PAMELA CAROLINA CRUZ EBBING “Avaliação da função tímica e de células T reguladoras em células mononucleares de sangue periférico associada à avaliação de marcadores de ativação, proliferação e morte celular em pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico” Introdução: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune com patogênese indefinida. Alterações imunológicas caracterizadas pela perda dos mecanismos de autotolerância e alterações na população de células T são alterações centrais na doença. O timo é o órgão responsável pela maturação dos linfócitos T, sendo que a análise da função tímica pode ser realizada mediante a quantificação dos níveis de TREC (círculos excisados pelo rearranjo do TCR) em sangue periférico. No entanto, os níveis de TREC podem ser afetados por outros fatores como ativação e proliferação periférica de linfócitos T e morte celular. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo avaliar os níveis de TREC e as células T reguladoras (TREG) (CD4+CD25+FOXP3+) em mononucleares periféricos de pacientes com LES em atividade e fora de atividade, bem como as taxas de ativação (CD38, CD69, HLADR), proliferação (Ki67) e apoptose (7AAD, Anexina V) dos linfócitos T. Métodos: Foram incluídos 42 pacientes com LES ativo, 55 com LES inativo e 55 controles pareados para idade e sexo. Os níveis de TREC em sangue periférico foram avaliados por PCR em tempo real, enquanto análises de ativação recente (CD38 e CD69), ativação tardia (HLADR), proliferação (Ki67) e morte celular (7AAD, anexina V) em linfócitos T auxiliares (CD3+CD4+) e citotóxicos (CD3+CD8+), foram realizadas por citometria de fluxo, assim como a quantificação das células TREG. Resultados: As taxas de linfócitos CD4+ expressando marcadores de ativação (CD3+CD4+CD69+ e CD3+CD4+HLADR+) e proliferação (CD3+CD4+KI67+) foram significantemente maiores nos pacientes com LES ativo e fora de atividade quando comparados a controles. Não houve diferença significativa na expressão de CD3+CD4+CD38+ entre os grupos. Já a análise da expressão de marcadores de ativação recente (CD38), tardia (HLADR) e proliferação (KI67) em linfócitos T citotóxicos (CD8+) mostrou taxas significantemente maiores de todos os marcadores em pacientes com LES ativo quando comparados a pacientes com LES inativo e controles. A expressão de CD69 em linfócitos CD8+ foi significativamente maior nos grupos LES ativo em relação a controles e significativamente igual entre LES inativo e controle. Não houve diferença significativa nas taxas de necrose celular (7AAD-) e de apoptose recente em linfócitos T citotóxicos (7AAD-CD3+CD8+Anexina V+) entre os três grupos. As taxas apoptose recente em células CD4+ (7AAD-CD3+CD4+Anexina V+) foram significantemente maiores em pacientes com LES ativo quando comparados a controles e LES inativo. Observamos níveis significantemente menores de cópias de TREC/µg DNA nos grupos com LES ativo e LES inativo quando comparados a controles. Não houve diferença significativa no número de cópias de TREC/µg DNA entre LES ativo e LES inativo. Além disso, não houve correlação significativa entre os valores de TREC e os marcadores de ativação, proliferação e apoptose em linfócitos T. Não observamos diferenças nos valores de TREG entre os grupos estudados. Conclusões: No presente estudo observamos diminuição significativa no processo de geração de linfócitos T no timo, representado pelos níveis de TREC em sangue periférico, assim como anormalidades periféricas caracterizadas por hiperativação de linfócitos T com maiores taxas de proliferação e morte celular em linfócitos T de pacientes com LES em atividade. Apesar dos pacientes com LES apresentarem maiores taxas de proliferação e apoptose de linfócitos T, tais achados não se correlacionaram com a queda da timopoiese nesse grupo. Estudos futuros englobando as análises realizadas neste estudo com outros fatores que podem influenciar os níveis de TREC são necessários para um melhor entendimento do papel do timo no LES.