E D I T O R A R$ 11,90 A revista dos profissionais de internet DE NEGÓCIOS PARA 2012 ESPECIALISTAS REVELAM AS TENDÊNCIAS DA INTERNET PARA O PRÓXIMO ANO CRIAÇÃO ALÉM DE UM PORTFÓLIO ATRAENTE, SAIBA O QUE MAIS VOCÊ DEVE TER PARA ALCANÇAR SUCESSO NA ÁREA T E C NO L O G I A PREPARE A SUA AGÊNCIA E SIGA O PASSO A PASSO PARA SE ESTRUTURAR DIANTE DA DEMANDA POR SITES E APLICATIVOS MÓVEIS M A R K E T I NG APRENDA A FAZER DOS DISPOSITIVOS MÓVEIS UM IMPORTANTE CANAL PARA O MARKETING DIGITAL OS DIRETORES DAS MAIORES AGÊNCIAS BRASILEIRAS ENTREVISTAM O ÍCONE DA PUBLICIDADE, WASHINGTON OLIVETTO E--COMMERCE F-COMMERCE: CONHEÇA UM NOVO MODO DE FAZER NEGÓCIOS ONLINE E SAIA NA FRENTE DOS SEUS CONCORRENTES 0 0 0 8 7 9 772178 240007 I SSN 2178- 2407 NOVEMBRO/DEZEMBRO 2011 2 | WIDE | 87 > FRONT 87 > FRONT | WIDE | 1 EDITORIAL Meta: objetivo relacionado ao tempo... Nada melhor que o período de um ano para firmarmos metas em nossa mente. A Arteccom já tem as suas metas para 2012. E é justamente nesse final de ano que elas são estabelecidas, colocadas “no papel”. Costumamos analisar os produtos atuais, alterar alguns, criar outros, sempre com o objetivo de atender e cumprir da melhor forma a missão da nossa empresa. Qual é a missão de sua empresa? Quais são os seus valores? Da forma como ela está desenhada hoje, ela cumpre seus objetivos? Ou poderia fazê-lo ainda melhor? Na reportagem de capa dessa edição, conversamos com os mais respeitados profissionais da área para trazer para os leitores suas perspectivas, o que eles acreditam que será tendência para o próximo ano. O resultado foi um turbilhão de ideias. Esperamos que esse material ajude nossos leitores a visualizarem o próximo ano e que, a partir daí, possam traçar suas próprias metas com mais segurança. E, para fechar com chave de ouro o ano e a edição, convidamos Washington Olivetto, o maior ícone do mercado publicitário brasileiro, para conversar com os diretores das agências nacionais. Afinal, depois de tantas discussões acaloradas sobre os melhores formatos de agências, interativas, digitais, fullservice... será que chegamos finalmente a um consenso? Confira a partir da página 28. Dessa forma, esperamos ter atendido às expectativas de quem nos acompanhou durante esse ano, seja nos eventos, pelas edições da Wide, nos cursos, nos cafés... Desejamos a todos vocês um “Feliz Natal e um próspero Ano Novo”, muita saúde, paz, amor, conquistas e sucesso, e que contem sempre conosco nas realizações de seus sonhos profissionais! Até 2012! Um grande abraço da Equipe Arteccom. Adriana Melo, Camila Oliveira, Cristiane Dalmati, David Costa Lima, Geraldo Magela, Karina Maury, Luanna Chacon, Neilton Silva, Rebeca Emerick, Taciana Esteves, Thiago Almeida e Tiago Bosco. 87 Direção Geral Adriana Melo Direção de Redação Thiago Almeida Jornalismo Tiago Bosco Revisão Rodrigo Gerdulli Projeto Gráfico Tabaruba Design Direção de Criação e Ilustração Camila Oliveira Ilustração (colaboração) Carolina Vigna-Marú Publicidade Luanna Chacon Atendimento Taciana Esteves Tecnologia Neilton Silva Financeiro Cristiane Dalmati Eventos Karina Maury Revista Wide www.revistawide.com.br Versão para eReaders www.revistawide.com.br/ereader Arteccom Eventos, editora e treinamento www.arteccom.com.br www.twitter.com/arteccom www.facebook.com/arteccom www.flickr.com/arteccom Fale conosco Atendimento: [email protected] Redação: [email protected] Publicidade: [email protected] www.youtube.com/arteccom Produção gráfica www.walprint.com.br Produção digital www.kahek.com.br 2 | WIDE | 87 > FRONT FC Comercial e Distribuidora S.A www.chinaglia.com.br 87 > FRONT | WIDE | 3 CAPA OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS PARA 2012 Especialistas revelam quais são as tendências da internet para o próximo ano 48 E-MAILS E TWEETS > 06 FIQUE POR DENTRO > 08 Notícias, Blogs, Métricas, Agenda, Livros, Direito na web, Internacional, Empreendedorismo Criação > p. 14 PORTFÓLIOS > 14 Agência: Plano Digital, Freelancer: Fernando Bello, Ilustração: Luana Geiger, Lente Digital: Amanda Vivian, Fontes de Inspiração: Marcio Hirosse Tecnologia > p. 60 Marketing > p.88 E-Commerce > p. 108 REPORTAGEM > 60 Confira as dicas de grandes players do mercado sobre como se estruturar para a alta demanda por sites e apps móveis REPORTAGEM > 88 Saiba as melhores maneiras para fazer dos dispositivos móveis um importante canal para o marketing digital, a importância do mobile marketing para o e-commerce e alguns cases de sucesso REPORTAGEM > 108 Nasce um novo modo de fazer negócios online, o F-commerce REPORTAGEM > 24 Saiba como se diferenciar no mercado e cativar seus (futuros) clientes ENTREVISTA > 68 Saiba como foi a passagem de Pierre Lévy pelo Rio de Janeiro ENTREVISTA > 28 O que pensa Washington Olivetto sobre as agências e o mercado de criação na era digital OPINIÃO > 72 Especialistas debatem sobre a evolução da web e dos navegadores nos últimos anos OPINIÃO > 34 Teoria e prática andam juntas? Confira o que profissionais gabaritados pensam sobre o tema ESTUDO DE CASO > 76 Conheça um projeto social desenvolvido em jQueryMobile ESTUDO DE CASO > 38 Conheça o case dos Chocolates M&M’s, que estão de cara nova na web COLUNAS > 42 Ilustração: Carolina Vigna-Marú, Design de interação: Amyris Fernandez, Internacional: Julius Wiedemann, Aqui, ali, em qualquer lugar: Michel Lent 4 | WIDE | 87 > FRONT COLUNAS > 80 CSS3: Mauricio Maujor, Segurança: Ivo Machado, Tableless: Diego Eis, Mercado de TI: Paulino Michelazzo CAMPANHA > 94 A agência F.biz lançou uma ação interativa para o sabonete Lux Líquido e contou com a participação da atriz Paola Oliveira ENTREVISTA > 98 Rafael D’A ndrea, especialista em Shopper Marketing, dá dicas e revela estratégias de estímulos a compra ENTREVISTA > 118 Felipe Brasil, diretor de e-commerce na Polishop, conta a história de sucesso da empresa, que inova ao levar ao cliente uma nova e inédita oportunidade variada por dia ESTUDO DE CASO > 122 Para falar sobre o futuro multicanal da Farm, veja as valiosas dicas de dois gestores do grupo COLUNAS > 126 Web & Business: Rafael Esberard, E-commerce: Mariano Faria COLUNAS > 102 Webwriting: Bruno Rodrigues, Marketing: René de Paula, Wide Thinking: João Batista Os links citados nesta edição estão reunidos na página principal do site da revista. Acesse www.revistawide.com.br. A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da Editora. 87 > FRONT | WIDE | 5 E-MA IL S E-mails e Tweets [[email protected]] Fui pessoalmente à Arteccom pegar a última edição da revista Wide. Queria muito agradecer o espaço concedido à Ato Interativo. A revista ficou incrível e já está gerando resultados. Mais uma vez, muito obrigado pela parceria. Aproveito para parabenizar vocês, pois as matérias estão ótimas. No que precisar, pode contar conosco, ok? Grande abraço. Pensava em como aumentar o fluxo de visualizações e participação em meu blog, quando li uma fantástica matéria aqui na Wide, explicando como usar o Google Buzz a nosso favor, e não deu outra: o site fez um boom de acessos! Agora leio todas as entrevistas e reportagens para não perder as oportunidades. Obrigada, Wide! FELIPE GAZOLLA RUDYNALVA SOARES [email protected] [email protected] Legal, Felipe! Bom saber que a Wide esteja indo ao encontro de suas expectativas e gerando resultados. Nós é que ficamos agradecidos de contar com vocês, da Ato Interativo, como parceiros. Nós que agradecemos! Ficamos felizes com o resultado. O nosso grande objetivo é justamente esse. Sinta-se sempre à vontade para nos enviar sugestões pelo e-mail [email protected]. Primeiramente, parabéns para a equipe da revista Wide pela qualidade das matérias. Decidi abrir um escritório voltado para a área do design e estou com um sério problema — os valores a serem cobrados em cada tipo de trabalho. Notei que não existe um parâmetro para essa questão. Dizem que aqui em Goiânia e região não existe um referencial real de preços, uma tabela que possa servir de comparação. Mas sei que vocês têm a referida tabela e gostaria de ter acesso a ela. Será de grande importância, pois não quero “levantar voo” no escuro, principalmente na área comercial. EDUARDO DUARTE [email protected] Olá, Eduardo! Ficamos muito felizes que esteja aproveitando o conteúdo da Wide. Em relação à tabela de preços da Abradi, já a disponibilizamos em nosso site. Esperamos que essa colaboração contribua para sua nova empreitada. T W E E T S [@arteccom, #revistawide] @bru_coutinho Trabalho há anos com internet e não conhecia a #RevistaWide. Comprei a última e achei sensacional! A equipe @ directa_click tb curtiu. :) @bracarense_ A #RevistaWide nº 86 traz uma ótima matéria sobre design de interfaces para e-commerce. Bom ver ali muitos conceitos que eu sigo. @fernandosimor Parabéns #RevistaWide, esta última edição trouxe excelentes matérias, todas com consistência e qualidade! @maujor Acabo de receber a #RevistaWide da @arteccom. Está fantástica a edição de aniversário. Parabéns e vida longa, Adriana e colaboradores. @trfraga @arteccom Excelente matéria sobre estratégias de marketing em mídias sociais! A Wide contribui sempre! Abraço! @rafaelesberard Opa! Acabei de receber em casa a nova edição da WIDE, já estou devorando... Cada vez melhor! Parabéns @arteccom #RevistaWide @war10ck_ti Finalmente comecei a ler a #RevistaWide agosto/ setembro. Aqui pra gente, o conteúdo tá de babar. Nota 1000! @lamilaz #RevistaWide esse mês está ótima com especial boca a boca na web e sobre comércio eletrônico com dados interessantíssimos e consistentes! ERRATA Sugestões dadas por meio dos e-mails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom. 6 | WIDE | 87 > FRONT - NA WIDE 86, PÁGINA 33, O NOME CORRETO DO DIRETOR DE CRIAÇÃO DA AGÊNCIA CHLEBA É GIULIANO BISSACOT. 87 > FRONT | WIDE | 7 N OT Í C I A S CityVille agora também no Google+ Fique por dentro The Washington Post lança aplicativo para Facebook O Washington Post, um dos jornais mais influentes do mundo, adotou de vez a web 2.0. O periódico norte-americano lançou um aplicativo para o Facebook que visa facilitar o acesso dos usuários da maior rede social do mundo às notícias mais importantes da publicação. Baseado no novo Open Graph (migre.me/5MX7O), linguagem utilizada em plugins e aplicativos que conecta sites, widgets, aplicativos móveis e páginas do Facebook, o leitor social do jornal informa as últimas notícias por meio dos seus amigos no site. Com o Friends Using Social Reader, o usuário do aplicativo saberá exatamente quem também está usando o leitor. Em The What People Are Reading, o internauta poderá descobrir o que as pessoas estão lendo, como se fosse um feed de notícias. “The Washington Post Sociais Reader é uma forma de as pessoas se conectarem sobre os últimos acontecimentos do dia e descobrirem notícias em tempo real com seus amigos no Facebook”, afirma Donald Graham, presidente do jornal. Rede social para boleiros Zico e Ronaldo, dois dos maiores craques do futebol brasileiro e mundial, uniram-se para um projeto inovador. Os craques lançaram a P.nera (www.pnera.com), rede social voltada a atletas, torcedores e profissionais do esporte em geral. O site permite que os usuários criem um perfil com No último mês de setembro, a produtora Zynga (www.zynga.com) anunciou que o famoso CityVille chegou ao Google+. Um dos principais jogos sociais da internet, o game de construção de cidades, pretende se expandir além do Facebook, agregando usuários à rede da gigante de buscas Google. A ligação com o Facebook é tamanha que, até agora, observadores da indústria acreditavam na existência de um contrato de exclusividade entre os principais produtos da Zynga e a plataforma de Mark Zuckerberg. No Google+, o jogo parece não ter qualquer diferença em relação à versão do Facebook. Em nota, a empresa afirmou que quer fazer seus jogos “acessíveis para todos, em qualquer lugar — não importa onde e nem em que plataforma seja jogado”. A Zynga, empresa norte-americana que desenvolve jogos sociais, se faz presente em diversas redes sociais, como Facebook, Google+, Orkut e MySpace. Ela foi responsável por criar outros famosos games, como o popular FarmVille, o Mafia Wars e o Café World. fotos, vídeos, acompanhem blogs, troquem mensagens e interajam com jogadores profissionais ou amadores. O principal atrativo da rede social é a ferramenta que permite aos aspirantes a jogador de futebol enviarem vídeos mostrando suas habilidades. O garoto cuja exibição for a mais votada passará uma semana fazendo testes em um clube da Série A do Campeonato Brasileiro. MÉTRICAS 80% Percentual de brasileiros que já sofreram ataque na rede, de acordo com pesquisa 14 milhões da fabricante de antivírus Norton. Segundo o estudo, 80% dos adultos entrevis- mundial do perfil que tem mais seguidores no microblog. O brasileiro com mais tados (com mais de 18 anos) disseram já ter sido vítimas de algum tipo de crime adeptos nessa rede social é o jogador Kaká (@Kaka), do Real Madrid, com cerca cibernético neste ano — volume acima da média mundial, de 69%. Fonte: Norton de 6 milhões de admiradores. Fonte: Twitter Counter (www.twittercounter.com) (www.norton.com) 8 | WIDE | 87 > FRONT São os fãs da cantora pop Lady Gaga no Twitter que fazem ela liderar o ranking BLO GS DO MÊ S Blog Mídias Sociais O (midiassociais.blog.br) conta com uma equipe de sete colaboradores e traz dicas para profissionais que trabalham ou desejam trabalhar nesse universo 2.0 das mídias sociais. O blog ainda apresenta dados estatísticos, infográficos e uma seção voltada para o jornalismo. Publicidade na Web Publicidade na Web (www.publicidadenaweb.com), blog editado por Ricardo Prates Morais, consultor em web marketing e diretor da agência Emarket, foi criado no ano de 2006 e desde então vem publicando notícias, dicas, campanhas e cases de publicidade e marketing online. Por todo esse tempo ele conta com vários colaboradores que enviam artigos, notas e sugestões de pautas. O objetivo é compartilhar e discutir sobre vários assuntos relacionados a publicidade na internet. Conhece algum blog interessante focado em criação, tecnologia, marketing ou e-commerce? Envie sua dica para [email protected] 30,9 milhões 164ª É o número de usuários que o Facebook atingiu no Brasil, segundo o último re- Essa é a posição que o Brasil ocupa no ranking de velocidade da internet banda latório do Ibope. Confirmando a tendência de crescimento no país, a rede criada larga entre 220 nações. A Coreia do Sul lidera, com velocidade média de conexão por Mark Zuckerberg passou pela primeira vez o Orkut (29 milhões) em usuários superior a dois megabytes por segundo. No Brasil, a velocidade média é de 105 únicos. Fonte: Ibope (www.ibope.com.br) quilobytes por segundo, muito abaixo da média mundial de 508 quilobytes. Fonte: Pando Networks (www.pando.com) 87 > FRONT | WIDE | 9 LIVRO S Boom de mídias sociais JEFFREY GITOMER Editora M.Books www.mbooks.com.br AGEN DA 05 e 26/11 e 03/12 04 e 05/11 EDTED 2011 Locais: Salvador, Fortaleza e Recife www.edted.com.br Com o tema central “Criação, e-commerce e mobile”, a 16ª edição do EDTED (Encontro de Design e Tecnologia Digital) fecha o ano passando por três capitais do Nordeste com palestras sobre criação, HTML5 e CSS3, desenvolvimento para iPhone e iPad, como divulgar uma loja virtual e muito mais. Ingressos: de R$ 29 a R$ 79 05/11 PHP'N RIO Local: Rio de Janeiro www.phpnrio.com.br CONISLI (CONGRESSO INTERNACIONAL DE SOFTWARE LIVRE) Local: São Paulo www.conisli.org.br O CONSILI é um evento de conteúdo técnico e instrutivo, com o seu foco em desenvolvimento de software, infraestrutura e segurança, a fim de cada vez mais colaborar para o fortalecimento da Comunidade de Usuários e Desenvolvedores de Software Livre. 05 e 06/11 TECHINTER Local: São Paulo www.techinter.com.br O evento é focado na linguagem PHP e em seu ecossistema e será composto por duas trilhas de palestras, quatro minicursos e uma área de desconferência, onde os participantes terão a oportunidade de apresentar suas palestras-relâmpago e praticarem programação em sessões de Coding Dojo durante todo o evento. Ingressos: R$ 30 TechInter é uma conferência com foco em carreira, mercado e novas oportunidades em tecnologia da informação que reunirá as principais empresas fornecedoras de soluções, capacitação e serviços em tecnologia da informação do Brasil, profissionais e especialistas de destaque na área, com o objetivo de apresentar, discutir e debater as mais interessantes ideias de sucesso na área. Ingressos: de R$ 105 a R$ 150 17/11 26/11 Local: São Paulo http://events.linuxfoundation. org/events/linuxcon-brazil Local: São Paulo www.mediaeducation.com.br/ digitalarena O evento reúne grandes talentos do mundo open source, os principais desenvolvedores e os administradores de sistema, além de usuários Linux, empresários e especialistas do setor que tenham pleno envolvimento com a comunidade do Software Livre. Ingressos: R$ 100 (meia) e R$ 200 (inteira) Um dos maiores eventos de marketing digital no Brasil contará com quatro áreas de interesse diferentes na edição 2011, sendo elas Social Media, Search, Startup e Mobile. Além disso, terá a Networking Arena, um espaço diferenciado onde as pessoas poderão iniciar as suas discussões. Ingressos: de R$ 260 a R$ 280 LINUXCON BRAZIL 10 | WIDE | 87 > FRONT Esse livro ensina os conceitos, as estratégias e como utilizar o poder e a oportunidade que a mídia social apresenta para os negócios. Como os outros livros de Jeffrey Gitomer, O boom de mídias sociais é curto, preciso e sem rodeios. DIGITAL ARENA Vende-se design BRUNO PORTO 2AB Editora www.2ab.com.br O livro reúne sugestões para montagem e apresentação de portfólio, preparação de currículo e networking, como abordar possíveis clientes, o que fazer (e o que não fazer) para aparecer na mídia, cuidados com sua reputação e as vantagens de participar de competições, publicações e associações profissionais. A revolução das mídias sociais ANDRÉ TELLES Editora M.Books www.mbooks.com.br No Brasil, mais de 80% dos internautas participam de alguma mídia social. Nesse livro, você verá cases, conceitos, dicas, ferramentas, táticas e estratégias de como tirar proveito de cada uma delas e do conjunto delas. São definidos os diferentes tipos de mídias sociais de acordo com seu foco de atuação. Adobe Dreamweaver CSS – classroom in a book AUTORES QUE FAZEM PARTE DA ADOBE SYSTEMS INCORPORATED Bookman www.bookman.com.br Totalmente colorido, esse livro ensina a utilizar os novos recursos do Adobe Dreamweaver CS5. Em dezessete lições, o leitor aprenderá a criar páginas web estáticas e dinâmicas; a incorporar elementos gráficos, texto e vídeo; a construir aplicações interativas ricas; a fazer upload de sites e a gerenciá-los — e muito mais. DIREITO NA WEB INTE R N ACIO N AL Gilberto Martins de Almeida é advogado formado na PUC/RJ, com Mestrado na USP e cursos em Harvard e no M.I.T. Ex-Gerente Jurídico da IBM, onde trabalhou por 11 anos, no Brasil e nos EUA. Sócio de Martins de Almeida – Advogados, escritório especializado. Expansão em mídia social MIAMI PROBLEMAS EM CONTRATOS DE SERVIÇOS DE HOSPEDAGEM Trabalho com serviços web. No último mês, contratei uma empresa para hospedagem de um site, mas depois do serviço pago não conseguia acessar o servidor FTP para fazer as modificações na página. A toda hora o sistema caía e a empresa não me apresentava solução. O que devo fazer? LUAN BENAVENUTO DOS SANTOS [email protected] Mutatis mutandis, hospedagem online pode ser tão problemática quanto hospedagem offline. Além da boa escolha do hospedeiro (que contribui, na prática, para certa margem de segurança), as regras da hospedagem precisam ser claras e completas, senão o vácuo pode abrir um abismo entre as expectativas de cada lado. A PRIMEIRA PROVIDÊNCIA , portanto, deve ser definir um acordo de nível de serviços (“SLA”), indicando as metas de qualidade (por exemplo, tempo de resposta e efetividade de solução no serviço de suporte) e os possíveis bônus ou penalidades em caso de superatingimento ou de atingimento aquém do esperado. Essa deve ser a espinha dorsal do contrato de hospedagem. O SLA deve fazer parte do contrato como um anexo integrante dele. A SEGUNDA TAREFA (na verdade, simultânea à discussão do SLA) é negociar um acordo de gestão de serviços (“SLM”), especificando os ingredientes que deverão temperar as responsabilidades de cada uma das partes. Por exemplo, dizendo o que ocorrerá em caso de indisponibilidade da hospedagem devido a falha do backbone, ou a invasão por hacker, ou a contaminação por vírus, bem como assegurando colaboração em situações de rescisão e de consequente migração de serviços. A arquitetura SLA + SLM é a maior fonte de tranquilidade jurídica para esse tipo de contrato. Se tais peças forem bem escritas (por exemplo, dizendo se os serviços de hospedagem serão considerados como obrigação de melhores esforços, situação em que o hospedeiro que faz o que era possível fazer não será responsabilizado pelo que estava fora do seu alcance, ou como obrigação de resultados, caso em que o hospedeiro terá que resolver ou indenizar independentemente de quaisquer culpas ou desculpas), o contrato poderá ser levado à Justiça com grandes chances de êxito de obtenção de liminar protegendo imediatamente quem tenha sido prejudicado em relação ao que o contrato estabelecera. Se o contrato não tiver sido bem estruturado e redigido, a deficiência deverá pesar contra o hospedeiro, pois o Código do Consumidor diz que, em caso de dúvida, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao consumidor (e com maior razão, se o contrato tinha um texto-padrão, de autoria exclusiva do hospedeiro, e imposto a todo cliente). Toda evidência de comunicação sobre os problemas (e-mail, telefonemas, visitas técnicas, atas de reuniões) ajudará a compor os vazios deixados pelas lacunas contratuais, portanto convém caprichar na documentação sobre o histórico dos problemas. O ideal, entretanto, que o contrato tenha sido bem preparado, para que, tanto quanto na hospedagem offline, a hospedagem on-line seja uma experiência tranquila e acolhedora. Enviado por Rodrigo Butori www.lacomunidad.com Na campanha mais recente da la comunidad para a marca Original Penguin, estamos usando uma ferramenta interessante de expansão em mídia social. Chamada ShoTools (www.shotools.com) e criada por um grupo de programadores espanhóis liderados por Alex Puig (um dos maiores gurus da área na Espanha), essa ferramenta possibilita filtrar e incrementar o número de fãs e seguidores de uma campanha ou marca com precisão invejável. Estamos apenas começando, mas o resultado tem sido positivo. E lógico que, modéstia à parte, a qualidade criativa da ideia também tem ajudado. Acesse www. facebook.com/opjacket. “The banners are dead, long live the banners” NOVA YORK Enviado por Lino Ribolla www.acsysinteractive.com Uma das revelações de Cannes 2011 foi a extinção dos banners. Durante a última década, apesar de seu reduzido tamanho, eles sempre foram um dos formatos preferidos para se exercer a criatividade interativa. Ainda em 2009, os banners ainda levaram prêmios principais, como a campanha belga promovendo os Banner Concerts, brilhante por utilizar e fazer graça da própria limitação desse espaço criativo. Mas, no último festival, os banners sumiram das listas de premiação. O centro da criatividade mudou: não faltou metal para campanhas no Facebook ou Twitter. A limitação de espaço agora cede o trono criativo para a limitação dos 140 caracteres. Os banners, que cada vez geram menos cliques (0,01%, nas últimas pesquisas), passam a ser uma relíquia nostálgica dos primeiros dez anos de uma indústria que ainda continua se transformando continuamente. Veja aqui a campanha belga promovendo os Banner Concerts: youtu.be/f4rnk5fAY64. 87 > FRONT | WIDE | 11 E MP R E E N D E D O R IS MO Kauê Linden Empresário e publicitário, fundou a Hostnet quando tinha apenas 17 anos. Em dez anos de trabalho, além das atribuições executivas, criou projetos como a Olímpiada de Algoritmos nacional, que estimula o interesse de estudantes pela área de desenvolvimento de TI, e o site Artistaderua.com, que visa divulgar artistas que se apresentam em palcos improvisados nas calçadas de grandes cidades brasileiras. EMPREENDEDORES, JOVENS E AMBICIOSOS Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg. Todos eles fundaram suas respectivas empresas quando tinham cerca de vinte anos de idade. Seria uma coincidência o fato de que as empresas consideradas os maiores cases de sucesso em TI terem sido todas elas fundadas no mesmo país por, digamos assim, calouros? Teriam tido a mesma chance de sucesso se nascidos no Brasil ou na China? O que Microsoft, Apple e Facebook fizeram se mistura com história e choque de realidade. A trajetória de jovens recém-chegados à faculdade que reuniram seus amigos mais interessados e lideraram a construção de empresas que fizeram história e estão entre os maiores casos de sucesso de empreendedorismo mundial. Quando jovens, esses empreendedores tiveram visão, oportunidade, mercado, educação e brilhantismo para aproveitar o momento de maior potencial de suas vidas. É claro que com vinte anos ainda é cedo para se considerar pronto para o mundo dos negócios, e dificilmente alguém consegue atingir algum auge profissional com menos de dez anos de dedicação e esforço. Mas, é inegável que o fim da adolescência nos deixa, ainda aos vinte anos de idade, uma dose de arrogância, de desrespeito com o risco. E talvez aí esteja o pulo do gato. Empreender é risco, negócio é tendência. Não é muito mais fácil arriscar quando não temos compromissos tão sérios? Não é muito mais fácil entender um momento de transição quando você faz parte do processo? Por isso, sonhar na adolescência em criar uma empresa e viver dela não parece mais que uma aventura que pode transformar trabalho em prazer. Viver do que se gosta de fazer, ser dono do seu próprio bico e ter a chance de mudar o mundo usando a tecnologia. Tentador não? Mas, e no Brasil? Existem, sim, no Brasil casos aos montes de empreendedorismo com TI e sucesso, gente que 12 | WIDE | 87 > FRONT ganha dinheiro fazendo o que gosta, que começou cedo e conseguiu chegar aos trinta rico. É verdade que não mudamos o mundo como as empresas americanas, mas isso seria esperar demais de um país que se acostumou a exportar café e importar computador. Nessa hora, empreendedorismo e educação se chocam. A realidade para cultura brasileira ainda aponta objetivo principal como segurança familiar baseada em emprego, de preferência público e com um diploma de doutor. É provável que ainda tenhamos alguma oportunidade de ver empresas surpreendentemente inovadoras e brasileiras nas próximas décadas. Nosso crescimento populacional e acesso livre à informação são pontos favoráveis, mas na balança pesa negativamente a falta de vocação de nossos políticos em gerar ambientes favoráveis ao desenvolvimento e, consequentemente, gerar uma cultura que favoreça esse processo. Onde será nosso Vale do Silício? Onde as empresas nacionais podem investir com benefícios evidentes para todos os lados? Onde estão as formações acadêmicas de referência? Mais provável é que os futuros grandes empresários, que talvez tenham a chance de fazer história por aqui, sejam um filho fruto de uma família que soube investir em educação globalizada, que soube educar fora da caixa. Talvez alguém que, como você, pode se dar ao luxo de comprar uma revista especializada, ou talvez seus filhos. O fato é que para fazer sucesso no mercado de tecnologia é necessário aproveitar o potencial jovem, aquele que está disposto a passar noites em claro, dormir debaixo da mesa do trabalho e até dormindo continuar pensando, ou melhor, sonhando com seu negócio. Viver a arrogância de saber que pode fazer melhor e arriscar de forma que as empresas mais antigas e conservadoras não fazem. Quantas vezes não escutamos a velha frase “quando eu tinha meus vinte anos…”. 87 > FRONT | WIDE | 13 Agência PORTFÓLIO Plano Digital: uma agência sem fronteiras “Acompanhamos a evolução tecnológica e procuramos, ao máximo, adaptá-la à publicidade, criando novas ações ou integrando o offline ao meio digital” Em 2003, a publicitária Luciana Garcia, que já atuava no mercado de internet desde 1997, era executiva de uma multinacional em São Paulo e, por motivos pessoais, precisou mudar para Brasília. Foi então que ela resolveu colocar em prática um projeto solo. Nascia ali a Plano Digital, uma agência que desde a sua fundação atende grandes contas, de empresas privadas ao governo federal, passando por secretarias e ministérios. Sobre os requisitos para a formação da equipe, Luciana conta que, antes de certificados, eles focam o portfólio dos candidatos, sobretudo dos desenvolvedores. “Formação é importante, claro, PLANO DIGITAL ANO DE FUNDAÇÃO: 2003 NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 12 CIDADES SEDE: Brasília (DF) e São Paulo (SP) SITE: www.planodigital.com.br E-MAIL: [email protected] TWITTER: @planodigital 14 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO mas é a pasta que vai dizer as qualidades e as habilidades daquele profissional, a sua experiência e o que ele poderá agregar para a Plano Digital. Afinal, estamos num mercado que espera respostas rápidas, por isso precisamos de uma equipe capaz de dar essas respostas à altura da expectativa dos nossos cliente”, conta Luciana, sobre os requisitos para a formação da equipe. Em relação à visão que a agência tem sobre o mercado digital, estar sempre atento às mudanças é uma filosofia e uma necessidade para a equipe. “Acompanhamos a evolução tecnológica e procuramos, ao máximo, adaptá-la à publicidade, criando novas ações ou integrando o offline ao meio digital, da forma mais coerente e sempre de olho no comportamento e nas respostas dos consumidores”, afirma Luciana, que revela os planos futuros da agência. “Queremos que a Plano Digital tenha um crescimento orgânico, que faça sentido para nossos clientes, que a gente agregue valor e deixe a nossa marca nas marcas. Já estamos em dois grandes centros de negócios — São Paulo e Brasília — e de olho no mercado brasileiro, em uma expansão para outras capitais e, ainda, um pouco mais adiante, à capital da Argentina, Buenos Aires, pois enxergamos lá uma boa oportunidade de negócio, por meio de parcerias locais, devido ao crescimento econômico dos países do Mercosul”, conta. QUAL SUA ATITUDE? Campanha de prevenção da AIDS do Ministério da Saúde migre.me/5Nzlp Um dos cases desenvolvidos pela Plano Digital foi a campanha veiculada em todo o Brasil durante o Carnaval, com o objetivo de conscientizar o público jovem sobre o uso da camisinha e prevenção da AIDS. “Devido ao curto deadline do cliente, tivemos apenas três semanas para criar e implantar esse job. Estabelecemos, então, uma grande força-tarefa para dar conta do recado e, ainda, surpreender com uma proposta inovadora. Reunimos grande parte de nossa equipe, levantamos diversas opções possíveis de serem implantadas em tão pouco tempo e o resultado foi excelente. Ideia aprovada e tarefa cumprida”, diz Luciana. A campanha, que teve como porta-voz a cantora Negra Li, personagem de forte identificação com o público-alvo, apostou em um tom mais descontraído Sobre a tecnologia PHP+MYSQL+FLASH para comunicar com os jovens, procurando falar de uma forma mais próxima, clara, sem precisar fazer terrorismos em relação à doença. “No site, a cantora responde às perguntas dos usuários, como num quiz, em que o desafio é descobrir que tipo de atitude se tem em relação ao uso de camisinha e prevenção de doenças”, conta. BANCO DO BRASIL NA CAMPUS PARTY Por meio da presença na Campus Party, maior evento de entretenimento eletrônico da América Latina, o Banco do Brasil desejava atrair a atenção dos usuários de sites de redes sociais para integrar o banco, seus produtos e serviços com o público jovem e universitário. Foi então que a Plano Digital entrou em cena, sendo responsável por divulgar, promover e amplificar as ações no evento para a conquista de novos seguidores e fãs para os perfis oficiais do BB nas redes sociais. “ATUALIZAMOS OS PERFIS NO TWITTER (@BBNOSEVENTOS) E A FANPAGE NO FACEBOOK, para atuar no relacionamento com o público jovem e universitário. Integrado ao Twitter, criamos uma conta no Twitpic para publicar foto e tivemos um aumento de cerca de 43% em relação aos seguidores. Já no Facebook, em apenas vinte dias, conquistamos oitocentos novos fãs”, conta Luciana. Mídias sociais utilizadas TWITTER+FACEBOOK 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 15 Freelancer PORTFÓLIO Fernando Bello “É muito importante ter uma noção técnica de programação e ao mesmo tempo uma visão artística aguçada” Graduado em Desenho Industrial pela PUC-RJ, o carioca Fernando Bello trabalha desde 2006 na área digital e possui em seu portfólio projetos premiados e de destaque. Atualmente, é diretor de arte do Peixe Urbano. Pode-se dizer que a magia dos games — um dos seus maiores hobbies — foi responsável por Fernando Bello se aproximar do mundo digital. Tudo começou em sua juventude, jogando Warcraft 2, depois passou desse game para o famoso Starcraft e, em seguida, entrou em um clã do jogo. “Um belo dia, decidi criar um website para os meus colegas de clã por pura diversão, então baixei o FrontPage e saí me aventurando no mundo do HTML. Após várias tentativas, consegui colocar o site no ar e fiquei espantado com a quantidade de pessoas que gostaram e interagiram”, conta. FERNANDO BELLO E-MAIL: [email protected] SITE: : cargocollective.com/fbello TWITTER: @designbello FACEBOOK: facebook.com/fernando.bello1 16 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO Em relação às suas referências criativas e profissionais, Fernando é fã de pintores clássicos, como van Gogh, Michelangelo, da Vinci, di Cavalcanti, Dalí, Gauguin, Picasso e Kandinsky, além de curtir também a arte de Beatriz Milhases e Vick Muniz. “Na área digital, admiro muito os trabalhos de Will Murai, Wilson Costa, Adhemas Batista, Elisa Rocha, Carol Rivello, Filipe Gropillo, Anna Anjos, Carlos Giovanni, das agências 6D Estúdio, Seagulls Fly, e Gringo. Falando sobre suas principais realizações profissionais, Fernando destaca as duas que considera mais importantes. “Primeiro, foi ter chegado entre os dez finalistas no Concurso Peixe Grande, com o site da Privilègè, no ano de 2008. Outra grande realização foi ter feito cursos de programação em HTML, CSS, Javascript e Action Script, assim como cursos voltados para o lado artístico”, conta. Sobre a visão que tem sobre o mercado em que atua, Fernando lembra que após o período da bolha, quando ocorreu a guerra entre os browsers, no ano 2000, a internet não parou de crescer. Para ele, hoje o mercado digital se encontra em ampla expansão. “As possibilidade de interação são cada vez maiores e devemos estar sempre nos atualizando. Acredito que é um ótimo momento para aqueles que estão interessados na área digital se especializarem, pois há muitas vagas em aberto e uma grande busca por profissionais com mais expertises. É muito importante ter uma noção técnica de programação e, ao mesmo tempo, uma visão artística aguçada”, diz. Falando sobre seus planos futuros, hoje a prioridade para Fernando é investir na área acadêmica visando a boas possibilidades profissionais. “Minha meta bem próxima é fazer MBA em gestão de marketing digital, para um dia me tornar coordenador de equipe de marketing digital ou gerir meu próprio negócio”, afirma. GRUPO LUXOR www.grupoluxor.com.br GRUPO LUXOR Um dos trabalhos desenvolvidos por Fernando Bello foi remodelar o site do Grupo Luxor, tendo em vista que o cliente achava o antigo muito estático, com design ultrapassado. “Primeiramente, fiz uma análise de métricas no Google Analytics para constatar quais eram os links mais visitados do site. Em sequência, realizei um estudo da navegabilidade para constatar quais eram os links quebrados e os gargalos do site. Após esse estudo, planejei o projeto em três etapas: sete dias para fazer o wireframe, sete dias para o desenvolvimento do layout e dez dias para a programação”, conta Fernando. O projeto, conquistado por meio da indicação da designer Flávia da Matta, exigia algo mais abstrato e, por conta disso, Fernando solucionou essa questão com fotos que representassem bem cada conceito. E ele foi recompensado. “Um fato que me deixou muito orgulhoso é que, assim que apresentamos uma prévia do website, o presidente do grupo Luxor gostou tanto que aplaudiu o projeto de pé”, conta. Sobre a tecnologia FLASH+ACTIONSCRIPT2 “Decidi utilizar o Flash como tecnologia, pois a intenção era usar bastante movimento e imagens de alta resolução para o desenvolvimento do website” W3 ENGENHARIA www.w3.com.br W3 ENGENHARIA O site da W3, outro projeto desenvolvido por Fernando Bello, foi conquistado por meio de um trabalho freelance para a Agência Azul, no qual o seu design venceu a concorrência. “Comecei com uma análise de concorrentes e percebi que os sites do segmento eram muito parecidos, bem retos e com poucas curvas. Foi então que decidi fazer um grafismo bem ondulado e diferente para o site possuir uma identidade diferenciada”, conta. Em relação às etapas de produção do site, Fernando produziu dois layouts, um bem reto, que era mais próximo do segmento, e um mais diferenciado. “Achei que o layout mais diferenciado não seria aprovado, e sim o mais simples. Fiquei surpreso e bastante contente quando o cliente optou pela opção mais ousada”, diz, relatando também que o site foi produzido em duas etapas: desenvolvimento do wireframe e criação do layout. Sobre a tecnologia FLASH+ACTIONSCRIPT2+CSS+JQUERY+HTML “Utilizei Flash e HTML também, pois o site precisava ficar bem colocado no Google Analytics e atrair clientes para os novos empreendimentos” 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 17 Ilustração PORTFÓLIO Luana Geiger Formada em Arquitetura pela USP e em Mídias Interativas pelo Senac, Luana Geiger está no mercado editorial desde 2001. É membro da SIB (Sociedade dos Ilustradores do Brasil) e tem livros publicados por Cosac Naify, Companhia das Letrinhas, Saraiva, Oficina de Textos, Hedra e Peirópolis. Ganhou prêmio de melhor trabalho em 1999, no Projeto Nascente 9, do Centro Universitário Maria Antônia. Em 2002, participou do catálogo Images 26, da AOI, Londres. Em 2004, realizou documentação fotográfica e ilustrações no evento Em Trânsito, pelo Instituto Goethe e Centro Português de Design, Lisboa. Participa do fanzine Charivari desde 2005, contemplado pelo programa Conexão Artes Visuais MinC/Funarte/Petrobrás, em 2007. Em 2009 e 2010, realizou painéis de ilustração e ambientações para os SESCs Pompeia, Pinheiros, Vila Mariana e CineSESC. WIDE Como define seu estilo? LUANA Livre, leve e solto. WIDE Onde você busca referências para o seu trabalho? LUANA Observando as pessoas nas ruas, os muros, cinema, artes plásticas etc. WIDE Cite três ilustradores que admira e diga por quais motivos. LUANA Todos os meus colegas do blog Charivari (www.chari-vari.blogspot.com), Guto Lacaz, Flávio Motta, Saul Steinberg, Edward Lear e Henning Wagenbreth. Cada um por sua especificidade. 