1) A língua portuguesa, com suas diversas variedades

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DOCUMENTO SÍNTESE PRODUZIDO EM COLÓQUIO PROMOVIDO PELA
ANPOLL E PELO IILP
Os participantes do Colóquio Internacional A Internacionalização do Português:
Concepções e Ações, reunidos em Florianópolis, de 06 a 08 de março de 2013,
consideram que:
1) A língua portuguesa possui diferentes variedades nacionais e regionais. Nenhuma
norma nacional pode ser imposta como padrão universal para a língua portuguesa. A
força da língua portuguesa deve emergir da diferença e da diversidade. A língua
portuguesa é pluricêntrica, multiétnica e pluricultural.
2) Esse caráter internacional deve ser um pressuposto da ação da CPLP e das
instituições voltadas para a promoção da língua portuguesa. Entre as entidades nacionais
e internacionais que podem ser chamadas para a participação em ações em prol da
internacionalização da língua portuguesa, citam-se: universidades dos países de língua
portuguesa, ABRALIN, ALAB, Camões - Instituto da Cooperação e da Língua,
Academia Brasileira de Letras, ILTEC, SIPLE, Museu da Língua Portuguesa, Fundo
Bibliográfico da Língua Portuguesa de Moçambique, SINTRA, ABRATES, ABRAPT,
entre outras.
3) A língua portuguesa, com suas diversas variedades nacionais e regionais, cumpre
múltiplas funções comunicativas e sociais, dependendo do contexto em que está
inserida. Entre essas funções, que devem ser entendidas e valorizadas em sua
especificidade, podem ser citadas as seguintes:
a) A língua portuguesa serviu (e ainda serve) como elemento de unidade nacional
em países fortemente plurilingues e multiétnicos.
b) A língua portuguesa é uma língua de fronteira, cumprindo importante papel de
ligação entre nacionalidades, em especial na América do Sul.
c) A língua portuguesa, em suas diversas variedades, ganha crescente importância
como segunda língua, em diferentes circunstâncias e países.
d) A língua portuguesa possui uma forte presença na web, sendo a quinta língua
mais usada na internet, de modo geral, e a terceira nas principais redes sociais.
e) A língua portuguesa vem ganhando força no mundo dos negócios, em função,
especialmente, da relevância econômica do Brasil, no cenário atual.
f) A língua portuguesa nas diásporas está em franco desenvolvimento e
crescimento, posto que comunidades de falantes organizam-se e preservam sua
língua em países estrangeiros. Os direitos linguísticos dessas comunidades
devem ser respeitados.
4) A valorização da língua portuguesa como elemento de unidade nacional não deve
implicar que outras línguas autóctones e de imigração devam ser desvalorizadas. A
valorização do português como língua nacional não é incompatível com o estímulo a
outras línguas que convivem no mesmo espaço nacional.
5) A internacionalização de uma língua depende de um número de fatores muito grande:
históricos, políticos, econômicos, geoestratégicos, linguísticos e culturais. O momento
atual favorece um reposicionamento da língua portuguesa, como língua de relevância
global.
6) O nacional e o internacional se mesclam na definição do valor de uma língua. Países
fechados em si mesmos tendem a não internacionalizar suas línguas nacionais. A
imagem que os falantes constroem, no âmbito nacional, de sua própria língua, interfere
decisivamente no papel que ela desempenha no cenário internacional.
7) A valorização do português no âmbito nacional é um passo importante para a difusão
no âmbito internacional. Em vários países de língua portuguesa, em função do contexto
social, o português tende a ser desvalorizado ou envolvido em mitos, como o de que o
português é uma língua difícil e com uma gramática complexa. Essa desvalorização e
esses mitos devem ser desfeitos, para que possa fortalecer-se no cenário internacional,
como língua da cultura e da ciência.
8) A internacionalização do português enfrenta dificuldades, algumas das quais comuns
a outras línguas de relevância global. Entre essas dificuldades, podemos citar:
a) A concorrência com o inglês no meio empresarial, acadêmico e no mundo
digital.
b) A pressão dos organismos governamentais e acadêmicos em prol da produção
exclusiva em língua inglesa.
c) A presença ainda escassa do português como língua oficial em organismos
transnacionais.
d) A insuficiente interação, cultural e linguística, entre países e territórios de língua
oficial portuguesa.
e) O desconhecimento da comunidade internacional em relação à relevância da
língua portuguesa, no cenário global.
f) A dispersão e a concorrência das ações governamentais, nacionais e
internacionais, em prol da internacionalização da língua portuguesa.
g) A falta ou ineficácia de políticas públicas, de caráter multilateral e
compartilhado, voltadas para a internacionalização do português.
9) Propõe-se, para superar esses desafios e dificuldades, uma série de ações:
a) A articulação de projetos já existentes, para a promoção da língua portuguesa, no
âmbito nacional e internacional.
b) A implementação, a continuidade e a difusão, por parte dos governos, de ações e de
projetos de grande envergadura, bem como de iniciativas pontuais, tais como:
Vocabulário Ortográfico Comum - VOC; recursos computacionais para o português;
ações voltadas para o ensino do português como língua estrangeira/segunda língua
(Portal do Professor de PLE/PL2 - PPPLE); estímulo ao intercâmbio de alunos,
professores e cientistas estrangeiros nos países da CPLP; intensificação das ações
diplomáticas, no sentido de incrementar a presença da língua portuguesa nos
organismos internacionais; a formação e qualificação de tradutores e intérpretes do
português.
c) O favorecimento da mobilidade profissional, educacional e acadêmica, dos cidadãos
no espaço da CPLP e nos demais espaços regionais e internacionais.
10) Para que a internacionalização do português seja uma realidade, é necessário que os
países membros da CPLP atuem de forma concertada, desenvolvendo ações de caráter
conjunto e multilateral.
As proposições deste documento sobre a internacionalização do português alinham-se
aos pressupostos das Cartas de Maputo, Praia, Guaramiranga e Luanda, as quais
apontam recomendações relativas a eixos considerados estratégicos para a promoção, a
projeção e a difusão do português. As cartas podem ser consultadas na página do IILP
(www.iilp.org.cv).
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