III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Agronomia RECIPIENTE E SUBSTRATO NA GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INICIAL DE AMORPERFEITO (Viola x wittrockiana) Kelli Pirola1*, Aline Mascarello1, Cristiano Hossel2, Marcelo Dotto1, Sandro José Paixão3, Angélica Signor Mendes4, Américo Wagner Júnior4 1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois Vizinhos. Acadêmico do curso Superior de Tecnologia em Horticultura. e-mail: [email protected] 2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois Vizinhos. Acadêmico do curso de Engenharia Florestal. 3 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Dois Vizinhos. Acadêmico do curso de Zootecnia. 4 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Dois Vizinhos. Professor. e-mail: [email protected] Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do substrato e do tamanho do recipiente na germinação e desenvolvimento inicial de amor-perfeito. O trabalho foi realizado na UTFPR – Campus DV. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, em fatorial 3 x 4 (tamanho de recipiente x substrato), com quatro repetições, considerando-se como unidade experimental, 4 recipientes. Foram usados como recipientes tubetes pequenos redondos (12 x 2,5 cm), médios redondos (14,5 x 3,5 cm) e grandes redondos (20 x 5 cm). Quatro tipos de substratos foram utilizados, Plantmax, Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 (1:1:1 v/v), Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 2 (1:1:1 v/v) e Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 + Cama de frango 2 (1:1:1:1 v/v). As camas de Frango utilizadas foram diferenciadas de acordo com o material utilizado em sua composição, sendo a primeira e segunda compostas por maravalha e serragem, respectivamente. As avaliações foram realizadas 63 dias após a instalação do experimento, sendo analisados, a germinação, comprimento total, altura e a massa da matéria seca das plantas. Recomenda-se o uso do recipiente pequeno com Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 + Cama de Frango 2 para germinação de sementes e tubetes médios e grandes contendo os substratos Plantmax, Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 e Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 2 para o desenvolvimento inicial de plantas de amor-perfeito. Palavras-chave: propagação sexuada, planta ornamental, mudas Introdução O amor-perfeito (Viola x wittrockiana), apesar de ser uma planta ornamental perene, é cultivado como anual, pois perde a beleza, característica das plantas novas. Está espécie tem grande potencial de uso no paisagismo, sendo mais bem adaptada a regiões mais frias, como no sul do país. Tradicionalmente, seu cultivo se dá em maciços densos e em canteiros a meia-sombra, sendo sua propagação realizada por sementes (Pilla et al., 2006). O êxito na produção de mudas por sementes, de qualquer cultura, depende de vários fatores, entre os quais está a utilização de sementes de boa qualidade e as escolhas, do melhor substrato e recipiente. Estes fatores exercem grande influência sobre a emergência de plântulas e na formação de mudas de boa qualidade. Inúmeros materiais podem ser empregados como recipiente e substrato. Porém, deve-se levar em conta a disponibilidade e custo de ambos e, as características físico-químicas do substrato (Nicoloso et al., 2000). Quanto à escolha do substrato, é difícil encontrar aquele que, sozinho atenda a todas as exigências da planta a ser cultivada (Wagner Júnior et al., 2006). Isso leva a formulação de misturas nas quais se tenta obter o maior número possível de características desejáveis para produção de mudas. Normalmente, a mistura de materiais orgânicos ao substrato favorece na melhoria das características químicas, físicas e biológicas, de modo a criar ambiente mais adequado para o desenvolvimento das raízes e da planta como um todo (Casagrande Júnior et al., 1996). Contudo, ainda não se tem um material ou mistura de materiais que é considerada universalmente válida como substrato para todas as espécies. Segundo Pasqual et al. (2001), mesmo que um substrato possa não reunir UTFPR - Campus Dois Vizinhos III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Agronomia todas as qualidades necessárias para produção de mudas de qualidade, deve-se selecionar aquele que reúne o maior número de vantagens, sendo estreitamente relacionado à eficiência do sistema de propagação e da viabilidade de uso de recipientes. Para isso, torna-se necessário a realização de estudos que demonstrem qual melhor tipo de substrato e recipiente para o mesmo, na produção de mudas de amor-perfeito. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do substrato e do tamanho do recipiente na germinação e desenvolvimento inicial de amor-perfeito. Material e Métodos O trabalho foi realizado no viveiro de produção de mudas da Estação Experimental da UTFPR – Campus Dois Vizinhos – Paraná. Foram utilizadas sementes comerciais de amor-perfeito (Viola x wittrockiana Gams.). As sementes foram retiradas das embalagens, nas quais são comercializadas, sendo posteriormente semeadas 3 sementes por recipiente, a profundidade de 0,5 cm. Foram usados como recipientes, tubetes pequenos redondos (12 x 2,5 cm – 6 estrias), médios redondos (14,5 x 3,5 cm – 8 estrias) e grandes redondos (20 x 5 cm – 8 estrias). Quatro tipos de substratos foram utilizados, sendo estes, Plantmax (S1), Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 (1:1:1 v/v) (S2), Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 2 (1:1:1 v/v) (S3) e Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 + Cama de Frango 2 (1:1:1:1 v/v) (S4). As camas de frango são diferenciadas de acordo com o material utilizado em sua composição, sendo as camas 1 e 2, compostas por maravalha de Pinus sp. e serragem, respectivamente. As características químicas dos substratos são apresentadas na Tabela 1. Após a germinação, as plantas foram desbastadas, deixando apenas a mais vigorosa por recipiente plástico. A irrigação foi ministrada diariamente, com maior freqüência nos primeiros dias após a semeadura. A temperatura média foi de 23,19 ± 0,81 ºC. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, em fatorial 3 x 4 (tamanho de recipiente x substrato), com quatro repetições, considerando-se como unidade experimental, cada lote de 4 recipientes. As avaliações foram realizadas 63 dias após a instalação do experimento. As variáveis analisadas foram germinação (%), altura e comprimento total das plantas (cm) e a massa da matéria seca das plantas (g). Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey (p ≤ 0,05), por meio do programa computacional SANEST. Os dados das porcentagens de germinação foram transformados segundo arco seno x / 100 . Já os demais dados não sofreram transformação. Para determinação do comprimento total e altura das plantas, as mesmas foram retiradas dos substratos, cuidadosamente, lavadas em água e medidas com auxílio de uma régua graduada em centímetros. Posteriormente, para obtenção da massa da matéria seca, as plantas de cada tratamento e repetição foram colocadas em envelopes de papel e transferidas para estufa com circulação de ar a 60°C, permanecendo até atingirem peso constante, sendo assim obtido em 72 horas. Resultados e Discussão A interação, tamanho de recipiente x substrato, mostrou-se estatisticamente significativa em todas as variáveis analisadas, exceção apenas para altura das plantas. Pelos resultados obtidos na Tabela 2, verificou-se que nos substratos S1, S2 e S3 não houve diferença entre as médias de germinação nos três tipos de recipientes testados. Entretanto, no substrato S4, a maior média foi obtida com o recipiente pequeno, atingindo 100 % de germinação, seguido pelo de tamanho médio (72,98 %) e grande (58,70 %) (Tabela 2). Esta resposta é favorável UTFPR - Campus Dois Vizinhos III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Agronomia para o viveirista, uma vez que com menor volume deste substrato houve máxima germinação, reduzindo no custo final da produção da muda. Segundo Kämpf (2000), o tipo de recipiente pode influenciar nas características físicas do substrato, sendo que, quanto menor