Edição 87 - Novembro/Dezembro 2011

Propaganda
E D I T O R A
R$ 11,90
A revista dos profissionais de internet
DE NEGÓCIOS
PARA 2012
ESPECIALISTAS REVELAM AS TENDÊNCIAS
DA INTERNET PARA O PRÓXIMO ANO
CRIAÇÃO
ALÉM DE UM PORTFÓLIO
ATRAENTE, SAIBA O QUE
MAIS VOCÊ DEVE TER PARA
ALCANÇAR SUCESSO NA ÁREA
T E C NO L O G I A
PREPARE A SUA AGÊNCIA E
SIGA O PASSO A PASSO PARA SE
ESTRUTURAR DIANTE DA DEMANDA
POR SITES E APLICATIVOS MÓVEIS
M A R K E T I NG
APRENDA A FAZER DOS DISPOSITIVOS
MÓVEIS UM IMPORTANTE CANAL PARA
O MARKETING DIGITAL
OS DIRETORES DAS MAIORES AGÊNCIAS
BRASILEIRAS ENTREVISTAM O ÍCONE DA PUBLICIDADE,
WASHINGTON OLIVETTO
E--COMMERCE
F-COMMERCE: CONHEÇA UM NOVO
MODO DE FAZER NEGÓCIOS ONLINE
E SAIA NA FRENTE DOS SEUS
CONCORRENTES
0 0 0 8 7
9 772178 240007
I SSN 2178- 2407
NOVEMBRO/DEZEMBRO 2011
2
| WIDE | 87 > FRONT
87 > FRONT | WIDE |
1
EDITORIAL
Meta: objetivo
relacionado ao tempo...
Nada melhor que o período de um ano para firmarmos metas
em nossa mente. A Arteccom já tem as suas metas para 2012.
E é justamente nesse final de ano que elas são estabelecidas,
colocadas “no papel”. Costumamos analisar os produtos atuais, alterar alguns, criar outros, sempre com o objetivo de atender e cumprir da melhor forma a missão da nossa empresa.
Qual é a missão de sua empresa? Quais são os seus valores? Da forma como ela está desenhada hoje, ela cumpre
seus objetivos? Ou poderia fazê-lo ainda melhor?
Na reportagem de capa dessa edição, conversamos com os
mais respeitados profissionais da área para trazer para os leitores suas perspectivas, o que eles acreditam que será tendência para o próximo ano. O resultado foi um turbilhão de
ideias. Esperamos que esse material ajude nossos leitores a
visualizarem o próximo ano e que, a partir daí, possam traçar
suas próprias metas com mais segurança.
E, para fechar com chave de ouro o ano e a edição, convidamos Washington Olivetto, o maior ícone do mercado publicitário brasileiro, para conversar com os diretores das agências
nacionais. Afinal, depois de tantas discussões acaloradas
sobre os melhores formatos de agências, interativas, digitais,
fullservice... será que chegamos finalmente a um consenso?
Confira a partir da página 28.
Dessa forma, esperamos ter atendido às expectativas de
quem nos acompanhou durante esse ano, seja nos eventos,
pelas edições da Wide, nos cursos, nos cafés... Desejamos a
todos vocês um “Feliz Natal e um próspero Ano Novo”, muita
saúde, paz, amor, conquistas e sucesso, e que contem sempre
conosco nas realizações de seus sonhos profissionais!
Até 2012!
Um grande abraço da Equipe Arteccom.
Adriana Melo, Camila Oliveira, Cristiane Dalmati, David
Costa Lima, Geraldo Magela, Karina Maury, Luanna Chacon,
Neilton Silva, Rebeca Emerick, Taciana Esteves, Thiago
Almeida e Tiago Bosco.
87
Direção Geral
Adriana Melo
Direção de Redação
Thiago Almeida
Jornalismo
Tiago Bosco
Revisão
Rodrigo Gerdulli
Projeto Gráfico
Tabaruba Design
Direção de Criação e Ilustração
Camila Oliveira
Ilustração (colaboração)
Carolina Vigna-Marú
Publicidade
Luanna Chacon
Atendimento
Taciana Esteves
Tecnologia
Neilton Silva
Financeiro
Cristiane Dalmati
Eventos
Karina Maury
Revista Wide
www.revistawide.com.br
Versão para eReaders
www.revistawide.com.br/ereader
Arteccom
Eventos, editora e treinamento
www.arteccom.com.br
www.twitter.com/arteccom
www.facebook.com/arteccom
www.flickr.com/arteccom
Fale conosco
Atendimento: [email protected]
Redação: [email protected]
Publicidade: [email protected]
www.youtube.com/arteccom
Produção gráfica
www.walprint.com.br
Produção digital
www.kahek.com.br
2
| WIDE | 87 > FRONT
FC Comercial e Distribuidora S.A
www.chinaglia.com.br
87 > FRONT | WIDE |
3
CAPA
OPORTUNIDADES
DE NEGÓCIOS
PARA 2012
Especialistas revelam
quais são as tendências
da internet para o
próximo ano
48
E-MAILS E TWEETS > 06
FIQUE POR DENTRO > 08
Notícias, Blogs, Métricas,
Agenda, Livros, Direito
na web, Internacional,
Empreendedorismo
Criação
> p. 14
PORTFÓLIOS > 14
Agência: Plano Digital,
Freelancer: Fernando Bello,
Ilustração: Luana Geiger, Lente
Digital: Amanda Vivian, Fontes
de Inspiração: Marcio Hirosse
Tecnologia
> p. 60
Marketing
> p.88
E-Commerce
> p. 108
REPORTAGEM > 60
Confira as dicas de grandes
players do mercado sobre como
se estruturar para a alta demanda
por sites e apps móveis
REPORTAGEM > 88
Saiba as melhores maneiras
para fazer dos dispositivos
móveis um importante canal
para o marketing digital,
a importância do mobile
marketing para o e-commerce
e alguns cases de sucesso
REPORTAGEM > 108
Nasce um novo modo de fazer
negócios online, o F-commerce
REPORTAGEM > 24
Saiba como se diferenciar
no mercado e cativar seus
(futuros) clientes
ENTREVISTA > 68
Saiba como foi a passagem de
Pierre Lévy pelo Rio de Janeiro
ENTREVISTA > 28
O que pensa Washington
Olivetto sobre as agências e o
mercado de criação na era digital
OPINIÃO > 72
Especialistas debatem sobre
a evolução da web e dos
navegadores nos últimos anos
OPINIÃO > 34
Teoria e prática andam
juntas? Confira o que
profissionais gabaritados
pensam sobre o tema
ESTUDO DE CASO > 76
Conheça um projeto
social desenvolvido em
jQueryMobile
ESTUDO DE CASO > 38
Conheça o case dos
Chocolates M&M’s, que estão
de cara nova na web
COLUNAS > 42
Ilustração: Carolina Vigna-Marú,
Design de interação: Amyris
Fernandez, Internacional:
Julius Wiedemann, Aqui, ali, em
qualquer lugar: Michel Lent
4
| WIDE | 87 > FRONT
COLUNAS > 80
CSS3: Mauricio Maujor,
Segurança: Ivo Machado,
Tableless: Diego Eis, Mercado
de TI: Paulino Michelazzo
CAMPANHA > 94
A agência F.biz lançou
uma ação interativa para
o sabonete Lux Líquido e
contou com a participação da
atriz Paola Oliveira
ENTREVISTA > 98
Rafael D’A ndrea, especialista
em Shopper Marketing, dá
dicas e revela estratégias de
estímulos a compra
ENTREVISTA > 118
Felipe Brasil, diretor de
e-commerce na Polishop,
conta a história de sucesso da
empresa, que inova ao levar
ao cliente uma nova e inédita
oportunidade variada por dia
ESTUDO DE CASO > 122
Para falar sobre o futuro
multicanal da Farm, veja as
valiosas dicas de dois gestores
do grupo
COLUNAS > 126
Web & Business: Rafael
Esberard, E-commerce:
Mariano Faria
COLUNAS > 102
Webwriting: Bruno Rodrigues,
Marketing: René de Paula, Wide
Thinking: João Batista
Os links citados nesta edição estão reunidos na página principal do site da revista. Acesse www.revistawide.com.br.
A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor
dos anúncios publicitários.
Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da Editora.
87 > FRONT | WIDE |
5
E-MA IL S
E-mails e
Tweets
[[email protected]]
Fui pessoalmente à Arteccom
pegar a última edição da
revista Wide. Queria muito
agradecer o espaço concedido
à Ato Interativo. A revista ficou
incrível e já está gerando
resultados. Mais uma vez, muito
obrigado pela parceria. Aproveito
para parabenizar vocês, pois as
matérias estão ótimas. No que
precisar, pode contar conosco,
ok? Grande abraço.
Pensava em como aumentar
o fluxo de visualizações e
participação em meu blog,
quando li uma fantástica
matéria aqui na Wide,
explicando como usar o
Google Buzz a nosso favor,
e não deu outra: o site fez
um boom de acessos! Agora
leio todas as entrevistas e
reportagens para não perder as
oportunidades. Obrigada, Wide!
FELIPE GAZOLLA
RUDYNALVA SOARES
[email protected]
[email protected]
Legal, Felipe! Bom saber que a
Wide esteja indo ao encontro
de suas expectativas e gerando
resultados. Nós é que ficamos
agradecidos de contar com vocês,
da Ato Interativo, como parceiros.
Nós que agradecemos! Ficamos
felizes com o resultado. O nosso
grande objetivo é justamente esse.
Sinta-se sempre à vontade para
nos enviar sugestões pelo e-mail
[email protected].
Primeiramente, parabéns para
a equipe da revista Wide pela
qualidade das matérias. Decidi
abrir um escritório voltado para
a área do design e estou com um
sério problema — os valores a
serem cobrados em cada tipo
de trabalho. Notei que não existe
um parâmetro para essa questão.
Dizem que aqui em Goiânia e
região não existe um referencial
real de preços, uma tabela que
possa servir de comparação. Mas
sei que vocês têm a referida tabela
e gostaria de ter acesso a ela. Será
de grande importância, pois não
quero “levantar voo” no escuro,
principalmente na área comercial.
EDUARDO DUARTE
[email protected]
Olá, Eduardo! Ficamos muito felizes que esteja aproveitando o conteúdo da Wide. Em relação à tabela
de preços da Abradi, já a disponibilizamos em nosso site. Esperamos
que essa colaboração contribua
para sua nova empreitada.
T W E E T S [@arteccom, #revistawide]
@bru_coutinho
Trabalho há anos com internet
e não conhecia a #RevistaWide. Comprei a última e achei
sensacional! A equipe @
directa_click tb curtiu. :)
@bracarense_
A #RevistaWide nº 86 traz
uma ótima matéria sobre
design de interfaces para
e-commerce. Bom ver ali
muitos conceitos que eu sigo.
@fernandosimor
Parabéns #RevistaWide,
esta última edição trouxe
excelentes matérias, todas
com consistência e qualidade!
@maujor
Acabo de receber a #RevistaWide da @arteccom. Está
fantástica a edição de aniversário. Parabéns e vida longa,
Adriana e colaboradores.
@trfraga
@arteccom Excelente matéria
sobre estratégias de marketing
em mídias sociais! A Wide contribui sempre! Abraço!
@rafaelesberard
Opa! Acabei de receber em
casa a nova edição da WIDE,
já estou devorando... Cada vez
melhor! Parabéns @arteccom
#RevistaWide
@war10ck_ti
Finalmente comecei a ler
a #RevistaWide agosto/
setembro. Aqui pra gente, o
conteúdo tá de babar. Nota
1000!
@lamilaz
#RevistaWide esse mês
está ótima com especial
boca a boca na web e sobre
comércio eletrônico com
dados interessantíssimos e
consistentes!
ERRATA
Sugestões dadas por meio dos e-mails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.
6
| WIDE | 87 > FRONT
- NA WIDE 86, PÁGINA 33, O NOME CORRETO
DO DIRETOR DE CRIAÇÃO DA AGÊNCIA
CHLEBA É GIULIANO BISSACOT.
87 > FRONT | WIDE |
7
N OT Í C I A S
CityVille agora
também no Google+
Fique
por dentro
The Washington Post lança
aplicativo para Facebook
O Washington Post, um dos jornais mais influentes do mundo,
adotou de vez a web 2.0. O periódico norte-americano lançou um
aplicativo para o Facebook que visa facilitar o acesso dos usuários
da maior rede social do mundo às notícias mais importantes da
publicação. Baseado no novo Open Graph (migre.me/5MX7O),
linguagem utilizada em plugins e aplicativos que conecta sites,
widgets, aplicativos móveis e páginas do Facebook, o leitor
social do jornal informa as últimas notícias por meio dos seus
amigos no site. Com o Friends Using Social Reader, o usuário do
aplicativo saberá exatamente quem também está usando o
leitor. Em The What People Are Reading, o internauta poderá
descobrir o que as pessoas estão lendo, como se fosse um feed
de notícias. “The Washington Post Sociais Reader é uma forma de
as pessoas se conectarem sobre os últimos acontecimentos do
dia e descobrirem notícias em tempo real com seus amigos no
Facebook”, afirma Donald Graham, presidente do jornal.
Rede social para boleiros
Zico e Ronaldo, dois dos maiores craques do futebol brasileiro e mundial, uniram-se para um
projeto inovador. Os craques lançaram a P.nera
(www.pnera.com), rede social voltada a atletas,
torcedores e profissionais do esporte em geral. O
site permite que os usuários criem um perfil com
No último mês de setembro, a produtora Zynga (www.zynga.com)
anunciou que o famoso CityVille
chegou ao Google+. Um dos principais jogos sociais da internet, o
game de construção de cidades,
pretende se expandir além do Facebook, agregando usuários à rede
da gigante de buscas Google. A ligação com o Facebook é tamanha
que, até agora, observadores da indústria acreditavam na existência
de um contrato de exclusividade
entre os principais produtos da
Zynga e a plataforma de Mark Zuckerberg. No Google+, o jogo parece
não ter qualquer diferença em relação à versão do Facebook. Em nota,
a empresa afirmou que quer fazer
seus jogos “acessíveis para todos,
em qualquer lugar — não importa
onde e nem em que plataforma seja
jogado”. A Zynga, empresa norte-americana que desenvolve jogos
sociais, se faz presente em diversas
redes sociais, como Facebook, Google+, Orkut e MySpace. Ela foi responsável por criar outros famosos
games, como o popular FarmVille,
o Mafia Wars e o Café World.
fotos, vídeos, acompanhem blogs, troquem mensagens e interajam com jogadores profissionais ou
amadores. O principal atrativo da rede social é a
ferramenta que permite aos aspirantes a jogador
de futebol enviarem vídeos mostrando suas habilidades. O garoto cuja exibição for a mais votada
passará uma semana fazendo testes em um clube
da Série A do Campeonato Brasileiro.
MÉTRICAS
80%
Percentual de brasileiros que já sofreram ataque na rede, de acordo com pesquisa
14 milhões
da fabricante de antivírus Norton. Segundo o estudo, 80% dos adultos entrevis-
mundial do perfil que tem mais seguidores no microblog. O brasileiro com mais
tados (com mais de 18 anos) disseram já ter sido vítimas de algum tipo de crime
adeptos nessa rede social é o jogador Kaká (@Kaka), do Real Madrid, com cerca
cibernético neste ano — volume acima da média mundial, de 69%. Fonte: Norton
de 6 milhões de admiradores. Fonte: Twitter Counter (www.twittercounter.com)
(www.norton.com)
8
| WIDE | 87 > FRONT
São os fãs da cantora pop Lady Gaga no Twitter que fazem ela liderar o ranking
BLO GS DO MÊ S
Blog Mídias Sociais
O (midiassociais.blog.br) conta com uma equipe de
sete colaboradores e traz dicas para profissionais
que trabalham ou desejam trabalhar nesse
universo 2.0 das mídias sociais. O blog ainda
apresenta dados estatísticos, infográficos e uma
seção voltada para o jornalismo.
Publicidade na Web
Publicidade na Web (www.publicidadenaweb.com),
blog editado por Ricardo Prates Morais, consultor
em web marketing e diretor da agência Emarket,
foi criado no ano de 2006 e desde então vem
publicando notícias, dicas, campanhas e cases
de publicidade e marketing online. Por todo esse
tempo ele conta com vários colaboradores que
enviam artigos, notas e sugestões de pautas. O
objetivo é compartilhar e discutir sobre vários
assuntos relacionados a publicidade na internet.
Conhece algum blog interessante focado em
criação, tecnologia, marketing ou e-commerce?
Envie sua dica para [email protected]
30,9 milhões 164ª
É o número de usuários que o Facebook atingiu no Brasil, segundo o último re-
Essa é a posição que o Brasil ocupa no ranking de velocidade da internet banda
latório do Ibope. Confirmando a tendência de crescimento no país, a rede criada
larga entre 220 nações. A Coreia do Sul lidera, com velocidade média de conexão
por Mark Zuckerberg passou pela primeira vez o Orkut (29 milhões) em usuários
superior a dois megabytes por segundo. No Brasil, a velocidade média é de 105
únicos. Fonte: Ibope (www.ibope.com.br)
quilobytes por segundo, muito abaixo da média mundial de 508 quilobytes. Fonte:
Pando Networks (www.pando.com)
87 > FRONT | WIDE |
9
LIVRO S
Boom de mídias
sociais
JEFFREY GITOMER
Editora M.Books
www.mbooks.com.br
AGEN DA
05 e 26/11 e 03/12 04 e 05/11
EDTED 2011
Locais: Salvador,
Fortaleza e Recife
www.edted.com.br
Com o tema central “Criação,
e-commerce e mobile”, a 16ª
edição do EDTED (Encontro de
Design e Tecnologia Digital)
fecha o ano passando por três
capitais do Nordeste com palestras sobre criação, HTML5
e CSS3, desenvolvimento para
iPhone e iPad, como divulgar
uma loja virtual e muito mais.
Ingressos: de R$ 29 a R$ 79
05/11
PHP'N RIO
Local: Rio de Janeiro
www.phpnrio.com.br
CONISLI (CONGRESSO
INTERNACIONAL DE SOFTWARE LIVRE)
Local: São Paulo
www.conisli.org.br
O CONSILI é um evento de conteúdo técnico e instrutivo, com o seu
foco em desenvolvimento de software, infraestrutura e segurança,
a fim de cada vez mais colaborar
para o fortalecimento da Comunidade de Usuários e Desenvolvedores de Software Livre.
05 e 06/11
TECHINTER
Local: São Paulo
www.techinter.com.br
O evento é focado na linguagem
PHP e em seu ecossistema e
será composto por duas trilhas
de palestras, quatro minicursos
e uma área de desconferência,
onde os participantes terão a
oportunidade de apresentar
suas palestras-relâmpago e
praticarem programação em
sessões de Coding Dojo durante
todo o evento.
Ingressos: R$ 30
TechInter é uma conferência
com foco em carreira, mercado
e novas oportunidades em
tecnologia da informação que
reunirá as principais empresas
fornecedoras de soluções,
capacitação e serviços em tecnologia da informação do Brasil,
profissionais e especialistas de
destaque na área, com o objetivo
de apresentar, discutir e debater
as mais interessantes ideias de
sucesso na área.
Ingressos: de R$ 105 a R$ 150
17/11
26/11
Local: São Paulo
http://events.linuxfoundation.
org/events/linuxcon-brazil
Local: São Paulo
www.mediaeducation.com.br/
digitalarena
O evento reúne grandes talentos do mundo open source, os
principais desenvolvedores e
os administradores de sistema,
além de usuários Linux, empresários e especialistas do setor
que tenham pleno envolvimento com a comunidade do
Software Livre.
Ingressos: R$ 100 (meia) e R$
200 (inteira)
Um dos maiores eventos de
marketing digital no Brasil
contará com quatro áreas de
interesse diferentes na edição
2011, sendo elas Social Media,
Search, Startup e Mobile. Além
disso, terá a Networking Arena,
um espaço diferenciado onde
as pessoas poderão iniciar as
suas discussões.
Ingressos: de R$ 260 a R$ 280
LINUXCON BRAZIL
10
| WIDE | 87 > FRONT
Esse livro ensina os conceitos, as estratégias
e como utilizar o poder e a oportunidade que
a mídia social apresenta para os negócios.
Como os outros livros de Jeffrey Gitomer,
O boom de mídias sociais é curto, preciso e
sem rodeios.
DIGITAL ARENA
Vende-se design
BRUNO PORTO
2AB Editora
www.2ab.com.br
O livro reúne sugestões para montagem e
apresentação de portfólio, preparação de currículo e networking, como abordar possíveis
clientes, o que fazer (e o que não fazer) para
aparecer na mídia, cuidados com sua reputação e as vantagens de participar de competições, publicações e associações profissionais.
A revolução das
mídias sociais
ANDRÉ TELLES
Editora M.Books
www.mbooks.com.br
No Brasil, mais de 80% dos internautas participam de alguma mídia social. Nesse livro,
você verá cases, conceitos, dicas, ferramentas, táticas e estratégias de como tirar proveito de cada uma delas e do conjunto delas.
São definidos os diferentes tipos de mídias
sociais de acordo com seu foco de atuação.
Adobe Dreamweaver
CSS – classroom in a book
AUTORES QUE FAZEM
PARTE DA ADOBE SYSTEMS
INCORPORATED
Bookman
www.bookman.com.br
Totalmente colorido, esse livro ensina a utilizar os novos recursos do Adobe Dreamweaver CS5. Em dezessete lições, o leitor aprenderá a criar páginas web estáticas e dinâmicas; a
incorporar elementos gráficos, texto e vídeo;
a construir aplicações interativas ricas; a fazer
upload de sites e a gerenciá-los — e muito mais.
DIREITO NA WEB
INTE R N ACIO N AL
Gilberto Martins de Almeida
é advogado formado na PUC/RJ, com Mestrado na USP e cursos em Harvard e no M.I.T.
Ex-Gerente Jurídico da IBM, onde trabalhou por 11 anos, no Brasil e nos EUA. Sócio de
Martins de Almeida – Advogados, escritório especializado.
Expansão em mídia
social
MIAMI
PROBLEMAS EM CONTRATOS DE SERVIÇOS
DE HOSPEDAGEM
Trabalho com serviços web. No último mês, contratei uma empresa
para hospedagem de um site, mas
depois do serviço pago não conseguia acessar o servidor FTP para
fazer as modificações na página. A
toda hora o sistema caía e a empresa não me apresentava solução. O
que devo fazer?
LUAN BENAVENUTO DOS SANTOS
[email protected]
Mutatis mutandis, hospedagem online
pode ser tão problemática quanto hospedagem offline. Além da boa escolha
do hospedeiro (que contribui, na prática, para certa margem de segurança),
as regras da hospedagem precisam ser
claras e completas, senão o vácuo pode
abrir um abismo entre as expectativas
de cada lado.
A PRIMEIRA PROVIDÊNCIA , portanto,
deve ser definir um acordo de nível de
serviços (“SLA”), indicando as metas de
qualidade (por exemplo, tempo de resposta e efetividade de solução no serviço de suporte) e os possíveis bônus
ou penalidades em caso de superatingimento ou de atingimento aquém do
esperado. Essa deve ser a espinha dorsal do contrato de hospedagem. O SLA
deve fazer parte do contrato como um
anexo integrante dele.
A SEGUNDA TAREFA (na verdade, simultânea à discussão do SLA) é negociar
um acordo de gestão de serviços (“SLM”),
especificando os ingredientes que
deverão temperar as responsabilidades de cada uma das partes. Por exemplo, dizendo o que ocorrerá em caso
de indisponibilidade da hospedagem
devido a falha do backbone, ou a invasão por hacker, ou a contaminação por
vírus, bem como assegurando colaboração em situações de rescisão e de consequente migração de serviços.
A arquitetura SLA + SLM é a maior
fonte de tranquilidade jurídica para
esse tipo de contrato. Se tais peças
forem bem escritas (por exemplo,
dizendo se os serviços de hospedagem
serão considerados como obrigação de
melhores esforços, situação em que o
hospedeiro que faz o que era possível
fazer não será responsabilizado pelo
que estava fora do seu alcance, ou
como obrigação de resultados, caso
em que o hospedeiro terá que resolver
ou indenizar independentemente de
quaisquer culpas ou desculpas), o contrato poderá ser levado à Justiça com
grandes chances de êxito de obtenção
de liminar protegendo imediatamente
quem tenha sido prejudicado em relação ao que o contrato estabelecera.
Se o contrato não tiver sido bem
estruturado e redigido, a deficiência
deverá pesar contra o hospedeiro, pois o
Código do Consumidor diz que, em caso
de dúvida, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao consumidor (e
com maior razão, se o contrato tinha um
texto-padrão, de autoria exclusiva do
hospedeiro, e imposto a todo cliente).
Toda evidência de comunicação sobre
os problemas (e-mail, telefonemas, visitas técnicas, atas de reuniões) ajudará a
compor os vazios deixados pelas lacunas contratuais, portanto convém caprichar na documentação sobre o histórico
dos problemas.
O ideal, entretanto, que o contrato
tenha sido bem preparado, para que,
tanto quanto na hospedagem offline, a
hospedagem on-line seja uma experiência tranquila e acolhedora.
Enviado por Rodrigo Butori
www.lacomunidad.com
Na campanha mais recente da la comunidad para a marca Original Penguin, estamos
usando uma ferramenta interessante de expansão em mídia social. Chamada ShoTools
(www.shotools.com) e criada por um grupo
de programadores espanhóis liderados por
Alex Puig (um dos maiores gurus da área na
Espanha), essa ferramenta possibilita filtrar
e incrementar o número de fãs e seguidores
de uma campanha ou marca com precisão
invejável. Estamos apenas começando, mas
o resultado tem sido positivo. E lógico que,
modéstia à parte, a qualidade criativa da
ideia também tem ajudado. Acesse www.
facebook.com/opjacket.
“The banners are
dead, long live the
banners”
NOVA YORK
Enviado por Lino Ribolla
www.acsysinteractive.com
Uma das revelações de Cannes 2011 foi a
extinção dos banners. Durante a última década, apesar de seu reduzido tamanho, eles
sempre foram um dos formatos preferidos
para se exercer a criatividade interativa.
Ainda em 2009, os banners ainda levaram
prêmios principais, como a campanha belga promovendo os Banner Concerts, brilhante por utilizar e fazer graça da própria
limitação desse espaço criativo. Mas, no
último festival, os banners sumiram das listas de premiação. O centro da criatividade
mudou: não faltou metal para campanhas
no Facebook ou Twitter. A limitação de
espaço agora cede o trono criativo para a
limitação dos 140 caracteres. Os banners,
que cada vez geram menos cliques (0,01%,
nas últimas pesquisas), passam a ser uma
relíquia nostálgica dos primeiros dez anos
de uma indústria que ainda continua se
transformando continuamente. Veja aqui
a campanha belga promovendo os Banner
Concerts: youtu.be/f4rnk5fAY64.
87 > FRONT | WIDE |
11
E MP R E E N D E D O R IS MO
Kauê Linden
Empresário e publicitário, fundou a Hostnet quando tinha apenas 17 anos. Em dez anos de
trabalho, além das atribuições executivas, criou projetos como a Olímpiada de Algoritmos
nacional, que estimula o interesse de estudantes pela área de desenvolvimento de TI, e
o site Artistaderua.com, que visa divulgar artistas que se apresentam em palcos improvisados nas calçadas de grandes cidades brasileiras.
EMPREENDEDORES, JOVENS
E AMBICIOSOS
Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg.
Todos eles fundaram suas respectivas
empresas quando tinham cerca de vinte
anos de idade. Seria uma coincidência o
fato de que as empresas consideradas os
maiores cases de sucesso em TI terem
sido todas elas fundadas no mesmo país
por, digamos assim, calouros? Teriam tido
a mesma chance de sucesso se nascidos
no Brasil ou na China?
O que Microsoft, Apple e Facebook fizeram se mistura com história e choque de
realidade. A trajetória de jovens recém-chegados à faculdade que reuniram seus amigos mais interessados e lideraram a construção de empresas que fizeram história
e estão entre os maiores casos de sucesso
de empreendedorismo mundial. Quando
jovens, esses empreendedores tiveram
visão, oportunidade, mercado, educação
e brilhantismo para aproveitar o momento
de maior potencial de suas vidas.
É claro que com vinte anos ainda é cedo
para se considerar pronto para o mundo
dos negócios, e dificilmente alguém consegue atingir algum auge profissional com
menos de dez anos de dedicação e esforço.
Mas, é inegável que o fim da adolescência
nos deixa, ainda aos vinte anos de idade,
uma dose de arrogância, de desrespeito
com o risco. E talvez aí esteja o pulo do gato.
Empreender é risco, negócio é tendência. Não é muito mais fácil arriscar
quando não temos compromissos tão
sérios? Não é muito mais fácil entender
um momento de transição quando você
faz parte do processo? Por isso, sonhar
na adolescência em criar uma empresa
e viver dela não parece mais que uma
aventura que pode transformar trabalho em prazer. Viver do que se gosta de
fazer, ser dono do seu próprio bico e ter a
chance de mudar o mundo usando a tecnologia. Tentador não?
Mas, e no Brasil? Existem, sim, no
Brasil casos aos montes de empreendedorismo com TI e sucesso, gente que
12
| WIDE | 87 > FRONT
ganha dinheiro fazendo o que gosta, que
começou cedo e conseguiu chegar aos
trinta rico. É verdade que não mudamos
o mundo como as empresas americanas,
mas isso seria esperar demais de um país
que se acostumou a exportar café e importar computador. Nessa hora, empreendedorismo e educação se chocam. A realidade para cultura brasileira ainda aponta
objetivo principal como segurança familiar baseada em emprego, de preferência
público e com um diploma de doutor.
É provável que ainda tenhamos alguma
oportunidade de ver empresas surpreendentemente inovadoras e brasileiras nas
próximas décadas. Nosso crescimento
populacional e acesso livre à informação
são pontos favoráveis, mas na balança
pesa negativamente a falta de vocação
de nossos políticos em gerar ambientes
favoráveis ao desenvolvimento e, consequentemente, gerar uma cultura que favoreça esse processo. Onde será nosso Vale
do Silício? Onde as empresas nacionais
podem investir com benefícios evidentes
para todos os lados? Onde estão as formações acadêmicas de referência? Mais
provável é que os futuros grandes empresários, que talvez tenham a chance de fazer
história por aqui, sejam um filho fruto de
uma família que soube investir em educação globalizada, que soube educar fora da
caixa. Talvez alguém que, como você, pode
se dar ao luxo de comprar uma revista
especializada, ou talvez seus filhos.
O fato é que para fazer sucesso no
mercado de tecnologia é necessário aproveitar o potencial jovem, aquele que está
disposto a passar noites em claro, dormir
debaixo da mesa do trabalho e até dormindo continuar pensando, ou melhor,
sonhando com seu negócio. Viver a arrogância de saber que pode fazer melhor e
arriscar de forma que as empresas mais
antigas e conservadoras não fazem.
Quantas vezes não escutamos a velha
frase “quando eu tinha meus vinte anos…”.
87 > FRONT | WIDE |
13
Agência
PORTFÓLIO
Plano Digital:
uma agência sem fronteiras
“Acompanhamos a evolução tecnológica e procuramos, ao
máximo, adaptá-la à publicidade, criando novas ações ou
integrando o offline ao meio digital”
Em 2003, a publicitária Luciana Garcia, que já atuava no mercado de internet desde 1997, era executiva de uma multinacional em São Paulo e, por
motivos pessoais, precisou mudar para Brasília. Foi
então que ela resolveu colocar em prática um projeto solo. Nascia ali a Plano Digital, uma agência que
desde a sua fundação atende grandes contas, de
empresas privadas ao governo federal, passando
por secretarias e ministérios.
Sobre os requisitos para a formação da equipe,
Luciana conta que, antes de certificados, eles
focam o portfólio dos candidatos, sobretudo dos
desenvolvedores. “Formação é importante, claro,
PLANO DIGITAL
ANO DE FUNDAÇÃO: 2003
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 12
CIDADES SEDE: Brasília (DF) e São Paulo (SP)
SITE: www.planodigital.com.br
E-MAIL: [email protected]
TWITTER: @planodigital
14
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
mas é a pasta que vai dizer as qualidades e as habilidades daquele profissional, a sua experiência e o
que ele poderá agregar para a Plano Digital. Afinal,
estamos num mercado que espera respostas rápidas, por isso precisamos de uma equipe capaz de
dar essas respostas à altura da expectativa dos nossos cliente”, conta Luciana, sobre os requisitos para
a formação da equipe.
Em relação à visão que a agência tem sobre o
mercado digital, estar sempre atento às mudanças
é uma filosofia e uma necessidade para a equipe.
“Acompanhamos a evolução tecnológica e procuramos, ao máximo, adaptá-la à publicidade,
criando novas ações ou integrando o offline ao
meio digital, da forma mais coerente e sempre de
olho no comportamento e nas respostas dos consumidores”, afirma Luciana, que revela os planos
futuros da agência.
“Queremos que a Plano Digital tenha um crescimento orgânico, que faça sentido para nossos clientes, que a gente agregue valor e deixe a nossa marca
nas marcas. Já estamos em dois grandes centros de
negócios — São Paulo e Brasília — e de olho no mercado brasileiro, em uma expansão para outras capitais e, ainda, um pouco mais adiante, à capital da
Argentina, Buenos Aires, pois enxergamos lá uma
boa oportunidade de negócio, por meio de parcerias locais, devido ao crescimento econômico dos
países do Mercosul”, conta.
QUAL SUA ATITUDE?
Campanha de prevenção da AIDS do Ministério da Saúde
migre.me/5Nzlp
Um dos cases desenvolvidos pela Plano Digital foi
a campanha veiculada em todo o Brasil durante o
Carnaval, com o objetivo de conscientizar o público
jovem sobre o uso da camisinha e prevenção da AIDS.
“Devido ao curto deadline do cliente, tivemos
apenas três semanas para criar e implantar esse
job. Estabelecemos, então, uma grande força-tarefa
para dar conta do recado e, ainda, surpreender com
uma proposta inovadora. Reunimos grande parte
de nossa equipe, levantamos diversas opções possíveis de serem implantadas em tão pouco tempo e o
resultado foi excelente. Ideia aprovada e tarefa cumprida”, diz Luciana.
A campanha, que teve como porta-voz a cantora
Negra Li, personagem de forte identificação com o
público-alvo, apostou em um tom mais descontraído
Sobre a tecnologia
PHP+MYSQL+FLASH
para comunicar com os jovens, procurando falar de uma
forma mais próxima, clara, sem precisar fazer terrorismos em relação à doença. “No site, a cantora responde às
perguntas dos usuários, como num quiz, em que o desafio é descobrir que tipo de atitude se tem em relação ao
uso de camisinha e prevenção de doenças”, conta.
BANCO DO BRASIL NA CAMPUS PARTY
Por meio da presença na Campus Party, maior
evento de entretenimento eletrônico da América
Latina, o Banco do Brasil desejava atrair a atenção
dos usuários de sites de redes sociais para integrar
o banco, seus produtos e serviços com o público
jovem e universitário. Foi então que a Plano Digital
entrou em cena, sendo responsável por divulgar,
promover e amplificar as ações no evento para a
conquista de novos seguidores e fãs para os perfis
oficiais do BB nas redes sociais.
“ATUALIZAMOS OS PERFIS NO TWITTER
(@BBNOSEVENTOS) E A FANPAGE NO FACEBOOK, para
atuar no relacionamento com o público jovem e
universitário. Integrado ao Twitter, criamos uma
conta no Twitpic para publicar foto e tivemos um
aumento de cerca de 43% em relação aos seguidores. Já no Facebook, em apenas vinte dias, conquistamos oitocentos novos fãs”, conta Luciana.
Mídias sociais utilizadas
TWITTER+FACEBOOK
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
15
Freelancer
PORTFÓLIO
Fernando Bello
“É muito importante ter uma noção técnica
de programação e ao mesmo tempo uma
visão artística aguçada”
Graduado em Desenho Industrial pela PUC-RJ, o
carioca Fernando Bello trabalha desde 2006 na
área digital e possui em seu portfólio projetos premiados e de destaque. Atualmente, é diretor de arte
do Peixe Urbano.
Pode-se dizer que a magia dos games — um dos seus
maiores hobbies — foi responsável por Fernando
Bello se aproximar do mundo digital. Tudo começou em sua juventude, jogando Warcraft 2, depois
passou desse game para o famoso Starcraft e, em
seguida, entrou em um clã do jogo. “Um belo dia,
decidi criar um website para os meus colegas de clã
por pura diversão, então baixei o FrontPage e saí
me aventurando no mundo do HTML. Após várias
tentativas, consegui colocar o site no ar e fiquei
espantado com a quantidade de pessoas que gostaram e interagiram”, conta.
FERNANDO BELLO
E-MAIL: [email protected]
SITE: : cargocollective.com/fbello
TWITTER: @designbello
FACEBOOK: facebook.com/fernando.bello1
16
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
Em relação às suas referências criativas e profissionais, Fernando é fã de pintores clássicos, como
van Gogh, Michelangelo, da Vinci, di Cavalcanti,
Dalí, Gauguin, Picasso e Kandinsky, além de curtir
também a arte de Beatriz Milhases e Vick Muniz. “Na
área digital, admiro muito os trabalhos de Will Murai,
Wilson Costa, Adhemas Batista, Elisa Rocha, Carol
Rivello, Filipe Gropillo, Anna Anjos, Carlos Giovanni,
das agências 6D Estúdio, Seagulls Fly, e Gringo.
Falando sobre suas principais realizações profissionais, Fernando destaca as duas que considera
mais importantes. “Primeiro, foi ter chegado entre
os dez finalistas no Concurso Peixe Grande, com
o site da Privilègè, no ano de 2008. Outra grande
realização foi ter feito cursos de programação em
HTML, CSS, Javascript e Action Script, assim como
cursos voltados para o lado artístico”, conta.
Sobre a visão que tem sobre o mercado em
que atua, Fernando lembra que após o período da
bolha, quando ocorreu a guerra entre os browsers,
no ano 2000, a internet não parou de crescer. Para
ele, hoje o mercado digital se encontra em ampla
expansão. “As possibilidade de interação são cada
vez maiores e devemos estar sempre nos atualizando. Acredito que é um ótimo momento para
aqueles que estão interessados na área digital se
especializarem, pois há muitas vagas em aberto
e uma grande busca por profissionais com mais
expertises. É muito importante ter uma noção técnica de programação e, ao mesmo tempo, uma
visão artística aguçada”, diz.
Falando sobre seus planos futuros, hoje a prioridade para Fernando é investir na área acadêmica visando a boas possibilidades profissionais.
“Minha meta bem próxima é fazer MBA em gestão
de marketing digital, para um dia me tornar coordenador de equipe de marketing digital ou gerir meu
próprio negócio”, afirma.
GRUPO LUXOR
www.grupoluxor.com.br
GRUPO LUXOR
Um dos trabalhos desenvolvidos por Fernando Bello
foi remodelar o site do Grupo Luxor, tendo em vista
que o cliente achava o antigo muito estático, com
design ultrapassado. “Primeiramente, fiz uma análise
de métricas no Google Analytics para constatar quais
eram os links mais visitados do site. Em sequência,
realizei um estudo da navegabilidade para constatar
quais eram os links quebrados e os gargalos do site.
Após esse estudo, planejei o projeto em três etapas:
sete dias para fazer o wireframe, sete dias para o desenvolvimento do layout e dez dias para a programação”,
conta Fernando.
O projeto, conquistado por meio da indicação da
designer Flávia da Matta, exigia algo mais abstrato e,
por conta disso, Fernando solucionou essa questão
com fotos que representassem bem cada conceito. E
ele foi recompensado. “Um fato que me deixou muito
orgulhoso é que, assim que apresentamos uma prévia
do website, o presidente do grupo Luxor gostou tanto
que aplaudiu o projeto de pé”, conta.
Sobre a tecnologia
FLASH+ACTIONSCRIPT2
“Decidi utilizar o Flash como tecnologia, pois a intenção era usar bastante
movimento e imagens de alta resolução para o desenvolvimento do website”
W3 ENGENHARIA
www.w3.com.br
W3 ENGENHARIA
O site da W3, outro projeto desenvolvido por Fernando
Bello, foi conquistado por meio de um trabalho freelance para a Agência Azul, no qual o seu design venceu
a concorrência. “Comecei com uma análise de concorrentes e percebi que os sites do segmento eram muito
parecidos, bem retos e com poucas curvas. Foi então
que decidi fazer um grafismo bem ondulado e diferente
para o site possuir uma identidade diferenciada”, conta.
Em relação às etapas de produção do site,
Fernando produziu dois layouts, um bem reto, que era
mais próximo do segmento, e um mais diferenciado.
“Achei que o layout mais diferenciado não seria aprovado, e sim o mais simples. Fiquei surpreso e bastante
contente quando o cliente optou pela opção mais
ousada”, diz, relatando também que o site foi produzido em duas etapas: desenvolvimento do wireframe
e criação do layout.
Sobre a tecnologia
FLASH+ACTIONSCRIPT2+CSS+JQUERY+HTML
“Utilizei Flash e HTML também, pois o site precisava ficar bem colocado no Google
Analytics e atrair clientes para os novos empreendimentos”
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
17
Ilustração
PORTFÓLIO
Luana Geiger
Formada em Arquitetura pela USP e em Mídias Interativas pelo Senac, Luana
Geiger está no mercado editorial desde 2001. É membro da SIB (Sociedade dos
Ilustradores do Brasil) e tem livros publicados por Cosac Naify, Companhia das
Letrinhas, Saraiva, Oficina de Textos, Hedra e Peirópolis. Ganhou prêmio de melhor
trabalho em 1999, no Projeto Nascente 9, do Centro Universitário Maria Antônia. Em
2002, participou do catálogo Images 26, da AOI, Londres. Em 2004, realizou documentação fotográfica e ilustrações no evento Em Trânsito, pelo Instituto Goethe
e Centro Português de Design, Lisboa. Participa do fanzine Charivari desde 2005,
contemplado pelo programa Conexão Artes Visuais MinC/Funarte/Petrobrás, em
2007. Em 2009 e 2010, realizou painéis de ilustração e ambientações para os SESCs
Pompeia, Pinheiros, Vila Mariana e CineSESC.
WIDE Como define seu estilo?
LUANA Livre, leve e solto.
WIDE Onde você busca referências para o seu trabalho?
LUANA Observando as pessoas nas ruas, os muros, cinema, artes plásticas etc.
WIDE Cite três ilustradores que admira e diga por quais motivos.
LUANA Todos os meus colegas do blog Charivari (www.chari-vari.blogspot.com), Guto
Lacaz, Flávio Motta, Saul Steinberg, Edward Lear e Henning Wagenbreth. Cada um por
sua especificidade.
1
Luana Geiger
E-MAIL: [email protected]
SITE: luanageiger.com
BLOG: blog.luanageiger.com
FACEBOOK: facebook.com/luana.geiger
TWITTER: @luanageiger
18
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
2
1- Ilustração para o livro Ideias do Canário,
Machado de Assis
Editora: Hedra
Técnicas: Traço e Photoshop
Ano: 2011
3- Ilustração para o livro Contos da Floresta,
Ozias Yaguarê
Editora: Peirópolis
Técnica: Gouache
Ano: 2011
2- Ilustração para o livro Ideias do Canário,
Machado de Assis
Editora: Hedra
Técnicas: Traço e Photoshop
Ano: 2011
4- Ilustração para o livro Contos da Floresta,
Ozias Yaguarê
Editora: Peirópolis
Técnica: Gouache
Ano: 2011
3
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
19
Lente Digital
PORTFÓLIO
Amanda Vivan
Designer, formada em Programação Visual, Amanda Vivan
trabalha como freelancer desde 2007, com passagens por
agências de propaganda, comunicação e design em São Paulo e
Florianópolis. A fotografia é apenas um hobby, mas tem mais de
duzentas imagens à venda no GettyImages.
WIDE Ângulo, iluminação, textura, movimento,
corte… O que mais se destaca no seu trabalho?
AMANDA O que mais se destaca em minhas fotos
são as cores fortes, seja de uma parede ou da natureza. Sempre que faço uma foto, procuro encontrar
o melhor ângulo, iluminação e corte, mas as cores
são o que chamam mais atenção, não só de quem
as vê, mas a minha também, na hora de fotografar.
Adoro o “minimundo”, como eu chamo as miniflores, bichinhos etc., porque ninguém presta muita
atenção nisso. Gosto de fotografar detalhes e, às
vezes, até fazer com que esses detalhes se tornem
abstratos, fazendo com que as pessoas prestem um
pouco mais de atenção para saber o que é a foto.
1
Amanda Vivan
E-MAIL: [email protected]
SITE: www.amandavivan.com
20
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
2
1- Donzelinha
3- Libélula
Câmera Canon EOS 50D
Objetiva EF Canon
Câmera DSLR-A100
2- Joaninha na margarida
4- Minimundo
Câmera DSLR-A100
Câmera DSLR-A100
Objetiva F/3.5-5.6
Objetiva F/3.5-5.6
Objetiva F/3.5-5.6
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
21
Fontes de Inspiração
PORTFÓLIO
Marcio Hirosse
Formado em Desenho Industrial (Programação Visual), o diretor
de arte e designer tipográfico Marcio Hirosse possui em seu
portfólio inúmeras fontes que já foram utilizadas em diversos tipos
de mídia: vinhetas de emissoras de TV, embalagens, logotipos,
revistas, flyers, livros, capas de CDs e DVDs e sites. Alguns desses
trabalhos mereceram destaques, como o CD dos Paralamas do
Sucesso, o site da Pepsi, uma vinheta do canal HBO, um anúncio
da Mitsubishi Pajero e a embalagem da Elma Chips, entre outros
WIDE Você criou as fontes Bala Perdida, Clean e
Sodomy. Como surgiu a ideia de elaborá-las?
MARCIO A Bala Perdida foi criada a partir de letras
adesivas (Letra-Set), em que a ideia era expressar
literalmente o estrago causado por esse acontecimento, a destruição, a desconstrução de algo
ou alguém. A Clean foi criada para um projeto de
identidade visual. Já a Sodomy foi criada com a
finalidade de participar de uma “coleção” de tipos
exclusivos para um determinado tema — nesse
Marcio Hirosse
E-MAIL: [email protected]
SITE: flickr.com/fabrikadetypos
22
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
caso, a temática era sobre sexo. Esse projeto ainda
está em andamento com cinco temáticas diferenciadas, no qual cada fonte deverá representar um
tema específico.
WIDE De que maneira o design de tipos influencia
na transmissão da mensagem?
MARCIO Acredito ser fundamental a escolha de
uma tipografia adequada para um determinado
projeto ser desenvolvido, pois é a partir dela que a
mensagem ganhará destaque, ênfase e personalidade. O desenho das letras ganha vida, sendo elas
utilizadas de forma coerente e dentro de um contexto. Sou da opinião que deveríamos, na maioria
das vezes, produzir tipos específicos para os projetos. Sei que geralmente isso é algo impossível, pois
envolve custos, prazos, clientes etc. Mas, assim,
o design tipográfico estaria sendo empregado de
forma justa, pois abriria novos horizontes para profissionais e interessados na criação tipográfica e
também na caligrafia.
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
23
criação
r
a
v
i
t
a
c
e
d
e
t
A ar
s
e
t
n
e
i
l
c
go
Por Tia
Bosco
s
ar novo
t
s
i
u
q
n
para co
l
a
e
gestões
d
i
u
s
a
l
u
m
e
m
g
ma fór
reporta
a
t
s
e
n
Existe u
como a
a
,
r
i
o
f
t
n
n
o
u
C
s
s
s?
digital,
es ao a
t
projeto
o
n
i
l
e
r
ó
f
e
t
f
r
es re
e po
de
e opiniõ ão por meio d nsão da rede
taç
pa
apresen financeira, a ex
ão
.
a quest
to mais
i
u
m
e
s
contato
24
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
CRIAÇÃO
C
ativar um cliente certamente não
é uma das tarefas mais fáceis. Em
diversas áreas, o conceito de a
“primeira impressão é a que fica” tem
um grau de importância elevado e é
determinante para “seduzir o freguês”. Um atendimento especial
em um restaurante, um serviço de bordo diferenciado em uma
companhia aérea, um tratamento vip para com os hóspedes
em um resort — tudo isso pode impactar diretamente as ações
presentes e futuras do potencial comprador. No âmbito da
criação não é diferente…
Hoje, com tantas agências e profissionais atuantes nesse mercado cada vez mais concorrido, a tarefa de cativar o cliente tem
se tornado desafiadora. Sendo assim, o que mais pesa a favor
de quem oferece o serviço no momento de uma negociação?
De acordo com André Beltrão, designer e autor do livro Quanto
custa meu design?, da série Manual do freela, vale mais a postura
do profissional, que se reflete no valor percebido pelo cliente.
“Isso significa não somente um bom portfólio, mas uma identificação entre o designer e o cliente — para que este considere
estar contratando a melhor opção para resolver seu problema.
É importante, por exemplo, antes de uma reunião, buscar
conhecer algo sobre a empresa ou sobre sua área de negócios;
isso é bem fácil de fazer pela internet. É importante, também,
estar bem seguro quanto ao preço que está sendo proposto,
se possível apto a justificá-lo, e saber qual é o mínimo aceitável
para uma negociação, para que o trabalho continue valendo a
pena para os dois lados. E jogar abertamente, com transparência e honestidade”, afirma.
Segundo Ronaldo Gazel, artista plástico e diretor da Gaz
Games (www.gazgames.com.br), é fundamental que se conheça
as necessidades reais do cliente, ir a fundo nisso, entender seus
concorrentes, seu negócio. “Esse conhecimento deverá ser refletido na proposta comercial/estratégica, que não apenas deverá
antever os anseios, como também despertar para novas necessidades do cliente. Não se vende nada sem que o comprador
esteja consciente de sua necessidade real. Já vi ideias geniais
naufragarem porque só existiam em torno de si mesmas e seus
vendedores não sabiam adequá-la às necessidades reais de seus
prospects. E o cliente vai perceber, imediatamente, que sua autoridade está no seu conhecimento de causa, gerando confiança.”
Ainda de acordo com Gazel, passada essa primeira etapa —
a mais importante — entram as “armas secretas” da fidelização.
“Para cada perfil gerencial, compõem-se ‘arsenais’ distintos, por
exemplo: algumas empresas investem em metodologias ágeis,
o que, além de melhorar processos, pode conquistar determinados clientes que vejam nisso um grande diferencial; da mesma
forma que, para outros, o que mais importa é a qualidade criativa
do trabalho, e nesses casos, além de metodologias, é preciso também se pensar em estratégias de reposicionamento editorial, isto
é, firmar-se como referência de criatividade e tecnologia aplicadas à comunicação digital. É uma decisão ousada, exige sangue,
suor e lágrimas, mas é também a melhor forma de garantir seu
diferencial diante da concorrência, cada vez mais frenética”, diz.
Gustavo Piqueira, tipógrafo, designer e detentor do maior
número de premiações na categoria designer gráfico em toda
a história das Bienais da ADG Brasil (Associação dos Designers
Gráficos do Brasil), no entanto, não acredita que haja um fator
determinante responsável por cativar o cliente. Para ele, é uma
soma de diversos detalhes — e que podem variar de cliente
para cliente. “É preciso que ele sinta que está ‘seguro’ em suas
mãos. Ou seja, que você domina o universo referente ao projeto a ser desenvolvido, que possui expertise na área. Contudo,
essa demonstração de expertise não é absoluta e varia bastante
dependendo do segmento. Para bens de consumo, por exemplo,
chega a um nível quase científico — apesar do discurso ‘quero
ideias criativas’, elas quase inexistem. Já para segmentos ditos
mais culturais, há quase que uma busca por um ‘autor’. E assim
por diante — cada segmento/porte busca um encaixe particular
de competências. Por isso, o que mais pesa mesmo é, na verdade,
descobrir qual o discurso correto para determinado projeto e,
dentro disso, tentar potencializá-lo ao máximo”, assegura.
Portfólio digital
Há quem diga que um bom portfólio digital seja o “caminho das
pedras”, sendo fundamental para conquistar um cliente. Segundo
Bruno Porto, designer gráfico e autor do livro Vende-se design,
da série Manual do freela, apesar da sua importância, ele não é
essencial. “O portfólio online pode facilitar uma primeira referência, ser confortável e economizar tempo, mas criar uma oportunidade para que seja apresentado pessoalmente é infinitamente
melhor. Não apenas para adequá-lo às necessidades específicas
do prospect, mas também pela possibilidade da valorização do
seu conteúdo pelo próprio autor. Uma das máximas no nosso
meio é que ninguém contrata um portfólio, contrata a pessoa.
Afinal, não se compra um trabalho que já está em um portfólio,
compra-se a promessa da pessoa em produzir algo semelhante —
em estilo, impacto, técnica, suporte — ao que está lá. A compra de
uma promessa envolve confiança, e isso é uma das mais importantes características que um site que promove serviços de
design deve transmitir. É isso que um cliente em potencial leva
em consideração”, afirma.
Atualmente, há diversas plataformas para o profissional se
apresentar aos clientes. Para Renato Alarcão, designer gráfico e
mestre em ilustração, o melhor formato para quem busca uma
boa presença online é ter um site com a dinâmica de um blog,
com atualizações frequentes, um ou outro texto descritivo
sobre os projetos, imagens muito bem selecionadas etc. Porém,
ele adverte que existem portfólios online cuja lógica é uma verdadeira salada de equívocos. “Trazem assuntos fora da esfera
profissional — como aquelas fotos do voo de asa delta e da micareta de fevereiro, por exemplo —, possuem box de comentários
repletos de tolices etc. É necessário para o profissional separar
os assuntos pessoais dos assuntos da sua ‘revista eletrônica’
sobre cultura, política, variedades e coisas legais que garimpou
na internet”, conta.
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
25
A formação do preço
Confira, a seguir, alguns dos requisitos essenciais
para cativar um potencial cliente:
s4BJCBRVFNFMFÈFPRVFQSPDVSB
s5FOIBQMFOBDPOTDJÉODJBEPRVFWPDÉSFBMNFOUFUFNBPGFSFDFSTFNBVUPFOHBOP
s"VUPDSÌUJDBQPSNBJTEPMPSPTBRVFTFKBOVNQSJNFJSPNPNFOUPÈGVOEBNFOUBM/ÆPQFHPVPQSPKFUPRVFRVFSJB 5FN
RVFEFTDPCSJSPRVFGF[EFFSSBEPFMVUBSQSBDPOTFSUBS
s/VODBQFOTFVNQSPKFUPDPNPBMHPJTPMBEP1FOTFTVBUSBKFUÑSJBDPNPVNMPOHPDBNJOIPFUPNFBTEFDJTÕFTTFKBN
FMBTRVBJTGPSFNNJSBOEPTFNQSFPNÈEJPMPOHPQSB[P
s3FQVUBÇÆPFDSFEJCJMJEBEFˆDPOTUSVÌEBOPEFDPSSFSEFBMHVOTBOPTEFNFSDBEP
s &YQFSJÉODJB EF NBSDB ˆ QSBUJDBNFOUF VNB FTUSBUÈHJB EF
1FSTPOBM#SBOEJOH1PEFJSEFTEFVNBBTTJOBUVSBOPFNBJM
FVNUFYUPCFNFTDSJUPVNDBSUÆPEFWJTJUBTBEFRVBEPBPT
TFVTPCKFUJWPTBVNQPSUGÑMJPEFRVBMJEBEFQBSBGFDIBSDPN
DIBWFEFPVSPPTFVDPOUBUP
s %JTQPOJCJMJEBEF ˆ OÆP BEJBOUB UFS VN TVQFSTJUF F NVJUPT
TFHVJEPSFTOBTSFEFTTFRVBOEPPQPUFODJBMDMJFOUFFOUSBFN
DPOUBUP WPDÉ EFNPSB B SFTQPOEFS PV B FOUSFHBS P QSPKFUP
FORVBOUPDPOUJOVBUVJUBOEP7PDÉBDIBRVFTFVDMJFOUFOÆP
FTUÁEFPMIPFNWPDÉ s.PTUSBSDPOIFDJNFOUPEBTOFDFTTJEBEFTSFBJTBOÁMJTFQSPGVOEBEPOFHÑDJPEPDMJFOUF
s %FNPOTUSBS DBQBDJEBEF EF PGFSFDFS B TPMVÇÆP NBJT BEFRVBEB EJBOUF EBT OFDFTTJEBEFT MFWBOUBEBT QSFGFSFODJBMNFOUFDPNPVTPEFDBTFT
s $SJBÇÆP EF BQSFTFOUBÇÕFT RVF TJOUFUJ[FN WJTVBMNFOUF B
QSPQPTUB B TFS BQSFTFOUBEB DPN EJBHSBNBT JOGPHSÁŢJDPT
XJSFGSBNFT F FTUVEPT EF SFGFSÉODJBT 2VF TFKBN EJEÁUJDBT
TFSWJOEPUBOUPQBSBSFGPSÇBSPDPODFJUPDPNPDMJFOUFRVBOUPQBSBBQSÑQSJBFRVJQFEFEFTFOWPMWJNFOUPTFSFGFSFODJBS
EVSBOUFBQSPEVÇÆP/BEBEF8PSEDPNUFYUPQVSPJTTPOÆP
EFTQFSUBPEFTFKPEFOJOHVÈN
s0GFSFDFSVNBUFOEJNFOUPFŢJDB[FMJNJOBOEPRVBMRVFSE×WJEBHFSBOEPQSPHSBNBTPVQMBOJMIBTEFUSBDLJOHQBSBRVFP
DMJFOUFQPTTBBDPNQBOIBSPQSPDFTTPEFEFTFOWPMWJNFOUP
s&OUSFHBSŢJFMNFOUFPRVFÈWFOEJEP
Fontes: Gustavo Piqueira, Carol Hoffmann e Ronaldo Gazel.
26
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
Em relação à parte de financeira, alguns fatores devem ser levados em consideração pelo profissional criativo, para que ele calcule corretamente o custo de um projeto e cobre da forma mais
adequada, sem gerar qualquer tipo de trauma durante a negociação com o cliente.
De acordo com André Beltrão, descobrir o máximo de
informações relativas ao projeto é o que o profissional precisa.
“Especificamente o que será projetado, o uso do projeto, a expectativa, os recursos e inputs que o cliente pode oferecer, o que
receberá como material bruto (fotos? textos?) e em que estágio
de preparação esse material estará (precisando de revisão? de
retoques?), o cronograma etc. Em posse dessas informações,
poderá prever seus gastos com materiais e terceiros e prever o
tempo que precisará para desenvolver o serviço. Deverá somar
a esse tempo um percentual referente a possíveis retrabalhos e
multiplicar o total de horas obtidas pelo seu custo hora.
Custo hora + despesas variáveis compõem o custo operacional. A ele devem ser acrescentados percentualmente os
impostos, margem de lucro e margem de negociação desejada.
Dessa forma, o profissional saberá exatamente quanto tem como
margem de lucro e como margem de negociação, e esses são os
dois únicos itens que podem abater do preço original para saber
seu preço mínimo. Seguro desses números, caso o projeto ainda
não se encaixe na verba disponível do cliente, pode negociar a
redução do escopo do projeto para que menos horas de desenvolvimento sejam utilizadas ou, então, dividir o projeto em duas
etapas, viabilizando um ‘plano B’ sem prejuízo”, indica.
Segundo Carol Hoffmann, professora da UCP (Universidade
Católica de Petrópolis), especialista em design e marketing digital,
calcular corretamente o custo de um trabalho e cobrar da forma
mais adequada depende do tipo de projeto. “Quando falamos de
profissional criativo e de projetos digitais, os fatores que devem
ser levados em consideração em um briefing, e o consequente
orçamento, tornam-se quase incontáveis. Mas, posso afirmar que
qualquer profissional deve aproveitar o momento/documento
do orçamento para deixar claro todos os porquês, senãos e
detalhes, por menores que pareçam, mesmo que já tenham sido
verbalizados — esse é o momento de colocar no papel para que
nenhuma das partes se engane ou esqueça de algum detalhe em
algum momento futuro. Use as suas experiências negativas anteriores a seu favor e não erre novamente. E sempre cumpra a risca
o que estiver por escrito, inclusive os seus prazos de entrega”, diz.
Expandindo a rede de contatos
Em entrevista concedida à Wide em 2010, André Beltrão diz que
criar uma rede de contatos é um dos fatores determinantes para
os profissionais freelancers deslancharem em suas carreiras.
Quais seriam, então, as maneiras mais eficientes para se criar
e expandir essa rede de contatos? Fazer networking contribui
para conquistar novos clientes? De acordo com Renato Alarcão,
é importante não se restringir apenas a uma presença virtual.
“É importante frequentar eventos nos quais se possa encontrar
e interagir com pessoas criativas, ir a palestras, lançamentos de
livros, exposições, fazer cursos e mesmo frequentar encontros
informais. Esses são ótimos lugares para se encontrar gente e
aproximar-se de profissionais cuja trajetória gostaríamos de espelhar”, assegura.
Hoje, estabelecer uma boa rede de contatos é apenas o primeiro passo na consolidação do networking, segundo Ronaldo
Gazel. “Contato por contato, dá até para ser amigo dos nossos
ídolos de infância, no Facebook; é comum, inclusive, se estabelecerem laços com centenas, milhares de pessoas ao mesmo
tempo, segui-las, entrelaçá-las. Sendo assim, o que mais importa
não é a quantidade, nem apenas o valor estratégico do cliente,
mas a qualidade do seu atendimento, do seu relacionamento, do
cliente fazendo propaganda para você, vendendo você. Esse é o
testemunhal que chancela suas qualidades, não importando se
sua lista de contatos tem dez ou cem prospects — você só precisa
ajudar a uma meia dúzia deles a obter sucesso, resultados palpáveis, que, tal qual uma progressão geométrica, novos clientes
surgirão”, conclui.
Por outro lado, há quem não aposte em fazer contatos, como
Gustavo Piqueira, por exemplo, que confia na consequência de
um projeto bem executado. “Eu não faço networking. Não acredito no termo. Nem em ‘fazer contatos’. Acredito em trabalho
bem feito, em todos os sentidos — da qualidade criativa a uma
relação saudável com o cliente. Esse deve ser o foco. E, claro,
quanto mais você faz, mais vai formando uma base de pessoas
ligadas ao seu negócio e que, eventualmente, podem contratá-lo. É um movimento natural e básico, mas parece que as pessoas
esquecem. Nada é mais eficiente para expandir rede de contatos
do que um trabalho bem feito”, afirma.
“É preciso que ele sinta que está
‘seguro’ em suas mãos. Ou seja, que
você domina o universo referente ao
projeto a ser desenvolvido, que
possui expertise na área”
Gustavo Piqueira
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
27
28
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
CRIAÇÃO
Washington
Olivetto
Por Tiago Bosco
O que ele pensa
sobre as agências e o
mercado de criação
na era digital
Ícone da propaganda nacional, eleito
o “publicitário do século” na década
passada pela Associação Latino-americana de Publicidade e o profissional
brasileiro mais premiado da história
no conceituado Cannes Lions Festival,
Washington Olivetto (WMcCann) é o
nosso convidado especial desta edição. Reunimos diversos diretores de
agências interativas espalhadas pelo
país e ainda contamos com a participação dos nossos leitores para uma
impactante entrevista coletiva sobre o
atual mercado de criação. Confira!
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
29
CRIAÇÃO
Andre Matarazzo
Abel Reis
Ely Menezes
Responsável por criação, estratégia
e tecnologia na Possible Worldwide
Sócio da agência Click Isobar
Sócio e diretor de criação da
agaência Fishy
(www.agenciaclickisobar.com.br)
(www.possibleworldwide.com.br)
Andre Matarazzo
ANDRÉ%J[TFRVFEBTBHÉODJBTCSBTJMFJSBTOÆPTÆPDSJBUJWBT
ˆRVFTÆPOBWFSEBEFCVSFBVYEFNÌEJBRVFWBMPSJ[BNTFVTCÒOVT
EFWFJDVMBÇÆPFNEFUSJNFOUPEFBÇÕFTDSJBUJWBTRVFBSSJTDBNFTTB
FTUSVUVSB EB NÌEJB DPNQSBEB 0 RVF WPDÉ BDIB RVF BDPOUFDFSÁ
DPNP#SBTJM 7JWFSFNPTFTUFTJTUFNBGFVEBMJODFTUVPTPQPSNVJUP
NBJTUFNQPPVWJWFSFNPTVNGPSNBUPDPNQFUJUJWPFNBJTJOPWBEPSFNCSFWF
WASHINGTON O fato não acontece só no Brasil. A maioria das
agências de publicidade do mundo, comissionadas ou não pela
mídia, não servem de exemplo. Esse fenômeno não é só brasileiro. E achar que o problema se situa única e exclusivamente
nos formatos de remuneração das agências não reflete a realidade. Ou pelo menos a maior parte dela. Existem outros problemas estruturais das agências, de posturas ideológicas e éticas e
de relações com os clientes, que conduzem dramaticamente ao
trabalho de qualidade duvidosa.
ANDRÉ/B1PTTJCMFFOUFOEFNPTRVFPQBQFMEFVNBBHÉODJBTFKB
BKVEBSNBSDBTBTFSFMBDJPOBSFNDPNDPOTVNJEPSFTEFVNBNBOFJSB
QSÑYJNBDPOUÌOVBFJOUFSBUJWB"TNBSDBTUBNCÈNRVFSFNFTTF
SFTVMUBEP0RVFWPDÉFTUÁGB[FOEPIPKFQBSBDIFHBSBUBMSFTVMUBEP 4FVQFOTBNFOUPWBJBMÈNEBQSPQBHBOEB
WASHINGTON A questão não é o que eu estou fazendo hoje; é o
que sempre fiz. Desde o início da minha vida profissional, apesar
de ser rotulado como um criador de publicidade, na verdade
sempre fui um produtor de conteúdo, um gerador de ideias para
soluções de mídia ou de soluções de mídia para a implantação de
ideias. Minha obsessão sempre foi a de criar uma comunicação
que, além de cumprir as suas obrigações de vender produtos e
construir marcas, tenha uma ambição maior: entrar para a cultura popular. Essa tarefa é impossível de ser alcançada sem um
pensamento que vá bem além da propaganda . Sei disso e pratico
30
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
(www.fishy.com.br)
isso faz tempo, mais especificamente desde os 19 anos de idade.
ANDRÉ A propaganda, tal como você conheceu no início de sua
carreira, está morta. O que você acha disso?
WASHINGTON A propaganda, ciclicamente, morre e depois ressuscita. Característica de uma atividade baseada na criação do
novo ou na recriação do já existente, sendo que, ambos, quando
bem realizados, são igualmente valiosos. Mudam-se as possibilidades tecnológicas e as relações com o consumidor, mas o fundamental não muda: sem grandes ideias nada acontece.
“entrar para a cultura popular.
Essa tarefa é impossível de ser
alcançada sem um pensamento
que vá bem além da propaganda”
Abel Reis
ABEL 4PCSFBFSBEJHJUBMWPDÉBDIBRVFEÁQBSBTFSVNHSBOEFDSJBUJWP
TFNDPOIFDFSQSPGVOEBNFOUFBUFDOPMPHJBEPTOPWPTNFJPTEJHJUBJT
WASHINGTON Não dá para ser um grande criativo sem conhecer
profundamente muitas coisas, incluindo a tecnologia dos novos
meios digitais. Mas, conhecer só as novas tecnologias é muito
pouco. Um grande criador precisa conhecer muito mais. Aliás,
das muitas coisas que um grande criador precisa conhecer, talvez a menos necessária seja a própria publicidade . Até mesmo
para esse criador não correr o risco de vir a repetir (sem reinventar) a publicidade que já foi feita.
ABEL4FBQVCMJDJEBEFGPTTFVNHÉOFSPMJUFSÁSJPRVBMTFSJBQBSB
WPDÉQSPTBPVQPFTJB
Sergio Motta
Lucas Nascimento
Adriana Menescal
Presidente do Grupo TV1
Sócio da agência SetWeb
(www.grupotv1.com.br)
(www.setweb.com.br)
Sócia-diretora da agência Sirius
Interativa
(www.sirius.com.br)
WASHINGTON A publicidade de vez em quando é prosa, de vez
em quando é poesia. Vive os seus melhores momentos quando é
poesia, mas é cobrada o tempo todo para ser prosa.
ABEL 0 RVF WPDÉ GBSJB EF EJGFSFOUF OB TVB DBSSFJSB TF QVEFTTF
SFDPNFÇÁMB
WASHINGTON Não faria nada diferente. Repetiria tudo. Chamo
isso de coerência, mas quem discordar de mim pode chamar
de teimosia.
Ely Menezes
ELY 0NPEFMPEFOFHÑDJPEBTBHÉODJBTUSBEJDJPOBJTCBTFBEPOP
DPNJTTJPOBNFOUP È EF BMHVNB GPSNB BNFBÇBEP QFMP NPEFMP
EBTEJHJUBJTRVFFNTVBNBJPSJBDPNFÇBSBNDPNPQSPEVUPSBTF
DPCSBNDPNPUBJT
"EJGFSFOÇBFOUSFGPSNBUPTÈQFSDFCJEBQFMPT
DMJFOUFT
WASHINGTON A diferença é percebida pelos clientes, mas eu,
particularmente, não gosto da ideia da divisão entre agências tradicionais e agências digitais. Para mim, uma boa agência faz tudo
, assim como um bom profissional faz tudo. Foi pensando assim
que estruturei a WMcCann.
ELY«QPTTÌWFMRVFBTBHÉODJBTEJHJUBJTTPGSBNVNQSPDFTTPEFJODPSQPSBÇÆPFNNBTTBQFMBTUSBEJDJPOBJT
“não gosto da ideia da divisão
entre agências tradicionais e
agências digitais. Para mim, uma
boa agência faz tudo”
WASHINGTON Creio que não. Acho mais fácil o mercado incorporar os profissionais do que as agências.
Sergio Motta
SERGIO2VBJTGPSBNBTNBJPSFTMJÇÕFTRVFMIFDBVTBSBNHSBOEF
JNQBDUPFTVSQSFTBBPMPOHPEBTVBDBSSFJSB
WASHINGTON Comecei muito cedo nesse negócio e aprendi a
fazer fazendo. Sempre tive verdadeira tara pela cultura pop e
obsessão pela eterna juventude. Sempre fui um avião consertado
em pleno voo. Essa postura sempre me proporcionou a possibilidade de absorver e incorporar surpresas rapidamente e fazer o
novo de novo. Não sei listar as grandes lições que mais me causaram impacto e surpresa, mas não tenho dúvida de que tenho sido
beneficiado pelo somatório de todas elas.
SERGIO2VBJTBTDPNQFUÉODJBTNBJTDSÌUJDBTEPTQSPŢJTTJPOBJTRVF
BUVBNIPKFOPNVOEPEJHJUBMUBOUPDPNQPSUBNFOUBJTDPNPUÈDOJDBT
WASHINGTON Acho que a grande questão para os profissionais
que atuam no mundo digital é não serem apenas digitais. Aliás,
acho o rótulo “digital” antigo. Quando ouço uma empresa ou pessoa me dizer que é digitalizada, sinto como se ouvisse alguém me
dizendo que tem luz elétrica em casa .
Lucas Nascimento
LUCAS0RVFB8.D$BOOUFNGFJUPQBSBEFTFOWPMWFSDBNQBOIBTOP
NFJPEJHJUBM $PNQSBSBNŢJ[FSBNQBSDFSJBTDPNBHÉODJBTEJHJUBJTPV
DSJBSBNVNO×DMFPQSÑQSJP
WASHINGTON Todos os nossos profissionais fazem tudo.
Trabalham absolutamente integrados. Mais do que incentivar os ex-analógicos a serem digitais, incentivei os só digitais
a serem também analógicos. É bastante normal na WMcCann
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
31
Cesar Paz
Roberto Cassano
CEO da AG2 Publicis Modem
Diretor de Estratégia e Planejamento da agência Frog
(www.ag2.com.br)
(www.agenciafrog.com.br)
um profissional criado no mundo digital ter, hoje, capacidade
também para criar um comercial de televisão ou uma página
dupla de revista, mídias teoricamente tidas como tradicionais. A
integração dos profissionais na WMcCann não aconteceu só na
Criação, aconteceu também em toda a Mídia e no Planejamento.
Isso fez com que a gente chegasse ao final de 2010 como a primeira agência digital do país, segundo o Ibope Monitor, sem deixar de ser uma das maiores em todas as outras mídias.
Devem ter seus 15 minutos de fama como novidades e, depois,
devem ser imediatamente incorporadas.
LUCAS7PDÉTKÁQFSEFSBNDPODPSSÉODJBTQBSBBHÉODJBTEJHJUBJT $BTPTJNDPNPFODBSBSBNFTTBQFSEB
WASHINGTON De 1º de maio de 2010 (data do início de operação
da WMcCann) até hoje, não perdemos qualquer concorrência
para agências digitais. Pelo contrário: ganhamos uma concorrência para mídia digital competindo com três especializadas. Mas,
na W/Brasil, cheguei a perder duas concorrências para agências
digitais e encarei a perda como natural, até porque na W/Brasil
nós não tínhamos uma máquina tão integrada quanto temos
aqui na WMcCann.
LUCAS6NBEBTDBSBDUFSÌTUJDBTEBTDBNQBOIBTEJHJUBJTÈBQPTTJCJMJEBEFEFNFOTVSBSFNUFNQPSFBMBFŢJDÁDJBEBTDBNQBOIBTBO×ODJPTFWFÌDVMPT"TBHÉODJBTUSBEJDJPOBJTFTUÆPQSFQBSBEBTQBSBFTTF
OPWPDFOÁSJP
ADRIANA $PNP WPDÉ FOYFSHB VNB BHÉODJB hUSBEJDJPOBMv USBCBMIBOEPDPNGPSNBUPTNÑWFJTQBSBBVNFOUBSBTWFOEBTEPDMJFOUF .PCJMFQBZNFOUUBCMFUTHBNFT57JOUFSBUJWBFUD
WASHINGTON Eu não enxergo mais agências tradicionais nem
agências só digitais. Enxergo tudo como uma coisa só.
Cesar Paz
CESAR$PNBFYQMPTÆPEBTNÌEJBTTPDJBJTOP#SBTJMBTBHÉODJBTEF
QSPQBHBOEBOÆPTFTFOUFNQSFTTJPOBEBTBNVEBSTFVNPEFMPEF
OFHÑDJPTBJOEBNVJUPCBTFBEPFNWFJDVMBÇÆPEFNÌEJB
WASHINGTON Cada caso é um caso. A WMcCann, por exemplo, é
a agência de mídias sociais da Microsoft (ganhamos a concorrência há quatro meses) e também a agência das mídias abertas e tradicionais de grandes anunciantes. Para nós, tudo caminha muito
bem, até porque buscamos sempre fazer o que é melhor para o
anunciante, sem nos influenciarmos por fatores modais.
CESAR2VBJTDBSBDUFSÌTUJDBTWPDÉQFSDFCFOBTBHÉODJBTEJHJUBJTRVF
HPTUBSJBEFWFSJODPSQPSBEBTQFMBTBHÉODJBTUSBEJDJPOBJT
WASHINGTON Aqui na WMcCann temos uma estrutura de mensuração verdadeiramente impecável, resultado do somatório do
que temos na WMcCann com os investimentos gigantescos que
o McCann World Group fez no mundo e que nós herdamos.
WASHINGTON Não enxergo essa divisão entre as agências faz
tempo. Já incorporei culturalmente (na teoria e na prática) tudo
o que deveria ter incorporado até ontem. Mas, amanhã, certamente surgirá mais alguma coisa para incorporar.
Adriana Menescal
Roberto Cassano
ADRIANA $PNPPNFSDBEPQVCMJDJUÁSJPFTUÁTFQSFQBSBOEPQBSBB
ROBERTO"DPNQSBEFNÌEJBÈQBSUFJNQPSUBOUFEFRVBMRVFSFTUSBUÈHJBEFDPNVOJDBÇÆPTFKBFMBPOMJOFPVPţMJOF2VBOEPGBMBNPTEF
NBSLFUJOHCPDBBCPDBOPFOUBOUPVNNFJPEFEJWVMHBÇÆPEBNFOTBHFNRVFÈUÆPPVNBJTJNQPSUBOUFÈPQSÑQSJPDPOTVNJEPS*TTP
DPOTUBOUFFOUSBEBEFOPWBTNÌEJBTDPNPQPSFYFNQMPBTUBCMFUT
WASHINGTON Nas agências contemporâneas e antenadas, as
novas mídias não chegam a ser novas por mais de 15 minutos.
32
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
Gustavo Souza (leitor)
José Telmo (leitor)
Analista de SEO e produtor de conteúdo do portal Canção Nova
Consultor e palestrante de marketing digital e criação publicitária.
Professor do Instituto Infnet e da Universidade INIPLI/Anhanguera
(www.cancaonova.com)
“Comerciais de 30 segundos
caíram na boca do povo. Ações de
relacionamento caíram na boca
do povo. São coisas com formatos
diferentes, mas certamente com
um ponto em comum: a presença
de uma ideia grande, forte,
relevante e pertinente”
JOUFSOFUWFJPQBSBEFTUSVJSFTVCTUJUVJSBNÌEJBDPOWFODJPOBM
WASHINGTON Diria aos dois que aprendam a fazer as duas coisas.
ROBERTO"TQSJNFJSBTFYQFSJÉODJBTEBTBHÉODJBTUSBEJDJPOBJTDPN
O×DMFPTCSBÇPTEJHJUBJTUÉNNBJTEFRVJO[FBOPT"HPSBKÁTFGBMBFN
BDBCBSEFWF[DPNBEJWJTÆPPOPţMJOFGBUPRVFBJOEBOÆPÈSFBMJEBEF
OBTBHÉODJBT1PSRVFUFNTJEPUÆPEJŢÌDJMBCSBÇBSPEJHJUBM
WASHINGTON O fato é realidade, sim, em algumas agências. A
WMcCann, aqui no Brasil, e a Goodby Silverstein & Partners, nos
EUA, são dois bem-sucedidos exemplos.
Gustavo Souza (leitor)
OPTMFWBBVNBOFDFTTJEBEFEFDVJEBEPFJOWFTUJNFOUPBJOEBNBJPS
DPNPQSPEVUPFNTJ1PSPVUSPMBEPPNFSDBEPQVCMJDJUÁSJPCSBTJMFJSPEVSBOUFEÈDBEBTHJSPVFNUPSOPEBDPNQSBEFNÌEJBEP#7
EPhGB[VNŢJMNFFWFJDVMBv0VNBJTSFDFOUFNFOUFhBUÈGBÇPFTTB
BÇÆPEFSFMBDJPOBNFOUPEFTEFRVFDPNQSFNÌEJBQBSBEJ[FSRVFŢJ[v
$PNPWPDÉBWBMJBFTTFDFOÁSJP &TUBNPTWJDJBEPTFNNÌEJB 0VOP
GVOEPJTTPOÆPJNQFEFBJOPWBÇÆPFBBEFTÆPEFDMJFOUFTBHÉODJBTF
EFNBJTQMBZFSTEPNFSDBEP
WASHINGTON Quem quiser inovar, inova. Nada impede. E o
boca a boca pode ser gerado de diversas formas. Comerciais de
30 segundos caíram na boca do povo. Ações de relacionamento
caíram na boca do povo. São coisas com formatos diferentes, mas
certamente com um ponto em comum: a presença de uma ideia
grande, forte, relevante e pertinente .
ROBERTO7PDÉÈVNBJOŢMVÉODJBJODSÌWFMQBSBHFSBÇÕFTEFKPWFOT
QVCMJDJUÁSJPT$SJBEPSEFDBNQBOIBTFŢJMNFTRVFBSSFQJBNFFNPDJPOBNNFTNPEFQPJTEFWJTUPTVNUSJMIÆPEFWF[FT0RVFWPDÉEJSJB
QBSBEPJTIJQPUÈUJDPTFTUVEBOUFTEFQVCMJDJEBEFVNDVKPTPOIPÈ
TFSEFEJDBEPBGB[FSŢJMNFTEF57FPVUSPRVFBDSFEJUBRVFB
GUSTAVO)PKFPEJGFSFODJBMOÆPÈFTUBSOBSFEFNBTTBCFSJOUFSBHJSEFGPSNBWJÁWFMDPNPNBJPSO×NFSPEFQFTTPBTQPTTÌWFM7PDÉ
BDSFEJUBRVFFTTBDBQBDJEBEFEFJOUFSBÇÆPÈVNBWBOUBHFNEBT
BHÉODJBTRVFWÉNTFOEPDPODFCJEBTEFOUSPEBFSBEJHJUBMFNDPNQBSBÇÆPDPNBTUSBEJDJPOBJT
WASHINGTON Não necessariamente. Na verdade, eu acredito
mesmo que levam vantagem aquelas agências que têm os profissionais mais talentosos .
José Telmo (leitor)
JOSÉ TELMO 0MJWFUUPPNVOEPEJHJUBMÈNPWJEPBOPWJEBEFTUBOUP
UFDOPMÑHJDBTDPNPTPDJBJT.VJUBTEFTTBTOPWJEBEFTTÆPBDPNQBOIBEBTEFQFSUPQPSQFRVFOPTHSVQPTPVJOEJWÌEVPTBQSPWFJUBOEP
BPNÁYJNPPCV[[FPIZQFHFSBEPT$PNPVNBHSBOEFBHÉODJBDPN
NVJUBTEJWJTÕFTDBSHPTFTFUPSFTQPEFGB[FSQBSBOÆPŢJDBSBUSÁTEB
SÁQJEBDPODPSSÉODJB
WASHINGTON As agências (grandes ou pequenas) são formadas por pessoas. Quanto mais talentosas e antenadas forem
essas pessoas, melhores serão as agências, independentemente
de seus tamanhos.
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
33
TEORIA &
PRÁTICA
andam juntas?
Durante a vida acadêmica, os conceitos teóricos ganham destaque e
se fazem presentes de maneira recorrente na grade curricular. No
entanto, quando o profissional se insere no mercado, há quem diga que,
em decorrência da correria do dia a dia e dos prazos cada vez mais
apertados, esses conceitos teóricos são colocados em segundo plano.
Segundo Armando Filho, diretor de projetos da Unisys Brasil, “os
defensores da prática alegam que a teoria é pouco efetiva, uma vez que
sua aplicação é sujeita a condições específicas e particulares. Por outro
lado, aqueles que defendem a teoria alegam que os conceitos são as
verdadeiras fontes do saber e do conhecimento” (migre.me/5DpMP).
Falando especificamente sobre a rotina dos profissionais criativos, o
quanto da teoria do mundo acadêmico é aplicado no dia a dia? Como
é essa relação entre a teoria e a prática? Profissionais gabaritados de
diversas áreas da criação opinam sobre o tema.
34
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
Amyris Fernandez (www.amyrisfernandez.com.br)
Doutora em Comunicação, consultora em Design de Interação e membro do IxDA
(Interaction Design Association)
A questão da diferença entre o ensino teórico e o conceitual e sua
aplicação prática é algo que os alunos discutem e sentem ao sair
da escola e de que a indústria reclama, pois as escolas não preparam seus alunos para serem profissionais. O resultado é uma
academia que só se defende e afirma que é preciso saber a teoria
para poder aplicá-la na prática.
Trabalho há trinta anos, já fiz MBA, mestrado e doutorado e
tenho uma empresa de consultoria, à qual seleciono e contrato
profissionais. Minha observação sobre o problema diz que ele
tem as seguintes vertentes: o modelo clássico de educação não
dá os resultados esperados nem para o aluno e nem para o mercado, muito menos para o mercado digital. Com isso, alunos e
profissionais tendem a desprezar o conhecimento teórico, privilegiando o conhecimento prático acima de todas as coisas.
Creio que os educadores se enganam ao colocar que teoria é
importante, pois essa frase é óbvia e encerra o assunto em lugar
de resolver o problema do diálogo com o mercado. Teorias e conceitos são importantíssimos, sim, mas o aluno não assimila o conceito se a importância deste não for indicada na prática. Vamos a
um exemplo prático. Canso de ver Relatórios de Usabilidade ou
Análises Heurísticas em que o consultor diz: “tira daqui e põe ali,
pois assim o usuário não vai mais cometer erros”, e eu pergunto
por que ele afirma isso e acabo recebendo uma reposta vaga —
“Ah! Eu vi isso no teste. Aqui é melhor”. De novo pergunto por que
ele afirma isso e a reposta não vem. Não vem, porque essa pessoa
não sabe a reposta. Não vem, porque ele não conhece ciências
cognitivas. Não vem, porque ele não sabe a teoria. Simples assim.
Culpa dele? Não.
Acredito que parte da culpa seja de um sistema de ensino chamado de clássico, que se apoia na premissa de que o aluno deve
olhar para o professor como fonte de conhecimento, e não como
mestre de uma arte. Acontece que as coisas mudaram com a
chegada da internet. Havia livros e informações que ficavam em
bibliotecas distantes, impossíveis de serem visitadas por muitos.
Agora, impossível não existe. Por isso, o papel de fonte de informação não existe mais para o professor. Seu papel mudou.
Mexer com tecnologia nos tornou artesãos. Outra vez artesãos. Por isso, professores clássicos são menos necessários.
Precisamos de teoria, mas precisamos de mão na massa, de experiência e de transmissão de experiência/vivência com a prática.
E é nesse ponto que tocamos a ferida aberta da indústria insatisfeita com os profissionais que as escolas colocam no mercado.
A indústria, o varejo e os serviços não precisam de gente que
só sabe a teoria, mas de “gente que sabe fazer”. Sim, isso mesmo.
Somos parte de uma linha de montagem moderna, que precisa de
todo tipo de expertise. Precisa de “gente que faz”. Logo, gente com
medo, gente com dúvida, gente sem experiência não serve. Eu sei
que muitas empresas investem em Universidades Corporativas,
mas, considerando que todo o mercado está carente de gente
preparada, os pioneiros nesse processo tornam-se celeiros de
contratação para os RHs de outras empresas e todo seu investimento em educação se vai assim que o recurso/colaborador sair
e for para outra empresa. Resumindo, é uma conta que não fecha
nunca e deixa muitas mágoas e frustrações.
Acredito em educação acadêmica. Mas, como pessoa da
indústria de comunicação, compartilho com todos aqueles que
não se satisfazem com a visão apequenada das escolas, que insistem em não mudar, quando o mundo, o aluno e o mercado já
mudaram.
“Acredito que parte da culpa seja
de um sistema de ensino chamado
de clássico, que se apoia na
premissa de que o aluno deve olhar
para o professor como fonte de
conhecimento, e não como mestre
de uma arte”
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
35
Juliana Duarte
Formada em História, pós-graduada em Tecnologia
da Informação e Diretora de Comunicação Digital
na agência Lápis Raro (www.lapisraro.com.br)
Aqui na LápisRaro existe um gosto muito forte pela discussão
sobre teoria/prática. Acho que isso está na alma da agência. As
pessoas são muito intelectualizadas e, independentemente da
função, a maioria gosta de aprofundar as conversas, de trocar
conhecimento, de pesquisar. Acho que esse ambiente é muito
propício para que a teoria e a prática se aproximem e caminhem
juntas na busca de um trabalho criativo e consistente.
É claro que, na nossa rotina de agência, a forma de nos debruçarmos sobre um problema não acontece da mesma maneira
que em um ambiente acadêmico, em que o tempo e a profundidade de investigação são outros. Mas, quando as ferramentas
conceituais estão à mão, elas expandem as nossas ideias e diminuem as nossas incertezas.
Quando vamos iniciar um projeto, seja um portal ou uma
grande campanha, partimos de um diagnóstico apoiado em
metodologias e técnicas que desenvolvemos e que se apoiam em
Eduardo Loureiro
Formado em Comunicação Social, pós-graduado
em Design de Interação pela PUC-Minas e
cofundador da Voël (www.voel.in)
A lógica é bem simples. A academia precisa estar alinhada com os
problemas atuais da sociedade, que frequentemente estão no foco
de atuação do mercado. E o mercado precisa de embasamento
conceitual e teórico para atuar em seus projetos comerciais de
forma planejada, inteligente e eficiente.
A consequência do distanciamento da teoria para o mercado
reflete-se diretamente na qualidade dos projetos que são feitos
e, mais que isso, na eficiência de tais projetos frente aos objetivos
que eles deveriam atender. Esses problemas acontecem pela
falácia de que uma “ideia”, por si só é suficiente para resolver os
problemas de comunicação ou de negócio dos clientes. É claro
que a criatividade é muito importante, mas ela não é um dom, é um
processo construído com conceitos, referências e embasamento.
Além disso, uma ideia, por melhor que seja, para ser efetiva em
36
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
disciplinas como a Ciência da Informação, Etnografia, Pedagogia,
Sociologia, Filosofia e Semiótica. Quando partimos para a criação,
levamos esses conhecimentos na bagagem e somamos a eles
todo um patrimônio cultural que para o profissional criativo é
matéria-prima. É fundamental conhecer história da arte, literatura, cinema, música, fotografia etc.
O que a gente faz para estimular esse encontro entre a teoria e
a prática é manter equipes multidisciplinares e profissionais com
formações acadêmicas diversas. Temos uma turma grande que
veio da Comunicação, mas temos também físico, historiador e
a equipe de programação, que não fica só “escovando bits”, mas
participa ativamente das reuniões de brainstorms que antecedem os projetos.
“O que a gente faz para estimular esse
encontro entre a teoria e a prática é
manter equipes multidisciplinares
e profissionais com formações
acadêmicas diversas”
seus objetivos precisa ser bem planejada, especificada, executada
e monitorada. E nesse ponto as teorias acadêmicas podem ser
valiosíssimas.
A teoria acadêmica é aplicável para os criativos, seja em
uma composição gráfica ou na identificação das demandas das
pessoas. Ou seja, os exemplos vão desde a correta escolha de tipos,
que proporcionem uma boa experiência de leitura, até a definição
de escopo de um produto ou serviço.
“É claro que a criatividade é muito
importante, mas ela não é um
dom, é um processo construído
com conceitos, referências e
embasamento”
Gabriel Patrocínio
Graduado em Design pela ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ) em 1982, onde leciona e é exdiretor. Atua como perito judicial de design desde 1997, além de ser parecerista, consultor e conferencista na área de
propriedade intelectual. Desenvolve, atualmente, pesquisa de doutoramento na Cranfield University, Inglaterra, sobre
políticas nacionais e regionais de design, das quais a propriedade intelectual é um dos componentes.
Em Cambridge, existe um poste no meio de um parque, separando
a área do campus e o centro da cidade. O lugar é conhecido
como “reality checkpoint” — a divisão entre a vida acadêmica
e a “realidade”. Porque esse distanciamento entre os conceitos
teóricos desenvolvidos na academia e as atividades práticas?
Pode-se dizer que, por definição, a academia é um lugar de
aprendizado e, portanto, precisa ser livre de restrições da realidade
para exercitar o livre-pensamento, gerar novo conhecimento. Mas,
esse conhecimento precisa ser transferido e aplicado.
O design é reconhecido hoje como a ferramenta ideal para
conectar o conhecimento puro e a prática — ou entre a tecnologia,
a criatividade e o usuário. As agências de design se lançam
nesse caminho: a IDEO não faz design, mas “ajuda empresas a
construírem negócios, inovar, desenvolver potenciais e crescer”;
a Tátil faz “design de ideias” e gerou recentemente a “CRIA” —
uma consultoria criativa que se posiciona como uma empresa
que promove a “criatividade para um futuro mais inteligente”; A
GAD’Innovation propõe-se a ajudar a “transformar informação em
conhecimento, conhecimento em vantagem”.
Aqui na Inglaterra, participei recentemente de uma reunião
de formação de um consórcio de universidades e empresas
de diversos países com a proposta de desenvolver e aplicar
conceitos teóricos para uso prático em pequenas empresas e no
setor público. Os objetivos foram claramente estabelecidos. Não
queremos fazer pesquisa acadêmica, mas aplicação prática de
conhecimentos.
O conhecimento teórico é a base inalienável para o exercício
prático. E o design pode construir a ponte entre teoria e prática.
“Pode-se dizer que, por definição,
a academia é um lugar de
aprendizado e, portanto, precisa
ser livre de restrições da realidade
para exercitar o livre-pensamento,
gerar novo conhecimento. Mas,
esse conhecimento precisa ser
transferido e aplicado”
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
37
Chocolates
M&M’s
de cara nova na web
O novo site do chocolate mais vendido do mundo está completamente reformulado e
oferece ainda mais interatividade para os usuários. Mais colorido e com layout moderno,
o destaque fica para a página dos personagens do M&M’s, que traz informações sobre
todos os integrantes da turma. Valdir Nascimento, gerente de marketing e trade marketing da Mars Brasil (www.mars.com.br), empresa fabricante do produto, conta-nos detalhes e curiosidades sobre a produção desse trabalho.
38
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
CRIAÇÃO
www.mars.com.br
WIDE 6NEPTUSBCBMIPTMBOÇBEPTQPSWPDÉTFOWPMWFVBDSJBÇÆPFP
EFTFOWPMWJNFOUPEPTJUF..T#SBTJM2VBJTFSBNBTFYQFDUBUJWBTEP
DMJFOUFFNSFMBÇÆPBFTTFQSPKFUP
VALDIR Nosso objetivo é gerar um conteúdo digital de maior
qualidade e mais conectado a uma proposta de diversão, além
de consolidar o posicionamento da marca em toda a América
Latina, que é um mercado muito importante para o M&M’s.
WIDE 2VBMPQFSŢJMEBFRVJQFFOWPMWJEBOBQSPEVÇÆPEPTJUF &
FNRVBOUPUFNQPGPJEFTFOWPMWJEPEFTEFPQMBOFKBNFOUPBUÈB
FOUSFHBŢJOBM
VALDIR O site foi desenvolvido pela Proximity (www.proximityworld.com), agência especializada em marketing digital. O desenvolvimento do novo site M&M’s, que na verdade
é uma plataforma digital que vai atender a toda a América
Latina, levou cerca de dez meses. O Brasil foi o pioneiro em sua
implementação.
WIDE 4PCSFBTSFEFTTPDJBJTQFSDFCFTFOPSPEBQÈEPTTJUFTBQSF-
TFOÇBEBNBSDBOP'BDFCPPLFOP5XJUUFS2VFUJQPEFSFUPSOPWPDÉT
UÉNBMDBOÇBEPQPSNFJPEFTTBJOUFSBUJWJEBEFFRVBMBJNQPSUÂODJBEB
NBSDB..TFTUBSQSFTFOUFOBTSFEFTTPDJBJT
VALDIR Procuramos trabalhar sempre nossas marcas na internet, por entender que esta é uma mídia extremamente relevante
para o público jovem. Em 2009, o M&M’s retomou sua participação na mídia digital ao lançar o concurso BIG M&M’s, durante o Big
Brother Brasil. A ação permitia aos internautas criar e compartilhar
vídeos e premiou o vencedor com 1 milhão de chocolates M&M’s.
Temos aumentado consistentemente a importância das
mídias digitais dentro dos nossos investimentos. Ainda mais com
o forte crescimento das chamadas mídias sociais, o foco das nossas marcas de chocolate para esse meio se tornou ainda maior,
por se tratarem de marcas jovens, modernas e irreverentes,
assim como nosso público-alvo. Pelo Twitter, é possível ter maior
interação com os fãs da marca, e queremos estreitar o relacionamento, mas tomando cuidado para não nos tornarmos invasivos
e inoportunos. Procuramos dar maior ênfase aos personagens de
M&M’s, trazendo diversão e conteúdo relevante. A nossa página
do Facebook ainda está em construção e deverá estar disponível
a partir do ano que vem.
É muito importante estarmos presentes nas mídias sociais e
atentos ao que os usuários falam sobre nossa marca. Fazemos
um monitoramento em diversas redes e, com isso, conseguimos
identificar opiniões dos consumidores e tendências de mercado.
Temos relatórios semanais com esses resultados, que fazem
parte de nossas estratégias de ação.
WIDE &N SFMBÇÆP Ä JOUFSGBDF VN EFUBMIF JOUFSFTTBOUF DIBNB B
BUFOÇÆPBBQSFTFOUBÇÆPOBQÁHJOBJOJDJBMEPTJUFDPNQPTUBQPSVN
NPTBJDPJOUFSBUJWPGFJUPEFDIPDPMBUFTOPRVBMPVTVÁSJPBPhMJNQBSv
BTCPMJOIBTDPMPSJEBTDPOTFHVFWJTVBMJ[BSBTFHVJOUFGSBTFh2VBOEP
PT..TFTUÆPOBTVBGSFOUFOÆPIÁDPNPSFTJTUJSv$PNPTVSHJVB
JEFJBEFEFTFOWPMWFSFTTBJOVTJUBEBGPSNBEFBQSFTFOUBÇÆP
VALDIR Os confeitos e as cores são elementos importantes
da marca M&M’s. Procuramos sempre explorar isso de forma
divertida e inusitada, utilizando interatividade com o usuário,
que descobrirá a frase “Quando os M&M’S estão na sua frente,
não há como resistir” por trás de uma “parede” de confeitos.
Com a grande quantidade de informações que as pessoas são
impactadas diariamente, é preciso ser criativo para não passar
despercebido.
WIDE /BSFQPSUBHFNEFDBQBEFTTBFEJÇÆPEB8JEFBHBNFŢJDBÇÆP
ÈBQPOUBEBDPNPVNBEBTQSJODJQBJTUFOEÉODJBTQBSB/PTJUF
..TVNBÁSFBEFHSBOEFEFTUBRVFÈBTFÇÆP.BUDI.BLFSVN
HBNFJOUFSBUJWPEFQFSHVOUBTFSFTQPTUBT1PEFSJBDPNFOUBSPPCKFUJWPEFTTBTFÇÆPFBTVBJNQPSUÂODJBOPDPOUFYUPEPQSPKFUP
VALDIR O objetivo principal do jogo é apresentar os personagens
do M&M’s aos fãs e contextualizar um pouco mais a personalidade
e as características de cada um deles. Até a estreia do site, só trabalhávamos a nossa comunicação entre os personagens Vermelho
e Amarelo. Com a chegada do Azul, do Laranja e da simpática Miss
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
39
CRIAÇÃO
Com a grande quantidade
de informações que as
pessoas são impactadas
diariamente, é preciso ser
criativo para não passar
despercebido
Green, precisávamos de um espaço a mais para apresentá-los aos
fãs, e o site se tornou uma ótima oportunidade para isso.
Na semana de lançamento do site, foi feita uma ação que consistia em apresentar aos fãs e seguidores da marca os personagens de uma maneira divertida no Twitter do M&M’s (@mms_brasil). A cada dia durante uma semana, o Twitter foi “dominado” por
um personagem diferente, com tweets que passaram mensagens
características de suas personalidades, além de alterações no
avatar e nas cores na página.
WIDE&NUFSNPTEFDPNCJOBÇÆPDSPNÁUJDBRVBJTBTQFDUPTEFUFSNJOBSBNBQBMFUBEFDPSFTFUFYUVSBTVUJMJ[BEBTOBDSJBÇÆPEFTTFQSPKFUP
VALDIR Todas as cores utilizadas no novo site M&M’s remetem à
proposta que queremos passar para os fãs da marca: a combinação cromática visa estabelecer o amarelo como uma identificação
do M&M’s e usar o marrom para gerar conexão com chocolate.
Além disso, utilizamos muitos elementos coloridos para destacar
a diversão, uma das principais características do produto.
WIDE 1PSRVFP'MBTIGPJFTDPMIJEPDPNPQMBUBGPSNBBTFSVUJMJ[BEBOFTTFQSPKFUP &YJTUFBMHVNBQSFWJTÆPPVQSPKFUPQBSBWFSTÆP
NPCJMF VALDIR O Flash é uma plataforma que funciona melhor para o
tipo de interação que almejávamos, com bastante movimento e
respostas rápidas. Por enquanto, queremos estender essa plataforma a outros países da América Latina, já que o Brasil foi o pioneiro na implementação do novo site. Após esse momento, focaremos em melhorias adicionais e também em outras adaptações.
WIDE1BSBDPNQSFFOEFSNFMIPSBJOUFSBÇÆPFOUSFPVTVÁSJPFPTJUF
UFTUFTEFVTBCJMJEBEFDPNSFDVSTPTQBSBNPOJUPSBSNPWJNFOUPEP
NPVTFFWÌEFPEFOUSFPVUSPTOBNBJPSJBEBTWF[FTHBOIBNEFTUBRVFOBFMBCPSBÇÆPEFVNQSPKFUP$PNCBTFOFTTFGBUPRVBJTUJQPT
EFUFTUFTGPSBNSFBMJ[BEPTQBSBPTJUF..T
VALDIR Dividimos os testes em três fases. Na primeira, os
40
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
desenvolvedores rodaram uma série de testes técnicos durante
três semanas. Depois disso, o acesso foi liberado a uma equipe
restrita de usuários durante um mês, para recebermos seus feedbacks sobre a plataforma, sempre com atualizações e ajustes
constantes. Na fase final, o site foi ao ar publicamente, com monitoramento constante e reportes mensais.
WIDE 0T DIPDPMBUFT ..T GB[FN NVJUP TVDFTTP UBOUP DPN BT
DSJBOÇBTRVBOUPDPNPTBEVMUPT&NSFMBÇÆPÄBUVBMFTUSVUVSBEPTJUF
WPDÉTSFBMJ[BSBNBMHVNUJQPEFQFTRVJTBQBSBDIFHBSBUÈPQ×CMJDPBMWP 2VBMPUBSHFURVFPTJUFQSFUFOEFBUJOHJS VALDIR Não realizamos qualquer pesquisa específica para a
construção do novo site M&M’s, mas o desenvolvemos para atingir o público-alvo de nossa marca: a família e os jovens/adultos.
Além disso, fazemos todo o esforço possível para comercializar
nossos produtos de maneira responsável e com o compromisso
de promover estilos de vida ativos e saudáveis. Por isso, a Mars
possui um restrito código de marketing global, com o qual nos
comprometemos, desde 2007, a não anunciar nenhum de nossos chocolates e outros produtos alimentícios a menores de
12 anos. Nosso código de marketing é um dos mais restritos da
indústria e abrange publicidade e promoções (internet, ponto de
venda, escolas etc.).
WIDE2VBJTPTSFTVMUBEPTFTQFSBEPTFPCUJEPTBUÈPNPNFOUPDPN
FTTFDBTF
VALDIR Nosso objetivo principal é gerar conteúdo de melhor
qualidade e promover maior interação dos fãs com a marca.
Para medir isso, estamos acompanhando o número de retornos
ao site. Como o lançamento ainda é recente, não temos uma
base comparativa suficiente para essa análise, já que todos os
visitantes ainda estão sendo classificados como novos para o
site. Apesar disso, desde o seu lançamento, 16% dos visitantes já
possuem duas ou mais visitas, mas esperamos ter uma taxa de
retorno de até 50% dentro de um período de um ano.
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
41
Ilustração Carolina Vigna-Marú
#quebrando #limites
Desde que conheci o trabalho de Augusto
Sampaio tenho vontade de escrever a respeito, mas como ele foi meu professor na
Belas Artes e sei o quanto o meio acadêmico pode ser paranoico, achei melhor
esperar não ser mais sua aluna para lhe
dedicar uma coluna.
A obra de Sampaio poderia facilmente ser organizada em três
hashtags se o seu meio fosse o digital. A primeira, como não
poderia deixar de ser, é o questionamento, o pensar. A segunda
é talvez a mais óbvia delas: a obra em si, ou seja, a sua produção
artística, as gravuras. A terceira é o compartilhamento. Vou da
terceira para a primeira.
3. SAMPAIO É PROFESSOR COM P MAIÚSCULO, e isso já deveria
ser suficiente para terminar o artigo, mas insisto. Ele é artista-educador de uma das iniciativas mais legais da Pinacoteca do Estado
de São Paulo, a oficina de desenho e gravura da Ação Educativa
Extramuros, do PISC (Programa de Inclusão Sociocultural), que
leva moradores de rua para dentro de um espaço tido como erudito e os instrumenta a ampliar seus repertórios.
2. AS XILOGRAVURAS DE SAMPAIO — ou, pelo menos, as que
conheci — não são figurativas e trazem uma repetição proposital
que se traduz em ritmo. Ele as instala em espaços urbanos, especialmente em muros, paredes, fachadas. Ou seja, ele as instala
em limites. E, com a composição (cor, textura, ritmo, forma etc.),
chama a atenção para esse limite e nos leva a perceber uma linha
separadora que muitas vezes simplesmente não nos importa
mais. A gravura aponta esse limite, esse contorno, e, ao apontá-lo,
apropria-se dele e o destrói. Uma vez que o limite nos “pertence”,
deixa de ser um limite.
1. QUAIS LIMITES NOS CONTÊM? Muros não definem um
ambiente. Uma escola ou qualquer outro centro de convivência
é uma experiência que vai muito além de seus muros. Conheço
pessoas que definem suas casas como “onde meu computador
está”. E aí vem o cloud computing e nem isso existe mais. Cadê o
muro? Existe algo que separe o morador de rua do curador do
museu além desse limite absolutamente arbitrário? Na verdade,
não faço ideia se o questionamento de Sampaio é esse, mas é
nisso que penso quando vejo o seu trabalho. É, portanto, o meu-dele questionamento. Outro muro que cai. Derrubar muros é
sua-nossa especialidade. Ele compartilha o tempo todo. Por tal
motivo, inclusive, o escolhi para esta coluna. O que é a internet
42
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
senão a quebra de fronteiras, de limites? Fazemos algo online que
não seja, justamente, questionar e romper com estas arbitrariedades? Digo, além de ver vídeos de gatos, é claro.
Agora conto que Sampaio é arquiteto pós-graduado em
Multimeios: cinema, vídeo e fotografia. Não que isso faça qualquer diferença. O melhor consultor em presença online que
conheço, o Roney Belhassof, já foi piloto de navio. Meu irmão,
tradutor, é formado em Economia. Aprendo filosofia com um
historiador. Gosto de pessoas complexas, heterogêneas e com
histórias complicadas. E nós, nesse backstage da internet, o que
nos enriquece? Nem só de PHP e Java vive o programador. Uma
das minhas maiores queixas das atuais formações acadêmicas é
a falta dessas referências “externas”. O designer que decide estudar algo completamente fora da sua área (capoeira, finlandês,
culinária, tanto faz) será necessariamente um designer melhor.
Obviamente, isso vale para todos, mas é na Wide onde escrevo.
Voltando ao Sampaio. Tenho a sensação de que sua meta
é quebrar limites. Nas artes visuais, isso se traduz em um novo
olhar, em ampliar o repertório visual e na experimentação. Não
acho, entretanto, que se limite a isso. A arte visual é apenas a sua
ferramenta para estimular a humanidade a refletir, a crescer.
Somos capazes de evoluir apenas quando nos abrimos para essa
possibilidade. Ou seja, quando estamos dispostos a sair da zona
de conforto, quando estamos disponíveis para experimentar o
mundo sem muros.
Vejo nele uma coerência que me inveja. Ou me falta o amadurecimento para ter essa coerência no meu trabalho ou me
falta o distanciamento para percebê-la. Dúvidas, entretanto,
tenho aos montes.
Carolina Vigna-Marú é designer e ilustradora das antigas, do tipo que
raspou fotolito com gilette e fez separação de cores no papel vegetal, mas
que não é saudosista e acha tecnologia o máximo. Trabalhou com multimídia
e foi SysOp de BBS. Desenvolve sites desde 1996, especializando-se em CMS
e em SEO com tableless e CSS. Começou em uma editora pequena em 1982
e nunca mais parou. Gosta muito de ilustração vetorial, mas não dispensa um
bom papel e lápis. Fotógrafa amadora e apaixonada por tudo o que é gráfico.
E-mail: [email protected]
Design de interação Amyris Fernandez
Cinquenta mais, ou como você não sabe criar
produtos para meus amigos
Eu tenho orgulho dos meus 51 anos. Nasci na década
de 1960, ouvia long plays, tomei Ovomaltine para
poder participar de uma promoção de Perdidos no
Espaço. Você que está lendo e tem menos de 40
anos terá que ir ao Google pesquisar essa série e seu
Ovomaltine é vintage. O meu era só Ovomaltine e só
tinha um sabor.
Muitos de meus contemporâneos, assim como eu, tiveram que
acelerar o passo e aprender a usar Lotus 123, depois Excel, usou
o Motorola tijolo, mas ficou feliz ao livrar-se do Bip. Você nasceu
na frente do computador, jogou SIMs ou GTA, e sua mãe achava
que você ficaria burro ou sem músculos, pois não desgrudava do
computador. Hoje, você trabalha com design ou programação
em alguma empresa de internet, startup de game e tem como
desafio otimizar as interfaces para pessoas com mais de 50 anos.
É exatamente aí que começa o problema.
Recentemente, fui ministrar uma palestra sobre envelhecimento e uso de meios digitais e descobri muitas coisas interessantes. Primeiramente, descobri que pessoas acima de 50 anos
são um grande bloco homogêneo de velhos. Em segundo lugar,
descobri que há um grande preconceito com relação a essa
população. Somos velhos, ou somos a “melhor idade”. De qualquer jeito, somos sempre representados como ou gente caindo
aos pedaços, sem saúde e sem ânimo, ou um bando de tiozinhos
que se acham garotões ou barrigudinhos pulando. Por último,
não há qualquer produto eletroeletrônico, ou interface, preparado para os desafios de vender e fazer consumir nessas idades.
Isso mesmo, nessas idades.
Não, as pessoas acima de 50 anos não são um grupo homogêneo de consumidores. Há diferenças entre as décadas de vida,
da mesma forma que há diferenças marcantes entre adolescentes entre 8 a 28 anos. Desculpem-me, mas cada década tem seu
desafio. E sim, assumo que o corpo, como qualquer máquina, tem
desgaste das peças. Aos cinquenta, dependendo da qualidade
de vida que você se deu, apenas seus olhos podem precisar de
“reparos”. Há um pouco de perda de audição, mas nada tão grave
que você já precise de ajuda externa. Aos 60 anos, todas as bobagens e abusos contra o corpo inevitavelmente darão notícias da
gravidade do caso, mas a medicina já tem como remediar o caso.
Aos 70 anos, as perdas auditivas são mais evidentes e a energia
do corpo é muito menor. Ainda assim, quem rege a forma como
cada pessoa reage às mudanças depende da cabeça de cada um.
Por outro lado, a imagem projetada pela publicidade é um
reflexo claro da forma como encaramos o envelhecimento
na nossa sociedade. Somos preconceituosos. E eu diria que
Caetano Veloso está certo ao colocar que “Narciso acha feio o
que não é espelho”. As imagens são sempre caricatas. Ninguém
representa todas as mulheres como uma Cristiane Torloni (belíssima) e todo mundo acha que o George Clooney tem 35-40 anos
no máximo. Que o grisalho é charme, que ele não tem mais de 50
anos. Pessoas de 60 anos ou mais são sempre “velhos”, sem vida
ou vontades, infantilizados. Lamento, tenho amigos que correm
maratonas e são mais saudáveis que muitos jovens de 30 anos.
Por último, as interfaces digitais de qualquer novo produto são
sempre criadas por jovens que ainda não tiveram a oportunidade
de viver essa fase. E eu sei que é raro fazer testes na maioria dos
sites e interfaces. Ainda é mais raro ou ocorre mais tardiamente
do que deveria. Isso resulta em sites despreocupados com o quão
ofensivas ou distantes da realidade são as fotos, com o tamanho
das letras, com feedbacks auditivos, ou ainda aplicativos com
letras tão miúdas que parecem que qualquer problema dessa
ordem é problema meu ou seu, e não deles, que criaram o produto.
Se aos 25 anos temos a maior quantidade de neurônios funcionais, dos 50 em diante somos muito mais hábeis em lidar com
as palavras, o que nos torna mais críticos com qualquer texto
que vocês coloquem no site, com os labels de ícones e por aí vai.
Vejam em migre.me/5I9Ki.
Querido leitor, acorde. Desde sempre soubemos que em 2015
o tamanho da população acima de 50 anos seria maior que a
população de jovens. Não pensar em nós, que temos tempo e
dinheiro, é desperdiçar a oportunidade de ganhar um mercado
importante e muito populoso.
Ainda em tempo: velhinho é a mãe!
Amyris Fernandez é consultora em Design de Interação, membro do
IxDA (Interaction Design Association) e ministra aulas de Usabilidade
e Design de Interação. É doutora em comunicação pela Universidade
Metodista, com “bolsa sanduíche” na Universidade de Koenhagen,
Dinamarca, e mestre em Comércio Eletrônico, pelo Rochester Institute of
Technology, EUA.
E-mail: [email protected]
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
43
Internacional Julius Wiedemann
A economia dos grandes. E como os pequenos podem florescer
Os recentes anúncios de novos aparelhos eletrônicos vêm deixando
os consumidores aficionados por tecnologia cada vez mais excitados.
A guerra dos grandes caminha cada vez mais forte, com Google,
Apple, Microsoft, IBM, Amazon, Facebook, Samsung, NewsCorp, HP,
Yahoo e várias outras definindo seus territórios, defendendo o que
tem e tentando adentrar territórios inimigos. .
Mas, é preciso ponderar mesmo quando se
está em guerra. Em muitos casos, é importante observar a interdependência dessas
empresas, que “emprestam” serviços uns
aos outros (apps do Google estão no iPhone
e no iPad), são fornecedores entre si (a
Samsung é a maior fornecedora da Apple),
dão suporte técnico (servidores Windows
para todos), geram conteúdos entre si (imagens colocadas no Facebook por meio de
celulares, vídeos pelos celulares) e muitas
outras coisas. Os choques entre as empresas são inevitáveis em certo momento,
como se vê atualmente a guerra de patentes
e a diminuição de posições compartilhadas
nos boards de diretores. No entanto, todas
elas precisam uma das outras para crescerem. Além disso, é sempre difícil de abraçar
o mundo, e o foco em um tipo de negócio é
sempre apreciado por investidores. É um
jogo de xadrez em uma guerra de gigantes.
Mas como isso pode contribuir para a
aparição de novas empresas é chave para
entender como outro ciclos de empresas,
como as já mencionadas, continuam a
aparecer. Por sorte, temos exemplos suficientes. Google tem pouco mais de dez
anos, e o Facebook nem isso. Inovação não
começa sempre dentro de empresas grandes. Vem muitas vezes de mentes brilhantes, que começam do zero, entendem uma
demanda reprimida e conseguem vender a
ideia para investidores audazes e ambiciosos (para o bem e para o mal).
Modelos ultrapassados são com frequência substituídos por novos, mesmo
com muita resistência. O mercado da
música mostra hoje várias evidências.
44
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
Recentemente, assinei o serviço Spotify,
que disponibiliza, por um preço fixo mensal,
uma assinatura; são mais de quinze milhões
de músicas de todos os gêneros que se pode
imaginar. Além de usar o Spotify no computador, posso baixar faixas no meu iPhone,
montar minhas playlists (que são reconhecidas em todas as plataformas), postar
minhas preferências em redes sociais e
muito mais. Eu nunca baixei músicas em
sites de compartilhamento, e o Spotify
resolveu meu problema. Agora, escuto o
que quero e quando quero. E com grande
mobilidade. Mas, tenho que entender por
que pessoas baixam de forma ilegal, se o
mercado não oferecer alternativas viáveis.
E digo viáveis para os usuários (ou consumidores, dependendo de como quisermos
definir). A Apple já adquiriu pelo menos um
serviço de assinatura de música para converter os usuários em frequentadores do
iTunes. Porém, mesmo com aquisições hostis, a inovação ainda está na mão de quem
imagina um futuro diferente. Alternativas
continuarão pipocando.
Cada empresa grande que se constitui forma em primeira mão profissionais
excelentes no que fazem, e muitos pensam
mais alto do que suas posições permitem.
Eles precisam sair daquela estrutura para
poder realizar as ideias que não saem da
cabeça todos os dias. A Amazon de Jeff
Bezos, um ex-executivo do mercado financeiro, é um desses casos. Bezos enxergou
antes de muita gente como o varejo se
transformaria com a internet. E ele poderia
fazer pouco se continuasse em um banco.
Segundo que essas empresas precisam,
hoje, de uma rede imensa de fornecedores
que têm ideias próprias e, muitas vezes,
apostem nelas. O mercado de smartphones precisa de desenvolvedores de aplicativos desesperadamente para fornecer
serviços cada vez melhores. E essa leva
de pequenas empresas e profissionais que
crescem mais uma vez produz não apenas
produtos, mas também conceitos inovadores. Os fundadores do YouTube saíram da
Paypal, para citar apenas um exemplo.
Na configuração atual no circuito “internético” de conteúdo-publicidade-busca-rede social, os aplicativos para celulares
são provavelmente o terreno mais fértil
de proliferação de ideias. Basta uma boa
visão e uma ou duas pessoas para fazer
a diferença. O Brasil tem que continuar a
crescer nesse ambiente. Temos talentos e
finalizações boas. Vivemos num ambiente
de early-adoption que nos permite experimentar antes de muitas outras pessoas em
alguns casos. Contudo, ainda nos falta criar
empresas robustas de tecnologia. Sair do
fornecimento e da prestação de serviços
e jogar o jogo um nível acima. Polos como
estão se instaurando em Pernambuco ou
na Serra Fluminense vêm para cobrir esse
buraco. Tais empresas podem (e muitas
vezes até devem) ser vendidas, mostrando
o potencial das ideias. E espero sempre que
possamos, eventualmente, construir algo
novo e com visão de longo prazo, inventando uma nova marca de tecnologia.
Julius Wiedemann
Diretor de publicações digitais da editora
alemã Taschen (www.taschen.com), além
de editor-chefe das áreas de design e pop culture. Julius viaja 70% do seu tempo, dividindo
residências entre o Rio de Janeiro, Cambridge,
no Reino Unido, e Colônia, na Alemanha.
E-mail: [email protected]
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
45
Aqui, ali, em qualquer lugar Michel Lent
Desculpe, Mr. Anderson, a web não está nada morta
Chris Anderson declarou há mais ou menos um ano que a web estava morta. “The web is
dead”, dizia o muitas vezes sensacionalista Anderson, afirmando que as pessoas cada vez
menos navegam em sites e, portanto, a web estaria morrendo. Claro, essa é uma maneira de
categorizar o que está acontecendo.
A outra forma é dizer que a web está mais viva do que nunca,
apenas passando por um processo de “aplicatização”. Estamos
cada dia mais online, e não menos. Talvez não navegando em
sites de web, mas certamente sempre mais ligados com nossos
smartphones, tablets e agora TVs, todos conectados à internet.
Em cada um desses novos dispositivos vamos encontrando
novos formatos de conteúdo e serviços, novas “app stores”.
Google Chrome, Webapps, aplicações para TVs conectadas ou
mesmo os apps para iOS, Android e outros sistemas operacionais.
Vamos nos divertindo, conhecendo e instalando aplicações
todos os dias nesses novos dispositivos. Encontrando coisas
novas cada vez mais úteis e fascinantes. Mas o que são esses
maravilhosos aplicativos se não exatamente destinações (sites)
orientadas a conteúdos e serviços, formatados de um jeito diferente? Pare para pensar: o que são (ou deveriam ser) conceitualmente sites, se não exatamente o mesmo que apps?
APLICATIVOS SÃO BASICAMENTE UMA VERSÃO MODERNA, atualizada e prática de sites. Com uma interface muito distinta e diferenças técnicas também, mas cumprem exatamente o mesmo
papel, só que em outros formatos e com novas possibilidades
associadas ao hardware em que são instalados, que nos levam
muito além daquilo que web tradicional nos permitiu até aqui.
Entretanto, técnica e conceitualmente, um aplicativo
para o Google Chrome é nada mais do que um site construído
em HTML5, Javascript, com uma interface mais simples, com
“cara” de aplicativo que você baixa para o seu dispositivo. Um
app para iPhone é essencialmente um site, em outro formato,
muito mais útil, mas segue cumprindo basicamente a função
que um site cumpria. Algo que vem pela internet, pode ser atualizado remotamente, que busca informações, que oferece um
serviço, que fala de uma marca etc. Lembre-se do aplicativo do
seu banco e pense no seu internet banking. Sim, há diferenças
entre os dois, mas eles cumprem essencialmente a mesma
46
| WIDE | 87 > CRIAÇÃO
função, em formatos diferentes.
Portanto, se pararmos para pensar, estamos realmente deixando de navegar pelo site A, B ou C, mas por outro lado, cada
vez mais, gastando tempo em aplicativos dentro de smartphones, tablets e novos formatos de tela que ainda estão por vir.
SE PENSARMOS QUE A WEB CONCEITUALMENTE não é apenas
feita de sites tradicionais em navegadores tradicionais, mas que
ela é o conjunto de tudo que fazemos na internet, pensando em
todos os dispositivos e aplicativos, me desculpe, Mr. Anderson,
mas, não, a web não está nada morta. Ao contrário, está cada vez
mais interessante e nós cada vez mais conectados a ela, assistindo felizes ao seu processo de “aplicatização”.
Estamos, afinal, vendo surgir uma nova era da internet, formada por inúmeros tipos delas conectadas, toda parte daquilo
que conhecemos com World Wide Web, e está mais viva do
que nunca.
Michel Lent Schwartzman
Designer gráfico pela PUC-Rio e mestre em Telecomunicações Interativas
pela New York University. Em 2002, fundou a 10’Minutos, agência que
juntou suas operações com o grupo Ogilvy, em 2009, passando a
funcionar sob a bandeira OgilvyInteractive Brazil, empresa da qual Michel
foi gerente geral e vice-presidente de criação. Em 2011, assumiu a vice-presidência estratégica do Grupo Pontomobi/RBS, empresa líder em
mobile marketing no país. Ao longo de mais de quinze anos de carreira,
foi premiado nos principais festivais internacionais, com trabalhos vencedores em Cannes, Clio, Art Directors, One Show, London Festivals, FIAP, El
Ojo de Iberoamérica, entre outros.
Twitter: @lent
E-mail: [email protected]
87 > CRIAÇÃO | WIDE |
47
DE NEGÓCIOS PARA 2012
ESPECIALISTAS REVELAM AS TENDÊNCIAS
DA INTERNET PARA O PRÓXIMO ANO
Por Thiago Almeida
48
| WIDE | 87 > CAPA
Parafraseando Peter Drucker, “A melhor maneira de predizer o futuro é criá-lo.”. Ou seja,
traçar metas, estabelecer contatos e estar atento ao que está à sua volta são fatores determinantes para alcançar os sonhos desejados.
Por isso, com a chegada de 2012, a Wide convidou especialistas dos segmentos: Design, Tecnologia, Marketing e E-commerce - a revelarem
suas previsões para os negócios.
Fique atento e invista. Quem souber detectar
as tendências e seguir as valiosas dicas de
quem mais entende do assunto, poderá se
dar muito bem.
Criação de
aplicativos próprios;
produção de conteúdo
com imagens, fotos e vídeos;
curadoria e seleção de peças;
peças de softwares; texto mais
curto, assertivo, intenso e
telegráfico).
Foto: Dani Gurgel
danigurgel.com.br
Luli Radfahrer
ph.D. em comunicação digital pela ECA-USP, onde também é professor há mais de dez anos
O professor de Comunicação Digital da ECA (Escola de
Comunicações e Artes) da USP, Luli Radfahrer, é pragmático ao
apontar as principais tendências para o próximo ano. O acadêmico acredita que aplicativos, fotografia e crowdsourcing, curadoria, modularidade e texto serão as principais demandas para 2012.
1. APLICATIVOS
O ano de 2011 foi marcado pela praticidade criativa.
Unindo-se ao modo de vida da sociedade contemporânea, o conceito de simplicidade nunca esteve
tão em alta. O consumo consciente foi baseado nos
três “Rs” para o design: reduzir, reutilizar e reciclar.
Quanto às tendências do design relacionadas ao
marketing, destaque para o varejo interativo, a impressão tridimensional e o hiperrealismo. Sacolas
com mensagens interativas e cardápios em forma
de iPad demonstraram a interação do consumidor
com a realidade em que se encontra, que também
marcou presença nas peças gráficas. Como resultado, protótipos e peças finais impressos em 3D.
Seguindo a preocupação ambiental mundial, o design “ecológico” viveu uma de suas melhores fases.
Formas e materiais renováveis foram trabalhados
ilustrando que a natureza pode existir junto à vida
urbana das cidades modernas.
Para 2012, nossos especialistas apostam em novas e
quentes tendências, que você confere a partir de agora.
Agora que todos estão acostumados com a ideia de trabalharem
com dezenas (até centenas) de aplicativos customizados e que
um programa genérico, como os da suíte Adobe ou Microsoft, faz
cada vez menos sentido, a próxima etapa é realizar aquilo que
alguns já fazem ao configurarem ações e scripts no Photoshop e
equivalentes: criar seus próprios aplicativos, para resolver suas
tarefas específicas cada vez mais rapidamente.
2. FOTOGRAFIA E CROWDSOURCING
A fotografia está cada vez mais barata e popular. Só o Flickr cresce
a 8000 uploads por dia e essa taxa aumenta a cada instante. O
Facebook tem 10.000 vezes a mais a quantidade de imagens
do que a biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Com esse
volume, veremos rapidamente a produção de conteúdo colaborativo usando imagens e fotos, tiradas por todo tipo de usuário ao
redor do mundo. Algo como os tweets vindos de todos. Depois
delas, os vídeos devem seguir os mesmos caminhos.
3. CURADORIA
Com tanta informação, falta atenção e saber o que se deve ler.
Três milhões de opiniões não são melhores do que não ter opinião alguma. A indústria da informação será cada vez mais parecida com a curadoria e seleção de peças, providenciando uma
análise de alto nível sobre o panorama e suas mudanças — para
facilitar a percepção e compreensão.
4. MODULARIDADE
As peças de software estão cada vez mais modulares e integradas. O próximo passo é combiná-las e automatizá-las, criando um
material personalizado que integra redes, conteúdo e atualizações
de uma forma bastante dinâmica.
87 > CAPA | WIDE |
49
5. TEXTO
Todo mundo fala da “cara de web 2.0”, mas poucos levam em
consideração que o texto também mudou. Ele está cada vez
mais curto, assertivo, intenso e telegráfico. O Twitter e suas atualizações curtas estão provocando uma série de mudanças em
uma forma de dialogar cada vez mais rápida, simbólica e concisa
— quase incompreensível para quem não estiver familiarizado
com ele, como uma gíria ou jargão.
Agências únicas;
consolidação de grandes
marcas nacionais; efeito de
comunicação tem que ser
necessariamente social.
“O texto também mudou.
Ele está cada vez mais curto,
assertivo, intenso e telegráfico”
LULI RADFAHRER
3. TUDO É SOCIAL
Da mesma maneira em que assistimos à “morte do viral”, já que
“viral” tornou-se apenas sinônimo de qualquer bom trabalho que
passa de mão em mão, assistiremos em 2012 à morte do “social”.
Tudo que será criado com efeito de comunicação tem que ser
necessariamente social. Não só isso como as estruturas próprias
sociais de cada marca (Facebook, Orkut, Twitter, Foursquare etc.)
começarão a virar o canal que mais receberá investimento de
comunicação. A comunicação de hotsites e grandes campanhas
enfraquecerá em detrimento de pequenos e frequentes movimentos dentro dessas plataformas.
André Matarazzo Chief Creative Officer da Possible
WorldWide (São Paulo)
Para Matarazzo, as agências que planejam sucesso em 2012 devem
estar atentas ao crescimento das marcas graças ao atual “boom” de
mercado. Matarazzo explica que o próximo ano será definitivo no
comando das agências únicas à frente da comunicação das marcas.
1. JUNÇÃO TOTAL DE ON/OFF
Fica impossível pensar on e off separadamente, mas, acima de
tudo, orquestrar agências separadas na execução desses pontos
em separado. O ano de 2012 será cada vez mais das agências únicas comandando a comunicação das marcas.
2. EXPANSÃO LATINO-AMERICANA
Grandes marcas nacionais começam a se estabelecer no mercado latino-americano e mundial, por isso clientes olham para
agências locais como as potenciais parceiras dessa expansão,
significando também o crescimento da agência, criação de kits
criativos para utilizações fora do Brasil etc.
50
| WIDE | 87 > CAPA
“Tudo que será criado com
efeito de comunicação tem
que ser necessariamente social.
Não só isso como as estruturas
próprias sociais de cada marca
(Facebook, Orkut, Twitter,
Foursquare etc.) começarão a
virar o canal que mais receberá
investimento de comunicação”
ANDRÉ MATARAZZO
Ao que tudo indica, 2012 será o ano dos tablets. Essa é a
opinião do Goldman Sachs, uma das instituições financeiras mais importantes do mundo. O banco fez uma recente
análise dos últimos dados do mercado de notebooks e de
tablets, chegando à conclusão de que a venda de tablets
no mundo inteiro tende a crescer exponencialmente nos
próximos anos.
Além disso, novas oportunidades de negócio na internet estão cotadas entre os especialistas: transferência
de fundos, serviços com base na localização (LBS), pesquisa móvel, navegação móvel, monitoramento móvel
de saúde, pagamento móvel, Near Field Communication
Services (transferência de dados sem contato entre dispositivos compatíveis), propaganda móvel, mensageiro
instantâneo móvel e música móvel.
Produtos e serviços
focados na classe C; sites
de e-commerce; adaptação dos
desenvolvedores de aplicativos;
design adaptável; convergência
de mídias.
Aldo Pires Diretor de Tecnologia da Addtech
1. AUMENTO DE USUÁRIOS DE INTERNET NO
BRASIL ENTRE A CLASSE C
Com o aumento de usuários de internet no Brasil, especialmente entre
a classe C, todo tipo de produto e serviço focado nesse segmento passa
a contar com mais prospects. Assim, sites de e-commerce passam a ser
fundamentais entre esse público. Vale lembrar que o setor também é
alvo para a utilização de smartphones, ou seja, os novos usuários acessam a web por desktops (ou notebooks) e por dispositivos móveis.
2. DESENVOLVEDORES “CAMALEÕES”
Com essas eventuais mudanças, qualquer desenvolvimento web passa
87 > CAPA | WIDE |
51
a ter a necessidade de atender a diferentes dispositivos. Logo, os
desenvolvedores de aplicativos precisarão se adaptar e passar a
entregar sistemas que funcionem bem em uma ou outra plataforma. Uma promessa para atender esse fim é o que se chama de
design adaptável.
3. CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS
Por falar em mobilidade e desktops, outra tendência que não
pode ser esquecida é a convergência de mídias SEO, SMO orgânico ou não — realidades que só tendem a aumentar e que cada
vez mais exigirão dos aplicativos de internet aliar as boas práticas
de arquiteturas de informação e de software.
4. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA POR
APLICATIVOS
Outra tendência é o crescente número de aplicativos que faz uso
da localização geográfica de usuários e aparelhos móveis. Esse tipo
de tecnologia tende a ter aplicativos cada vez mais versáteis e inteligentes, especialmente aqueles que utilizam tecnologia móvel.
Buscas mais precisas;
digitalização online; tecnologia
touchscreen
5. INTEGRAÇÃO ENTRE OS DIFERENTES
TIPOS DE SISTEMAS
Todos os conceitos abordados anteriormente significam grandes desafios tecnológicos para as corporações, em especial
aquelas que já contavam com estruturas de TI pesadas, com
sistemas legados em situação aflitiva. E, assim, surge a grande
demanda para integração entre os mais diferentes tipos de sistemas legados.
“crescente número de
aplicativos que faz uso da
localização geográfica de
usuários e aparelhos móveis”
ALDO PIRES
Greplin – ferramenta de busca especializada em redes sociais
2. FERRAMENTAS PARA FAZER
ANOTAÇÕES DIGITALMENTE
A digitalização em tempo real permite que possamos criar e compartilhar dados de maneira rápida, para que sejam processados
em qualquer dispositivo ou plataforma.
Exemplos:
Livescribe – caneta que captura e registra textos, áudios e desenhos, transformando-os em conteúdo digital.
Abbyy – programa que pode fotografar um texto e transformá-lo
em documento para edição digital.
Inkling – transforma desenhos feitos em papel em ilustrações digitais, mas só chega ao mercado em novembro.
Ammy Webb
CEO da consultoria de estratégia digital
Webbmedia Group (que tem como clientes a Organização das Nações
Unidas (ONU) e o Departamento de Estado dos EUA)
A jornalista aposta em novas ferramentas digitais e, durante sua
apresentação no Encontro Anual de Online News Association
(ONA), em setembro, apontou algumas das principais tendências
para 2012. Confira.
1. REFINAMENTO DE RESULTADO DE BUSCAS
Já que, com o extenso volume de informação na rede, qualquer
pesquisa gera milhões de resultados, Webb considera que uma
das tendências — e necessidades — serão as ferramentas que permitem aos usuários fazerem buscas mais precisas.
Exemplos:
Helioid – sistema de buscas categorizadas por temas
Twylah – sistema de busca específico para resultados do Twitter
52
| WIDE | 87 > CAPA
3. INTERFACE GESTUAL
Isso certamente é uma coisa do futuro: tecnologia parecida com
touchscreen, mas que não depende de telas. É bem no estilo do
filme Minority Report, em que se comanda pelos movimentos
das mãos no espaço. A Apple e o New York Times já trabalham
essa tecnologia.
Exemplo:
Oblong – fabricante que criou luvas que permitem dar comandos
pelo espaço.
4. TÓPICOS
Outra visão para o futuro são os serviços que agrupam dados a
tópicos específicos, permitindo que os usuários agrupem e selecionem informações rapidamente.
Exemplo:
Quora – site de perguntas e respostas onde os usuários colaboram
para aumentar e editar os conteúdos criados.
Os especialistas de marketing são unânimes: o digital, mais do que nunca, veio para ficar. Algumas das principais tendências, segundo os entrevistados consultados pela Wide, são: Otimização das Mídias Sociais
(vulgo SMO – Social Media Optimization);
Otimização de Sistemas de Buscas (SEO – Search Engine Optimization);
gamification; mobile marketing – acesso móvel; e vídeos.
Confira, a seguir, as previsões em cada assunto.
Treinamento pessoal de
forma lúdica; mecânicas de
games em aplicativos; melhor
usabilidade
2. SOCIAL
Sabemos que as redes sociais mais conhecidas (Facebook,
Twitter, Likedin, Flickr etc.) já fazem parte do cotidiano das pessoas. Mas, quero chamar a atenção para outras tendências, que
são o Crown Social e o consumo colaborativo; a ideia do “compre
mais, pague menos” e, ainda por cima, preservar o ambiente será
uma das grandes tendências para este novo ano. Acredito que
quase todas as empresas terão o social implementado em suas
estruturas organizacionais.
3. APPS
Romeo Busarello Diretor Executivo de
Internet da Tecnisa
1.GAMEFICAÇÃO
As organizações começarão a pensar mais na “gameficação”.
Quando me refiro a gameficação, não serão os games de jogos,
mas sim treinamento pessoal de forma lúdica, desenvolvimento
manual de produtos, elaboração de tutoriais etc. As companhias
pensarão nesse processo como estratégia, porém devo confessar
que a estratégia não será totalmente emplacada em 2012. A oferta
de desenvolvedores ainda não é tão expressiva como se espera,
mas sem dúvida os games serão uma grande e forte tendência a
partir de 2012. Com o passar do tempo, as mecânicas de games
serão exploradas em aplicativos, oferecendo melhor usabilidade.
Outro alerta é que os games, nas companhias, não estarão nas
grandes massas. Será uma demanda bem específica — para aquelas
que estão à frente, que investem e que estão antenadas no futuro.
No tocante a aplicativos, com toda certeza os apps vão estourar. Já estamos com APPs para smartphones da LG e Samsung
e cada vez mais os aplicativos funcionais estarão em alta. E a
demanda promete: são sites, hotsites, serviços de companhias,
catálogos de venda etc.
4. CLOUD COMPUTER (Computação em Nuvem)
As empresas estão entendendo melhor a função do Cloud
Computer. Ora, ao treinar minha equipe para atender via internet, além de trabalhar o relacionamento com o cliente, também
divulgo a marca criando minha própria rede na web.
Custos, produtividade, eficiência. Esses três, ao se unirem,
acarretam a mobilidade nos setores de venda. Não podemos
esperar muito no mundo da produtividade. Em cidades como
São Paulo, por exemplo, que diariamente vive situação de trânsito caótico, as pessoas valorizam o home office. O que quero
revelar é que não há como fugir do cloud. Hoje, com o iPhone ou
o Tablet, posso estar em qualquer lugar da organização com a
mobilidade a qualquer hora, em uma facilidade indescritível.
As empresas precisam entender que catálogos de venda são
poderosos instrumentos de trabalho, e isso no iPad, não no papel.
Imagine corretores com tablets, conhecedores da área digital.
87 > CAPA | WIDE |
53
Pense quão fantástico será para o cliente em sua vistoria final
ter a possibilidade e a praticidade de apontar uma série de concordâncias e discordâncias no próprio iPad? Mas, nesse quesito
é necessário chamar a atenção para um triste e real fato. 70%
dos nossos profissionais brasileiros não possuem competência
tecnológica para executar demandas específicas. Não podemos
permitir que aconteça o crescente número de informações e o
decrescente índice de competências profissionais tecnológicas.
Marketing de
experiência; embutir a
marca em conteúdos que gerem
experiências relevantes e atrativas;
o novo consumidor é mídia e
gerador de conteúdo.
“As mecânicas de games serão
exploradas em aplicativos,
oferecendo melhor usabilidade”
ROMEO BUSARELLO
uma marca. Nesse sentido, a melhor maneira de se conquistar a
atenção das pessoas é por meio de fornecer o que é relevante para
elas em cada momento e, para tal, apesar do marketing de experiência não ser novidade, cada vez mais embutir a sua marca em
conteúdos que criem experiências relevantes e atrativas tende a
ser uma das principais ações estratégicas de marketing.
2.COCRIAÇÃO
Martha Gabriel Diretora de tecnologia da New Media
Developers
Segundo a palestrante internacional, temos presenciado na última
década a concretização de muitas coisas que eram consideradas
previsões de futuro no século passado — o planeta totalmente
conectado, o tempo real, a mobilidade proporcionada pela tecnologia, o acesso a informação, dentre outras. Essas transformações
afetam as pessoas e, consequentemente, o mercado, fazendo com
que as estratégias de marketing também se modifiquem para que
tenham efetividade no novo cenário que emerge.
Com isso, ela aponta, a seguir, algumas das principais tendências
de marketing para os próximos anos, e é enfática ao afirmar que tais
frentes devem influenciar cada vez mais as ações estratégicas no
relacionamento com o consumidor.
1. MARKETING DE EXPERIÊNCIA/
CONTEÚDO
Em função do ambiente hiperconectado e hiper-informacional
propiciado pelas tecnologias móveis e a web 2.0, as pessoas encontram-se sobrecarregadas de informação e atividades, passando por um processo de info-toxicação. Nesse contexto, ocorre o
fenômeno da Economia da Atenção (Davenport) — quanto maior
a riqueza da informação, maior a pobreza de atenção. Dessa forma,
a maior dificuldade do marketing para atingir seus públicos é conquistar sua atenção para conseguir engajamento com a marca. A
atenção — e não mais a audiência passa a ser o principal capital de
54
| WIDE | 87 > CAPA
O consumidor não é mais apenas público-alvo, mas também
mídia (pois propaga mensagens e conteúdos) e gerador de conteúdo. Além disso, o ambiente hiperconectado permite que a
velocidade e a quantidade de interações entre pessoas das mais
diversas partes do mundo seja mais efetiva, e como resultado
uma maior troca de experiências e informações.
Isso possibilita que o ritmo de inovações produzidas por
essas pessoas alcance uma velocidade que é impossível de se
conseguir com processos de inovação tradicionais nas empresas. Assim, criar processos em que as pessoas contribuam para
a cocriação de produtos e serviços e participem das ações de
comunicação torna-se uma das principais tendências do marketing para se conseguir velocidade de inovação.
Estratégia não é nada sem velocidade. Dessa forma, passaremos cada vez mais a colaborar em processos de crowdsourcing,
colaboração, não porque somos bonzinhos, mas porque cada vez
mais precisaremos uns dos outros para alcançarmos sucesso.
3. INTEGRAÇÃO ON E OFF
O ser humano vive e transita entre as dimensões on e off line.
Estamos nos tornando cada vez mais cíbridos (ou cyber-híbridos), vivendo simbioticamente em nosso corpo biológico e em
diversos dispositivos digitais. Nossa memória está esparramada
em nosso cérebro biológico, em nosso computador, smartphone
e diversos sites online — Gmail, YouTube etc. Nosso ser se alastrou e engloba diversas plataformas, como o Facebook, Twitter,
Foursquare, entre outras.
Cada perfil nosso em sites de redes sociais é uma parte nossa
que co-existe e complementa o nosso ser biológico. Assim, uma
das principais tendências do marketing é que as estratégias se
comuniquem e integrem todas as plataformas em que estamos
presentes, independentemente de serem on ou off line. Cada
vez mais teremos novas tecnologias e plataformas no cenário
informacional. Nesse sentido, ações de Transmedia Storytelling
(que conta uma história ou uma mensagem por meio de diversas
87 > CAPA | WIDE |
55
plataformas), Realidade Aumentada (processo em que objetos
virtuais interagem com objetos físicos), Mobile Tags (QRcodes
etc.), sensores, entre outras, que integrem on e off, tenderão a ser
sempre mais utilizadas.
4. CONVERGÊNCIA ENTRE BUSCA E O SOCIAL
A evolução dos buscadores para entregar resultados constantemente mais relevantes na complexidade crescente da web faz
com que eles se tornem cada vez mais semânticos, ou, em outras
palavras, consigam “entender” o significado dos dados e do contexto. Para tanto, os algoritmos de busca consideram cada vez
mais a dimensão social das páginas e dos dados, suas conexões
com outras páginas, dados e pessoas para poder calcular a relevância de cada processo. Com isso, gradativamente as estratégias de busca precisarão considerar e englobar estratégias sociais
para alcançarem sucesso. Por outro lado, nas plataformas de
Gamification;
pensamento e
mecânica de um jogo como
forma de engajar consumidores
de qualquer segmento; os jogos
dão prazer; o prazer é o novo
marketing.
mídias sociais as pessoas buscam informações, perfis, outras pessoas etc., de forma que a otimização de busca dos ativos sociais
torne-se parte essencial de qualquer estratégia em mídias sociais.
“O consumidor não é mais
apenas público-alvo, mas
também mídia (pois propaga
mensagens e conteúdos) e
gerador de conteúdo”
MARTHA GABRIEL
2. CONCEITO AMPLO
No início, ao ouvir pelas primeiras vezes a palavra “gameficação”,
o termo me soava muita ligado a startups e empresas que tinham
os social games como o próprio core-bussiness.
Zynga e Foursquare são empresas que têm na alma do seu
negócio a estratégia de gameficação. Com o passar do tempo,
entendi que a tendência é muito mais ampla. A ideia é entender
o processo do uso do pensamento e da mecânica como forma de
engajar consumidores de qualquer segmento.
3. ESTRATÉGIA DE JOGOS
André Telles CEO da Mentes Digitais
Para 2012, o publicitário curitibano aposta na gameficação como a
tendência mais forte para o marketing. Em suas previsões para 2011,
André Telles apostou na geolocalização, e acredita ter acertado,
embora revelou que um potencial muito grande não foi explorado.
Segundo ele, tendências muitas vezes demoram a ser concretizadas em larga escala.
1. GAMEFICAÇÃO COMO MERCADO (AINDA)
INEXPLORADO
De acordo com a Forrester Research (conceituada empresa de
pesquisa de mercado que oferece a seus clientes conselhos sobre
o impacto da tecnologia nos negócios e nos consumidores), “84%
dos profissionais de marketing dos EUA não tiveram planos de
usar jogos em suas estratégias de marketing em 2011, tornando os
jogos sociais uma oportunidade grande e inexplorada.
56
| WIDE | 87 > CAPA
O primeiro passo é identificar a dinâmica do jogo (estratégias) e
mecânica (táticas) para um caminho em direção à meta de negócios. Os argumentos que tenho lido em torno do conceito são que
os jogos dão prazer, e essa sedução é o novo marketing. Como
acontece com outros tipos de conteúdo relevante, os jogos são
um meio de interagir, só que com o conceito de “gameficação” as
empresas passam a recompensar e entreter.
4.DICAS
A DINÂMICA DO JOGO DEVE:
s4FSDSJBUJWBFDPNSFHSBTCFNDMBSBT
s$POUFSNFDÂOJDBTDPNPCBEHFTQPOUPTGBTFTEPKPHPSBOLJOH
s1PEFSTFSBMUFSBEBQBSBSFDPNQFOTBSFBUÈQFOBMJ[BS
s-×EJDBFEJWFSUJEBBMÈNEBSFDPNQFOTBQPSQPOUPT
s"NPUJWBÇÆPQPEFTFSŢJOBODFJSBTUBUVTOFDFTTJEBEFEPQSB[FS
FJOŢMVÉODJB
Uma outra grande estratégia seria utilizar as mídias sociais como
forma de recompensar no jogo. Por exemplo, a visualização de
um vídeo (5 pontos); um tweet mencionando sua empresa (2
pontos), e assim por diante.
Tendência que veio para ficar de vez no mercado brasileiro, o e-commerce é apontado como a grande aposta para 2012. As lojas online precisarão ter serviços 24 horas,
sete dias por semana para os seus consumidores. Estamos falando das novas lojas
de conveniência. Outra dica é a compra por dispositivos móveis. Pelo Facebook,
lojas oferecem aos fãs acesso antecipado a produtos e coleções. Há marcas que
estão oferecendo descontos por meio de ações com o uso de localizadores como
Foursquare e Gowalla. Os sites de compras coletivas também estão em alta. A seguir,
veja o que esperam nossos especialistas.
Consumidor em
movimento; ter feedback
positivo nas redes sociais;
chats de compras coletivas;
consumidor mais dinâmico;
consolidação do mobile.
já provaram que definem e muito o consumo. Acredito veementemente que a maior parte das decisões de compra são influenciadas por conta de amigos.
2. SOCIAL COMMERCE – COMPRA
COLABORATIVA (decisão de compras)
Roberto Wajnsztok Diretor de Marketing do
E-commerce Walmart Brasil
1. TENDÊNCIA DE CONSUMO
Estamos na era do consumidor em movimento, que busca a
constante mudança de canal, alimenta diversos estilos e percepções de consumo. O canal que pode ser escolhido hoje, amanhã
pode ser outro, o ambiente pode ser pelo meio digital, mas também podem ser diversos outros ambientes.
A inserção em um ritmo altamente tecnológico tomou conta.
O consumidor já é sensivelmente impactado pelas diversas
opções — produto do dia, canais em que as pessoas mais compram durante a semana.
É importante chamar a atenção para o momento do consumo,
seja por decisão própria ou em família, um ambiente favorável,
ter o feedback positivo nas redes sociais. Os canais colaborativos
Para o próximo ano, está evidente a consolidação dos chats de
compras coletivas (novos ambientes de consumo coletivo).
Assim como o mercado, o consumidor também está mais dinâmico, consegue levar a compra para todos os lados, e esse público
representa boa parte de venda dos varejistas.
3. MOBILE
Impossível não apostar no mobile, grande tendência para 2012.
Ora, o crescimento de iPhones, iPads, entre outros, nos dá a
plena certeza da força e da excelência da funcionalidade dos
serviços prestados. Temos cada vez mais dispositivos móveis
de alta navegabilidade, associados a pacotes de banda larga
mais acessíveis, e estamos muito próximos de liderar esse tipo
de movimento — basta olhar a presença do brasileiro nas redes
sociais. Integrado a essa tendência, os aplicativos colaborativos,
com ferramentas de interatividade, também chegam cada vez
mais fortes. A troca de informação e conhecimento graças ao
mobile é a grande aposta. Com a mobilidade é possível que o
cliente divulgue suas informações e as divida com outros, de
modo a atingir uma interação conjunta. Os blogs também serão
iniciativas tendenciosas.
87 > CAPA | WIDE |
57
4. CONTEÚDOS DIGITAIS
Redes para e-commerce;
maior aproximação
com o público; nuvem;
multicanalidade.
Tudo vai para o digital, não há mais dúvidas. Algumas empresas
ainda tentaram se proteger da “avalanche” tecnológica, mas é fato
que quem não se adaptou, não sobreviveu (ou não sobreviverá).
E isso passa por áudio, música, filme, games, aplicativos, nuvens,
conteúdos digitais etc.
Nuvem é uma tendência importante, de prestar serviços, hospedagem, hosting. Não podemos nos esquecer da relevância dos
buscadores Google, Ping, Yahoo, que estão cada vez mais estratégicos nos comércios eletrônicos. Certamente, 2012 será, também,
o ano de maturação dessas frentes.
5. APOSTA COMO NEGÓCIO
German Quiroga
CEO Nova Pontocom
Algumas frentes já vêm sendo testadas e utilizadas, mas 2012 será
o ano de maturação de muitas dessas tendências. Quiroga, do
Grupo Pão de Açúcar, analisa que a consolidação dessas novas
plataformas se deve à construção de diversos cases de sucesso,
que resultou na potencialização e em novas oportunidades para
o mercado. Para essa questão, o empresário chama a atenção
para as grandes mudanças que estão acontecendo.
1. SOCIAL COMMERCE E EXPLOSÃO DAS
MÍDIAS SOCIAIS
Os sites e as mídias sociais vieram para ficar. Já visualizamos,
inclusive, o reposicionamento do Google, que está cada vez mais
forte. Nesse processo, a utilização das redes sociais para e-commerce tornou-se a grande tendência — que, por sinal, não é tão
nova, mas destaco essa consolidação e maturidade acelerada
para 2012.
2. M-COMMERCE (comércio em plataformas mobile)
É uma tendência mais madura. Estamos falando de necessidade
de consumo do cliente. No mundo físico, você ainda tem alguns
processos a serem evoluídos, porém no dispositivo, com apenas
um clique, você efetua uma compra na hora, em questão de poucos segundos. Já utilizamos aplicativos para plataformas Apple e
Androide e, além disso, temos a preocupação de disponibilizar um
site com uma versão especial, totalmente voltada para mobile.
3. PERSONALIZAÇÃO
Não é um assunto tão novo, visto que já trabalhamos e investimos nessa questão há pelo menos 17 anos. É a ideia de ter um site
com conteúdo personalizado, com novas ferramentas que ofereçam informações a seus clientes, e ainda a possibilidade de você
conhecê-lo melhor, o histórico de navegação, compras anteriores realizadas, o que ele mais se interessa…Estamos falando de
aproximação com o nosso público, de uma relação mais direta e
personalizada. Acredito que quanto mais você o conhece, mais
você pode oferecer melhores serviços.
58
| WIDE | 87 > CAPA
A estratégia já é desenvolvida há algum tempo, porém no Brasil
ainda é novidade. Consta a empresa ter a visão de servir outros
negócios, de modo que eles estejam interligados em um grande
hub de negócios, uma espécie de marketing play, em que seja
possível construir recursos combinados para diversos ambientes utilizando passos práticos de marketing.
A ideia de você prestar serviços para que seus clientes entrem
de vez no comércio eletrônico, de forma rápida, barata, precisa
e eficiente, é outra grande tendência. É você agregar em seu portfólio o produto desejado. Hoje, o cliente está mais exigente. Ele
pensa no modelo, pesquisa, encontra e quer comprar naquele
exato momento. O diferencial, então, é saber explicar o produto
em detalhes para o cliente, com todos os seus diferenciais. É virar
um especialista do produto.
6. MULTICANALIDADE
Trata-se de um conceito antigo, porém mundialmente não é bem
executado. É tarefa difícil você pensar que o cliente quer se relacionar com uma marca em qualquer canal. Com isso, dois fatos importantes devem ser levados em consideração: a necessidade de
compra; e como o cliente pensa em você ao desejar praticidade.
“Hoje, o cliente está mais
exigente. Ele pensa no modelo,
pesquisa, encontra e quer
comprar naquele exato
momento. O diferencial, então,
é saber explicar o produto em
detalhes para o cliente, com
todos os seus diferenciais. É virar
um especialista do produto.”
GERMAN QUIROGA
87 > CAPA | WIDE |
59
tecnologia
APLICATIVOS
MÓVEIS
Por Thiago Almeida
PREPARE A SUA AGÊNCIA: PASSO-A-PASSO
PARA SE ESTRUTURAR PARA A DEMANDA
POR SITES E DISPOSITIVOS MOBILE
Com o avanço das tecnologias, as agências digitais brasileiras têm trabalhado dobrado para se manterem atualizadas frente a um mercado altamente
competitivo. A geração Y, os chamados novos integrantes da força de trabalho,
nunca foi tão reconhecida por gestores no que diz respeito ao negócio. Dentre
os requisitos mais visados, estão a motivação, novas ideias e a busca pelo novo
— características muito bem-vindas em um momento de franca expansão no
ambiente corporativo, movido pela tecnologia e a interatividade.
Confira, a seguir, as principais dicas
de grandes players do mercado sobre como se estruturar para a alta
demanda por sites e apps móveis.
A realidade aponta: a demanda por sites e aplicativos móveis
dentro das agências interativas tornou-se uma importante exigência de mercado. Para se ter ideia, as vendas mundiais de dispositivos móveis para usuários finais totalizaram 428,7 milhões
de unidades no segundo trimestre de 2011, um aumento de 16,5%
na comparação anual, de acordo com a Gartner. Já a comercialização de smartphones cresceu 74% no mesmo período e somou
25% das vendas totais do setor no segundo trimestre de 2011.
Michel Lent Schwartzman, VP de Estratégia do Grupo.Mobi,
acredita que as grandes tendências de mercado para sites e
aplicativos móveis a partir de 2012 serão o avanço do HTML5, o
ganho de território do Windows Phone, a migração de aplicações
em código proprietário para código aberto (HTML5), e o fortalecimento de outras plataformas (além da Apple e Android).
Lent garante que o mobile já é o principal ponto de contato
entre as pessoas, marcas e serviços, e que precisa ser usado da
melhor forma possível dentro das diferentes estratégias.
Outro ponto a ser discutido, é que com o avanço da banda
larga móvel, da virtualização das aplicações e dos dispositivos
avançados de comunicação móvel, a exemplo de smartphones
e tablets, a oportunidade de mercado e novos negócios dentro
do universo da mobilidade corporativa ganhou expressividade.
“São novas fronteiras fantásticas. Na realidade, estamos presenciando o aparecimento de uma série de novas telas, como
as das SmartTVs, Chrome apps e outras que ainda nem imaginamos. Estamos perto de um momento em que não será mais relevante separar as telas por dispositivo, e sim como usaremos cada
uma dessas novidades. É acreditando nessa nova realidade que
reposicionamos a Pontomobi no meio deste ano, passando a assinar como Grupo.Mobi e usando o tagline ‘Any screen, anywhere’.
Cada nova plataforma dessa permite um universo fantástico de
aplicações e serviços”, garante.
Jackson Mafra, desenvolvedor da How Mobile, acredita que,
com o rápido desenvolvimento do mercado e o avanço das
novas tecnologias ligadas ao universo mobile, tanto de hardware
como de software, muitos serviços existentes hoje devem ganhar
mais destaque ao longo dos próximos anos.
O desenvolvedor dá importantes dicas para agências que
querem ganhar notoriedade e clientes. Um desses serviços
é o Location Based Services (LBS) - Serviços Baseados em
Localização -, uma forma de geomarketing, espécie de publicidade baseada na localização do consumidor para tornar a propaganda mais útil e eficiente, com descontos e sugestões de pontos
de interesse em locais próximos onde o usuário se encontra.
Outra tendência citada por Mafra é o Money Transfer e o Mobile
Payment, que são diversos modelos de negócios praticados no
mercado atualmente. Mas ele alerta: “o principal fator é que
o público se habitue e torne-os uma prática recorrente, e isso
deve ocorrer com o tempo. Certamente, muitas aplicações e
mobile sites surgirão nesse segmento para auxiliar o usuário
final”, acredita.
Ao citar o Mobile Advertising, o especialista afirma que o
marketing em celulares e smartphones já possui formatos e possibilidades padronizados. No entanto, pouco ainda se comenta
sobre os diferenciais e as potencialidades do celular para o que
acontece depois do clique. “Enquanto - como nas outras mídias o anúncio tem como função interromper e chamar a atenção do
usuário para a mensagem da marca, grande parte do potencial de
retorno desse anúncio está no tipo de engajamento e ação que
oferece ao usuário, ou seja, no formato da interatividade.”
Serviços NFC (Near Field Communication) também estão dentro da lista de exigências para agências que desejam se estruturar
para a demanda por sites e aplicativos móveis. E a boa notícia é
que existem inúmeras formas de usar a NFC. Segundo o desenvolvedor, muitos acreditam que ela deve substituir os códigos
de barras e até mesmo os cartões de crédito. Assim, o consumidor não precisaria mais buscar por máquinas de leitura nas lojas:
basta aproximar o celular para conferir o preço do produto. Ao
final da compra, para efetuar o pagamento, repete-se a mesma
ação em um aparelho instalado no caixa.
No exterior essa tendência já é realidade. No Brasil, com o
visível crescimento do mercado de pagamentos e transações
bancárias por meio de redes móveis, as agências precisarão
investir, caso queiram de fato acompanhar o mercado. Michel
Lent chama a atenção para o que é preciso ter para se investir
na nova tendência.
“Esse é um mercado que pode ser dividido, grosso modo, em
duas grandes partes: meios de pagamento e produtos e serviços que fazem uso dos mecanismos de pagamento. A primeira
parte é uma briga de ‘cachorro grande’ com players como Visa,
Mastercard, Cielo, Redecard, Paypal e outros. A oportunidade
está na outra parte, em pensar em produtos e serviços que
“ESTAMOS PERTO DE UM
MOMENTO EM QUE NÃO SERÁ
MAIS RELEVANTE SEPARAR AS
TELAS POR DISPOSITIVO, E SIM
COMO USAREMOS CADA UMA
DESSAS NOVIDADES.”
MICHEL LENT SCHWARTZMAN
87> TECNOLOGIA | WIDE |
61
TECNOLOGIA
façam bom uso do contexto do comércio com relação à mobilidade”, avalia.
Os irmãos Eduardo e Rodrigo Bozzetto, sócios da How
Mobile, acreditam que criar estratégias de relacionamento
com o consumidor (usuário) é fundamental para alcançar mais
público. Para Eduardo, o movimento que se observa no mercado, impulsionado em grande parte pelas redes sociais, é de
empresas buscarem presença nos diversos canais de conteúdos em que os seus clientes estão inseridos, e neste caso o segmento mobile, que inclui lojas de aplicativos e internet móvel,
passou a ganhar relevância. No entanto, não basta simplesmente marcar presença no canal mobile, o mais importante é
estar posicionado com uma estratégia que vise entregar o conteúdo adequado ao seu consumidor levando em consideração
a sua condição móvel. Ou seja, o principal desafio das marcas
nesse segmento é posicionar-se com um conteúdo relevante e
pensado para o cliente em movimento.
Já Felipe Gazolla, diretor executivo da Ato Interativo, aposta
em games, serviços e eventos como grandes trunfos para 2012.
“No tocante à gameficação, o fortalecimento do conceito, aliado
ao uso de projetos mobile ligados a jogos corporativos, será uma
grande oportunidade de novos negócios. Para isso, os projetos
mobile precisam estar inseridos em uma estratégia maior do
cliente, integrado com ações de marketing de relacionamento e
outras mídias.”
Gazolla visualiza uma efetiva demanda para aplicativos que
oferecem serviços aos seus usuários. A partir dessa estratégia,
consegue-se manter o cliente em contato com a marca por mais
tempo, substituindo aplicações apenas expositoras de produtos.
Outra previsão - e que pretende mexer de forma expressiva na economia -, são os grandes eventos que acontecerão
no Brasil nos próximos seis anos. Segundo ele, todo o mercado
digital, sobretudo o mobile, será beneficiado. “O grande desafio dos desenvolvedores será identificar as oportunidades de
cada iniciativa.”
FALTAM PROFISSIONAIS QUALIFICADOS,
GARANTEM ESPECIALISTAS
Com o mercado em expansão por aplicativos para rodar em
iPhone, Android e outros sistemas operacionais, as empresas
estão enfrentando escassez de talentos voltados ao desenvolvimento de aplicações móveis. Michel Lent assegura que, com
a chegada de novas plataformas, há pouca mão de obra disponível já formada.
“Assim como no passado, o caminho que precisamos seguir é
o de oferecer formação para aqueles profissionais que já trazem
uma boa bagagem, mas não têm o conhecimento específico. É a
história da Oferta x Demanda. Há muito mais vagas do que gente
disponível. Semelhantemente ao que aconteceu com a demanda
por profissionais de web no final dos anos 1990 e início dos anos
2000. Mas, acredito que a tendência é o mercado encontrar equilíbrio dentro de algum tempo”, prevê.
62
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
“COMO O MERCADO ESTÁ
MAIS DINÂMICO E A CADA DIA
SURGEM NOVAS FERRAMENTAS
E FUNCIONALIDADES LIGADAS
AO DESENVOLVIMENTO DE
APPS E SITES MÓVEIS, UMA
CARACTERÍSTICA ESSENCIAL PARA
ESSE PROFISSIONAL É QUE ELE SEJA
CAPAZ DE SE ATUALIZAR E TENHA
MUITA INICIATIVA PARA SE MANTER
INFORMADO COM RELAÇÕES ÀS
NOVIDADES E POSSIBILIDADES
QUE OS SISTEMAS OPERACIONAIS
PERMITEM, POIS ESTES ESTÃO EM
CONSTANTE APERFEIÇOAMENTO.”
RODRIGO BOZZETTO
Rodrigo Bozzetto avalia que as empresas que buscam se capacitar para oferecer aplicações multi-plataformas devem procurar
profissionais que dominem as diversas linguagens de diferentes
sistemas operacionais. Em muitos casos, as agências e as organizações deverão dispor de profissionais especializados em cada
sistema e linguagem.
“Como o mercado está mais dinâmico e a cada dia surgem
novas ferramentas e funcionalidades ligadas ao desenvolvimento de APPs e sites móveis, uma característica essencial para
esse profissional é que ele seja capaz de se atualizar e tenha muita
iniciativa para se manter informado com relações às novidades e
possibilidades que os sistemas operacionais permitem, pois estes
estão em constante aperfeiçoamento.”
Um dos principais problemas, na avaliação de Felipe Gazolla,
é que poucos profissionais deram o passo inicial para o mobile.
“Procuramos identificar dentro da nossa equipe futuros talentos.
Isso nos traz dois grandes benefícios: o primeiro é que já conhecemos esse profissional e integra a equipe mobile com um pensamento em evolução, uma vez que ele vem de outras áreas do
desenvolvimento web. O segundo é o próprio investimento no
crescimento do time, essencial para motivar nossa equipe”, revela.
AGLUTINAÇÃO DAS AGÊNCIAS: OUTRA TENDÊNCIA?
Diante da dificuldade de crescer organicamente, ou seja, por
meio de contratações, as empresas que desenvolvem aplicativos móveis estão adquirindo umas às outras (ou promovendo fusões) para incrementar sua capacidade de produção.
São os casos da Aorta, que em novembro de 2010 comprou a
Mobimarket. Quatro meses depois, adquiriu a Meritia.
Houve também fusão entre a Mobmídia,- empresa do Grupo.
Mobi - e a FingerTips.
Em abril, foi a vez da agência de mobile marketing Mobint se
juntar com a desenvolvedora i2 para criar a Mob.i2. Será esse o
cenário para 2012?
Para Eduardo Bozzetto, fusão é um movimento comum em
diferentes segmentos, e esse processo, no mercado de mobile brasileiro, faz parte do amadurecimento e da consolidação do setor.
Michel Lent também acredita se tratar de um movimento
natural de consolidação. “Todo novo mercado passa por esse
tipo de dinâmica. Começa com muitos pequenos desenvolvedores e vai se consolidando por meio de fusões e aquisições à
medida que o mercado evolui”, exemplificou.
Já Gazolla visualiza essas diversas mudanças como
87> TECNOLOGIA | WIDE |
63
TECNOLOGIA
“PARA RESOLVER O GARGALO
DAS REDES MÓVEIS A EQUAÇÃO
ESTÁ EM EQUILIBRAR OFERTA
COMERCIAL E INVESTIMENTO
EM REDE POR PARTE DAS
OPERADORAS”
EDUARDO BOZZETTO
e uma forte massificação deste tipo de serviço, por outro lado as
operadoras devem fazer os investimentos necessários em rede
para não ocorrer gargalos de tráfego. Quanto à rede 4G, o principal desafio será por parte das teles de investir nessa tecnologia,
mas a equação oferta versus investimento em rede continuará
ser o fator decisivo para não ocorrer gargalos”.
Na opinião de Felipe Gazolla, uma série de fatores contribuirá
para o crescimento do setor no Brasil. O empresário aposta desde
o 4G, prometido para operar antes da Copa, até a popularização
de smartphones. “Hoje, já é possível adquirir um smartphone por
R$ 400,00. Com o aquecimento da nossa economia, maior será o
mercado a ser atingido por ações mobile.”
MERCADO CARECE DE ESTRATÉGIA DIGITAL
amadurecimento de mercado. “Em qualquer segmento da
economia isso se torna uma tendência. Sempre que surge um
novo nicho, aparecem diversas iniciativas desbravando esse
ambiente ainda incerto. À proporção que o mercado começa
a crescer, é natural que ocorram fusões com o objetivo de formar organizações mais fortes no segmento. Foi assim no mercado de propaganda, que, inclusive, continua protagonizando
aquisições e fusões a todo o momento.”
MOBILE E NOVAS TECNOLOGIAS
As novidades tecnológicas são inúmeras. Recentemente, a presidenta Dilma Rousseff garantiu que a quarta geração de celulares será implantada no Brasil antes da Copa do Mundo de 2014,
o que possibilitará velocidade maior no acesso à internet por
meio de aparelhos móveis. Seria o 4G uma saída para evitar o
gargalo das redes móveis?
“Já estamos enfrentando um intenso gargalo nas congestionadas redes 3G, e esse problema só vai piorar ao longo do próximo
ano, tendo em vista que milhões de novos smartphones e planos
de dados invadirão o mercado. O 4G, mais do que uma saída, será
indispensável para que as operadoras não percam receitas de
dados. Em grandes centros urbanos elas enfrentarão concorrentes de peso oferecendo wi-fi pelas cidades. A Net, por exemplo, já
começou um piloto importante em São Paulo, onde várias ruas
já contam com o sinal de wi-fi deles e é possível estar conectado
em movimento usando sua rede. Ou seja, se eu uso a rede da Net
eu não uso os dados da minha operadora de celular, isso pode ser
um problema para ser resolvido em médio prazo” prevê Lent.
Eduardo Bozzetto acredita que para resolver o gargalo das
redes móveis a equação está em equilibrar oferta comercial
e investimento em rede por parte das operadoras. “O que se
observa no mercado são ofertas agressivas para planos de dados
64
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
Ainda não são muitas as agências no Brasil que incorporaram o
pensamento digital em suas estratégias de marketing e comunicação. Em um mercado repleto de novas demandas por sites e
apps móveis, Felipe Gazolla afirma que o erro em qualquer estratégia digital é pensar apenas na plataforma, e não na estratégia da
ação, e alerta que isso é válido para qualquer segmento. “O que
quero dizer é que para se ter resultado e atingir em cheio o consumidor, é preciso integrar plataformas, alcançando o cliente com
a mesma linguagem e conceito no ambiente em que ele estiver.
Isso, em minha opinião, é essencial.”
Hoje, as agências sabem que não basta falar do que fazem os
clientes e de como é importante criar formatos de conteúdo que
despertem interesse e tenham relevância para conquistar fidelidade do público-alvo. Mais do que isso, é necessário criar intimidade com o público. É inadmissível, por exemplo, estar nas redes
sociais sem saber o que se faz ali.
“As empresas precisam olhar os novos dispositivos não como
tecnologia, mas como pontos de contato de uma estratégia de
serviço e comunicação. O grande desafio continua sendo olhar
novas plataformas como desdobramento técnico, e não como
estratégico”, completa Gazolla.
Para Jackson Mafra, a experiência de mobile é muito diferente da vivência com a web, mas muitas agências ainda projetam mobile sites e apps pensando como web. Segundo ele, falta
investimento no estudo de acessibilidade e da melhor experiência do usuário.
“Diversas agências pagam cursos baratos ou forçam seus
desenvolvedores a aprender mobile e ofertam serviços de
desenvolvimento de apps e mobile site para aumentar a receita,
mas esquecem que esse desenvolvedor muitas vezes nunca utilizou um smartphone, e o que acontece são vários desenvolvedores web ‘caindo’ de paraquedas no desenvolvimento mobile”.
87> TECNOLOGIA
TEC
TE
CNOL
NO OGIA | W
WIDE
IDE |
65
TECNOLOGIA
“AS EMPRESAS PRECISAM OLHAR OS NOVOS
DISPOSITIVOS NÃO COMO TECNOLOGIA,
MAS COMO PONTOS DE CONTATO DE UMA
ESTRATÉGIA DE SERVIÇO E COMUNICAÇÃO.
O GRANDE DESAFIO CONTINUA SENDO
OLHAR NOVAS PLATAFORMAS COMO
DESDOBRAMENTO TÉCNICO E NÃO COMO
ESTRATÉGICO”
FELIPE GAZOLLA
O PERFIL PROFISSIONAL DEVE SER DIFERENCIADO
Outra árdua tarefa é formar profissionais preparados para as
linguagens técnicas das plataformas móveis, mas ao mesmo
tempo colaboradores que pensam, que criam e que dominam o
entendimento. “Precisamos encarar as plataformas móveis como
plataformas interativas. Nesse sentido, são diferentes na implementação e específicas em sua dinâmica, mas são plataformas
interativas que seguem a mesma dinâmica de outras telas. Pode
ocorrer uma separação entre pensamento e implementação.
Não há necessidade de que um único profissional abrace tudo. O
caminho é investir em profissionais experientes em pensamento
e formar profissionais técnicos aptos a desenvolver nas novas
plataformas”, sugere Michel Lent.
A How Mobile acredita ser possível formar profissionais com
esse perfil diferenciado. É o caso do jovem Luciano Romero, de
18 anos, programador da empresa, que está se desenvolvendo na
área de criação de games para as plataformas iOS e Android.
“A programação mobile está em crescimento exponencial, e
existe compartilhamento de ideias e suporte online em comunidades virtuais. O fato do visível e expressivo crescimento da
comunidade implica que o suporte de todos desenvolvedores esteja aumentando à mesma medida. Mesmo que no ramo
mobile surjam novidades constantemente, não é difícil achar
suporte em fóruns sobre as linguagens de plataformas móveis. O
principal é ser criativo, mas isso depende mais do perfil de cada
um”, afirma o jovem.
Na Ato Interativo, Felipe Gazolla também já desenvolve esse
mix profissional.“Acredito que a melhor estratégia é realmente
montar uma equipe plural, envolvendo novos profissionais,
que sempre agravam visões ousadas e pensam fora da caixa,
com uma equipe experiente, formada dentro da agência e que
já conhece as estratégias que podem ser adotadas”, garante.
66
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
87> TECNOLOGIA | WIDE |
67
Pierre
no Rio de Janeiro:
O MESTRE DA CIBERCULTURA, INTERNET
E O FUTURO DAS MÍDIAS DIGITAIS
Por Thiago Almeida
68
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
Lévy
A Wide acompanhou de perto a vinda do
filósofo francês Pierre Lévy — um dos profetas
da cibercultura —, ao Rio de Janeiro. Com
uma plateia tomada por professores, artistas,
profissionais de comunicação, música, cultura,
literatura e tecnologia, o professor Pierre Lévy,
da Universidade de Ottawa, no Canadá, falou
sobre sua teoria de cérebro coletivo, em
que, segundo ele, um dia todos poderão dar
significados e inserir emoções à fria lógica
dos números que compõem os sistemas
operacionais. Além disso, o teórico falou sobre
hipertexto, mídias digitais e tecnologia futura
em uma palestra de altíssimo nível filosófico,
que você confere a partir de agora.
felicidade por estar na cidade mais bonita do mundo. No primeiro
momento, ao apresentar sua teoria e tentar inseri-la no contexto
atual, Pierre confessou que muitas pessoas o questionam sobre o
que é o cérebro global e o que acontecerá com ele no futuro. Para
Pierre, esse cérebro já existe: a internet, bem como todas as pessoas conectadas em todo o mundo. Para justificar a afirmação,
o pensador comparou os computadores e os hiperlinks com os
neurônios e as sinapses desse cérebro global. O que precisamos
computadorizar, segundo ele, são os significados e os contextos –
e, assim, criar a inteligência coletiva.
“Mas como dar a esse cérebro global consciência e reflexão? Ora, a inteligência coletiva que defendo prioriza o entendimento das conexões, ou seja, aprender é ensinar e ensinar é
aprender”, defendeu.
Com essa afirmação, sentimentos como emoção e afeto
foram citados, uma vez que não existe ideia humana sem um
tipo de aliança que contenha conceito, afeto e percepção. “O
que podemos fazer é automatizar a capacidade do caráter singular do ser humano de manipular, por exemplo. Mas, ainda
insisto, se pensarmos na internet como cérebro global, como
alcançar essa consciência reflexiva? Vale como reflexão a informação de que somos dotados de inteligência pessoal, mas não
no nível das máquinas. Possuímos inteligência coletiva, porém
não temos imagem dela.”
Foi uma noite de excelência, com convidados ilustres e marcada pela troca de conhecimento. Assim pode-se descrever,
ainda que timidamente, o evento realizado no Oi Futuro, localizado no tradicional bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, que
recebeu Pierre Lévy e Gilberto Gil para darem uma verdadeira
aula sobre cibercultura.
Certamente, o clímax do evento aconteceu muito antes dele
começar. Um ambiente de megaevento, com os donos das primeiras fichas chegando oito horas antes da distribuição das
senhas e esperas que dobravam quarteirões em filas intermináveis. Um estudante que passava no momento comentou que
parecia muito mais a entrada do Rock in Rio, a venda de ingressos
para uma final de Libertadores ou, talvez, mais um show do Paul
no Rio. Não era nada disso, era a vinda de um teórico da comunicação ao Brasil.
Descontraído e brincalhão, Pierre Lévy, em sua primeira fala,
informou que não estava acostumado com os inúmeros flashes que fotógrafos disparavam em sua direção e revelou sua
A evolução do que era simbólico e hoje é digital
A cultura simbólica, ao contrário do que muitos podem pensar
diante dos avanços tecnológicos, também evoluiu muito com o
passar dos anos. O filósofo explicou que a linguagem que ouvimos ou tocamos na música, que usamos nas leis, na leitura e na
dança são exemplos evidentes de que, em um futuro universal
e infinito, os seres humanos terão capacidade de manipular tais
símbolos — o que os antigos filósofos chamam de ‘intelecto’ e a
academia chama de ‘racional’.
Já o meio digital, segundo Pierre Lévy, é técnico, material e
simbólico. A tecnicidade pode ser explicada por transformar
questões tridimensionais, a exemplo do telefone, com o qual
encurtamos espaço e tempo com uma ligação. Ao citar os avanços da área tecnológica, o professor lembrou que evolução é o
crescimento do computador e a habilidade de registro de comunicação. “O meio digital é técnico porque transforma as relações
em espaços 3D, e simbólico porque muda a memória humana. O
computador nos faz manipular símbolos, logicamente porque
87> TECNOLOGIA | WIDE |
69
“A mídia tem evoluído tão
rapidamente, que talvez
esteja aí a dificuldade de
entender a quem tanto
amamos, como nossos
pais, nossos filhos.”
Pierre Lévy
damos tais comandos. Estamos vivendo apenas o início deste
crescimento”. E ele vai além: “no futuro, os sentimentos poderão
ser representados por dígitos”, garante.
Pierre Lévy acredita que cerca de 30% a 35% das pessoas no
mundo estão diariamente conectadas na web. Com o crescimento da banda larga, computadores cada vez mais potencializam o armazenamento e o registro do que eles consideram
serem símbolos. Essa capacidade de registro de dados e a habilidade de comunicação são os grandes impulsionadores para
a internet possuir a força que tem nos canais de comunicação.
Nesse momento, Pierre fez outra reflexão: “A mídia tem evoluído
tão rapidamente, que talvez esteja aí a dificuldade de entender a
quem tanto amamos, como nossos pais, nossos filhos etc.”
Frente a esse contexto, o pensador alertou a todos sobre o
grande desafio atual: “Como podemos usar essas diversas ferramentas para o fortalecimento e a construção desse conhecimento? Como usar o ciberespaço? Se não entendemos como
funciona, asseguro que não seremos capazes de aumentar essa
questão de transmissão e sentido”, afirma.
Como usar o ciberespaço para aumentar a
capacidade cultural?
O pesquisador acredita que a história do ciberespaço pode ser
representada por criação progressiva de camadas de endereços, em que a primeira camada são os bits 0 e 1 que estão em
nossos computadores. A segunda camada é o chamado sistema
de endereçamento de computadores, já a terceira camada é o
endereçamento de dados. Mas, como tarefa árdua, precisamos
de outra camada de endereçamento, que segundo Pierre Lévy
será a de conceitos. Como fazer isso? Ele dá dica: “precisamos
inventar um sistema simbólico de propósito para essa computação de conceitos”.
Ao se discutir sobre ciberespaço e cibercultura, estudantes e
70
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
professores demonstraram inquietações no que se refere à educação no futuro. Pierre disse que a cibercultura é um link entre o
hipertexto e as telas. O meio é a mensagem. As conexões e os fluxos
fazem a mensagem. “No futuro, gatos, carros e outros objetos terão
endereço na web. No ciberespaço, somos pequenas formigas, nos
comunicando, e o resultado é a inteligência coletiva que já existe.”
Ao final, Gilberto Gil resumiu a palestra de Pierre Lévy citando
um trecho da canção Futurível: “...nós não queremos o futuro
possível, queremos o futuro impossível”. A intrincada teoria do
filósofo francês ganhou contornos poéticos nas palavras do ex-ministro baiano, para quem seria interessante a ideia de uma
inteligência coletiva que falasse “por meio de todos nós”, mas que
nunca tentasse dizer o que devemos fazer.
Pierre quis dar exemplos mais concretos. Ao comparar a
humanidade às formigas, disse que essa nova “camada” da web
que propõe nos daria asas e, uma vez transformados em águias,
poderíamos enxergar os processos — ou os caminhos traçados
no formigueiro — como um todo, e não apenas uma parte. Gil
aprovou e se empolgou: “As formigas criarão asas e poderão percorrer e enxergar o espaço, já que nada “é impossível” quando se
trata da curiosidade humana.”
Para o consultor estratégico para implantação de empresas
2.0, Carlos Nepomuceno (@cnepomuceno), o forte de Lévy é a sua
rara capacidade associativa/sintética de criar um cenário baseado na história humana, mais factível das mudanças que estamos passando com a chegada da rede digital (internet), e escrever isso, como sugere Einstein, de tal forma que qualquer vovó
entenda. “A grande bandeira de Lévy é muito ousada e, portanto,
tão difícil de ser digerida pela sociedade e, principalmente, pelo
dito mercado. Ele nos propõe a repensar completamente o papel
do conhecimento/informação/comunicação na sociedade, pois
víamos esses fatores como algo secundário influenciado pela
política e pela economia, por exemplo.”
Após ouvir atentamente a palestra de Lévy, o consultor disse
que o francês apresenta um atalho mais eficaz para compreender o mundo, “mas a sociedade não quer ver, ignora, pois estamos, como sempre estaremos, no piloto automático, avessos às
novas ideias radicais, como sofreram os pensadores associativos/sintéticos do passado, como Marx, Freud, Darwin e Einstein,
entre outros”.
Já Bruno Brum (@brunohbrum), da Agência Heads, acredita
que a vinda do teórico da comunicação ao Brasil representou
uma mudança drástica de comportamento nos jovens brasileiros. “Foi visível o total interesse de todos em saber mais sobre
essa tal cibercultura, o hiperlink, o hipertexto e tudo que circunda esse mundo. Sim, Pierre Lévy parou o tradicional bairro
carioca do Flamengo. As próximas gerações da comunicação
no Brasil prometem.”
TECNOLOGIA
FUTURÍVEL
(Gilberto Gil)
Você foi chamado, vai ser transmutado em energia
Seu segundo estágio de humanóide hoje se inicia
Fique calmo, vamos começar a transmissão
Meu sistema vai mudar
Sua dimensão
Seu corpo vai se transformar
Num raio, vai se transportar
No espaço, vai se recompor
Muitos anos-luz além
Além daqui
A nova coesão
Lhe dará de novo um coração mortal
Pode ser que o novo movimento lhe pareça estranho
Seus olhos talvez sejam de cobre, seus braços de estanho
Não se preocupe, meu sistema manterá
A consciência do ser
Você pensará
Seu corpo será mais brilhante
A mente, mais inteligente
Tudo em superdimensão
O mutante é mais feliz
Feliz porque
Na nova mutação
A felicidade é feita de metal
87> TECNOLOGIA | WIDE |
71
SELEÇÃO
NATURAL
QUANDO DESENVOLVER PARA WEB E
QUANDO UTILIZAR NOVOS PADRÕES
ADAPTÁVEIS AOS DIVERSOS DISPOSITIVOS?
A web e os navegadores evoluíram muito nos últimos anos.
A web, enquanto plataforma de software, evoluiu nos padrões
HTML5, CCS3 e JavaScript. Os navegadores, paralelamente,
também evoluíram na performance e no suporte a essas
novas tecnologias.
Tal evolução abre portas para novas estratégias que são
economicamente melhores, a exemplo da divisão de uma
criação para site, por exemplo, e para iPhone, onde hoje é
possível transitar mais entre as duas extremidades.
72
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
Dentro desse cenário de oportunidades, quando vale a pena desenvolver
produtos específicos em várias plataformas distintas (por exemplo iPhone,
Android, BlackBerry, iPad) e quando se torna mais interessante se utilizar
desses novos padrões para que o mesmo produto se adapte aos diversos
dispositivos que nos conectam com a internet?
Cayo Medeiros
(@yogodoshi)
Desenvolvedor front-end com foco em UX,
formado em Design Gráfico Digital. Fundador
do Estou Jogando
XXXFTUPVKPHBOEPDPNCS
.
XXXZPHPEPTIJDPN
O ideal mesmo é que o projeto seja sempre planejado para obter o
maior proveito possível dos aparelhos nos quais será visualizado,
porém sabemos que muitas vezes não temos como planejar e
desenvolver um site com uma versão para ser vista no desktop,
outra em smartphone, outra em tablet etc.
Por isso, atualmente desenvolvo meus projetos tendo sempre
em mente um conceito chamado de Responsive Web Design.
Esse conceito sugere que o design e a programação devem responder ao comportamento do usuário e ao ambiente no qual o
site está sendo utilizado, baseado no tamanho da tela, na plataforma e na orientação.
Essa prática consiste basicamente na utilização de três técnicas:
q(SJETFMBZPVUTèFYÍWFJTPVèVJEPT
q*NBHFOTèFYÍWFJT
q.FEJB2VFSZ
Juntas, elas permitem que o site identifique as características do
aparelho que o usuário está utilizando e responda automaticamente às suas preferências para oferecer uma experiência customizada “na medida” para ele. A ideia é fazer que, quando o usuário
mude do computador para o iPad, o site seja adequado automaticamente no tamanho das imagens, no texto e na disposição do
conteúdo para esse novo aparelho.
Parece incrível, não? E realmente é! Porém, já sabemos que não
existe “a solução perfeita” que resolve todos os nossos problemas.
O responsive design também tem seus contrapontos. A começar
pelo suporte, que é ótimo em grande parte dos navegadores, mas
para funcionar no IE é necessário usar o JavaScript. O plugin pode
ser encontrado em IUUQNJOJNJO2Y ou IUUQNJOJNJO2Z.
“O design e a programação
devem responder ao
comportamento do
usuário e ao ambiente
no qual o site está sendo
utilizado, baseado
no tamanho da tela,
na plataforma e na
orientação.”
Outra desvantagem é que, quando utilizamos o responsive
design para adaptar o nosso site a diferentes aparelhos, acabamos deixando o nosso código maior (o que aumenta a dificuldade na manutenção) e mais pesado (tanto em kb quanto em
processamento).
Contudo, como mencionei no início, nem sempre podemos
nos dar ao luxo de desenvolver uma versão do site para cada
tipo de aparelho e são nesses momentos que devemos fazer
uso do responsive design e entregar uma experiência melhor
para o nosso usuário.
Esse é um conceito muito interessante e utiliza técnicas poderosas, por isso acredito que vale muito a pena se aprofundar nele.
Seguem alguns artigos nos quais você pode ler mais sobre o assunto:
IUUQNJOJNJO2U (em português), IUUQNJOJNJO2V (em inglês), IUUQ
NJOJNJO2W (em inglês) e IUUQNJOJNJO2X(em inglês).
Para terminar, recomendo uma visita à URL IUUQNFEJBRVFSJ
FT, uma galeria de sites desenvolvidos seguindo as práticas do
responsive design.
87> TECNOLOGIA | WIDE |
73
Thiago Holanda
(@tholanda)
Desenvolvedor server side, atualmente
dedicado ao desenvolvimento de aplicativos
mobile pela Concrete Solutions
XXXDPODSFUFTPMVUJPOTDPNCS
Hoje em dia, as pessoas estão olhando com outros olhos para o
mundo móvel e enxergando ótimas oportunidades para aumentar
o faturamento. No entanto, o problema sempre é o da plataforma na
qual se deseja trabalhar: Windows Phone? Android? BlackBerry? iOS ?
Uma pergunta muito comum para quem quer marcar presença
no mundo móvel é: O que é melhor? Uma aplicação nativa ou web
mobile? A resposta poderia ser, com toda tranquilidade, a segunda
opção, por precisar de tecnologias que sempre estiveram ao seu
alcance, tais como: HTML, CSS, JavaScript e pronto, mas a aplicação
nativa também seria uma boa opção.
Logicamente, depende de quais recursos você queira usar do dispositivo. Se você quiser criar um jogo que use recursos gráficos, como o
Infinity Blade, manter o código fechado, vender novas features internas da app ou o aplicativo em alguma store, essa é uma boa escolha.
Tenho que confessar que existem prós e contras dos dois lados; cabe
a você pesquisar sobre o que pode ser melhor e pior em cada uma das
opções. Fatalmente, a aplicação nativa demorará mais a ficar pronta,
porém pode trazer outros resultados, já que está ali, rodando no coração do dispositivo, enquanto a web mobile, que é mais rápida, pode
expor o seu código ou não fornecer todos os recursos.
Com web mobile você desenvolve e na mesma hora já está na
web, basta condicionar o user-agent do servidor para identificar
qual dispositivo está acessando o sistema e responder ao conteúdo personalizado.
Com a aplicação nativa, você terá os custos do desenvolvimento
de uma aplicação para determinada plataforma, levando em consideração a comunicação com o seu servidor (no caso da Apple), o
custo com a conta de desenvolvedor e o tempo de espera de aprovação, não só da conta, mas também do aplicativo. Uma vez a conta
aprovada, só precisa desenvolver, enviar para aprovação da Apple e
começar a vendê-lo.
Hoje em dia, é preciso analisar muito bem as características de cada
tipo de aplicação. Cada um deve buscar o melhor custo/benefício de
cada plataforma com a qual deseja trabalhar e, só depois de muito
bem definidas todas essas questões, “meter a mão na massa”. Tempo
é dinheiro e ninguém quer perdê-lo, certo?
74
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
“Hoje em dia, é preciso
analisar muito bem as
características de cada
tipo de aplicação.”
TECNOLOGIA
Gustavo Guanabara
(@guanabara)
Professor universitário, palestrante e
consultor de tecnologia
IUUQXXXHVBOBCBSBJOGP
Acredito que tudo tenha seu lado positivo e negativo. Ora, desenvolver para iPhone e Android, por exemplo, é bom porque você
consegue embutir mais interatividade, usar mais recursos para um
determinado aparelho. No caso de uma empresa querer lançar um
produto, uma roupa, ao criar um site que funcione em todos os aparelhos, prontamente visualizamos a diferença: em HTLM, você pode
mostrar a roupa sob diversos ângulos, cores etc.
Entretanto, ao desenvolver para Android você permite que seu
amigo use a vestimenta, tire foto e coloque para divulgação. E ainda
contamos com a colaboração de novas ferramentas, a exemplo de
GPS, vídeo e fotos.
No desenvolvimento em HTML, o usuário até pode criar o site, mas
certamente não terá o imediatismo que se espera, poderá ter dificuldade de navegação, dentre outras questões. É fato que criar aplicativos interativos e integrados com o aparelho é um grande desafio.
Mas, tenho que confessar que a ideia da solução específica
depende muito de um mercado que ainda é embrionário no Brasil
— a prova é a baixa quantidade de empresas que desenvolvem
para IOS, por exemplo.
Outra questão importante é que se fala muito em iPhone, Android e
BlackBerry, mas esquecemos do Symbian. Na verdade, a solução é:
ou uma empresa desenvolve para tudo ou são feitos diversos contratos para várias empresas, que consequentemente desenvolveriam cada uma de um jeito diferente.
Mas, normalmente, o que temos visto são empresas desenvolverem para Android e iPhone e criarem um site que rode em qualquer dispositivo.
“A ideia da solução
específica depende muito
de um mercado que ainda
é embrionário no Brasil”
87> TECNOLOGIA | WIDE |
75
jQuery
Mobile
UMA BASE DE CÓDIGO, TODAS AS PLATAFORMAS…
Ninguém pode duvidar de que 2011 foi o ano do “boom” do mobile. A partir daí, surgiram diversas tecnologias empolgantes e
criativas para aplicações e sites naquelas minúsculas telinhas. O
jQueryMobile é um exemplo do que estamos falando. Trata-se de
um framework compatível com os principais dispositivos móveis
e navegadores modernos, utilizando ágeis técnicas de design e
tecnologias que permitem que a mesma base de código se adeque a tamanho de telas, desde smartphones a desktops.
Walker de Alencar, arquiteto de sistemas PHP, Zend Certified Engineer, e Juliana Ribeiro, consultora em gestão de projetos, são
especialistas no assunto e desenvolvem um projeto de cunho
social com jQuery Mobile. A ideia é descobrir perfis em regiões
com maior índice de desemprego e proporcionar visibilidade
para o mercado de trabalho.
A funcionalidade do projeto se deve justamente ao fato de seu
desenvolvimento ser para mobile, fato que possibilitará a profissionais de RH selecionarem perfis de qualquer ambiente, seja do
computador, smartphone ou tablet. Confira a seguir.
76
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
ESTUDO DE CASO
Site
Mobile
Projeto em jQueryMobile
WIDE Explique o que é biblioteca jQuery e qual a finalidade do framework jQueryMobile?
WALKER DE ALENCAR O jQuery é um framework (biblioteca de
funções) para JavaScript, baseado na filosofia: “escreva menos,
faça mais”, que permite manipulação de elementos HTML, seletores CSS, efeitos e animações, facilitando o desenvolvimento em
JavaScript, sendo considerado um dos frameworks mais conhecidos para desenvolvimento de aplicações web e sites interativos.
O jQueryMobile é um framework de interface de usuário
otimizado para smartphones e tablets, baseado no jQuery, que
contempla vários componentes/elementos, o que facilita o
desenvolvimento de Web Apps (aplicativos web), tendo maior
compatibilidade com os dispositivos mais populares.
WIDE Quais são as vantagens e as desvantagens do framework
jQueryMobile no desenvolvimento web?
WALKER DE ALENCAR No desenvolvimento de sites, a parte de
formulários pode ser bem aproveitada, mas por ter um padrão
de interface predefinido pode interferir na identidade visual
pretendida.
Sendo o desenvolvimento voltado para Web Apps, há inúmeras vantagens, dentre elas a interface simples e amigável usando
basicamente HTML5. A principal vantagem é que o usuário pode
usar usar o desktop, tablet ou smartphone ampliando suas possibilidades de acesso ao sistema independentemente do dispositivo que esteja utilizando, ou seja, uma base de código, todas as
plataformas.
No momento, o que pode ser considerado desvantagem seria
o fato de que ainda não foram disponibilizadas versões finais,
podendo ocorrer conflitos com versões anteriores. Com as fases
Alpha Test e Beta Test concluídas, atualmente o projeto está na
fase de RC (Release Candidate), tenho desenvolvido desde a v1.0
Alpha 2 e tive pequenos impactos de compatibilidade relacionados a regras de definição de Themes, que foram rapidamente
identificados e resolvidos.
WIDE E para smartphones e tablets?
WALKER DE ALENCAR É onde se tem as maiores vantagens, pois,
além da interface, o jQueryMobile permite detecção de orientação e manipulações de eventos que só existem em dispositivos
Touch. São eles: Tap (toque), TapHold (toque e segure), Swipe
(toque e arraste/deslize).
Quando o assunto é formulários, ele oferece várias opções
interessantes, principalmente na questão de listas, já que trabalhar com tabelas fica praticamente inviável em smartphones. Há
também a opção de se trabalhar com CSS Grid nativo e ícones de
botões predefinidos.
Durante o desenvolvimento dos projetos, tive problemas
com relação à exibição de mensagens, que foram resolvidos utilizando o plugin jQuery Message IUUQCBTTJTUBODFEF
com algumas adequações.
WIDE Aplicar as funcionalidades do framework jQueryMobile em um
site já pronto nem sempre é possível. A solução para esse caso seria
reescrever todo o sítio com o uso do framework?
WALKER DE ALENCAR Se estiver utilizando um CMS, como
Joomla, Wordpress, WolfCMS etc., é possível criar um theme/
template para utilizá-lo. Talvez o melhor aproveitamento seriam
87> TECNOLOGIA | WIDE |
77
TECNOLOGIA
em blogs, nos quais o foco do usuário é a informação, porém, se
não estiver usando um CMS de mercado, o mais provável será a
reescrita de grande parte do sítio e, dependendo do nível de não
conformidade com os padrões de HTML5 estabelecidos pela
W3C, pode ser necessária a reescrita de todo o sítio.
WIDE A comunidade de desenvolvedores participa da biblioteca
jQuery com a criação de plugins. Você considera viável o uso de plugins para o framework jQueryMobile?
WALKER DE ALENCAR É perfeitamente viável o uso dos plugins
da própria jQuery com o jQueryMobile, sendo necessário cuidar
de alguns pontos, como:
q5BNBOIPTEFGPOUFT
q1BESÖFTEFDPSFT
q6TPDPSSFUPEBTUBHT
q7FSJçDBÈÖFTEFQPTTÍWFJTJODPNQBUJCJMJEBEFT
Como citei anteriormente, utilizei um plugin do jQuery para cuidar da parte de mensagens de interação com o usuário, personalizei ícones para determinadas situações e alguns posicionamentos com CSS.
WIDE Ao falar de jQueryMobile e suas especificidades, o que pode
ser destacado?
WALKER DE ALENCAR
Funcionalidades:
Design flexível e customizável
Detecção de orientação do dispositivo
Cross-platform e cross-device
Redimensionamentos para Tablets
Componentes:
Páginas e diálogos
Toolbars (barras de ferramentas)
Botões
Formatação de conteúdo
Listas de visualizações
Elementos de formulário otimizados para Touch
PLATAFORMAS SUPORTADAS:
78
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
Layout/theme
WIDE Está em fase de desenvolvimento um projeto de cunho social
e voltado para Mobile. Fale sobre esse projeto.
WALKER DE ALENCAR O projeto busca perfis em regiões onde há
maior índice de desemprego e dá visibilidade a perfis profissionais com disponibilidade imediata para o mercado de trabalho.
Em outra vertente, busca parceria com empresas de RH e membros dessas comunidades para estreitar o contato e reduzir o
tempo de contratação desses profissionais.
O projeto está sendo desenvolvido para permitir que profissionais de RH consigam verificar perfis onde quer que estejam,
seja do computador, celular ou tablet.
Vamos pessoalmente às comunidades conhecidas pelo alto
índice de desemprego, onde buscamos pessoas que possam ser
nosso contato direto com os moradores das mediações. Após
estabelecer esse contato, coletamos os dados necessários para
publicar os perfis.
De posse dos dados, postamos as informações no sistema,
onde qualquer pessoa tem acesso às informações básicas dos
perfis, porém, por questões de privacidade, somente aquelas
cadastradas e devidamente autenticadas podem acessar os
dados de contatos.
As empresas cadastradas, parceiros e pessoas que cadastrarem seu e-mail para a newsletter, receberão as notícias e os perfis
disponíveis em uma periodicidade ainda a ser definida.
Para encontrar um perfil basta acessar a tela inicial do sistema e
utilizar o filtro que facilita a localização por profissão, onde também é exibida a quantidade de perfis disponíveis.
86> TECNOLOGIA | WIDE |
79
HTML5 Mauricio “Maujor” Samy Silva
MÓDULO BASIC USER INTERFACE DAS CSS3
INTRODUÇÃO
O Módulo Basic User Interface das CSS3 encontra-se na fase de Candidato a Recomendação,
que é a terceira entre as cinco fases, até atingir o
estágio final de Recomendação do W3C.
De acordo com a página “Trabalhos atuais das CSS” publicada pelo
W3C em kwz.me/pO, na qual são listados todos os trabalhos de desenvolvimento das especificações para as CSS, suas fases de desenvolvimento e prioridades, esse módulo atualmente encontra-se sob o
rótulo de prioridade média.
Convém lembrar que embora alguns navegadores atuais já
tenham implementando algumas das funcionalidades previstas
nesse módulo, quer de forma nativa quer proprietária, isso não significa que podemos começar a utilizá-las em produção.
Contudo, você, como desenvolvedor, poderá começar suas
experiências e ir se familiarizando com as facilidades e conhecendo
o potencial das funcionalidades trazidas por esse módulo, preparando-se desde já para o desenvolvimento futuro.
Nesta coluna apresentarei e comentarei algumas das funcionalidades constates do módulo e mostrarei regras CSS para aplicar estilização em elementos componentes de uma interface de usuário.
A especificação do W3C define o objetivo do módulo, conforme
traduzido a seguir:
“A CSS (folha de estilos em cascata) é uma linguagem para descrever como renderizar documentos HTML e XML na tela, no papel, em
mídia falada etc. A linguagem utiliza seletores, propriedades e valores para estilizar elementos básicos de uma interface de usuário contidos em um documento. Essa especificação descreve tais seletores,
propriedades e valores propostos para as CSS nível 3 e destinados a
estilizar HTML e XML (incluindo XHTML e XForms). A especificação
inclui e estende as funcionalidades de seletores, propriedades e valores para interface de usuários previstas nas CSS nível 2 revisão 1 e nas
especificações para Seletores.”
UHDGZULWH – previstas nas recomendações para XForms 1.0;
PSEUDOELEMENTOS
Seletores pseudoelementos são aqueles que permitem casar com
fragmentos de conteúdos inacessíveis pela árvore do documento
ou criar conteúdos não constantes dela.
Os pseudoelementos previstos nesse módulo são:
‡VHOHFWLRQ – definido no Módulo Seletores das CSS3;
‡YDOXHFKRLFHVUHSHDWLWHPHUHSHDW
LQGH[ – previstos nas recomendações para XForms 1.0;
PROPRIEDADES
O módulo prevê, além das pseudoclasses e dos pseudoelementos
descritos anteriormente, várias propriedades CSS e seus valores,
destinadas a estilizar elementos de interface. Tais propriedades
destinam-se basicamente a simular a aparência de elementos, tais
como, ícones, boxes, outlines, mouse e teclado com a aparência dos
elementos de interface nativos do sistema operacional.
Dentre as propriedades previstas destaca-se aquela denominada
DSSHDUDQFH, cujos valores são: QRUPDOEXWWRQSXVKEXW
WRQ K\SHUOLQN UDGLREXWWRQ FKHFNER[ SRSXS
PHQX OLVWPHQX UDGLRJURXS FKHFNER[JURXS
ILHOGHSDVVSRUW.
Em tese, aplicar a propriedade CSS appearance em um elemento
qualquer de uma página faz com que ele assuma a aparência de um
elemento de interface nativo do sistema operacional. Quem determina a aparência a assumir é o valor definido para a propriedade.
Observe o exemplo a seguir.
HTML
KFODVV ERWDR!0HXERWmRK!
LQSXWW\SH UDGLRFODVV FKHFNER[!
A renderização desse fragmento de marcação HTML é conforme
mostrada na figura 1:
PSEUDOCLASSES
Seletores pseudoclasses são aqueles que permitem casar com elementos baseado em suas características não constantes da árvore
do documento.
As pseudoclasses previstas neste módulo são:
‡KRYHUDFWLYHHIRFXV – definidas nas CSS anteriores;
‡HQDEOHGLVDEOHFKHFNHGHLQGHWHUPLQDWH –
definidas no Módulo Seletores das CSS3;
‡GHIDXOWYDOLGLQYDOLGLQUDQJHRXW
RIUDQJHUHTXLUHGRSWLRQDOUHDGRQO\H
80
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
Figura 1 – Renderização de h4 e input radio
Considere as seguintes regras CSS aplicadas à marcação mostrada anteriormente.
CSS
ERWDR^
DSSHDUDQFHEXWWRQ
ZLGWKS[
WH[WDOLJQFHQWHU
`
FKHFNER[^
DSSHDUDQFHFKHFNER[
`
O efeito da aplicação das regras CSS é mostrado na figura 2:
Figura 2 – Estilização com appearance
No exemplo mostrado, a um elemento HTML para cabeçalho
de nível 4 forçamos a aparência de um botão e a um controle de
formulário do tipo radio forçamos a aparência de um checkbox.
O valor prático do exemplo é discutível, contudo ele se
destinou apenas a demonstrar na prática o comportamento
resultante da aplicação de uma propriedade CSS prevista
nesse módulo.
A especificação do W3C para esse módulo apresenta um quadro mostrando os valores e a respectiva renderização quando se
aplica essa propriedade. Na figura 3, a seguir, transcrevo parte do
quadro, que poderá ser consultado na íntegra em kwz.me/pn.
Alterar a aparência de um elemento de marcação HTML não
implica em alterar a semântica do elemento. Assim, como mostrado no exemplo, um elemento de cabeçalho continuará a
representar semanticamente um cabeçalho ainda que tenha a
aparência de um botão.
No exemplo também fica claro que é possível criar um grupo
de botões do tipo radio, que permitem mais de uma seleção,
comportamento que não é possível com a estilização nativa de
botões radio.
Considerando ainda que os diversos estados dos elementos
de uma interface de usuário podem ser detectados com uso
das pseudoclasses e suas características com uso de pseudoelementos, esse módulo cria um imenso leque de opções para
estilização de elementos de interface.
Só nos resta torcer por uma breve implementação e suporte
pelos navegadores das funcionalidades desse módulo.
Mauricio “Maujor” Samy Silva
Graduado em Engenharia Civil pelo Instituto Militar de Engenharia
(IME), fundador e ex-diretor-presidente da Planep Engenharia, lecionou
Geometria Descritiva e matemática ao longo de 25 anos. Maujor é autor
dos livros Construindo sites com CSS e (X)HTML, Criando sites com HTML,
jQuery - a biblioteca do programador JavaScript, AJAX com jQuery e
JavaScript – Guia do programador. É um obstinado divulgador dos Padrões
Web e desenvolve o Site do Maujor (www.maujor.com) e o Blog do
Maujor (www.maujor.com/blog).
E-mail: [email protected]
87 > TECNOLOGIA | WIDE |
81
Mercado de TI Paulino Michelazzo
ARTESÃOS DIGITAIS
Existem duas grandes divisões na história contemporânea da raça humana. Uma, a criação da
prensa móvel por Gutenberg em meados de 1400 e, a outra, a rede internet criada por Tim BernersLee, no final do século passado. Na primeira divisão, entramos na chamada idade moderna que, por
meio da prensa, permitiu a distribuição do conhecimento humano de forma mais prática que os
antigos pergaminhos ou pela fala. Na segunda divisão, a distribuição atingiu novos patamares com
as facilidades proporcionadas pela internet, que o levou até os confins de nosso planeta, nivelando
de uma melhor forma sua distribuição.
Essa segunda divisão trouxe efeitos colaterais à nossa sociedade. A
facilidade de aquisição de produtos que vão desde esmalte de unhas
a carros e a utilização de serviços como localização e “boca no trombone” são comumente os mais citados. Mas, além disso, essa segunda
divisão surge como uma excepcional ferramenta para a mudança do
modelo fordista em algumas áreas laborais, pois permite que profissionais, principalmente aqueles criativos ou dotados de habilidades
que originalmente não se encaixam nesse modelo, possam realizar
seu trabalho da mesma forma sem a necessidade de tentar um verdadeiro contorcionismo espiritual e — por que não? — físico, na tentativa
de produzir com uma ferramenta ineficiente.
Assim, escritores, designers, ilustradores, músicos e outros tantos profissionais aproveitam-se da rede para dar vida às suas obras
e distribuí-las em lugares tão longínquos como o Tibete ou Uganda.
Considerados “artesãos digitais”, eles trazem à rede antigas formas de
criação como peça única e produtos sob demanda que são procurados por sua exclusividade ou, ainda, qualidade.
Feliz ou infelizmente, essa facilidade carrega junto um problema
grave. Na era digital, em que qualquer pessoa pode se tornar artesão,
como fazer para separar aquela peça de um mestre de uma fajuta
cópia ou de conteúdo duvidoso? Se qualquer pessoa munida de um
computador, não importando onde, pode escrever, compor ou criar,
o que se faz para não cair no engodo de comprar gato por lebre?
Esse torna-se o grande desafio do momento. Não se pode limitar
a capacidade humana e tampouco sua criatividade. Sempre existiu
ao longo da história aquilo que é considerado verdadeiro ou bom e
aquilo que é considerado falso ou ruim. Na internet, isso não é diferente, e cabe somente ao usuário a opção de escolher entre um ou
outro valendo-se de artifícios e mecanismos que permitam tal avaliação. Uma boa capa não é sinônimo de um bom livro e uma foto nobre
não é sinônimo de um bom instrutor. A pesquisa e a avaliação sobre
os artesãos e suas obras deve ser a mais extensa possível para que, ao
final, não tenha que abraçar o ônus do erro.
82
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
Ao contrário do que se imagina, esses ditos artesãos podem se
aproveitar desse cenário desafiador. Um bom conteúdo feito
com esmero atrai muitos interessados, que, com as conexões nas
redes sociais hoje existentes, irão fazer o marketing gratuito que
todos procuram e obter suas recompensas em formas de gordos
números. Segredo para isso? Não existe. A receita é a mesma que
vem acompanhando nossa evolução há séculos. Por mais que um
restaurante seja lindo e muito bem localizado, não será um bom
restaurante se não tiver uma boa comida (mas o inverso pode ser
verdade). O mesmo acontece com nossos artesãos digitais. Uma
boa embalagem não é nada sem um bom conteúdo, e fatalmente é
preferível o conteúdo à capa. Mas, não leve isso à risca, pois a apresentação também conta pontos.
Paulino Michelazzo
Possui quinze anos de experiência em internet e atua como consultor
web em todo o mundo. Palestrante costumeiro de eventos de tecnologia,
é coautor de três livros na área de internet e software livre, e escreve
regularmente sobre empreendedorismo e desenvolvimento em seu site:
www.michelazzo.com.br
E-mail: [email protected]
Twitter: @pmichelazzo
87 > TECNOLOGIA | WIDE |
83
Segurança Ivo Machado
PROTEGENDO SUAS WEB APPLICATIONS – 4 DICAS
De forma crescente, atacantes estão explorando falhas em aplicações web, expondo
empresas a diversas ameaças, incluindo
roubo de informações, manipulação de seus
dados e upload de malwares em sites corporativos vulneráveis, para que usuários desavisados sejam infectados.
Um caso recente foi da falha no OsCommerce,
que permitiu que mais de 400.000 sites de
comércio online fossem infectados com
exploits para diversas versões do browser
Internet Explorer.
Neste artigo, procuro descrever algumas das melhores formas
de proteger sua aplicação contra esses ataques e, de forma prática e possível, elevar a segurança de sua aplicação.
Infelizmente, alguns desenvolvedores ainda deixam a validação de dados de entrada, assim como filtro de códigos de
escape, fora de seu To-Do list; ou pior, muitas vezes esses filtros
são criados de forma tão pobre que não conseguem impedir que
ataques com potencial mais elevado tenham êxito.
Com esse overview na mente, vamos olhar com cuidado os
métodos que todo desenvolvedor deve empregar para prevenir
input-validation attacks e implementar de forma mais eficiente
a filtragem de caracteres de escape. Vamos utilizar, então, essas
dicas em forma de um Checklist
1 – ESPECIFIQUE SEMPRE OS TIPOS DE VARIÁVEIS
Limite o tipo de dados que podem ser introduzidos em certos
campos. Por exemplo, se você apenas precisa aceitar um valor,
Integer em um determinado campo, assegure-se que seu código
rejeitará qualquer outro tipo de caractere que possa ser utilizado.
Uma forma de garantir isso é usando a classe validadora do
ESAPI. Essa classe tem um método isValidInteger que pode ser
utilizado da seguinte forma em um código Java:
9DOLGDWRUYDOLGDWRU (6$3,YDOLGDWRU
ERROHDQLV9DOLG,QWHJHU YDOLGDWRULV9DOLG,QWHJHU³1XPHUR B WHVWH´³´
IDOVH
2 – NÃO UTILIZE UMA BLACK-LIST DE CARACTERES;
É muito mais válido utilizar uma White-List aceitando apenas os
que são bons.
Tentar criar uma lista compreensiva de todos os “bad characters” para todos os diferentes tipos de ataques é praticamente
impossível. Contudo, ao criar um código de validação, defina
quais caracteres devem ser aceitos utilizando uma WhiteList, como, por exemplo, A-Z, a-z, e 0-9. e rejeite todos os outros
84
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
"INFELIZMENTE, ALGUNS DESENVOLVEDORES AINDA
DEIXAM A VALIDAÇÃO DE DADOS DE ENTRADA,
ASSIM COMO FILTRO DE CÓDIGOS DE ESCAPE, FORA
DE SEU TO-DO LIST; OU PIOR, MUITAS VEZES ESSES
FILTROS SÃO CRIADOS DE FORMA TÃO POBRE QUE
NÃO CONSEGUEM IMPEDIR QUE ATAQUES COM
POTENCIAL MAIS ELEVADO TENHAM ÊXITO"
restantes. Esse tipo de abordagem tem um resultado muito
melhor do que tentar sempre abastecer uma Black-List que sempre será usada de forma reativa.
3 – FAÇA LIMITAÇÃO DO TAMANHO DOS INPUTS
Se você pergunta a idade de alguém, manter um campo com três
dígitos cobrirá todos possíveis casos, inclusive se a pessoa tiver
mais de cem anos. Se você pergunta o nome de alguém, cem
caracteres ou mais serão mais do que necessários. Dessa forma,
mesmo que você já esteja filtrando os caracteres, isso ajudará a
limitar também o estado real de cada campo, fazendo com que
fique muito difícil para um atacante injetar caracteres utilizados
em um possível ataque.
Para efetuar ambas as validações, tanto a dos caracteres em
nossa White-List como o valor limite nos campos, podemos utilizar mais uma vez a classe Validator no Java. Dessa vez, entretanto, utilizando o método isValidInput:
9DOLGDWRUYDOLGDWRU (6$3,YDOLGDWRU
ERROHDQLV9DOLG)LUVW1DPH YDOLGDWRULV9DOLG,QSXW³7HVW B $FFRXQW1DPH´
³&KHFNLQJ´
³$FFRXQW1DPH´IDOVH
A expressão regular definida para AccountName no arquivo
de configuração do ESAPI é ^[a-zA-Z0-9]*$. Essa expressão regular essencialmente diz que o Input está permitido apenas para
caracteres que contêm letras maiúsculas e minúsculas e números de zero a nove. Adicionalmente, na chamada do isValidInput,
especificamos que o maxLenght para o input não pode exceder
cem caracteres. Tais regras de validação do Input bloquearão
diversos tipos de ataques.
4 – UTILIZE CODIFICAÇÃO EM OUTPUTS
O Output Encoding é utilizado quando dados são enviados de
volta para o usuário ou utilizados por outro componente na aplicação. Fazendo uma filtragem correta e depois aplicando a codificação, muitos tipos de ataques podem ser prevenidos.
Por exemplo, certos caracteres, como os símbolos de maior ou
menor (< , >), são comumente utilizados em ataques de Cross-Site
Scripting (XSS). Convertendo esses caracteres para sua entidade
HTML equivalente (exemplo, “<” se torna “&lt” e “>” se torna “&gt”),
muitos strings de ataque XSS podem ser prevenidos. A classe
Encoder contém numerosos métodos que podem ser utilizados
para codificar dados para diferentes situações.
Especificamente, o encodeForHTML method pode ser
empregado para prevenir ataques HTML-Based XSS, como o
exemplo a seguir:
(QFRGHUHQFRGHU (6$3,HQFRGHU
6WULQJHQFRGHG6WULQJ HQFRGHU
HQFRGH)RU+70/³VFULSW!DOHUW
µ[VV¶VFULSW!´
Quando esse código é executado, a variável encodeString irá
conter o seguinte valor, que é mais difícil de ser executado em
um Browser como tentativa de XSS attack:
OWVFULSWJWDOHUW[VVOWV
FULSWJW
O método encodeForHTML atualmente utiliza o conceito de
White-List para fazer sua codificação. Ela trata um limitado set de
caracteres (letras, números, vírgula, ponto, barras, underscores e
espaços) como seguro e o HTML codifica todo o resto.
Ivo Machado
Diretor de operações da In2Sec – Intelligence to Security, formado em
Análise de Sistemas com MBA em Gestão de Riscos, tendo já atuado
em diversas empresas nacionais e multinacionais, no Brasil e no
exterior. Especialista em Gestão de Riscos e Segurança da Informação, é
responsável pelas operações das Américas da Certificadora TrustSign e das
consultorias de segurança e-Horus e A.
E-mail: [email protected]
87 > TECNOLOGIA | WIDE |
85
Tableless Diego Eis
INTRODUÇÃO AO RESPONSIVE WEB DESIGN
Responsive Web Design é o termo da vez. Parece que de uma hora para outra todo mundo
resolveu falar sobre esse assunto. Na verdade,
isso é um conceito antigo (com novo nome)
e que temos falado sobre ele durante muito
tempo. Responsive Web Design é tudo sobre
acessibilidade. Mas, para que serve?
86
| WIDE | 87 > TECNOLOGIA
Responsive Web Design é, acima de tudo, um conceito. Hoje,
usuários acessam a informação utilizando diversos meios. Esses
meios podem começar no smartphone, passar pelo notebook
e terminar na SmartTV que tem na sala. São diversas telas, com
diversas resoluções que nos levam a diversos tipos de uso e comportamento. Do mesmo jeito que você não acessa websites da
mesma forma em smartphones e notebooks, você não pode acessar websites da mesma maneira em tablets e televisões de 42''.
Não é acessível. Não é confortável. Eu achava que, quanto maior
a tela, melhor para se trabalhar. Até eu ligar meu Mac em uma TV
LED de 32'' e mudar totalmente de ideia. É muito ruim você utilizar
o sistema operacional em uma tela tão grande, e até mesmo navegar na eeb é um horror. Pelo menos para mim. Os websites de hoje
são feitos para um determinado range de resolução e tamanhos
de telas que, quando vemos em formato maior, a leitura, a escrita
e o consumo de informação se apresentam terrivelmente.
É para isso que o Responsive Web Design veio, para encher os
olhos de alegria dos usuários multiscreen. A ideia é fazer uma interface adequada para cada tipo de tela. O desenvolvedor cria uma
interface do sistema/website para os smartphones. Outra para as
tablets. Uma interface mais comum para dispositivos com telas de
notebooks. Outra para televisões, e assim por diante.
A intensão é que levemos para o usuário a informação na
melhor forma possível. O consumo da informação em cada
tipo de meio de acesso é diferente. Você consome informação
de uma forma diferente em seu smartphone se compararmos
com a forma como você consome informação em um notebook
ou em uma tablet. Existem diversas características visuais que
devem ser repensadas para cada um dos meios de acesso para
que a informação seja acessível e confortável. Você deve estar
pensando no trabalho que isso deve dar. E pensou certo. Mesmo
assim, é um trabalho mais aplicado a planejamento de design
e arquitetura do que no desenvolvimento client-side. Mesmo
assim, não são todos os websites e sistemas que precisarão
"É PARA ISSO QUE O
RESPONSIVE WEB DESIGN
VEIO, PARA ENCHER OS OLHOS
DE ALEGRIA DOS USUÁRIOS
MULTISCREEN"
funcionar em todas as camadas de telas. Talvez você precise
apenas de smartphones e notebooks. Ou só tablets e notebooks.
Ou só smartphones. Isso depende do projeto.
Tempos atrás, os desenvolvedores não tinham tantos recursos para servirem conteúdo de formas diferentes. A única solução até agora eram as Media Types do CSS. O problema é que as
Media Types foram pensadas para uma época em que a diversidade de aparelhos ainda era pequena. Veja só: existe um valor
chamado SCREEN nos Media Types em que você separa um CSS
para ser usado em aparelhos que tenham telas coloridas e com
boa resolução. Imagine só: naquele tempo, estamos falando de
96, 97, 98, não existiam smartphones com boas resoluções. Na
verdade, nem existiam smartphones. Eram celulares com telas
pequenas, com número de cores limitado etc. Hoje, o cenário é
totalmente diferente. O iPhone4 alcança uma resolução que eu
nunca imaginaria alcançar no meu primeiro monitor CRT de 13''.
Logo, a distinção que as Media Types faziam não servem para o
cenário atual. Por isso que uma nova recomendação surgiu, chamada Media Queries.
Na primeira linha eu defini que o CSS screen.css será utilizado em
telas (screen) com uma largura mínima de 641px. Já na segunda,
eu defini que em telas de até 640px o browser renderizará o site
utilizando o CSS mobile.css. Dessa forma, os smartphone como
iPhones, Androids etc. renderizam o segundo CSS. Já tablets,
monitores grandes e notebooks renderizam o primeiro CSS.
Existem outras maneiras de você filtrar: width, height, device-width, device-height, orientation, aspect-ratio, device-aspect-ratio, color, color-index, monochrome, resolution, scan, grid.
Portanto, temos grande flexibilidade para encontrar dispositivos específicos e, assim, redirecioná-los para o uso de CSS otimizado para eles. Levando em consideração suas características, e
não fazendo soluções genéricas.
AS MEDIA QUERIES SÃO UM JEITO DE FILTRAR APARELHOS pelo
tamanho da tela. Mais inteligente, não é? Funciona assim: você
cria uma querie em que são definidos ranges separando os tamanhos das telas. Confira um exemplo:
Diego Eis
OLQNKUHI VFUHHQFVVUHO VW\OHVKHHW
W\SH WH[WFVVPHGLD VFUHHQDQG
PLQZLGWKS[!
OLQNKUHI PRELOHFVVUHO VW\OHVKHHW
W\SH WH[WFVVPHGLD VFUHHQDQG
PD[ZLGWKS[!
Sócio da Visie (www.visie.com.br), empresa especializada em
desenvolvimento e consultoria para web. Faz consultoria para empresas
como Globo.com e Nokia. É palestrante e criador do Tableless (www.
tableless.com.br), site que ajuda a promover o desenvolvimento e as
boas práticas com Padrões Web no Brasil.
E-mail: [email protected]
Twitter: @diegoeis
87 > TECNOLOGIA | WIDE |
87
marketing
PLANOS E ESTRATÉGIAS PARA
Mobile
Marketing
Por Tiago Bosco
Confira nesta reportagem as melhores maneiras para fazer dos
dispositivos móveis um importante canal para o marketing digital. Confira, também, como medir o desempenho de uma campanha, a importância do mobile marketing para o e-commerce e
alguns cases de sucesso.
MARKETING
C
onjunto de ações de marketing
feitas por meio ou a partir de um
dispositivo móvel. Estamos falando
do “fenômeno” mobile marketing,
cada vez mais presente no mundo
digital devido à expansão dos smartphones.
Um levantamento divulgado no mês de agosto pela Nielsen mostra que as vendas de celulares inteligentes no primeiro semestre
de 2011 aumentaram 165% na comparação com o mesmo período
de 2010 (migre.me/5AAtU). Mas, o que isso quer dizer? Com base
nesse expressivo número, chegou o momento para as empresas destinarem investimentos relacionados às ações ligadas ao
mobile marketing? A resposta é sim! É o que dizem os especialistas.
“O crescimento deste ano é mais um dos indicadores de que o
mercado está mudando, o consumidor está mudando e interagindo em multicanais e as marcas precisam se preparar para
atender a esse novo consumidor nesses diversos novos canais.
O momento ideal para destinar investimentos é hoje! O quanto
antes as empresas começarem a utilizar, testar e conhecer esse
meio, mais bem preparadas elas estarão para atender aos seus
clientes”, afirma Andréa Dietrich, gerente de marketing digital do
Grupo Pão de Açúcar. (www.grupopaodeacucar.com.br).
De acordo com Luciano Ayres, cofundador da i2 Mobile
Solutions (www.i2mobile.com.br), não existe momento ideal
para inovar ou para se utilizar novas tecnologias em prol de um
objetivo. Segundo ele, cabe aos gestores e aos empreendedores
terem a sensibilidade e o conhecimento sobre os hábitos de seus
consumidores para identificarem de que forma uma ação ou um
projeto mobile pode impactá-los positivamente. “Corre o maior
risco quem não se arrisca a fazer algo novo em busca de diferenciais competitivos, porque, com a velocidade do mercado atual,
as empresas mais adaptáveis são aquelas que exploram novas
alternativas e aprendem com os próprios erros”, diz.
PLANO DE MARKETING NO UNIVERSO MOBILE:
primeiros passos
s $POIFDFS P NFSDBEP QSPGVOEBNFOUF FOUFOEFOEP P QFSŢJM
EFDPOTVNJEPSQBSBDBEBEJTQPTJUJWPNÑWFMDPNQPSUBNFOUP
EFTTFTDMJFOUFTOBJOUFSBÇÆPDPNBTNBSDBTOFTTFDBOBM
s1FTRVJTBSSFTVMUBEPTEFBÇÕFTKÁGFJUBTQPSPVUSBTFNQSFTBT
QBSBFOUFOEFSPRVFEÁPVOÆPEÁDFSUPFOUSFPVUSBTGSFOUFT
EFQFTRVJTBFDPOIFDJNFOUP
s "WBMJBS B QFSUJOÉODJB EFTTF DBOBM QBSB P TFV DPOTVNJEPS
2VBM P QFSŢJM EPT TFVT DMJFOUFT OFTTF NFSDBEP NPCJMF 1PS
REPORTAGEM
FYFNQMPTFTFVDMJFOUFÈEBDMBTTF$%UBMWF[VNBQMJDBUJWP
QBSBJ1IPOFOÆPTFKBBFTUSBUÈHJBNBJTBEFRVBEB
s %FŢJOJS P QBQFM EPT DBOBJT OB DPNVOJDBÇÆP F FTUSBUÈHJB EB
NBSDBPVTFKBRVBMPPCKFUJWPEBDBNQBOIBEFNPCJMFNBSLFUJOH $PNP FTTB BÇÆP NPCJMF FTUÁ SFMBDJPOBEB PV OÆP DPN
PVUSBTDBNQBOIBTEFNBSLFUJOH
s%FŢJOJSPTJOEJDBEPSFTEFTVDFTTPNÈUSJDBT
EBDBNQBOIB
s 4FMFDJPOBS QBSDFJSPT GPSOFDFEPSFT FTQFDJBMJ[BEPT OFTTF
NFSDBEPQBSBEFTFOWPMWJNFOUPEPQMBOP
s"DPNQBOIBSPTSFTVMUBEPTFBWBMJBSPRVFEFVDFSUPPVFSSBEP
Fonte: Andréa Dietrich
MEDINDO O DESEMPENHO
Muitos devem se perguntar qual a maneira mais precisa para
medir o desempenho de uma campanha de mobile marketing.
De acordo com Leonardo Xavier, CEO do Grupo.Mobi (www.pontomobi.com.br), as métricas podem responder a essa questão.
Toda ação de mobile marketing possui métricas. No caso
de internet móvel, aplicativos e games, sabemos o número de
impressões, de visitantes únicos, quanto tempo em cada página
e a navegação do usuário. No caso de SMS, Bluetooth e voz, temos
o número exato de quantos conteúdos foram entregues e quantas mensagens respondidas”, explica.
Segundo Luciano Ayres, o primeiro passo é definir previamente metas e indicadores para mensurar os resultados da ação.
O segundo passo é realizar o monitoramento durante e após a
realização da campanha. No que se refere a jogos e aplicativos,
tão interessante quanto atingir um bom número de downloads
é medir o número de vezes que o usuário “volta” ou reutiliza seu
game ou aplicativo.
“O número de downloads por si só apenas simboliza se a
divulgação do seu produto foi bem feita, portanto é imprescindível conhecer se os usuários que efetivamente ‘experimentaram’
estão retornando com frequência. O tempo gasto — ‘time spent’
— pelos usuários com os games e apps também é um bom indicador sobre a qualidade do conteúdo.
Ainda de acordo com Luciano, existem diversas ferramentas
gratuitas (como o Web Trends e o iBBClone) e bibliotecas open
source para monitoramento de jogos e aplicativos mobile que
podem ser utilizadas pelos desenvolvedores e que dão mais
informações do que as estatísticas da App Store, Android Market
etc. “As empresas devem sempre exigir dos desenvolvedores
que esse ponto esteja contemplado no projeto”, diz.
87 > MARKETING | WIDE |
89
MOBILE MARKETING IMPULSIONANDO O E-COMMERCE
Não é mais novidade para os consumidores efetuar uma compra
pela internet. A cada dia que passa, as lojas se estruturam ainda
mais para não perder essa possibilidade de ganhar dinheiro por
meio do comércio eletrônico. Em relação ao marketing e à publicidade para celulares, esse fenômeno se encontra em grande
crescimento e é responsável por influenciar o comportamento
dos usuários online.
“Mobile é um canal cada vez mais relevante para e-commerce,
dado o aumento da base de smartphones e acesso à web móvel.
Nós estamos trazendo o comportamento da web para mobile.
A pesquisa #Mobilize aponta que 14,5% da base analisada já realizaram compras em site ou app de comércio eletrônico. Isso é
metade do percentual web (28%). No entanto, ainda são poucos
os varejistas com suas soluções mobile. Portanto, esses 14,5% são
muito representativos”, afirma Leonardo Xavier.
Para Marcelo Castelo, sócio-diretor da agência F.biz (www.
fbiz.com.br), o mobile marketing influencia o comportamento
dos consumidores online no sentido de mostrar que é cada vez
mais simples a compra com um clique diretamente do telefone.
“Alguns aplicativos já permitem armazenar dados do cartão
de crédito com segurança. Então, se quero comprar ingressos
para o cinema, por exemplo, apenas libero a compra com uma
senha, e pronto”, diz.
PLATAFORMAS TECNOLÓGICAS
Na produção de uma campanha de mobile marketing, as principais plataformas tecnológicas são SMS (mensagem de textos),
torpedos de voz, site móvel (mobile sites), bluetooth marketing,
jogos, aplicativos etc.
Segundo Leonardo Xavier, o anunciante precisa pesquisar
e entender quais ferramentas do mobile marketing são mais
adequadas para alcançar os objetivos estabelecidos. “Se o objetivo é marcar presença e se tornar acessível na internet móvel,
o caminho é o site móvel. Para alcançar grandes coberturas, o
SMS é matador, porque possui uma penetração equiparada à TV
aberta. E se a marca quer investir em uma comunicação nichada,
proporcionando ao consumidor uma experiência mais enriquecedora com engajamento, aplicativos e games são os mais
indicados. Além disso, existem outras ferramentas do mobile
90
| WIDE | 87 > MARKETING
“Mobile é um canal cada
vez mais relevante para
e-commerce, dado o aumento
da base de smartphones
e acesso à web móvel.
Nós estamos trazendo o
comportamento da web para
mobile” Leonardo Xavier
marketing que devem ser destacadas:
Recarga patrocinada – plataforma que permite oferecer premiação por meio de recargas de celular pré-pago para uso em
campanhas promocional, de ativação, fidelidade e incentivo;
Publicidade na plataforma móvel – existe um enorme inventário
publicitário em sites móveis e aplicativos ainda pouco demandados; e Search Engine Marketing na plataforma móvel.”
Para Roberto Saretta, diretor geral da 2Call Mobile Marketing
(www.2call.com.br), o mobile site é uma necessidade de todas
as empresas. “Muitos usuários atualmente estão utilizando os
smartphones para acessar o site de uma determinada marca ou
produto. Ocorre que muitas vezes esse site foi pensando apenas
para quem acessa por meio de desktops e notebooks. Isso, atualmente, é um erro”, afirma.
O Bluetooth, de acordo com Marcelo Castelo, explora um
dos grandes interesses do brasileiro: a troca de arquivos utilizando a tecnologia. “Ele permite que marcas distribuam brindes
virtuais, como games e wallpapers, e até descontos baseados
na localização de cada usuário”, diz, apontando também que
os aplicativos — outra plataforma tecnológica na produção de
uma campanha de mobile marketing — têm a vantagem de utilizar recursos nativos dos smartphones, como acelerômetros, e
oferecem de serviços a games.
CAMPANHAS BEM-SUCEDIDAS
"11'FTUJWBM$BOOFT-JPOT
O aplicativo do Festival Cannes Lions, principal evento do mercado
publicitário, busca atender as diversas necessidades dos delegados
do evento, o que inclui o acesso a notícias em tempo real sobre o
que está ocorrendo no Palais du Festival, serviços e dicas da cidade
de Cannes, entre outras informações. Fonte: Leonardo Xavier
(BNFh"OHSZ#JSET3JPv
O game “Angry Birds Rio” foi desenvolvido para promover a animação Rio. O objetivo é usar os poderes das aves controladas pelo jogador para libertar outros animais que ficaram presos em estruturas
complexas. Fonte: Luciano Ayres
87 > MARKETING | WIDE |
91
"11(VJBEF"FSPQPSUPT)4#$
Informações sobre diversos aeroportos de importantes cidades do país; horário e detalhes dos voos (partidas e chegadas) nos aeroportos que fazem parte do app, previsão do
tempo nas cidades de origem e de destino que o usuário escolher; e guia de entretenimento, com dicas de passeios, restaurantes, bares e baladas. Tudo isso pode ser encontrado
no app “Guia de Aeroportos HSBC”. Fonte: Leonardo Xavier
1ÆPEF"Ç×DBS
7JUBM..4
Uma campanha que rendeu o prêmio internacional Mobile
Merit Awards para a Unilever neste ano é a da Vital MMS.
Criada pela F.biz em parceria com a operadora Claro, a campanha consiste em uma revista inteiramente gratuita para o
usuário e enviada no formato MMS. A escolha do formato
se deu pela abrangência de modelos e pela possibilidade de
enviar as mensagens mais longas e com imagens, o que não
aconteceria com o SMS. Em três semanas, quase duzentas
mil pessoas se inscreveram para receber a revista semanal.
Como o objetivo da ação era aumentar a base do canal de
relacionamento, pode-se perceber que o resultado foi muito
satisfatório. Fonte: Marcelo Castelo
92
| WIDE | 87 > MARKETING
Um aplicativo de compras nas principais plataformas moveis (iPhone, iPad, Android, Windows Mobile, BlackBerry e
o próprio mob site). O lançamento foi reconhecido pelo
mercado consumidor e por formadores de opinião como
um dos principais cases mobile de 2010. O serviço foi muito pertinente ao público da marca, trazendo resultados em
vendas que superaram as expectativas. Fonte: Andréa Dietrich e Leonardo Xavier
87 > MARKETING | WIDE |
9
93
Vídeo interativo como estratégia de
MARKETING
O verão está chegando e aquele banho refrescante é
a saída para aliviar o calor que faz em um país tropical
como o Brasil. Aproveitando esse momento, a agência
F.biz (www.fbiz.com.br) lançou uma ação interativa para
o sabonete Lux Líquido e contou com a participação
da atriz Paola Oliveira, na qual ela orienta as pessoas a
utilizarem o produto.
94
| WIDE | 87 > MARKETING
MARKETING
A ação é composta por um vídeo educativo em
que Paola traz dicas de como utilizar o Lux Líquido e demonstra os benefícios de rendimento que
o produto traz. Simulando uma conversa, a atriz interage com o internauta a partir das respostas dadas por ele. O vídeo pode ser visto na fanpage do
Facebook (www.facebook.com/luxbrasil), no site
(www.lux.com.br/#/campanha) e em peças interativas veiculadas em outras redes sociais, como
YouTube e Orkut. Paulo Loeb, sócio e responsável
por Marcas e Negócios na F.biz, fala sobre as curiosidades que cercam a campanha. Confira!
WIDE6NEPTNBJTSFDFOUFTUSBCBMIPTMBOÇBEPTQFMBBHÉODJB'CJ[
FNQBSDFSJBDPNB6OJMFWFSFOWPMWFVBDSJBÇÆPFPEFTFOWPMWJNFOUP
EBDBNQBOIBEPTBCPOFUF-VY-ÌRVJEPQPSNFJPEFVNWÌEFPJOUFSBUJWP2VBJTFSBNBTQSJODJQBJTOFDFTTJEBEFTFFYQFDUBUJWBTEFWPDÉT
FNSFMBÇÆPBFTTFQSPKFUP
PAULO O mercado de sabonetes líquidos é relativamente novo.
A consumidora já estava bastante acostumada a usar a barra e
quem adotou a nova versão líquida não usa diariamente, apenas
em banhos mais demorados ou se preparando para ocasiões
especiais. Outra barreira é a percepção de custo. Uma barra custa
bem menos do que uma pequena embalagem de líquido. Mas, o
líquido rende muito mais.zTínhamos, então, o grande desafio de
ensinar a consumidora a usar corretamente o produto e mostrar
que uma embalagem de Lux Líquido é suficiente para até cinquenta banhos, além de proporcionar mais maciez e perfume.
Com isso, demonstramos a superioridade do líquido, com todos
seus benefícios, inclusive em termos financeiros.
WIDE 'PSBNSFBMJ[BEPTUFTUFTOBDBNQBOIBEB-VY-ÌRVJEPBOUFTEF
TFSDPMPDBEBEFŢJOJUJWBNFOUFFNQSÁUJDB
PAULO O vídeo interativo faz parte da campanha 360º de comunicação do produto. Sendo assim, as mensagens, a celebridade
e outros elementos da campanha foram previamente testados,
como é padrão para a Unilever. Além disso, depois de produzido,
nosso material também passou por diversos testes mais técnicos, para garantir qualidade na performance em todos os canais
em que foi publicado: YouTube, Facebook, peças display e em
redes de conteúdo.
WIDE 1PSUSÁTEPWÌEFPJOUFSBUJWPFYJTUFVNBHSBOEFFTUSVUVSBEF
NBSLFUJOHEB-VYOBTSFEFTTPDJBJTTPCSFUVEPOP'BDFCPPL$PNP
TVSHJVBJEFJBEFJOWFTUJSOFTTFUJQPEFBÇÆPWÌEFPJOUFSBUJWP
FRVBM
PTFVQBQFMOPDPOUFYUPHFSBMEBDBNQBOIB
PAULO Todas as marcas querem se aproximar do seu público. Para
isso, precisam estar onde eles estão, com a linguagem correta e oferecendo conteúdos cada vez mais interessantes e envolventes.
Planejamos para a Lux uma estratégia digital bastante sólida nas
redes sociais, e o vídeo interativo foi material fundamental para
o início dessa implementação. Com esse material, conseguimos
passar as mensagens que a marca e o produto precisavam, de
um jeito que despertasse a atenção da consumidora e que promovesse a interação em diversos canais.
WIDE-FWBOEPFNDPOTJEFSBÇÆPBDPOWFSHÉODJBEJHJUBMDBEBWF[
NBJTQSFTFOUFOPEJBBEJBEBTQFTTPBTQPEFTFBŢJSNBSRVFBJOUFSBUJWJEBEFQPSNFJPEFŢJMNFTQFÇBTÈVNBUFOEÉODJBQBSBRVFNGB[
QSPQBHBOEB %FRVFNBOFJSBPDPNÈSDJPFMFUSÒOJDPQPEFTFCFOFŢJDJBSEFTTBGFSSBNFOUBUFOEPFNWJTUBRVFBUVBMNFOUFKÁFYJTUFN
DBNQBOIBTFNRVFPJOUFSOBVUBÈDBQB[EFJOUFSBHJSDPNPTWÌEFPT
FFGFUVBSBDPNQSBEFQSPEVUPT
87 > MARKETING | WIDE |
95
PAULO Não é uma tendência, já é realidade. Os vídeos invadiram
a internet devido ao grande acesso à banda larga, crescimento do
YouTube e câmeras de altíssima qualidade a preços bem razoáveis.
O comércio eletrônico já percebeu isso, como pode-se verificar na
existência de uma série de vídeos de apresentação e comentários
sobre produtos. Por exemplo, a Netshoes desenvolveu dentro do
YouTube o Netshoesvideos, um espaço para apresentar seus produtos de forma mais detalhada. Atualmente, há mais de trezentos
vídeos e dois milhões de views.
WIDE 2VBOUPTQSPŢJTTJPOBJTFTUJWFSBNFOWPMWJEPTOBQSPEVÇÆPEFTTF
WÌEFPJOUFSBUJWP
PAULO São diversos os profissionais e as empresas envolvidos em um
trabalho como esse. Além do cliente e quase todas as áreas da F.biz —
Planejamento, Criação, Negócios, Projetos, Produção RTVC e muito
de Tecnologia —, contamos com a parceria da New Content, que é a
agência de conteúdo da marca, com a produtora de vídeo e som, com
a equipe da Paola Oliveira e muitos outros envolvidos na filmagem.
WIDE«QPTTÌWFMVNBQFRVFOBBHÉODJBDPNNFOPTSFDVSTPTŢJOBODFJSPTJOWFTUJSOFTTBGPSNBJOUFSBUJWBEFQVCMJDJEBEF
PAULO Sim, perfeitamente, pois a tecnologia está cada vez mais
barata e a qualidade, cada vez melhor. Vejam o que está acontecendo no Morro do Alemão ou nos países do Oriente Médio, onde o
acesso da imprensa é restrito. Na maioria das vezes eles só têm um
celular na mão e conseguem desenvolver um rico material.
WIDE 2VBJTPTSFTVMUBEPTPCUJEPTBUÈPNPNFOUPDPNFTTBDBNQBOIB 2VBMBNÈEJBEFVTVÁSJPTRVFBDFTTBNPWÌEFPOBTSFEFTTPDJBJT
PAULO Só no canal da Lux no YouTube o vídeo já tem mais
de 160 mil views, e esse número ainda se soma às exibições na
fanpage da marca no Facebook e em peças de mídia veiculadas
na campanha.
WIDE"'CJ[ÈVNBBHÉODJBKÁDPOTPMJEBEBOPNFSDBEPEJHJUBMFBUFOEF
DMJFOUFTJNQPSUBOUFTDPNP6OJMFWFS*UB×F1FQTJDPFOUSFPVUSPT0RVF
WPDÉTDPOTJEFSBNNBJTJNQPSUBOUFQBSBBUFOEFSTFVTDMJFOUFTPVTFKBRVBM
WPDÉBDSFEJUBTFSPhTFHSFEPvEPTVDFTTPEB'CJ[
PAULO Não há segredo, e sim muito trabalho sustentado por quatro
pilares: Marcas & Negócios, E-commerce, Plataformas Emergentes
e Canais & Engajamento. Cada sócio é responsável por um desses
pilares e trabalhamos de forma integrada para nossos clientes
aproveitarem o máximo do potencial do meio digital.
96
| WIDE | 87 > MARKETING
87 > MARKETING | WIDE |
97
MARKETING
Shopper
marketing:
ESTRATÉGIAS DE ESTÍMULOS A COMPRA
Por Tiago Bosco
98
| WIDE | 87 > MARKETING
Ilustração - Carolina Vigna-Marú
MARKETING
Rafael D’Andrea
Formado em Administração de Empresas pela FEA-USP, possui especialização em Marketing pela UC-Berkeley
(EUA) e pós-graduação em Economia pela FIPE-USP. É professor do curso de pós-graduação em Marketing do
Insper, sócio da ToolboxTM (www.toolboxtm.com.br) e diretor da Agência Shopper (www.agenciashopper.com.br).
Especialista em trade e shopper marketing, foi coautor dos livros Trade marketing – estratégias de distribuição e
execução de vendas (Editora Atlas/ 2010) e Shopper marketing – a nova estratégia integrada de marketing para a
conquista do cliente no ponto de venda (Editora Atlas/ 2011).
Utilizado por fabricantes em todo o mundo
para atingir adequadamente seu público-alvo
no ponto de venda, identificando e compreendendo o que as pessoas pensam e como
agem no ato da compra. Para conhecermos o
que cerca o Shopper Marketing, conversamos
com Rafael D’Andrea, coautor de dois livros sobre essa temática. Ele explica o conceito e sua
relação com o varejo online. Confira!
WIDE 0TIPQQFSNBSLFUJOHOPMJWSP 4IPQQFSNBSLFUJOHnBOPWB
FTUSBUÈHJBJOUFHSBEBEFNBSLFUJOHQBSBBDPORVJTUBEPDMJFOUFOP
QPOUPEFWFOEBMBOÇBEPFNGPJBQSFTFOUBEPDPNPBQSÑYJNB
POEBOBFWPMVÇÆPEPTDPODFJUPTEFNÈUPEPTEFNBSLFUJOHEFWBSFKP
1PEFSJBEFŢJOJSQBSBPTOPTTPTMFJUPSFTEFNBOFJSBEJEÁUJDBPRVF
FTTFUFSNPTJHOJŢJDB
RAFAEL Shopper marketing é o marketing para o consumidor
no momento da compra. Mais precisamente, é o marketing que
busca influenciar o shopper — freguês na tradução literal — a partir do momento em que ele se dispõe a comprar algo. O shopper
e o consumidor são muitas vezes a mesma pessoa, mas há casos
em que não, como o de uma mãe que compra fraldas para o filho.
Consumidor é o filho, shopper é a mãe. É importante também
reconhecer a diferença de meio, mensagem e abordagem para
as diferentes situações envolvidas no que chamamos de jornada
de compras, ou seja, o caminho percorrido — mental e fisicamente
— pelo shopper do momento em que ele decide comprar até a
seleção do produto no ponto de venda ou e-commerce. Em cada
etapa há uma decisão diferente envolvendo a priorização de
valores e o uso de percepções distintas.
Por exemplo, ao escolher um curso de MBA, o primeiro passo
é procurar se informar sobre a avaliação dos cursos. Isso normalmente se dá via internet, por meio de revistas ou sites/blogs
especializados, depois vem a indicação de amigos e ex-alunos,
em seguida uma visita até a escola pode ser cogitada. As comparações de preços também ocorrem em algum momento dessa
jornada, e assim por diante. O mesmo processo ocorre quando
vamos comprar uma geladeira; existe o PRE-SHOP, o que ocorre
antes da compra, o SHOPPING — processo de compra — e o USO do
produto. Esse último já está no escopo do marketing de produto.
Compreender a jornada de compras é parte fundamental do
processo de shopper marketing para gerar estímulos que resultem em mais vendas da marca ou do varejista. Shopper marketing, nesse sentido, traz eficiência para o uso dos recursos de
marketing ao integrá-los de forma objetiva para influenciar o shopper em todos os pontos de contato com a marca. Isso demanda
pesquisa e parceria com os canais/varejistas.
Como a parte mais visível do processo ocorre dentro da loja do
varejista, seja online ou física, as marcas de produtos que investem em shopper marketing devem investir também na relação
construtiva com o varejo para satisfazer o shopper e influenciá-lo positivamente, criando uma experiência de compras interessante e diferenciada para o shopper.
WIDE4IPQQFSFUSBEFNBSLFUJOHTÆPDPODFJUPTRVFNVJUBTWF[FTTF
DPOGVOEFN1PEFSJBBQPOUBSBTEJGFSFOÇBTFOUSFFMFT
RAFAEL A satisfação do shopper e a criação de uma experiência
de compra diferenciada para marcas e varejistas estão no centro
da estratégia de shopper e trade marketing. Entretanto, shopper
marketing é o marketing para o consumidor antes e durante
o processo de compra. E, nesse sentido, ele é uma variação do
marketing ao consumidor. Já o trade marketing é um processo
que atinge o shopper por meio da parceria entre produtores e
varejistas, além de englobar também o marketing ao trade — canal
—, que trata o próprio canal como um cliente intermediário do produto e o shopper como o cliente final.
O conjunto de técnicas de trade marketing é composto em
parte de táticas de shopper marketing e parte de marketing B2B
como atividade fim. Já o shopper marketing tem como atividade
fim o marketing ao consumidor e usa a relação entre produtor e
varejista como meio para atingir a satisfação do shopper e influenciá-lo ao seu favor.
87 > MARKETING | WIDE |
99
WIDE%FRVFNBOFJSBFTTFDPODFJUPQPEFTFJOTFSJSOBXFCTPCSFUVEPRVBOEPGBMBNPTEFDPNÈSDJPFMFUSÒOJDP WIDE1PEFSJBOPTBQSFTFOUBSVNFYFNQMPCFNTVDFEJEPEFBMHVN
TJUFRVFTFVUJMJ[PVEPTIPQQFSNBSLFUJOH
RAFAEL O conceito é completamente cabível para o e-commerce. De fato, o shopper marketing na prática funciona melhor
no e-commerce, porque a plataforma eletrônica permite uma
segmentação mais eficaz dos shoppers e a customização de
ofertas mais relevantes para o público-alvo. A Amazon, com suas
indicações de livros, é o melhor exemplo disso. A taxa de acerto
das preferências do shopper é muito alta. Na prática, no mundo
virtual, é possível chegar a ter uma “loja” com ofertas diferentes
para cada usuário. Isso já é mais difícil no mundo físico, onde a loja
deve agradar ao público predominante, mas vai certamente, invariavelmente, deixar alguns desapontamentos entre os shoppers.
RAFAEL Gosto muito da lista:
Na ausência de evidências físicas, de pessoas e de processos
claramente expostos — característicos dos varejos tradicionais e
essenciais na gestão de serviços —, os varejistas encontram diversas formas de superar essas barreiras e estimular a decisão de
compra do shopper. Assim, mostro na tabela alguns exemplos de
como varejistas virtuais podem utilizar e aplicar os conceitos e a
jornada de compras do shopper para desenvolver e implementar ações de shopper marketing, com o intuito de influenciar o
comportamento do shopper em cada etapa.
100
| WIDE | 87 > MARKETING
WIDE$PNPÈGFJUBBNFOTVSBÇÆPEBTBÇÕFTRVFVUJMJ[BNFTTFDPODFJUPOBJOUFSOFU RAFAEL Basicamente, as métricas são as mesmas do mundo
físico: indicadores de fluxo, visibilidade, conversão e vendas. A
forma de cálculo pode variar muito, até porque o mundo mobile
está se fundindo com a internet tradicional e social e ainda estamos por ver um conjunto de indicadores amplamente aceito por
agências, search engines, fabricantes e varejistas. O Google tem
feito um trabalho muito intenso de aproximação ao mundo do
shopper marketing, por meio de suas ferramentas de apoio a análise, e às agências de marketing.
WIDE $PNPWPDÉFOYFSHBPEFTFOWPMWJNFOUPEPTIPQQFSNBSLFUJOH
OP#SBTJM +ÁFYJTUFEFNBOEBEFQSPŢJTTJPOBJTDBQBDJUBEPTOPQBÌT
RAFAEL Acho que o brasileiro aprende rápido e já está se movimentando para entender como aplicar a estratégia de shopper
marketing. Temos que tomar apenas o cuidado para não “esgarçar” o termo colocando qualquer coisa sob esse guarda-chuva. Há
demanda por profissionais capacitados em pesquisa e conhecimento de shoppers, que é, de fato, o passo inicial do processo.
WIDE&NRVBOUPVNBFTUSBUÈHJBCBTFBEBOFTTFDPODFJUPQPEFDPMBCPSBSQBSBBVNFOUBSBTWFOEBTQFMBJOUFSOFU
RAFAEL Durante o “pre-shop” a internet é fundamental, pois, em
muitas categorias de produtos, o shopper pesquisa na internet
e acaba comprando nas lojas físicas. O aproveitamento desse
momento da jornada de compras, por meio da compreensão
dos motivos que levam o shopper a não comprar diretamente na
web, por exemplo, pode ser uma importante alavanca de vendas
no e-commerce.
WIDE&NSFQPSUBHFNQVCMJDBEBOB8JEF3PESJHP.BSVYPFTQFDJBMJTUBFNNBSLFUJOHFFCVTJOFTTBŢJSNBRVFhTPDJBMDPNNFSDFÈ
VNOPWPQSPDFTTPEFWFOEBCBTFBEPFNQSPEVUPTFYQFSJÉODJBT
FFYJHÉODJBTEFDPOTVNJEPSFTFNSFEFTTPDJBJTFOÆPUÆPNBJT
GPDBEPFNNBSDBTFDPODFJUPTEFOUSPEBQSÑQSJBMPKBWJSUVBMv2VBM
TFSJBPQBQFMEBTNÌEJBTTPDJBJTOPDPOUFYUPEPTIPQQFSNBSLFUJOH
BQMJDBEPOBXFC
RAFAEL Qual é o papel dos cafés que existem dentro das livra-
rias? Criar experiências agradáveis e mais naturais para o shopper.
Nesse sentido, a integração de mídias sociais — gosto muito do
yoox.com e do backcountry.com como exemplo de integração —
é fundamental. O próprio Groupon já lançou nos Estados Unidos,
em maio, a versão location based de seu produto. Acho que a integração de espaços de convívio, compras e conhecimento é natural para o ser humano, e isso ocorrerá também na web.
WIDE4FVMJWSPBQPOUBRVFQBSBJOŢMVFODJBSPTIPQQFSÈQSFDJTP
BOUFTDPOIFDÉMP&BTQFTRVJTBTTPCSFPDPNQPSUBNFOUPEPTTIPQQFSTTÆPDPOIFDJEBTUBNCÈNDPNPhDJÉODJBEBTDPNQSBTvUBMÈB
TJNJMBSJEBEFDPNQSPDFTTPTEFJOWFTUJHBÇÆPDJFOUÌŢJDB7PDÉQPEFSJB
DPNFOUBSTPCSFPTNÈUPEPTVUJMJ[BEPTQBSBFTTFUJQPEFQFTRVJTB
GBMBOEPFTQFDJŢJDBNFOUFEPVOJWFSTPEJHJUBMPFDPNNFSDF
RAFAEL De fato, não é necessário usar novas tecnologias de
pesquisa para conhecer o shopper; as antigas são perfeitamente
adequadas. Entretanto, existe um problema. Quando perguntamos ao shopper o que ele quer, quanto está disposto a pagar, se
gostou desse produto ou daquele e por que caminhou pela loja
de uma determinada forma, a resposta é muito imprecisa. Isso
ocorre porque no processo de compra estamos muitas vezes
no “piloto automático” e não estamos cientes do que estamos
pensando; também esse interrogatório está sujeito a respostas
não verdadeiras.
As pesquisas mais precisas na ciência das compras são as
que envolvem a observação do shopper sem perguntas. O uso
de tecnologias de reconhecimento de imagens de vídeo, rastreamento do globo ocular e medição de ondas cerebrais estão
muito na moda no ambiente físico. Na internet, as preferências
podem ser medidas diretamente por meio de palavras-chave,
os padrões de navegação podem ser armazenados e estudados
individualmente com algoritmos especializados, até mesmo o
valor das compras, frequência de compra e compras correlacionadas podem ser rastreados e analisados para criar ações que
antecipam os passos do shopper e entregam ofertas relevantes
para as suas necessidades. A internet é o paraíso do shopper
marketing. Lá, a pesquisa é facilitada pelo meio, a informação.
Entretanto, a criação desses algoritmos demanda investimento
contínuo e muita análise, algo que pode ser muito compensador no momento em que o tamanho do e-commerce, principalmente, se estabilizar e a competição atingir níveis semelhantes
aos do varejo físico. Conhecer o shopper agora é um seguro para
o futuro dos negócios via web.
WIDE2VBMBNFOTBHFNQSJODJQBMRVFPTFVMJWSPTFQSPQÕFBUSB[FS
RAFAEL O mais importante é que o leitor do livro conseguirá
compreender que consumidor e shopper têm expectativas diferentes com relação às marcas e, por isso, ao conhecê-los por meio
de pesquisa e observação, é possível ter insights que podem
gerar vendas imediatas. O leitor também será capaz de compreender como isso pode ser feito em sua empresa por meio de
métodos e exemplos práticos. Além disso, um website de apoio
(www.trademkt.net) traz material adicional que pode ser consultado pelos leitores.
87 > MARKETING | WIDE |
101
MARKETING
Marketing de conteúdo Bruno Rodrigues
Faça seu conteúdo valer
Esperar retorno de investimento de um conteúdo produzido ainda é visão de poucos. Não me
refiro a conteúdo pelo conteúdo — “onde” ele está,
“se” ele é encontrado ou “quanto” se paga por ele.
Conteúdo pode e precisa gerar retorno pela informação que transmite.
O que aproxima um conteúdo do que se espera dele? É
possível trabalhar aspectos e características que deem à
informação uma roupagem mais objetiva, focada — business, mesmo?
Sim, mas é preciso trabalhar na base, na origem da informação.
Ao estudar os atributos de um conteúdo (utilidade, consistência,
abrangência e perenidade), é possível encontrar boas soluções:
q 6UJMJEBEF – Quem consome conteúdo digital tem cabeça de
buscador: ele quer a informação do jeito que ele pediu e pensou.
Nossa tarefa é aproximar essa expectativa do que há a oferecer.
O conceito da objetividade em webwriting é muito semelhante
à utilidade — se é o que o usuário procura, do jeito que ele quer,
então é porque é útil. Não é útil? Você pode (até) trabalhar firulas
em camadas de detalhamento (as páginas de “veja também”),
mas o tempo que você está investindo em seu trabalho, assim
como o que esperam de conteúdos realmente úteis que ainda há
para produzir, merece muito mais atenção, sinceramente.
q $POTJTUÊODJB – No meio digital vale a informação formatada,
embalada, etiquetada. É preciso seguir normas rígidas. Por isso,
ao elaborar um conteúdo, não há espaço para criatividade —
atenção: na forma, não no (literal) conteúdo. Se um conteúdo precisa atender a requisitos como usabilidade, SEO, acessibilidade
e direito digital, é como uma linha de montagem: cada procedimento precisa ser obedecido para que o produto chegue com
a qualidade esperada ao consumidor. Criatividade? Ah, sim, há
no design de um “produto”, em suas características, etc. Mas, não
na forma, na maneira de produzir. Consistência, em conteúdo,
depende de obediência a regras — e não é todo mundo que lida
bem com isso. Não indico webwriting para estes, portanto.
q"CSBOHÊODJB – Quer produz conteúdo deve ter a missão, quase
obsessiva, de transformar qualquer informação em referência
102
| WIDE | 87 > MARKETING
número 1 dentro de sua área. A melhor e mais abrangente de
todas, capaz de alçar qualquer página ao topo do Google. Sem
espaço para concorrentes — mesmo. Abrangência, em informação, é cercar o que de fato importa. Por vezes, o que é relevante
em um conteúdo é o “como” e o “quando” da informação, e é dissecando esses aspectos que se atinge a abrangência, a capacidade
de atrair para sua página o que o público não encontra em outras.
Ser abrangente não é despejar toneladas de detalhes inúteis no
colo de quem irá consumir um conteúdo, mas entender que a
profundidade de alguns dos aspectos é que pode tornar a informação ampla e imprescindível. Uma informação abrangente não
é aquela que cresce para o lado, mas a que se aprofunda em pontos minuciosamente selecionados.
q 1FSFOJEBEF – Pensar que um conteúdo permanecerá para
sempre é realidade — e uma necessidade. A informação que foi
elaborada hoje precisa estar preparada para sobreviver, pois
estará disponível amanhã (e depois de amanhã). Situe sua informação no terreno do atemporal, tire o ranço — e o vício — do real
time do conteúdo. Pense que está produzindo para a Wikipédia,
que seu conteúdo é um verbete. As chances de sobrevivência
serão bem maiores; isso sem falar no valor da informação, que,
com o trato que você estará dando, continuará alto.
Bruno Rodrigues
Consultor de Informação e Comunicação Digital, autor do primeiro
livro brasileiro e terceiro no mundo sobre conteúdo online, Webwriting
– Pensando o texto para a mídia digital (2000), de sua continuação,
Webwriting – Redação & informação para a web (2006), e de Padrões Brasil
e-Gov: Cartilha de Redação Web (2010), padrão brasileiro de redação web.
Já ministrou treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação para
mais de trinta empresas do Brasil e do exterior.
4JUFwww.bruno-rodrigues.blog.br
&NBJM [email protected]
5XJUUFS @brunorodrigues
87 > MARKETING | WIDE |
103
Web fora da caixa
René de Paula Jr.
Sessão da tarde
Estava eu num evento (e costumo estar em um monte
de eventos) quando o moderador do painel (participo
de um monte de painéis) perguntou para uma das
panelistas por que a empresa dela investia tanto em
shows de música em vez de apostar mais na internet.
Ela explicou que sim, fazia um monte de coisas na
internet (e faz mesmo), mas que experiências coletivas e presenciais eram importantes. Peguei carona na
questão (sempre faço isso, não consigo me controlar)
e perguntei ao perguntador: se você acha que internet
é melhor que evento, por que essas 150 pessoas pagaram uma boa grana para sentar na nossa frente?
Pois é. Em inglês diriam que eu sou muito
“vocal”, mas em português fica melhor:
sou meio bocudo. Falo mais do que a situação comporta. Um dia me abatem a tiros.
Enquanto isso não acontece, sigamos aqui
conversando.
Nessas poucas frases que escrevi até
agora, plantei uma sementinha disfarçada
do tema deste texto. Releia.
ACHOU? EU CONTO: “mais do que a situação
comporta”. Ok, a frase passa batido, não
tem nada demais. Estou, afinal, falando de
algo que é senso comum: alguns tipos de
comportamento não caem bem em certos
momentos, é ou não é?
É. E é por isso ser tão óbvio que quero
chamar a sua atenção. Nada mais pernicioso, traiçoeiro e estagnante do que
104
| WIDE | 87 > MARKETING
aquilo que a gente acha “natural”.
Pensemos na história do bode preto no
meio da sala. O problema é o bode ou é a
sala cheia de gente fresca?
Questionar algumas coisas de digital,
sobretudo em ocasiões sociais, está se tornando tão impróprio quanto o tal do bode
preto. E isso por culpa não do bode, mas
daquilo que o digital está se tornando: um
consenso geral, uma ação entre amigos,
um (e isso é bem provocativo, eu sei) culto.
Nesse mesmo evento que mencionei
eu soltei um #desaforismo: quem trabalha com digital apanha todo dia, mas
aí vai a um evento ouvir um bom pastor reforçar os dogmas e volta com a fé
renovada para continuar apanhando. A
plateia riu, claro, embora isso não fosse
exatamente uma piada. ;)
Quer um sinal de que esse consenso
todo é quase religioso? Preste atenção
em quanta gente fala sobre O Digital, As
Redes ou A Internet como se fossem algo
místico, em letras maiúsculas, algo sobrenatural com direito a textos sagrados e
dez mandamentos. Pensem em quantas
vezes vocês viram algum guru iluminado
falando do futuro como se fosse um novo
Paraíso, uma nova Terra Prometida onde
os males do mundo não existem mais.
Todo mundo adora, claro, mas o que esses
caras estão fazendo é apelar para o seu
inconsciente mais profundo, é manipular
anseios antigos e que, no mundo de hoje,
estão meio abandonados mesmo. E eu
não gosto disso.
Parte da culpa é nossa mesmo, é da
maneira como nossa percepção funciona.
Por alguma razão qualquer (ou desrazão
também) achamos que, se algo é bonito,
deve ser verdadeiro. Já fizeram, inclusive, testes científicos para demonstrar
isso: pegaram uma ideia e a apresentaram
escrita sem maiores cuidados, e as pessoas
acreditaram mais ou menos. Passaram a
mesma ideia num texto lindo e poético… e
adivinhem: acreditaram muito mais.
A QUESTÃO É: FRASES BONITAs não resolvem problemas. Na verdade, ideias açucaradas disfarçam problemas. E o que é
pior: essa melosidade toda cria ojeriza a
problemas. E eu digo: problemas são algo
bom (a menos que você tenha vindo à
vida a passeio, claro).
Eu tenho cá para mim que vale muito
mais quem descobre bons problemas do
que quem acha soluções para o que não
“O digital está se tornando: um consenso geral,
uma ação entre amigos, um (e isso é bem
provocativo, eu sei) culto”
importa. Dizendo de outra maneira: para
mim valem mais novas perguntas do que
velhas respostas. E hoje em dia está superdifícil achar gente capaz de fazer boas
perguntas: todo mundo já chega com um
arsenal de respostas prontas na mão.
Como escapar dessa conspiração tão
simpática? Como não cair na tentação
dessa comunhão de (falta de) ideias?
Como não fazer parte dessa onda? E aí
caímos de novo em outra armadilha invisível: essa nossa mania brasileira de sermos legais, essa nossa dependência afetiva de pertencer a um grupo legal, esse
nosso pânico de ser diferente e original e
isolado e sozinho.
CURIOSAMENTE (e para a minha alegria),
as pessoas mais originais e “fora da caixa”
que tenho visto nos últimos tempos estão
onde ninguém imagina: no interior de São
Paulo, no interior de Minas, em Cuiabá,
Goiânia, Londrina, justamente pelo fato
de estarem fora do circuito “internet sessão da tarde”, justamente por estarem
longe das grandes agências, dos minicoopers e dos shopping centers descolados.
Esses caras estão muito mais atentos à
real revolução que está acontecendo, e
não estou falando de alguns milhares de
felizardos comprando smartphones top,
mas sim de 3,5 milhões de PCs comprados
em apenas três meses majoritariamente
pelas classes C e D.
Essa mesma classe C que está comprando computador pela primeira vez
na vida não está preocupada em ser cool
ou fashion: essa moçada vê a tecnologia
como uma oportunidade de melhorar de
vida, de comprar melhor, de se educar.
Eles estão se apropriando dessas ferramentas novas de maneiras que a gente
nem desconfia.
Claaaaro que é mais legal ficar ouvindo
gringo ou ficar babando ovo nos ganhadores de Cannes do que tentar entender a
nova classe média digital brasileiríssima,
mas virar as costas para esse milagre é tão
insano e irresponsável quanto o Baile da
Ilha Fiscal.
Não conhece essa história? Procure
no Google. “Taí” uma tolice que não Vale a
Pena Ver de Novo.
René de Paula Jr.
É profissional de internet desde 1996, passou
pelas maiores agências e empresas do país:
Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco
Real ABN AMRO, Microsoft Brasil. É criador da
“Usina.com”, portal focado no mundo online, e
do “Radinho de pilha” (www.radinhodepilha.
com), comunidade de profissionais da área.
Atualmente trabalha na área de relacionamento
com desenvolvedores na Locaweb.
&NBJM [email protected]
87 > MARKETING | WIDE |
105
Wide Thinking
João Batista
A realidade é virtual
Um título desses dá até um pouco de receio de
explicar. Por mais que sejam quase opostos em sua
definição primária, ao colocar essas duas palavras
no contexto sociocultural — e até econômico — de
hoje, o significado ganha novo sentido. Claro que
estou considerando as camadas da sociedade que
têm acesso a internet.
106
| WIDE | 87 > MARKETING
Para os que chegaram a esse mundo por
meio de “download” (geração Y), tudo
isso parece muito normal. Entretanto,
ainda convivemos com gerações (BB e X),
que ocupam grande parte do poder, cuja
maioria não entende a internet enquanto
meio universal de acesso a informação
com economia de tempo, o mais valioso
dos ativos. O fato social é que estamos
vivendo numa era de conceitos novos
e emergentes que aposentará precocemente os que não se esforçarem para utilizar os novos códigos.
Uma passada rápida por números que
embasam uma fatia desse meu raciocínio. As operações bancárias na internet
(30,6%) superaram as realizadas nos caixas eletrônicos (29,8%). Os e-consumidores já atingiram os módicos 27,4 milhões
(e-bit), dos 77,8 milhões internautas brasileiros (Ibope), que compram produtos ou
serviços. Já no Facebook, os participantes
no Brasil ultrapassam 30 milhões entre os
45,4 milhões que acessam a internet.
A internet trouxe, mais do que tudo,
democratização pela relevância nas
escolhas e facilidades. As filas de bancos,
as lojas tumultuadas e os caixas de supermercados ganharam um novo concorrente. Se o consumidor quiser, ele pode
escolher rejeitar qualquer um dos incômodos citados. E mais, pode ter acesso
a um universo de informações e, além
disso, falar com amigos, família e outras
pessoas não conhecidas no mundo
físico. Blablablá… Todo mundo sabe disso,
não é verdade? Mas, não estou aqui
“A internet trouxe, mais do que tudo,
democratização pela relevância nas escolhas
e facilidades. As filas de bancos, as lojas
tumultuadas e os caixas de supermercados
ganharam um novo concorrente.”
redescobrindo a América ou inventando
o macarrão. Assim como existe a afirmativa Retail is detail, a questão aqui, meu
caro leitor, é justamente o detalhe.
Ora, se abro o computador e vou ao
banco com um clique, compro comida,
remédios, viagens, compareço ao trabalho com dois cliques, faço interação
via Messenger, Skype, Facebook, envio
email com meus relatórios para clientes
ou minha equipe, faço ligações, vejo o
que acontece na vida de meus amigos e
colegas e participo com comentários e
sugestões ao entrar no meu browser, na
verdade estou compartilhando e acessando quase tudo de minha vida, o que
define meu comportamento, o eu online.
E, o mais engraçado é: eu uso esse
ambiente virtual para marcar interações
sociais na realidade. De reuniões a unir
os amigos a alguma mesa de bar. É mais
fácil via e-mail ou Facebook do que ligar
para todos, um a um, como fazíamos antigamente, em um passado bem próximo.
A realidade está se construindo numa
extensão do virtual. Capiche?
SE PRIMEIRAMENTE EU ACESSO O AMBIENTE
virtual para construir o cenário da realidade, a pergunta que não cala é: o que
acaba sendo real para mim? Um estudo
também que afirma que mais de 60% das
pessoas acessam seus smartphones antes
de sair da cama pela manhã. Afinal a realidade é a “percepção” da realidade.
Vamos voltar às definições mais acessíveis. Realidade, segundo o Michaelis,
é qualidade do que é real. O que existe
realmente. E virtual é o que não existe
como realidade, mas sim como potência
ou faculdade. O que equivale a outro,
podendo fazer as vezes deste, em virtude
ou atividade. O virtual é o que é suscetível de exercer-se embora não esteja em
exercício; potencial. Possível.
Embananou os neurônios? Repare,
porém, o aumento de pessoas usando
seus smartphones no meio de jantares,
casais sentados um de frente ao outro e
consultando seus smartphones, grupo
de amigos mostrando vídeos uns para os
outros, lendo posts — ou cada vez mais
pessoas fotografando algo na rua para
postar usando o Instagram ou Twitter.
Elas poderiam interagir com a pessoa ao
seu lado, mas escolheram enviar o registro daquele momento para a sua comunidade virtual.
Você deve pensar, talvez, que eu
esteja tentando provar que a internet é
a nova realidade. Mas, não. Leia o título
atentamente. Quero dizer o contrário.
Para você estar nela, a tal da realidade,
você a coloca no mundo virtual para
mostrar que existe. Logo, o estado civil
será chancelado pelo seu status no
Facebook. Casado, solteiro, divorciado,
num relacionamento sério? Do lado das
empresas, como mostrar credibilidade
sem um bom site e, agora também, site
mobile? Qual empresa pode afirmar
que tem transparência ou comunicação
com seus clientes e consumidores se ela
não está ativamente nas mídias sociais?
Que profissional não tem seu currículo
no Linkedin? Quem é você? O que sua
empresa faz?
Para finalizar, o seu avatar tem mais
credibilidade do que você ou a sua
empresa ao vivo. É ele quem dá suporte
e crédito à sua versão de carne e osso ou
ao CNPJ que paga impostos. Para você
ser alguém hoje, precisa estar online, em
qualquer lugar, wide.
Ligue-se neste conceito: “to be wide is
to be on”. Eu online.
João Batista
Engenheiro Industrial, é titular da J2B
Innovation, consultoria Business Branding.
É fundador e diretor de Comunicação do
RDI – Retail Design Institute – Chapter Brasil,
entidade mundial de designers de varejo.
Trabalhou na ONU como responsável pela
Direção Geral do Fórum Global na Eco 92,
no Rio de Janeiro. Com escritórios em São
Paulo, a partir de 2001, atuou como Regional
Manager para A. Latina da Divine Inc. e da
FastComm. A J2B realizou vários eventos no
Brasil e no exterior, entre eles o Brasilshop de
2007 e 2008 para a Alshop, NRF2008 & Luxo
em NY, NRF2010 & Design Estratégico para o
Varejo e NRF2011 & Varejo 3.0, ambos em NY.
87 > MARKETING | WIDE |
107
e-commerce
-commerce
UM NOVO MODO DE FAZER
NEGÓCIOS ONLINE
Por Thiago Almeida
Se você nunca ouviu falar de f-commerce, fique atento a essa expressão. Trata-se
da mais nova tendência do e-commerce, um novo modelo de fazer negócios
online que já conquistou grandes marcas e lojas, e que está se espalhando mundo
online afora. Se você ainda não conhece, o beabá dessa nova tendência é bem
simples. O “f” vem de Facebook e “commerce”, como você sabe, é comércio. Logo,
f-commerce é o comércio dentro do Facebook, ou seja, a ação de montar negócios, divulgar produtos e serviços e, principalmente, vender dentro da maior
rede social do mundo, hoje utilizada por mais de 750 milhões de pessoas, que
postam cerca de 4 bilhões de mensagens, entre textos, vídeos e músicas. Sem
dúvida, a grande sacada do f-commerce é oferecer a oportunidade de o usuário
do Facebook comprar produtos sem precisar sair da rede social. Ou seja, ele tem
a chance de consumir enquanto mantém um chat com os amigos, atualiza seu
mural, publica fotos, compartilha notícias etc.
E-COMMERCE
V
ocê já pensou em utilizar o Facebook
como local de vendas? Se a resposta
é sim, aproveite o momento. A criação de lojas virtuais vem crescendo
no Brasil e, principalmente, dentro
dessa rede social, que hoje conta com milhões de usuários no
mundo —– só no Brasil, a rede social criada por Mark Zuckerberg
já atingiu 30,9 milhões de usuários únicos, o que corresponde
a 68,2% dos internautas que acessam a internet do trabalho ou
em domicílio, de acordo com pesquisa feita pelo Ibope Nielsen
Online. E nesse processo, o ano de 2011 foi determinante na
grande mistura do comércio eletrônico com as redes sociais -—
resultando na tão falada experiência de comprar em grupo ou
Social Commerce. Ora, se o comércio eletrônico soma milhões
de consumidores e de vendas, e o Facebook possui inúmeros
usuários e recursos de interatividade, nada melhor do que integrar esses dois milionários para alcançar novos negócios.
O conceito de e-commerce social ainda é considerado embrionário no Brasil. Porém, ao passo que novos conceitos avançam,
a velocidade de aplicação torna-se igualmente proporcional às
novidades. O Facebook, atento a esse verdadeiro turbilhão de
novas tendências, criou “a menina dos olhos” de varejistas e usuários virtuais: uma ferramenta específica para e-commerce.
Você já consegue imaginar o seu seguidor comprando online
dentro da rede social? Agora imagine o seu e-consumidor
criando uma página virtual da loja. Para Natan Sztamfater, CEO da
Agência Digital CookieWeb, a loja online na rede social permite
alta interação dos usuários, bem como integração das dinâmicas
ferramentas do Facebook com todo o processo de compra.
“Se o fato de podermos integrar o Facebook na loja virtual já
era um grande passo, a facilidade de colocar a loja virtual dentro
da rede social é um valiosíssimo salto. Acredito que, muito além
disso, caminhamos para um lugar antes inimaginável. A plataforma disponível no Facebook para uma loja virtual pode dar
muito mais asas do que sonha a nossa vã filosofia. Se divulgar o
serviço de uma boa loja já era prazeroso, imagine você ganhar
para fazer isso? Até 2014, há grandes chances de que cada brasileiro possa ter sua loja virtual na internet”, aposta.
O CEO da CookieWeb assegura que integrar uma loja virtual
ao Facebook é o grande e primeiro passo que deve ser dado e,
claro, com ferramentas e profissionais preparados para fazer dela
o grande alvo de suas vendas. Essa nova e genial ideia permite
uma infinidade de coisas, sendo a mais importante a capacidade
de viralização quase que automática da marca.
“Chegamos a um novo caminho. O consumidor dita as regras
por conta da variedade de oferta, ainda maior que a demanda.
Amadores e profissionais pegam carona em prol de um mesmo
objetivo: ganhar dinheiro. Os profissionais antecipam e aplicam
tendências. Na era das redes sociais, não há espaço para o amadorismo. Quem define se algo é bom ou ruim, excelente ou péssimo é o consumidor;, ou melhor, o e-consumidor. Ele fala mal ou
bem da sua marca, ele pode vender ou não. Tudo depende do
processo plantativo de quem priorizou cuidar de um bom produto e serviço no ambiente digital”, afirma.
Nesse processo, torna-se fundamental conhecer recursos
criados com a finalidade de ampliar os negócios. Confira três
boas opções existentes para integrar uma loja online dentro de
um perfil no Facebook.
CARTTINI
Com o Cartinni, é preciso criar uma conta e informar os produtos que serão vendidos, com preço, frete, fotos, comentários e
formato. Há a possibilidade de escolher produtos do seu banco
de dados, ou seja, você não precisa ter previamente um site de
comércio eletrônico.
VENDINGBOX
É um sistema de criação de lojas virtuais que pode ser integrado
em uma página do Facebook, oferecendo personalização estética, vários idiomas e integração com outras plataformas de
e-commerce.
INFUSED COMMERCE
Opção não -gratuita que permite configurar uma loja adicionando elementos, incluindo formas de pagamento e frete, oferecendo um sistema muito simples, com boa usabilidade, para
qualquer usuário do Facebook.
87 > E-COMMERCE | WIDE |
109
E-COMMERCE
Magazine Luiza e seu novo jeito
de fazer negócio nas redes sociais
Com o objetivo de explorar o poder das redes de relacionamento
na internet, o Magazine Luiza foi a primeira empresa a executar
um plano de fazer negócios pelas redes sociais, ou seja, a primeira organização a ter uma espécie de “divulgadores”, trocando
o “porta a porta” pelo “clique a clique”. É o caso do Magazine Você
(migre.me/5LBeA) , uma loja personalizada, na qual o usuário da
rede monta uma vitrine e pode vender qualquer produto do
Magazine Luiza e escrever dicas que ajudem seus amigos a comprar certo. A vitrine de cada perfil pode ser montada com produtos exclusivos de uma linha, como esportes, tecnologia ou decoração, por exemplo.
A estratégia permite aos usuários receber dicas de pessoas
de confiança, encontrar produtos e comprá-los em um só lugar.
Segundo um levantamento da Internet Retailer, 67% dos compradores gastam mais online depois de receber recomendações de amigos.
“Transformamos a venda de porta a porta no clique a clique.
Inicialmente, foi um processo intuitivo, muito comum em nossa
empresa, nas relações pessoais e também comprovado por pesquisas do setor, especialmente aquelas que confirmam que as
pessoas compram por influência de amigos. Ninguém conhece
melhor seu amigo do que você, por isso, ele terá a melhor sugestão
possível de produto, da maneira mais fácil e prática possível. Além
disso, o divulgador está sempre antenado no que seus amigos precisam, seja pelo mural do Facebook como ‘adivinhem, perdi meu
celular novamente’, até ‘alguém sabe se já é hora de comprar uma
TV 3D?’ ou por aquela conversa na mesa de bar, você pode indicar
antes mesmo de alguém pedir”, explica Frederico Trajano, diretor
de Vendas e Marketing do Magazine Luiza.
Com a estratégia, o Magazine Luiza muda os moldes conhecidos de negócio nas redes de relacionamento, possibilitando um
contato ainda mais direto entre a empresa e seus potenciais consumidores, via internet.
Quando se fala de social commerce, é difícil encontrar um
grande varejista online brasileiro que seja referência nesse
modelo de negócio. Grandes e-commerces até oferecem espaços para comentários, trocas de experiências, mas nada tão
expressivo. Com base nessa carência de mercado, o Magazine
Luiza procurou conhecer e explorar essa nova tendência, e o
resultado foi positivo.
“Quando estudamos o social commerce no Brasil e no mundo,
notamos que não existia referência. Não havia quem se destacasse
ou saísse do social shopping, das interações de campanhas e atendimento. Por isso, nos empenhamos em fazer algo que fosse relevante para as pessoas e que, ao mesmo tempo, fosse o mais social
possível para cumprir a promessa principal. Apesar de o foco ser
nacional, recebemos contatos de empresas do mundo todo querendo conhecer mais o projeto para estudo e possíveis aplicações
por empresas de outros nichos”, afirma Trajano.
O diretor da varejista conta que o período de adaptação ao
projeto foi recebido com muito sucesso. Antes mesmo de ser
110
| WIDE | 87 > E-COMMERCE
lançado, foi executado um projeto-piloto com familiares de funcionários, recebido com muita empolgação. “Como nenhuma
pessoa sabia o que era o projeto até chegar ao teste em si, a surpresa foi enorme e altamente positiva. Foi um misto de empolgação de renda extra para a família, com a simplicidade de uma loja
já inserida nas redes. Além disso, muitas pessoas destacaram que
já eram autoridades em suas redes para determinado assunto,
como bebês, por exemplo. Assim, acharam que seria muito
melhor indicar um produto bom para comprar e ainda ganhar
uma comissão por isso”, explica.
FREDERICO TRAJANO DEU DEZ DICAS EXCLUSIVAS À WIDE PARA VOCÊ TER UMA LOJA DE
SUCESSO NO FACEBOOK. CONFIRA E INVISTA:
1. ESCOLHA UM TEMA PARA A SUA LOJA
Os assuntos de que você gosta, conhece mais e pode indicar aos
seus amigos.
2. ESCOLHA PRODUTOS CONHECIDOS
Pense bem nos produtos que você colocará em sua vitrine. Escolha
aqueles que você conhece e que a sua rede de amigos irá curtir.
Opções para montar uma loja com a cara do divulgador não faltam.
3. FIQUE ATENTO ÀS SAZONALIDADES E ÀS TENDÊNCIAS
As datas mais importantes do varejo são: Dia das Mães, dos
Namorados, das Crianças, dos Pais e Natal. Chegando perto dessa
data, vista sua loja com as melhores sugestões de presentes, que
certamente você terá muitas visitas. Além disso, vale ficar atento aos
lançamentos e às tendências que com certeza vão influenciar em
suas vendas.
4. PESQUISE E ESCREVA SUA OPINIÃO
Pesquise sobre produtos em blogs, fóruns e escreva sua opinião
sobre cada um. Esse é o diferencial da sua loja.
5. DIVULGUE POR E-MAIL, BLOG, TWITTER
Divulgue sua loja em seu perfil e peça aos seus amigos para curtirem. Indique o produto que seu amigo precisa, compartilhe as ofertas e conte as novidades na sua vitrine. Você também pode divulgar
por email, blog, Twitter e outros meios colocando o link da sua loja.
6. FAÇA UMA FANPAGE
Você pode fazer uma fanpage só sua e aplicá-la ao seu perfil. Aí, seus
amigos irão conhecer e interagir com a sua loja!
7. CRIE UM ÁLBUM DA SUA LOJA
No Facebook você pode criar um álbum só da sua loja e postar as
ofertas do dia ou as sugestões de compras, de acordo com a dica 3.
Assim, você consegue separar as suas fotos de família e, ao mesmo
tempo, divulgá-las.
8. PEÇA OPINIÃO DOS SEUS AMIGOS
Depois de o seu amigo comprar na sua loja, ele pode fazer uma avaliação geral, que é pública, e assim todos poderão ver que ele comprou com você. Além disso, você pode perguntar a opinião deles
sobre a sua loja, seus produtos, como você pode melhorar…assim, a
sua loja fica cada vez mais com a cara dos seus amigos.
Segundo projeções da Empresa de Inteligência e Comércio
Eletrônico (e-bit), o e-commerce deve faturar cerca de US$ 4 bilhões
em todo o mundo este ano, e especialistas preveem que em 2015
chegue a US$ 30 bilhões. No Brasil, o faturamento pode chegar a R$
18,7 bilhões em 2011, registrando um crescimento de 36% em relação ao ano passado, quando faturou R$ 14,8 bilhões.
LIKESTORE -– SERVIÇO DE LOJAS VIRTUAIS NO FACEBOOK
9. NÃO EXAGERE NAS PUBLICAÇÕES
Fique atento para não incomodar muito seus amigos. Afinal, o objetivo maior é ajudá-lo, e não enchê-lo de informações.
10. COMPARTILHE COM OUTROS DIVULGADORES
Na página do Magazine Você é possível interagir com outras pessoas que têm loja. Dessa forma, você pode pedir dicas de como vender mais determinado produto ou também dar dicas.
Fonte: Frederico Trajano
DESAFIOS
O principal objetivo, segundo Frederico Trajano, é atingir um
público que ainda não tem contato com a marca, pois, segundo
ele, ao entrar nas redes sociais é possível conseguir o aumento do
alcance. Principalmente por meio do boca a boca e com a capilaridade necessária, pois nos canais de mídias tradicionais essa
tarefa é mais árdua, além de não contar com o melhor consultor
de vendas: você para seus amigos.
“Nossa meta é fazer um número expressivo de lojas, em torno
de dez mil, mas fazê-las de forma que os divulgadores interajam
com a gente, peçam melhorias, dicas, compartilhem experiências de sucesso uns com os outros. A ideia é que possamos dar as
melhores dicas do varejo brasileiro a fim de toda a rede crescer
sustentavelmente.”
O projeto, que já vem sendo desenvolvido há um ano e foi
lançado em agosto último, já conta com cerca de mil lojas, além
das centenas de interessados em fazer parte e começar a faturar. O assunto teve efetiva repercussão no Brasil e no mundo.
Trajano lembra, ainda, que essa primeira fase é voltada para
familiares de funcionários e, posteriormente, será aberta para
pessoas interessadas a se cadastrarem, porém esse prazo ainda
não está definido.
A PSICOLOGIA EXPLICA:
No F-commerce, o consumidor encontra menos barreiras para concluir sua compra – a oportunidade de comprar está literalmente a
um clique de mouse. Assim, diminuem as chances de ele desistir
no meio do processo e aumenta o apelo às compras por impulso.
Ou seja, é tudo tão simples e rápido que a mente racional não tem
tempo de entrar em ação, e o consumidor cede rapidamente à tentação do consumo.
Fonte: Paul Marsden, A psicologia do consumo.
A LikeStore (www.likestore.com.br) é outra empresa brasileira que
lançou uma ferramenta que permite a usuários do Facebook no
Brasil criarem sua loja virtual na rede social. Após um período
de acompanhamento do mercado, foram detectadas algumas
tendências do f-commerce. Segundo Gabriel Borges, idealizador
e diretor da LikeStore, a visão de negócio é fazer com que consumidores possam divulgar produtos para seus amigos em redes
sociais de maneira rápida e efetiva. Após constatar que no mercado americano a estratégia tornou-se sucesso absoluto, Borges
imaginou que poderia estruturá-la no mercado brasileiro, uma
vez que já temos social commerce e um país totalmente aberto
à social media.
A proposta no Brasil vem dando certo e diversas empresas
vêm se interessando pelo f-commerce. Para se ter ideia, o serviço
já superou U$ 1,6 bilhão no mercado americano. O recurso, que
é gratuito, não cobra custo de ativação nem de manutenção. A
geração de renda é comissionada de acordo com as vendas, com
o sucesso do negócio do cliente, a LikeStore fica com 2% do valor
de cada compra efetuada.
No tocante à usabilidade da ferramenta, o empresário destaca
a funcionalidade prática de um e-commerce natural, em que o
usuário pode realizar pedidos, fazer cobranças e, além disso, tem
a possibilidade de indicar outros amigos de sua rede de contatos.
“Mesmo sem comprar, pode-se ‘curtir’ o produto, e isso aparece
no mural. E se um amigo clica, ele cai diretamente na página
do produto. Uma vez que essa dinâmica acontece, quando um
amigo meu clica/curte posso acompanhar o que ele já comprou
em outras vezes. Estamos falando de social media dentro de
experiências de e-commerce”, explica.
Já o trabalho de divulgação da ferramenta para as grandes
empresas e, sobretudo, como tem sido a recepção para empresários mais tradicionais são outros dois pontos a serem levados
em consideração. Gabriel reconhece que a ideia do e-commerce
no país ainda não é maturada em sua totalidade. “É como se as
empresas já enxergassem potencial, porém ainda não conseguiram desenvolver projetos nesse sentido. Com a plataforma para
clientes da LikeStore temos visto grandes marcas apostarem e
se darem bem pela facilidade e velocidade no ar, a exemplos do
Hotel Urbano e da Joalheria Bernardes, que estão utilizando o serviço sem risco. A praticidade e a funcionalidade são destaques,
uma vez que em menos de 48 horas você já consegue colocar no
ar, vender seus produtos etc. Outra argumentação favorável se
refere à dinâmica de uso do social media do brasileiro, que nesse
quesito abraça a questão. O mercado brasileiro cresce a cada pesquisa realizada, com indicadores cada vez mais favoráveis.”
Para 2012, Gabriel Borges acredita que o social commerce
87 > E-COMMERCE | WIDE |
111
E-COMMERCE
COMO CRIAR UMA LIKESTORE?
www.likestore.com.br
Para criar uma LikeStore é necessário completar
as seguintes etapas:
1
Permitir que o aplicativo da LikeStore acesse
sua conta do Facebook:
http://apps.facebook.com/likestore-admin
2
Cadastro dos dados da sua loja: você deve
cadastrar o nome da sua loja, um breve
descritivo e alguns dados para contato.
3
&RQȴJXUD©¥RGRVHXPHLRGHSDJDPHQWR
os pagamentos realizados na loja serão
recebidos através do MoIP. Para isso, você
deverá criar uma conta MoIP para integrá-la
à sua LikeStore.
4
$VVRFLD©¥RGDVXDORMDDXPDS£JLQDGR
Facebook: a LikeStore funciona como um
aplicativo associado à sua página do Facebook.
5
Escolha dos métodos de entrega: selecione
quais métodos de entrega você vai deixar
disponíveis para seus compradores.
6
Cadastro de produtos: por último, é só
adicionar seus produtos para começar a vender.
Aplicativo Curtir e Comprar
Clique no botão
“Permitir” para liberar o
acesso da LikeStore à
sua conta do Facebook.
Confira o passo a passo completo de como montar uma Likestore
no site da Revista Wide: www.revistawide.com.br - lá disponibilizaremos o tutorial para você aumentar suas vendas pelo Facebook.
seja a grande aposta, ou, como ele mesmo diz, a plataforma
“carro-chefe”. “Ora, criar um projeto para vender e este tornar-se sucesso é algo complexo, porém essa ideia tem o nosso total
investimento e confiança. Penso que tudo que está relacionado
à integração social media é a grande aposta para o mercado
digital a partir do próximo ano. Temos uso de massa crítica de
usuários no social media, onde há muitas oportunidades para
desenvolvimento de iniciativas para outras operações, marcas
etc. Já o social branding é uma tendência diferente. Trata-se de
uma iniciativa ainda com poucas marcas explorando, e bem possivelmente veremos uma camada de inteligência de negócios
atuando em cima do uso dessa questão”, alerta.
Após o período de identidade da realidade situacional, levantamento de informações e execução do projeto-piloto, foi constatada outra importante informação: o crescimento de usuários
da classe C e, por isso, Gabriel Borges aposta, também, nessa nova
geração de movimento no cenário digital - por conta desse novo
perfil de usuários, uma vez que pesquisas já confirmam que a
classe C está comprando mais do que outras camadas sociais.
Planejamento e experimentação também foram fatores fundamentais para que a ideia desse certo. No final de maio deste
ano foi lançado o projeto-piloto de vendas pelo Facebook, em
uma parceria com o Show de Ingressos, com venda de bilhetes
para o show do Jack Johnson, em Recife. Já no mês de maio foi
divulgada a proposta no ar aos interessados. Mais de 2100 pessoas se interessaram em abrir lojas, e destas houve conversão
em 960 lojas montadas virtualmente – número expressivo e que
comprovou o sucesso da iniciativa, superando as expectativas.
Por fim, no dia 8 de agosto foi lançada em definitivo a plataforma.
Meio de pagamento
A incorporação das facilidades na LikeStore tornou-se possível
por conta do desenvolvimento de um widget (uma interface que
112
| WIDE | 87 > E-COMMERCE
integra, no caso, o sistema de pagamentos do MoIP ao Facebook)
utilizado pelo serviço.
A LOJADAREDESOCIAL.com também lançou no mercado
de e-commerce o seu aplicativo de social commerce para o
Facebook, cujo nome é “Curtir e Comprar”. O aplicativo permite
que qualquer pessoa (física ou jurídica), no Brasil, instale gratuitamente uma loja virtual em apenas alguns minutos no Facebook.
Uma das características mais importantes desse aplicativo
é que ele possibilita ao consumidor final sua permanência no
ambiente da rede social, tanto no momento da escolha do produto (compra) quanto na etapa do pagamento da mercadoria.
Isso lhe permite não só compartilhar suas preferências com relação a determinados produtos, como também comentar acerca
de suas qualidades, por meio da fruição das já conhecidas ferramentas do Facebook, tais como o botão “Like”.
Por outro lado, o aplicativo ainda possibilita ao empreendedor (lojista) o controle total de suas vendas, já que possui um
completo controle de pedidos, estoque de produtos, controle
financeiro junto ao Gateway de Pagamento Moip, gerenciamento
logístico junto aos Correios e notificações de vendas realizadas.
Vale ressaltar ainda que todo lojista, ao criar sua loja virtual,
ganha automaticamente uma URL do tipo “http://minhaloja.vendenaredesocial.com”, facilitando, assim, a divulgação dentro e
fora do Facebook .
“Na era das redes sociais,
não há espaço para o
amadorismo. Quem define se
algo é bom ou ruim, excelente
ou péssimo é o consumidor;,
ou melhor, o e-consumidor.
Ele fala mal ou bem da sua
marca, ele pode vender
ou não. Tudo depende do
processo plantativo de quem
priorizou cuidar de um
bom produto e serviço no
ambiente digital”
Outras grandes empresas que já aderiram ao f-commerce:
Coca-Cola Store Shop
https://www.facebook.com/CokeStore?sk=app_189977524185
App Store
https://www.facebook.com/AppStore?sk=app_373238694069
Starbucks
https://www.facebook.com/Starbucks?sk=app_338375791266
87 > E-COMMERCE | WIDE |
113
114
| WIDE | 87 > E-COMMERCE
87 > E-COMMERCE | WIDE |
115
Compras
SEGMENTADAS
Por Thiago Almeida
Felipe Brasil
As chamadas “compras coletivas” já mostraram ao
mercado e aos consumidores que não são apenas
mais um modismo. Trata-se de uma estratégia eficaz que vem arrebatando diversos e-consumers
em todo o mundo. Aqui no Brasil não é diferente.
Porém, institutos de pesquisa e especialistas acreditam que poucas empresas conseguirão se destacar
nessa “nova” empreitada do e-commerce. O desafio
de sempre levar ao cliente uma nova e inédita oportunidade variada por dia já é realidade na Polishop,
uma das mais eficientes e bem-sucedidas empresas
de marketing direto da América Latina.
No mercado desde 1995, é reconhecida pela criação de marcas
de sucesso e pelo lançamento de produtos inovadores, em diversos segmentos. Para falar sobre o que a empresa vem desenvolvendo estrategicamente em compras coletivas, bem como seus
diferenciais, hábitos de consumo de seus usuários, desafios do
e-commerce em uma empresa multicanal, entre outras questões,
convidamos Felipe Brasil, diretor de e-commerce na Polishop,
formado em Administração de Empresas e atuante na área de
e-commerce desde 1998. Felipe Brasil participou de projetos na
Bosch desenvolvendo B2B, PlugUse B2C, ImportExpress B2C.
116
| WIDE | 87 > E-COMMERCE
E-COMMERCE
WIDE: Em 2010, os sites de compras coletivas chegaram ao Brasil, e já
no mesmo ano viraram uma verdadeira febre entre os consumidores.
Contudo, passado o “boom” inicial, o desafio dos sites era manter-se
em um setor altamente competitivo. As compras coletivas segmentadas são, definitivamente, o diferencial para um setor tão disputado?
FELIPE: O modelo de vendas coletivas ainda é muito novo e pouco
explorado. São muitos os sites que se estabeleceram em um curto
perí odo de tempo, entretanto poucos conseguirão se destacar.
Por outro lado, quando olhamos para o tamanho do nosso mercado de serviços e produtos, vemos que ainda há muito a se explorar. Trabalhar segmentadamente será a forma de conseguir levar
ao consumidor ofertas estruturadas, mas a grande atração criada
pelas coletivas foi conseguir levar ao cliente sempre uma nova
e inédita grande oportunidade variada por dia. Isso faz o consumidor se interessar por diferentes serviços e produtos. Quando
segmentamos, passa a ser algo mais passivo do que ativo, o consumidor se interessa por um tema específico e o site passa a deixar
de ser um consultor de variadas oportunidades. Vejo as segmentações como uma forma diferenciada e adicional ao modelo atual
que vem a incrementar ainda mais as vendas por esse modelo.
WIDE: Por parte das empresas, já existe essa consolidação de mercado,
ou seja, o alcance de um nível maior de maturidade que diz respeito aos
hábitos de consumo dos usuários? Se não, o que falta nesse processo?
FELIPE: O modelo de voucher/cupom já foi uma grande quebra
de paradigma no mercado brasileiro, que não tem o hábito de
troca de cupom — ao contrário dos norte-americanos, que já possuem o modelo de cupom de troca enraizado em sua cultura.
Originalmente, as compras coletivas ocorreram por meio da
venda de produtos, mas no Brasil o grande ‘boom’ veio da oferta
de serviço (restaurantes, hotéis, clinicas etc.). Recentemente, a
venda de produtos passou a ter uma importante participação
e, desde então, esse hábito vem mudando. A experiência é diferente quando o usuário compra um voucher para ser resgatado
no local do estabelecimento e quando o voucher é trocado em
um hotsite. A interação e a comunicação são mais distantes, e
nesse ponto a Polishop faz um trabalho para que esse resgate
do voucher no hotsite seja o mais agradável (friendly) possí vel,
para que não surja qualquer tipo de dúvida. Quando há uma
marca já consolidada no mercado por trás da oferta, essa oferta
tende a ser mais aceita pelos clientes.
WIDE: Algumas das principais críticas no que diz respeito ao nível
de satisfação do consumidor são o número reduzido de ofertas em
cada site e a baixa qualidade dos anúncios, que nem sempre explicam com clareza os detalhes da oferta. Quais são as estratégias funcionais para essa situação?
FELIPE: Acredito que um dos pilares do sucesso das coletivas é a
grande oportunidade, inédita, divulgada todos os dias. E a partir do
momento que temos muitas grandes oportunidades, esse modelo
deixa de oferecer uma grande oportunidade e vira uma loja com
várias oportunidades, desfocando o consumidor da ideia de oportunidade única em pouco tempo.
A Polishop tem a preocupação de desenvolver toda a comunicação das ofertas em conjunto com a equipe de criação do site
de compra coletiva. É de extrema importância manter a comunicação que usamos, mostrando os benefícios do produto e aproveitando todo o material que temos de imagens e vídeos.
A estratégia é ter uma página de apoio ao consumidor em todas
as ofertas da Polishop, assim o cliente pode checar a descrição
completa da oferta anunciada, fotos, dados técnicos e até o preço
que ele é vendido fora da condição especial de compra coletiva.
WIDE: Uma recente pesquisa da e-bit revelou que a classe C já
representa 46,5% do e-commerce brasileiro. Ou seja, consumidores
com renda familiar até R$ 3 mil cresceram 2 pontos percentuais em
dois anos e já são metade do e-commerce brasileiro. O que isso significa para o mercado?
FELIPE: O mercado precisa saber lidar com esse novo tipo de consumidor, que sai do varejo físico e começa a usar a internet como
novo canal de compras. São hábitos diferenciados do que o mercado já estava acostumado a conviver, sobretudo em relação a
comunicação, preços, produtos e marcas.
O mais difícil não é conseguir a primeira compra do cliente da
classe C, ele já está aí e é realidade; o difícil é mantê-lo como cliente
ativo, efetuando compras regularmente. O laço com esse tipo
de cliente tende a ser mais intenso, pois suas compras são feitas
embasadas em comparação de preços, e os gastos são bem limitados ao orçamento da casa, ao contrário das classes A e B.
87 > E-COMMERCE | WIDE |
117
E-COMMERCE
“buscamos sempre
acompanhar o que existe de
mais moderno nos principais
mercados do mundo”
ele possui projetos e braços em todos outros canais, ou seja, um
complementa o outro. Além disso, apresento dois grandes cases
de produtos que inserimos no mercado, que geraram novas categorias de produtos, o Juicer Philips e o Grill George Foreman.
WIDE: A Polishop vende pela internet, por catálogo, tem loja própria,
programa de televisão… Faça uma comparação da venda pela internet com os outros canais.
WIDE: Como você enxerga a Polishop ao deparar-se com os
desafios do e-commerce e das compras coletivas em uma empresa
multicanal?
FELIPE: Temos as coletivas como mais um novo canal, sem
comprometer nosso posicionamento de oferecer produtos inovadores, atendimento diferenciado e tecnologia no processo.
Encontramos uma forma de levar ao cliente de forma única, rápida
e exclusiva a oportunidade de conhecer a Polishop.
WIDE: A Polishop tem algum projeto que envolva compras coletivas
segmentadas?
FELIPE: Estamos em parceria com os grandes players de compra coletiva. Eles possuem todo o know-how para saber quando
irão segmentar de fato as ofertas. Quando disponibilizamos
uma oferta para ser veiculada em compra coletiva, já sabemos o
público que iremos atingir com determinado produto e preço e
criamos uma expectativa de vendas embasadas no perfil da base
que será divulgada.
WIDE: Em sua avaliação, hoje qual é o diferencial da Polishop em
relação a outras empresas de varejo?
FELIPE: A diferença da Polishop para qualquer empresa do varejo
é que a inovação está em nosso DNA. Vendemos produtos inovadores e exclusivos. As novidades que talvez demorariam vários
anos para chegar ao Brasil ou talvez nem mesmo chegassem, a
Polishop estuda cada detalhe do produto para que possa entregar benefícios para o consumidor que nunca viu algo parecido no
mercado nacional. Cada novo produto que incluímos em nosso
portfólio é sempre um grande desafio.
WIDE: Em sua palestra “Case POLISHOP: Desafios do e-commerce
em uma empresa multicanal”, o que você apresenta e transmite
para as pessoas?
FELIPE: Em minha palestra, eu apresento que é possível uma
empresa ser verdadeiramente multicanal e os canais não competirem entre si. Há concorrência de cada canal para dar ao cliente a
melhor experiência de compra para que essa pessoa volte a comprar no mesmo canal. O e-commerce não está isolado na empresa,
118
| WIDE | 87 > E-COMMERCE
FELIPE: A Polishop é uma só. O que damos ao cliente é a possibilidade de encontrar a Polishop onde ele estiver, seja assistindo TV
ou folheando um catálogo, acessando a internet ou caminhando
em um shopping. São públicos diferentes, mas que no fundo buscam algo inovador e sabem que a Polishop pode proporcionar
esse anseio por novidades. A internet tem um grande diferencial
positivo perante os outros canais, que é a rapidez de se trabalhar
com os produtos de forma dinâmica, onde podemos incluir fotos
e vídeos, resenhas e descrições que em outros canais são bem
mais restritos e difíceis de fazer. Porém, a internet tem um ponto
que limita sua venda para alguns consumidores, que é o toque no
produto. Por mais que a internet disponibilize interatividade com
os melhores vídeos e fotos do produto, ainda é uma tarefa difícil
possibilitar ao consumidor a experiência do toque — e aí entram
nossas lojas físicas para dar total assistência.
WIDE: Qual será o grande “cheque-mate” para o mercado de compras coletivas no próximo ano? E qual é o futuro do varejo frente ao
mercado de internet?
FELIPE: Está provado que o modelo de compras coletivas on-line
não será apenas uma onda de momento. Grandes empresas, a
exemplo do Google, ainda estão se posicionando nesse mercado.
Teremos brigas acirradas, aquisições e fusões de pequenos e
médios sites por grandes empresas, pois temos um grande potencial de e-consumers que chegarão em peso em 2012.
Os grandes varejistas já notaram que o futuro está no e-commerce, por isso a grande maioria já possui o canal de venda on-line. Vender on-line se tornou uma obrigação de toda marca e
agora o jogo começou a ficar interessante, pois a necessidade é ser
o melhor em usabilidade, qualidade de atendimento on-line e off-line e logística (este último é um grande problema no Brasil).
WIDE: O que a Polishop tem de novidades para 2012?
FELIPE: Temos grandes projetos sendo desenvolvidos visando
a maior integração de diferentes canais de venda. Estamos sempre atentos a novas tendências e buscamos sempre acompanhar o que existe de mais moderno nos mercados mais aquecidos do mundo.
87 > E-COMMERCE | WIDE |
119
FARM
Há exatamente 10 anos nascia, em Copacabana, no Rio de Janeiro, a primeira loja da
Farm. Desde então, o bom desempenho da marca vem sendo comprovado com a
abertura de pelo menos uma loja por ano. Por ser uma grife reconhecida, inclusive
mundialmente, além de oferecer produtos de alta qualidade, a Farm tem como objetivo sugerir um estilo de vida. E sua filosofia se encaixa perfeitamente com o astral da
mulher carioca, que adora a praia e a noite. Para compreender o quanto a Farm incorpora o lifestyle carioca, basta dar uma volta em suas lojas: as roupas, a infraestrutura
dos espaços, os vendedores, as campanhas. É tudo a cara do Rio.
“A loja online usou técnicas de
programação que permitissem
seu funcionamento tanto em PC
como em dispositivos móveis”
Marcello Póvoa
Marcello Bastos e Marcello Póvoa
Porém, com o turbilhão de novas tecnologias, a grife
precisou acompanhar as tendências da moda também no mundo virtual. A inovação ao integrar as redes sociais, a criação de uma loja virtual forte, com
atrativos dinâmicos e funcionais e a ideia de ser referência no mundo mobile (criando aplicativos para o
iPhone e disponibilizando-os gratuitamente para as
suas clientes) foram alguns dos fatores determinantes para que a Farm alcançasse tamanho sucesso
também no mundo digital.
Hoje, a empresa entende que ser digital não é um
“meio”, mas sim uma atitude. E é essa estratégia que
ajuda a reforçar o espírito jovem da marca, a conectar. Todo o conteúdo publicado contribui para a
construção da imagem que as pessoas têm da marca, a entender o estilo de vida dela.
Para falar sobre esse futuro multicanal da Farm,
a Wide conversou com dois líderes do grupo, que
deram valiosas dicas. O sócio-diretor da Farm Rio,
Marcello Bastos – que conta detalhes do negócio da
empresa e suas estratégias; e o sócio-diretor da MPP
Interativa, Marcello Póvoa – que foi o responsável pela
inserção da Farm no mundo virtual. Juntos, eles comprovam que a moda continuará alimentando sonhos
e, não importa se na internet ou no mundo real, você
precisa ter o compromisso de emocionar sempre.
WIDE: A Farm é uma loja física que inovou ao integrar as redes
sociais. Sucesso em vendas online, em apenas 45 dias de seu lançamento bateu R$ 1 milhão em vendas, passando ao posto de unidade
mais rentável entre todas as 35 lojas da rede da grife carioca. O que
você considera ter sido o fator mais importante para tais conquistas?
MARCELLO BASTOS: Seria difícil eleger apenas um fator, pois
acredito que o sucesso seja resultado de uma série de esforços
nesse projeto. Há bastante tempo, desenvolvemos um forte trabalho de redes sociais e conteúdo na web. Desde os tempos do
Orkut, até a criação do blog “adoro!farm” — que foi o primeiro de
uma marca de moda no nosso segmento — passando pela rádio no
site, o Tumblr e Twitter. Com isso, a marca foi conquistando uma
ampla audiência até o lançamento do e-FARM. Quando lançamos
a loja virtual, já tínhamos um grande fluxo no site e muitos seguidores da marca. Sem dúvida, isso ajudou muito a alcançarmos esses
resultados, mesmo sem ter feito campanha online e ativação fora
da nossa base e da nossa rede. Mas, o fato de ser um projeto inovador, com uma exposição de produto diferenciada, integrado com
as redes sociais e bastante alinhado com o branding da marca, não
pode ser desconsiderado.
WIDE: Acreditamos que para conseguir o sucesso alcançado, a Farm
e a MPP tiveram diversos momentos de planejamento e estratégia,
que envolveram, inclusive, muita tecnologia. Quais sistemas e plataformas a MPP Interativa desenvolveu?
MARCELLO PÓVOA: A união harmônica entre estratégia e tecnologia foi definitivamente fator crítico de sucesso para a e-FARM. O
sistema da MPP Interativa está sendo desenvolvido internamente
há três anos tendo como base .NET, estando, assim, em uma versão
extremamente sólida e ao mesmo tempo com flexibilidade operacional. O grande diferencial do nosso sistema é a sua capacidade
de integrar a operação de ponta a ponta, desde o lançamento do
produto pelo ERP, faturamento fiscal até a conciliação bancária
sem intervenção humana.
WIDE: Qual a forma encontrada para uma rede de lojas físicas investir em uma loja virtual de maneira planejada para manter a integração do branding online e offline?
MARCELLO BASTOS: Não importa o caminho, ela precisa estar alinhada com a estratégia do negócio, com a identidade da marca, ou
seja, com o mundo real. Por exemplo, sempre tivemos um alto critério de seleção dos pontos de vendas como forma de blindagem
da marca. Quando lançamos a loja virtual, começamos com ela
fechada, restrita apenas para clientes do programa de relacionamento e suas amigas. Sempre tivemos a imagem no mercado de
87 > E-COMMERCE | WIDE |
121
ter vendedoras lindas, com a cara do Rio. Sendo assim, toda a nossa
exposição de produtos é feita em modelos igualmente belas (e não
somente as peças em still ou no manequim), como uma representação das nossas vendedoras.
MARCELLO PÓVOA: A definição de branding vai muito além da
identidade visual, significando toda a percepção que o consumidor tem de uma marca e seus produtos. Ou seja, existem muitos
aspectos que são intangíveis numa equação de branding, a exemplos de inovação, criatividade, ser “cool”, credibilidade, qualidade.
E a Farm tem essas características atreladas à sua marca. Assim, o
projeto online tem a finalidade de absorver todas essas características do mundo offline e, ainda, agregar o valor para as consumidoras
na web. Para tal, é fundamental uma solução de tecnologia robusta
e ao mesmo tempo flexível.
WIDE: A marca se destacou também no mundo mobile, tornando-se
uma das primeiras empresas brasileiras no setor de moda a lançar
um aplicativo no iPhone e disponibilizá-lo gratuitamente para as suas
clientes. O aplicativo conta com informações da coleção, downloads
de papel de parede, imagens do look book atualizado, vídeos, localizador de lojas via Google Maps e acesso a uma versão exclusiva ao blog
“adoro!farm”. Comente essa tendência.
MARCELLO BASTOS: Sempre procuramos trabalhar com inovação.
Nos produtos, na arquitetura e experiência no ponto de venda, nas
ações de marketing e nas tecnologias. Isso mostra conexão com o
público jovem, que está sempre em busca da “próxima novidade”.
Foi assim também ao disponibilizar iPads nas lojas antes mesmo
deles começarem a ser vendidos aqui, e também o primeiro aplicativo de moda no Brasil, o primeiro blog de marca, o primeiro
Thumblr, a primeira rádio online com setlists personalizados… Isso
faz parte do nosso posicionamento de marca.
WIDE: Para que esse processo de construção da entrada no mobile
alcançasse o resultado esperado, o que foi desenvolvido em termos de aplicativos e projetos tecnológicos?
MARCELLO PÓVOA: A loja online usou técnicas de programação
que permitissem seu funcionamento tanto em PC como em dispositivos móveis. A ideia inicial é que a loja funcione nos principais
navegadores, nos principais sistemas operacionais PC e mobile.
Além disso, evitamos o uso de Flash, devido à sua não interpretação pelos sistemas mobile da Apple.
WIDE: Criar o design de um projeto de e-commerce que precisa gerar
resultado em vendas e, ao mesmo tempo, manter a identidade lúdica
da marca. Como encararam esse desafio?
MARCELLO BASTOS: Esse processo foi realmente desafiador. E
continua, pois estamos sempre fazendo melhorias, aperfeiçoando,
aprendendo com os erros — por meio de pesquisas de usabilidade,
feedbacks, mas era uma premissa. A marca sempre se propôs a
fazer as coisas de forma inovadora, sem vitrine nas lojas, com lançamentos de coleção diferentes do calendário do varejo tradicional. As clientes esperavam isso e tivemos que encontrar a melhor
forma de realizar.
WIDE: Com tantos desafios na compra online, quais foram os segredos para não sair do foco e dos objetivos propostos pela Farm?
MARCELLO PÓVOA: Manter o aspecto lúdico na experiência de
122
| WIDE | 87 > E-COMMERCE
compra online não é uma preocupação somente da Farm, mas de
todas as marcas de moda sérias no mundo. A internet tem a vantagem da facilidade no acesso aos produtos, em qualquer dia, qualquer hora e qualquer lugar. No entanto, o ambiente da loja web tem
de proporcionar algum nível emocional na experiência de compra,
afinal estamos falando de moda, e não de livros ou computadores.
A solução para essa questão foi alcançada por meio de um
branding online muito bem resolvido, fotos focadas em atitude,
um navegação baseada em “cloud tag” e uma plataforma de
e-commerce que permite um compra exploratória rica, fácil e
integrada com redes sociais — onde há intensa troca de informações. A soma desses fatores conseguiu fazer a experiência de
compra mais humanizada e menos mecânica na percepção final
da consumidora Farm.
Cloud Tag ( n u ve m d e p a l av ra s , o u l i s t a p o n d e ra d a e m
design visual) é uma representação visual de dados de texto,
normalmente utilizado para descrever metadados palavrachave (tags) em sites, ou para visualizar o texto de forma livre.
‘Tags’ geralmente são palavras simples, normalmente por ordem
alfabética, e a importância de cada tag é mostrado com o tamanho
da fonte ou cor. Quando usado como site de auxílio à navegação,
os termos são hiperligações para itens associados com o tag.
WIDE: A exclusividade para participar da loja virtual, sendo restrita
apenas a clientes que se cadastram nas lojas físicas ou convidados,
mostrou-se efetiva para manter o padrão de qualidade e exclusividade que as consumidoras da marca desejam? Por que exatamente
optaram por esse caminho?
MARCELLO BASTOS: Além de estimular o desejo, a vontade de
fazer parte daquilo — o que também acreditamos que tenha sido
um fator determinante para o sucesso inicial — essa restrição nos
ajudou a controlar o volume de transações realizadas, de forma
que fossem aumentando gradativamente. A abertura da loja foi
feita de maneira escalonada, convidando aos poucos fatias da
nossa base de clientes, que hoje ultrapassa os trezentos mil. Havia
uma altíssima demanda reprimida, e nós não tínhamos como prever o que poderia acontecer ao abrir para todo mundo de uma vez.
Não tínhamos certeza do volume, das necessidades de BackOffice,
tanto que, por mais que tudo tenha sido extremamente planejado,
ultrapassamos as expectativas. Naquele momento, não queríamos que nada desse errado. Depois, a loja passou a ser restrita às
pessoas que já faziam parte do programa de relacionamento com
cadastro feito nas lojas físicas ou por meio de uma indicação. Hoje,
o cadastro já pode ser feito online.
WIDE: Com a sua experiência, entrar no mercado e-commerce tornou-se, de fato, a grande tendência?
MARCELLO PÓVOA: O mundo da moda demorou um pouco a
entrar no e-commerce, se comparado a outros segmentos de
varejo. No entanto, a tendência agora é definitivamente montar
operações online. O retorno positivo de cases como o da Farm é
uma prova de que as pessoas compram roupas e acessórios na
web com total conforto.
87 > E-COMMERCE | WIDE |
123
Web & business Rafael Esberard
S-commerce: ser social é vender da melhor forma
Quando falamos da “revolução digital”, muitos profissionais das áreas de negócios ou estratégia de
uma empresa não percebem, ou mesmo esquecem,
que hoje um dos reflexos mais importantes dessa
revolução não é simplesmente a transformação de
mercados e da forma de fazer negócios, mas sim
uma transformação muito mais forte e intensa que
está por trás disso. Trata-se da revolução social, em
que todas as sociedades do mundo estão fazendo
parte diariamente ao usar a internet. Acredito que
todos que já navegam e participam ativamente da
web já conhecem muito bem seu lado social. Tenho
certeza, ainda, que muitos conhecem até pessoas
que só estão na web devido ao fator social que ela
atualmente representa, ou seja, para conversar, ver
fotos, contar e ler novidades sobre outros e dezenas
de outras atividades sociais.
Deixando de lado a nostalgia, fiz essa revelação para que meu leitor entenda a seguinte verdade que sempre esteve presente na
internet: ela é um veículo social. Desde canais de chat em mIRC
a salas de bate-papo online na web, passando por instant messengers e chegando a grandes plataformas segmentadas de redes
sociais, esse é e sempre foi o grande “boom” da internet: o social.
Infelizmente, não tenho esse dado e não sei se essa pesquisa já foi
realizada, mas tenho uma certeza: se fosse feita uma pesquisa a
todos os bilhões conectados atualmente perguntando qual foi a
motivação para começar a usar a internet, a maioria esmagadora
revelaria que foram motivações sociais.
Porém, quantas empresas realmente entenderam que a internet é muito sobre ser social e fazem esforços para se enquadrarem desta forma na web? Quantas entenderam que não é uma
interrupção na relação social que a pessoa está tendo ao usar a
web, não ser apenas uma utilidade que está ali orbitando as verdadeiras intenções e uso do seu público?
Ultimamente, tenho ouvido falar muito sobre social commerce, ou s-commerce. No início desse ano, alguns de nossos
clientes aproximaram-se com questionamentos em relação a
isso e me coube a função de estudar sobre o que seria essa influência ou tendência do mercado. Uma grata surpresa que tive foi
a constatação que s-commerce seria justamente o que sempre
acreditei que um negócio na internet deveria ser, algo engajado
no relacionamento social que cada um dos clientes da empresa
fazem diariamente na web. Sendo assim, a conclusão de nossos
estudos revelou que quando transformamos o relacionamento
124
| WIDE | 87 > E-COMMERCE
comercial do cliente com a empresa em algo social, estaremos
executando uma estratégia s-commerce.
Certamente, isso desencadeia uma série de ideias e estudos a
serem feitos, contudo o que mais tem confundido muita gente é
pensar que apenas ter uma integração do seu e-commerce com
uma rede social não é uma prática de s-commerce, muito menos
apenas vender, por exemplo, dentro do Facebook. Isso não significa que você está fazendo s-commerce. Inclusive, você pode
estar fazendo a pior invasão e interrupção possível no ambiente
social de seu cliente. Se sua empresa está apenas invadindo o
lado social dos seus clientes sem uma estratégia de informação,
comunicação e relacionamento social: PARE. Você não está
fazendo o tão desejável social commerce.
Entende-se, então, o social commerce como o resultado de um
caminho social a ser percorrido por uma empresa na web. Não
adianta apenas acreditar que a partir de amanhã sua empresa
estará habilitada a uma ação de social commerce sem nunca ter
se inserido antes dessa forma na vida de seus clientes na web.
Já temos alguns cases de estratégia de social commerce tendo
muito sucesso, de empresas que aprenderam primeiramente a
ouvir o lado social da web, depois aprenderam a falar e se relacionar com o lado social e, em uma resultante final, passaram a
oferecer seus serviços e vender dentro desse relacionamento.
Essa deve ser a meta.
Para concluir, acredito que o s-commerce não é o objetivo
final, mas sim uma grande meta a ser alcançada pelas empresas
para aprenderem a se relacionar da forma certa na web com seus
clientes atuais e futuros. Está chegando uma geração de consumidores que já deram seus primeiros passos navegando e participando de uma web social. Aprender a se relacionar e criar a
verdadeira lealdade e fidelidade desses clientes obriga todas as
empresas a se enquadrarem em um conceito nunca antes trabalhado na rede: ser social ou não fazer mais parte da vida de muitos. O desafio está lançado.
Rafael Esberard
Trabalha há 15 anos com internet, é consultor de novos negócios para
grandes e médias empresas com foco na estratégia de novos empreendimentos no mundo digital, em específico, e-commerces. Fundou a AWM
Interactive há 10 anos, empresa especializada em desenvolvimento de e-commerce, e, em 2010, fundou a Hubee, empresa de consultoria, empresa
de consultoria com foco no preparo, ROI e melhoria de empreendimentos
de e-commerces. Possui graduações e pós nas áreas de Gestão da TI, é
palestrante e professor de pós-graduações nas áreas de negócios e estratégias na web.
E-MAIL: [email protected]
87 > E-COMMERCE | WIDE |
125
E-COMMERCE
E-commerce Mariano Faria
Foco na recompra: o jogo será ganho nesse campo
Esse é um tema que parece não sair de moda.
Onde focar os esforços? Considero o tripé de
uma operação de e-commerce como:
1) o marketing com a responsabilidade de trazer
fluxo de usuários para a loja — medido por meio
do ROI.
2) o comercial (gestor da loja) que tem o objetivo primário de fazer com que a loja converta
mais — medido por meio da conversão.
3) o operacional, que deve entregar a mercadoria vendida no prazo vendido — medido por
meio da qualidade de entrega.
126
| WIDE | 87 > E-COMMERCE
Desses três sustentáculos de uma operação de e-commerce, a
questão operacional é conhecida e já resolvida. Virou commodity. Todos sabem onde todos operam. Todos sabem como todos
operam. Todos sabem os fornecedores de ERP e logística dos
demais concorrentes. Uma hegemonia entre a cadeia de suprimentos se criou. E isso é bom, pois grandes empresas podem
surgir daí e, com isso, sustentar o grande crescimento que esse
mercado terá nos próximos anos (não se assustem se ainda este
ano algumas delas forem vendidas para empresas estrangeiras,
que estão literalmente açoitando o mercado brasileiro). Embora
conhecida, ainda é a questão que mais atravanca o crescimento
sustentável do e-commerce brasileiro. É também o tema que
deve ser mais profundamente discutido entre os governantes e
líderes do setor, se estes estiverem com interesse de garantir a
projetada linha de crescimento do comércio eletrônico.
A questão de marketing ainda é, sim, um grande diferencial,
porém, hoje, um diferencial menor do que foi nos últimos três
anos. O gargalo em preço dos grandes portais, como Terra e UOL,
e a facilidade de uso de ferramentas como Google e BuscaPé arbitraram essa competência. Os valores de ROI de cada empresa
são cada vez mais conhecidos pelo grande público e cada vez
mais uniformes. Empresas que estão se destacando são aquelas
que estão descobrindo maneiras de atrair consumidores sem
depender do grande canal de publicidade online. Estas são as
empresas que serão as grandes ganhadoras. Veja o exemplo da
ASOS (ASOS.com), que pratica frete grátis para o mundo inteiro.
Muitos questionam se a política é sustentável. Quem sou eu para
julgar. Julgo a capacidade de uma empresa sem qualquer investimento em publicidade me fazer escrever dela em uma revista
brasileira a mais de dez mil milhas de distância da sua sede. Isso
tem um valor. Isso é ser notável. Assim foram construídas empresas como Amazon e Zappos — esse tipo de criatividade ou agressividade que vemos pouco aqui nos varejistas brasileiros. Somos
bons e muito bons em copiar, mas ainda sinto falta da criatividade brasileira em inovar no e-commerce.
Na última coluna, citei o caso da Tesco na Coreia com a marca
Homeplus (buscar “home plus tesco” no YouTube) e, para minha
surpresa, a vice-presidente global de meios de pagamento do
Google, no seu discurso do Shop.org, no mês de setembro, apresentou esse mesmo vídeo para quatro mil participantes do
evento, em Boston. Veja como uma simples campanha de um
“É fundamental que você acompanhe de
forma online os principais KPIs da sua
empresa. Eu considero o mais importante
deles o Índice de Recompra da Loja.
Portanto, compre uma TV e divulgue para
toda a empresa esse índice”
coreano pode tomar o mundo e chegar a ser ícone no maior
evento do setor. Quando teremos uma campanha brasileira
estampada como case no Shop.org? Quem será o varejista
agressivo a fazer uma coisa inovadora? Enfim, nessa questão do
marketing acredito que as agências devam se tornar mais técnicas e as empresas de tecnologias, mais agências.
Poucas são as agências que conhecem a fundo ferramentas
de teste A/B, poucas são as que utilizam esses recursos (e não o
exercício da fé) e o apoio da estatística para ajudar o varejista a
tomar decisão. Desafie suas agências: Por que não usar o Google
Optimizer, uma vez que essa ferramenta é gratuita e pode aumentar em 20% seu faturamento? O marketing estará cada vez mais
para o lado técnico. E já me contradizendo, cada vez mais na criatividade. Ou seja, o papel mediano de fazer mídia e anunciar em
Google Adwords deveria ser gratuito! O trabalho de verdade é o
que sempre foi. Hard work! Queimar a mufa! Competição entre
agências! Em um caso real de um grande varejista, o ROI da campanha era X e, após a contratação de uma segunda agência para
instigar a competição, o ROI foi para 2,5X. Nada que o prenúncio
da perda de uma das grandes contas não faça com que a criatividade do ser humano apareça. Enfim, foque seus esforços em
marketing na questão estrutural.
DICA: capte e-mail dos clientes de todas as formas possíveis.
Confira o caso da loja Woman Within (WomanWithin.com), que
possui uma taxa de conversão de 18,8% (isso mesmo! Não foi erro
de impressão). Essa loja, de forma muito simpática, capta o e-mail
do cliente em todas as páginas do site. E, por exemplo, no home,
mais de cinco vezes.
Agora, sobre a questão da conversão, é aqui que suas apostas
devem ser feitas. Sua loja ganhará o jogo se converter mais que a
outra. Vamos fazer uma simples conta. Se você possui uma loja
com conversão de 2,5% e um concorrente apresenta conversão
de 1,5%, considerando que se você possui a mesma capacidade
de marketing e logística e investir 100 mil reais e o ROI de sua
campanha gerar venda de 500 mil, a venda de seu concorrente
será 300 mil (relação da capacidade de conversão de seu concorrente, 1,5% sobre a sua, 2,5%). Ou seja, 1% a mais na conversão
é muito dinheiro! E, às vezes, conversão é uma questão somente
de layout e interface.
O profissional dedicado a controlar a conversão é aquele que
ajusta os estoques, que controla as coleções, que coloca as promoções, ou seja, o que o varejo entende como gestor de categoria. No meu entender, esse profissional alinhado a um conhecimento técnico e matemático transforma-se em um gestor de
conversão de altíssimo nível.
DICA: foque seus esforços em entender o funil de vendas da
sua loja e ver onde perde maior número de usuários. Mude a tela
onde perde usuários (faça teste AB) e verifique a performance.
Verá que às vezes uma simples alteração de cor ou de texto pode
fazer uma grande diferença na conversão. Não espere que sua
agência ou empresa de plataforma faça isso. Invista nos seus profissionais. Só você poderá fazer com que sua empresa se movimente. Na próxima coluna, me dedicarei a trabalhar muito com
a questão da conversão. Abraços e boas vendas.
Conclusão: uma loja de e-commerce deve contar com um
gestor que possua três gerentes, cada um demissionário em uma
das áreas apontadas anteriormente. Cada gerente possui um KPI:
ROI (para medir o marketing), Conversão (para medir a loja) e um
índice de SLA, para mediar a qualidade da expedição. Com esses
três indicadores de forma online na parede, você tem sua loja de
comércio eletrônico na mão.
Ps.: Que deus nos ajude no apagão logístico. Que venha a concorrência gringa, por favor! Vos suplicamos! Assinado: indústria
brasileira de comércio eletrônico.
Mariano Gomide de Faria
Diretor executivo da empresa de tecnologia Vtex, membro do conselho
de administração do E-commerce Summit e presidente do conselho da
Estação do Vinho.
E-mail: [email protected]
87 > E-COMMERCE | WIDE |
127
E-COMMERCE
Cadastre-se GRÁTIS para participar de fóruns, publicar e compartilhar artigos,
cadastrar vagas ou enviar seu currículo!
A rede também oferece benefícios e promoções exclusivas para associados, como a
Revista Wide impressa, acesso a versão online, desconto em eventos, entretenimento e
muito mais. Acesse o site e descubra tudo o que a WidePartners tem para lhe oferecer!
www.widepartners.com.br
128
| WIDE | 87 > E-COMMERCE
87 > FRONT | WIDE |
3
4
| WIDE | 87 > FRONT
Download