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s Ó - O i tav a e d i ç ã o , a n o 2 , n o v e m r o / d e z e m b r o d e 2 0 0 9 I p r e ç o c o l a b o r at i v o R $ 1 , 0 0
por lucas rodrigues
fotos por chuck dedo amarelo
São Paulo
1554/Hoje
Homenagem ao rock paulistano
Que tragédia! A família paulistana agora chora ao ver os filhos rebelarem-se e saírem às sextas em busca
da filosofia udigrudi. Talvez fosse melhor vê-los descendo para um pique-nique em Praia Grande. Mas o
desejo dos filhos é brindar com sangue de porco! No dia 30/10, foi dado prosseguimento a um projeto audacioso de valorização e ressurgimento do sentimento rocker-resistente, princípio fundamental de nossa
academia libertária. Celebrada, a noite Udigrudi 2! reuniu 87 pessoas. Nas palavras de um dos músicos,
"só a nata!" esteve presente. No dia 25/9, o jarro de leite estava cheio: 213 pessoas cantaram e dançaram o rock'n'roll. Nesse texto, os ouvidos dão atenção ao acontecimento mais recente, o do dia 30/10.
Sejam bem vindos ao som!
Um registro deve ser feito em relação ao Soul Barbeccue, piratas que levantam a bandeira da Cantareira: o fato de todos serem ou terem se formado no curso superior de música das Faculdade Integradas
Cantareir. Isso os credencia como músicos dotados de capacidade harmoniosa e improviso, casamento
perfeito. Com trinta anos nas costas, eles já não são mais apenas rockeiros apaixonados ou adolescentes de espírito hippie. Nota-se, na música do quinteto, a busca de uma concepção e-xistencial que
preserva a origem e o tesão musical de cada integrante. A bateria casa
com o sopro estreante, e quando André Mainardi, no baixo, entra em
simbiose com um desses intrumentos, faz-se o jazz. Perez passaria pela
Broadway ou pelos palcos londrinos de onde nasceram o musical Jesus
Cristo Super Star. Ele tem voz e carisma para se vestir de profeta: camisa
preta entreaberta e o crucifixo do tamanho da palma de uma mão fazem
nuvens negras, criam a mitologia de bruxos reunidos num ritual. Trocam
o pentagrama pelo terreno do palco e as rezas por excelentes linhas
vocais - mini-coral de André, Perez e da maestrina Camila Antonelli,
responsável por teclado e guitarra psicodélica. A guitarra tem timbres
fuzz aos solos que lembram fritações progressistas de John McLaughin.
Joelho na vitrola. Rock pesado e humor são características comuns entre duas bandas paulistanas calcadas no reino animal. Joelho de Porco e
Baratas Organolóides da Bolha de Rock poderiam ser um cover dos grandes astros do rock anos 70, mas fizeram, fazem e criam, perpetuam o
gênero: rock brasileiro, miscelânea que não distingue a roça da cidade. Os Baratas são Zappa acompanhado de uma voz como a de Tim Maia.
De peito nú, Luíz mostra ser um baterista experiente, assim como seu parceiro de cozinha Leonardo Jabba Jabba. Ambos evidenciam trilha que
começou na banda Expresso Monofônico, grupo já de histórico no rock nacional - CD lançado com apoio do guru independente Luíz Calanca.
Jabba Jabba, como é conhecido, é fã esclarecido de Sabbath, mas seu baixo vai além do peso, assim como seu talento, que aparece nas roupagens vocálicas e composicionais. Impressiona o tamanho e a qualidade do repertório do grupo. Podem-se destacar músicas como: Ventilador
- “Tenho uma solução para você, ventilador/Vida louca que eu tenho, que todo mundo tem” - , Cheirinho de Mato Verde e Farofa Brasileira.
Posso tocar seu ponto fraco, sensibilidade, arrepiado de emoção e o século xxi
Mud Shark faz música visceral, uma tradução possível para o termo rock. O power trio assina em baixo da noite de improvisos roqueiros. Cada apresentação dos meninos
(vale lembrar que a banda foi a mais jovem da noite) é destacada pelo tônus de levar o baile até o fim. A desconfiança antes dos shows desses malucos sempre surge, ainda
mais quando a subida no palco ancontece às três da manhã de um dia em que o elixir da existência torna-se o rock. Doses de lisergia produzem essa banda que derrete
no palco. Vide a atuação da lagartixa e baixista elétrico Érico, conhecido na boca dos fãs underground como Erich Jones. Alex Cabral, na bateria, fica mais solto acompanhando os deliciosos exageros e ápices intermináveis de Erich e Leonardo. O guitarra, que já se apresentou também com teclado, sabe reconhecer o palco, e talvez por isso
tenha tanta habilidade de brincar com a voz, mesmo com o cansaço de mais de oito horas de trabalho duro. Assim como Giba, ele é outro que transborda a influência do
enorme Tim, e impressiona indo do agudo ao grave. Mud Shark é banda pra quem gosta de rebolado, rock'n'roll requebra geral, disposição típica do brasileiro picardio.
O
manifesto da noite udigrudi:
“Somos
uma parcela da sociedade que, por
basear sua filosofia em obras mais modernas e contemporâneas, tem con-
seguido superar traumas da didatura, traumas do processos de careteamento
crítico-cultural que tomou conta no formato de didática opressora e patriarcal-familiar-burguesa propostas pelas mofadas cabeças verdes
milicos).
(sim,
dos
Depois de 3000 pulverizados pela ‘ignorância patriótica', não temos
e nem teremos medo de enfiar a mão inteira na ferida e fazê-la sangrar o
máximo possível”. A máxima desta edição: os criminosos culturais não passarão! está formada uma nova falange. por isso, abram os ouvidos, ou temam
e se armem contra nossa loucura, afinal fazemos a história e vivemos o passado do futuro. aqui está nosso legado. Desfrute dessas páginas e abra a
cabeça. esse "quem são esses malucos!?!?" acaba de construir seu nono passo.
Contato Centro Cultural Popular Consolação
Rádio
segunda
Coluna Jazz R$2,00
JONATAS JAZZ QUARTET
Consolação, 1897, (11) 2592-3317
[email protected]
[email protected]
Endereço - Rua Navarro de Andrade, nº 20, ap. 22
05418-020, São Paulo, SP
Telefones - (11) 2771-7297 e 7689-7560
por Uirá do Rádio
Expediente
Peço licença pra chegar, pois sair das ondas sonoras
Edição, reportagem e diagramação - Lucas Rodrigues de Campos
e entrar nessa onda escrita é de certa forma compliIlustrações e arte - Chuck Dedo Amarelo
cado para mim.
Revisão de texto - Tatiane Klein
Mas vamos pra cima! Esse espaço fino do jornal estará
Colaboração - Elton Amorim
aqui para colocar pingos nos “is” e compartilhar com
http://so0jornal.wordpress.com
você sonoridades e experiências fantásticas. Digo isso
http://www.ccpc.org.br
no sentido mais fantasioso da palavra, pois a realidade
está saturando. E nessa primeira empreitada na escrita
coloquial vou falar de um veículo de comunicação bem
charmoso, o rádio.