a altura do recipiente, mais difícil será a drenagem do substrato. Neste sentido, acredita-se que, as características físicas do substrato S4 proporcionaram menor perda de água no recipiente pequeno em comparação aos demais (médio e grande), favorecendo para maior germinação das sementes. A água é necessária para re-hidratação dos tecidos da semente, com isso, ocorre intensificação da respiração e de todas as outras atividades metabólicas, que culminam com o fornecimento de energia e nutrientes necessários para a retomada do crescimento do eixo embrionário (Carvalho & Nakagawa, 2000). Comparando-se as médias de germinação em cada recipiente, verificou-se que no recipiente médio e grande houve semelhança estatísticas entre os quatro substratos utilizados. Por outro lado, no recipiente pequeno, o maior valor foi obtido com S4, porém este, não diferiu estatisticamente do S3 (Tabela 2). Em ambos os substratos (S3 e S4), havia em sua composição a serragem, o que pode ter favorecido para maior retenção de água, devido as características físicas deste material (menor diâmetro de partícula). O mesmo fato foi observado por Klinghaman & Jaster (1982), no qual observaram tendência de redução na germinação de oito espécies floríferas anuais, em substratos de maior granulometria. Em relação ao comprimento total e massa de matéria seca das plantas (Tabelas 3 e 4, respectivamente), observou-se que as médias assemelharam-se estatisticamente entre si, quando se comparou os quatro substratos nos recipientes de tamanho médio e grande. Já dentro do recipiente pequeno, os maiores comprimento total e massa da matéria seca das plantas foram obtidos com S4, S3 e S2 (Tabela 3) e, S4, S3 e S1 (Tabela 4), respectivamente. Como o crescimento da parte aérea das plantas não diferiram-se estatisticamente entre si, suspeita-se que o maior crescimento das plantas obtido no S4, S3 e S2 (Tabela 3) possam estar ligados ao uso de cama de frango na composição destes, aumentando-se o pH dos mesmos para valores considerados altos para substratos, o que prejudica na absorção dos micronutrientes (Kämpf, 2000). Com isso, uma das estratégias da planta pode ter sido de alongar o crescimento radicular, buscando-se alguma área em que fosse possível absorver estes nutrientes. Segundo Taiz e Zeiger (2004), a habilidade das plantas em obter nutrientes minerais está relacionada à sua capacidade de desenvolver um extenso sistema radicular. Já o maior desenvolvimento radicular, analisado por meio da massa de matéria seca, no S4, S3 e S1 dentro do recipiente pequeno, pode estar ligado aos maiores valores de P, CTC e MO presentes nestes substratos (Tabela 1). Nos substratos S2, S3 e S4, as médias do comprimento total das plantas, nos três recipientes não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 3). Contudo, no substrato S1, o maior comprimento total das plantas foi obtido com o recipiente grande, sendo este semelhante estatisticamente daquele de tamanho médio. Segundo Bezerra (2003), recipientes maiores permitem maior volume de raízes, aumentando a área de absorção de nutrientes. Supõe-se que um dos fatores que influenciaram para o maior crescimento das raízes, nos recipientes de maior tamanho, esteja relacionado ao maior volume de área permitido para o crescimento radicular em extensão, proporcionando consequentemente o maior comprimento total das plantas. Porém, para massa de matéria seca das plantas, no substrato S4, houve a maior média no recipiente de menor tamanho. Como este recipiente apresenta menor comprimento, suspeita-se que as plantas desenvolvidas UTFPR - Campus Dois Vizinhos III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Agronomia neste substrato tenham destinado suas reservas para o desenvolvimento lateral das raízes, o que proporcionou no maior acúmulo de massa de matéria seca das plantas. Conclusão Para germinação de sementes de amor-perfeito recomenda-se o uso de tubetes pequenos contendo o substrato Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 + Cama de Frango 2 (1:1:1:1 v/v). Para o desenvolvimento inicial das plantas de amor-perfeito recomenda-se o uso de tubetes médios e grandes contendo os substratos Plantmax, Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 (1:1:1 v/v) e Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 2 (1:1:1 v/v). Referências BEZERRA, F.C. Produção de mudas de hortaliças em ambiente protegido. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2003. 22 p. CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. 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WAGNER JÚNIOR, A.; NERES, C.R.L.; NEGREIROS, J.R.S.; ALEXANDRE, R.S.; DINIZ, E.R.; PIMENTEL, L.D.; BRUCKNER, C.H. Substratos na formação de mudas de pinheira (Annona squamosa L.). Revista Ceres. v.53, p.439-445, 2006. Tabela 1. Características químicas dos quatro substratos utilizados na germinação e desenvolvimento inicial de plantas de Adonis sp. pH P K Ca2+ Mg2+ Al3+ H + Al SB CTC V MO Substrato -3 H 2O mg dm cmolc dm-3 % g dm-3 S1a 5,47b 662,1b 600b 9,64b 3,95b 0,0b 6,9b 15,12b 15,12b 68,7b 29,20 a S2 6,10 106,3 782,00 3,24 2,54 0,0 2,36 7,78 10,14 76,73 16,08 S3a 6,00 324,99 782,00 3,15 2,84 0,0 2,19 7,99 10,18 78,49 44,23 S4a 6,40 420,97 1.036,2 3,44 3,45 0,0 1,90 9,54 11,44 83,39 57,63 a (S1) Plantmax, (S2) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 (1:1:1 v/v), (S3) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 2 (1:1:1 v/v), (S4) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 + Cama de Frango 2 (1:1:1:1 v/v). b pH em água, KCl e CaCl2 – Relação 1:2,5; P, Na, K, Fe, Zn, Mn e Cu – Extrator Mehlich 1; Ca, Mg, Al – Extrator: KCl 1molL-1; H + Al – Extrator Acetato de Cálcio 0,5 molL-1 pH 7,0; B – Extrator água quente; S – Extrator fosfato monocálcio em ácido acético; SB = Soma de Bases; CTC = Capacidade de Troca Catiônica; V = Índice de Saturação de bases. UTFPR - Campus Dois Vizinhos III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Agronomia Tabela 2. Germinação de sementes (%), de amor-perfeito de acordo com o tamanho de recipiente e o substrato utilizado. Tamanho de recipiente Médio Grande S1a 97,65 a A 97,65 a A S2 a 49,99 a A 80,16 a A S3 a 90,82 a A 97,65 a A 72,98 a AB 58,70 a B S4 a CV (%) 33,80 a (S1) Plantmax, (S2) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 (1:1:1 v/v), (S3) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 2 (1:1:1 v/v), (S4) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 + Cama de Frango 2 (1:1:1:1 v/v). 1 Médias seguias por letras minúscula na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha, diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Substrato Pequeno 50,25 b A1 41,54 b A 97,65 ab A 100,00 a A Tabela 3. Comprimento total (cm), de plantas de amor-perfeito de acordo com o tamanho de recipiente e o substrato utilizado. Tamanho de recipiente Médio Grande S1 a 18,00 a A 23,07 a A S2 a 16,06 a A 14,26 a A S3 a 16,81 a A 18,83 a A S4 a 14,17 a A 17,34 a A CV (%) 32,05 a (S1) Plantmax, (S2) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 (1:1:1 v/v), (S3) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 2 (1:1:1 v/v), (S4) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 + Cama de Frango 2 (1:1:1:1 v/v). 1 Médias seguias por letras minúscula na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha, diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Substrato Pequeno 8,55 b B1 14,38 ab A 13,21 ab A 21,03 a A Tabela 4. Massa de matéria seca (g), de plantas de amor-perfeito de acordo com o tamanho de recipiente e o substrato utilizado. Tamanho de recipiente Médio Grande S1 a 0,26 a A 0,23 a A S2 a 0,13 a A 0,18 a A S3 a 0,20 a A 0,19 a A S4 a 0,07 a B 0,10 a B CV (%) 71,20 a (S1) Plantmax, (S2) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 (1:1:1 v/v), (S3) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 2 (1:1:1 v/v), (S4) Latossolo Vermelho + Areia + Cama de Frango 1 + Cama de Frango 2 (1:1:1:1 v/v). 1 Médias seguias por letras minúscula na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha, diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Substrato Pequeno 0,17 ab A 0,12 b A 0,18 ab A 0,41 a A UTFPR - Campus Dois Vizinhos