1 Luana Geiger E-MAIL: [email protected] SITE: luanageiger.com BLOG: blog.luanageiger.com FACEBOOK: facebook.com/luana.geiger TWITTER: @luanageiger 18 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO 2 1- Ilustração para o livro Ideias do Canário, Machado de Assis Editora: Hedra Técnicas: Traço e Photoshop Ano: 2011 3- Ilustração para o livro Contos da Floresta, Ozias Yaguarê Editora: Peirópolis Técnica: Gouache Ano: 2011 2- Ilustração para o livro Ideias do Canário, Machado de Assis Editora: Hedra Técnicas: Traço e Photoshop Ano: 2011 4- Ilustração para o livro Contos da Floresta, Ozias Yaguarê Editora: Peirópolis Técnica: Gouache Ano: 2011 3 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 19 Lente Digital PORTFÓLIO Amanda Vivan Designer, formada em Programação Visual, Amanda Vivan trabalha como freelancer desde 2007, com passagens por agências de propaganda, comunicação e design em São Paulo e Florianópolis. A fotografia é apenas um hobby, mas tem mais de duzentas imagens à venda no GettyImages. WIDE Ângulo, iluminação, textura, movimento, corte… O que mais se destaca no seu trabalho? AMANDA O que mais se destaca em minhas fotos são as cores fortes, seja de uma parede ou da natureza. Sempre que faço uma foto, procuro encontrar o melhor ângulo, iluminação e corte, mas as cores são o que chamam mais atenção, não só de quem as vê, mas a minha também, na hora de fotografar. Adoro o “minimundo”, como eu chamo as miniflores, bichinhos etc., porque ninguém presta muita atenção nisso. Gosto de fotografar detalhes e, às vezes, até fazer com que esses detalhes se tornem abstratos, fazendo com que as pessoas prestem um pouco mais de atenção para saber o que é a foto. 1 Amanda Vivan E-MAIL: [email protected] SITE: www.amandavivan.com 20 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO 2 1- Donzelinha 3- Libélula Câmera Canon EOS 50D Objetiva EF Canon Câmera DSLR-A100 2- Joaninha na margarida 4- Minimundo Câmera DSLR-A100 Câmera DSLR-A100 Objetiva F/3.5-5.6 Objetiva F/3.5-5.6 Objetiva F/3.5-5.6 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 21 Fontes de Inspiração PORTFÓLIO Marcio Hirosse Formado em Desenho Industrial (Programação Visual), o diretor de arte e designer tipográfico Marcio Hirosse possui em seu portfólio inúmeras fontes que já foram utilizadas em diversos tipos de mídia: vinhetas de emissoras de TV, embalagens, logotipos, revistas, flyers, livros, capas de CDs e DVDs e sites. Alguns desses trabalhos mereceram destaques, como o CD dos Paralamas do Sucesso, o site da Pepsi, uma vinheta do canal HBO, um anúncio da Mitsubishi Pajero e a embalagem da Elma Chips, entre outros WIDE Você criou as fontes Bala Perdida, Clean e Sodomy. Como surgiu a ideia de elaborá-las? MARCIO A Bala Perdida foi criada a partir de letras adesivas (Letra-Set), em que a ideia era expressar literalmente o estrago causado por esse acontecimento, a destruição, a desconstrução de algo ou alguém. A Clean foi criada para um projeto de identidade visual. Já a Sodomy foi criada com a finalidade de participar de uma “coleção” de tipos exclusivos para um determinado tema — nesse Marcio Hirosse E-MAIL: [email protected] SITE: flickr.com/fabrikadetypos 22 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO caso, a temática era sobre sexo. Esse projeto ainda está em andamento com cinco temáticas diferenciadas, no qual cada fonte deverá representar um tema específico. WIDE De que maneira o design de tipos influencia na transmissão da mensagem? MARCIO Acredito ser fundamental a escolha de uma tipografia adequada para um determinado projeto ser desenvolvido, pois é a partir dela que a mensagem ganhará destaque, ênfase e personalidade. O desenho das letras ganha vida, sendo elas utilizadas de forma coerente e dentro de um contexto. Sou da opinião que deveríamos, na maioria das vezes, produzir tipos específicos para os projetos. Sei que geralmente isso é algo impossível, pois envolve custos, prazos, clientes etc. Mas, assim, o design tipográfico estaria sendo empregado de forma justa, pois abriria novos horizontes para profissionais e interessados na criação tipográfica e também na caligrafia. 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 23 criação r a v i t a c e d e t A ar s e t n e i l c go Por Tia Bosco s ar novo t s i u q n para co l a e gestões d i u s a l u m e m g ma fór reporta a t s e n Existe u como a a , r i o f t n n o u C s s s? digital, es ao a t projeto o n i l e r ó f e t f r es re e po de e opiniõ ão por meio d nsão da rede taç pa apresen financeira, a ex ão . a quest to mais i u m e s contato 24 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO CRIAÇÃO C ativar um cliente certamente não é uma das tarefas mais fáceis. Em diversas áreas, o conceito de a “primeira impressão é a que fica” tem um grau de importância elevado e é determinante para “seduzir o freguês”. Um atendimento especial em um restaurante, um serviço de bordo diferenciado em uma companhia aérea, um tratamento vip para com os hóspedes em um resort — tudo isso pode impactar diretamente as ações presentes e futuras do potencial comprador. No âmbito da criação não é diferente… Hoje, com tantas agências e profissionais atuantes nesse mercado cada vez mais concorrido, a tarefa de cativar o cliente tem se tornado desafiadora. Sendo assim, o que mais pesa a favor de quem oferece o serviço no momento de uma negociação? De acordo com André Beltrão, designer e autor do livro Quanto custa meu design?, da série Manual do freela, vale mais a postura do profissional, que se reflete no valor percebido pelo cliente. “Isso significa não somente um bom portfólio, mas uma identificação entre o designer e o cliente — para que este considere estar contratando a melhor opção para resolver seu problema. É importante, por exemplo, antes de uma reunião, buscar conhecer algo sobre a empresa ou sobre sua área de negócios; isso é bem fácil de fazer pela internet. É importante, também, estar bem seguro quanto ao preço que está sendo proposto, se possível apto a justificá-lo, e saber qual é o mínimo aceitável para uma negociação, para que o trabalho continue valendo a pena para os dois lados. E jogar abertamente, com transparência e honestidade”, afirma. Segundo Ronaldo Gazel, artista plástico e diretor da Gaz Games (www.gazgames.com.br), é fundamental que se conheça as necessidades reais do cliente, ir a fundo nisso, entender seus concorrentes, seu negócio. “Esse conhecimento deverá ser refletido na proposta comercial/estratégica, que não apenas deverá antever os anseios, como também despertar para novas necessidades do cliente. Não se vende nada sem que o comprador esteja consciente de sua necessidade real. Já vi ideias geniais naufragarem porque só existiam em torno de si mesmas e seus vendedores não sabiam adequá-la às necessidades reais de seus prospects. E o cliente vai perceber, imediatamente, que sua autoridade está no seu conhecimento de causa, gerando confiança.” Ainda de acordo com Gazel, passada essa primeira etapa — a mais importante — entram as “armas secretas” da fidelização. “Para cada perfil gerencial, compõem-se ‘arsenais’ distintos, por exemplo: algumas empresas investem em metodologias ágeis, o que, além de melhorar processos, pode conquistar determinados clientes que vejam nisso um grande diferencial; da mesma forma que, para outros, o que mais importa é a qualidade criativa do trabalho, e nesses casos, além de metodologias, é preciso também se pensar em estratégias de reposicionamento editorial, isto é, firmar-se como referência de criatividade e tecnologia aplicadas à comunicação digital. É uma decisão ousada, exige sangue, suor e lágrimas, mas é também a melhor forma de garantir seu diferencial diante da concorrência, cada vez mais frenética”, diz. Gustavo Piqueira, tipógrafo, designer e detentor do maior número de premiações na categoria designer gráfico em toda a história das Bienais da ADG Brasil (Associação dos Designers Gráficos do Brasil), no entanto, não acredita que haja um fator determinante responsável por cativar o cliente. Para ele, é uma soma de diversos detalhes — e que podem variar de cliente para cliente. “É preciso que ele sinta que está ‘seguro’ em suas mãos. Ou seja, que você domina o universo referente ao projeto a ser desenvolvido, que possui expertise na área. Contudo, essa demonstração de expertise não é absoluta e varia bastante dependendo do segmento. Para bens de consumo, por exemplo, chega a um nível quase científico — apesar do discurso ‘quero ideias criativas’, elas quase inexistem. Já para segmentos ditos mais culturais, há quase que uma busca por um ‘autor’. E assim por diante — cada segmento/porte busca um encaixe particular de competências. Por isso, o que mais pesa mesmo é, na verdade, descobrir qual o discurso correto para determinado projeto e, dentro disso, tentar potencializá-lo ao máximo”, assegura. Portfólio digital Há quem diga que um bom portfólio digital seja o “caminho das pedras”, sendo fundamental para conquistar um cliente. Segundo Bruno Porto, designer gráfico e autor do livro Vende-se design, da série Manual do freela, apesar da sua importância, ele não é essencial. “O portfólio online pode facilitar uma primeira referência, ser confortável e economizar tempo, mas criar uma oportunidade para que seja apresentado pessoalmente é infinitamente melhor. Não apenas para adequá-lo às necessidades específicas do prospect, mas também pela possibilidade da valorização do seu conteúdo pelo próprio autor. Uma das máximas no nosso meio é que ninguém contrata um portfólio, contrata a pessoa. Afinal, não se compra um trabalho que já está em um portfólio, compra-se a promessa da pessoa em produzir algo semelhante — em estilo, impacto, técnica, suporte — ao que está lá. A compra de uma promessa envolve confiança, e isso é uma das mais importantes características que um site que promove serviços de design deve transmitir. É isso que um cliente em potencial leva em consideração”, afirma. Atualmente, há diversas plataformas para o profissional se apresentar aos clientes. Para Renato Alarcão, designer gráfico e mestre em ilustração, o melhor formato para quem busca uma boa presença online é ter um site com a dinâmica de um blog, com atualizações frequentes, um ou outro texto descritivo sobre os projetos, imagens muito bem selecionadas etc. Porém, ele adverte que existem portfólios online cuja lógica é uma verdadeira salada de equívocos. “Trazem assuntos fora da esfera profissional — como aquelas fotos do voo de asa delta e da micareta de fevereiro, por exemplo —, possuem box de comentários repletos de tolices etc. É necessário para o profissional separar os assuntos pessoais dos assuntos da sua ‘revista eletrônica’ sobre cultura, política, variedades e coisas legais que garimpou na internet”, conta. 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 25 A formação do preço Confira, a seguir, alguns dos requisitos essenciais para cativar um potencial cliente: s4BJCBRVFNFMFÈFPRVFQSPDVSB s5FOIBQMFOBDPOTDJÉODJBEPRVFWPDÉSFBMNFOUFUFNBPGFSFDFSTFNBVUPFOHBOP s"VUPDSÌUJDBQPSNBJTEPMPSPTBRVFTFKBOVNQSJNFJSPNPNFOUPÈGVOEBNFOUBM/ÆPQFHPVPQSPKFUPRVFRVFSJB 5FN RVFEFTDPCSJSPRVFGF[EFFSSBEPFMVUBSQSBDPOTFSUBS s/VODBQFOTFVNQSPKFUPDPNPBMHPJTPMBEP1FOTFTVBUSBKFUÑSJBDPNPVNMPOHPDBNJOIPFUPNFBTEFDJTÕFTTFKBN FMBTRVBJTGPSFNNJSBOEPTFNQSFPNÈEJPMPOHPQSB[P s3FQVUBÇÆPFDSFEJCJMJEBEFDPOTUSVÌEBOPEFDPSSFSEFBMHVOTBOPTEFNFSDBEP s &YQFSJÉODJB EF NBSDB QSBUJDBNFOUF VNB FTUSBUÈHJB EF 1FSTPOBM#SBOEJOH1PEFJSEFTEFVNBBTTJOBUVSBOPFNBJM FVNUFYUPCFNFTDSJUPVNDBSUÆPEFWJTJUBTBEFRVBEPBPT TFVTPCKFUJWPTBVNQPSUGÑMJPEFRVBMJEBEFQBSBGFDIBSDPN DIBWFEFPVSPPTFVDPOUBUP s %JTQPOJCJMJEBEF OÆP BEJBOUB UFS VN TVQFSTJUF F NVJUPT TFHVJEPSFTOBTSFEFTTFRVBOEPPQPUFODJBMDMJFOUFFOUSBFN DPOUBUP WPDÉ EFNPSB B SFTQPOEFS PV B FOUSFHBS P QSPKFUP FORVBOUPDPOUJOVBUVJUBOEP7PDÉBDIBRVFTFVDMJFOUFOÆP FTUÁEFPMIPFNWPDÉ s.PTUSBSDPOIFDJNFOUPEBTOFDFTTJEBEFTSFBJTBOÁMJTFQSPGVOEBEPOFHÑDJPEPDMJFOUF s %FNPOTUSBS DBQBDJEBEF EF PGFSFDFS B TPMVÇÆP NBJT BEFRVBEB EJBOUF EBT OFDFTTJEBEFT MFWBOUBEBT QSFGFSFODJBMNFOUFDPNPVTPEFDBTFT s $SJBÇÆP EF BQSFTFOUBÇÕFT RVF TJOUFUJ[FN WJTVBMNFOUF B QSPQPTUB B TFS BQSFTFOUBEB DPN EJBHSBNBT JOGPHSÁŢJDPT XJSFGSBNFT F FTUVEPT EF SFGFSÉODJBT 2VF TFKBN EJEÁUJDBT TFSWJOEPUBOUPQBSBSFGPSÇBSPDPODFJUPDPNPDMJFOUFRVBOUPQBSBBQSÑQSJBFRVJQFEFEFTFOWPMWJNFOUPTFSFGFSFODJBS EVSBOUFBQSPEVÇÆP/BEBEF8PSEDPNUFYUPQVSPJTTPOÆP EFTQFSUBPEFTFKPEFOJOHVÈN s0GFSFDFSVNBUFOEJNFOUPFŢJDB[FMJNJOBOEPRVBMRVFSE×WJEBHFSBOEPQSPHSBNBTPVQMBOJMIBTEFUSBDLJOHQBSBRVFP DMJFOUFQPTTBBDPNQBOIBSPQSPDFTTPEFEFTFOWPMWJNFOUP s&OUSFHBSŢJFMNFOUFPRVFÈWFOEJEP Fontes: Gustavo Piqueira, Carol Hoffmann e Ronaldo Gazel. 26 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO Em relação à parte de financeira, alguns fatores devem ser levados em consideração pelo profissional criativo, para que ele calcule corretamente o custo de um projeto e cobre da forma mais adequada, sem gerar qualquer tipo de trauma durante a negociação com o cliente. De acordo com André Beltrão, descobrir o máximo de informações relativas ao projeto é o que o profissional precisa. “Especificamente o que será projetado, o uso do projeto, a expectativa, os recursos e inputs que o cliente pode oferecer, o que receberá como material bruto (fotos? textos?) e em que estágio de preparação esse material estará (precisando de revisão? de retoques?), o cronograma etc. Em posse dessas informações, poderá prever seus gastos com materiais e terceiros e prever o tempo que precisará para desenvolver o serviço. Deverá somar a esse tempo um percentual referente a possíveis retrabalhos e multiplicar o total de horas obtidas pelo seu custo hora. Custo hora + despesas variáveis compõem o custo operacional. A ele devem ser acrescentados percentualmente os impostos, margem de lucro e margem de negociação desejada. Dessa forma, o profissional saberá exatamente quanto tem como margem de lucro e como margem de negociação, e esses são os dois únicos itens que podem abater do preço original para saber seu preço mínimo. Seguro desses números, caso o projeto ainda não se encaixe na verba disponível do cliente, pode negociar a redução do escopo do projeto para que menos horas de desenvolvimento sejam utilizadas ou, então, dividir o projeto em duas etapas, viabilizando um ‘plano B’ sem prejuízo”, indica. Segundo Carol Hoffmann, professora da UCP (Universidade Católica de Petrópolis), especialista em design e marketing digital, calcular corretamente o custo de um trabalho e cobrar da forma mais adequada depende do tipo de projeto. “Quando falamos de profissional criativo e de projetos digitais, os fatores que devem ser levados em consideração em um briefing, e o consequente orçamento, tornam-se quase incontáveis. Mas, posso afirmar que qualquer profissional deve aproveitar o momento/documento do orçamento para deixar claro todos os porquês, senãos e detalhes, por menores que pareçam, mesmo que já tenham sido verbalizados — esse é o momento de colocar no papel para que nenhuma das partes se engane ou esqueça de algum detalhe em algum momento futuro. Use as suas experiências negativas anteriores a seu favor e não erre novamente. E sempre cumpra a risca o que estiver por escrito, inclusive os seus prazos de entrega”, diz. Expandindo a rede de contatos Em entrevista concedida à Wide em 2010, André Beltrão diz que criar uma rede de contatos é um dos fatores determinantes para os profissionais freelancers deslancharem em suas carreiras. Quais seriam, então, as maneiras mais eficientes para se criar e expandir essa rede de contatos? Fazer networking contribui para conquistar novos clientes? De acordo com Renato Alarcão, é importante não se restringir apenas a uma presença virtual. “É importante frequentar eventos nos quais se possa encontrar e interagir com pessoas criativas, ir a palestras, lançamentos de livros, exposições, fazer cursos e mesmo frequentar encontros informais. Esses são ótimos lugares para se encontrar gente e aproximar-se de profissionais cuja trajetória gostaríamos de espelhar”, assegura. Hoje, estabelecer uma boa rede de contatos é apenas o primeiro passo na consolidação do networking, segundo Ronaldo Gazel. “Contato por contato, dá até para ser amigo dos nossos ídolos de infância, no Facebook; é comum, inclusive, se estabelecerem laços com centenas, milhares de pessoas ao mesmo tempo, segui-las, entrelaçá-las. Sendo assim, o que mais importa não é a quantidade, nem apenas o valor estratégico do cliente, mas a qualidade do seu atendimento, do seu relacionamento, do cliente fazendo propaganda para você, vendendo você. Esse é o testemunhal que chancela suas qualidades, não importando se sua lista de contatos tem dez ou cem prospects — você só precisa ajudar a uma meia dúzia deles a obter sucesso, resultados palpáveis, que, tal qual uma progressão geométrica, novos clientes surgirão”, conclui. Por outro lado, há quem não aposte em fazer contatos, como Gustavo Piqueira, por exemplo, que confia na consequência de um projeto bem executado. “Eu não faço networking. Não acredito no termo. Nem em ‘fazer contatos’. Acredito em trabalho bem feito, em todos os sentidos — da qualidade criativa a uma relação saudável com o cliente. Esse deve ser o foco. E, claro, quanto mais você faz, mais vai formando uma base de pessoas ligadas ao seu negócio e que, eventualmente, podem contratá-lo. É um movimento natural e básico, mas parece que as pessoas esquecem. Nada é mais eficiente para expandir rede de contatos do que um trabalho bem feito”, afirma. “É preciso que ele sinta que está ‘seguro’ em suas mãos. Ou seja, que você domina o universo referente ao projeto a ser desenvolvido, que possui expertise na área” Gustavo Piqueira 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 27 28 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO CRIAÇÃO Washington Olivetto Por Tiago Bosco O que ele pensa sobre as agências e o mercado de criação na era digital Ícone da propaganda nacional, eleito o “publicitário do século” na década passada pela Associação Latino-americana de Publicidade e o profissional brasileiro mais premiado da história no conceituado Cannes Lions Festival, Washington Olivetto (WMcCann) é o nosso convidado especial desta edição. Reunimos diversos diretores de agências interativas espalhadas pelo país e ainda contamos com a participação dos nossos leitores para uma impactante entrevista coletiva sobre o atual mercado de criação. Confira! 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 29 CRIAÇÃO Andre Matarazzo Abel Reis Ely Menezes Responsável por criação, estratégia e tecnologia na Possible Worldwide Sócio da agência Click Isobar Sócio e diretor de criação da agaência Fishy (www.agenciaclickisobar.com.br) (www.possibleworldwide.com.br) Andre Matarazzo ANDRÉ%J[TFRVFEBTBHÉODJBTCSBTJMFJSBTOÆPTÆPDSJBUJWBT RVFTÆPOBWFSEBEFCVSFBVYEFNÌEJBRVFWBMPSJ[BNTFVTCÒOVT EFWFJDVMBÇÆPFNEFUSJNFOUPEFBÇÕFTDSJBUJWBTRVFBSSJTDBNFTTB FTUSVUVSB EB NÌEJB DPNQSBEB 0 RVF WPDÉ BDIB RVF BDPOUFDFSÁ DPNP#SBTJM 7JWFSFNPTFTUFTJTUFNBGFVEBMJODFTUVPTPQPSNVJUP NBJTUFNQPPVWJWFSFNPTVNGPSNBUPDPNQFUJUJWPFNBJTJOPWBEPSFNCSFWF WASHINGTON O fato não acontece só no Brasil. A maioria das agências de publicidade do mundo, comissionadas ou não pela mídia, não servem de exemplo. Esse fenômeno não é só brasileiro. E achar que o problema se situa única e exclusivamente nos formatos de remuneração das agências não reflete a realidade. Ou pelo menos a maior parte dela. Existem outros problemas estruturais das agências, de posturas ideológicas e éticas e de relações com os clientes, que conduzem dramaticamente ao trabalho de qualidade duvidosa. ANDRÉ/B1PTTJCMFFOUFOEFNPTRVFPQBQFMEFVNBBHÉODJBTFKB BKVEBSNBSDBTBTFSFMBDJPOBSFNDPNDPOTVNJEPSFTEFVNBNBOFJSB QSÑYJNBDPOUÌOVBFJOUFSBUJWB"TNBSDBTUBNCÈNRVFSFNFTTF SFTVMUBEP0RVFWPDÉFTUÁGB[FOEPIPKFQBSBDIFHBSBUBMSFTVMUBEP 4FVQFOTBNFOUPWBJBMÈNEBQSPQBHBOEB WASHINGTON A questão não é o que eu estou fazendo hoje; é o que sempre fiz. Desde o início da minha vida profissional, apesar de ser rotulado como um criador de publicidade, na verdade sempre fui um produtor de conteúdo, um gerador de ideias para soluções de mídia ou de soluções de mídia para a implantação de ideias. Minha obsessão sempre foi a de criar uma comunicação que, além de cumprir as suas obrigações de vender produtos e construir marcas, tenha uma ambição maior: entrar para a cultura popular. Essa tarefa é impossível de ser alcançada sem um pensamento que vá bem além da propaganda . Sei disso e pratico 30 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO (www.fishy.com.br) isso faz tempo, mais especificamente desde os 19 anos de idade. ANDRÉ A propaganda, tal como você conheceu no início de sua carreira, está morta. O que você acha disso? WASHINGTON A propaganda, ciclicamente, morre e depois ressuscita. Característica de uma atividade baseada na criação do novo ou na recriação do já existente, sendo que, ambos, quando bem realizados, são igualmente valiosos. Mudam-se as possibilidades tecnológicas e as relações com o consumidor, mas o fundamental não muda: sem grandes ideias nada acontece. “entrar para a cultura popular. Essa tarefa é impossível de ser alcançada sem um pensamento que vá bem além da propaganda” Abel Reis ABEL 4PCSFBFSBEJHJUBMWPDÉBDIBRVFEÁQBSBTFSVNHSBOEFDSJBUJWP TFNDPOIFDFSQSPGVOEBNFOUFBUFDOPMPHJBEPTOPWPTNFJPTEJHJUBJT WASHINGTON Não dá para ser um grande criativo sem conhecer profundamente muitas coisas, incluindo a tecnologia dos novos meios digitais. Mas, conhecer só as novas tecnologias é muito pouco. Um grande criador precisa conhecer muito mais. Aliás, das muitas coisas que um grande criador precisa conhecer, talvez a menos necessária seja a própria publicidade . Até mesmo para esse criador não correr o risco de vir a repetir (sem reinventar) a publicidade que já foi feita. ABEL4FBQVCMJDJEBEFGPTTFVNHÉOFSPMJUFSÁSJPRVBMTFSJBQBSB WPDÉQSPTBPVQPFTJB Sergio Motta Lucas Nascimento Adriana Menescal Presidente do Grupo TV1 Sócio da agência SetWeb (www.grupotv1.com.br) (www.setweb.com.br) Sócia-diretora da agência Sirius Interativa (www.sirius.com.br) WASHINGTON A publicidade de vez em quando é prosa, de vez em quando é poesia. Vive os seus melhores momentos quando é poesia, mas é cobrada o tempo todo para ser prosa. ABEL 0 RVF WPDÉ GBSJB EF EJGFSFOUF OB TVB DBSSFJSB TF QVEFTTF SFDPNFÇÁMB WASHINGTON Não faria nada diferente. Repetiria tudo. Chamo isso de coerência, mas quem discordar de mim pode chamar de teimosia. Ely Menezes ELY 0NPEFMPEFOFHÑDJPEBTBHÉODJBTUSBEJDJPOBJTCBTFBEPOP DPNJTTJPOBNFOUP È EF BMHVNB GPSNB BNFBÇBEP QFMP NPEFMP EBTEJHJUBJTRVFFNTVBNBJPSJBDPNFÇBSBNDPNPQSPEVUPSBTF DPCSBNDPNPUBJT "EJGFSFOÇBFOUSFGPSNBUPTÈQFSDFCJEBQFMPT DMJFOUFT WASHINGTON A diferença é percebida pelos clientes, mas eu, particularmente, não gosto da ideia da divisão entre agências tradicionais e agências digitais. Para mim, uma boa agência faz tudo , assim como um bom profissional faz tudo. Foi pensando assim que estruturei a WMcCann. ELY«QPTTÌWFMRVFBTBHÉODJBTEJHJUBJTTPGSBNVNQSPDFTTPEFJODPSQPSBÇÆPFNNBTTBQFMBTUSBEJDJPOBJT “não gosto da ideia da divisão entre agências tradicionais e agências digitais. Para mim, uma boa agência faz tudo” WASHINGTON Creio que não. Acho mais fácil o mercado incorporar os profissionais do que as agências. Sergio Motta SERGIO2VBJTGPSBNBTNBJPSFTMJÇÕFTRVFMIFDBVTBSBNHSBOEF JNQBDUPFTVSQSFTBBPMPOHPEBTVBDBSSFJSB WASHINGTON Comecei muito cedo nesse negócio e aprendi a fazer fazendo. Sempre tive verdadeira tara pela cultura pop e obsessão pela eterna juventude. Sempre fui um avião consertado em pleno voo. Essa postura sempre me proporcionou a possibilidade de absorver e incorporar surpresas rapidamente e fazer o novo de novo. Não sei listar as grandes lições que mais me causaram impacto e surpresa, mas não tenho dúvida de que tenho sido beneficiado pelo somatório de todas elas. SERGIO2VBJTBTDPNQFUÉODJBTNBJTDSÌUJDBTEPTQSPŢJTTJPOBJTRVF BUVBNIPKFOPNVOEPEJHJUBMUBOUPDPNQPSUBNFOUBJTDPNPUÈDOJDBT WASHINGTON Acho que a grande questão para os profissionais que atuam no mundo digital é não serem apenas digitais. Aliás, acho o rótulo “digital” antigo. Quando ouço uma empresa ou pessoa me dizer que é digitalizada, sinto como se ouvisse alguém me dizendo que tem luz elétrica em casa . Lucas Nascimento LUCAS0RVFB8.D$BOOUFNGFJUPQBSBEFTFOWPMWFSDBNQBOIBTOP NFJPEJHJUBM $PNQSBSBNŢJ[FSBNQBSDFSJBTDPNBHÉODJBTEJHJUBJTPV DSJBSBNVNO×DMFPQSÑQSJP WASHINGTON Todos os nossos profissionais fazem tudo. Trabalham absolutamente integrados. Mais do que incentivar os ex-analógicos a serem digitais, incentivei os só digitais a serem também analógicos. É bastante normal na WMcCann 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 31 Cesar Paz Roberto Cassano CEO da AG2 Publicis Modem Diretor de Estratégia e Planejamento da agência Frog (www.ag2.com.br) (www.agenciafrog.com.br) um profissional criado no mundo digital ter, hoje, capacidade também para criar um comercial de televisão ou uma página dupla de revista, mídias teoricamente tidas como tradicionais. A integração dos profissionais na WMcCann não aconteceu só na Criação, aconteceu também em toda a Mídia e no Planejamento. Isso fez com que a gente chegasse ao final de 2010 como a primeira agência digital do país, segundo o Ibope Monitor, sem deixar de ser uma das maiores em todas as outras mídias. Devem ter seus 15 minutos de fama como novidades e, depois, devem ser imediatamente incorporadas. LUCAS7PDÉTKÁQFSEFSBNDPODPSSÉODJBTQBSBBHÉODJBTEJHJUBJT $BTPTJNDPNPFODBSBSBNFTTBQFSEB WASHINGTON De 1º de maio de 2010 (data do início de operação da WMcCann) até hoje, não perdemos qualquer concorrência para agências digitais. Pelo contrário: ganhamos uma concorrência para mídia digital competindo com três especializadas. Mas, na W/Brasil, cheguei a perder duas concorrências para agências digitais e encarei a perda como natural, até porque na W/Brasil nós não tínhamos uma máquina tão integrada quanto temos aqui na WMcCann. LUCAS6NBEBTDBSBDUFSÌTUJDBTEBTDBNQBOIBTEJHJUBJTÈBQPTTJCJMJEBEFEFNFOTVSBSFNUFNQPSFBMBFŢJDÁDJBEBTDBNQBOIBTBO×ODJPTFWFÌDVMPT"TBHÉODJBTUSBEJDJPOBJTFTUÆPQSFQBSBEBTQBSBFTTF OPWPDFOÁSJP ADRIANA $PNP WPDÉ FOYFSHB VNB BHÉODJB hUSBEJDJPOBMv USBCBMIBOEPDPNGPSNBUPTNÑWFJTQBSBBVNFOUBSBTWFOEBTEPDMJFOUF .PCJMFQBZNFOUUBCMFUTHBNFT57JOUFSBUJWBFUD WASHINGTON Eu não enxergo mais agências tradicionais nem agências só digitais. Enxergo tudo como uma coisa só. Cesar Paz CESAR$PNBFYQMPTÆPEBTNÌEJBTTPDJBJTOP#SBTJMBTBHÉODJBTEF QSPQBHBOEBOÆPTFTFOUFNQSFTTJPOBEBTBNVEBSTFVNPEFMPEF OFHÑDJPTBJOEBNVJUPCBTFBEPFNWFJDVMBÇÆPEFNÌEJB WASHINGTON Cada caso é um caso. A WMcCann, por exemplo, é a agência de mídias sociais da Microsoft (ganhamos a concorrência há quatro meses) e também a agência das mídias abertas e tradicionais de grandes anunciantes. Para nós, tudo caminha muito bem, até porque buscamos sempre fazer o que é melhor para o anunciante, sem nos influenciarmos por fatores modais. CESAR2VBJTDBSBDUFSÌTUJDBTWPDÉQFSDFCFOBTBHÉODJBTEJHJUBJTRVF HPTUBSJBEFWFSJODPSQPSBEBTQFMBTBHÉODJBTUSBEJDJPOBJT WASHINGTON Aqui na WMcCann temos uma estrutura de mensuração verdadeiramente impecável, resultado do somatório do que temos na WMcCann com os investimentos gigantescos que o McCann World Group fez no mundo e que nós herdamos. WASHINGTON Não enxergo essa divisão entre as agências faz tempo. Já incorporei culturalmente (na teoria e na prática) tudo o que deveria ter incorporado até ontem. Mas, amanhã, certamente surgirá mais alguma coisa para incorporar. Adriana Menescal Roberto Cassano ADRIANA $PNPPNFSDBEPQVCMJDJUÁSJPFTUÁTFQSFQBSBOEPQBSBB ROBERTO"DPNQSBEFNÌEJBÈQBSUFJNQPSUBOUFEFRVBMRVFSFTUSBUÈHJBEFDPNVOJDBÇÆPTFKBFMBPOMJOFPVPţMJOF2VBOEPGBMBNPTEF NBSLFUJOHCPDBBCPDBOPFOUBOUPVNNFJPEFEJWVMHBÇÆPEBNFOTBHFNRVFÈUÆPPVNBJTJNQPSUBOUFÈPQSÑQSJPDPOTVNJEPS*TTP DPOTUBOUFFOUSBEBEFOPWBTNÌEJBTDPNPQPSFYFNQMPBTUBCMFUT WASHINGTON Nas agências contemporâneas e antenadas, as novas mídias não chegam a ser novas por mais de 15 minutos. 32 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO Gustavo Souza (leitor) José Telmo (leitor) Analista de SEO e produtor de conteúdo do portal Canção Nova Consultor e palestrante de marketing digital e criação publicitária. Professor do Instituto Infnet e da Universidade INIPLI/Anhanguera (www.cancaonova.com) “Comerciais de 30 segundos caíram na boca do povo. Ações de relacionamento caíram na boca do povo. São coisas com formatos diferentes, mas certamente com um ponto em comum: a presença de uma ideia grande, forte, relevante e pertinente” JOUFSOFUWFJPQBSBEFTUSVJSFTVCTUJUVJSBNÌEJBDPOWFODJPOBM WASHINGTON Diria aos dois que aprendam a fazer as duas coisas. ROBERTO"TQSJNFJSBTFYQFSJÉODJBTEBTBHÉODJBTUSBEJDJPOBJTDPN O×DMFPTCSBÇPTEJHJUBJTUÉNNBJTEFRVJO[FBOPT"HPSBKÁTFGBMBFN BDBCBSEFWF[DPNBEJWJTÆPPOPţMJOFGBUPRVFBJOEBOÆPÈSFBMJEBEF OBTBHÉODJBT1PSRVFUFNTJEPUÆPEJŢÌDJMBCSBÇBSPEJHJUBM WASHINGTON O fato é realidade, sim, em algumas agências. A WMcCann, aqui no Brasil, e a Goodby Silverstein & Partners, nos EUA, são dois bem-sucedidos exemplos. Gustavo Souza (leitor) OPTMFWBBVNBOFDFTTJEBEFEFDVJEBEPFJOWFTUJNFOUPBJOEBNBJPS DPNPQSPEVUPFNTJ1PSPVUSPMBEPPNFSDBEPQVCMJDJUÁSJPCSBTJMFJSPEVSBOUFEÈDBEBTHJSPVFNUPSOPEBDPNQSBEFNÌEJBEP#7 EPhGB[VNŢJMNFFWFJDVMBv0VNBJTSFDFOUFNFOUFhBUÈGBÇPFTTB BÇÆPEFSFMBDJPOBNFOUPEFTEFRVFDPNQSFNÌEJBQBSBEJ[FSRVFŢJ[v $PNPWPDÉBWBMJBFTTFDFOÁSJP &TUBNPTWJDJBEPTFNNÌEJB 0VOP GVOEPJTTPOÆPJNQFEFBJOPWBÇÆPFBBEFTÆPEFDMJFOUFTBHÉODJBTF EFNBJTQMBZFSTEPNFSDBEP WASHINGTON Quem quiser inovar, inova. Nada impede. E o boca a boca pode ser gerado de diversas formas. Comerciais de 30 segundos caíram na boca do povo. Ações de relacionamento caíram na boca do povo. São coisas com formatos diferentes, mas certamente com um ponto em comum: a presença de uma ideia grande, forte, relevante e pertinente . ROBERTO7PDÉÈVNBJOŢMVÉODJBJODSÌWFMQBSBHFSBÇÕFTEFKPWFOT QVCMJDJUÁSJPT$SJBEPSEFDBNQBOIBTFŢJMNFTRVFBSSFQJBNFFNPDJPOBNNFTNPEFQPJTEFWJTUPTVNUSJMIÆPEFWF[FT0RVFWPDÉEJSJB QBSBEPJTIJQPUÈUJDPTFTUVEBOUFTEFQVCMJDJEBEFVNDVKPTPOIPÈ TFSEFEJDBEPBGB[FSŢJMNFTEF57FPVUSPRVFBDSFEJUBRVFB GUSTAVO)PKFPEJGFSFODJBMOÆPÈFTUBSOBSFEFNBTTBCFSJOUFSBHJSEFGPSNBWJÁWFMDPNPNBJPSO×NFSPEFQFTTPBTQPTTÌWFM7PDÉ BDSFEJUBRVFFTTBDBQBDJEBEFEFJOUFSBÇÆPÈVNBWBOUBHFNEBT BHÉODJBTRVFWÉNTFOEPDPODFCJEBTEFOUSPEBFSBEJHJUBMFNDPNQBSBÇÆPDPNBTUSBEJDJPOBJT WASHINGTON Não necessariamente. Na verdade, eu acredito mesmo que levam vantagem aquelas agências que têm os profissionais mais talentosos . José Telmo (leitor) JOSÉ TELMO 0MJWFUUPPNVOEPEJHJUBMÈNPWJEPBOPWJEBEFTUBOUP UFDOPMÑHJDBTDPNPTPDJBJT.VJUBTEFTTBTOPWJEBEFTTÆPBDPNQBOIBEBTEFQFSUPQPSQFRVFOPTHSVQPTPVJOEJWÌEVPTBQSPWFJUBOEP BPNÁYJNPPCV[[FPIZQFHFSBEPT$PNPVNBHSBOEFBHÉODJBDPN NVJUBTEJWJTÕFTDBSHPTFTFUPSFTQPEFGB[FSQBSBOÆPŢJDBSBUSÁTEB SÁQJEBDPODPSSÉODJB WASHINGTON As agências (grandes ou pequenas) são formadas por pessoas. Quanto mais talentosas e antenadas forem essas pessoas, melhores serão as agências, independentemente de seus tamanhos. 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 33 TEORIA & PRÁTICA andam juntas? Durante a vida acadêmica, os conceitos teóricos ganham destaque e se fazem presentes de maneira recorrente na grade curricular. No entanto, quando o profissional se insere no mercado, há quem diga que, em decorrência da correria do dia a dia e dos prazos cada vez mais apertados, esses conceitos teóricos são colocados em segundo plano. Segundo Armando Filho, diretor de projetos da Unisys Brasil, “os defensores da prática alegam que a teoria é pouco efetiva, uma vez que sua aplicação é sujeita a condições específicas e particulares. Por outro lado, aqueles que defendem a teoria alegam que os conceitos são as verdadeiras fontes do saber e do conhecimento” (migre.me/5DpMP). Falando especificamente sobre a rotina dos profissionais criativos, o quanto da teoria do mundo acadêmico é aplicado no dia a dia? Como é essa relação entre a teoria e a prática? Profissionais gabaritados de diversas áreas da criação opinam sobre o tema. 34 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO Amyris Fernandez (www.amyrisfernandez.com.br) Doutora em Comunicação, consultora em Design de Interação e membro do IxDA (Interaction Design Association) A questão da diferença entre o ensino teórico e o conceitual e sua aplicação prática é algo que os alunos discutem e sentem ao sair da escola e de que a indústria reclama, pois as escolas não preparam seus alunos para serem profissionais. O resultado é uma academia que só se defende e afirma que é preciso saber a teoria para poder aplicá-la na prática. Trabalho há trinta anos, já fiz MBA, mestrado e doutorado e tenho uma empresa de consultoria, à qual seleciono e contrato profissionais. Minha observação sobre o problema diz que ele tem as seguintes vertentes: o modelo clássico de educação não dá os resultados esperados nem para o aluno e nem para o mercado, muito menos para o mercado digital. Com isso, alunos e profissionais tendem a desprezar o conhecimento teórico, privilegiando o conhecimento prático acima de todas as coisas. Creio que os educadores se enganam ao colocar que teoria é importante, pois essa frase é óbvia e encerra o assunto em lugar de resolver o problema do diálogo com o mercado. Teorias e conceitos são importantíssimos, sim, mas o aluno não assimila o conceito se a importância deste não for indicada na prática. Vamos a um exemplo prático. Canso de ver Relatórios de Usabilidade ou Análises Heurísticas em que o consultor diz: “tira daqui e põe ali, pois assim o usuário não vai mais cometer erros”, e eu pergunto por que ele afirma isso e acabo recebendo uma reposta vaga — “Ah! Eu vi isso no teste. Aqui é melhor”. De novo pergunto por que ele afirma isso e a reposta não vem. Não vem, porque essa pessoa não sabe a reposta. Não vem, porque ele não conhece ciências cognitivas. Não vem, porque ele não sabe a teoria. Simples assim. Culpa dele? Não. Acredito que parte da culpa seja de um sistema de ensino chamado de clássico, que se apoia na premissa de que o aluno deve olhar para o professor como fonte de conhecimento, e não como mestre de uma arte. Acontece que as coisas mudaram com a chegada da internet. Havia livros e informações que ficavam em bibliotecas distantes, impossíveis de serem visitadas por muitos. Agora, impossível não existe. Por isso, o papel de fonte de informação não existe mais para o professor. Seu papel mudou. Mexer com tecnologia nos tornou artesãos. Outra vez artesãos. Por isso, professores clássicos são menos necessários. Precisamos de teoria, mas precisamos de mão na massa, de experiência e de transmissão de experiência/vivência com a prática. E é nesse ponto que tocamos a ferida aberta da indústria insatisfeita com os profissionais que as escolas colocam no mercado. A indústria, o varejo e os serviços não precisam de gente que só sabe a teoria, mas de “gente que sabe fazer”. Sim, isso mesmo. Somos parte de uma linha de montagem moderna, que precisa de todo tipo de expertise. Precisa de “gente que faz”. Logo, gente com medo, gente com dúvida, gente sem experiência não serve. Eu sei que muitas empresas investem em Universidades Corporativas, mas, considerando que todo o mercado está carente de gente preparada, os pioneiros nesse processo tornam-se celeiros de contratação para os RHs de outras empresas e todo seu investimento em educação se vai assim que o recurso/colaborador sair e for para outra empresa. Resumindo, é uma conta que não fecha nunca e deixa muitas mágoas e frustrações. Acredito em educação acadêmica. Mas, como pessoa da indústria de comunicação, compartilho com todos aqueles que não se satisfazem com a visão apequenada das escolas, que insistem em não mudar, quando o mundo, o aluno e o mercado já mudaram. “Acredito que parte da culpa seja de um sistema de ensino chamado de clássico, que se apoia na premissa de que o aluno deve olhar para o professor como fonte de conhecimento, e não como mestre de uma arte” 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 35 Juliana Duarte Formada em História, pós-graduada em Tecnologia da Informação e Diretora de Comunicação Digital na agência Lápis Raro (www.lapisraro.com.br) Aqui na LápisRaro existe um gosto muito forte pela discussão sobre teoria/prática. Acho que isso está na alma da agência. As pessoas são muito intelectualizadas e, independentemente da função, a maioria gosta de aprofundar as conversas, de trocar conhecimento, de pesquisar. Acho que esse ambiente é muito propício para que a teoria e a prática se aproximem e caminhem juntas na busca de um trabalho criativo e consistente. É claro que, na nossa rotina de agência, a forma de nos debruçarmos sobre um problema não acontece da mesma maneira que em um ambiente acadêmico, em que o tempo e a profundidade de investigação são outros. Mas, quando as ferramentas conceituais estão à mão, elas expandem as nossas ideias e diminuem as nossas incertezas. Quando vamos iniciar um projeto, seja um portal ou uma grande campanha, partimos de um diagnóstico apoiado em metodologias e técnicas que desenvolvemos e que se apoiam em Eduardo Loureiro Formado em Comunicação Social, pós-graduado em Design de Interação pela PUC-Minas e cofundador da Voël (www.voel.in) A lógica é bem simples. A academia precisa estar alinhada com os problemas atuais da sociedade, que frequentemente estão no foco de atuação do mercado. E o mercado precisa de embasamento conceitual e teórico para atuar em seus projetos comerciais de forma planejada, inteligente e eficiente. A consequência do distanciamento da teoria para o mercado reflete-se diretamente na qualidade dos projetos que são feitos e, mais que isso, na eficiência de tais projetos frente aos objetivos que eles deveriam atender. Esses problemas acontecem pela falácia de que uma “ideia”, por si só é suficiente para resolver os problemas de comunicação ou de negócio dos clientes. É claro que a criatividade é muito importante, mas ela não é um dom, é um processo construído com conceitos, referências e embasamento. Além disso, uma ideia, por melhor que seja, para ser efetiva em 36 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO disciplinas como a Ciência da Informação, Etnografia, Pedagogia, Sociologia, Filosofia e Semiótica. Quando partimos para a criação, levamos esses conhecimentos na bagagem e somamos a eles todo um patrimônio cultural que para o profissional criativo é matéria-prima. É fundamental conhecer história da arte, literatura, cinema, música, fotografia etc. O que a gente faz para estimular esse encontro entre a teoria e a prática é manter equipes multidisciplinares e profissionais com formações acadêmicas diversas. Temos uma turma grande que veio da Comunicação, mas temos também físico, historiador e a equipe de programação, que não fica só “escovando bits”, mas participa ativamente das reuniões de brainstorms que antecedem os projetos. “O que a gente faz para estimular esse encontro entre a teoria e a prática é manter equipes multidisciplinares e profissionais com formações acadêmicas diversas” seus objetivos precisa ser bem planejada, especificada, executada e monitorada. E nesse ponto as teorias acadêmicas podem ser valiosíssimas. A teoria acadêmica é aplicável para os criativos, seja em uma composição gráfica ou na identificação das demandas das pessoas. Ou seja, os exemplos vão desde a correta escolha de tipos, que proporcionem uma boa experiência de leitura, até a definição de escopo de um produto ou serviço. “É claro que a criatividade é muito importante, mas ela não é um dom, é um processo construído com conceitos, referências e embasamento” Gabriel Patrocínio Graduado em Design pela ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ) em 1982, onde leciona e é exdiretor. Atua como perito judicial de design desde 1997, além de ser parecerista, consultor e conferencista na área de propriedade intelectual. Desenvolve, atualmente, pesquisa de doutoramento na Cranfield University, Inglaterra, sobre políticas nacionais e regionais de design, das quais a propriedade intelectual é um dos componentes. Em Cambridge, existe um poste no meio de um parque, separando a área do campus e o centro da cidade. O lugar é conhecido como “reality checkpoint” — a divisão entre a vida acadêmica e a “realidade”. Porque esse distanciamento entre os conceitos teóricos desenvolvidos na academia e as atividades práticas? Pode-se dizer que, por definição, a academia é um lugar de aprendizado e, portanto, precisa ser livre de restrições da realidade para exercitar o livre-pensamento, gerar novo conhecimento. Mas, esse conhecimento precisa ser transferido e aplicado. O design é reconhecido hoje como a ferramenta ideal para conectar o conhecimento puro e a prática — ou entre a tecnologia, a criatividade e o usuário. As agências de design se lançam nesse caminho: a IDEO não faz design, mas “ajuda empresas a construírem negócios, inovar, desenvolver potenciais e crescer”; a Tátil faz “design de ideias” e gerou recentemente a “CRIA” — uma consultoria criativa que se posiciona como uma empresa que promove a “criatividade para um futuro mais inteligente”; A GAD’Innovation propõe-se a ajudar a “transformar informação em conhecimento, conhecimento em vantagem”. Aqui na Inglaterra, participei recentemente de uma reunião de formação de um consórcio de universidades e empresas de diversos países com a proposta de desenvolver e aplicar conceitos teóricos para uso prático em pequenas empresas e no setor público. Os objetivos foram claramente estabelecidos. Não queremos fazer pesquisa acadêmica, mas aplicação prática de conhecimentos. O conhecimento teórico é a base inalienável para o exercício prático. E o design pode construir a ponte entre teoria e prática. “Pode-se dizer que, por definição, a academia é um lugar de aprendizado e, portanto, precisa ser livre de restrições da realidade para exercitar o livre-pensamento, gerar novo conhecimento. Mas, esse conhecimento precisa ser transferido e aplicado” 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 37 Chocolates M&M’s de cara nova na web O novo site do chocolate mais vendido do mundo está completamente reformulado e oferece ainda mais interatividade para os usuários. Mais colorido e com layout moderno, o destaque fica para a página dos personagens do M&M’s, que traz informações sobre todos os integrantes da turma. Valdir Nascimento, gerente de marketing e trade marketing da Mars Brasil (www.mars.com.br), empresa fabricante do produto, conta-nos detalhes e curiosidades sobre a produção desse trabalho. 38 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO CRIAÇÃO www.mars.com.br WIDE 6NEPTUSBCBMIPTMBOÇBEPTQPSWPDÉTFOWPMWFVBDSJBÇÆPFP EFTFOWPMWJNFOUPEPTJUF..T#SBTJM2VBJTFSBNBTFYQFDUBUJWBTEP DMJFOUFFNSFMBÇÆPBFTTFQSPKFUP VALDIR Nosso objetivo é gerar um conteúdo digital de maior qualidade e mais conectado a uma proposta de diversão, além de consolidar o posicionamento da marca em toda a América Latina, que é um mercado muito importante para o M&M’s. WIDE 2VBMPQFSŢJMEBFRVJQFFOWPMWJEBOBQSPEVÇÆPEPTJUF & FNRVBOUPUFNQPGPJEFTFOWPMWJEPEFTEFPQMBOFKBNFOUPBUÈB FOUSFHBŢJOBM VALDIR O site foi desenvolvido pela Proximity (www.proximityworld.com), agência especializada em marketing digital. O desenvolvimento do novo site M&M’s, que na verdade é uma plataforma digital que vai atender a toda a América Latina, levou cerca de dez meses. O Brasil foi o pioneiro em sua implementação. WIDE 4PCSFBTSFEFTTPDJBJTQFSDFCFTFOPSPEBQÈEPTTJUFTBQSF- TFOÇBEBNBSDBOP'BDFCPPLFOP5XJUUFS2VFUJQPEFSFUPSOPWPDÉT UÉNBMDBOÇBEPQPSNFJPEFTTBJOUFSBUJWJEBEFFRVBMBJNQPSUÂODJBEB NBSDB..TFTUBSQSFTFOUFOBTSFEFTTPDJBJT VALDIR Procuramos trabalhar sempre nossas marcas na internet, por entender que esta é uma mídia extremamente relevante para o público jovem. Em 2009, o M&M’s retomou sua participação na mídia digital ao lançar o concurso BIG M&M’s, durante o Big Brother Brasil. A ação permitia aos internautas criar e compartilhar vídeos e premiou o vencedor com 1 milhão de chocolates M&M’s. Temos aumentado consistentemente a importância das mídias digitais dentro dos nossos investimentos. Ainda mais com o forte crescimento das chamadas mídias sociais, o foco das nossas marcas de chocolate para esse meio se tornou ainda maior, por se tratarem de marcas jovens, modernas e irreverentes, assim como nosso público-alvo. Pelo Twitter, é possível ter maior interação com os fãs da marca, e queremos estreitar o relacionamento, mas tomando cuidado para não nos tornarmos invasivos e inoportunos. Procuramos dar maior ênfase aos personagens de M&M’s, trazendo diversão e conteúdo relevante. A nossa página do Facebook ainda está em construção e deverá estar disponível a partir do ano que vem. É muito importante estarmos presentes nas mídias sociais e atentos ao que os usuários falam sobre nossa marca. Fazemos um monitoramento em diversas redes e, com isso, conseguimos identificar opiniões dos consumidores e tendências de mercado. Temos relatórios semanais com esses resultados, que fazem parte de nossas estratégias de ação. WIDE &N SFMBÇÆP Ä JOUFSGBDF VN EFUBMIF JOUFSFTTBOUF DIBNB B BUFOÇÆPBBQSFTFOUBÇÆPOBQÁHJOBJOJDJBMEPTJUFDPNQPTUBQPSVN NPTBJDPJOUFSBUJWPGFJUPEFDIPDPMBUFTOPRVBMPVTVÁSJPBPhMJNQBSv BTCPMJOIBTDPMPSJEBTDPOTFHVFWJTVBMJ[BSBTFHVJOUFGSBTFh2VBOEP PT..TFTUÆPOBTVBGSFOUFOÆPIÁDPNPSFTJTUJSv$PNPTVSHJVB JEFJBEFEFTFOWPMWFSFTTBJOVTJUBEBGPSNBEFBQSFTFOUBÇÆP VALDIR Os confeitos e as cores são elementos importantes da marca M&M’s. Procuramos sempre explorar isso de forma divertida e inusitada, utilizando interatividade com o usuário, que descobrirá a frase “Quando os M&M’S estão na sua frente, não há como resistir” por trás de uma “parede” de confeitos. Com a grande quantidade de informações que as pessoas são impactadas diariamente, é preciso ser criativo para não passar despercebido. WIDE /BSFQPSUBHFNEFDBQBEFTTBFEJÇÆPEB8JEFBHBNFŢJDBÇÆP ÈBQPOUBEBDPNPVNBEBTQSJODJQBJTUFOEÉODJBTQBSB/PTJUF ..TVNBÁSFBEFHSBOEFEFTUBRVFÈBTFÇÆP.BUDI.BLFSVN HBNFJOUFSBUJWPEFQFSHVOUBTFSFTQPTUBT1PEFSJBDPNFOUBSPPCKFUJWPEFTTBTFÇÆPFBTVBJNQPSUÂODJBOPDPOUFYUPEPQSPKFUP VALDIR O objetivo principal do jogo é apresentar os personagens do M&M’s aos fãs e contextualizar um pouco mais a personalidade e as características de cada um deles. Até a estreia do site, só trabalhávamos a nossa comunicação entre os personagens Vermelho e Amarelo. Com a chegada do Azul, do Laranja e da simpática Miss 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 39 CRIAÇÃO Com a grande quantidade de informações que as pessoas são impactadas diariamente, é preciso ser criativo para não passar despercebido Green, precisávamos de um espaço a mais para apresentá-los aos fãs, e o site se tornou uma ótima oportunidade para isso. Na semana de lançamento do site, foi feita uma ação que consistia em apresentar aos fãs e seguidores da marca os personagens de uma maneira divertida no Twitter do M&M’s (@mms_brasil). A cada dia durante uma semana, o Twitter foi “dominado” por um personagem diferente, com tweets que passaram mensagens características de suas personalidades, além de alterações no avatar e nas cores na página. WIDE&NUFSNPTEFDPNCJOBÇÆPDSPNÁUJDBRVBJTBTQFDUPTEFUFSNJOBSBNBQBMFUBEFDPSFTFUFYUVSBTVUJMJ[BEBTOBDSJBÇÆPEFTTFQSPKFUP VALDIR Todas as cores utilizadas no novo site M&M’s remetem à proposta que queremos passar para os fãs da marca: a combinação cromática visa estabelecer o amarelo como uma identificação do M&M’s e usar o marrom para gerar conexão com chocolate. Além disso, utilizamos muitos elementos coloridos para destacar a diversão, uma das principais características do produto. WIDE 1PSRVFP'MBTIGPJFTDPMIJEPDPNPQMBUBGPSNBBTFSVUJMJ[BEBOFTTFQSPKFUP &YJTUFBMHVNBQSFWJTÆPPVQSPKFUPQBSBWFSTÆP NPCJMF VALDIR O Flash é uma plataforma que funciona melhor para o tipo de interação que almejávamos, com bastante movimento e respostas rápidas. Por enquanto, queremos estender essa plataforma a outros países da América Latina, já que o Brasil foi o pioneiro na implementação do novo site. Após esse momento, focaremos em melhorias adicionais e também em outras adaptações. WIDE1BSBDPNQSFFOEFSNFMIPSBJOUFSBÇÆPFOUSFPVTVÁSJPFPTJUF UFTUFTEFVTBCJMJEBEFDPNSFDVSTPTQBSBNPOJUPSBSNPWJNFOUPEP NPVTFFWÌEFPEFOUSFPVUSPTOBNBJPSJBEBTWF[FTHBOIBNEFTUBRVFOBFMBCPSBÇÆPEFVNQSPKFUP$PNCBTFOFTTFGBUPRVBJTUJQPT EFUFTUFTGPSBNSFBMJ[BEPTQBSBPTJUF..T VALDIR Dividimos os testes em três fases. Na primeira, os 40 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO desenvolvedores rodaram uma série de testes técnicos durante três semanas. Depois disso, o acesso foi liberado a uma equipe restrita de usuários durante um mês, para recebermos seus feedbacks sobre a plataforma, sempre com atualizações e ajustes constantes. Na fase final, o site foi ao ar publicamente, com monitoramento constante e reportes mensais. WIDE 0T DIPDPMBUFT ..T GB[FN NVJUP TVDFTTP UBOUP DPN BT DSJBOÇBTRVBOUPDPNPTBEVMUPT&NSFMBÇÆPÄBUVBMFTUSVUVSBEPTJUF WPDÉTSFBMJ[BSBNBMHVNUJQPEFQFTRVJTBQBSBDIFHBSBUÈPQ×CMJDPBMWP 2VBMPUBSHFURVFPTJUFQSFUFOEFBUJOHJS VALDIR Não realizamos qualquer pesquisa específica para a construção do novo site M&M’s, mas o desenvolvemos para atingir o público-alvo de nossa marca: a família e os jovens/adultos. Além disso, fazemos todo o esforço possível para comercializar nossos produtos de maneira responsável e com o compromisso de promover estilos de vida ativos e saudáveis. Por isso, a Mars possui um restrito código de marketing global, com o qual nos comprometemos, desde 2007, a não anunciar nenhum de nossos chocolates e outros produtos alimentícios a menores de 12 anos. Nosso código de marketing é um dos mais restritos da indústria e abrange publicidade e promoções (internet, ponto de venda, escolas etc.). WIDE2VBJTPTSFTVMUBEPTFTQFSBEPTFPCUJEPTBUÈPNPNFOUPDPN FTTFDBTF VALDIR Nosso objetivo principal é gerar conteúdo de melhor qualidade e promover maior interação dos fãs com a marca. Para medir isso, estamos acompanhando o número de retornos ao site. Como o lançamento ainda é recente, não temos uma base comparativa suficiente para essa análise, já que todos os visitantes ainda estão sendo classificados como novos para o site. Apesar disso, desde o seu lançamento, 16% dos visitantes já possuem duas ou mais visitas, mas esperamos ter uma taxa de retorno de até 50% dentro de um período de um ano. 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 41 Ilustração Carolina Vigna-Marú #quebrando #limites Desde que conheci o trabalho de Augusto Sampaio tenho vontade de escrever a respeito, mas como ele foi meu professor na Belas Artes e sei o quanto o meio acadêmico pode ser paranoico, achei melhor esperar não ser mais sua aluna para lhe dedicar uma coluna. A obra de Sampaio poderia facilmente ser organizada em três hashtags se o seu meio fosse o digital. A primeira, como não poderia deixar de ser, é o questionamento, o pensar. A segunda é talvez a mais óbvia delas: a obra em si, ou seja, a sua produção artística, as gravuras. A terceira é o compartilhamento. Vou da terceira para a primeira. 3. SAMPAIO É PROFESSOR COM P MAIÚSCULO, e isso já deveria ser suficiente para terminar o artigo, mas insisto. Ele é artista-educador de uma das iniciativas mais legais da Pinacoteca do Estado de São Paulo, a oficina de desenho e gravura da Ação Educativa Extramuros, do PISC (Programa de Inclusão Sociocultural), que leva moradores de rua para dentro de um espaço tido como erudito e os instrumenta a ampliar seus repertórios. 2. AS XILOGRAVURAS DE SAMPAIO — ou, pelo menos, as que conheci — não são figurativas e trazem uma repetição proposital que se traduz em ritmo. Ele as instala em espaços urbanos, especialmente em muros, paredes, fachadas. Ou seja, ele as instala em limites. E, com a composição (cor, textura, ritmo, forma etc.), chama a atenção para esse limite e nos leva a perceber uma linha separadora que muitas vezes simplesmente não nos importa mais. A gravura aponta esse limite, esse contorno, e, ao apontá-lo, apropria-se dele e o destrói. Uma vez que o limite nos “pertence”, deixa de ser um limite. 1. QUAIS LIMITES NOS CONTÊM? Muros não definem um ambiente. Uma escola ou qualquer outro centro de convivência é uma experiência que vai muito além de seus muros. Conheço pessoas que definem suas casas como “onde meu computador está”. E aí vem o cloud computing e nem isso existe mais. Cadê o muro? Existe algo que separe o morador de rua do curador do museu além desse limite absolutamente arbitrário? Na verdade, não faço ideia se o questionamento de Sampaio é esse, mas é nisso que penso quando vejo o seu trabalho. É, portanto, o meu-dele questionamento. Outro muro que cai. Derrubar muros é sua-nossa especialidade. Ele compartilha o tempo todo. Por tal motivo, inclusive, o escolhi para esta coluna. O que é a internet 42 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO senão a quebra de fronteiras, de limites? Fazemos algo online que não seja, justamente, questionar e romper com estas arbitrariedades? Digo, além de ver vídeos de gatos, é claro. Agora conto que Sampaio é arquiteto pós-graduado em Multimeios: cinema, vídeo e fotografia. Não que isso faça qualquer diferença. O melhor consultor em presença online que conheço, o Roney Belhassof, já foi piloto de navio. Meu irmão, tradutor, é formado em Economia. Aprendo filosofia com um historiador. Gosto de pessoas complexas, heterogêneas e com histórias complicadas. E nós, nesse backstage da internet, o que nos enriquece? Nem só de PHP e Java vive o programador. Uma das minhas maiores queixas das atuais formações acadêmicas é a falta dessas referências “externas”. O designer que decide estudar algo completamente fora da sua área (capoeira, finlandês, culinária, tanto faz) será necessariamente um designer melhor. Obviamente, isso vale para todos, mas é na Wide onde escrevo. Voltando ao Sampaio. Tenho a sensação de que sua meta é quebrar limites. Nas artes visuais, isso se traduz em um novo olhar, em ampliar o repertório visual e na experimentação. Não acho, entretanto, que se limite a isso. A arte visual é apenas a sua ferramenta para estimular a humanidade a refletir, a crescer. Somos capazes de evoluir apenas quando nos abrimos para essa possibilidade. Ou seja, quando estamos dispostos a sair da zona de conforto, quando estamos disponíveis para experimentar o mundo sem muros. Vejo nele uma coerência que me inveja. Ou me falta o amadurecimento para ter essa coerência no meu trabalho ou me falta o distanciamento para percebê-la. Dúvidas, entretanto, tenho aos montes. Carolina Vigna-Marú é designer e ilustradora das antigas, do tipo que raspou fotolito com gilette e fez separação de cores no papel vegetal, mas que não é saudosista e acha tecnologia o máximo. Trabalhou com multimídia e foi SysOp de BBS. Desenvolve sites desde 1996, especializando-se em CMS e em SEO com tableless e CSS. Começou em uma editora pequena em 1982 e nunca mais parou. Gosta muito de ilustração vetorial, mas não dispensa um bom papel e lápis. Fotógrafa amadora e apaixonada por tudo o que é gráfico. E-mail: [email protected] Design de interação Amyris Fernandez Cinquenta mais, ou como você não sabe criar produtos para meus amigos Eu tenho orgulho dos meus 51 anos. Nasci na década de 1960, ouvia long plays, tomei Ovomaltine para poder participar de uma promoção de Perdidos no Espaço. Você que está lendo e tem menos de 40 anos terá que ir ao Google pesquisar essa série e seu Ovomaltine é vintage. O meu era só Ovomaltine e só tinha um sabor. Muitos de meus contemporâneos, assim como eu, tiveram que acelerar o passo e aprender a usar Lotus 123, depois Excel, usou o Motorola tijolo, mas ficou feliz ao livrar-se do Bip. Você nasceu na frente do computador, jogou SIMs ou GTA, e sua mãe achava que você ficaria burro ou sem músculos, pois não desgrudava do computador. Hoje, você trabalha com design ou programação em alguma empresa de internet, startup de game e tem como desafio otimizar as interfaces para pessoas com mais de 50 anos. É exatamente aí que começa o problema. Recentemente, fui ministrar uma palestra sobre envelhecimento e uso de meios digitais e descobri muitas coisas interessantes. Primeiramente, descobri que pessoas acima de 50 anos são um grande bloco homogêneo de velhos. Em segundo lugar, descobri que há um grande preconceito com relação a essa população. Somos velhos, ou somos a “melhor idade”. De qualquer jeito, somos sempre representados como ou gente caindo aos pedaços, sem saúde e sem ânimo, ou um bando de tiozinhos que se acham garotões ou barrigudinhos pulando. Por último, não há qualquer produto eletroeletrônico, ou interface, preparado para os desafios de vender e fazer consumir nessas idades. Isso mesmo, nessas idades. Não, as pessoas acima de 50 anos não são um grupo homogêneo de consumidores. Há diferenças entre as décadas de vida, da mesma forma que há diferenças marcantes entre adolescentes entre 8 a 28 anos. Desculpem-me, mas cada década tem seu desafio. E sim, assumo que o corpo, como qualquer máquina, tem desgaste das peças. Aos cinquenta, dependendo da qualidade de vida que você se deu, apenas seus olhos podem precisar de “reparos”. Há um pouco de perda de audição, mas nada tão grave que você já precise de ajuda externa. Aos 60 anos, todas as bobagens e abusos contra o corpo inevitavelmente darão notícias da gravidade do caso, mas a medicina já tem como remediar o caso. Aos 70 anos, as perdas auditivas são mais evidentes e a energia do corpo é muito menor. Ainda assim, quem rege a forma como cada pessoa reage às mudanças depende da cabeça de cada um. Por outro lado, a imagem projetada pela publicidade é um reflexo claro da forma como encaramos o envelhecimento na nossa sociedade. Somos preconceituosos. E eu diria que Caetano Veloso está certo ao colocar que “Narciso acha feio o que não é espelho”. As imagens são sempre caricatas. Ninguém representa todas as mulheres como uma Cristiane Torloni (belíssima) e todo mundo acha que o George Clooney tem 35-40 anos no máximo. Que o grisalho é charme, que ele não tem mais de 50 anos. Pessoas de 60 anos ou mais são sempre “velhos”, sem vida ou vontades, infantilizados. Lamento, tenho amigos que correm maratonas e são mais saudáveis que muitos jovens de 30 anos. Por último, as interfaces digitais de qualquer novo produto são sempre criadas por jovens que ainda não tiveram a oportunidade de viver essa fase. E eu sei que é raro fazer testes na maioria dos sites e interfaces. Ainda é mais raro ou ocorre mais tardiamente do que deveria. Isso resulta em sites despreocupados com o quão ofensivas ou distantes da realidade são as fotos, com o tamanho das letras, com feedbacks auditivos, ou ainda aplicativos com letras tão miúdas que parecem que qualquer problema dessa ordem é problema meu ou seu, e não deles, que criaram o produto. Se aos 25 anos temos a maior quantidade de neurônios funcionais, dos 50 em diante somos muito mais hábeis em lidar com as palavras, o que nos torna mais críticos com qualquer texto que vocês coloquem no site, com os labels de ícones e por aí vai. Vejam em migre.me/5I9Ki. Querido leitor, acorde. Desde sempre soubemos que em 2015 o tamanho da população acima de 50 anos seria maior que a população de jovens. Não pensar em nós, que temos tempo e dinheiro, é desperdiçar a oportunidade de ganhar um mercado importante e muito populoso. Ainda em tempo: velhinho é a mãe! Amyris Fernandez é consultora em Design de Interação, membro do IxDA (Interaction Design Association) e ministra aulas de Usabilidade e Design de Interação. É doutora em comunicação pela Universidade Metodista, com “bolsa sanduíche” na Universidade de Koenhagen, Dinamarca, e mestre em Comércio Eletrônico, pelo Rochester Institute of Technology, EUA. E-mail: [email protected] 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 43 Internacional Julius Wiedemann A economia dos grandes. E como os pequenos podem florescer Os recentes anúncios de novos aparelhos eletrônicos vêm deixando os consumidores aficionados por tecnologia cada vez mais excitados. A guerra dos grandes caminha cada vez mais forte, com Google, Apple, Microsoft, IBM, Amazon, Facebook, Samsung, NewsCorp, HP, Yahoo e várias outras definindo seus territórios, defendendo o que tem e tentando adentrar territórios inimigos. . Mas, é preciso ponderar mesmo quando se está em guerra. Em muitos casos, é importante observar a interdependência dessas empresas, que “emprestam” serviços uns aos outros (apps do Google estão no iPhone e no iPad), são fornecedores entre si (a Samsung é a maior fornecedora da Apple), dão suporte técnico (servidores Windows para todos), geram conteúdos entre si (imagens colocadas no Facebook por meio de celulares, vídeos pelos celulares) e muitas outras coisas. Os choques entre as empresas são inevitáveis em certo momento, como se vê atualmente a guerra de patentes e a diminuição de posições compartilhadas nos boards de diretores. No entanto, todas elas precisam uma das outras para crescerem. Além disso, é sempre difícil de abraçar o mundo, e o foco em um tipo de negócio é sempre apreciado por investidores. É um jogo de xadrez em uma guerra de gigantes. Mas como isso pode contribuir para a aparição de novas empresas é chave para entender como outro ciclos de empresas, como as já mencionadas, continuam a aparecer. Por sorte, temos exemplos suficientes. Google tem pouco mais de dez anos, e o Facebook nem isso. Inovação não começa sempre dentro de empresas grandes. Vem muitas vezes de mentes brilhantes, que começam do zero, entendem uma demanda reprimida e conseguem vender a ideia para investidores audazes e ambiciosos (para o bem e para o mal). Modelos ultrapassados são com frequência substituídos por novos, mesmo com muita resistência. O mercado da música mostra hoje várias evidências. 44 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO Recentemente, assinei o serviço Spotify, que disponibiliza, por um preço fixo mensal, uma assinatura; são mais de quinze milhões de músicas de todos os gêneros que se pode imaginar. Além de usar o Spotify no computador, posso baixar faixas no meu iPhone, montar minhas playlists (que são reconhecidas em todas as plataformas), postar minhas preferências em redes sociais e muito mais. Eu nunca baixei músicas em sites de compartilhamento, e o Spotify resolveu meu problema. Agora, escuto o que quero e quando quero. E com grande mobilidade. Mas, tenho que entender por que pessoas baixam de forma ilegal, se o mercado não oferecer alternativas viáveis. E digo viáveis para os usuários (ou consumidores, dependendo de como quisermos definir). A Apple já adquiriu pelo menos um serviço de assinatura de música para converter os usuários em frequentadores do iTunes. Porém, mesmo com aquisições hostis, a inovação ainda está na mão de quem imagina um futuro diferente. Alternativas continuarão pipocando. Cada empresa grande que se constitui forma em primeira mão profissionais excelentes no que fazem, e muitos pensam mais alto do que suas posições permitem. Eles precisam sair daquela estrutura para poder realizar as ideias que não saem da cabeça todos os dias. A Amazon de Jeff Bezos, um ex-executivo do mercado financeiro, é um desses casos. Bezos enxergou antes de muita gente como o varejo se transformaria com a internet. E ele poderia fazer pouco se continuasse em um banco. Segundo que essas empresas precisam, hoje, de uma rede imensa de fornecedores que têm ideias próprias e, muitas vezes, apostem nelas. O mercado de smartphones precisa de desenvolvedores de aplicativos desesperadamente para fornecer serviços cada vez melhores. E essa leva de pequenas empresas e profissionais que crescem mais uma vez produz não apenas produtos, mas também conceitos inovadores. Os fundadores do YouTube saíram da Paypal, para citar apenas um exemplo. Na configuração atual no circuito “internético” de conteúdo-publicidade-busca-rede social, os aplicativos para celulares são provavelmente o terreno mais fértil de proliferação de ideias. Basta uma boa visão e uma ou duas pessoas para fazer a diferença. O Brasil tem que continuar a crescer nesse ambiente. Temos talentos e finalizações boas. Vivemos num ambiente de early-adoption que nos permite experimentar antes de muitas outras pessoas em alguns casos. Contudo, ainda nos falta criar empresas robustas de tecnologia. Sair do fornecimento e da prestação de serviços e jogar o jogo um nível acima. Polos como estão se instaurando em Pernambuco ou na Serra Fluminense vêm para cobrir esse buraco. Tais empresas podem (e muitas vezes até devem) ser vendidas, mostrando o potencial das ideias. E espero sempre que possamos, eventualmente, construir algo novo e com visão de longo prazo, inventando uma nova marca de tecnologia. Julius Wiedemann Diretor de publicações digitais da editora alemã Taschen (www.taschen.com), além de editor-chefe das áreas de design e pop culture. Julius viaja 70% do seu tempo, dividindo residências entre o Rio de Janeiro, Cambridge, no Reino Unido, e Colônia, na Alemanha. E-mail: [email protected] 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 45 Aqui, ali, em qualquer lugar Michel Lent Desculpe, Mr. Anderson, a web não está nada morta Chris Anderson declarou há mais ou menos um ano que a web estava morta. “The web is dead”, dizia o muitas vezes sensacionalista Anderson, afirmando que as pessoas cada vez menos navegam em sites e, portanto, a web estaria morrendo. Claro, essa é uma maneira de categorizar o que está acontecendo. A outra forma é dizer que a web está mais viva do que nunca, apenas passando por um processo de “aplicatização”. Estamos cada dia mais online, e não menos. Talvez não navegando em sites de web, mas certamente sempre mais ligados com nossos smartphones, tablets e agora TVs, todos conectados à internet. Em cada um desses novos dispositivos vamos encontrando novos formatos de conteúdo e serviços, novas “app stores”. Google Chrome, Webapps, aplicações para TVs conectadas ou mesmo os apps para iOS, Android e outros sistemas operacionais. Vamos nos divertindo, conhecendo e instalando aplicações todos os dias nesses novos dispositivos. Encontrando coisas novas cada vez mais úteis e fascinantes. Mas o que são esses maravilhosos aplicativos se não exatamente destinações (sites) orientadas a conteúdos e serviços, formatados de um jeito diferente? Pare para pensar: o que são (ou deveriam ser) conceitualmente sites, se não exatamente o mesmo que apps? APLICATIVOS SÃO BASICAMENTE UMA VERSÃO MODERNA, atualizada e prática de sites. Com uma interface muito distinta e diferenças técnicas também, mas cumprem exatamente o mesmo papel, só que em outros formatos e com novas possibilidades associadas ao hardware em que são instalados, que nos levam muito além daquilo que web tradicional nos permitiu até aqui. Entretanto, técnica e conceitualmente, um aplicativo para o Google Chrome é nada mais do que um site construído em HTML5, Javascript, com uma interface mais simples, com “cara” de aplicativo que você baixa para o seu dispositivo. Um app para iPhone é essencialmente um site, em outro formato, muito mais útil, mas segue cumprindo basicamente a função que um site cumpria. Algo que vem pela internet, pode ser atualizado remotamente, que busca informações, que oferece um serviço, que fala de uma marca etc. Lembre-se do aplicativo do seu banco e pense no seu internet banking. Sim, há diferenças entre os dois, mas eles cumprem essencialmente a mesma 46 | WIDE | 87 > CRIAÇÃO função, em formatos diferentes. Portanto, se pararmos para pensar, estamos realmente deixando de navegar pelo site A, B ou C, mas por outro lado, cada vez mais, gastando tempo em aplicativos dentro de smartphones, tablets e novos formatos de tela que ainda estão por vir. SE PENSARMOS QUE A WEB CONCEITUALMENTE não é apenas feita de sites tradicionais em navegadores tradicionais, mas que ela é o conjunto de tudo que fazemos na internet, pensando em todos os dispositivos e aplicativos, me desculpe, Mr. Anderson, mas, não, a web não está nada morta. Ao contrário, está cada vez mais interessante e nós cada vez mais conectados a ela, assistindo felizes ao seu processo de “aplicatização”. Estamos, afinal, vendo surgir uma nova era da internet, formada por inúmeros tipos delas conectadas, toda parte daquilo que conhecemos com World Wide Web, e está mais viva do que nunca. Michel Lent Schwartzman Designer gráfico pela PUC-Rio e mestre em Telecomunicações Interativas pela New York University. Em 2002, fundou a 10’Minutos, agência que juntou suas operações com o grupo Ogilvy, em 2009, passando a funcionar sob a bandeira OgilvyInteractive Brazil, empresa da qual Michel foi gerente geral e vice-presidente de criação. Em 2011, assumiu a vice-presidência estratégica do Grupo Pontomobi/RBS, empresa líder em mobile marketing no país. Ao longo de mais de quinze anos de carreira, foi premiado nos principais festivais internacionais, com trabalhos vencedores em Cannes, Clio, Art Directors, One Show, London Festivals, FIAP, El Ojo de Iberoamérica, entre outros. Twitter: @lent E-mail: [email protected] 87 > CRIAÇÃO | WIDE | 47 DE NEGÓCIOS PARA 2012 ESPECIALISTAS REVELAM AS TENDÊNCIAS DA INTERNET PARA O PRÓXIMO ANO Por Thiago Almeida 48 | WIDE | 87 > CAPA Parafraseando Peter Drucker, “A melhor maneira de predizer o futuro é criá-lo.”. Ou seja, traçar metas, estabelecer contatos e estar atento ao que está à sua volta são fatores determinantes para alcançar os sonhos desejados. Por isso, com a chegada de 2012, a Wide convidou especialistas dos segmentos: Design, Tecnologia, Marketing e E-commerce - a revelarem suas previsões para os negócios. Fique atento e invista. Quem souber detectar as tendências e seguir as valiosas dicas de quem mais entende do assunto, poderá se dar muito bem. Criação de aplicativos próprios; produção de conteúdo com imagens, fotos e vídeos; curadoria e seleção de peças; peças de softwares; texto mais curto, assertivo, intenso e telegráfico). Foto: Dani Gurgel danigurgel.com.br Luli Radfahrer ph.D. em comunicação digital pela ECA-USP, onde também é professor há mais de dez anos O professor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP, Luli Radfahrer, é pragmático ao apontar as principais tendências para o próximo ano. O acadêmico acredita que aplicativos, fotografia e crowdsourcing, curadoria, modularidade e texto serão as principais demandas para 2012. 1. APLICATIVOS O ano de 2011 foi marcado pela praticidade criativa. Unindo-se ao modo de vida da sociedade contemporânea, o conceito de simplicidade nunca esteve tão em alta. O consumo consciente foi baseado nos três “Rs” para o design: reduzir, reutilizar e reciclar. Quanto às tendências do design relacionadas ao marketing, destaque para o varejo interativo, a impressão tridimensional e o hiperrealismo. Sacolas com mensagens interativas e cardápios em forma de iPad demonstraram a interação do consumidor com a realidade em que se encontra, que também marcou presença nas peças gráficas. Como resultado, protótipos e peças finais impressos em 3D. Seguindo a preocupação ambiental mundial, o design “ecológico” viveu uma de suas melhores fases. Formas e materiais renováveis foram trabalhados ilustrando que a natureza pode existir junto à vida urbana das cidades modernas. Para 2012, nossos especialistas apostam em novas e quentes tendências, que você confere a partir de agora. Agora que todos estão acostumados com a ideia de trabalharem com dezenas (até centenas) de aplicativos customizados e que um programa genérico, como os da suíte Adobe ou Microsoft, faz cada vez menos sentido, a próxima etapa é realizar aquilo que alguns já fazem ao configurarem ações e scripts no Photoshop e equivalentes: criar seus próprios aplicativos, para resolver suas tarefas específicas cada vez mais rapidamente. 2. FOTOGRAFIA E CROWDSOURCING A fotografia está cada vez mais barata e popular. Só o Flickr cresce a 8000 uploads por dia e essa taxa aumenta a cada instante. O Facebook tem 10.000 vezes a mais a quantidade de imagens do que a biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Com esse volume, veremos rapidamente a produção de conteúdo colaborativo usando imagens e fotos, tiradas por todo tipo de usuário ao redor do mundo. Algo como os tweets vindos de todos. Depois delas, os vídeos devem seguir os mesmos caminhos. 3. CURADORIA Com tanta informação, falta atenção e saber o que se deve ler. Três milhões de opiniões não são melhores do que não ter opinião alguma. A indústria da informação será cada vez mais parecida com a curadoria e seleção de peças, providenciando uma análise de alto nível sobre o panorama e suas mudanças — para facilitar a percepção e compreensão. 4. MODULARIDADE As peças de software estão cada vez mais modulares e integradas. O próximo passo é combiná-las e automatizá-las, criando um material personalizado que integra redes, conteúdo e atualizações de uma forma bastante dinâmica. 87 > CAPA | WIDE | 49 5. TEXTO Todo mundo fala da “cara de web 2.0”, mas poucos levam em consideração que o texto também mudou. Ele está cada vez mais curto, assertivo, intenso e telegráfico. O Twitter e suas atualizações curtas estão provocando uma série de mudanças em uma forma de dialogar cada vez mais rápida, simbólica e concisa — quase incompreensível para quem não estiver familiarizado com ele, como uma gíria ou jargão. Agências únicas; consolidação de grandes marcas nacionais; efeito de comunicação tem que ser necessariamente social. “O texto também mudou. Ele está cada vez mais curto, assertivo, intenso e telegráfico” LULI RADFAHRER 3. TUDO É SOCIAL Da mesma maneira em que assistimos à “morte do viral”, já que “viral” tornou-se apenas sinônimo de qualquer bom trabalho que passa de mão em mão, assistiremos em 2012 à morte do “social”. Tudo que será criado com efeito de comunicação tem que ser necessariamente social. Não só isso como as estruturas próprias sociais de cada marca (Facebook, Orkut, Twitter, Foursquare etc.) começarão a virar o canal que mais receberá investimento de comunicação. A comunicação de hotsites e grandes campanhas enfraquecerá em detrimento de pequenos e frequentes movimentos dentro dessas plataformas. André Matarazzo Chief Creative Officer da Possible WorldWide (São Paulo) Para Matarazzo, as agências que planejam sucesso em 2012 devem estar atentas ao crescimento das marcas graças ao atual “boom” de mercado. Matarazzo explica que o próximo ano será definitivo no comando das agências únicas à frente da comunicação das marcas. 1. JUNÇÃO TOTAL DE ON/OFF Fica impossível pensar on e off separadamente, mas, acima de tudo, orquestrar agências separadas na execução desses pontos em separado. O ano de 2012 será cada vez mais das agências únicas comandando a comunicação das marcas. 2. EXPANSÃO LATINO-AMERICANA Grandes marcas nacionais começam a se estabelecer no mercado latino-americano e mundial, por isso clientes olham para agências locais como as potenciais parceiras dessa expansão, significando também o crescimento da agência, criação de kits criativos para utilizações fora do Brasil etc. 50 | WIDE | 87 > CAPA “Tudo que será criado com efeito de comunicação tem que ser necessariamente social. Não só isso como as estruturas próprias sociais de cada marca (Facebook, Orkut, Twitter, Foursquare etc.) começarão a virar o canal que mais receberá investimento de comunicação” ANDRÉ MATARAZZO Ao que tudo indica, 2012 será o ano dos tablets. Essa é a opinião do Goldman Sachs, uma das instituições financeiras mais importantes do mundo. O banco fez uma recente análise dos últimos dados do mercado de notebooks e de tablets, chegando à conclusão de que a venda de tablets no mundo inteiro tende a crescer exponencialmente nos próximos anos. Além disso, novas oportunidades de negócio na internet estão cotadas entre os especialistas: transferência de fundos, serviços com base na localização (LBS), pesquisa móvel, navegação móvel, monitoramento móvel de saúde, pagamento móvel, Near Field Communication Services (transferência de dados sem contato entre dispositivos compatíveis), propaganda móvel, mensageiro instantâneo móvel e música móvel. Produtos e serviços focados na classe C; sites de e-commerce; adaptação dos desenvolvedores de aplicativos; design adaptável; convergência de mídias. Aldo Pires Diretor de Tecnologia da Addtech 1. AUMENTO DE USUÁRIOS DE INTERNET NO BRASIL ENTRE A CLASSE C Com o aumento de usuários de internet no Brasil, especialmente entre a classe C, todo tipo de produto e serviço focado nesse segmento passa a contar com mais prospects. Assim, sites de e-commerce passam a ser fundamentais entre esse público. Vale lembrar que o setor também é alvo para a utilização de smartphones, ou seja, os novos usuários acessam a web por desktops (ou notebooks) e por dispositivos móveis. 2. DESENVOLVEDORES “CAMALEÕES” Com essas eventuais mudanças, qualquer desenvolvimento web passa 87 > CAPA | WIDE | 51 a ter a necessidade de atender a diferentes dispositivos. Logo, os desenvolvedores de aplicativos precisarão se adaptar e passar a entregar sistemas que funcionem bem em uma ou outra plataforma. Uma promessa para atender esse fim é o que se chama de design adaptável. 3. CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS Por falar em mobilidade e desktops, outra tendência que não pode ser esquecida é a convergência de mídias SEO, SMO orgânico ou não — realidades que só tendem a aumentar e que cada vez mais exigirão dos aplicativos de internet aliar as boas práticas de arquiteturas de informação e de software. 4. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA POR APLICATIVOS Outra tendência é o crescente número de aplicativos que faz uso da localização geográfica de usuários e aparelhos móveis. Esse tipo de tecnologia tende a ter aplicativos cada vez mais versáteis e inteligentes, especialmente aqueles que utilizam tecnologia móvel. Buscas mais precisas; digitalização online; tecnologia touchscreen 5. INTEGRAÇÃO ENTRE OS DIFERENTES TIPOS DE SISTEMAS Todos os conceitos abordados anteriormente significam grandes desafios tecnológicos para as corporações, em especial aquelas que já contavam com estruturas de TI pesadas, com sistemas legados em situação aflitiva. E, assim, surge a grande demanda para integração entre os mais diferentes tipos de sistemas legados. “crescente número de aplicativos que faz uso da localização geográfica de usuários e aparelhos móveis” ALDO PIRES Greplin – ferramenta de busca especializada em redes sociais 2. FERRAMENTAS PARA FAZER ANOTAÇÕES DIGITALMENTE A digitalização em tempo real permite que possamos criar e compartilhar dados de maneira rápida, para que sejam processados em qualquer dispositivo ou plataforma. Exemplos: Livescribe – caneta que captura e registra textos, áudios e desenhos, transformando-os em conteúdo digital. Abbyy – programa que pode fotografar um texto e transformá-lo em documento para edição digital. Inkling – transforma desenhos feitos em papel em ilustrações digitais, mas só chega ao mercado em novembro. Ammy Webb CEO da consultoria de estratégia digital Webbmedia Group (que tem como clientes a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Departamento de Estado dos EUA) A jornalista aposta em novas ferramentas digitais e, durante sua apresentação no Encontro Anual de Online News Association (ONA), em setembro, apontou algumas das principais tendências para 2012. Confira. 1. REFINAMENTO DE RESULTADO DE BUSCAS Já que, com o extenso volume de informação na rede, qualquer pesquisa gera milhões de resultados, Webb considera que uma das tendências — e necessidades — serão as ferramentas que permitem aos usuários fazerem buscas mais precisas. Exemplos: Helioid – sistema de buscas categorizadas por temas Twylah – sistema de busca específico para resultados do Twitter 52 | WIDE | 87 > CAPA 3. INTERFACE GESTUAL Isso certamente é uma coisa do futuro: tecnologia parecida com touchscreen, mas que não depende de telas. É bem no estilo do filme Minority Report, em que se comanda pelos movimentos das mãos no espaço. A Apple e o New York Times já trabalham essa tecnologia. Exemplo: Oblong – fabricante que criou luvas que permitem dar comandos pelo espaço. 4. TÓPICOS Outra visão para o futuro são os serviços que agrupam dados a tópicos específicos, permitindo que os usuários agrupem e selecionem informações rapidamente. Exemplo: Quora – site de perguntas e respostas onde os usuários colaboram para aumentar e editar os conteúdos criados. Os especialistas de marketing são unânimes: o digital, mais do que nunca, veio para ficar. Algumas das principais tendências, segundo os entrevistados consultados pela Wide, são: Otimização das Mídias Sociais (vulgo SMO – Social Media Optimization); Otimização de Sistemas de Buscas (SEO – Search Engine Optimization); gamification; mobile marketing – acesso móvel; e vídeos. Confira, a seguir, as previsões em cada assunto. Treinamento pessoal de forma lúdica; mecânicas de games em aplicativos; melhor usabilidade 2. SOCIAL Sabemos que as redes sociais mais conhecidas (Facebook, Twitter, Likedin, Flickr etc.) já fazem parte do cotidiano das pessoas. Mas, quero chamar a atenção para outras tendências, que são o Crown Social e o consumo colaborativo; a ideia do “compre mais, pague menos” e, ainda por cima, preservar o ambiente será uma das grandes tendências para este novo ano. Acredito que quase todas as empresas terão o social implementado em suas estruturas organizacionais. 3. APPS Romeo Busarello Diretor Executivo de Internet da Tecnisa 1.GAMEFICAÇÃO As organizações começarão a pensar mais na “gameficação”. Quando me refiro a gameficação, não serão os games de jogos, mas sim treinamento pessoal de forma lúdica, desenvolvimento manual de produtos, elaboração de tutoriais etc. As companhias pensarão nesse processo como estratégia, porém devo confessar que a estratégia não será totalmente emplacada em 2012. A oferta de desenvolvedores ainda não é tão expressiva como se espera, mas sem dúvida os games serão uma grande e forte tendência a partir de 2012. Com o passar do tempo, as mecânicas de games serão exploradas em aplicativos, oferecendo melhor usabilidade. Outro alerta é que os games, nas companhias, não estarão nas grandes massas. Será uma demanda bem específica — para aquelas que estão à frente, que investem e que estão antenadas no futuro. No tocante a aplicativos, com toda certeza os apps vão estourar. Já estamos com APPs para smartphones da LG e Samsung e cada vez mais os aplicativos funcionais estarão em alta. E a demanda promete: são sites, hotsites, serviços de companhias, catálogos de venda etc. 4. CLOUD COMPUTER (Computação em Nuvem) As empresas estão entendendo melhor a função do Cloud Computer. Ora, ao treinar minha equipe para atender via internet, além de trabalhar o relacionamento com o cliente, também divulgo a marca criando minha própria rede na web. Custos, produtividade, eficiência. Esses três, ao se unirem, acarretam a mobilidade nos setores de venda. Não podemos esperar muito no mundo da produtividade. Em cidades como São Paulo, por exemplo, que diariamente vive situação de trânsito caótico, as pessoas valorizam o home office. O que quero revelar é que não há como fugir do cloud. Hoje, com o iPhone ou o Tablet, posso estar em qualquer lugar da organização com a mobilidade a qualquer hora, em uma facilidade indescritível. As empresas precisam entender que catálogos de venda são poderosos instrumentos de trabalho, e isso no iPad, não no papel. Imagine corretores com tablets, conhecedores da área digital. 87 > CAPA | WIDE | 53 Pense quão fantástico será para o cliente em sua vistoria final ter a possibilidade e a praticidade de apontar uma série de concordâncias e discordâncias no próprio iPad? Mas, nesse quesito é necessário chamar a atenção para um triste e real fato. 70% dos nossos profissionais brasileiros não possuem competência tecnológica para executar demandas específicas. Não podemos permitir que aconteça o crescente número de informações e o decrescente índice de competências profissionais tecnológicas. Marketing de experiência; embutir a marca em conteúdos que gerem experiências relevantes e atrativas; o novo consumidor é mídia e gerador de conteúdo. “As mecânicas de games serão exploradas em aplicativos, oferecendo melhor usabilidade” ROMEO BUSARELLO uma marca. Nesse sentido, a melhor maneira de se conquistar a atenção das pessoas é por meio de fornecer o que é relevante para elas em cada momento e, para tal, apesar do marketing de experiência não ser novidade, cada vez mais embutir a sua marca em conteúdos que criem experiências relevantes e atrativas tende a ser uma das principais ações estratégicas de marketing. 2.COCRIAÇÃO Martha Gabriel Diretora de tecnologia da New Media Developers Segundo a palestrante internacional, temos presenciado na última década a concretização de muitas coisas que eram consideradas previsões de futuro no século passado — o planeta totalmente conectado, o tempo real, a mobilidade proporcionada pela tecnologia, o acesso a informação, dentre outras. Essas transformações afetam as pessoas e, consequentemente, o mercado, fazendo com que as estratégias de marketing também se modifiquem para que tenham efetividade no novo cenário que emerge. Com isso, ela aponta, a seguir, algumas das principais tendências de marketing para os próximos anos, e é enfática ao afirmar que tais frentes devem influenciar cada vez mais as ações estratégicas no relacionamento com o consumidor. 1. MARKETING DE EXPERIÊNCIA/ CONTEÚDO Em função do ambiente hiperconectado e hiper-informacional propiciado pelas tecnologias móveis e a web 2.0, as pessoas encontram-se sobrecarregadas de informação e atividades, passando por um processo de info-toxicação. Nesse contexto, ocorre o fenômeno da Economia da Atenção (Davenport) — quanto maior a riqueza da informação, maior a pobreza de atenção. Dessa forma, a maior dificuldade do marketing para atingir seus públicos é conquistar sua atenção para conseguir engajamento com a marca. A atenção — e não mais a audiência passa a ser o principal capital de 54 | WIDE | 87 > CAPA O consumidor não é mais apenas público-alvo, mas também mídia (pois propaga mensagens e conteúdos) e gerador de conteúdo. Além disso, o ambiente hiperconectado permite que a velocidade e a quantidade de interações entre pessoas das mais diversas partes do mundo seja mais efetiva, e como resultado uma maior troca de experiências e informações. Isso possibilita que o ritmo de inovações produzidas por essas pessoas alcance uma velocidade que é impossível de se conseguir com processos de inovação tradicionais nas empresas. Assim, criar processos em que as pessoas contribuam para a cocriação de produtos e serviços e participem das ações de comunicação torna-se uma das principais tendências do marketing para se conseguir velocidade de inovação. Estratégia não é nada sem velocidade. Dessa forma, passaremos cada vez mais a colaborar em processos de crowdsourcing, colaboração, não porque somos bonzinhos, mas porque cada vez mais precisaremos uns dos outros para alcançarmos sucesso. 3. INTEGRAÇÃO ON E OFF O ser humano vive e transita entre as dimensões on e off line. Estamos nos tornando cada vez mais cíbridos (ou cyber-híbridos), vivendo simbioticamente em nosso corpo biológico e em diversos dispositivos digitais. Nossa memória está esparramada em nosso cérebro biológico, em nosso computador, smartphone e diversos sites online — Gmail, YouTube etc. Nosso ser se alastrou e engloba diversas plataformas, como o Facebook, Twitter, Foursquare, entre outras. Cada perfil nosso em sites de redes sociais é uma parte nossa que co-existe e complementa o nosso ser biológico. Assim, uma das principais tendências do marketing é que as estratégias se comuniquem e integrem todas as plataformas em que estamos presentes, independentemente de serem on ou off line. Cada vez mais teremos novas tecnologias e plataformas no cenário informacional. Nesse sentido, ações de Transmedia Storytelling (que conta uma história ou uma mensagem por meio de diversas 87 > CAPA | WIDE | 55 plataformas), Realidade Aumentada (processo em que objetos virtuais interagem com objetos físicos), Mobile Tags (QRcodes etc.), sensores, entre outras, que integrem on e off, tenderão a ser sempre mais utilizadas. 4. CONVERGÊNCIA ENTRE BUSCA E O SOCIAL A evolução dos buscadores para entregar resultados constantemente mais relevantes na complexidade crescente da web faz com que eles se tornem cada vez mais semânticos, ou, em outras palavras, consigam “entender” o significado dos dados e do contexto. Para tanto, os algoritmos de busca consideram cada vez mais a dimensão social das páginas e dos dados, suas conexões com outras páginas, dados e pessoas para poder calcular a relevância de cada processo. Com isso, gradativamente as estratégias de busca precisarão considerar e englobar estratégias sociais para alcançarem sucesso. Por outro lado, nas plataformas de Gamification; pensamento e mecânica de um jogo como forma de engajar consumidores de qualquer segmento; os jogos dão prazer; o prazer é o novo marketing. mídias sociais as pessoas buscam informações, perfis, outras pessoas etc., de forma que a otimização de busca dos ativos sociais torne-se parte essencial de qualquer estratégia em mídias sociais. “O consumidor não é mais apenas público-alvo, mas também mídia (pois propaga mensagens e conteúdos) e gerador de conteúdo” MARTHA GABRIEL 2. CONCEITO AMPLO No início, ao ouvir pelas primeiras vezes a palavra “gameficação”, o termo me soava muita ligado a startups e empresas que tinham os social games como o próprio core-bussiness. Zynga e Foursquare são empresas que têm na alma do seu negócio a estratégia de gameficação. Com o passar do tempo, entendi que a tendência é muito mais ampla. A ideia é entender o processo do uso do pensamento e da mecânica como forma de engajar consumidores de qualquer segmento. 3. ESTRATÉGIA DE JOGOS André Telles CEO da Mentes Digitais Para 2012, o publicitário curitibano aposta na gameficação como a tendência mais forte para o marketing. Em suas previsões para 2011, André Telles apostou na geolocalização, e acredita ter acertado, embora revelou que um potencial muito grande não foi explorado. Segundo ele, tendências muitas vezes demoram a ser concretizadas em larga escala. 1. GAMEFICAÇÃO COMO MERCADO (AINDA) INEXPLORADO De acordo com a Forrester Research (conceituada empresa de pesquisa de mercado que oferece a seus clientes conselhos sobre o impacto da tecnologia nos negócios e nos consumidores), “84% dos profissionais de marketing dos EUA não tiveram planos de usar jogos em suas estratégias de marketing em 2011, tornando os jogos sociais uma oportunidade grande e inexplorada. 56 | WIDE | 87 > CAPA O primeiro passo é identificar a dinâmica do jogo (estratégias) e mecânica (táticas) para um caminho em direção à meta de negócios. Os argumentos que tenho lido em torno do conceito são que os jogos dão prazer, e essa sedução é o novo marketing. Como acontece com outros tipos de conteúdo relevante, os jogos são um meio de interagir, só que com o conceito de “gameficação” as empresas passam a recompensar e entreter. 4.DICAS A DINÂMICA DO JOGO DEVE: s4FSDSJBUJWBFDPNSFHSBTCFNDMBSBT s$POUFSNFDÂOJDBTDPNPCBEHFTQPOUPTGBTFTEPKPHPSBOLJOH s1PEFSTFSBMUFSBEBQBSBSFDPNQFOTBSFBUÈQFOBMJ[BS s-×EJDBFEJWFSUJEBBMÈNEBSFDPNQFOTBQPSQPOUPT s"NPUJWBÇÆPQPEFTFSŢJOBODFJSBTUBUVTOFDFTTJEBEFEPQSB[FS FJOŢMVÉODJB Uma outra grande estratégia seria utilizar as mídias sociais como forma de recompensar no jogo. Por exemplo, a visualização de um vídeo (5 pontos); um tweet mencionando sua empresa (2 pontos), e assim por diante. Tendência que veio para ficar de vez no mercado brasileiro, o e-commerce é apontado como a grande aposta para 2012. As lojas online precisarão ter serviços 24 horas, sete dias por semana para os seus consumidores. Estamos falando das novas lojas de conveniência. Outra dica é a compra por dispositivos móveis. Pelo Facebook, lojas oferecem aos fãs acesso antecipado a produtos e coleções. Há marcas que estão oferecendo descontos por meio de ações com o uso de localizadores como Foursquare e Gowalla. Os sites de compras coletivas também estão em alta. A seguir, veja o que esperam nossos especialistas. Consumidor em movimento; ter feedback positivo nas redes sociais; chats de compras coletivas; consumidor mais dinâmico; consolidação do mobile. já provaram que definem e muito o consumo. Acredito veementemente que a maior parte das decisões de compra são influenciadas por conta de amigos. 2. SOCIAL COMMERCE – COMPRA COLABORATIVA (decisão de compras) Roberto Wajnsztok Diretor de Marketing do E-commerce Walmart Brasil 1. TENDÊNCIA DE CONSUMO Estamos na era do consumidor em movimento, que busca a constante mudança de canal, alimenta diversos estilos e percepções de consumo. O canal que pode ser escolhido hoje, amanhã pode ser outro, o ambiente pode ser pelo meio digital, mas também podem ser diversos outros ambientes. A inserção em um ritmo altamente tecnológico tomou conta. O consumidor já é sensivelmente impactado pelas diversas opções — produto do dia, canais em que as pessoas mais compram durante a semana. É importante chamar a atenção para o momento do consumo, seja por decisão própria ou em família, um ambiente favorável, ter o feedback positivo nas redes sociais. Os canais colaborativos Para o próximo ano, está evidente a consolidação dos chats de compras coletivas (novos ambientes de consumo coletivo). Assim como o mercado, o consumidor também está mais dinâmico, consegue levar a compra para todos os lados, e esse público representa boa parte de venda dos varejistas. 3. MOBILE Impossível não apostar no mobile, grande tendência para 2012. Ora, o crescimento de iPhones, iPads, entre outros, nos dá a plena certeza da força e da excelência da funcionalidade dos serviços prestados. Temos cada vez mais dispositivos móveis de alta navegabilidade, associados a pacotes de banda larga mais acessíveis, e estamos muito próximos de liderar esse tipo de movimento — basta olhar a presença do brasileiro nas redes sociais. Integrado a essa tendência, os aplicativos colaborativos, com ferramentas de interatividade, também chegam cada vez mais fortes. A troca de informação e conhecimento graças ao mobile é a grande aposta. Com a mobilidade é possível que o cliente divulgue suas informações e as divida com outros, de modo a atingir uma interação conjunta. Os blogs também serão iniciativas tendenciosas. 87 > CAPA | WIDE | 57 4. CONTEÚDOS DIGITAIS Redes para e-commerce; maior aproximação com o público; nuvem; multicanalidade. Tudo vai para o digital, não há mais dúvidas. Algumas empresas ainda tentaram se proteger da “avalanche” tecnológica, mas é fato que quem não se adaptou, não sobreviveu (ou não sobreviverá). E isso passa por áudio, música, filme, games, aplicativos, nuvens, conteúdos digitais etc. Nuvem é uma tendência importante, de prestar serviços, hospedagem, hosting. Não podemos nos esquecer da relevância dos buscadores Google, Ping, Yahoo, que estão cada vez mais estratégicos nos comércios eletrônicos. Certamente, 2012 será, também, o ano de maturação dessas frentes. 5. APOSTA COMO NEGÓCIO German Quiroga CEO Nova Pontocom Algumas frentes já vêm sendo testadas e utilizadas, mas 2012 será o ano de maturação de muitas dessas tendências. Quiroga, do Grupo Pão de Açúcar, analisa que a consolidação dessas novas plataformas se deve à construção de diversos cases de sucesso, que resultou na potencialização e em novas oportunidades para o mercado. Para essa questão, o empresário chama a atenção para as grandes mudanças que estão acontecendo. 1. SOCIAL COMMERCE E EXPLOSÃO DAS MÍDIAS SOCIAIS Os sites e as mídias sociais vieram para ficar. Já visualizamos, inclusive, o reposicionamento do Google, que está cada vez mais forte. Nesse processo, a utilização das redes sociais para e-commerce tornou-se a grande tendência — que, por sinal, não é tão nova, mas destaco essa consolidação e maturidade acelerada para 2012. 2. M-COMMERCE (comércio em plataformas mobile) É uma tendência mais madura. Estamos falando de necessidade de consumo do cliente. No mundo físico, você ainda tem alguns processos a serem evoluídos, porém no dispositivo, com apenas um clique, você efetua uma compra na hora, em questão de poucos segundos. Já utilizamos aplicativos para plataformas Apple e Androide e, além disso, temos a preocupação de disponibilizar um site com uma versão especial, totalmente voltada para mobile. 3. PERSONALIZAÇÃO Não é um assunto tão novo, visto que já trabalhamos e investimos nessa questão há pelo menos 17 anos. É a ideia de ter um site com conteúdo personalizado, com novas ferramentas que ofereçam informações a seus clientes, e ainda a possibilidade de você conhecê-lo melhor, o histórico de navegação, compras anteriores realizadas, o que ele mais se interessa…Estamos falando de aproximação com o nosso público, de uma relação mais direta e personalizada. Acredito que quanto mais você o conhece, mais você pode oferecer melhores serviços. 58 | WIDE | 87 > CAPA A estratégia já é desenvolvida há algum tempo, porém no Brasil ainda é novidade. Consta a empresa ter a visão de servir outros negócios, de modo que eles estejam interligados em um grande hub de negócios, uma espécie de marketing play, em que seja possível construir recursos combinados para diversos ambientes utilizando passos práticos de marketing. A ideia de você prestar serviços para que seus clientes entrem de vez no comércio eletrônico, de forma rápida, barata, precisa e eficiente, é outra grande tendência. É você agregar em seu portfólio o produto desejado. Hoje, o cliente está mais exigente. Ele pensa no modelo, pesquisa, encontra e quer comprar naquele exato momento. O diferencial, então, é saber explicar o produto em detalhes para o cliente, com todos os seus diferenciais. É virar um especialista do produto. 6. MULTICANALIDADE Trata-se de um conceito antigo, porém mundialmente não é bem executado. É tarefa difícil você pensar que o cliente quer se relacionar com uma marca em qualquer canal. Com isso, dois fatos importantes devem ser levados em consideração: a necessidade de compra; e como o cliente pensa em você ao desejar praticidade. “Hoje, o cliente está mais exigente. Ele pensa no modelo, pesquisa, encontra e quer comprar naquele exato momento. O diferencial, então, é saber explicar o produto em detalhes para o cliente, com todos os seus diferenciais. É virar um especialista do produto.” GERMAN QUIROGA 87 > CAPA | WIDE | 59 tecnologia APLICATIVOS MÓVEIS Por Thiago Almeida PREPARE A SUA AGÊNCIA: PASSO-A-PASSO PARA SE ESTRUTURAR PARA A DEMANDA POR SITES E DISPOSITIVOS MOBILE Com o avanço das tecnologias, as agências digitais brasileiras têm trabalhado dobrado para se manterem atualizadas frente a um mercado altamente competitivo. A geração Y, os chamados novos integrantes da força de trabalho, nunca foi tão reconhecida por gestores no que diz respeito ao negócio. Dentre os requisitos mais visados, estão a motivação, novas ideias e a busca pelo novo — características muito bem-vindas em um momento de franca expansão no ambiente corporativo, movido pela tecnologia e a interatividade. Confira, a seguir, as principais dicas de grandes players do mercado sobre como se estruturar para a alta demanda por sites e apps móveis. A realidade aponta: a demanda por sites e aplicativos móveis dentro das agências interativas tornou-se uma importante exigência de mercado. Para se ter ideia, as vendas mundiais de dispositivos móveis para usuários finais totalizaram 428,7 milhões de unidades no segundo trimestre de 2011, um aumento de 16,5% na comparação anual, de acordo com a Gartner. Já a comercialização de smartphones cresceu 74% no mesmo período e somou 25% das vendas totais do setor no segundo trimestre de 2011. Michel Lent Schwartzman, VP de Estratégia do Grupo.Mobi, acredita que as grandes tendências de mercado para sites e aplicativos móveis a partir de 2012 serão o avanço do HTML5, o ganho de território do Windows Phone, a migração de aplicações em código proprietário para código aberto (HTML5), e o fortalecimento de outras plataformas (além da Apple e Android). Lent garante que o mobile já é o principal ponto de contato entre as pessoas, marcas e serviços, e que precisa ser usado da melhor forma possível dentro das diferentes estratégias. Outro ponto a ser discutido, é que com o avanço da banda larga móvel, da virtualização das aplicações e dos dispositivos avançados de comunicação móvel, a exemplo de smartphones e tablets, a oportunidade de mercado e novos negócios dentro do universo da mobilidade corporativa ganhou expressividade. “São novas fronteiras fantásticas. Na realidade, estamos presenciando o aparecimento de uma série de novas telas, como as das SmartTVs, Chrome apps e outras que ainda nem imaginamos. Estamos perto de um momento em que não será mais relevante separar as telas por dispositivo, e sim como usaremos cada uma dessas novidades. É acreditando nessa nova realidade que reposicionamos a Pontomobi no meio deste ano, passando a assinar como Grupo.Mobi e usando o tagline ‘Any screen, anywhere’. Cada nova plataforma dessa permite um universo fantástico de aplicações e serviços”, garante. Jackson Mafra, desenvolvedor da How Mobile, acredita que, com o rápido desenvolvimento do mercado e o avanço das novas tecnologias ligadas ao universo mobile, tanto de hardware como de software, muitos serviços existentes hoje devem ganhar mais destaque ao longo dos próximos anos. O desenvolvedor dá importantes dicas para agências que querem ganhar notoriedade e clientes. Um desses serviços é o Location Based Services (LBS) - Serviços Baseados em Localização -, uma forma de geomarketing, espécie de publicidade baseada na localização do consumidor para tornar a propaganda mais útil e eficiente, com descontos e sugestões de pontos de interesse em locais próximos onde o usuário se encontra. Outra tendência citada por Mafra é o Money Transfer e o Mobile Payment, que são diversos modelos de negócios praticados no mercado atualmente. Mas ele alerta: “o principal fator é que o público se habitue e torne-os uma prática recorrente, e isso deve ocorrer com o tempo. Certamente, muitas aplicações e mobile sites surgirão nesse segmento para auxiliar o usuário final”, acredita. Ao citar o Mobile Advertising, o especialista afirma que o marketing em celulares e smartphones já possui formatos e possibilidades padronizados. No entanto, pouco ainda se comenta sobre os diferenciais e as potencialidades do celular para o que acontece depois do clique. “Enquanto - como nas outras mídias o anúncio tem como função interromper e chamar a atenção do usuário para a mensagem da marca, grande parte do potencial de retorno desse anúncio está no tipo de engajamento e ação que oferece ao usuário, ou seja, no formato da interatividade.” Serviços NFC (Near Field Communication) também estão dentro da lista de exigências para agências que desejam se estruturar para a demanda por sites e aplicativos móveis. E a boa notícia é que existem inúmeras formas de usar a NFC. Segundo o desenvolvedor, muitos acreditam que ela deve substituir os códigos de barras e até mesmo os cartões de crédito. Assim, o consumidor não precisaria mais buscar por máquinas de leitura nas lojas: basta aproximar o celular para conferir o preço do produto. Ao final da compra, para efetuar o pagamento, repete-se a mesma ação em um aparelho instalado no caixa. No exterior essa tendência já é realidade. No Brasil, com o visível crescimento do mercado de pagamentos e transações bancárias por meio de redes móveis, as agências precisarão investir, caso queiram de fato acompanhar o mercado. Michel Lent chama a atenção para o que é preciso ter para se investir na nova tendência. “Esse é um mercado que pode ser dividido, grosso modo, em duas grandes partes: meios de pagamento e produtos e serviços que fazem uso dos mecanismos de pagamento. A primeira parte é uma briga de ‘cachorro grande’ com players como Visa, Mastercard, Cielo, Redecard, Paypal e outros. A oportunidade está na outra parte, em pensar em produtos e serviços que “ESTAMOS PERTO DE UM MOMENTO EM QUE NÃO SERÁ MAIS RELEVANTE SEPARAR AS TELAS POR DISPOSITIVO, E SIM COMO USAREMOS CADA UMA DESSAS NOVIDADES.” MICHEL LENT SCHWARTZMAN 87> TECNOLOGIA | WIDE | 61 TECNOLOGIA façam bom uso do contexto do comércio com relação à mobilidade”, avalia. Os irmãos Eduardo e Rodrigo Bozzetto, sócios da How Mobile, acreditam que criar estratégias de relacionamento com o consumidor (usuário) é fundamental para alcançar mais público. Para Eduardo, o movimento que se observa no mercado, impulsionado em grande parte pelas redes sociais, é de empresas buscarem presença nos diversos canais de conteúdos em que os seus clientes estão inseridos, e neste caso o segmento mobile, que inclui lojas de aplicativos e internet móvel, passou a ganhar relevância. No entanto, não basta simplesmente marcar presença no canal mobile, o mais importante é estar posicionado com uma estratégia que vise entregar o conteúdo adequado ao seu consumidor levando em consideração a sua condição móvel. Ou seja, o principal desafio das marcas nesse segmento é posicionar-se com um conteúdo relevante e pensado para o cliente em movimento. Já Felipe Gazolla, diretor executivo da Ato Interativo, aposta em games, serviços e eventos como grandes trunfos para 2012. “No tocante à gameficação, o fortalecimento do conceito, aliado ao uso de projetos mobile ligados a jogos corporativos, será uma grande oportunidade de novos negócios. Para isso, os projetos mobile precisam estar inseridos em uma estratégia maior do cliente, integrado com ações de marketing de relacionamento e outras mídias.” Gazolla visualiza uma efetiva demanda para aplicativos que oferecem serviços aos seus usuários. A partir dessa estratégia, consegue-se manter o cliente em contato com a marca por mais tempo, substituindo aplicações apenas expositoras de produtos. Outra previsão - e que pretende mexer de forma expressiva na economia -, são os grandes eventos que acontecerão no Brasil nos próximos seis anos. Segundo ele, todo o mercado digital, sobretudo o mobile, será beneficiado. “O grande desafio dos desenvolvedores será identificar as oportunidades de cada iniciativa.” FALTAM PROFISSIONAIS QUALIFICADOS, GARANTEM ESPECIALISTAS Com o mercado em expansão por aplicativos para rodar em iPhone, Android e outros sistemas operacionais, as empresas estão enfrentando escassez de talentos voltados ao desenvolvimento de aplicações móveis. Michel Lent assegura que, com a chegada de novas plataformas, há pouca mão de obra disponível já formada. “Assim como no passado, o caminho que precisamos seguir é o de oferecer formação para aqueles profissionais que já trazem uma boa bagagem, mas não têm o conhecimento específico. É a história da Oferta x Demanda. Há muito mais vagas do que gente disponível. Semelhantemente ao que aconteceu com a demanda por profissionais de web no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Mas, acredito que a tendência é o mercado encontrar equilíbrio dentro de algum tempo”, prevê. 62 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA “COMO O MERCADO ESTÁ MAIS DINÂMICO E A CADA DIA SURGEM NOVAS FERRAMENTAS E FUNCIONALIDADES LIGADAS AO DESENVOLVIMENTO DE APPS E SITES MÓVEIS, UMA CARACTERÍSTICA ESSENCIAL PARA ESSE PROFISSIONAL É QUE ELE SEJA CAPAZ DE SE ATUALIZAR E TENHA MUITA INICIATIVA PARA SE MANTER INFORMADO COM RELAÇÕES ÀS NOVIDADES E POSSIBILIDADES QUE OS SISTEMAS OPERACIONAIS PERMITEM, POIS ESTES ESTÃO EM CONSTANTE APERFEIÇOAMENTO.” RODRIGO BOZZETTO Rodrigo Bozzetto avalia que as empresas que buscam se capacitar para oferecer aplicações multi-plataformas devem procurar profissionais que dominem as diversas linguagens de diferentes sistemas operacionais. Em muitos casos, as agências e as organizações deverão dispor de profissionais especializados em cada sistema e linguagem. “Como o mercado está mais dinâmico e a cada dia surgem novas ferramentas e funcionalidades ligadas ao desenvolvimento de APPs e sites móveis, uma característica essencial para esse profissional é que ele seja capaz de se atualizar e tenha muita iniciativa para se manter informado com relações às novidades e possibilidades que os sistemas operacionais permitem, pois estes estão em constante aperfeiçoamento.” Um dos principais problemas, na avaliação de Felipe Gazolla, é que poucos profissionais deram o passo inicial para o mobile. “Procuramos identificar dentro da nossa equipe futuros talentos. Isso nos traz dois grandes benefícios: o primeiro é que já conhecemos esse profissional e integra a equipe mobile com um pensamento em evolução, uma vez que ele vem de outras áreas do desenvolvimento web. O segundo é o próprio investimento no crescimento do time, essencial para motivar nossa equipe”, revela. AGLUTINAÇÃO DAS AGÊNCIAS: OUTRA TENDÊNCIA? Diante da dificuldade de crescer organicamente, ou seja, por meio de contratações, as empresas que desenvolvem aplicativos móveis estão adquirindo umas às outras (ou promovendo fusões) para incrementar sua capacidade de produção. São os casos da Aorta, que em novembro de 2010 comprou a Mobimarket. Quatro meses depois, adquiriu a Meritia. Houve também fusão entre a Mobmídia,- empresa do Grupo. Mobi - e a FingerTips. Em abril, foi a vez da agência de mobile marketing Mobint se juntar com a desenvolvedora i2 para criar a Mob.i2. Será esse o cenário para 2012? Para Eduardo Bozzetto, fusão é um movimento comum em diferentes segmentos, e esse processo, no mercado de mobile brasileiro, faz parte do amadurecimento e da consolidação do setor. Michel Lent também acredita se tratar de um movimento natural de consolidação. “Todo novo mercado passa por esse tipo de dinâmica. Começa com muitos pequenos desenvolvedores e vai se consolidando por meio de fusões e aquisições à medida que o mercado evolui”, exemplificou. Já Gazolla visualiza essas diversas mudanças como 87> TECNOLOGIA | WIDE | 63 TECNOLOGIA “PARA RESOLVER O GARGALO DAS REDES MÓVEIS A EQUAÇÃO ESTÁ EM EQUILIBRAR OFERTA COMERCIAL E INVESTIMENTO EM REDE POR PARTE DAS OPERADORAS” EDUARDO BOZZETTO e uma forte massificação deste tipo de serviço, por outro lado as operadoras devem fazer os investimentos necessários em rede para não ocorrer gargalos de tráfego. Quanto à rede 4G, o principal desafio será por parte das teles de investir nessa tecnologia, mas a equação oferta versus investimento em rede continuará ser o fator decisivo para não ocorrer gargalos”. Na opinião de Felipe Gazolla, uma série de fatores contribuirá para o crescimento do setor no Brasil. O empresário aposta desde o 4G, prometido para operar antes da Copa, até a popularização de smartphones. “Hoje, já é possível adquirir um smartphone por R$ 400,00. Com o aquecimento da nossa economia, maior será o mercado a ser atingido por ações mobile.” MERCADO CARECE DE ESTRATÉGIA DIGITAL amadurecimento de mercado. “Em qualquer segmento da economia isso se torna uma tendência. Sempre que surge um novo nicho, aparecem diversas iniciativas desbravando esse ambiente ainda incerto. À proporção que o mercado começa a crescer, é natural que ocorram fusões com o objetivo de formar organizações mais fortes no segmento. Foi assim no mercado de propaganda, que, inclusive, continua protagonizando aquisições e fusões a todo o momento.” MOBILE E NOVAS TECNOLOGIAS As novidades tecnológicas são inúmeras. Recentemente, a presidenta Dilma Rousseff garantiu que a quarta geração de celulares será implantada no Brasil antes da Copa do Mundo de 2014, o que possibilitará velocidade maior no acesso à internet por meio de aparelhos móveis. Seria o 4G uma saída para evitar o gargalo das redes móveis? “Já estamos enfrentando um intenso gargalo nas congestionadas redes 3G, e esse problema só vai piorar ao longo do próximo ano, tendo em vista que milhões de novos smartphones e planos de dados invadirão o mercado. O 4G, mais do que uma saída, será indispensável para que as operadoras não percam receitas de dados. Em grandes centros urbanos elas enfrentarão concorrentes de peso oferecendo wi-fi pelas cidades. A Net, por exemplo, já começou um piloto importante em São Paulo, onde várias ruas já contam com o sinal de wi-fi deles e é possível estar conectado em movimento usando sua rede. Ou seja, se eu uso a rede da Net eu não uso os dados da minha operadora de celular, isso pode ser um problema para ser resolvido em médio prazo” prevê Lent. Eduardo Bozzetto acredita que para resolver o gargalo das redes móveis a equação está em equilibrar oferta comercial e investimento em rede por parte das operadoras. “O que se observa no mercado são ofertas agressivas para planos de dados 64 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA Ainda não são muitas as agências no Brasil que incorporaram o pensamento digital em suas estratégias de marketing e comunicação. Em um mercado repleto de novas demandas por sites e apps móveis, Felipe Gazolla afirma que o erro em qualquer estratégia digital é pensar apenas na plataforma, e não na estratégia da ação, e alerta que isso é válido para qualquer segmento. “O que quero dizer é que para se ter resultado e atingir em cheio o consumidor, é preciso integrar plataformas, alcançando o cliente com a mesma linguagem e conceito no ambiente em que ele estiver. Isso, em minha opinião, é essencial.” Hoje, as agências sabem que não basta falar do que fazem os clientes e de como é importante criar formatos de conteúdo que despertem interesse e tenham relevância para conquistar fidelidade do público-alvo. Mais do que isso, é necessário criar intimidade com o público. É inadmissível, por exemplo, estar nas redes sociais sem saber o que se faz ali. “As empresas precisam olhar os novos dispositivos não como tecnologia, mas como pontos de contato de uma estratégia de serviço e comunicação. O grande desafio continua sendo olhar novas plataformas como desdobramento técnico, e não como estratégico”, completa Gazolla. Para Jackson Mafra, a experiência de mobile é muito diferente da vivência com a web, mas muitas agências ainda projetam mobile sites e apps pensando como web. Segundo ele, falta investimento no estudo de acessibilidade e da melhor experiência do usuário. “Diversas agências pagam cursos baratos ou forçam seus desenvolvedores a aprender mobile e ofertam serviços de desenvolvimento de apps e mobile site para aumentar a receita, mas esquecem que esse desenvolvedor muitas vezes nunca utilizou um smartphone, e o que acontece são vários desenvolvedores web ‘caindo’ de paraquedas no desenvolvimento mobile”. 87> TECNOLOGIA TEC TE CNOL NO OGIA | W WIDE IDE | 65 TECNOLOGIA “AS EMPRESAS PRECISAM OLHAR OS NOVOS DISPOSITIVOS NÃO COMO TECNOLOGIA, MAS COMO PONTOS DE CONTATO DE UMA ESTRATÉGIA DE SERVIÇO E COMUNICAÇÃO. O GRANDE DESAFIO CONTINUA SENDO OLHAR NOVAS PLATAFORMAS COMO DESDOBRAMENTO TÉCNICO E NÃO COMO ESTRATÉGICO” FELIPE GAZOLLA O PERFIL PROFISSIONAL DEVE SER DIFERENCIADO Outra árdua tarefa é formar profissionais preparados para as linguagens técnicas das plataformas móveis, mas ao mesmo tempo colaboradores que pensam, que criam e que dominam o entendimento. “Precisamos encarar as plataformas móveis como plataformas interativas. Nesse sentido, são diferentes na implementação e específicas em sua dinâmica, mas são plataformas interativas que seguem a mesma dinâmica de outras telas. Pode ocorrer uma separação entre pensamento e implementação. Não há necessidade de que um único profissional abrace tudo. O caminho é investir em profissionais experientes em pensamento e formar profissionais técnicos aptos a desenvolver nas novas plataformas”, sugere Michel Lent. A How Mobile acredita ser possível formar profissionais com esse perfil diferenciado. É o caso do jovem Luciano Romero, de 18 anos, programador da empresa, que está se desenvolvendo na área de criação de games para as plataformas iOS e Android. “A programação mobile está em crescimento exponencial, e existe compartilhamento de ideias e suporte online em comunidades virtuais. O fato do visível e expressivo crescimento da comunidade implica que o suporte de todos desenvolvedores esteja aumentando à mesma medida. Mesmo que no ramo mobile surjam novidades constantemente, não é difícil achar suporte em fóruns sobre as linguagens de plataformas móveis. O principal é ser criativo, mas isso depende mais do perfil de cada um”, afirma o jovem. Na Ato Interativo, Felipe Gazolla também já desenvolve esse mix profissional.“Acredito que a melhor estratégia é realmente montar uma equipe plural, envolvendo novos profissionais, que sempre agravam visões ousadas e pensam fora da caixa, com uma equipe experiente, formada dentro da agência e que já conhece as estratégias que podem ser adotadas”, garante. 66 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA 87> TECNOLOGIA | WIDE | 67 Pierre no Rio de Janeiro: O MESTRE DA CIBERCULTURA, INTERNET E O FUTURO DAS MÍDIAS DIGITAIS Por Thiago Almeida 68 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA TECNOLOGIA Lévy A Wide acompanhou de perto a vinda do filósofo francês Pierre Lévy — um dos profetas da cibercultura —, ao Rio de Janeiro. Com uma plateia tomada por professores, artistas, profissionais de comunicação, música, cultura, literatura e tecnologia, o professor Pierre Lévy, da Universidade de Ottawa, no Canadá, falou sobre sua teoria de cérebro coletivo, em que, segundo ele, um dia todos poderão dar significados e inserir emoções à fria lógica dos números que compõem os sistemas operacionais. Além disso, o teórico falou sobre hipertexto, mídias digitais e tecnologia futura em uma palestra de altíssimo nível filosófico, que você confere a partir de agora. felicidade por estar na cidade mais bonita do mundo. No primeiro momento, ao apresentar sua teoria e tentar inseri-la no contexto atual, Pierre confessou que muitas pessoas o questionam sobre o que é o cérebro global e o que acontecerá com ele no futuro. Para Pierre, esse cérebro já existe: a internet, bem como todas as pessoas conectadas em todo o mundo. Para justificar a afirmação, o pensador comparou os computadores e os hiperlinks com os neurônios e as sinapses desse cérebro global. O que precisamos computadorizar, segundo ele, são os significados e os contextos – e, assim, criar a inteligência coletiva. “Mas como dar a esse cérebro global consciência e reflexão? Ora, a inteligência coletiva que defendo prioriza o entendimento das conexões, ou seja, aprender é ensinar e ensinar é aprender”, defendeu. Com essa afirmação, sentimentos como emoção e afeto foram citados, uma vez que não existe ideia humana sem um tipo de aliança que contenha conceito, afeto e percepção. “O que podemos fazer é automatizar a capacidade do caráter singular do ser humano de manipular, por exemplo. Mas, ainda insisto, se pensarmos na internet como cérebro global, como alcançar essa consciência reflexiva? Vale como reflexão a informação de que somos dotados de inteligência pessoal, mas não no nível das máquinas. Possuímos inteligência coletiva, porém não temos imagem dela.” Foi uma noite de excelência, com convidados ilustres e marcada pela troca de conhecimento. Assim pode-se descrever, ainda que timidamente, o evento realizado no Oi Futuro, localizado no tradicional bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, que recebeu Pierre Lévy e Gilberto Gil para darem uma verdadeira aula sobre cibercultura. Certamente, o clímax do evento aconteceu muito antes dele começar. Um ambiente de megaevento, com os donos das primeiras fichas chegando oito horas antes da distribuição das senhas e esperas que dobravam quarteirões em filas intermináveis. Um estudante que passava no momento comentou que parecia muito mais a entrada do Rock in Rio, a venda de ingressos para uma final de Libertadores ou, talvez, mais um show do Paul no Rio. Não era nada disso, era a vinda de um teórico da comunicação ao Brasil. Descontraído e brincalhão, Pierre Lévy, em sua primeira fala, informou que não estava acostumado com os inúmeros flashes que fotógrafos disparavam em sua direção e revelou sua A evolução do que era simbólico e hoje é digital A cultura simbólica, ao contrário do que muitos podem pensar diante dos avanços tecnológicos, também evoluiu muito com o passar dos anos. O filósofo explicou que a linguagem que ouvimos ou tocamos na música, que usamos nas leis, na leitura e na dança são exemplos evidentes de que, em um futuro universal e infinito, os seres humanos terão capacidade de manipular tais símbolos — o que os antigos filósofos chamam de ‘intelecto’ e a academia chama de ‘racional’. Já o meio digital, segundo Pierre Lévy, é técnico, material e simbólico. A tecnicidade pode ser explicada por transformar questões tridimensionais, a exemplo do telefone, com o qual encurtamos espaço e tempo com uma ligação. Ao citar os avanços da área tecnológica, o professor lembrou que evolução é o crescimento do computador e a habilidade de registro de comunicação. “O meio digital é técnico porque transforma as relações em espaços 3D, e simbólico porque muda a memória humana. O computador nos faz manipular símbolos, logicamente porque 87> TECNOLOGIA | WIDE | 69 “A mídia tem evoluído tão rapidamente, que talvez esteja aí a dificuldade de entender a quem tanto amamos, como nossos pais, nossos filhos.” Pierre Lévy damos tais comandos. Estamos vivendo apenas o início deste crescimento”. E ele vai além: “no futuro, os sentimentos poderão ser representados por dígitos”, garante. Pierre Lévy acredita que cerca de 30% a 35% das pessoas no mundo estão diariamente conectadas na web. Com o crescimento da banda larga, computadores cada vez mais potencializam o armazenamento e o registro do que eles consideram serem símbolos. Essa capacidade de registro de dados e a habilidade de comunicação são os grandes impulsionadores para a internet possuir a força que tem nos canais de comunicação. Nesse momento, Pierre fez outra reflexão: “A mídia tem evoluído tão rapidamente, que talvez esteja aí a dificuldade de entender a quem tanto amamos, como nossos pais, nossos filhos etc.” Frente a esse contexto, o pensador alertou a todos sobre o grande desafio atual: “Como podemos usar essas diversas ferramentas para o fortalecimento e a construção desse conhecimento? Como usar o ciberespaço? Se não entendemos como funciona, asseguro que não seremos capazes de aumentar essa questão de transmissão e sentido”, afirma. Como usar o ciberespaço para aumentar a capacidade cultural? O pesquisador acredita que a história do ciberespaço pode ser representada por criação progressiva de camadas de endereços, em que a primeira camada são os bits 0 e 1 que estão em nossos computadores. A segunda camada é o chamado sistema de endereçamento de computadores, já a terceira camada é o endereçamento de dados. Mas, como tarefa árdua, precisamos de outra camada de endereçamento, que segundo Pierre Lévy será a de conceitos. Como fazer isso? Ele dá dica: “precisamos inventar um sistema simbólico de propósito para essa computação de conceitos”. Ao se discutir sobre ciberespaço e cibercultura, estudantes e 70 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA professores demonstraram inquietações no que se refere à educação no futuro. Pierre disse que a cibercultura é um link entre o hipertexto e as telas. O meio é a mensagem. As conexões e os fluxos fazem a mensagem. “No futuro, gatos, carros e outros objetos terão endereço na web. No ciberespaço, somos pequenas formigas, nos comunicando, e o resultado é a inteligência coletiva que já existe.” Ao final, Gilberto Gil resumiu a palestra de Pierre Lévy citando um trecho da canção Futurível: “...nós não queremos o futuro possível, queremos o futuro impossível”. A intrincada teoria do filósofo francês ganhou contornos poéticos nas palavras do ex-ministro baiano, para quem seria interessante a ideia de uma inteligência coletiva que falasse “por meio de todos nós”, mas que nunca tentasse dizer o que devemos fazer. Pierre quis dar exemplos mais concretos. Ao comparar a humanidade às formigas, disse que essa nova “camada” da web que propõe nos daria asas e, uma vez transformados em águias, poderíamos enxergar os processos — ou os caminhos traçados no formigueiro — como um todo, e não apenas uma parte. Gil aprovou e se empolgou: “As formigas criarão asas e poderão percorrer e enxergar o espaço, já que nada “é impossível” quando se trata da curiosidade humana.” Para o consultor estratégico para implantação de empresas 2.0, Carlos Nepomuceno (@cnepomuceno), o forte de Lévy é a sua rara capacidade associativa/sintética de criar um cenário baseado na história humana, mais factível das mudanças que estamos passando com a chegada da rede digital (internet), e escrever isso, como sugere Einstein, de tal forma que qualquer vovó entenda. “A grande bandeira de Lévy é muito ousada e, portanto, tão difícil de ser digerida pela sociedade e, principalmente, pelo dito mercado. Ele nos propõe a repensar completamente o papel do conhecimento/informação/comunicação na sociedade, pois víamos esses fatores como algo secundário influenciado pela política e pela economia, por exemplo.” Após ouvir atentamente a palestra de Lévy, o consultor disse que o francês apresenta um atalho mais eficaz para compreender o mundo, “mas a sociedade não quer ver, ignora, pois estamos, como sempre estaremos, no piloto automático, avessos às novas ideias radicais, como sofreram os pensadores associativos/sintéticos do passado, como Marx, Freud, Darwin e Einstein, entre outros”. Já Bruno Brum (@brunohbrum), da Agência Heads, acredita que a vinda do teórico da comunicação ao Brasil representou uma mudança drástica de comportamento nos jovens brasileiros. “Foi visível o total interesse de todos em saber mais sobre essa tal cibercultura, o hiperlink, o hipertexto e tudo que circunda esse mundo. Sim, Pierre Lévy parou o tradicional bairro carioca do Flamengo. As próximas gerações da comunicação no Brasil prometem.” TECNOLOGIA FUTURÍVEL (Gilberto Gil) Você foi chamado, vai ser transmutado em energia Seu segundo estágio de humanóide hoje se inicia Fique calmo, vamos começar a transmissão Meu sistema vai mudar Sua dimensão Seu corpo vai se transformar Num raio, vai se transportar No espaço, vai se recompor Muitos anos-luz além Além daqui A nova coesão Lhe dará de novo um coração mortal Pode ser que o novo movimento lhe pareça estranho Seus olhos talvez sejam de cobre, seus braços de estanho Não se preocupe, meu sistema manterá A consciência do ser Você pensará Seu corpo será mais brilhante A mente, mais inteligente Tudo em superdimensão O mutante é mais feliz Feliz porque Na nova mutação A felicidade é feita de metal 87> TECNOLOGIA | WIDE | 71 SELEÇÃO NATURAL QUANDO DESENVOLVER PARA WEB E QUANDO UTILIZAR NOVOS PADRÕES ADAPTÁVEIS AOS DIVERSOS DISPOSITIVOS? A web e os navegadores evoluíram muito nos últimos anos. A web, enquanto plataforma de software, evoluiu nos padrões HTML5, CCS3 e JavaScript. Os navegadores, paralelamente, também evoluíram na performance e no suporte a essas novas tecnologias. Tal evolução abre portas para novas estratégias que são economicamente melhores, a exemplo da divisão de uma criação para site, por exemplo, e para iPhone, onde hoje é possível transitar mais entre as duas extremidades. 72 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA Dentro desse cenário de oportunidades, quando vale a pena desenvolver produtos específicos em várias plataformas distintas (por exemplo iPhone, Android, BlackBerry, iPad) e quando se torna mais interessante se utilizar desses novos padrões para que o mesmo produto se adapte aos diversos dispositivos que nos conectam com a internet? Cayo Medeiros (@yogodoshi) Desenvolvedor front-end com foco em UX, formado em Design Gráfico Digital. Fundador do Estou Jogando XXXFTUPVKPHBOEPDPNCS . XXXZPHPEPTIJDPN O ideal mesmo é que o projeto seja sempre planejado para obter o maior proveito possível dos aparelhos nos quais será visualizado, porém sabemos que muitas vezes não temos como planejar e desenvolver um site com uma versão para ser vista no desktop, outra em smartphone, outra em tablet etc. Por isso, atualmente desenvolvo meus projetos tendo sempre em mente um conceito chamado de Responsive Web Design. Esse conceito sugere que o design e a programação devem responder ao comportamento do usuário e ao ambiente no qual o site está sendo utilizado, baseado no tamanho da tela, na plataforma e na orientação. Essa prática consiste basicamente na utilização de três técnicas: q(SJETFMBZPVUTèFYÍWFJTPVèVJEPT q*NBHFOTèFYÍWFJT q.FEJB2VFSZ Juntas, elas permitem que o site identifique as características do aparelho que o usuário está utilizando e responda automaticamente às suas preferências para oferecer uma experiência customizada “na medida” para ele. A ideia é fazer que, quando o usuário mude do computador para o iPad, o site seja adequado automaticamente no tamanho das imagens, no texto e na disposição do conteúdo para esse novo aparelho. Parece incrível, não? E realmente é! Porém, já sabemos que não existe “a solução perfeita” que resolve todos os nossos problemas. O responsive design também tem seus contrapontos. A começar pelo suporte, que é ótimo em grande parte dos navegadores, mas para funcionar no IE é necessário usar o JavaScript. O plugin pode ser encontrado em IUUQNJOJNJO2Y ou IUUQNJOJNJO2Z. “O design e a programação devem responder ao comportamento do usuário e ao ambiente no qual o site está sendo utilizado, baseado no tamanho da tela, na plataforma e na orientação.” Outra desvantagem é que, quando utilizamos o responsive design para adaptar o nosso site a diferentes aparelhos, acabamos deixando o nosso código maior (o que aumenta a dificuldade na manutenção) e mais pesado (tanto em kb quanto em processamento). Contudo, como mencionei no início, nem sempre podemos nos dar ao luxo de desenvolver uma versão do site para cada tipo de aparelho e são nesses momentos que devemos fazer uso do responsive design e entregar uma experiência melhor para o nosso usuário. Esse é um conceito muito interessante e utiliza técnicas poderosas, por isso acredito que vale muito a pena se aprofundar nele. Seguem alguns artigos nos quais você pode ler mais sobre o assunto: IUUQNJOJNJO2U (em português), IUUQNJOJNJO2V (em inglês), IUUQ NJOJNJO2W (em inglês) e IUUQNJOJNJO2X(em inglês). Para terminar, recomendo uma visita à URL IUUQNFEJBRVFSJ FT, uma galeria de sites desenvolvidos seguindo as práticas do responsive design. 87> TECNOLOGIA | WIDE | 73 Thiago Holanda (@tholanda) Desenvolvedor server side, atualmente dedicado ao desenvolvimento de aplicativos mobile pela Concrete Solutions XXXDPODSFUFTPMVUJPOTDPNCS Hoje em dia, as pessoas estão olhando com outros olhos para o mundo móvel e enxergando ótimas oportunidades para aumentar o faturamento. No entanto, o problema sempre é o da plataforma na qual se deseja trabalhar: Windows Phone? Android? BlackBerry? iOS ? Uma pergunta muito comum para quem quer marcar presença no mundo móvel é: O que é melhor? Uma aplicação nativa ou web mobile? A resposta poderia ser, com toda tranquilidade, a segunda opção, por precisar de tecnologias que sempre estiveram ao seu alcance, tais como: HTML, CSS, JavaScript e pronto, mas a aplicação nativa também seria uma boa opção. Logicamente, depende de quais recursos você queira usar do dispositivo. Se você quiser criar um jogo que use recursos gráficos, como o Infinity Blade, manter o código fechado, vender novas features internas da app ou o aplicativo em alguma store, essa é uma boa escolha. Tenho que confessar que existem prós e contras dos dois lados; cabe a você pesquisar sobre o que pode ser melhor e pior em cada uma das opções. Fatalmente, a aplicação nativa demorará mais a ficar pronta, porém pode trazer outros resultados, já que está ali, rodando no coração do dispositivo, enquanto a web mobile, que é mais rápida, pode expor o seu código ou não fornecer todos os recursos. Com web mobile você desenvolve e na mesma hora já está na web, basta condicionar o user-agent do servidor para identificar qual dispositivo está acessando o sistema e responder ao conteúdo personalizado. Com a aplicação nativa, você terá os custos do desenvolvimento de uma aplicação para determinada plataforma, levando em consideração a comunicação com o seu servidor (no caso da Apple), o custo com a conta de desenvolvedor e o tempo de espera de aprovação, não só da conta, mas também do aplicativo. Uma vez a conta aprovada, só precisa desenvolver, enviar para aprovação da Apple e começar a vendê-lo. Hoje em dia, é preciso analisar muito bem as características de cada tipo de aplicação. Cada um deve buscar o melhor custo/benefício de cada plataforma com a qual deseja trabalhar e, só depois de muito bem definidas todas essas questões, “meter a mão na massa”. Tempo é dinheiro e ninguém quer perdê-lo, certo? 74 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA “Hoje em dia, é preciso analisar muito bem as características de cada tipo de aplicação.” TECNOLOGIA Gustavo Guanabara (@guanabara) Professor universitário, palestrante e consultor de tecnologia IUUQXXXHVBOBCBSBJOGP Acredito que tudo tenha seu lado positivo e negativo. Ora, desenvolver para iPhone e Android, por exemplo, é bom porque você consegue embutir mais interatividade, usar mais recursos para um determinado aparelho. No caso de uma empresa querer lançar um produto, uma roupa, ao criar um site que funcione em todos os aparelhos, prontamente visualizamos a diferença: em HTLM, você pode mostrar a roupa sob diversos ângulos, cores etc. Entretanto, ao desenvolver para Android você permite que seu amigo use a vestimenta, tire foto e coloque para divulgação. E ainda contamos com a colaboração de novas ferramentas, a exemplo de GPS, vídeo e fotos. No desenvolvimento em HTML, o usuário até pode criar o site, mas certamente não terá o imediatismo que se espera, poderá ter dificuldade de navegação, dentre outras questões. É fato que criar aplicativos interativos e integrados com o aparelho é um grande desafio. Mas, tenho que confessar que a ideia da solução específica depende muito de um mercado que ainda é embrionário no Brasil — a prova é a baixa quantidade de empresas que desenvolvem para IOS, por exemplo. Outra questão importante é que se fala muito em iPhone, Android e BlackBerry, mas esquecemos do Symbian. Na verdade, a solução é: ou uma empresa desenvolve para tudo ou são feitos diversos contratos para várias empresas, que consequentemente desenvolveriam cada uma de um jeito diferente. Mas, normalmente, o que temos visto são empresas desenvolverem para Android e iPhone e criarem um site que rode em qualquer dispositivo. “A ideia da solução específica depende muito de um mercado que ainda é embrionário no Brasil” 87> TECNOLOGIA | WIDE | 75 jQuery Mobile UMA BASE DE CÓDIGO, TODAS AS PLATAFORMAS… Ninguém pode duvidar de que 2011 foi o ano do “boom” do mobile. A partir daí, surgiram diversas tecnologias empolgantes e criativas para aplicações e sites naquelas minúsculas telinhas. O jQueryMobile é um exemplo do que estamos falando. Trata-se de um framework compatível com os principais dispositivos móveis e navegadores modernos, utilizando ágeis técnicas de design e tecnologias que permitem que a mesma base de código se adeque a tamanho de telas, desde smartphones a desktops. Walker de Alencar, arquiteto de sistemas PHP, Zend Certified Engineer, e Juliana Ribeiro, consultora em gestão de projetos, são especialistas no assunto e desenvolvem um projeto de cunho social com jQuery Mobile. A ideia é descobrir perfis em regiões com maior índice de desemprego e proporcionar visibilidade para o mercado de trabalho. A funcionalidade do projeto se deve justamente ao fato de seu desenvolvimento ser para mobile, fato que possibilitará a profissionais de RH selecionarem perfis de qualquer ambiente, seja do computador, smartphone ou tablet. Confira a seguir. 76 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA TECNOLOGIA ESTUDO DE CASO Site Mobile Projeto em jQueryMobile WIDE Explique o que é biblioteca jQuery e qual a finalidade do framework jQueryMobile? WALKER DE ALENCAR O jQuery é um framework (biblioteca de funções) para JavaScript, baseado na filosofia: “escreva menos, faça mais”, que permite manipulação de elementos HTML, seletores CSS, efeitos e animações, facilitando o desenvolvimento em JavaScript, sendo considerado um dos frameworks mais conhecidos para desenvolvimento de aplicações web e sites interativos. O jQueryMobile é um framework de interface de usuário otimizado para smartphones e tablets, baseado no jQuery, que contempla vários componentes/elementos, o que facilita o desenvolvimento de Web Apps (aplicativos web), tendo maior compatibilidade com os dispositivos mais populares. WIDE Quais são as vantagens e as desvantagens do framework jQueryMobile no desenvolvimento web? WALKER DE ALENCAR No desenvolvimento de sites, a parte de formulários pode ser bem aproveitada, mas por ter um padrão de interface predefinido pode interferir na identidade visual pretendida. Sendo o desenvolvimento voltado para Web Apps, há inúmeras vantagens, dentre elas a interface simples e amigável usando basicamente HTML5. A principal vantagem é que o usuário pode usar usar o desktop, tablet ou smartphone ampliando suas possibilidades de acesso ao sistema independentemente do dispositivo que esteja utilizando, ou seja, uma base de código, todas as plataformas. No momento, o que pode ser considerado desvantagem seria o fato de que ainda não foram disponibilizadas versões finais, podendo ocorrer conflitos com versões anteriores. Com as fases Alpha Test e Beta Test concluídas, atualmente o projeto está na fase de RC (Release Candidate), tenho desenvolvido desde a v1.0 Alpha 2 e tive pequenos impactos de compatibilidade relacionados a regras de definição de Themes, que foram rapidamente identificados e resolvidos. WIDE E para smartphones e tablets? WALKER DE ALENCAR É onde se tem as maiores vantagens, pois, além da interface, o jQueryMobile permite detecção de orientação e manipulações de eventos que só existem em dispositivos Touch. São eles: Tap (toque), TapHold (toque e segure), Swipe (toque e arraste/deslize). Quando o assunto é formulários, ele oferece várias opções interessantes, principalmente na questão de listas, já que trabalhar com tabelas fica praticamente inviável em smartphones. Há também a opção de se trabalhar com CSS Grid nativo e ícones de botões predefinidos. Durante o desenvolvimento dos projetos, tive problemas com relação à exibição de mensagens, que foram resolvidos utilizando o plugin jQuery Message IUUQCBTTJTUBODFEF com algumas adequações. WIDE Aplicar as funcionalidades do framework jQueryMobile em um site já pronto nem sempre é possível. A solução para esse caso seria reescrever todo o sítio com o uso do framework? WALKER DE ALENCAR Se estiver utilizando um CMS, como Joomla, Wordpress, WolfCMS etc., é possível criar um theme/ template para utilizá-lo. Talvez o melhor aproveitamento seriam 87> TECNOLOGIA | WIDE | 77 TECNOLOGIA em blogs, nos quais o foco do usuário é a informação, porém, se não estiver usando um CMS de mercado, o mais provável será a reescrita de grande parte do sítio e, dependendo do nível de não conformidade com os padrões de HTML5 estabelecidos pela W3C, pode ser necessária a reescrita de todo o sítio. WIDE A comunidade de desenvolvedores participa da biblioteca jQuery com a criação de plugins. Você considera viável o uso de plugins para o framework jQueryMobile? WALKER DE ALENCAR É perfeitamente viável o uso dos plugins da própria jQuery com o jQueryMobile, sendo necessário cuidar de alguns pontos, como: q5BNBOIPTEFGPOUFT q1BESÖFTEFDPSFT q6TPDPSSFUPEBTUBHT q7FSJçDBÈÖFTEFQPTTÍWFJTJODPNQBUJCJMJEBEFT Como citei anteriormente, utilizei um plugin do jQuery para cuidar da parte de mensagens de interação com o usuário, personalizei ícones para determinadas situações e alguns posicionamentos com CSS. WIDE Ao falar de jQueryMobile e suas especificidades, o que pode ser destacado? WALKER DE ALENCAR Funcionalidades: Design flexível e customizável Detecção de orientação do dispositivo Cross-platform e cross-device Redimensionamentos para Tablets Componentes: Páginas e diálogos Toolbars (barras de ferramentas) Botões Formatação de conteúdo Listas de visualizações Elementos de formulário otimizados para Touch PLATAFORMAS SUPORTADAS: 78 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA Layout/theme WIDE Está em fase de desenvolvimento um projeto de cunho social e voltado para Mobile. Fale sobre esse projeto. WALKER DE ALENCAR O projeto busca perfis em regiões onde há maior índice de desemprego e dá visibilidade a perfis profissionais com disponibilidade imediata para o mercado de trabalho. Em outra vertente, busca parceria com empresas de RH e membros dessas comunidades para estreitar o contato e reduzir o tempo de contratação desses profissionais. O projeto está sendo desenvolvido para permitir que profissionais de RH consigam verificar perfis onde quer que estejam, seja do computador, celular ou tablet. Vamos pessoalmente às comunidades conhecidas pelo alto índice de desemprego, onde buscamos pessoas que possam ser nosso contato direto com os moradores das mediações. Após estabelecer esse contato, coletamos os dados necessários para publicar os perfis. De posse dos dados, postamos as informações no sistema, onde qualquer pessoa tem acesso às informações básicas dos perfis, porém, por questões de privacidade, somente aquelas cadastradas e devidamente autenticadas podem acessar os dados de contatos. As empresas cadastradas, parceiros e pessoas que cadastrarem seu e-mail para a newsletter, receberão as notícias e os perfis disponíveis em uma periodicidade ainda a ser definida. Para encontrar um perfil basta acessar a tela inicial do sistema e utilizar o filtro que facilita a localização por profissão, onde também é exibida a quantidade de perfis disponíveis. 86> TECNOLOGIA | WIDE | 79 HTML5 Mauricio “Maujor” Samy Silva MÓDULO BASIC USER INTERFACE DAS CSS3 INTRODUÇÃO O Módulo Basic User Interface das CSS3 encontra-se na fase de Candidato a Recomendação, que é a terceira entre as cinco fases, até atingir o estágio final de Recomendação do W3C. De acordo com a página “Trabalhos atuais das CSS” publicada pelo W3C em kwz.me/pO, na qual são listados todos os trabalhos de desenvolvimento das especificações para as CSS, suas fases de desenvolvimento e prioridades, esse módulo atualmente encontra-se sob o rótulo de prioridade média. Convém lembrar que embora alguns navegadores atuais já tenham implementando algumas das funcionalidades previstas nesse módulo, quer de forma nativa quer proprietária, isso não significa que podemos começar a utilizá-las em produção. Contudo, você, como desenvolvedor, poderá começar suas experiências e ir se familiarizando com as facilidades e conhecendo o potencial das funcionalidades trazidas por esse módulo, preparando-se desde já para o desenvolvimento futuro. Nesta coluna apresentarei e comentarei algumas das funcionalidades constates do módulo e mostrarei regras CSS para aplicar estilização em elementos componentes de uma interface de usuário. A especificação do W3C define o objetivo do módulo, conforme traduzido a seguir: “A CSS (folha de estilos em cascata) é uma linguagem para descrever como renderizar documentos HTML e XML na tela, no papel, em mídia falada etc. A linguagem utiliza seletores, propriedades e valores para estilizar elementos básicos de uma interface de usuário contidos em um documento. Essa especificação descreve tais seletores, propriedades e valores propostos para as CSS nível 3 e destinados a estilizar HTML e XML (incluindo XHTML e XForms). A especificação inclui e estende as funcionalidades de seletores, propriedades e valores para interface de usuários previstas nas CSS nível 2 revisão 1 e nas especificações para Seletores.” UHDGZULWH – previstas nas recomendações para XForms 1.0; PSEUDOELEMENTOS Seletores pseudoelementos são aqueles que permitem casar com fragmentos de conteúdos inacessíveis pela árvore do documento ou criar conteúdos não constantes dela. Os pseudoelementos previstos nesse módulo são: VHOHFWLRQ – definido no Módulo Seletores das CSS3; YDOXHFKRLFHVUHSHDWLWHPHUHSHDW LQGH[ – previstos nas recomendações para XForms 1.0; PROPRIEDADES O módulo prevê, além das pseudoclasses e dos pseudoelementos descritos anteriormente, várias propriedades CSS e seus valores, destinadas a estilizar elementos de interface. Tais propriedades destinam-se basicamente a simular a aparência de elementos, tais como, ícones, boxes, outlines, mouse e teclado com a aparência dos elementos de interface nativos do sistema operacional. Dentre as propriedades previstas destaca-se aquela denominada DSSHDUDQFH, cujos valores são: QRUPDOEXWWRQSXVKEXW WRQ K\SHUOLQN UDGLREXWWRQ FKHFNER[ SRSXS PHQX OLVWPHQX UDGLRJURXS FKHFNER[JURXS ILHOGHSDVVSRUW. Em tese, aplicar a propriedade CSS appearance em um elemento qualquer de uma página faz com que ele assuma a aparência de um elemento de interface nativo do sistema operacional. Quem determina a aparência a assumir é o valor definido para a propriedade. Observe o exemplo a seguir. HTML KFODVV ERWDR!0HXERWmRK! LQSXWW\SH UDGLRFODVV FKHFNER[! A renderização desse fragmento de marcação HTML é conforme mostrada na figura 1: PSEUDOCLASSES Seletores pseudoclasses são aqueles que permitem casar com elementos baseado em suas características não constantes da árvore do documento. As pseudoclasses previstas neste módulo são: KRYHUDFWLYHHIRFXV – definidas nas CSS anteriores; HQDEOHGLVDEOHFKHFNHGHLQGHWHUPLQDWH – definidas no Módulo Seletores das CSS3; GHIDXOWYDOLGLQYDOLGLQUDQJHRXW RIUDQJHUHTXLUHGRSWLRQDOUHDGRQO\H 80 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA Figura 1 – Renderização de h4 e input radio Considere as seguintes regras CSS aplicadas à marcação mostrada anteriormente. CSS ERWDR^ DSSHDUDQFHEXWWRQ ZLGWKS[ WH[WDOLJQFHQWHU ` FKHFNER[^ DSSHDUDQFHFKHFNER[ ` O efeito da aplicação das regras CSS é mostrado na figura 2: Figura 2 – Estilização com appearance No exemplo mostrado, a um elemento HTML para cabeçalho de nível 4 forçamos a aparência de um botão e a um controle de formulário do tipo radio forçamos a aparência de um checkbox. O valor prático do exemplo é discutível, contudo ele se destinou apenas a demonstrar na prática o comportamento resultante da aplicação de uma propriedade CSS prevista nesse módulo. A especificação do W3C para esse módulo apresenta um quadro mostrando os valores e a respectiva renderização quando se aplica essa propriedade. Na figura 3, a seguir, transcrevo parte do quadro, que poderá ser consultado na íntegra em kwz.me/pn. Alterar a aparência de um elemento de marcação HTML não implica em alterar a semântica do elemento. Assim, como mostrado no exemplo, um elemento de cabeçalho continuará a representar semanticamente um cabeçalho ainda que tenha a aparência de um botão. No exemplo também fica claro que é possível criar um grupo de botões do tipo radio, que permitem mais de uma seleção, comportamento que não é possível com a estilização nativa de botões radio. Considerando ainda que os diversos estados dos elementos de uma interface de usuário podem ser detectados com uso das pseudoclasses e suas características com uso de pseudoelementos, esse módulo cria um imenso leque de opções para estilização de elementos de interface. Só nos resta torcer por uma breve implementação e suporte pelos navegadores das funcionalidades desse módulo. Mauricio “Maujor” Samy Silva Graduado em Engenharia Civil pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), fundador e ex-diretor-presidente da Planep Engenharia, lecionou Geometria Descritiva e matemática ao longo de 25 anos. Maujor é autor dos livros Construindo sites com CSS e (X)HTML, Criando sites com HTML, jQuery - a biblioteca do programador JavaScript, AJAX com jQuery e JavaScript – Guia do programador. É um obstinado divulgador dos Padrões Web e desenvolve o Site do Maujor (www.maujor.com) e o Blog do Maujor (www.maujor.com/blog). E-mail: [email protected] 87 > TECNOLOGIA | WIDE | 81 Mercado de TI Paulino Michelazzo ARTESÃOS DIGITAIS Existem duas grandes divisões na história contemporânea da raça humana. Uma, a criação da prensa móvel por Gutenberg em meados de 1400 e, a outra, a rede internet criada por Tim BernersLee, no final do século passado. Na primeira divisão, entramos na chamada idade moderna que, por meio da prensa, permitiu a distribuição do conhecimento humano de forma mais prática que os antigos pergaminhos ou pela fala. Na segunda divisão, a distribuição atingiu novos patamares com as facilidades proporcionadas pela internet, que o levou até os confins de nosso planeta, nivelando de uma melhor forma sua distribuição. Essa segunda divisão trouxe efeitos colaterais à nossa sociedade. A facilidade de aquisição de produtos que vão desde esmalte de unhas a carros e a utilização de serviços como localização e “boca no trombone” são comumente os mais citados. Mas, além disso, essa segunda divisão surge como uma excepcional ferramenta para a mudança do modelo fordista em algumas áreas laborais, pois permite que profissionais, principalmente aqueles criativos ou dotados de habilidades que originalmente não se encaixam nesse modelo, possam realizar seu trabalho da mesma forma sem a necessidade de tentar um verdadeiro contorcionismo espiritual e — por que não? — físico, na tentativa de produzir com uma ferramenta ineficiente. Assim, escritores, designers, ilustradores, músicos e outros tantos profissionais aproveitam-se da rede para dar vida às suas obras e distribuí-las em lugares tão longínquos como o Tibete ou Uganda. Considerados “artesãos digitais”, eles trazem à rede antigas formas de criação como peça única e produtos sob demanda que são procurados por sua exclusividade ou, ainda, qualidade. Feliz ou infelizmente, essa facilidade carrega junto um problema grave. Na era digital, em que qualquer pessoa pode se tornar artesão, como fazer para separar aquela peça de um mestre de uma fajuta cópia ou de conteúdo duvidoso? Se qualquer pessoa munida de um computador, não importando onde, pode escrever, compor ou criar, o que se faz para não cair no engodo de comprar gato por lebre? Esse torna-se o grande desafio do momento. Não se pode limitar a capacidade humana e tampouco sua criatividade. Sempre existiu ao longo da história aquilo que é considerado verdadeiro ou bom e aquilo que é considerado falso ou ruim. Na internet, isso não é diferente, e cabe somente ao usuário a opção de escolher entre um ou outro valendo-se de artifícios e mecanismos que permitam tal avaliação. Uma boa capa não é sinônimo de um bom livro e uma foto nobre não é sinônimo de um bom instrutor. A pesquisa e a avaliação sobre os artesãos e suas obras deve ser a mais extensa possível para que, ao final, não tenha que abraçar o ônus do erro. 82 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA Ao contrário do que se imagina, esses ditos artesãos podem se aproveitar desse cenário desafiador. Um bom conteúdo feito com esmero atrai muitos interessados, que, com as conexões nas redes sociais hoje existentes, irão fazer o marketing gratuito que todos procuram e obter suas recompensas em formas de gordos números. Segredo para isso? Não existe. A receita é a mesma que vem acompanhando nossa evolução há séculos. Por mais que um restaurante seja lindo e muito bem localizado, não será um bom restaurante se não tiver uma boa comida (mas o inverso pode ser verdade). O mesmo acontece com nossos artesãos digitais. Uma boa embalagem não é nada sem um bom conteúdo, e fatalmente é preferível o conteúdo à capa. Mas, não leve isso à risca, pois a apresentação também conta pontos. Paulino Michelazzo Possui quinze anos de experiência em internet e atua como consultor web em todo o mundo. Palestrante costumeiro de eventos de tecnologia, é coautor de três livros na área de internet e software livre, e escreve regularmente sobre empreendedorismo e desenvolvimento em seu site: www.michelazzo.com.br E-mail: [email protected] Twitter: @pmichelazzo 87 > TECNOLOGIA | WIDE | 83 Segurança Ivo Machado PROTEGENDO SUAS WEB APPLICATIONS – 4 DICAS De forma crescente, atacantes estão explorando falhas em aplicações web, expondo empresas a diversas ameaças, incluindo roubo de informações, manipulação de seus dados e upload de malwares em sites corporativos vulneráveis, para que usuários desavisados sejam infectados. Um caso recente foi da falha no OsCommerce, que permitiu que mais de 400.000 sites de comércio online fossem infectados com exploits para diversas versões do browser Internet Explorer. Neste artigo, procuro descrever algumas das melhores formas de proteger sua aplicação contra esses ataques e, de forma prática e possível, elevar a segurança de sua aplicação. Infelizmente, alguns desenvolvedores ainda deixam a validação de dados de entrada, assim como filtro de códigos de escape, fora de seu To-Do list; ou pior, muitas vezes esses filtros são criados de forma tão pobre que não conseguem impedir que ataques com potencial mais elevado tenham êxito. Com esse overview na mente, vamos olhar com cuidado os métodos que todo desenvolvedor deve empregar para prevenir input-validation attacks e implementar de forma mais eficiente a filtragem de caracteres de escape. Vamos utilizar, então, essas dicas em forma de um Checklist 1 – ESPECIFIQUE SEMPRE OS TIPOS DE VARIÁVEIS Limite o tipo de dados que podem ser introduzidos em certos campos. Por exemplo, se você apenas precisa aceitar um valor, Integer em um determinado campo, assegure-se que seu código rejeitará qualquer outro tipo de caractere que possa ser utilizado. Uma forma de garantir isso é usando a classe validadora do ESAPI. Essa classe tem um método isValidInteger que pode ser utilizado da seguinte forma em um código Java: 9DOLGDWRUYDOLGDWRU (6$3,YDOLGDWRU ERROHDQLV9DOLG,QWHJHU YDOLGDWRULV9DOLG,QWHJHU³1XPHUR B WHVWH´³´ IDOVH 2 – NÃO UTILIZE UMA BLACK-LIST DE CARACTERES; É muito mais válido utilizar uma White-List aceitando apenas os que são bons. Tentar criar uma lista compreensiva de todos os “bad characters” para todos os diferentes tipos de ataques é praticamente impossível. Contudo, ao criar um código de validação, defina quais caracteres devem ser aceitos utilizando uma WhiteList, como, por exemplo, A-Z, a-z, e 0-9. e rejeite todos os outros 84 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA "INFELIZMENTE, ALGUNS DESENVOLVEDORES AINDA DEIXAM A VALIDAÇÃO DE DADOS DE ENTRADA, ASSIM COMO FILTRO DE CÓDIGOS DE ESCAPE, FORA DE SEU TO-DO LIST; OU PIOR, MUITAS VEZES ESSES FILTROS SÃO CRIADOS DE FORMA TÃO POBRE QUE NÃO CONSEGUEM IMPEDIR QUE ATAQUES COM POTENCIAL MAIS ELEVADO TENHAM ÊXITO" restantes. Esse tipo de abordagem tem um resultado muito melhor do que tentar sempre abastecer uma Black-List que sempre será usada de forma reativa. 3 – FAÇA LIMITAÇÃO DO TAMANHO DOS INPUTS Se você pergunta a idade de alguém, manter um campo com três dígitos cobrirá todos possíveis casos, inclusive se a pessoa tiver mais de cem anos. Se você pergunta o nome de alguém, cem caracteres ou mais serão mais do que necessários. Dessa forma, mesmo que você já esteja filtrando os caracteres, isso ajudará a limitar também o estado real de cada campo, fazendo com que fique muito difícil para um atacante injetar caracteres utilizados em um possível ataque. Para efetuar ambas as validações, tanto a dos caracteres em nossa White-List como o valor limite nos campos, podemos utilizar mais uma vez a classe Validator no Java. Dessa vez, entretanto, utilizando o método isValidInput: 9DOLGDWRUYDOLGDWRU (6$3,YDOLGDWRU ERROHDQLV9DOLG)LUVW1DPH YDOLGDWRULV9DOLG,QSXW³7HVW B $FFRXQW1DPH´ ³&KHFNLQJ´ ³$FFRXQW1DPH´IDOVH A expressão regular definida para AccountName no arquivo de configuração do ESAPI é ^[a-zA-Z0-9]*$. Essa expressão regular essencialmente diz que o Input está permitido apenas para caracteres que contêm letras maiúsculas e minúsculas e números de zero a nove. Adicionalmente, na chamada do isValidInput, especificamos que o maxLenght para o input não pode exceder cem caracteres. Tais regras de validação do Input bloquearão diversos tipos de ataques. 4 – UTILIZE CODIFICAÇÃO EM OUTPUTS O Output Encoding é utilizado quando dados são enviados de volta para o usuário ou utilizados por outro componente na aplicação. Fazendo uma filtragem correta e depois aplicando a codificação, muitos tipos de ataques podem ser prevenidos. Por exemplo, certos caracteres, como os símbolos de maior ou menor (< , >), são comumente utilizados em ataques de Cross-Site Scripting (XSS). Convertendo esses caracteres para sua entidade HTML equivalente (exemplo, “<” se torna “&lt” e “>” se torna “&gt”), muitos strings de ataque XSS podem ser prevenidos. A classe Encoder contém numerosos métodos que podem ser utilizados para codificar dados para diferentes situações. Especificamente, o encodeForHTML method pode ser empregado para prevenir ataques HTML-Based XSS, como o exemplo a seguir: (QFRGHUHQFRGHU (6$3,HQFRGHU 6WULQJHQFRGHG6WULQJ HQFRGHU HQFRGH)RU+70/³VFULSW!DOHUW µ[VV¶VFULSW!´ Quando esse código é executado, a variável encodeString irá conter o seguinte valor, que é mais difícil de ser executado em um Browser como tentativa de XSS attack: OWVFULSWJWDOHUW[VVOWV FULSWJW O método encodeForHTML atualmente utiliza o conceito de White-List para fazer sua codificação. Ela trata um limitado set de caracteres (letras, números, vírgula, ponto, barras, underscores e espaços) como seguro e o HTML codifica todo o resto. Ivo Machado Diretor de operações da In2Sec – Intelligence to Security, formado em Análise de Sistemas com MBA em Gestão de Riscos, tendo já atuado em diversas empresas nacionais e multinacionais, no Brasil e no exterior. Especialista em Gestão de Riscos e Segurança da Informação, é responsável pelas operações das Américas da Certificadora TrustSign e das consultorias de segurança e-Horus e A. E-mail: [email protected] 87 > TECNOLOGIA | WIDE | 85 Tableless Diego Eis INTRODUÇÃO AO RESPONSIVE WEB DESIGN Responsive Web Design é o termo da vez. Parece que de uma hora para outra todo mundo resolveu falar sobre esse assunto. Na verdade, isso é um conceito antigo (com novo nome) e que temos falado sobre ele durante muito tempo. Responsive Web Design é tudo sobre acessibilidade. Mas, para que serve? 86 | WIDE | 87 > TECNOLOGIA Responsive Web Design é, acima de tudo, um conceito. Hoje, usuários acessam a informação utilizando diversos meios. Esses meios podem começar no smartphone, passar pelo notebook e terminar na SmartTV que tem na sala. São diversas telas, com diversas resoluções que nos levam a diversos tipos de uso e comportamento. Do mesmo jeito que você não acessa websites da mesma forma em smartphones e notebooks, você não pode acessar websites da mesma maneira em tablets e televisões de 42''. Não é acessível. Não é confortável. Eu achava que, quanto maior a tela, melhor para se trabalhar. Até eu ligar meu Mac em uma TV LED de 32'' e mudar totalmente de ideia. É muito ruim você utilizar o sistema operacional em uma tela tão grande, e até mesmo navegar na eeb é um horror. Pelo menos para mim. Os websites de hoje são feitos para um determinado range de resolução e tamanhos de telas que, quando vemos em formato maior, a leitura, a escrita e o consumo de informação se apresentam terrivelmente. É para isso que o Responsive Web Design veio, para encher os olhos de alegria dos usuários multiscreen. A ideia é fazer uma interface adequada para cada tipo de tela. O desenvolvedor cria uma interface do sistema/website para os smartphones. Outra para as tablets. Uma interface mais comum para dispositivos com telas de notebooks. Outra para televisões, e assim por diante. A intensão é que levemos para o usuário a informação na melhor forma possível. O consumo da informação em cada tipo de meio de acesso é diferente. Você consome informação de uma forma diferente em seu smartphone se compararmos com a forma como você consome informação em um notebook ou em uma tablet. Existem diversas características visuais que devem ser repensadas para cada um dos meios de acesso para que a informação seja acessível e confortável. Você deve estar pensando no trabalho que isso deve dar. E pensou certo. Mesmo assim, é um trabalho mais aplicado a planejamento de design e arquitetura do que no desenvolvimento client-side. Mesmo assim, não são todos os websites e sistemas que precisarão "É PARA ISSO QUE O RESPONSIVE WEB DESIGN VEIO, PARA ENCHER OS OLHOS DE ALEGRIA DOS USUÁRIOS MULTISCREEN" funcionar em todas as camadas de telas. Talvez você precise apenas de smartphones e notebooks. Ou só tablets e notebooks. Ou só smartphones. Isso depende do projeto. Tempos atrás, os desenvolvedores não tinham tantos recursos para servirem conteúdo de formas diferentes. A única solução até agora eram as Media Types do CSS. O problema é que as Media Types foram pensadas para uma época em que a diversidade de aparelhos ainda era pequena. Veja só: existe um valor chamado SCREEN nos Media Types em que você separa um CSS para ser usado em aparelhos que tenham telas coloridas e com boa resolução. Imagine só: naquele tempo, estamos falando de 96, 97, 98, não existiam smartphones com boas resoluções. Na verdade, nem existiam smartphones. Eram celulares com telas pequenas, com número de cores limitado etc. Hoje, o cenário é totalmente diferente. O iPhone4 alcança uma resolução que eu nunca imaginaria alcançar no meu primeiro monitor CRT de 13''. Logo, a distinção que as Media Types faziam não servem para o cenário atual. Por isso que uma nova recomendação surgiu, chamada Media Queries. Na primeira linha eu defini que o CSS screen.css será utilizado em telas (screen) com uma largura mínima de 641px. Já na segunda, eu defini que em telas de até 640px o browser renderizará o site utilizando o CSS mobile.css. Dessa forma, os smartphone como iPhones, Androids etc. renderizam o segundo CSS. Já tablets, monitores grandes e notebooks renderizam o primeiro CSS. Existem outras maneiras de você filtrar: width, height, device-width, device-height, orientation, aspect-ratio, device-aspect-ratio, color, color-index, monochrome, resolution, scan, grid. Portanto, temos grande flexibilidade para encontrar dispositivos específicos e, assim, redirecioná-los para o uso de CSS otimizado para eles. Levando em consideração suas características, e não fazendo soluções genéricas. AS MEDIA QUERIES SÃO UM JEITO DE FILTRAR APARELHOS pelo tamanho da tela. Mais inteligente, não é? Funciona assim: você cria uma querie em que são definidos ranges separando os tamanhos das telas. Confira um exemplo: Diego Eis OLQNKUHI VFUHHQFVVUHO VW\OHVKHHW W\SH WH[WFVVPHGLD VFUHHQDQG PLQZLGWKS[! OLQNKUHI PRELOHFVVUHO VW\OHVKHHW W\SH WH[WFVVPHGLD VFUHHQDQG PD[ZLGWKS[! Sócio da Visie (www.visie.com.br), empresa especializada em desenvolvimento e consultoria para web. Faz consultoria para empresas como Globo.com e Nokia. É palestrante e criador do Tableless (www. tableless.com.br), site que ajuda a promover o desenvolvimento e as boas práticas com Padrões Web no Brasil. E-mail: [email protected] Twitter: @diegoeis 87 > TECNOLOGIA | WIDE | 87 marketing PLANOS E ESTRATÉGIAS PARA Mobile Marketing Por Tiago Bosco Confira nesta reportagem as melhores maneiras para fazer dos dispositivos móveis um importante canal para o marketing digital. Confira, também, como medir o desempenho de uma campanha, a importância do mobile marketing para o e-commerce e alguns cases de sucesso. MARKETING C onjunto de ações de marketing feitas por meio ou a partir de um dispositivo móvel. Estamos falando do “fenômeno” mobile marketing, cada vez mais presente no mundo digital devido à expansão dos smartphones. Um levantamento divulgado no mês de agosto pela Nielsen mostra que as vendas de celulares inteligentes no primeiro semestre de 2011 aumentaram 165% na comparação com o mesmo período de 2010 (migre.me/5AAtU). Mas, o que isso quer dizer? Com base nesse expressivo número, chegou o momento para as empresas destinarem investimentos relacionados às ações ligadas ao mobile marketing? A resposta é sim! É o que dizem os especialistas. “O crescimento deste ano é mais um dos indicadores de que o mercado está mudando, o consumidor está mudando e interagindo em multicanais e as marcas precisam se preparar para atender a esse novo consumidor nesses diversos novos canais. O momento ideal para destinar investimentos é hoje! O quanto antes as empresas começarem a utilizar, testar e conhecer esse meio, mais bem preparadas elas estarão para atender aos seus clientes”, afirma Andréa Dietrich, gerente de marketing digital do Grupo Pão de Açúcar. (www.grupopaodeacucar.com.br). De acordo com Luciano Ayres, cofundador da i2 Mobile Solutions (www.i2mobile.com.br), não existe momento ideal para inovar ou para se utilizar novas tecnologias em prol de um objetivo. Segundo ele, cabe aos gestores e aos empreendedores terem a sensibilidade e o conhecimento sobre os hábitos de seus consumidores para identificarem de que forma uma ação ou um projeto mobile pode impactá-los positivamente. “Corre o maior risco quem não se arrisca a fazer algo novo em busca de diferenciais competitivos, porque, com a velocidade do mercado atual, as empresas mais adaptáveis são aquelas que exploram novas alternativas e aprendem com os próprios erros”, diz. PLANO DE MARKETING NO UNIVERSO MOBILE: primeiros passos s $POIFDFS P NFSDBEP QSPGVOEBNFOUF FOUFOEFOEP P QFSŢJM EFDPOTVNJEPSQBSBDBEBEJTQPTJUJWPNÑWFMDPNQPSUBNFOUP EFTTFTDMJFOUFTOBJOUFSBÇÆPDPNBTNBSDBTOFTTFDBOBM s1FTRVJTBSSFTVMUBEPTEFBÇÕFTKÁGFJUBTQPSPVUSBTFNQSFTBT QBSBFOUFOEFSPRVFEÁPVOÆPEÁDFSUPFOUSFPVUSBTGSFOUFT EFQFTRVJTBFDPOIFDJNFOUP s "WBMJBS B QFSUJOÉODJB EFTTF DBOBM QBSB P TFV DPOTVNJEPS 2VBM P QFSŢJM EPT TFVT DMJFOUFT OFTTF NFSDBEP NPCJMF 1PS REPORTAGEM FYFNQMPTFTFVDMJFOUFÈEBDMBTTF$%UBMWF[VNBQMJDBUJWP QBSBJ1IPOFOÆPTFKBBFTUSBUÈHJBNBJTBEFRVBEB s %FŢJOJS P QBQFM EPT DBOBJT OB DPNVOJDBÇÆP F FTUSBUÈHJB EB NBSDBPVTFKBRVBMPPCKFUJWPEBDBNQBOIBEFNPCJMFNBSLFUJOH $PNP FTTB BÇÆP NPCJMF FTUÁ SFMBDJPOBEB PV OÆP DPN PVUSBTDBNQBOIBTEFNBSLFUJOH s%FŢJOJSPTJOEJDBEPSFTEFTVDFTTPNÈUSJDBT EBDBNQBOIB s 4FMFDJPOBS QBSDFJSPT GPSOFDFEPSFT FTQFDJBMJ[BEPT OFTTF NFSDBEPQBSBEFTFOWPMWJNFOUPEPQMBOP s"DPNQBOIBSPTSFTVMUBEPTFBWBMJBSPRVFEFVDFSUPPVFSSBEP Fonte: Andréa Dietrich MEDINDO O DESEMPENHO Muitos devem se perguntar qual a maneira mais precisa para medir o desempenho de uma campanha de mobile marketing. De acordo com Leonardo Xavier, CEO do Grupo.Mobi (www.pontomobi.com.br), as métricas podem responder a essa questão. Toda ação de mobile marketing possui métricas. No caso de internet móvel, aplicativos e games, sabemos o número de impressões, de visitantes únicos, quanto tempo em cada página e a navegação do usuário. No caso de SMS, Bluetooth e voz, temos o número exato de quantos conteúdos foram entregues e quantas mensagens respondidas”, explica. Segundo Luciano Ayres, o primeiro passo é definir previamente metas e indicadores para mensurar os resultados da ação. O segundo passo é realizar o monitoramento durante e após a realização da campanha. No que se refere a jogos e aplicativos, tão interessante quanto atingir um bom número de downloads é medir o número de vezes que o usuário “volta” ou reutiliza seu game ou aplicativo. “O número de downloads por si só apenas simboliza se a divulgação do seu produto foi bem feita, portanto é imprescindível conhecer se os usuários que efetivamente ‘experimentaram’ estão retornando com frequência. O tempo gasto — ‘time spent’ — pelos usuários com os games e apps também é um bom indicador sobre a qualidade do conteúdo. Ainda de acordo com Luciano, existem diversas ferramentas gratuitas (como o Web Trends e o iBBClone) e bibliotecas open source para monitoramento de jogos e aplicativos mobile que podem ser utilizadas pelos desenvolvedores e que dão mais informações do que as estatísticas da App Store, Android Market etc. “As empresas devem sempre exigir dos desenvolvedores que esse ponto esteja contemplado no projeto”, diz. 87 > MARKETING | WIDE | 89 MOBILE MARKETING IMPULSIONANDO O E-COMMERCE Não é mais novidade para os consumidores efetuar uma compra pela internet. A cada dia que passa, as lojas se estruturam ainda mais para não perder essa possibilidade de ganhar dinheiro por meio do comércio eletrônico. Em relação ao marketing e à publicidade para celulares, esse fenômeno se encontra em grande crescimento e é responsável por influenciar o comportamento dos usuários online. “Mobile é um canal cada vez mais relevante para e-commerce, dado o aumento da base de smartphones e acesso à web móvel. Nós estamos trazendo o comportamento da web para mobile. A pesquisa #Mobilize aponta que 14,5% da base analisada já realizaram compras em site ou app de comércio eletrônico. Isso é metade do percentual web (28%). No entanto, ainda são poucos os varejistas com suas soluções mobile. Portanto, esses 14,5% são muito representativos”, afirma Leonardo Xavier. Para Marcelo Castelo, sócio-diretor da agência F.biz (www. fbiz.com.br), o mobile marketing influencia o comportamento dos consumidores online no sentido de mostrar que é cada vez mais simples a compra com um clique diretamente do telefone. “Alguns aplicativos já permitem armazenar dados do cartão de crédito com segurança. Então, se quero comprar ingressos para o cinema, por exemplo, apenas libero a compra com uma senha, e pronto”, diz. PLATAFORMAS TECNOLÓGICAS Na produção de uma campanha de mobile marketing, as principais plataformas tecnológicas são SMS (mensagem de textos), torpedos de voz, site móvel (mobile sites), bluetooth marketing, jogos, aplicativos etc. Segundo Leonardo Xavier, o anunciante precisa pesquisar e entender quais ferramentas do mobile marketing são mais adequadas para alcançar os objetivos estabelecidos. “Se o objetivo é marcar presença e se tornar acessível na internet móvel, o caminho é o site móvel. Para alcançar grandes coberturas, o SMS é matador, porque possui uma penetração equiparada à TV aberta. E se a marca quer investir em uma comunicação nichada, proporcionando ao consumidor uma experiência mais enriquecedora com engajamento, aplicativos e games são os mais indicados. Além disso, existem outras ferramentas do mobile 90 | WIDE | 87 > MARKETING “Mobile é um canal cada vez mais relevante para e-commerce, dado o aumento da base de smartphones e acesso à web móvel. Nós estamos trazendo o comportamento da web para mobile” Leonardo Xavier marketing que devem ser destacadas: Recarga patrocinada – plataforma que permite oferecer premiação por meio de recargas de celular pré-pago para uso em campanhas promocional, de ativação, fidelidade e incentivo; Publicidade na plataforma móvel – existe um enorme inventário publicitário em sites móveis e aplicativos ainda pouco demandados; e Search Engine Marketing na plataforma móvel.” Para Roberto Saretta, diretor geral da 2Call Mobile Marketing (www.2call.com.br), o mobile site é uma necessidade de todas as empresas. “Muitos usuários atualmente estão utilizando os smartphones para acessar o site de uma determinada marca ou produto. Ocorre que muitas vezes esse site foi pensando apenas para quem acessa por meio de desktops e notebooks. Isso, atualmente, é um erro”, afirma. O Bluetooth, de acordo com Marcelo Castelo, explora um dos grandes interesses do brasileiro: a troca de arquivos utilizando a tecnologia. “Ele permite que marcas distribuam brindes virtuais, como games e wallpapers, e até descontos baseados na localização de cada usuário”, diz, apontando também que os aplicativos — outra plataforma tecnológica na produção de uma campanha de mobile marketing — têm a vantagem de utilizar recursos nativos dos smartphones, como acelerômetros, e oferecem de serviços a games. CAMPANHAS BEM-SUCEDIDAS "11'FTUJWBM$BOOFT-JPOT O aplicativo do Festival Cannes Lions, principal evento do mercado publicitário, busca atender as diversas necessidades dos delegados do evento, o que inclui o acesso a notícias em tempo real sobre o que está ocorrendo no Palais du Festival, serviços e dicas da cidade de Cannes, entre outras informações. Fonte: Leonardo Xavier (BNFh"OHSZ#JSET3JPv O game “Angry Birds Rio” foi desenvolvido para promover a animação Rio. O objetivo é usar os poderes das aves controladas pelo jogador para libertar outros animais que ficaram presos em estruturas complexas. Fonte: Luciano Ayres 87 > MARKETING | WIDE | 91 "11(VJBEF"FSPQPSUPT)4#$ Informações sobre diversos aeroportos de importantes cidades do país; horário e detalhes dos voos (partidas e chegadas) nos aeroportos que fazem parte do app, previsão do tempo nas cidades de origem e de destino que o usuário escolher; e guia de entretenimento, com dicas de passeios, restaurantes, bares e baladas. Tudo isso pode ser encontrado no app “Guia de Aeroportos HSBC”. Fonte: Leonardo Xavier 1ÆPEF"Ç×DBS 7JUBM..4 Uma campanha que rendeu o prêmio internacional Mobile Merit Awards para a Unilever neste ano é a da Vital MMS. Criada pela F.biz em parceria com a operadora Claro, a campanha consiste em uma revista inteiramente gratuita para o usuário e enviada no formato MMS. A escolha do formato se deu pela abrangência de modelos e pela possibilidade de enviar as mensagens mais longas e com imagens, o que não aconteceria com o SMS. Em três semanas, quase duzentas mil pessoas se inscreveram para receber a revista semanal. Como o objetivo da ação era aumentar a base do canal de relacionamento, pode-se perceber que o resultado foi muito satisfatório. Fonte: Marcelo Castelo 92 | WIDE | 87 > MARKETING Um aplicativo de compras nas principais plataformas moveis (iPhone, iPad, Android, Windows Mobile, BlackBerry e o próprio mob site). O lançamento foi reconhecido pelo mercado consumidor e por formadores de opinião como um dos principais cases mobile de 2010. O serviço foi muito pertinente ao público da marca, trazendo resultados em vendas que superaram as expectativas. Fonte: Andréa Dietrich e Leonardo Xavier 87 > MARKETING | WIDE | 9 93 Vídeo interativo como estratégia de MARKETING O verão está chegando e aquele banho refrescante é a saída para aliviar o calor que faz em um país tropical como o Brasil. Aproveitando esse momento, a agência F.biz (www.fbiz.com.br) lançou uma ação interativa para o sabonete Lux Líquido e contou com a participação da atriz Paola Oliveira, na qual ela orienta as pessoas a utilizarem o produto. 94 | WIDE | 87 > MARKETING MARKETING A ação é composta por um vídeo educativo em que Paola traz dicas de como utilizar o Lux Líquido e demonstra os benefícios de rendimento que o produto traz. Simulando uma conversa, a atriz interage com o internauta a partir das respostas dadas por ele. O vídeo pode ser visto na fanpage do Facebook (www.facebook.com/luxbrasil), no site (www.lux.com.br/#/campanha) e em peças interativas veiculadas em outras redes sociais, como YouTube e Orkut. Paulo Loeb, sócio e responsável por Marcas e Negócios na F.biz, fala sobre as curiosidades que cercam a campanha. Confira! WIDE6NEPTNBJTSFDFOUFTUSBCBMIPTMBOÇBEPTQFMBBHÉODJB'CJ[ FNQBSDFSJBDPNB6OJMFWFSFOWPMWFVBDSJBÇÆPFPEFTFOWPMWJNFOUP EBDBNQBOIBEPTBCPOFUF-VY-ÌRVJEPQPSNFJPEFVNWÌEFPJOUFSBUJWP2VBJTFSBNBTQSJODJQBJTOFDFTTJEBEFTFFYQFDUBUJWBTEFWPDÉT FNSFMBÇÆPBFTTFQSPKFUP PAULO O mercado de sabonetes líquidos é relativamente novo. A consumidora já estava bastante acostumada a usar a barra e quem adotou a nova versão líquida não usa diariamente, apenas em banhos mais demorados ou se preparando para ocasiões especiais. Outra barreira é a percepção de custo. Uma barra custa bem menos do que uma pequena embalagem de líquido. Mas, o líquido rende muito mais.zTínhamos, então, o grande desafio de ensinar a consumidora a usar corretamente o produto e mostrar que uma embalagem de Lux Líquido é suficiente para até cinquenta banhos, além de proporcionar mais maciez e perfume. Com isso, demonstramos a superioridade do líquido, com todos seus benefícios, inclusive em termos financeiros. WIDE 'PSBNSFBMJ[BEPTUFTUFTOBDBNQBOIBEB-VY-ÌRVJEPBOUFTEF TFSDPMPDBEBEFŢJOJUJWBNFOUFFNQSÁUJDB PAULO O vídeo interativo faz parte da campanha 360º de comunicação do produto. Sendo assim, as mensagens, a celebridade e outros elementos da campanha foram previamente testados, como é padrão para a Unilever. Além disso, depois de produzido, nosso material também passou por diversos testes mais técnicos, para garantir qualidade na performance em todos os canais em que foi publicado: YouTube, Facebook, peças display e em redes de conteúdo. WIDE 1PSUSÁTEPWÌEFPJOUFSBUJWPFYJTUFVNBHSBOEFFTUSVUVSBEF NBSLFUJOHEB-VYOBTSFEFTTPDJBJTTPCSFUVEPOP'BDFCPPL$PNP TVSHJVBJEFJBEFJOWFTUJSOFTTFUJQPEFBÇÆPWÌEFPJOUFSBUJWP FRVBM PTFVQBQFMOPDPOUFYUPHFSBMEBDBNQBOIB PAULO Todas as marcas querem se aproximar do seu público. Para isso, precisam estar onde eles estão, com a linguagem correta e oferecendo conteúdos cada vez mais interessantes e envolventes. Planejamos para a Lux uma estratégia digital bastante sólida nas redes sociais, e o vídeo interativo foi material fundamental para o início dessa implementação. Com esse material, conseguimos passar as mensagens que a marca e o produto precisavam, de um jeito que despertasse a atenção da consumidora e que promovesse a interação em diversos canais. WIDE-FWBOEPFNDPOTJEFSBÇÆPBDPOWFSHÉODJBEJHJUBMDBEBWF[ NBJTQSFTFOUFOPEJBBEJBEBTQFTTPBTQPEFTFBŢJSNBSRVFBJOUFSBUJWJEBEFQPSNFJPEFŢJMNFTQFÇBTÈVNBUFOEÉODJBQBSBRVFNGB[ QSPQBHBOEB %FRVFNBOFJSBPDPNÈSDJPFMFUSÒOJDPQPEFTFCFOFŢJDJBSEFTTBGFSSBNFOUBUFOEPFNWJTUBRVFBUVBMNFOUFKÁFYJTUFN DBNQBOIBTFNRVFPJOUFSOBVUBÈDBQB[EFJOUFSBHJSDPNPTWÌEFPT FFGFUVBSBDPNQSBEFQSPEVUPT 87 > MARKETING | WIDE | 95 PAULO Não é uma tendência, já é realidade. Os vídeos invadiram a internet devido ao grande acesso à banda larga, crescimento do YouTube e câmeras de altíssima qualidade a preços bem razoáveis. O comércio eletrônico já percebeu isso, como pode-se verificar na existência de uma série de vídeos de apresentação e comentários sobre produtos. Por exemplo, a Netshoes desenvolveu dentro do YouTube o Netshoesvideos, um espaço para apresentar seus produtos de forma mais detalhada. Atualmente, há mais de trezentos vídeos e dois milhões de views. WIDE 2VBOUPTQSPŢJTTJPOBJTFTUJWFSBNFOWPMWJEPTOBQSPEVÇÆPEFTTF WÌEFPJOUFSBUJWP PAULO São diversos os profissionais e as empresas envolvidos em um trabalho como esse. Além do cliente e quase todas as áreas da F.biz — Planejamento, Criação, Negócios, Projetos, Produção RTVC e muito de Tecnologia —, contamos com a parceria da New Content, que é a agência de conteúdo da marca, com a produtora de vídeo e som, com a equipe da Paola Oliveira e muitos outros envolvidos na filmagem. WIDE«QPTTÌWFMVNBQFRVFOBBHÉODJBDPNNFOPTSFDVSTPTŢJOBODFJSPTJOWFTUJSOFTTBGPSNBJOUFSBUJWBEFQVCMJDJEBEF PAULO Sim, perfeitamente, pois a tecnologia está cada vez mais barata e a qualidade, cada vez melhor. Vejam o que está acontecendo no Morro do Alemão ou nos países do Oriente Médio, onde o acesso da imprensa é restrito. Na maioria das vezes eles só têm um celular na mão e conseguem desenvolver um rico material. WIDE 2VBJTPTSFTVMUBEPTPCUJEPTBUÈPNPNFOUPDPNFTTBDBNQBOIB 2VBMBNÈEJBEFVTVÁSJPTRVFBDFTTBNPWÌEFPOBTSFEFTTPDJBJT PAULO Só no canal da Lux no YouTube o vídeo já tem mais de 160 mil views, e esse número ainda se soma às exibições na fanpage da marca no Facebook e em peças de mídia veiculadas na campanha. WIDE"'CJ[ÈVNBBHÉODJBKÁDPOTPMJEBEBOPNFSDBEPEJHJUBMFBUFOEF DMJFOUFTJNQPSUBOUFTDPNP6OJMFWFS*UB×F1FQTJDPFOUSFPVUSPT0RVF WPDÉTDPOTJEFSBNNBJTJNQPSUBOUFQBSBBUFOEFSTFVTDMJFOUFTPVTFKBRVBM WPDÉBDSFEJUBTFSPhTFHSFEPvEPTVDFTTPEB'CJ[ PAULO Não há segredo, e sim muito trabalho sustentado por quatro pilares: Marcas & Negócios, E-commerce, Plataformas Emergentes e Canais & Engajamento. Cada sócio é responsável por um desses pilares e trabalhamos de forma integrada para nossos clientes aproveitarem o máximo do potencial do meio digital. 96 | WIDE | 87 > MARKETING 87 > MARKETING | WIDE | 97 MARKETING Shopper marketing: ESTRATÉGIAS DE ESTÍMULOS A COMPRA Por Tiago Bosco 98 | WIDE | 87 > MARKETING Ilustração - Carolina Vigna-Marú MARKETING Rafael D’Andrea Formado em Administração de Empresas pela FEA-USP, possui especialização em Marketing pela UC-Berkeley (EUA) e pós-graduação em Economia pela FIPE-USP. É professor do curso de pós-graduação em Marketing do Insper, sócio da ToolboxTM (www.toolboxtm.com.br) e diretor da Agência Shopper (www.agenciashopper.com.br). Especialista em trade e shopper marketing, foi coautor dos livros Trade marketing – estratégias de distribuição e execução de vendas (Editora Atlas/ 2010) e Shopper marketing – a nova estratégia integrada de marketing para a conquista do cliente no ponto de venda (Editora Atlas/ 2011). Utilizado por fabricantes em todo o mundo para atingir adequadamente seu público-alvo no ponto de venda, identificando e compreendendo o que as pessoas pensam e como agem no ato da compra. Para conhecermos o que cerca o Shopper Marketing, conversamos com Rafael D’Andrea, coautor de dois livros sobre essa temática. Ele explica o conceito e sua relação com o varejo online. Confira! WIDE 0TIPQQFSNBSLFUJOHOPMJWSP 4IPQQFSNBSLFUJOHnBOPWB FTUSBUÈHJBJOUFHSBEBEFNBSLFUJOHQBSBBDPORVJTUBEPDMJFOUFOP QPOUPEFWFOEBMBOÇBEPFNGPJBQSFTFOUBEPDPNPBQSÑYJNB POEBOBFWPMVÇÆPEPTDPODFJUPTEFNÈUPEPTEFNBSLFUJOHEFWBSFKP 1PEFSJBEFŢJOJSQBSBPTOPTTPTMFJUPSFTEFNBOFJSBEJEÁUJDBPRVF FTTFUFSNPTJHOJŢJDB RAFAEL Shopper marketing é o marketing para o consumidor no momento da compra. Mais precisamente, é o marketing que busca influenciar o shopper — freguês na tradução literal — a partir do momento em que ele se dispõe a comprar algo. O shopper e o consumidor são muitas vezes a mesma pessoa, mas há casos em que não, como o de uma mãe que compra fraldas para o filho. Consumidor é o filho, shopper é a mãe. É importante também reconhecer a diferença de meio, mensagem e abordagem para as diferentes situações envolvidas no que chamamos de jornada de compras, ou seja, o caminho percorrido — mental e fisicamente — pelo shopper do momento em que ele decide comprar até a seleção do produto no ponto de venda ou e-commerce. Em cada etapa há uma decisão diferente envolvendo a priorização de valores e o uso de percepções distintas. Por exemplo, ao escolher um curso de MBA, o primeiro passo é procurar se informar sobre a avaliação dos cursos. Isso normalmente se dá via internet, por meio de revistas ou sites/blogs especializados, depois vem a indicação de amigos e ex-alunos, em seguida uma visita até a escola pode ser cogitada. As comparações de preços também ocorrem em algum momento dessa jornada, e assim por diante. O mesmo processo ocorre quando vamos comprar uma geladeira; existe o PRE-SHOP, o que ocorre antes da compra, o SHOPPING — processo de compra — e o USO do produto. Esse último já está no escopo do marketing de produto. Compreender a jornada de compras é parte fundamental do processo de shopper marketing para gerar estímulos que resultem em mais vendas da marca ou do varejista. Shopper marketing, nesse sentido, traz eficiência para o uso dos recursos de marketing ao integrá-los de forma objetiva para influenciar o shopper em todos os pontos de contato com a marca. Isso demanda pesquisa e parceria com os canais/varejistas. Como a parte mais visível do processo ocorre dentro da loja do varejista, seja online ou física, as marcas de produtos que investem em shopper marketing devem investir também na relação construtiva com o varejo para satisfazer o shopper e influenciá-lo positivamente, criando uma experiência de compras interessante e diferenciada para o shopper. WIDE4IPQQFSFUSBEFNBSLFUJOHTÆPDPODFJUPTRVFNVJUBTWF[FTTF DPOGVOEFN1PEFSJBBQPOUBSBTEJGFSFOÇBTFOUSFFMFT RAFAEL A satisfação do shopper e a criação de uma experiência de compra diferenciada para marcas e varejistas estão no centro da estratégia de shopper e trade marketing. Entretanto, shopper marketing é o marketing para o consumidor antes e durante o processo de compra. E, nesse sentido, ele é uma variação do marketing ao consumidor. Já o trade marketing é um processo que atinge o shopper por meio da parceria entre produtores e varejistas, além de englobar também o marketing ao trade — canal —, que trata o próprio canal como um cliente intermediário do produto e o shopper como o cliente final. O conjunto de técnicas de trade marketing é composto em parte de táticas de shopper marketing e parte de marketing B2B como atividade fim. Já o shopper marketing tem como atividade fim o marketing ao consumidor e usa a relação entre produtor e varejista como meio para atingir a satisfação do shopper e influenciá-lo ao seu favor. 87 > MARKETING | WIDE | 99 WIDE%FRVFNBOFJSBFTTFDPODFJUPQPEFTFJOTFSJSOBXFCTPCSFUVEPRVBOEPGBMBNPTEFDPNÈSDJPFMFUSÒOJDP WIDE1PEFSJBOPTBQSFTFOUBSVNFYFNQMPCFNTVDFEJEPEFBMHVN TJUFRVFTFVUJMJ[PVEPTIPQQFSNBSLFUJOH RAFAEL O conceito é completamente cabível para o e-commerce. De fato, o shopper marketing na prática funciona melhor no e-commerce, porque a plataforma eletrônica permite uma segmentação mais eficaz dos shoppers e a customização de ofertas mais relevantes para o público-alvo. A Amazon, com suas indicações de livros, é o melhor exemplo disso. A taxa de acerto das preferências do shopper é muito alta. Na prática, no mundo virtual, é possível chegar a ter uma “loja” com ofertas diferentes para cada usuário. Isso já é mais difícil no mundo físico, onde a loja deve agradar ao público predominante, mas vai certamente, invariavelmente, deixar alguns desapontamentos entre os shoppers. RAFAEL Gosto muito da lista: Na ausência de evidências físicas, de pessoas e de processos claramente expostos — característicos dos varejos tradicionais e essenciais na gestão de serviços —, os varejistas encontram diversas formas de superar essas barreiras e estimular a decisão de compra do shopper. Assim, mostro na tabela alguns exemplos de como varejistas virtuais podem utilizar e aplicar os conceitos e a jornada de compras do shopper para desenvolver e implementar ações de shopper marketing, com o intuito de influenciar o comportamento do shopper em cada etapa. 100 | WIDE | 87 > MARKETING WIDE$PNPÈGFJUBBNFOTVSBÇÆPEBTBÇÕFTRVFVUJMJ[BNFTTFDPODFJUPOBJOUFSOFU RAFAEL Basicamente, as métricas são as mesmas do mundo físico: indicadores de fluxo, visibilidade, conversão e vendas. A forma de cálculo pode variar muito, até porque o mundo mobile está se fundindo com a internet tradicional e social e ainda estamos por ver um conjunto de indicadores amplamente aceito por agências, search engines, fabricantes e varejistas. O Google tem feito um trabalho muito intenso de aproximação ao mundo do shopper marketing, por meio de suas ferramentas de apoio a análise, e às agências de marketing. WIDE $PNPWPDÉFOYFSHBPEFTFOWPMWJNFOUPEPTIPQQFSNBSLFUJOH OP#SBTJM +ÁFYJTUFEFNBOEBEFQSPŢJTTJPOBJTDBQBDJUBEPTOPQBÌT RAFAEL Acho que o brasileiro aprende rápido e já está se movimentando para entender como aplicar a estratégia de shopper marketing. Temos que tomar apenas o cuidado para não “esgarçar” o termo colocando qualquer coisa sob esse guarda-chuva. Há demanda por profissionais capacitados em pesquisa e conhecimento de shoppers, que é, de fato, o passo inicial do processo. WIDE&NRVBOUPVNBFTUSBUÈHJBCBTFBEBOFTTFDPODFJUPQPEFDPMBCPSBSQBSBBVNFOUBSBTWFOEBTQFMBJOUFSOFU RAFAEL Durante o “pre-shop” a internet é fundamental, pois, em muitas categorias de produtos, o shopper pesquisa na internet e acaba comprando nas lojas físicas. O aproveitamento desse momento da jornada de compras, por meio da compreensão dos motivos que levam o shopper a não comprar diretamente na web, por exemplo, pode ser uma importante alavanca de vendas no e-commerce. WIDE&NSFQPSUBHFNQVCMJDBEBOB8JEF3PESJHP.BSVYPFTQFDJBMJTUBFNNBSLFUJOHFFCVTJOFTTBŢJSNBRVFhTPDJBMDPNNFSDFÈ VNOPWPQSPDFTTPEFWFOEBCBTFBEPFNQSPEVUPTFYQFSJÉODJBT FFYJHÉODJBTEFDPOTVNJEPSFTFNSFEFTTPDJBJTFOÆPUÆPNBJT GPDBEPFNNBSDBTFDPODFJUPTEFOUSPEBQSÑQSJBMPKBWJSUVBMv2VBM TFSJBPQBQFMEBTNÌEJBTTPDJBJTOPDPOUFYUPEPTIPQQFSNBSLFUJOH BQMJDBEPOBXFC RAFAEL Qual é o papel dos cafés que existem dentro das livra- rias? Criar experiências agradáveis e mais naturais para o shopper. Nesse sentido, a integração de mídias sociais — gosto muito do yoox.com e do backcountry.com como exemplo de integração — é fundamental. O próprio Groupon já lançou nos Estados Unidos, em maio, a versão location based de seu produto. Acho que a integração de espaços de convívio, compras e conhecimento é natural para o ser humano, e isso ocorrerá também na web. WIDE4FVMJWSPBQPOUBRVFQBSBJOŢMVFODJBSPTIPQQFSÈQSFDJTP BOUFTDPOIFDÉMP&BTQFTRVJTBTTPCSFPDPNQPSUBNFOUPEPTTIPQQFSTTÆPDPOIFDJEBTUBNCÈNDPNPhDJÉODJBEBTDPNQSBTvUBMÈB TJNJMBSJEBEFDPNQSPDFTTPTEFJOWFTUJHBÇÆPDJFOUÌŢJDB7PDÉQPEFSJB DPNFOUBSTPCSFPTNÈUPEPTVUJMJ[BEPTQBSBFTTFUJQPEFQFTRVJTB GBMBOEPFTQFDJŢJDBNFOUFEPVOJWFSTPEJHJUBMPFDPNNFSDF RAFAEL De fato, não é necessário usar novas tecnologias de pesquisa para conhecer o shopper; as antigas são perfeitamente adequadas. Entretanto, existe um problema. Quando perguntamos ao shopper o que ele quer, quanto está disposto a pagar, se gostou desse produto ou daquele e por que caminhou pela loja de uma determinada forma, a resposta é muito imprecisa. Isso ocorre porque no processo de compra estamos muitas vezes no “piloto automático” e não estamos cientes do que estamos pensando; também esse interrogatório está sujeito a respostas não verdadeiras. As pesquisas mais precisas na ciência das compras são as que envolvem a observação do shopper sem perguntas. O uso de tecnologias de reconhecimento de imagens de vídeo, rastreamento do globo ocular e medição de ondas cerebrais estão muito na moda no ambiente físico. Na internet, as preferências podem ser medidas diretamente por meio de palavras-chave, os padrões de navegação podem ser armazenados e estudados individualmente com algoritmos especializados, até mesmo o valor das compras, frequência de compra e compras correlacionadas podem ser rastreados e analisados para criar ações que antecipam os passos do shopper e entregam ofertas relevantes para as suas necessidades. A internet é o paraíso do shopper marketing. Lá, a pesquisa é facilitada pelo meio, a informação. Entretanto, a criação desses algoritmos demanda investimento contínuo e muita análise, algo que pode ser muito compensador no momento em que o tamanho do e-commerce, principalmente, se estabilizar e a competição atingir níveis semelhantes aos do varejo físico. Conhecer o shopper agora é um seguro para o futuro dos negócios via web. WIDE2VBMBNFOTBHFNQSJODJQBMRVFPTFVMJWSPTFQSPQÕFBUSB[FS RAFAEL O mais importante é que o leitor do livro conseguirá compreender que consumidor e shopper têm expectativas diferentes com relação às marcas e, por isso, ao conhecê-los por meio de pesquisa e observação, é possível ter insights que podem gerar vendas imediatas. O leitor também será capaz de compreender como isso pode ser feito em sua empresa por meio de métodos e exemplos práticos. Além disso, um website de apoio (www.trademkt.net) traz material adicional que pode ser consultado pelos leitores. 87 > MARKETING | WIDE | 101 MARKETING Marketing de conteúdo Bruno Rodrigues Faça seu conteúdo valer Esperar retorno de investimento de um conteúdo produzido ainda é visão de poucos. Não me refiro a conteúdo pelo conteúdo — “onde” ele está, “se” ele é encontrado ou “quanto” se paga por ele. Conteúdo pode e precisa gerar retorno pela informação que transmite. O que aproxima um conteúdo do que se espera dele? É possível trabalhar aspectos e características que deem à informação uma roupagem mais objetiva, focada — business, mesmo? Sim, mas é preciso trabalhar na base, na origem da informação. Ao estudar os atributos de um conteúdo (utilidade, consistência, abrangência e perenidade), é possível encontrar boas soluções: q 6UJMJEBEF – Quem consome conteúdo digital tem cabeça de buscador: ele quer a informação do jeito que ele pediu e pensou. Nossa tarefa é aproximar essa expectativa do que há a oferecer. O conceito da objetividade em webwriting é muito semelhante à utilidade — se é o que o usuário procura, do jeito que ele quer, então é porque é útil. Não é útil? Você pode (até) trabalhar firulas em camadas de detalhamento (as páginas de “veja também”), mas o tempo que você está investindo em seu trabalho, assim como o que esperam de conteúdos realmente úteis que ainda há para produzir, merece muito mais atenção, sinceramente. q $POTJTUÊODJB – No meio digital vale a informação formatada, embalada, etiquetada. É preciso seguir normas rígidas. Por isso, ao elaborar um conteúdo, não há espaço para criatividade — atenção: na forma, não no (literal) conteúdo. Se um conteúdo precisa atender a requisitos como usabilidade, SEO, acessibilidade e direito digital, é como uma linha de montagem: cada procedimento precisa ser obedecido para que o produto chegue com a qualidade esperada ao consumidor. Criatividade? Ah, sim, há no design de um “produto”, em suas características, etc. Mas, não na forma, na maneira de produzir. Consistência, em conteúdo, depende de obediência a regras — e não é todo mundo que lida bem com isso. Não indico webwriting para estes, portanto. q"CSBOHÊODJB – Quer produz conteúdo deve ter a missão, quase obsessiva, de transformar qualquer informação em referência 102 | WIDE | 87 > MARKETING número 1 dentro de sua área. A melhor e mais abrangente de todas, capaz de alçar qualquer página ao topo do Google. Sem espaço para concorrentes — mesmo. Abrangência, em informação, é cercar o que de fato importa. Por vezes, o que é relevante em um conteúdo é o “como” e o “quando” da informação, e é dissecando esses aspectos que se atinge a abrangência, a capacidade de atrair para sua página o que o público não encontra em outras. Ser abrangente não é despejar toneladas de detalhes inúteis no colo de quem irá consumir um conteúdo, mas entender que a profundidade de alguns dos aspectos é que pode tornar a informação ampla e imprescindível. Uma informação abrangente não é aquela que cresce para o lado, mas a que se aprofunda em pontos minuciosamente selecionados. q 1FSFOJEBEF – Pensar que um conteúdo permanecerá para sempre é realidade — e uma necessidade. A informação que foi elaborada hoje precisa estar preparada para sobreviver, pois estará disponível amanhã (e depois de amanhã). Situe sua informação no terreno do atemporal, tire o ranço — e o vício — do real time do conteúdo. Pense que está produzindo para a Wikipédia, que seu conteúdo é um verbete. As chances de sobrevivência serão bem maiores; isso sem falar no valor da informação, que, com o trato que você estará dando, continuará alto. Bruno Rodrigues Consultor de Informação e Comunicação Digital, autor do primeiro livro brasileiro e terceiro no mundo sobre conteúdo online, Webwriting – Pensando o texto para a mídia digital (2000), de sua continuação, Webwriting – Redação & informação para a web (2006), e de Padrões Brasil e-Gov: Cartilha de Redação Web (2010), padrão brasileiro de redação web. Já ministrou treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação para mais de trinta empresas do Brasil e do exterior. 4JUFwww.bruno-rodrigues.blog.br &NBJM [email protected] 5XJUUFS @brunorodrigues 87 > MARKETING | WIDE | 103 Web fora da caixa René de Paula Jr. Sessão da tarde Estava eu num evento (e costumo estar em um monte de eventos) quando o moderador do painel (participo de um monte de painéis) perguntou para uma das panelistas por que a empresa dela investia tanto em shows de música em vez de apostar mais na internet. Ela explicou que sim, fazia um monte de coisas na internet (e faz mesmo), mas que experiências coletivas e presenciais eram importantes. Peguei carona na questão (sempre faço isso, não consigo me controlar) e perguntei ao perguntador: se você acha que internet é melhor que evento, por que essas 150 pessoas pagaram uma boa grana para sentar na nossa frente? Pois é. Em inglês diriam que eu sou muito “vocal”, mas em português fica melhor: sou meio bocudo. Falo mais do que a situação comporta. Um dia me abatem a tiros. Enquanto isso não acontece, sigamos aqui conversando. Nessas poucas frases que escrevi até agora, plantei uma sementinha disfarçada do tema deste texto. Releia. ACHOU? EU CONTO: “mais do que a situação comporta”. Ok, a frase passa batido, não tem nada demais. Estou, afinal, falando de algo que é senso comum: alguns tipos de comportamento não caem bem em certos momentos, é ou não é? É. E é por isso ser tão óbvio que quero chamar a sua atenção. Nada mais pernicioso, traiçoeiro e estagnante do que 104 | WIDE | 87 > MARKETING aquilo que a gente acha “natural”. Pensemos na história do bode preto no meio da sala. O problema é o bode ou é a sala cheia de gente fresca? Questionar algumas coisas de digital, sobretudo em ocasiões sociais, está se tornando tão impróprio quanto o tal do bode preto. E isso por culpa não do bode, mas daquilo que o digital está se tornando: um consenso geral, uma ação entre amigos, um (e isso é bem provocativo, eu sei) culto. Nesse mesmo evento que mencionei eu soltei um #desaforismo: quem trabalha com digital apanha todo dia, mas aí vai a um evento ouvir um bom pastor reforçar os dogmas e volta com a fé renovada para continuar apanhando. A plateia riu, claro, embora isso não fosse exatamente uma piada. ;) Quer um sinal de que esse consenso todo é quase religioso? Preste atenção em quanta gente fala sobre O Digital, As Redes ou A Internet como se fossem algo místico, em letras maiúsculas, algo sobrenatural com direito a textos sagrados e dez mandamentos. Pensem em quantas vezes vocês viram algum guru iluminado falando do futuro como se fosse um novo Paraíso, uma nova Terra Prometida onde os males do mundo não existem mais. Todo mundo adora, claro, mas o que esses caras estão fazendo é apelar para o seu inconsciente mais profundo, é manipular anseios antigos e que, no mundo de hoje, estão meio abandonados mesmo. E eu não gosto disso. Parte da culpa é nossa mesmo, é da maneira como nossa percepção funciona. Por alguma razão qualquer (ou desrazão também) achamos que, se algo é bonito, deve ser verdadeiro. Já fizeram, inclusive, testes científicos para demonstrar isso: pegaram uma ideia e a apresentaram escrita sem maiores cuidados, e as pessoas acreditaram mais ou menos. Passaram a mesma ideia num texto lindo e poético… e adivinhem: acreditaram muito mais. A QUESTÃO É: FRASES BONITAs não resolvem problemas. Na verdade, ideias açucaradas disfarçam problemas. E o que é pior: essa melosidade toda cria ojeriza a problemas. E eu digo: problemas são algo bom (a menos que você tenha vindo à vida a passeio, claro). Eu tenho cá para mim que vale muito mais quem descobre bons problemas do que quem acha soluções para o que não “O digital está se tornando: um consenso geral, uma ação entre amigos, um (e isso é bem provocativo, eu sei) culto” importa. Dizendo de outra maneira: para mim valem mais novas perguntas do que velhas respostas. E hoje em dia está superdifícil achar gente capaz de fazer boas perguntas: todo mundo já chega com um arsenal de respostas prontas na mão. Como escapar dessa conspiração tão simpática? Como não cair na tentação dessa comunhão de (falta de) ideias? Como não fazer parte dessa onda? E aí caímos de novo em outra armadilha invisível: essa nossa mania brasileira de sermos legais, essa nossa dependência afetiva de pertencer a um grupo legal, esse nosso pânico de ser diferente e original e isolado e sozinho. CURIOSAMENTE (e para a minha alegria), as pessoas mais originais e “fora da caixa” que tenho visto nos últimos tempos estão onde ninguém imagina: no interior de São Paulo, no interior de Minas, em Cuiabá, Goiânia, Londrina, justamente pelo fato de estarem fora do circuito “internet sessão da tarde”, justamente por estarem longe das grandes agências, dos minicoopers e dos shopping centers descolados. Esses caras estão muito mais atentos à real revolução que está acontecendo, e não estou falando de alguns milhares de felizardos comprando smartphones top, mas sim de 3,5 milhões de PCs comprados em apenas três meses majoritariamente pelas classes C e D. Essa mesma classe C que está comprando computador pela primeira vez na vida não está preocupada em ser cool ou fashion: essa moçada vê a tecnologia como uma oportunidade de melhorar de vida, de comprar melhor, de se educar. Eles estão se apropriando dessas ferramentas novas de maneiras que a gente nem desconfia. Claaaaro que é mais legal ficar ouvindo gringo ou ficar babando ovo nos ganhadores de Cannes do que tentar entender a nova classe média digital brasileiríssima, mas virar as costas para esse milagre é tão insano e irresponsável quanto o Baile da Ilha Fiscal. Não conhece essa história? Procure no Google. “Taí” uma tolice que não Vale a Pena Ver de Novo. René de Paula Jr. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN AMRO, Microsoft Brasil. É criador da “Usina.com”, portal focado no mundo online, e do “Radinho de pilha” (www.radinhodepilha. com), comunidade de profissionais da área. Atualmente trabalha na área de relacionamento com desenvolvedores na Locaweb. &NBJM [email protected] 87 > MARKETING | WIDE | 105 Wide Thinking João Batista A realidade é virtual Um título desses dá até um pouco de receio de explicar. Por mais que sejam quase opostos em sua definição primária, ao colocar essas duas palavras no contexto sociocultural — e até econômico — de hoje, o significado ganha novo sentido. Claro que estou considerando as camadas da sociedade que têm acesso a internet. 106 | WIDE | 87 > MARKETING Para os que chegaram a esse mundo por meio de “download” (geração Y), tudo isso parece muito normal. Entretanto, ainda convivemos com gerações (BB e X), que ocupam grande parte do poder, cuja maioria não entende a internet enquanto meio universal de acesso a informação com economia de tempo, o mais valioso dos ativos. O fato social é que estamos vivendo numa era de conceitos novos e emergentes que aposentará precocemente os que não se esforçarem para utilizar os novos códigos. Uma passada rápida por números que embasam uma fatia desse meu raciocínio. As operações bancárias na internet (30,6%) superaram as realizadas nos caixas eletrônicos (29,8%). Os e-consumidores já atingiram os módicos 27,4 milhões (e-bit), dos 77,8 milhões internautas brasileiros (Ibope), que compram produtos ou serviços. Já no Facebook, os participantes no Brasil ultrapassam 30 milhões entre os 45,4 milhões que acessam a internet. A internet trouxe, mais do que tudo, democratização pela relevância nas escolhas e facilidades. As filas de bancos, as lojas tumultuadas e os caixas de supermercados ganharam um novo concorrente. Se o consumidor quiser, ele pode escolher rejeitar qualquer um dos incômodos citados. E mais, pode ter acesso a um universo de informações e, além disso, falar com amigos, família e outras pessoas não conhecidas no mundo físico. Blablablá… Todo mundo sabe disso, não é verdade? Mas, não estou aqui “A internet trouxe, mais do que tudo, democratização pela relevância nas escolhas e facilidades. As filas de bancos, as lojas tumultuadas e os caixas de supermercados ganharam um novo concorrente.” redescobrindo a América ou inventando o macarrão. Assim como existe a afirmativa Retail is detail, a questão aqui, meu caro leitor, é justamente o detalhe. Ora, se abro o computador e vou ao banco com um clique, compro comida, remédios, viagens, compareço ao trabalho com dois cliques, faço interação via Messenger, Skype, Facebook, envio email com meus relatórios para clientes ou minha equipe, faço ligações, vejo o que acontece na vida de meus amigos e colegas e participo com comentários e sugestões ao entrar no meu browser, na verdade estou compartilhando e acessando quase tudo de minha vida, o que define meu comportamento, o eu online. E, o mais engraçado é: eu uso esse ambiente virtual para marcar interações sociais na realidade. De reuniões a unir os amigos a alguma mesa de bar. É mais fácil via e-mail ou Facebook do que ligar para todos, um a um, como fazíamos antigamente, em um passado bem próximo. A realidade está se construindo numa extensão do virtual. Capiche? SE PRIMEIRAMENTE EU ACESSO O AMBIENTE virtual para construir o cenário da realidade, a pergunta que não cala é: o que acaba sendo real para mim? Um estudo também que afirma que mais de 60% das pessoas acessam seus smartphones antes de sair da cama pela manhã. Afinal a realidade é a “percepção” da realidade. Vamos voltar às definições mais acessíveis. Realidade, segundo o Michaelis, é qualidade do que é real. O que existe realmente. E virtual é o que não existe como realidade, mas sim como potência ou faculdade. O que equivale a outro, podendo fazer as vezes deste, em virtude ou atividade. O virtual é o que é suscetível de exercer-se embora não esteja em exercício; potencial. Possível. Embananou os neurônios? Repare, porém, o aumento de pessoas usando seus smartphones no meio de jantares, casais sentados um de frente ao outro e consultando seus smartphones, grupo de amigos mostrando vídeos uns para os outros, lendo posts — ou cada vez mais pessoas fotografando algo na rua para postar usando o Instagram ou Twitter. Elas poderiam interagir com a pessoa ao seu lado, mas escolheram enviar o registro daquele momento para a sua comunidade virtual. Você deve pensar, talvez, que eu esteja tentando provar que a internet é a nova realidade. Mas, não. Leia o título atentamente. Quero dizer o contrário. Para você estar nela, a tal da realidade, você a coloca no mundo virtual para mostrar que existe. Logo, o estado civil será chancelado pelo seu status no Facebook. Casado, solteiro, divorciado, num relacionamento sério? Do lado das empresas, como mostrar credibilidade sem um bom site e, agora também, site mobile? Qual empresa pode afirmar que tem transparência ou comunicação com seus clientes e consumidores se ela não está ativamente nas mídias sociais? Que profissional não tem seu currículo no Linkedin? Quem é você? O que sua empresa faz? Para finalizar, o seu avatar tem mais credibilidade do que você ou a sua empresa ao vivo. É ele quem dá suporte e crédito à sua versão de carne e osso ou ao CNPJ que paga impostos. Para você ser alguém hoje, precisa estar online, em qualquer lugar, wide. Ligue-se neste conceito: “to be wide is to be on”. Eu online. João Batista Engenheiro Industrial, é titular da J2B Innovation, consultoria Business Branding. É fundador e diretor de Comunicação do RDI – Retail Design Institute – Chapter Brasil, entidade mundial de designers de varejo. Trabalhou na ONU como responsável pela Direção Geral do Fórum Global na Eco 92, no Rio de Janeiro. Com escritórios em São Paulo, a partir de 2001, atuou como Regional Manager para A. Latina da Divine Inc. e da FastComm. A J2B realizou vários eventos no Brasil e no exterior, entre eles o Brasilshop de 2007 e 2008 para a Alshop, NRF2008 & Luxo em NY, NRF2010 & Design Estratégico para o Varejo e NRF2011 & Varejo 3.0, ambos em NY. 87 > MARKETING | WIDE | 107 e-commerce -commerce UM NOVO MODO DE FAZER NEGÓCIOS ONLINE Por Thiago Almeida Se você nunca ouviu falar de f-commerce, fique atento a essa expressão. Trata-se da mais nova tendência do e-commerce, um novo modelo de fazer negócios online que já conquistou grandes marcas e lojas, e que está se espalhando mundo online afora. Se você ainda não conhece, o beabá dessa nova tendência é bem simples. O “f” vem de Facebook e “commerce”, como você sabe, é comércio. Logo, f-commerce é o comércio dentro do Facebook, ou seja, a ação de montar negócios, divulgar produtos e serviços e, principalmente, vender dentro da maior rede social do mundo, hoje utilizada por mais de 750 milhões de pessoas, que postam cerca de 4 bilhões de mensagens, entre textos, vídeos e músicas. Sem dúvida, a grande sacada do f-commerce é oferecer a oportunidade de o usuário do Facebook comprar produtos sem precisar sair da rede social. Ou seja, ele tem a chance de consumir enquanto mantém um chat com os amigos, atualiza seu mural, publica fotos, compartilha notícias etc. E-COMMERCE V ocê já pensou em utilizar o Facebook como local de vendas? Se a resposta é sim, aproveite o momento. A criação de lojas virtuais vem crescendo no Brasil e, principalmente, dentro dessa rede social, que hoje conta com milhões de usuários no mundo —– só no Brasil, a rede social criada por Mark Zuckerberg já atingiu 30,9 milhões de usuários únicos, o que corresponde a 68,2% dos internautas que acessam a internet do trabalho ou em domicílio, de acordo com pesquisa feita pelo Ibope Nielsen Online. E nesse processo, o ano de 2011 foi determinante na grande mistura do comércio eletrônico com as redes sociais -— resultando na tão falada experiência de comprar em grupo ou Social Commerce. Ora, se o comércio eletrônico soma milhões de consumidores e de vendas, e o Facebook possui inúmeros usuários e recursos de interatividade, nada melhor do que integrar esses dois milionários para alcançar novos negócios. O conceito de e-commerce social ainda é considerado embrionário no Brasil. Porém, ao passo que novos conceitos avançam, a velocidade de aplicação torna-se igualmente proporcional às novidades. O Facebook, atento a esse verdadeiro turbilhão de novas tendências, criou “a menina dos olhos” de varejistas e usuários virtuais: uma ferramenta específica para e-commerce. Você já consegue imaginar o seu seguidor comprando online dentro da rede social? Agora imagine o seu e-consumidor criando uma página virtual da loja. Para Natan Sztamfater, CEO da Agência Digital CookieWeb, a loja online na rede social permite alta interação dos usuários, bem como integração das dinâmicas ferramentas do Facebook com todo o processo de compra. “Se o fato de podermos integrar o Facebook na loja virtual já era um grande passo, a facilidade de colocar a loja virtual dentro da rede social é um valiosíssimo salto. Acredito que, muito além disso, caminhamos para um lugar antes inimaginável. A plataforma disponível no Facebook para uma loja virtual pode dar muito mais asas do que sonha a nossa vã filosofia. Se divulgar o serviço de uma boa loja já era prazeroso, imagine você ganhar para fazer isso? Até 2014, há grandes chances de que cada brasileiro possa ter sua loja virtual na internet”, aposta. O CEO da CookieWeb assegura que integrar uma loja virtual ao Facebook é o grande e primeiro passo que deve ser dado e, claro, com ferramentas e profissionais preparados para fazer dela o grande alvo de suas vendas. Essa nova e genial ideia permite uma infinidade de coisas, sendo a mais importante a capacidade de viralização quase que automática da marca. “Chegamos a um novo caminho. O consumidor dita as regras por conta da variedade de oferta, ainda maior que a demanda. Amadores e profissionais pegam carona em prol de um mesmo objetivo: ganhar dinheiro. Os profissionais antecipam e aplicam tendências. Na era das redes sociais, não há espaço para o amadorismo. Quem define se algo é bom ou ruim, excelente ou péssimo é o consumidor;, ou melhor, o e-consumidor. Ele fala mal ou bem da sua marca, ele pode vender ou não. Tudo depende do processo plantativo de quem priorizou cuidar de um bom produto e serviço no ambiente digital”, afirma. Nesse processo, torna-se fundamental conhecer recursos criados com a finalidade de ampliar os negócios. Confira três boas opções existentes para integrar uma loja online dentro de um perfil no Facebook. CARTTINI Com o Cartinni, é preciso criar uma conta e informar os produtos que serão vendidos, com preço, frete, fotos, comentários e formato. Há a possibilidade de escolher produtos do seu banco de dados, ou seja, você não precisa ter previamente um site de comércio eletrônico. VENDINGBOX É um sistema de criação de lojas virtuais que pode ser integrado em uma página do Facebook, oferecendo personalização estética, vários idiomas e integração com outras plataformas de e-commerce. INFUSED COMMERCE Opção não -gratuita que permite configurar uma loja adicionando elementos, incluindo formas de pagamento e frete, oferecendo um sistema muito simples, com boa usabilidade, para qualquer usuário do Facebook. 87 > E-COMMERCE | WIDE | 109 E-COMMERCE Magazine Luiza e seu novo jeito de fazer negócio nas redes sociais Com o objetivo de explorar o poder das redes de relacionamento na internet, o Magazine Luiza foi a primeira empresa a executar um plano de fazer negócios pelas redes sociais, ou seja, a primeira organização a ter uma espécie de “divulgadores”, trocando o “porta a porta” pelo “clique a clique”. É o caso do Magazine Você (migre.me/5LBeA) , uma loja personalizada, na qual o usuário da rede monta uma vitrine e pode vender qualquer produto do Magazine Luiza e escrever dicas que ajudem seus amigos a comprar certo. A vitrine de cada perfil pode ser montada com produtos exclusivos de uma linha, como esportes, tecnologia ou decoração, por exemplo. A estratégia permite aos usuários receber dicas de pessoas de confiança, encontrar produtos e comprá-los em um só lugar. Segundo um levantamento da Internet Retailer, 67% dos compradores gastam mais online depois de receber recomendações de amigos. “Transformamos a venda de porta a porta no clique a clique. Inicialmente, foi um processo intuitivo, muito comum em nossa empresa, nas relações pessoais e também comprovado por pesquisas do setor, especialmente aquelas que confirmam que as pessoas compram por influência de amigos. Ninguém conhece melhor seu amigo do que você, por isso, ele terá a melhor sugestão possível de produto, da maneira mais fácil e prática possível. Além disso, o divulgador está sempre antenado no que seus amigos precisam, seja pelo mural do Facebook como ‘adivinhem, perdi meu celular novamente’, até ‘alguém sabe se já é hora de comprar uma TV 3D?’ ou por aquela conversa na mesa de bar, você pode indicar antes mesmo de alguém pedir”, explica Frederico Trajano, diretor de Vendas e Marketing do Magazine Luiza. Com a estratégia, o Magazine Luiza muda os moldes conhecidos de negócio nas redes de relacionamento, possibilitando um contato ainda mais direto entre a empresa e seus potenciais consumidores, via internet. Quando se fala de social commerce, é difícil encontrar um grande varejista online brasileiro que seja referência nesse modelo de negócio. Grandes e-commerces até oferecem espaços para comentários, trocas de experiências, mas nada tão expressivo. Com base nessa carência de mercado, o Magazine Luiza procurou conhecer e explorar essa nova tendência, e o resultado foi positivo. “Quando estudamos o social commerce no Brasil e no mundo, notamos que não existia referência. Não havia quem se destacasse ou saísse do social shopping, das interações de campanhas e atendimento. Por isso, nos empenhamos em fazer algo que fosse relevante para as pessoas e que, ao mesmo tempo, fosse o mais social possível para cumprir a promessa principal. Apesar de o foco ser nacional, recebemos contatos de empresas do mundo todo querendo conhecer mais o projeto para estudo e possíveis aplicações por empresas de outros nichos”, afirma Trajano. O diretor da varejista conta que o período de adaptação ao projeto foi recebido com muito sucesso. Antes mesmo de ser 110 | WIDE | 87 > E-COMMERCE lançado, foi executado um projeto-piloto com familiares de funcionários, recebido com muita empolgação. “Como nenhuma pessoa sabia o que era o projeto até chegar ao teste em si, a surpresa foi enorme e altamente positiva. Foi um misto de empolgação de renda extra para a família, com a simplicidade de uma loja já inserida nas redes. Além disso, muitas pessoas destacaram que já eram autoridades em suas redes para determinado assunto, como bebês, por exemplo. Assim, acharam que seria muito melhor indicar um produto bom para comprar e ainda ganhar uma comissão por isso”, explica. FREDERICO TRAJANO DEU DEZ DICAS EXCLUSIVAS À WIDE PARA VOCÊ TER UMA LOJA DE SUCESSO NO FACEBOOK. CONFIRA E INVISTA: 1. ESCOLHA UM TEMA PARA A SUA LOJA Os assuntos de que você gosta, conhece mais e pode indicar aos seus amigos. 2. ESCOLHA PRODUTOS CONHECIDOS Pense bem nos produtos que você colocará em sua vitrine. Escolha aqueles que você conhece e que a sua rede de amigos irá curtir. Opções para montar uma loja com a cara do divulgador não faltam. 3. FIQUE ATENTO ÀS SAZONALIDADES E ÀS TENDÊNCIAS As datas mais importantes do varejo são: Dia das Mães, dos Namorados, das Crianças, dos Pais e Natal. Chegando perto dessa data, vista sua loja com as melhores sugestões de presentes, que certamente você terá muitas visitas. Além disso, vale ficar atento aos lançamentos e às tendências que com certeza vão influenciar em suas vendas. 4. PESQUISE E ESCREVA SUA OPINIÃO Pesquise sobre produtos em blogs, fóruns e escreva sua opinião sobre cada um. Esse é o diferencial da sua loja. 5. DIVULGUE POR E-MAIL, BLOG, TWITTER Divulgue sua loja em seu perfil e peça aos seus amigos para curtirem. Indique o produto que seu amigo precisa, compartilhe as ofertas e conte as novidades na sua vitrine. Você também pode divulgar por email, blog, Twitter e outros meios colocando o link da sua loja. 6. FAÇA UMA FANPAGE Você pode fazer uma fanpage só sua e aplicá-la ao seu perfil. Aí, seus amigos irão conhecer e interagir com a sua loja! 7. CRIE UM ÁLBUM DA SUA LOJA No Facebook você pode criar um álbum só da sua loja e postar as ofertas do dia ou as sugestões de compras, de acordo com a dica 3. Assim, você consegue separar as suas fotos de família e, ao mesmo tempo, divulgá-las. 8. PEÇA OPINIÃO DOS SEUS AMIGOS Depois de o seu amigo comprar na sua loja, ele pode fazer uma avaliação geral, que é pública, e assim todos poderão ver que ele comprou com você. Além disso, você pode perguntar a opinião deles sobre a sua loja, seus produtos, como você pode melhorar…assim, a sua loja fica cada vez mais com a cara dos seus amigos. Segundo projeções da Empresa de Inteligência e Comércio Eletrônico (e-bit), o e-commerce deve faturar cerca de US$ 4 bilhões em todo o mundo este ano, e especialistas preveem que em 2015 chegue a US$ 30 bilhões. No Brasil, o faturamento pode chegar a R$ 18,7 bilhões em 2011, registrando um crescimento de 36% em relação ao ano passado, quando faturou R$ 14,8 bilhões. LIKESTORE -– SERVIÇO DE LOJAS VIRTUAIS NO FACEBOOK 9. NÃO EXAGERE NAS PUBLICAÇÕES Fique atento para não incomodar muito seus amigos. Afinal, o objetivo maior é ajudá-lo, e não enchê-lo de informações. 10. COMPARTILHE COM OUTROS DIVULGADORES Na página do Magazine Você é possível interagir com outras pessoas que têm loja. Dessa forma, você pode pedir dicas de como vender mais determinado produto ou também dar dicas. Fonte: Frederico Trajano DESAFIOS O principal objetivo, segundo Frederico Trajano, é atingir um público que ainda não tem contato com a marca, pois, segundo ele, ao entrar nas redes sociais é possível conseguir o aumento do alcance. Principalmente por meio do boca a boca e com a capilaridade necessária, pois nos canais de mídias tradicionais essa tarefa é mais árdua, além de não contar com o melhor consultor de vendas: você para seus amigos. “Nossa meta é fazer um número expressivo de lojas, em torno de dez mil, mas fazê-las de forma que os divulgadores interajam com a gente, peçam melhorias, dicas, compartilhem experiências de sucesso uns com os outros. A ideia é que possamos dar as melhores dicas do varejo brasileiro a fim de toda a rede crescer sustentavelmente.” O projeto, que já vem sendo desenvolvido há um ano e foi lançado em agosto último, já conta com cerca de mil lojas, além das centenas de interessados em fazer parte e começar a faturar. O assunto teve efetiva repercussão no Brasil e no mundo. Trajano lembra, ainda, que essa primeira fase é voltada para familiares de funcionários e, posteriormente, será aberta para pessoas interessadas a se cadastrarem, porém esse prazo ainda não está definido. A PSICOLOGIA EXPLICA: No F-commerce, o consumidor encontra menos barreiras para concluir sua compra – a oportunidade de comprar está literalmente a um clique de mouse. Assim, diminuem as chances de ele desistir no meio do processo e aumenta o apelo às compras por impulso. Ou seja, é tudo tão simples e rápido que a mente racional não tem tempo de entrar em ação, e o consumidor cede rapidamente à tentação do consumo. Fonte: Paul Marsden, A psicologia do consumo. A LikeStore (www.likestore.com.br) é outra empresa brasileira que lançou uma ferramenta que permite a usuários do Facebook no Brasil criarem sua loja virtual na rede social. Após um período de acompanhamento do mercado, foram detectadas algumas tendências do f-commerce. Segundo Gabriel Borges, idealizador e diretor da LikeStore, a visão de negócio é fazer com que consumidores possam divulgar produtos para seus amigos em redes sociais de maneira rápida e efetiva. Após constatar que no mercado americano a estratégia tornou-se sucesso absoluto, Borges imaginou que poderia estruturá-la no mercado brasileiro, uma vez que já temos social commerce e um país totalmente aberto à social media. A proposta no Brasil vem dando certo e diversas empresas vêm se interessando pelo f-commerce. Para se ter ideia, o serviço já superou U$ 1,6 bilhão no mercado americano. O recurso, que é gratuito, não cobra custo de ativação nem de manutenção. A geração de renda é comissionada de acordo com as vendas, com o sucesso do negócio do cliente, a LikeStore fica com 2% do valor de cada compra efetuada. No tocante à usabilidade da ferramenta, o empresário destaca a funcionalidade prática de um e-commerce natural, em que o usuário pode realizar pedidos, fazer cobranças e, além disso, tem a possibilidade de indicar outros amigos de sua rede de contatos. “Mesmo sem comprar, pode-se ‘curtir’ o produto, e isso aparece no mural. E se um amigo clica, ele cai diretamente na página do produto. Uma vez que essa dinâmica acontece, quando um amigo meu clica/curte posso acompanhar o que ele já comprou em outras vezes. Estamos falando de social media dentro de experiências de e-commerce”, explica. Já o trabalho de divulgação da ferramenta para as grandes empresas e, sobretudo, como tem sido a recepção para empresários mais tradicionais são outros dois pontos a serem levados em consideração. Gabriel reconhece que a ideia do e-commerce no país ainda não é maturada em sua totalidade. “É como se as empresas já enxergassem potencial, porém ainda não conseguiram desenvolver projetos nesse sentido. Com a plataforma para clientes da LikeStore temos visto grandes marcas apostarem e se darem bem pela facilidade e velocidade no ar, a exemplos do Hotel Urbano e da Joalheria Bernardes, que estão utilizando o serviço sem risco. A praticidade e a funcionalidade são destaques, uma vez que em menos de 48 horas você já consegue colocar no ar, vender seus produtos etc. Outra argumentação favorável se refere à dinâmica de uso do social media do brasileiro, que nesse quesito abraça a questão. O mercado brasileiro cresce a cada pesquisa realizada, com indicadores cada vez mais favoráveis.” Para 2012, Gabriel Borges acredita que o social commerce 87 > E-COMMERCE | WIDE | 111 E-COMMERCE COMO CRIAR UMA LIKESTORE? www.likestore.com.br Para criar uma LikeStore é necessário completar as seguintes etapas: 1 Permitir que o aplicativo da LikeStore acesse sua conta do Facebook: http://apps.facebook.com/likestore-admin 2 Cadastro dos dados da sua loja: você deve cadastrar o nome da sua loja, um breve descritivo e alguns dados para contato. 3 &RQȴJXUD©¥RGRVHXPHLRGHSDJDPHQWR os pagamentos realizados na loja serão recebidos através do MoIP. Para isso, você deverá criar uma conta MoIP para integrá-la à sua LikeStore. 4 $VVRFLD©¥RGDVXDORMDDXPDS£JLQDGR Facebook: a LikeStore funciona como um aplicativo associado à sua página do Facebook. 5 Escolha dos métodos de entrega: selecione quais métodos de entrega você vai deixar disponíveis para seus compradores. 6 Cadastro de produtos: por último, é só adicionar seus produtos para começar a vender. Aplicativo Curtir e Comprar Clique no botão “Permitir” para liberar o acesso da LikeStore à sua conta do Facebook. Confira o passo a passo completo de como montar uma Likestore no site da Revista Wide: www.revistawide.com.br - lá disponibilizaremos o tutorial para você aumentar suas vendas pelo Facebook. seja a grande aposta, ou, como ele mesmo diz, a plataforma “carro-chefe”. “Ora, criar um projeto para vender e este tornar-se sucesso é algo complexo, porém essa ideia tem o nosso total investimento e confiança. Penso que tudo que está relacionado à integração social media é a grande aposta para o mercado digital a partir do próximo ano. Temos uso de massa crítica de usuários no social media, onde há muitas oportunidades para desenvolvimento de iniciativas para outras operações, marcas etc. Já o social branding é uma tendência diferente. Trata-se de uma iniciativa ainda com poucas marcas explorando, e bem possivelmente veremos uma camada de inteligência de negócios atuando em cima do uso dessa questão”, alerta. Após o período de identidade da realidade situacional, levantamento de informações e execução do projeto-piloto, foi constatada outra importante informação: o crescimento de usuários da classe C e, por isso, Gabriel Borges aposta, também, nessa nova geração de movimento no cenário digital - por conta desse novo perfil de usuários, uma vez que pesquisas já confirmam que a classe C está comprando mais do que outras camadas sociais. Planejamento e experimentação também foram fatores fundamentais para que a ideia desse certo. No final de maio deste ano foi lançado o projeto-piloto de vendas pelo Facebook, em uma parceria com o Show de Ingressos, com venda de bilhetes para o show do Jack Johnson, em Recife. Já no mês de maio foi divulgada a proposta no ar aos interessados. Mais de 2100 pessoas se interessaram em abrir lojas, e destas houve conversão em 960 lojas montadas virtualmente – número expressivo e que comprovou o sucesso da iniciativa, superando as expectativas. Por fim, no dia 8 de agosto foi lançada em definitivo a plataforma. Meio de pagamento A incorporação das facilidades na LikeStore tornou-se possível por conta do desenvolvimento de um widget (uma interface que 112 | WIDE | 87 > E-COMMERCE integra, no caso, o sistema de pagamentos do MoIP ao Facebook) utilizado pelo serviço. A LOJADAREDESOCIAL.com também lançou no mercado de e-commerce o seu aplicativo de social commerce para o Facebook, cujo nome é “Curtir e Comprar”. O aplicativo permite que qualquer pessoa (física ou jurídica), no Brasil, instale gratuitamente uma loja virtual em apenas alguns minutos no Facebook. Uma das características mais importantes desse aplicativo é que ele possibilita ao consumidor final sua permanência no ambiente da rede social, tanto no momento da escolha do produto (compra) quanto na etapa do pagamento da mercadoria. Isso lhe permite não só compartilhar suas preferências com relação a determinados produtos, como também comentar acerca de suas qualidades, por meio da fruição das já conhecidas ferramentas do Facebook, tais como o botão “Like”. Por outro lado, o aplicativo ainda possibilita ao empreendedor (lojista) o controle total de suas vendas, já que possui um completo controle de pedidos, estoque de produtos, controle financeiro junto ao Gateway de Pagamento Moip, gerenciamento logístico junto aos Correios e notificações de vendas realizadas. Vale ressaltar ainda que todo lojista, ao criar sua loja virtual, ganha automaticamente uma URL do tipo “http://minhaloja.vendenaredesocial.com”, facilitando, assim, a divulgação dentro e fora do Facebook . “Na era das redes sociais, não há espaço para o amadorismo. Quem define se algo é bom ou ruim, excelente ou péssimo é o consumidor;, ou melhor, o e-consumidor. Ele fala mal ou bem da sua marca, ele pode vender ou não. Tudo depende do processo plantativo de quem priorizou cuidar de um bom produto e serviço no ambiente digital” Outras grandes empresas que já aderiram ao f-commerce: Coca-Cola Store Shop https://www.facebook.com/CokeStore?sk=app_189977524185 App Store https://www.facebook.com/AppStore?sk=app_373238694069 Starbucks https://www.facebook.com/Starbucks?sk=app_338375791266 87 > E-COMMERCE | WIDE | 113 114 | WIDE | 87 > E-COMMERCE 87 > E-COMMERCE | WIDE | 115 Compras SEGMENTADAS Por Thiago Almeida Felipe Brasil As chamadas “compras coletivas” já mostraram ao mercado e aos consumidores que não são apenas mais um modismo. Trata-se de uma estratégia eficaz que vem arrebatando diversos e-consumers em todo o mundo. Aqui no Brasil não é diferente. Porém, institutos de pesquisa e especialistas acreditam que poucas empresas conseguirão se destacar nessa “nova” empreitada do e-commerce. O desafio de sempre levar ao cliente uma nova e inédita oportunidade variada por dia já é realidade na Polishop, uma das mais eficientes e bem-sucedidas empresas de marketing direto da América Latina. No mercado desde 1995, é reconhecida pela criação de marcas de sucesso e pelo lançamento de produtos inovadores, em diversos segmentos. Para falar sobre o que a empresa vem desenvolvendo estrategicamente em compras coletivas, bem como seus diferenciais, hábitos de consumo de seus usuários, desafios do e-commerce em uma empresa multicanal, entre outras questões, convidamos Felipe Brasil, diretor de e-commerce na Polishop, formado em Administração de Empresas e atuante na área de e-commerce desde 1998. Felipe Brasil participou de projetos na Bosch desenvolvendo B2B, PlugUse B2C, ImportExpress B2C. 116 | WIDE | 87 > E-COMMERCE E-COMMERCE WIDE: Em 2010, os sites de compras coletivas chegaram ao Brasil, e já no mesmo ano viraram uma verdadeira febre entre os consumidores. Contudo, passado o “boom” inicial, o desafio dos sites era manter-se em um setor altamente competitivo. As compras coletivas segmentadas são, definitivamente, o diferencial para um setor tão disputado? FELIPE: O modelo de vendas coletivas ainda é muito novo e pouco explorado. São muitos os sites que se estabeleceram em um curto perí odo de tempo, entretanto poucos conseguirão se destacar. Por outro lado, quando olhamos para o tamanho do nosso mercado de serviços e produtos, vemos que ainda há muito a se explorar. Trabalhar segmentadamente será a forma de conseguir levar ao consumidor ofertas estruturadas, mas a grande atração criada pelas coletivas foi conseguir levar ao cliente sempre uma nova e inédita grande oportunidade variada por dia. Isso faz o consumidor se interessar por diferentes serviços e produtos. Quando segmentamos, passa a ser algo mais passivo do que ativo, o consumidor se interessa por um tema específico e o site passa a deixar de ser um consultor de variadas oportunidades. Vejo as segmentações como uma forma diferenciada e adicional ao modelo atual que vem a incrementar ainda mais as vendas por esse modelo. WIDE: Por parte das empresas, já existe essa consolidação de mercado, ou seja, o alcance de um nível maior de maturidade que diz respeito aos hábitos de consumo dos usuários? Se não, o que falta nesse processo? FELIPE: O modelo de voucher/cupom já foi uma grande quebra de paradigma no mercado brasileiro, que não tem o hábito de troca de cupom — ao contrário dos norte-americanos, que já possuem o modelo de cupom de troca enraizado em sua cultura. Originalmente, as compras coletivas ocorreram por meio da venda de produtos, mas no Brasil o grande ‘boom’ veio da oferta de serviço (restaurantes, hotéis, clinicas etc.). Recentemente, a venda de produtos passou a ter uma importante participação e, desde então, esse hábito vem mudando. A experiência é diferente quando o usuário compra um voucher para ser resgatado no local do estabelecimento e quando o voucher é trocado em um hotsite. A interação e a comunicação são mais distantes, e nesse ponto a Polishop faz um trabalho para que esse resgate do voucher no hotsite seja o mais agradável (friendly) possí vel, para que não surja qualquer tipo de dúvida. Quando há uma marca já consolidada no mercado por trás da oferta, essa oferta tende a ser mais aceita pelos clientes. WIDE: Algumas das principais críticas no que diz respeito ao nível de satisfação do consumidor são o número reduzido de ofertas em cada site e a baixa qualidade dos anúncios, que nem sempre explicam com clareza os detalhes da oferta. Quais são as estratégias funcionais para essa situação? FELIPE: Acredito que um dos pilares do sucesso das coletivas é a grande oportunidade, inédita, divulgada todos os dias. E a partir do momento que temos muitas grandes oportunidades, esse modelo deixa de oferecer uma grande oportunidade e vira uma loja com várias oportunidades, desfocando o consumidor da ideia de oportunidade única em pouco tempo. A Polishop tem a preocupação de desenvolver toda a comunicação das ofertas em conjunto com a equipe de criação do site de compra coletiva. É de extrema importância manter a comunicação que usamos, mostrando os benefícios do produto e aproveitando todo o material que temos de imagens e vídeos. A estratégia é ter uma página de apoio ao consumidor em todas as ofertas da Polishop, assim o cliente pode checar a descrição completa da oferta anunciada, fotos, dados técnicos e até o preço que ele é vendido fora da condição especial de compra coletiva. WIDE: Uma recente pesquisa da e-bit revelou que a classe C já representa 46,5% do e-commerce brasileiro. Ou seja, consumidores com renda familiar até R$ 3 mil cresceram 2 pontos percentuais em dois anos e já são metade do e-commerce brasileiro. O que isso significa para o mercado? FELIPE: O mercado precisa saber lidar com esse novo tipo de consumidor, que sai do varejo físico e começa a usar a internet como novo canal de compras. São hábitos diferenciados do que o mercado já estava acostumado a conviver, sobretudo em relação a comunicação, preços, produtos e marcas. O mais difícil não é conseguir a primeira compra do cliente da classe C, ele já está aí e é realidade; o difícil é mantê-lo como cliente ativo, efetuando compras regularmente. O laço com esse tipo de cliente tende a ser mais intenso, pois suas compras são feitas embasadas em comparação de preços, e os gastos são bem limitados ao orçamento da casa, ao contrário das classes A e B. 87 > E-COMMERCE | WIDE | 117 E-COMMERCE “buscamos sempre acompanhar o que existe de mais moderno nos principais mercados do mundo” ele possui projetos e braços em todos outros canais, ou seja, um complementa o outro. Além disso, apresento dois grandes cases de produtos que inserimos no mercado, que geraram novas categorias de produtos, o Juicer Philips e o Grill George Foreman. WIDE: A Polishop vende pela internet, por catálogo, tem loja própria, programa de televisão… Faça uma comparação da venda pela internet com os outros canais. WIDE: Como você enxerga a Polishop ao deparar-se com os desafios do e-commerce e das compras coletivas em uma empresa multicanal? FELIPE: Temos as coletivas como mais um novo canal, sem comprometer nosso posicionamento de oferecer produtos inovadores, atendimento diferenciado e tecnologia no processo. Encontramos uma forma de levar ao cliente de forma única, rápida e exclusiva a oportunidade de conhecer a Polishop. WIDE: A Polishop tem algum projeto que envolva compras coletivas segmentadas? FELIPE: Estamos em parceria com os grandes players de compra coletiva. Eles possuem todo o know-how para saber quando irão segmentar de fato as ofertas. Quando disponibilizamos uma oferta para ser veiculada em compra coletiva, já sabemos o público que iremos atingir com determinado produto e preço e criamos uma expectativa de vendas embasadas no perfil da base que será divulgada. WIDE: Em sua avaliação, hoje qual é o diferencial da Polishop em relação a outras empresas de varejo? FELIPE: A diferença da Polishop para qualquer empresa do varejo é que a inovação está em nosso DNA. Vendemos produtos inovadores e exclusivos. As novidades que talvez demorariam vários anos para chegar ao Brasil ou talvez nem mesmo chegassem, a Polishop estuda cada detalhe do produto para que possa entregar benefícios para o consumidor que nunca viu algo parecido no mercado nacional. Cada novo produto que incluímos em nosso portfólio é sempre um grande desafio. WIDE: Em sua palestra “Case POLISHOP: Desafios do e-commerce em uma empresa multicanal”, o que você apresenta e transmite para as pessoas? FELIPE: Em minha palestra, eu apresento que é possível uma empresa ser verdadeiramente multicanal e os canais não competirem entre si. Há concorrência de cada canal para dar ao cliente a melhor experiência de compra para que essa pessoa volte a comprar no mesmo canal. O e-commerce não está isolado na empresa, 118 | WIDE | 87 > E-COMMERCE FELIPE: A Polishop é uma só. O que damos ao cliente é a possibilidade de encontrar a Polishop onde ele estiver, seja assistindo TV ou folheando um catálogo, acessando a internet ou caminhando em um shopping. São públicos diferentes, mas que no fundo buscam algo inovador e sabem que a Polishop pode proporcionar esse anseio por novidades. A internet tem um grande diferencial positivo perante os outros canais, que é a rapidez de se trabalhar com os produtos de forma dinâmica, onde podemos incluir fotos e vídeos, resenhas e descrições que em outros canais são bem mais restritos e difíceis de fazer. Porém, a internet tem um ponto que limita sua venda para alguns consumidores, que é o toque no produto. Por mais que a internet disponibilize interatividade com os melhores vídeos e fotos do produto, ainda é uma tarefa difícil possibilitar ao consumidor a experiência do toque — e aí entram nossas lojas físicas para dar total assistência. WIDE: Qual será o grande “cheque-mate” para o mercado de compras coletivas no próximo ano? E qual é o futuro do varejo frente ao mercado de internet? FELIPE: Está provado que o modelo de compras coletivas on-line não será apenas uma onda de momento. Grandes empresas, a exemplo do Google, ainda estão se posicionando nesse mercado. Teremos brigas acirradas, aquisições e fusões de pequenos e médios sites por grandes empresas, pois temos um grande potencial de e-consumers que chegarão em peso em 2012. Os grandes varejistas já notaram que o futuro está no e-commerce, por isso a grande maioria já possui o canal de venda on-line. Vender on-line se tornou uma obrigação de toda marca e agora o jogo começou a ficar interessante, pois a necessidade é ser o melhor em usabilidade, qualidade de atendimento on-line e off-line e logística (este último é um grande problema no Brasil). WIDE: O que a Polishop tem de novidades para 2012? FELIPE: Temos grandes projetos sendo desenvolvidos visando a maior integração de diferentes canais de venda. Estamos sempre atentos a novas tendências e buscamos sempre acompanhar o que existe de mais moderno nos mercados mais aquecidos do mundo. 87 > E-COMMERCE | WIDE | 119 FARM Há exatamente 10 anos nascia, em Copacabana, no Rio de Janeiro, a primeira loja da Farm. Desde então, o bom desempenho da marca vem sendo comprovado com a abertura de pelo menos uma loja por ano. Por ser uma grife reconhecida, inclusive mundialmente, além de oferecer produtos de alta qualidade, a Farm tem como objetivo sugerir um estilo de vida. E sua filosofia se encaixa perfeitamente com o astral da mulher carioca, que adora a praia e a noite. Para compreender o quanto a Farm incorpora o lifestyle carioca, basta dar uma volta em suas lojas: as roupas, a infraestrutura dos espaços, os vendedores, as campanhas. É tudo a cara do Rio. “A loja online usou técnicas de programação que permitissem seu funcionamento tanto em PC como em dispositivos móveis” Marcello Póvoa Marcello Bastos e Marcello Póvoa Porém, com o turbilhão de novas tecnologias, a grife precisou acompanhar as tendências da moda também no mundo virtual. A inovação ao integrar as redes sociais, a criação de uma loja virtual forte, com atrativos dinâmicos e funcionais e a ideia de ser referência no mundo mobile (criando aplicativos para o iPhone e disponibilizando-os gratuitamente para as suas clientes) foram alguns dos fatores determinantes para que a Farm alcançasse tamanho sucesso também no mundo digital. Hoje, a empresa entende que ser digital não é um “meio”, mas sim uma atitude. E é essa estratégia que ajuda a reforçar o espírito jovem da marca, a conectar. Todo o conteúdo publicado contribui para a construção da imagem que as pessoas têm da marca, a entender o estilo de vida dela. Para falar sobre esse futuro multicanal da Farm, a Wide conversou com dois líderes do grupo, que deram valiosas dicas. O sócio-diretor da Farm Rio, Marcello Bastos – que conta detalhes do negócio da empresa e suas estratégias; e o sócio-diretor da MPP Interativa, Marcello Póvoa – que foi o responsável pela inserção da Farm no mundo virtual. Juntos, eles comprovam que a moda continuará alimentando sonhos e, não importa se na internet ou no mundo real, você precisa ter o compromisso de emocionar sempre. WIDE: A Farm é uma loja física que inovou ao integrar as redes sociais. Sucesso em vendas online, em apenas 45 dias de seu lançamento bateu R$ 1 milhão em vendas, passando ao posto de unidade mais rentável entre todas as 35 lojas da rede da grife carioca. O que você considera ter sido o fator mais importante para tais conquistas? MARCELLO BASTOS: Seria difícil eleger apenas um fator, pois acredito que o sucesso seja resultado de uma série de esforços nesse projeto. Há bastante tempo, desenvolvemos um forte trabalho de redes sociais e conteúdo na web. Desde os tempos do Orkut, até a criação do blog “adoro!farm” — que foi o primeiro de uma marca de moda no nosso segmento — passando pela rádio no site, o Tumblr e Twitter. Com isso, a marca foi conquistando uma ampla audiência até o lançamento do e-FARM. Quando lançamos a loja virtual, já tínhamos um grande fluxo no site e muitos seguidores da marca. Sem dúvida, isso ajudou muito a alcançarmos esses resultados, mesmo sem ter feito campanha online e ativação fora da nossa base e da nossa rede. Mas, o fato de ser um projeto inovador, com uma exposição de produto diferenciada, integrado com as redes sociais e bastante alinhado com o branding da marca, não pode ser desconsiderado. WIDE: Acreditamos que para conseguir o sucesso alcançado, a Farm e a MPP tiveram diversos momentos de planejamento e estratégia, que envolveram, inclusive, muita tecnologia. Quais sistemas e plataformas a MPP Interativa desenvolveu? MARCELLO PÓVOA: A união harmônica entre estratégia e tecnologia foi definitivamente fator crítico de sucesso para a e-FARM. O sistema da MPP Interativa está sendo desenvolvido internamente há três anos tendo como base .NET, estando, assim, em uma versão extremamente sólida e ao mesmo tempo com flexibilidade operacional. O grande diferencial do nosso sistema é a sua capacidade de integrar a operação de ponta a ponta, desde o lançamento do produto pelo ERP, faturamento fiscal até a conciliação bancária sem intervenção humana. WIDE: Qual a forma encontrada para uma rede de lojas físicas investir em uma loja virtual de maneira planejada para manter a integração do branding online e offline? MARCELLO BASTOS: Não importa o caminho, ela precisa estar alinhada com a estratégia do negócio, com a identidade da marca, ou seja, com o mundo real. Por exemplo, sempre tivemos um alto critério de seleção dos pontos de vendas como forma de blindagem da marca. Quando lançamos a loja virtual, começamos com ela fechada, restrita apenas para clientes do programa de relacionamento e suas amigas. Sempre tivemos a imagem no mercado de 87 > E-COMMERCE | WIDE | 121 ter vendedoras lindas, com a cara do Rio. Sendo assim, toda a nossa exposição de produtos é feita em modelos igualmente belas (e não somente as peças em still ou no manequim), como uma representação das nossas vendedoras. MARCELLO PÓVOA: A definição de branding vai muito além da identidade visual, significando toda a percepção que o consumidor tem de uma marca e seus produtos. Ou seja, existem muitos aspectos que são intangíveis numa equação de branding, a exemplos de inovação, criatividade, ser “cool”, credibilidade, qualidade. E a Farm tem essas características atreladas à sua marca. Assim, o projeto online tem a finalidade de absorver todas essas características do mundo offline e, ainda, agregar o valor para as consumidoras na web. Para tal, é fundamental uma solução de tecnologia robusta e ao mesmo tempo flexível. WIDE: A marca se destacou também no mundo mobile, tornando-se uma das primeiras empresas brasileiras no setor de moda a lançar um aplicativo no iPhone e disponibilizá-lo gratuitamente para as suas clientes. O aplicativo conta com informações da coleção, downloads de papel de parede, imagens do look book atualizado, vídeos, localizador de lojas via Google Maps e acesso a uma versão exclusiva ao blog “adoro!farm”. Comente essa tendência. MARCELLO BASTOS: Sempre procuramos trabalhar com inovação. Nos produtos, na arquitetura e experiência no ponto de venda, nas ações de marketing e nas tecnologias. Isso mostra conexão com o público jovem, que está sempre em busca da “próxima novidade”. Foi assim também ao disponibilizar iPads nas lojas antes mesmo deles começarem a ser vendidos aqui, e também o primeiro aplicativo de moda no Brasil, o primeiro blog de marca, o primeiro Thumblr, a primeira rádio online com setlists personalizados… Isso faz parte do nosso posicionamento de marca. WIDE: Para que esse processo de construção da entrada no mobile alcançasse o resultado esperado, o que foi desenvolvido em termos de aplicativos e projetos tecnológicos? MARCELLO PÓVOA: A loja online usou técnicas de programação que permitissem seu funcionamento tanto em PC como em dispositivos móveis. A ideia inicial é que a loja funcione nos principais navegadores, nos principais sistemas operacionais PC e mobile. Além disso, evitamos o uso de Flash, devido à sua não interpretação pelos sistemas mobile da Apple. WIDE: Criar o design de um projeto de e-commerce que precisa gerar resultado em vendas e, ao mesmo tempo, manter a identidade lúdica da marca. Como encararam esse desafio? MARCELLO BASTOS: Esse processo foi realmente desafiador. E continua, pois estamos sempre fazendo melhorias, aperfeiçoando, aprendendo com os erros — por meio de pesquisas de usabilidade, feedbacks, mas era uma premissa. A marca sempre se propôs a fazer as coisas de forma inovadora, sem vitrine nas lojas, com lançamentos de coleção diferentes do calendário do varejo tradicional. As clientes esperavam isso e tivemos que encontrar a melhor forma de realizar. WIDE: Com tantos desafios na compra online, quais foram os segredos para não sair do foco e dos objetivos propostos pela Farm? MARCELLO PÓVOA: Manter o aspecto lúdico na experiência de 122 | WIDE | 87 > E-COMMERCE compra online não é uma preocupação somente da Farm, mas de todas as marcas de moda sérias no mundo. A internet tem a vantagem da facilidade no acesso aos produtos, em qualquer dia, qualquer hora e qualquer lugar. No entanto, o ambiente da loja web tem de proporcionar algum nível emocional na experiência de compra, afinal estamos falando de moda, e não de livros ou computadores. A solução para essa questão foi alcançada por meio de um branding online muito bem resolvido, fotos focadas em atitude, um navegação baseada em “cloud tag” e uma plataforma de e-commerce que permite um compra exploratória rica, fácil e integrada com redes sociais — onde há intensa troca de informações. A soma desses fatores conseguiu fazer a experiência de compra mais humanizada e menos mecânica na percepção final da consumidora Farm. Cloud Tag ( n u ve m d e p a l av ra s , o u l i s t a p o n d e ra d a e m design visual) é uma representação visual de dados de texto, normalmente utilizado para descrever metadados palavrachave (tags) em sites, ou para visualizar o texto de forma livre. ‘Tags’ geralmente são palavras simples, normalmente por ordem alfabética, e a importância de cada tag é mostrado com o tamanho da fonte ou cor. Quando usado como site de auxílio à navegação, os termos são hiperligações para itens associados com o tag. WIDE: A exclusividade para participar da loja virtual, sendo restrita apenas a clientes que se cadastram nas lojas físicas ou convidados, mostrou-se efetiva para manter o padrão de qualidade e exclusividade que as consumidoras da marca desejam? Por que exatamente optaram por esse caminho? MARCELLO BASTOS: Além de estimular o desejo, a vontade de fazer parte daquilo — o que também acreditamos que tenha sido um fator determinante para o sucesso inicial — essa restrição nos ajudou a controlar o volume de transações realizadas, de forma que fossem aumentando gradativamente. A abertura da loja foi feita de maneira escalonada, convidando aos poucos fatias da nossa base de clientes, que hoje ultrapassa os trezentos mil. Havia uma altíssima demanda reprimida, e nós não tínhamos como prever o que poderia acontecer ao abrir para todo mundo de uma vez. Não tínhamos certeza do volume, das necessidades de BackOffice, tanto que, por mais que tudo tenha sido extremamente planejado, ultrapassamos as expectativas. Naquele momento, não queríamos que nada desse errado. Depois, a loja passou a ser restrita às pessoas que já faziam parte do programa de relacionamento com cadastro feito nas lojas físicas ou por meio de uma indicação. Hoje, o cadastro já pode ser feito online. WIDE: Com a sua experiência, entrar no mercado e-commerce tornou-se, de fato, a grande tendência? MARCELLO PÓVOA: O mundo da moda demorou um pouco a entrar no e-commerce, se comparado a outros segmentos de varejo. No entanto, a tendência agora é definitivamente montar operações online. O retorno positivo de cases como o da Farm é uma prova de que as pessoas compram roupas e acessórios na web com total conforto. 87 > E-COMMERCE | WIDE | 123 Web & business Rafael Esberard S-commerce: ser social é vender da melhor forma Quando falamos da “revolução digital”, muitos profissionais das áreas de negócios ou estratégia de uma empresa não percebem, ou mesmo esquecem, que hoje um dos reflexos mais importantes dessa revolução não é simplesmente a transformação de mercados e da forma de fazer negócios, mas sim uma transformação muito mais forte e intensa que está por trás disso. Trata-se da revolução social, em que todas as sociedades do mundo estão fazendo parte diariamente ao usar a internet. Acredito que todos que já navegam e participam ativamente da web já conhecem muito bem seu lado social. Tenho certeza, ainda, que muitos conhecem até pessoas que só estão na web devido ao fator social que ela atualmente representa, ou seja, para conversar, ver fotos, contar e ler novidades sobre outros e dezenas de outras atividades sociais. Deixando de lado a nostalgia, fiz essa revelação para que meu leitor entenda a seguinte verdade que sempre esteve presente na internet: ela é um veículo social. Desde canais de chat em mIRC a salas de bate-papo online na web, passando por instant messengers e chegando a grandes plataformas segmentadas de redes sociais, esse é e sempre foi o grande “boom” da internet: o social. Infelizmente, não tenho esse dado e não sei se essa pesquisa já foi realizada, mas tenho uma certeza: se fosse feita uma pesquisa a todos os bilhões conectados atualmente perguntando qual foi a motivação para começar a usar a internet, a maioria esmagadora revelaria que foram motivações sociais. Porém, quantas empresas realmente entenderam que a internet é muito sobre ser social e fazem esforços para se enquadrarem desta forma na web? Quantas entenderam que não é uma interrupção na relação social que a pessoa está tendo ao usar a web, não ser apenas uma utilidade que está ali orbitando as verdadeiras intenções e uso do seu público? Ultimamente, tenho ouvido falar muito sobre social commerce, ou s-commerce. No início desse ano, alguns de nossos clientes aproximaram-se com questionamentos em relação a isso e me coube a função de estudar sobre o que seria essa influência ou tendência do mercado. Uma grata surpresa que tive foi a constatação que s-commerce seria justamente o que sempre acreditei que um negócio na internet deveria ser, algo engajado no relacionamento social que cada um dos clientes da empresa fazem diariamente na web. Sendo assim, a conclusão de nossos estudos revelou que quando transformamos o relacionamento 124 | WIDE | 87 > E-COMMERCE comercial do cliente com a empresa em algo social, estaremos executando uma estratégia s-commerce. Certamente, isso desencadeia uma série de ideias e estudos a serem feitos, contudo o que mais tem confundido muita gente é pensar que apenas ter uma integração do seu e-commerce com uma rede social não é uma prática de s-commerce, muito menos apenas vender, por exemplo, dentro do Facebook. Isso não significa que você está fazendo s-commerce. Inclusive, você pode estar fazendo a pior invasão e interrupção possível no ambiente social de seu cliente. Se sua empresa está apenas invadindo o lado social dos seus clientes sem uma estratégia de informação, comunicação e relacionamento social: PARE. Você não está fazendo o tão desejável social commerce. Entende-se, então, o social commerce como o resultado de um caminho social a ser percorrido por uma empresa na web. Não adianta apenas acreditar que a partir de amanhã sua empresa estará habilitada a uma ação de social commerce sem nunca ter se inserido antes dessa forma na vida de seus clientes na web. Já temos alguns cases de estratégia de social commerce tendo muito sucesso, de empresas que aprenderam primeiramente a ouvir o lado social da web, depois aprenderam a falar e se relacionar com o lado social e, em uma resultante final, passaram a oferecer seus serviços e vender dentro desse relacionamento. Essa deve ser a meta. Para concluir, acredito que o s-commerce não é o objetivo final, mas sim uma grande meta a ser alcançada pelas empresas para aprenderem a se relacionar da forma certa na web com seus clientes atuais e futuros. Está chegando uma geração de consumidores que já deram seus primeiros passos navegando e participando de uma web social. Aprender a se relacionar e criar a verdadeira lealdade e fidelidade desses clientes obriga todas as empresas a se enquadrarem em um conceito nunca antes trabalhado na rede: ser social ou não fazer mais parte da vida de muitos. O desafio está lançado. Rafael Esberard Trabalha há 15 anos com internet, é consultor de novos negócios para grandes e médias empresas com foco na estratégia de novos empreendimentos no mundo digital, em específico, e-commerces. Fundou a AWM Interactive há 10 anos, empresa especializada em desenvolvimento de e-commerce, e, em 2010, fundou a Hubee, empresa de consultoria, empresa de consultoria com foco no preparo, ROI e melhoria de empreendimentos de e-commerces. Possui graduações e pós nas áreas de Gestão da TI, é palestrante e professor de pós-graduações nas áreas de negócios e estratégias na web. E-MAIL: [email protected] 87 > E-COMMERCE | WIDE | 125 E-COMMERCE E-commerce Mariano Faria Foco na recompra: o jogo será ganho nesse campo Esse é um tema que parece não sair de moda. Onde focar os esforços? Considero o tripé de uma operação de e-commerce como: 1) o marketing com a responsabilidade de trazer fluxo de usuários para a loja — medido por meio do ROI. 2) o comercial (gestor da loja) que tem o objetivo primário de fazer com que a loja converta mais — medido por meio da conversão. 3) o operacional, que deve entregar a mercadoria vendida no prazo vendido — medido por meio da qualidade de entrega. 126 | WIDE | 87 > E-COMMERCE Desses três sustentáculos de uma operação de e-commerce, a questão operacional é conhecida e já resolvida. Virou commodity. Todos sabem onde todos operam. Todos sabem como todos operam. Todos sabem os fornecedores de ERP e logística dos demais concorrentes. Uma hegemonia entre a cadeia de suprimentos se criou. E isso é bom, pois grandes empresas podem surgir daí e, com isso, sustentar o grande crescimento que esse mercado terá nos próximos anos (não se assustem se ainda este ano algumas delas forem vendidas para empresas estrangeiras, que estão literalmente açoitando o mercado brasileiro). Embora conhecida, ainda é a questão que mais atravanca o crescimento sustentável do e-commerce brasileiro. É também o tema que deve ser mais profundamente discutido entre os governantes e líderes do setor, se estes estiverem com interesse de garantir a projetada linha de crescimento do comércio eletrônico. A questão de marketing ainda é, sim, um grande diferencial, porém, hoje, um diferencial menor do que foi nos últimos três anos. O gargalo em preço dos grandes portais, como Terra e UOL, e a facilidade de uso de ferramentas como Google e BuscaPé arbitraram essa competência. Os valores de ROI de cada empresa são cada vez mais conhecidos pelo grande público e cada vez mais uniformes. Empresas que estão se destacando são aquelas que estão descobrindo maneiras de atrair consumidores sem depender do grande canal de publicidade online. Estas são as empresas que serão as grandes ganhadoras. Veja o exemplo da ASOS (ASOS.com), que pratica frete grátis para o mundo inteiro. Muitos questionam se a política é sustentável. Quem sou eu para julgar. Julgo a capacidade de uma empresa sem qualquer investimento em publicidade me fazer escrever dela em uma revista brasileira a mais de dez mil milhas de distância da sua sede. Isso tem um valor. Isso é ser notável. Assim foram construídas empresas como Amazon e Zappos — esse tipo de criatividade ou agressividade que vemos pouco aqui nos varejistas brasileiros. Somos bons e muito bons em copiar, mas ainda sinto falta da criatividade brasileira em inovar no e-commerce. Na última coluna, citei o caso da Tesco na Coreia com a marca Homeplus (buscar “home plus tesco” no YouTube) e, para minha surpresa, a vice-presidente global de meios de pagamento do Google, no seu discurso do Shop.org, no mês de setembro, apresentou esse mesmo vídeo para quatro mil participantes do evento, em Boston. Veja como uma simples campanha de um “É fundamental que você acompanhe de forma online os principais KPIs da sua empresa. Eu considero o mais importante deles o Índice de Recompra da Loja. Portanto, compre uma TV e divulgue para toda a empresa esse índice” coreano pode tomar o mundo e chegar a ser ícone no maior evento do setor. Quando teremos uma campanha brasileira estampada como case no Shop.org? Quem será o varejista agressivo a fazer uma coisa inovadora? Enfim, nessa questão do marketing acredito que as agências devam se tornar mais técnicas e as empresas de tecnologias, mais agências. Poucas são as agências que conhecem a fundo ferramentas de teste A/B, poucas são as que utilizam esses recursos (e não o exercício da fé) e o apoio da estatística para ajudar o varejista a tomar decisão. Desafie suas agências: Por que não usar o Google Optimizer, uma vez que essa ferramenta é gratuita e pode aumentar em 20% seu faturamento? O marketing estará cada vez mais para o lado técnico. E já me contradizendo, cada vez mais na criatividade. Ou seja, o papel mediano de fazer mídia e anunciar em Google Adwords deveria ser gratuito! O trabalho de verdade é o que sempre foi. Hard work! Queimar a mufa! Competição entre agências! Em um caso real de um grande varejista, o ROI da campanha era X e, após a contratação de uma segunda agência para instigar a competição, o ROI foi para 2,5X. Nada que o prenúncio da perda de uma das grandes contas não faça com que a criatividade do ser humano apareça. Enfim, foque seus esforços em marketing na questão estrutural. DICA: capte e-mail dos clientes de todas as formas possíveis. Confira o caso da loja Woman Within (WomanWithin.com), que possui uma taxa de conversão de 18,8% (isso mesmo! Não foi erro de impressão). Essa loja, de forma muito simpática, capta o e-mail do cliente em todas as páginas do site. E, por exemplo, no home, mais de cinco vezes. Agora, sobre a questão da conversão, é aqui que suas apostas devem ser feitas. Sua loja ganhará o jogo se converter mais que a outra. Vamos fazer uma simples conta. Se você possui uma loja com conversão de 2,5% e um concorrente apresenta conversão de 1,5%, considerando que se você possui a mesma capacidade de marketing e logística e investir 100 mil reais e o ROI de sua campanha gerar venda de 500 mil, a venda de seu concorrente será 300 mil (relação da capacidade de conversão de seu concorrente, 1,5% sobre a sua, 2,5%). Ou seja, 1% a mais na conversão é muito dinheiro! E, às vezes, conversão é uma questão somente de layout e interface. O profissional dedicado a controlar a conversão é aquele que ajusta os estoques, que controla as coleções, que coloca as promoções, ou seja, o que o varejo entende como gestor de categoria. No meu entender, esse profissional alinhado a um conhecimento técnico e matemático transforma-se em um gestor de conversão de altíssimo nível. DICA: foque seus esforços em entender o funil de vendas da sua loja e ver onde perde maior número de usuários. Mude a tela onde perde usuários (faça teste AB) e verifique a performance. Verá que às vezes uma simples alteração de cor ou de texto pode fazer uma grande diferença na conversão. Não espere que sua agência ou empresa de plataforma faça isso. Invista nos seus profissionais. Só você poderá fazer com que sua empresa se movimente. Na próxima coluna, me dedicarei a trabalhar muito com a questão da conversão. Abraços e boas vendas. Conclusão: uma loja de e-commerce deve contar com um gestor que possua três gerentes, cada um demissionário em uma das áreas apontadas anteriormente. Cada gerente possui um KPI: ROI (para medir o marketing), Conversão (para medir a loja) e um índice de SLA, para mediar a qualidade da expedição. Com esses três indicadores de forma online na parede, você tem sua loja de comércio eletrônico na mão. Ps.: Que deus nos ajude no apagão logístico. Que venha a concorrência gringa, por favor! Vos suplicamos! Assinado: indústria brasileira de comércio eletrônico. Mariano Gomide de Faria Diretor executivo da empresa de tecnologia Vtex, membro do conselho de administração do E-commerce Summit e presidente do conselho da Estação do Vinho. E-mail: [email protected] 87 > E-COMMERCE | WIDE | 127 E-COMMERCE Cadastre-se GRÁTIS para participar de fóruns, publicar e compartilhar artigos, cadastrar vagas ou enviar seu currículo! 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