O bom e velho rádio, que, desde os fins dos anos
1800, tentava irradiar pelo mundo a experiência de
alguns cientistas - não se tem nem a certeza exata de
seu inventor, porém entre italianos, ingleses, russos,
até um padre gaúcho conhecido com Roberto Landell
de Moura está na história por realizar experiências de
transmissão e recepção.
Entre experimentos, tecnologias de guerra e aprimoramentos, o rádio teve sua primeira transmissão
de uma estação (estúdio) em 1916, em Nova York. Em
1922, o Brasil realizou sua primeira transmissão com
um discurso do Presidente Epitácio Pessoa, na comemoração de 100 anos de Independência.
Desde então, a comunicação ganhou uma rapidez que
influenciou o século XX de forma que nunca mais a
vida seria como antes.
Nas terras tupiniquins, o rádio foi importante para
aproximar presidentes como Getúlio Vargas do povo,
para a transmissão de cultura e notícias, também para
tornar mentiras em verdades, na manipulação de seus
ouvintes, e para mostrar que, muito do que se tem na
TV de hoje, foi criado na época do rádio - diga-se de
passagem as “escolinhas do barulho”, programas de auditório, os noticiários e cia.
De lá pra cá, muita coisa aconteceu e nem tanta coisa
mudou. Talvez. Mas muito da história viva é contada
pelas ondas radiofônicas. Contada por poucos e ouvida por muitos. Esse “contada por poucos”, porém,
pouco a pouco, deixa de ser verdade, porque cada vez
mais vozes são postas a serem escutadas. Escutadas por
menos pessoas, sim. Mas para aqueles que estiverem
prontos pra sintonizar.
Como
disse
Rober to Carlos:
s u r d o s . S e rá ?
todos estão
o u ç a p ro gr a m a ç ã o s e m a n a l e m :
w w w . ccp c . o rg . b r
oficinas
Além da extensa e contínua programação musical, som ao vivo - todos os
dias, semana a semana -, o Centro
Cultural possibilita tomar contato
com diversas criações que mesclam
capacitação na área de produção cultural: Rádio, Documentário, Teatro,
Orquestra de Escaletas. Ao final,
as oficinas, que duram de um a três
meses, transformam a experiência
laboratorial em projetos concretos.
Jonatas Sansão (Bateria), Lucas Macedo (Sax),
André Soratti/Kiko (Baixo) e Davi Sansão (Piano). Há mais de um ano, quem passa às segundas pelo CCPC distorce o triste início da semana
ao tomar contato com temas clássicos do jazz,
como Maiden Voyage e Cantaloupe Island,
ambas de Herbie Hancock, influência declarada dos músicos. Além do quarteto liderado
por Jonatas, outro grupo bate cartão às segundas-feiras: o instrumental Água Viva, que
destila o melhor do instrumental brasileiro.
pressuredropR$2,00
terça
BUD
DUB
D U B
BUD
DUB
BUD
DUB
O já tradicional happy hour do CCPC apre-
senta, todas as terças, o PRESSURE DROP!
É reggae do começo ao fim com: MOA ANBESSA SOUND, BOOMSHOT SOUND, ZION!
Sexta
Samba
projeto Groove Rock
à Brasileira
O principal objetivo do Groove à Brasileira é trazer a música negra brasileira desenvolvida desde a década de 70,
como o soul e o funk, para a noite paulistana. Entre outras
vertentes, será explorado o que há de mais contemporâneo neste cenário musical, abrindo espaço a cada noite
para convidados que fazem a cena da música negra paulistana. Toninho Crespo e Banda trazem seu samba rock
e influências da música negra brasileira, soul music, rap e
dub, todos presentes no recém-lançado CD Estilo Samba Rock. O Dj Adauto Dhemix, atuante desde os anos 70
na arte da discotecagem em São Paulo, traz em seus vinis os clássicos do samba rock e também mixagens de
produções inéditas da black music de diversos estilos e
épocas. Dj Guinho contribui com sua experiência com
os clássicos do breakbeat, do hip hop, do funk e do soul .
www.myspace.com/toninhocrespo
Veja a descrição completa
de cada atividade em
www.ccpc.org.br
nossos apoiadores
por lucas rodrigues
com colaboração de elton amorim
e chuck dedo amarelo
Um dia depois de ter participado da festa que comemorou os três anos da revista Rolling Stone no Brasil e de ter
sido abordado de forma abrupta por policiais em uma ronda noturna, Eduardo Araújo, foi acordado pelo coletivo
sÓ. Ele nos recebeu gentilmente em sua residência.
Em 2010 o músico, arranjador e compositor completa 50 anos
de carreira notável. Desde a obra que mais o aproximou da fama
e do amor popular (“O Bom”, cunhada em conjunto com Carlos
Imperial, no ano de 1967), transformando-o em ídolo de uma
geração – chegou a estampar capas de revistas como a Contigo,
no fim dos anos 60 –, até a produção autônoma e experimental
garantida durante toda a década de 70, Eduardo tornou-se mais
que uma simples voz da Jovem Guarda e passou a trabalhar uma
concepção musical muito própria e inovadora, contrariando o
senso comum que hoje o mantém numa incômoda situação de
ostracismo. Para a celebração da data, um projeto do músico já
aguarda liberação de verba via Lei Rouanet, e uma biografia, de
autoria do jornalista Okky de Souza, está sendo preparada.
Fascinado pela música de raiz e pelo folclore brasileiro, Eduardo, roqueiro diplomado, pioneiro do gênero na terra tupiniquim desde a gravação e lançamento de compacto em 60 e 61,
apresentou, na década de 70, uma fusão que reunia expressões
nitidamente psicodélicas - do hard, do prog, do glam e do funk
setentista - ao sentimento musical brasileiro, conhecido vezes
como Tropicália, vezes como MPB. Um bom resumo para tentar
escrever sobre a música de Eduardo é apresentar os nomes de
seus melhores trabalhos: Kizumbau (1972), Pelos Caminhos do
Rock (1975) e Sou Filho Dêsse Chão (1976), álbuns que chocam
o ouvinte atento pelo peso contra-cultural e vertiginoso. Enquanto obras em espírito como essas estiverem sob o limbo da
ignorância, o pesar será o imperativo dos malditos! É quando
evoca os momentos que envolvem as obras citadas que Eduardo mostra-se desgostoso, revida de forma saudável o descaso
existente em relação a seus melhores trabalhos mas sente-se relevante na construção da BMB, a Boa Música Brasileira.
Sujeito cheio de si, Eduardo bate no peito e arroga - em busca
de respeito e reconhecimento - feitos brilhantes e transformadores da música, e, em especial do rock brasileiro: influência
a Raul Seixas, descobrimento de Lanny Gordin, responsável
pela gravação do primeiro disco de soul brasileiro em parceria
com o então novato e maluco Tim Maia. A disposição de conversar, durante quase três horas, com jovens apreciadores de
sua obra permitiu a Eduardo Araújo contar a história de grandes músicos e amigos, como Sérgio Sá, Guilherme Lamounier,
Luciano Souza, Dirceu Medeiros, Chico Médori, Dirceu Medeiros, Albino Infantozi e a falecida esposa Silvinha. A biografia de Eduardo Araújo torna-se ainda mais sagrada e única ao
notar-se a quantidade de jovens que trilharam o caminho da
música e chegaram ao amadurecimento por terem acreditado
- escolhidos ou escolhendo - no talento de um Eduardo, exímiocriativo-inovador produtor e compositor musical. Se fôssemos
biografar todos os músicos nomeados nas fichas técnicas dos
longplays ou citados por Eduardo Araújo durante a entrevista,
faríamos o livro “História do rock brasileiro! Misturando rock
com baião!”. É por esse motivo que passaremos de forma breve
e sem o merecimento devido pela carreira de grandes músicos
e nomes fundamentais da dita MPB - nomes maiores por terem
começado a trabalhar entre 60 e 70 e provarem que a ação do
músico enquanto trabalhador é essencial e perdurável.
[Ao telefone, Eduardo se esforça para completar uma ligação ruim, que logo cai.]
Ah... essa tecnologia!
Eduardo Araújo: Hein? Tecnologia... Eles querem concorrer entre eles, aí colocam mais linha
do que pode. Vish! Eu tenho um [cita a marca]
aqui que é uma beleza! Agora não é mais! Fica
pipiupipiuuu...
Pega uns jornais, aí, Chuck!
Mas... vocês são de alguma uma televisão?
Um jornal?
[Completa o telefonema]
Somos um jornal independente. É sobre
cultura brasileira, década de 60, 70. Recupera a memória dessa época. A gente
trouxe uns discos pra dar uma ilustrada
na conversa [Kizumbau e Sou filho desse
chão].
[Espanto] Olha rapaz! Coisa boa! Essas são
coisas lendárias. Esses aqui são os melhores
discos da minha carreira. Ainda tem um outro
que eu considero melhor.
Qual você considera melhor?
Pelos Caminhos do Rock foi um disco em
que eu tive a maior produção e eu pude passar
dentro dele um Eduardo Araújo mais, vamos
dizer assim, aquele Eduardo Araújo que pode
expressar um sentimento de, não só um, mas
vários sentimentos de temperança, equilíbrio e
experiência. Então esse disco pôde me proporcionar isso e... me fez, realmente pra mim e pra
um público, porque ele não foi um disco tão
divulgado. É que no Brasil a gente podia fazer
também e não só lá fora.
Foi
a primeira vez que eu vi que
a gente podia fazer uma coisa
brasileira como a coisa lá fora.
Você diz “como a coisa lá fora” em qualidade técnica, produção mesmo, ou em nível de composição, trabalho?
Em nível de composição mesmo, porque eu
fiz uma releitura do Chico Buarque de Hollanda, no Construção, e no Deus lhe pague. Tem
essas duas músicas como regravações e as outras são todas inéditas.
[Aparece o filho e eles conversam sobre
“a medição”]
O Sou Filho Dêsse Chão tem uma importância
muito grande pra minha carreira. Eu procurei
com esse disco, ser mais um disco assim... ser
o mais brasileiro possível. Fazer o tipo de rock
nosso. No Pelos Caminhos do Rock eu não me
preocupei com isso. Me preocupei em fazer
um disco internacional. Eu precisava fazer
um disco que fosse diferente: brasileiro, mas
que pudesse fazer sucesso em qualquer lugar
do mundo. Esse aqui [aponta para o Kizumbau] é o disco mais cara do Brasil, entendeu?
Esse aqui... Eu regravei nele clássicos como a
Baixa do Sapateiro [do disco Pelos Caminhos]
e fiz músicas. O Kizumbau, que é a primeira
música aqui, eu fiz com o Chocolate da Bahia.
Uma ligação minha com o pessoal da Bahia.
Chocolate da Bahia é um autor popular?
Ele é um autor dos mais populares que tem
na Bahia. Muito conhecido. Ele... ele era um
cara que tava também começando. Primeiro
trabalho dele gravado foi comigo, né?
Como era esse seu envolvimento na
década de setenta com a cultura popular?
Porque é bem forte tanto no Kizumbau
como no Sou Filho Dêsse Chão a parte religiosa, folclórica, a transcendência.
Mais forte ainda no Sou Filho Dêsse Chão.
O Sou Filho Dêsse Chão tem uma história
dele. Ele é um disco que não tem a mesma
qualidade técnica que os outros, gravados em
24 canais... com tudo... Eram discos de gravadora.
O Sou Filho Dêsse Chão
foi a
minha primeira produção independente. E sem verba, sem dinheiro!
Gravado no meu estúdio que tinha só oito
canais, né? Então nós tentamos fazer o melhor possível ali. Agora, o disco foi feito com
o objetivo de fazer um circuíto universitário,
de universidades nos Estados Unidos, né? Eu
fui praticamente... chegamos com o contrato,
já consulado e tudo, por causa desse trabalho,
desse disco. Foi mandado pra lá e o disco foi
aceito entre vários grupos.
Pra que órgãos você mandou o disco?
Rádios? Órgãos institucionais?
Não. Quem faz isso é uma empresa, que
eles, eles... eles têm autonomia de contrato.
Não tem licitação, não tem nada disso. São
faculdades governamentais, mas faculdades
particulares também. É circuito universitário
mesmo! Então é cultura, porque o americano
é um homem preocupado com isso. Então
eles procuram trazer de fora coisas que sejam
diferentes, que não sejam iguais às coisas que
fizeram lá. E eu,
quem me deu essa dica foi o Paul
Ess, que foi o iluminador do Alice
Copper quando veio aqui no Brasil.
Ele namorou uma menina que chamava
Rita, que é prima do Serginho, dos Mutantes.
Terminou casando com ela. Enquanto ele tava
aqui, ele dava aula de inglês e montou uma
iluminação enorme pra mim. Na época, acho
que, de cantores assim, eu tinha a maior iluminação, que ele fez com torres e pneumáticas,
aquela coisa que ninguém tinha aqui ainda,
com lâmpadas par e com máquinas de efeito
de fumaça. E de repente o Paul trabalhou
nessa empresa. Aliás, trabalhou não, ele continuava de licença.
Era uma empresa de entretenimento?
É, uma empresa de entretenimento. Ela tinha
também um departamento que fazia microfilmagens do corpo humano, tudo ligado à
universidade, né? Então, eles me contrataram,
fecharam contrato. Um dia eu recebo um telefonema dos Paul Ess, já morando nos EUA, e
o Paul disse: “Eduardo... Olha... Apresentamos seu trabalho em reunião, com vários... O
seu foi destaque, unanimidade. Vocês vão vir
pra cá”.
Ele já tinha a gravação?
Claro! Eu mandei! Ele ficou aqui só uns três
meses, depois foi embora. Levou a Rita com
ele e tudo. E eu comecei a mandar material
pra ele. A gente trocava cartas. Eu tenho as
cartas aí, tenho tudo... é difícil mexer, porque
é muita [coisa]... Mas eu estou escrevendo um
livro, chama-se Pelos Caminhos do Rock, e ele
já tá mais ou menos no meio, tá mais do meio.
Estou entrando nessa fase exatamente [olha
para os discos] mais ou menos, já contei essa
fase do Kizumbau. [Silêncio]. Aí fizemos.
Como foi a montagem dessa banda? Pra
gente interessa muito, porque você é um
revelador de instrumentistas e o Sou
Filho desse Chão apresenta excelentes
músicos.
Montamos uma banda. Eu escolhi músicos a
dedo. Olha, eu trouxe a banda pra morar em
casa.
O primeiro músico que veio foi o
Luciano [Souza], da Bahia, depois tomou, ficou com o título
de Luguita, aqui em São Paulo.
Porque eu já o conhecia na época
dos Minos, aí eu trouxe ele pra cá.
Eu falei “Você vem aqui. Vem morar comigo. Vamos compor as músicas juntos”. Aí ele
fotos, da esquerda pra direita, eduardo e stevie wonder, acompanhado de dominguinhos, no palco com silvinha, afinando sua fender
veio.
Esse foi o primeiro contato profissional
com ele?
Foi. Antigamente ele era muito garoto, ele
era do Minos. Eu que lancei essa banda aqui
com o Pepeu Gomes, né?
“Lancei”. Você diz como e por quê?
Porque eu,
num programa de televisão pela
eu e a Silvinha, a
gente contratava as bandas. E
eles eram uma banda de garotos... assim, prodígios. Os caras
eram demais: Jorginho [Gomes],
de bateria, o irmão dele, o
Pepeu [Gomes] de contra-baixo,
cantando muito. O Pepeu canta
muito, né? Ah... e essa banda se
transformou. O Pepeu foi para
os Novos Baianos e o Luciano
voltou pra Bahia.
Eu queria
fazer algo que fosse muito
brasileiro, então eu montei um
time pra fazer. Trouxe um cara
da Black Rio, o Valdecir [Nei],
do Rio de Janeiro... veio o Luciano. Aqui [em São Paulo] eu
peguei um professor de bateria
Excelsior,
que foi professor de todo mundo
que foi pros EUA, foi professor
do Chicão [Médori] e Albino.
E quando o cara vinha pra tocar comigo, eu obrigava a fazer
aula com o Dirceu [Medeiros].
O Chicão mesmo não lia nenhuma
nota na frente da bateria, mas
era excepcional e foi estudar com
o Dirceu Medeiros. Fizemos, eu,
o Luciano e Valdecir. Começamos
a trabalhar no projeto. Eu falei
que tinha um projeto, que ia pros
EUA. Eles queriam ir comigo. Expliquei que era trabalho demais,
pouco dinheiro. Eles eram muito
entusiasmados com o som, aquela
época com o rock progressivo,
e a gente ia levar um trabalho
que realmente fizesse a cabeça
do pessoal lá. Conversei muito
com eles sobre isso. O Valdecir e
o Luciano davam ideias e começamos a escrever. E até escrever
mesmo era uma piada. O Luciano
não lia nada e o Valdecir muito
menos, mas escrevia o que a gente
achava que dava certo “Olha
isso aqui, foi bom, faz assim”.
Escreviam em prosa...
Nós tínhamos que fazer um trabalho muito
diferenciado. Tem coisas lá que o americano ia
gostar. Se você fugir demais, é um ponto longe
demais... A gente tinha que fazer uma aproximação, tem hora que vira rock’n’roll mesmo!
E depois volta pro baião! Eu já tinha feito um
trabalho de pesquisa quando eu fiz o Kizumbau e a minha ligação com a Bahia era muito
grande. Eu ia pra lá, mas não queria fazer o
que os Novos Baianos estava fazendo, que era
maravilhoso, mas eu queria fazer algo que
fosse mais rústico, mais internacional, uma
coisa boa aqui e boa lá.
Esse aqui, o Sou Filho
Dêsse Chão, ele é um trabalho específico. Ele foi feito pra eu entrar nos EUA.
E deu certo essa empreitada ?
Infelizmente não deu certo por nós. O contrato veio, era só assinar e ir embora. A gente
ia ganhar dois mil dólares por show e ia fa-
zer uma turnê que a gente só descansava na
segunda-feira. Nós só tínhamos um dia de
descanso e tocávamos todos os dias. Equipamentos mais violentos possível! Porque a especialidade dessa empresa era equipamento.
Tanto que eles faziam a iluminação do Alice
Cooper. O que não deu certo foi simplesmente
uma coisa: filhos. Tinham nascido os meninos.
O Dudu, que apareceu ali, era filho de colo e
minha filha na escola. Aí não deu muito certo,
exatamente porque na hora da gente decidir
foi muito pesado. “Será que é bom mesmo?
Vamos ficar dois anos fora do Brasil. Será que
compensa? E se não der certo lá? A mídia vai
esquecer da gente aqui”. Eu tava numa fase
muito boa e outra coisa... esse disco começou
a dar certo aqui, começou a abrir portas gigantescas.
Você fez programas de televisão com
ele, muitos shows? Como foi?
O disco foi feito pra lá, mas esse disco influenciou um monte de gente lá do Norte.
Começou o pessoal a fazer essa mistura toda
que eu fiz aqui. Olha o Alceu Valença.
O
pessoal todo começou a fazer
o esquema de eletrificar o baião,
o xaxado. Isso é uma coisa que eu
tenho na alma desde o começo.
Baião pra mim... o Luíz Gonzaga
foi meu ídolo, então eu conheço
e gosto de música nordestina,
e achava a música mais interessante pra você poder pesquisar.
Ela é um regional, mas ela já
era um underground da música,
assim... uma coisa diferenciada.
Você pega o forró... Ele tem ritmo, tem balanço, tem suingue, e
tem formas de improvisar. Você
pode
improvisar
como
o
jazz.
Aí trabalhamos nesse disco por volta de dois
meses só compondo as músicas e tal.
Letras do Guilherme Lamounier...
O Guilherme foi depois. O Guilherme tava
no Rio de Janeiro e um dia o Valdecir foi pra lá,
pra visitar a família dele, e me ligou pra falar
que tinha encontrado com o Guilherme. E me
ligou, perguntou se ele podia vir, que ele queria vir, que ele queria me passar umas músicas. O Guilherme teve problemas na época e...
Carlos Imperial foi quem lançou o Guilherme,
exatamente num festival. Mas o Guilherme entrou de cara na droga e aí jogou a carreira dele
pra fora. Aí nessa época ele tinha melhorado,
tinha uma mulher que ajudou ele, e tal. Veio
pra São Paulo, e era uma época em que eu era
muito procurado por pessoas, compositores
do Norte. Com essa abertura desse disco, as
pessoas ficaram encantadas assim com o meu
trabalho e eu comecei a influenciar a juventude
da música, né? Então o pessoal vinha pra São
Paulo e chegava “Cadê o Eduardo? Vamo lá e
pá”.
Foi um disco que impressionou?
Não
fez sucesso “povão”, mas no
músico ele fez um sucesso incrível.
Não só aqui no Brasil: nos EUA, em todo
lugar que ele foi.
Você lembra de uma resposta de outros
músicos que tenham ouvido, comentado os
discos?
O Carlinhos Brown tava começando, era
moleque impressionado por esses discos. Laudir [de Oliveira] um instrumentista; o Laudir
tem o disco como uma bíblia, porque o Dirceu era o professor dele. Ele amava o cara. Até
quem mandou o disco pra ele não foi eu não,
foi o Dirceu que mandou. Na hora que o trabalho tava pronto, daquela forma que a gente
sabe, “na hora que entra o compasso, vai não
sei quantos compassos, vai pra lá, vai pra cá”;
que o Guilherme entrou e disse “Vamos fazer
um blues brasileiro”. E aí ele mandou a música
da Silvinha [cantarola] e passou a fazer parte do
nosso grupo, né? Até tocar com a gente, tudo.
Ele participou de shows na época?
Participou dos meus shows, fazia, fazia uma
outra guitarra. Ele fazia outra guitarra.
Você acompanhou essa recuperação dele
como amigo?
A
verdade é a seguinte: a minha
vida inteirinha foi fazendo música e
aconselhando esse pessoal pra andar no eixo, mas era difícil. Foi uma
época muito difícil. As pessoas que
eram bons músicos, eles entravam
na droga assim, influenciado pelo
pessoal de fora. e eles iam buscar,
achava que tinha na época, na cabeça dos caras, que eles iam tocar
mais. Muitos entraram na droga
achando que iam tocar melhor do
que tocavam.
“Pouts! Dá
um barato!”.
Você passou ileso nessa fase quanto às drogas?
Nunca! Nada! Nunca me chamou a atenção! Eu
era muito família. Gostava muito da minha esposa
e o meu compromisso era com a música, a melhor
qualidade possível, aquilo que realmente tinha a ver
comigo. E os jovens não compreendiam isso.
Quando gravou o Kizumbau, você estava com
30 [anos]?
Isso. Eu tinha uma experiência. Eles vinham comigo
com 18, com 20, e era uma parada, porque as outras
bandas que tocavam por aí eram muito louco: Som
Nosso de Cada Dia, todo esse pessoal era muito doido. Só eu de caretão no meio desse pessoal e quando
eu via que coisa tava pegando fogo, o pessoal falava “Lá vem o Eduardo! Ish!”. Eles tinham medo de
mim, corriam de mim.
Você era rigoroso com os músicos na hora do
trabalho?
Comigo nada de drogas. Viaja no meu ônibus, nada
de droga, então viajam..
A gente publicou uma foto do Pedrão no seu
ônibus, na época da turnê do Sou Filho. Você
fez excursão com o Som Nosso.
Exato. Trabalhamos juntos, juntos. Depois essa coisas... Como é que eu vou conviver? Porque o pessoal
tava nesse embalo. Eu falava “Eu não sou careta! Não
vou chegar dando conselho pra ninguém, mas não
me oferece que eu não pego. Isso não gosto. Meu
compromisso é com a música. Não quero desviar
a atenção pra nada”. E me respeitavam todos eles.
Agora minha imagem fora é que eu era muito doido
também, porque eu andava com os loucos. Ninguém
acreditava que eu era um cara normal.
Mas essa capa do Kizumbau é toda psicodélica.
Não é que eu queria passar isso, é que a época transparecia isso.
Esse
aqui, o Kizumbau, é o primeiro trabalho em que aparecem os
músicos. Eu briguei com a gravadora
pra
colocar
todo
mundo.
E desses músicos [presentes na contracapa do
disco] quais te impressionaram mais?
Aí difícil!
Eles eram todos umas feras medonhas. Mas essa aqui [apontando para
a capa do disco, ver ao lado] era a base
da minha banda: os quatro [Cacho,
Chicão (Médori), Willie Verdaguer e
o Sérgio Sá] tocavam comigo direto.
Quem é esse guitarrista, o Cacho?
Cacho Valdez. Esse foi o maior guitarrista argentino
que surgiu. Na época ele era comparado ao Lanny,
entendeu? É tipo um cara assim, destacava como
guitarrista, né? Agora... esse me impressionou [indica o jovem que segura baquetas na contra-capa
do Kizumbau], o Chicão. Foi um dos maiores bateristas que já vi. Além de ser um tremendo de um
baterista técnico, ele tinha uma pegada que nenhum
baterista tinha, então eu falei pra ele estudar com o
Dirceu, porque o dia que ele entrasse em estúdio eu
ia ficar sem ele, e ele entrou e virou um músico de
estúdio. Acabou comigo. Mas aí foi bom porque eu
tive a oportunidade de testar outros. Aí veio o Duda
Neves, o Albino....
Albino Infantozi?
Isso, o Infantozi. A minha gangue era sempre assim. E todo músico queria tocar comigo, porque ele
queria... “Vou passar pelo purgatório pra chegar lá
em cima e virar um músico de nome, né?”. Então eu
passei a ser assim, uma referência, e o cara também
limpava tudo, porque às vezes vinha muito grosseiro e ele limpava: “Não, não é isso”. Às vezes o cara
era pesado demais, tocava bruto demais, pedalada
demais. Isso eu sempre contornava os caras “Não.
Por aí não! Não. Segura aí!”. E eles viravam músicos de estúdio realmente, porque tinha um limite pra
tudo.
Hoje você acredita que tenha sido um professor nesse quesito de produção?
Não digo professor, porque eu aprendia mais com
eles do que eles comigo, porque eles traziam bagagem dentro deles. Puta bixo! Impressionava. Eram
talentosos!
Eu falar desse cara aqui [Sérgio
Sá]. Eu peguei ele com 16 anos, era
um garoto, menino que veio do
Ins-tituto Padre Chico. Quando eu
vi o cara, falei “Da onde é que esse
cara trouxe tanto conhecimento
musical?”. Ele era perfeito e veio
tocar comigo e foi uma história
juntos. Arranjos. Esse disco é todo
arranjo dele. É o [Maestro Daniel]
Salinas que escrevia, mas porque
ele era cego e não podia escrever.
Era garotinho, menino, mandava
buscar ele. Ele se formou em música assim, didático totalmente.
Esse foi o primeiro trabalho dele?
Como arranjador sim. Mas ele já tocava comigo há
muito tempo.
Como eram os shows nessa fase? Como eram esses discos no palco?
O negócio naquela época... você sabe que eu tinha
no Brasil a melhor aparelhagem. Emprestava [equipamentos pra grupos como o Som Nosso de Cada
Dia e Terreno Baldio].
A gente tinha que se juntar porque
o rock’n’roll não se tocou em rádio.
As FMs eram preconceituosas, só tocavam músicas americanas. Então
ou tocava aquela água com açúcar tipo Rita Lee, mais ou menos,
ou você entrava naquele esquema,
ou tava totalmente fora da rádio,
né? E aí é a gente que queria fazer
o rock mais progressivo, a gente
tinha dificuldade, porque até os
minutos eles limitavam na música.
Aí não podia trabalhar aquela música. No máximo
três minutos, três e meio. E essas músicas aí [aponta
para o Kizumbau] pode olhar que não têm: sempre mais pra lá de três [minutos]. Então nesse disco
[Kizumbau] eu não tive essa preocupação, de fazer
músicas curtas, exatamente porque Luar do sertão,
tem seis minutos, um arranjo... Jamais ia tocar no rádio. A gente sabia que não ia tocar no rádio, mas eu
queria produzir isso! Eu tinha muita vontade de produzir, de fazer, de levar pro estúdio... E você me perguntou como eram nossos shows. Teve lugar que eu
ligava minha aparelhagem, apagava a luz da cidade
inteira, não dava pra ligar a iluminação. Eu tinha na
época 120 lâmpadas par, montada por esse rapaz, o
Paul Ess. E as primeiras aparelhagens de lâmpadas
par no Brasil, eu que fiz. Aquele processo pneumático: um cara subia lá em cima, em duas torres, e ligava
a luz.
Você lembra qual foi a época mais movimentada desse período?
Foi a época dos festivais, né? A partir daquele Festival de Águas Claras, teve outros festivais até mais
interessantes. Águas Claras foi o Woodstock, né?
Você esteve em Iacanga?
Não toquei, não, estive como visitante. Até o
Leivinha [produtor do festival e personagem tarimbado da cena roqueira nos 70] era muito meu amigo
queria que eu tocasse, mas as bandas que tocavam lá
é porque estavam começando na mídia e tocavam de
graça, eu não podia tocar de graça, por causa da montagem de equipamento, e nem precisava. Na última
hora, o Leivinha tentou arrumar dinheiro pra mim,
mas ele não conseguiu, e eu não fui. Mas os outros eu
ia. Por exemplo o de Camburiú [Camburock], todo
ano tinha, né? Tinha o da Aleluia.
Noite da Aleluia, em
lo,
Interlagos, esse
ditadura
não
deixou
São Pautambém
a
acontecer.
Esse é o festival pensado também como o Woodstock de Interlagos, em que ocorreu uma reunião dos produtores?
Foi a maior organização dos nossos
empresários, na liderança do Mário
Bonfigílio, empresário meu e do
Som Nosso. Ele juntou todo o pessoal: Casa das Máquinas, A Chave lá
do sul, todo o pessoal. Um dia a imprensa veio e deu páginas sobre. E nós
lançamos o festival com a promessa
do general daqui de São Paulo de
que liberaria Intelagos pra fazer, e
tava tudo certo. Ia acontecer. A mídia em cima e os caras deram um
golpe na gente faltando dois dias
pro festival. Eles caçaram o alvará
depois de tudo estruturado. Aquele
ali seria um marco da música popular brasileira, da cultura brasileira.
Alí nós fomos cortados... assim...
porque nós preparamos, trabalhamos... Puta. Aquilo ali a gente
ia ter a maior aparelhagem, o cara
importou a aparelhagem. O dono
era Paulo Valadares. Maior equipamento de som aqui da época era
o Paulo e a Transasom. Juntaram
os dois pra fazer. Ia ser o primeiro
Woodstock brasileiro, assim da
pesada, mas não deu. Ficamos mui-
eu rocei em espinhos no lugar mais fundo da terra
seca brava, kizumbau, 1972
contos contados por tolos, convencem outros bobos que não sabem de nada
círculo vicioso, guilherme lamounier, sou filho..., 1976
que ele era teimoso, a cabeça do Raul era um pouco
pequena. Ele veio com uma banda, Os Panteras, e ele
quis ser fiel à banda. O Carlos Imperial falou “Você,
eu quero, mas a banda não. Eu não quero essa banda
porque eu não tenho onde colocar eles”; [Raul dizia]
“não, eu boto eles. Um vai trabalhar em não sei o
quê”; [Imperial] “primeira coisa: se você quiser vir,
troca esse nome de Raulzito. Raulzito você vai lá pro
Paraguai, pra Argentina, aqui não. Eu vou chamar
você de Raul Seixas!”. Aí ele ficou bravo e foi embora.
Depois o Jerry [Adriani] trouxe ele pra ser produtor,
trouxe pra produzir umas coisinhas [desde 69, Raul
produzia discos na CBS].
O Raul tocou o Tony Osanah também?
Tony Osanah tocou com o Raul.
Foi seu parceiro também. Você escolheu vários
roqueiros argentinos.
to frustados. Os jornalistas também. Esse pessoal já tava aí: Tarik
de Souza, Okki de Souza, aquele
que gostava de Made in Brazil...
Ezequiel Neves...
Ezequiel, todo mundo dando força. Ia ser um negócio assim de arrebentar. E a proposta era essa, fazer
todo ano. Interlagos, lá ia ter o autódromo e nós íamos fazer nosso show lá todo ano.
Você passou a ser um artista muito requisitado
na década de 70. Quanto você acha que isso é
devido ao sucesso obtido com a Jovem Guarda?
Não,
esse movimento nunca chamou Jovem Guarda!
A mídia deu esse nome, mas não foi um
nome, uma coisa de respeito não! Era
Jovem Guarda como se fosse um deboche. Isso que importa pra essas pessoas. Seria assim, uma critica ao comportamento do jovem da época, que era
alienado, que era isso, que era aquilo,
“quem gosta dessa música é alienado”
e fizeram até um movimento injusto
contra a gente e botaram esse nome,
porque Jovem Guarda nunca existiu,
era o programa do Roberto Carlos, não
tinha nada a ver. Eu tinha programa,
o Ronnie Von era o príncipe, tinha o
programa dele lá... todo mundo tinha
o seu programa. Então essa fase tem
nada a ver com coisa de
Jovem Guarda.
Mas tem um prêmio ali de 1967 – Bola Branca
- ao show chamado “A Juventude Comanda!”.
Juventude sim. Eu tô falando Jovem Guarda, que
eles colocavam quando queriam separar a gente do
Chico Buarque.
Como se fossem cafonas?
Nem cafona, nós não eramos, houve a época do
brega, chamada de pós-Jovem Guarda, Fernando
Mendes, Odair José. Não tem nada a ver conosco também. Nós eramos roqueiros! Às vezes alguns muito
mais românticos como eram os Beatles. Eu era mais
Rolling Stones, aquela praia mais de rock’n’roll.
Mas
a minha preocupação, com a
minha música, sempre foi fazer uma
música brasileira, desde o começo. E
eu provo isso pelo seguinte, porque
eu nunca deixei de gravar música
brasileira
nos
meus
rocks.
Quem
gravou na época em que eu gravei?
Não tem uma gravação de ninguém.
Raul Seixas veio fazer isso muito depois, e pouca
gente sabe que o Raul Seixas é uma... como é que se
diz...uma... raiz do Eduardo, vem na raiz do Eduardo
Araújo. Ele era um cara que me copiava em tudo, depois não se fala mais nisso.
Você chegou a ter contato com ele?
Claro. Era meu amigo. Primeira vez que ele veio
para o Rio era pra surgir, não esperar aquele festival [1972]. Ele podia aparecer antes. O problema é
Na volta do Raul Seixas quando
ele começou a ficar mais assim, a
garotada descobriu o Raul Seixas,
descobriu porque o Raul era um
cara doido mesmo e fazia questão...
“Sou doido mesmo”. Ele era todo
caretinha quando chegou, ele era
super caretinha. Quando ele conheceu o Paulo Coelho... ele voltou
com o Paulo, que era muito doido,
o que ele falava era “vamos experimentar esse ácido aqui, bom, vai
levar a gente pra luz, tem viagem
astral com esse...”, e os caras entravam, entendeu? Paulo é um poeta.
Desses figurões com que você teve contato,
Paulo Coelho, Raul, teve um tão ou mais destacável, o Carlos Imperial, um magnata da indústria cultural...
Carlos Imperial é o produtor
do rock’n’roll no Brasil, da
música jovem no Brasil, ponto final.
Ninguém fala mais nisso. Aqui em
São Paulo tinha um cara radialista
que chamava Tony Aguilar, esses
dois são, depois vem Jair de Taumaturgo, que não entendia de rock, mas
abriu espaço. Mas o Carlos Imperial,
esse cara fez coisas nesse Brasil que
devia ter uma bandeira da juventude com uma foto dele, porque ele
foi o primeiro cara que enfrentou.
Ele reuniu, juntou as pessoas. Me
trouxe lá de Minas Gerais. Trouxe
lá de Cachoeira do Itapemerim o
Roberto. Trouxe o Erasmo. Trouxe
o Simonal, e foi trazendo aquelas
pessoas. Porque ele sempre foi assim. E ele não era só um cara de
rock’n’roll, então, onde tinha uma
porta que era interessante pra gente
entrar, ele abria, [bate nos discos]
ele ia papapapa, até abrir. Quando
homenagem ao sábio chinês
fotografia tirada por Eduardo Araújo, no ano de 1971
ele não acreditava
que ia abrir, abria
a porta. Tinha uma
coisa muito forte.
Então, ontem eu fui
no aniversário da revista Rolling Stone e
eu falei lá numa entrevista “Poxa, vocês
precisam
cuidar
do rock brasileiro.
Vocês só falam do
rock internacional
e pegam uma banda
qualquer aí. Vocês
têm que falar da
raiz disso, como é
que começou isso,
porque lá no EUA a
revista fala do passado, pegam os caras
lá de 70, 80, 90 anos e
botam na capa! Aqui
vocês só querem
pegar undergroundzinho
começando”,
entendeu?
Assediavam seus músicos?
Sim, levaram o Lanny, a Gal Costa levou... viu e levou, levou pra Europa. Infelizmente lá, ele deu uma... sei lá onde
foi, deram a ele pra experimentar... Aquilo só foi um pavil. Ele era um menino bom, um menino maravilhoso, puro,
puro, puro, era um anjo puro. "Ah, é, deixa eu experimentar, poah, poah!"
Quando você viu ele com a guitarra, você se impressionou?
Era uma coisa de louco! Eu me lembro muito do Lanny, porque olha... Ele pegava uma música e tocava todas em
acordes. Eu nunca vi isso [falando com as mãos, imitando os acordes de Lanny]. Os acordes soavam melodias. O
que que é isso... [canta as melodias] e ia embora...a música inteirinha. É um gênio, Lanny é um gênio, gênio, gênio!
Você tem acompanhado a carreira dele hoje?
Depois ele tocou comigo, quando fui para os festivais, o Lanny foi comigo. Tomava um remedinho... tomava e tocava. Técnica ele continuou com ela, onde ele bota a mão sai som.
De gravações o Lanny fez o que com você?
Ah, o Lanny começou gravando comigo, a primeira gravação dele em estúdio foi comigo [compacto de Nem Sim,
Nem Não, de 68]. O disco da Silvinha ele gravou todo, longplay todinho dela, o meu disco, aquele da capa psicodélica [de 1971]. Inteiro, todo ele, todas as guitarras.
Você tem orgulho de ser responsável pela estréia do Lanny?
Ele não tocou com ninguém mais do que comigo. Na Gal ele fez cinco, seis músicas. Comigo era amigo, era meu
amigo... tivemos um trio, o famoso trio. Dartagnan, baterista...o...
[nesse momento, Eduardo se levanta e começa a procurar alguma coisa em sua estante recheada de prêmios, fitas
de rolo, e algumas enciclopédias]
Você tem fotos da época?
Se tiver... difícil... acho que tá fácil, eu separei, um dia tava vendo ela aqui.
[Depois de dois minutos, Eduardo volta com um envelope, duas fotos batidas por ele mesmo, no ano de 1971]
Dartagnan, Lanny no meio, e o Pancho, do baixo. Essa é a formação do disco de 1971, Ave Maria no Morro...
Eu falei, “vocês
precisam melhorar essa revista
de vocês, vamos
contar a história
do Brasil. Ou o
rock não existe
aqui? Ou ele surgiu agora, né”.
Falei pros caras:
rock é muito
mais do que isso.
movimento de rock
no
brasil,
esse
aqui,
o
Kizumbau, foi um
que
vendeu
muito.
Eu
Um compacto “garageiro” né?
Garageiro, garageiro! De fazer bandinha
lá no fundo do quintal e tocar nas festinhas.
Aquele de entrar carregando o amplificadorzinho Pahme, ligar eu mesmo, o público
já ta entrando e a gente tá ligando. “Vamo
entra lá e tocar!” Ontem até me deu uma
saudade lá, porque entrou aquele menino
[Marcelo Camelo], não tem nada a ver com o
som que eu faço, mas me deu uma nostalgia
[visivelmente emocionado], porque eles procederam do mesmo jeito. Saiu ligando amplificador, mexendo....
Você ia nos shows que aconteciam na
Você imagina se eu boto um cara
lá, eu ia perder muito tempo se
não tivesse aquela sonoridade...
swing, aquela coisa, não dava pra
entrar na banda, às vezes eu perdia tempo. Pô, saía um baterista.
Quando saiu o Duda Neves “Pô,
quem eu vou por?” O Duda tocou
comigo naquela fase que gravei
o disco nos EUA, o Rebu Geral
[1981], aí veio o Albino. Então, a
gente ia buscando até encontrar, às
vezes perdia muito tempo. O Albino tinha uma banda chamada Orquestra Azul, foi a primeira banda
mais nesse espírito jazz rock. Era
trio, baixo, bateria e guitarra, e era
muito bom, muito bom, mas eu
esperei ele ficar um pouquinho
mais maduro pra chamar. Se ele
viesse naquela época, talvez ia
ter muita dificuldade, então veio
quando já tava mais técnico. Tocava muito, mas naquela prainha
que era deles, que era um rock
progressivo muito bom. Vocês
tem alguma coisa deles, da Orquestra Azul? [na sequência, uma
rápida conversa sobre o grupo].
Quanto à vendagem, você
tinha acesso aos números?
Do
Hoje quando você rememora isso, fala dessa
movimentação do Carlos
Imperial e dos músicos,
você decreta que seria
um fundador, que você
é o fundador do rock
brasileiro?
Não... eu sou... eu sou um
dinossauro do rock’n’roll no
Brasil.
sou o primeiro
roqueiro, antes do
Erasmo, antes de todo esse pessoal. Já fui o rei do rock de
Minas Gerais. Você tem aquele
disquinho meu? Nossa é 1960
bixo!
Quem gravou em 60?
guitarra. eu sempre tive
os melhores solistas na
minha banda. eu queria
caras muito bons tocando.
época, era acostumado a acompanhar os
movimentos das bandas?
Eu era um ídolo na época e eles estavam
começando. A Pompéia era assim, a Broadway,
o pessoal era muito musical, e Os Mutantes
eram de lá. Eu sempre fui assim. Quando eu
via que tinha talento, eu tava do lado. O Lanny
eu fui buscar. Ele tinha 16 anos. Molecão. Na
época ele usava aquelas cuecas ninguém usa
mais, ele usava aquelas cuecas e... eu fui pedir
autorização pro pai dele. Tinha que pedir coisa
no juizado de menor. O Lanny viajava comigo
com documento do juizado pra subir no palco.
Um amigo meu falou assim, um baixista que
tocava comigo, de Santos, “Conhece o Lanny?
Vou te apresentar um guitarrista”. Eu tava
precisando de um guitarra, tinha perdido um
que trabalhava comigo, que não era bom mas
tinha um pegada boa de rock e foi tocar não
sei com quem, nem me lembro mais. O Cacho
foi quando saiu o Lanny. O Aristeu foi depois
eu coloquei ele na banda do Roberto. Esse arranjo de Resposta [canção presente em Kizumbau] é dele, pedi pra fazer uma abertura pro
nosso show [cantarola todos os compassos do
riff psicodélico]. Isso aí bixo! O cara fala assim
pra mim “tem um teste”, chegava o batera eu
falava “dá o som do Aristeu pra ele tocar”.
Você tocava também. Qual era o seu ídolo na guitarra?
Aí era o Santana. Por que influência
do Santana? Porque ele era um músico que fazia uma bandeira dele, da terra dele, mexicano, aquela veia latina.
Queria fazer uma coisa dentro do
que ele faz, mas brasileira, daí que
vêm as capoeiras, as coisas nossas.
Eu nunca fui um solista assim de
de disco.
Eu
Tem idéia de números? Dezenas de milhares?
Talvez, esse disco vendeu muito
na Bahia. Mas não tocava em rádio. Vendeu muito. O disco nosso,
ele ia pro exterior, ele vendia por
vários lugares. Esse disco aqui
apesar de ele não ter tocado no
rádio, as pessoas se interessavam
por Eduardo Araújo: “O que ele
lançou?” e saíam atrás e compravam, então eram colecionadores
não sei se vendeu cem mil,
porque eu não sei o que representa isso em disco, né? Mas
o que representava no rock...
o que vendeu do Frank Zappa
vendia disso aqui. Pra você ter
uma idéia, Zappa não era um
cara muito popular, né? Tem que
ser cabeça pra comprar Frank
Zappa, só que nossa juventude
era uma juventude muito informada musicalmente, pra você
ter uma ideia, [era] matéria
obrigatória música no colégio.
Banana POP
é um movimento de artistas independentes.
Nasceu na Zona Leste de São Paulo,
em parceria de Edu Osmédio, Wanderlei Valle e Thiago Padoan com o
CEU ARICANDUVA. Um evento por
mês é realizado no teatro do CEU um teatro de primeiro mundo, onde
qualquer artista gostaria de se apresentar - reunindo artes plásticas, fanzines, cinema, teatro e performance.
O nome é influenciado na arte pop
de Andy Warhol. No MOMENTO
60, uma das movimentações, houve a
transmissão do longa Terra em Transe,
de Gláuber Rocha, sendo apresentado por Gilberto Petruche. Foram
oito horas de evento onde tocaram
as bandas: VILLA NOVA [atual OS
FARPAS], HITCHICOCKS, PARALLÈLES E OS HAXIXINS. Já passaram
pelo Banana POP bandas como: EXPRESSO MONOFÔNICO, OS SKYWALKERS, CASA FLUTUANTE,
MARTA MURATÓRIO, FERNANDA CAMPOS, DENIS FERREIRA,
ROBSON PIMENTEL, ANGELO
AQUINO, PAULO RHAMIREZ,
ACAS, BARATA SUICIDA, HOT
MONSTERS,
TUBARÃO
EM
CHAMAS, OS CAVERNAS, FUZZFACE, A MATILHA, JOE BLACK,
MENARCA, KÁLISSE, BIRHU
POETA, CHURRASCO ELÉTRICO, AEROCASE, COLORBAR,
PATRIMÔNIO NACIONAL, OS
RADIOFÔNICOS, OS VELHOS
LOBOS,VERTIGEM S/A, SPRINT
77 E THE CLAVION.
DIA 21 DE NOVEMBRO, 16H00 EM
PONTO, ENTRADA DE GRAÇA:
BLACK NEEDLES, MASSAHARA,
COSMO DRAH E OS OTÁVIOS.
CONFIRA: AV.ARICANDUVA, SEM
NÚMERO, AO LADO DO SHOPPING
INFORMAÇÕES
28362451 / 83386207
O Mundo Estranho de PB
A evidência de que a internet propõe um universo incomensurável
de idéias é reforçada na colisão com um corpo estranho e curioso. No
caso, tratamos da ánalise do astro Paulo Beto e seu mundo estranho
(http://mundoestranhodepb.blogspot.com/).
Estranho mesmo! PB reúne em seu microcosmo cibernético disco do
Palhaço Carequinha [veja reprodução do post ao lado] e coletânea de
pop-sexual-japonês da década de 70. Mineiro de Juíz de Fora, Paulo
é músico profissional desde 87. Em sua carreira, montou e participou
das bandas Silverblood, Primal Violence, Anvil fx, LCD, Freakplasma
e hoje Zeroum. Segundo Paulo: “Nenhuma das bandas virou mega hit,
mas quem conhece respeita: isso abriu portas para eu trabalhar com publicidade. