquerda, com lise óssea nasal direita. Desvio e lise óssea dos cornetos nasais na porção caudal da passagem nasal e também desvio do septo nasal na sua porção caudal (seta). Fonte. Serviço de Radiologia Veterinária FCAV/UNESP, Jaboticabal-SP. Sendo assim, procedeu-se a rinotomia com abordagem cirúrgica dorsal da cavidade nasal, por meio de uma janela no osso nasal em ambos pacientes (Figura 4A). Após acessar a cavidade nasal, com auxílio de aspirador cirúrgico e curetagem, realizou-se a retirada do material que encontrava-se de maneira homogênea na região de coanas, seios nasais e paranasais (Figura 4B). Ao término, realizou-se lavagem da cavidade nasal com solução fisiológica 9%, em seguida, procedeu-se o reposicionamento de janela óssea realizada no osso nasal. Ato contínuo, realizou-se fixação desta com fios de cerclagem e fio nylon 0 (Figura 4C). Ao término aplicouse metilmetacrilato nas bordas desta janela para evitar o extravasamento de ar para o subcutâneo (Figura 4D), e realizou-se redução de espaço morto com caprofyl 3.0 e 242 Figura 4 - Imagem fotográfica do procedimento cirúrgico de rinotomia para ressecção de Carcinoma nasal em cão. A) Abordagem cirúrgica dorsal da cavidade nasal, por meio de uma janela no osso nasal mostrando a presença de neoplasia (seta). B) Acesso da cavidade nasal, retirada do material homogêneo na região de coanas, seios nasais e paranasais com auxílio de aspirador cirúrgico e curetagem. C) Reposicionamento de janela óssea realizada no osso nasal, fixação com fios de cerclagem e fio nylon 0. D) Aplicação de metilmetacrilato nas bordas da janela óssea. E) Redução de espaço morto com caprofyl 3.0 e dermorrafia com nylon 3.0. Pazzini J. et al. Resultados e Discussões Apesar dos tumores que afetam a cavidade nasal dos cães, representarem em torno de 1% de todas as neoplasias que acometem essa espécie, cerca de 59 a 82% de todos os tumores do aparelho respiratório canino são de neoplasias da cavidade nasal e dos seios paranasais (Turek e Lana, 2007). Manifestações clinicas como aumento de volume em ponte nasal, dispnéia, epistaxe, espirros e descarga nasal mucopurulenta observados nesse trabalho são descritos na literatura (Withrow et al., 2013), estando de acordo com os relatos apresentados. Os casos descritos corroboram com a literatura em relação a faixa etária e porte do animal, visto que segundo alguns autores, a maior ocorrência, em cães, compreende animais com idades entre 7 e 12 anos, de porte médio e grande, porém não corrobora em relação ao sexo, visto que a neoplasia esteve presente em ambos os sexos, no entanto, é descrito que machos são considerados os que apresentam maior risco de desenvolvimento do tumor (Silva et al., 2008). Cães que vivem em cidades com índices de poluição elevados, e raças de crânios alongados, possuem maior predisposição para o desenvolvimento de neoplasias em cavidade nasal (Thomson 2007). Segundo Silva e colaboradores (2008) as raças Basset Hound, Old English Sheepdog, Scottish Terrier, Collie, Pastor Alemão, Setter Irlandês e Pointer Alemão são as mais descritas com risco de desenvolvimento de neoplasias nasais. No presente relato, os pacientes eram de ambiente urbano, como o descrito na literatura, porém de Jaboticabal, cidade do interior do estado de São Paulo, não justificando a presença de índices altos de poluição como sendo a causa da neoplasia nesse caso, no entanto, no outro paciente de Paulínia cidade também do interior do estado de São Paulo, porém com índices altos de poluição pode ter sido um fator agravante que predispôs o surgimento da neoplasia. Ambos os pacientes apresentavam crânio alongado, corroborando ao encontrado na literatura, porém, um paciente sem raça definida e o outro da raça chow-chow. Radiografia simples, tomografia computadorizada, ressonância magnética e rinoscopia, para coleta de material para exame citológico e histopatológico, são úteis e auxiliam no diagnóstico e na avaliação da extensão dos tumores nasais (Silva et al., 2008). Nos casos relatados, foi realizado inicialmente exame radiográfico da face dos pacientes, assim como exame radiográfico do tórax, objetivando o estadiamento da neoplasia. Além desses, foi realizado a rinoscopia, na qual se coletou material para análise histopatológica, como o observado na literatura. Segundo Turek e Lana (2007), a ocorrência de metástases em tumores nasais é baixa, podendo surgir tardiamente em casos avançados. Na radiografia torácica, nenhuma alteração compatível com metástases foi encontrada em ambos os pacientes, assim como no decorrer de todo o tratamento. RPCV (2015) 110 (595-596) 243-245 Com o resultado histopatológico compatível com tumor venéreo transmissível (TVT) em um dos pacientes, optou-se pela quimioterapia com sulfato de vincristina, tratamento mais empregado em pacientes acometidos por TVT, eficiente na regressão tumoral na maioria dos animais (Sousa et al, 2000). Contudo, alguns pacientes desenvolvem resistência à vincristina, sendo necessário o emprego da doxorrubicina (Rodasky et al., 2008), fato observado no caso relatado, posto que não ocorreu a remissão do tumor. Assim, como o descrito na literatura, iniciou-se o tratamento com a doxorrubicina. Após a realização da tomografia computadorizada em ambos os pacientes, a constatação do comprometimento de seios e cornetos nasais, e a ausência de resposta positiva ao tratamento com doxorrubicina em um dos pacientes, realizou-se a rinotomia e o envio de novo material para avaliação histopatológica, na qual foi compatível com carcinoma em ambos os pacientes. Segundo a literatura, a maioria dos tumores nasais são localmente infiltrativos (Avner et al., 2008), fato observado com a realização da tomografia computadorizada, antes da cirurgia. A terapia empregada em tumores nasais visa o controle localizado da doença, visto que estes raramente apresentam metástases (Maruo et al., 2011). O tratamento de eleição envolve a ressecção radical do tumor (Macdonald et al. 2008), conduta não realizada a princípio em um dos pacientes, devido ao laudo histopatológico compatível com TVT extragenital. Porém, segundo Silva e colaboradores (2008), o tratamento cirúrgico isolado, em tumores nasais malignos, não promove aumento na sobrevida quando comparado aos animais não tratados, sendo recomendado a radioterapia. Todavia, a realização do procedimento cirúrgico pode ter finalidade paliativa quanto aos sinais clínicos em alguns pacientes devido as consequências do tumor, como a desobstrução e epistaxes (Hedlund, 2007). Em virtude da não resposta aos protocolos quimioterápicos instituídos antes do procedimento cirúrgico, e buscando-se melhora dos sinais clínicos apresentados pela paciente, optou-se pela cirurgia. Após a intervenção cirúrgica e com o atual resultado histopatológico, compatível com carcinoma nasal, somado a inacessibilidade a radioterapia, iniciou-se o em um dos pacientes o tratamento quimioterápico empregando-se carboplatina associada a inibidor de COX-2, protocolo preconizado em casos de carcinoma por Rodaski e De Nardi (2008). Assim, institui-se protocolo quimioterápico com carboplatina (300mg/m2 a cada 21 dias/três sessões) associado à doxorrubicina (30mg/m2 a cada 21 dias/três sessões), e posteriormente quimioterapia metronômica com ciclofosfamida (10mg/m²/ SID/ ANR) conforme descrito por Lana et al., 1997. Para a correção de defeitos ósseos em rinoplastias e palatoplastias, implantes com materiais de titânio, polietile­no, metilmetacrilato, silicone, supramide, proplast, politetrafluoretileno, dacron, gore-Tex, além de 243 Pazzini J. et al. homoenxertos e autoenxertos de cartilagem e ossos tem sido usados com sucesso (Krüger et al., 2011). No presente relato empregou-se o metilmetacrilato como descrito na literatura (Krüger et al., 2011) nas bordas da janela óssea realizada no osso nasal para evitar o extravasamento de ar para o subcutâneo. Conclusão A técnica de rinotomia associada ao tratamento quimioterápico é eficiente, por ter promovido melhora dos sinais clínicos, e proporcionado qualidade de vida aos pacientes. Sendo assim, é importante lembrar que quanto mais rápido o diagnóstico da lesão, melhor será o tratamento e o prognóstico para o paciente. Bibliografia Adams WM, Bjorling DE, Mcanulty JF, Green EM, Forrest LJ e Vail DM (2005). 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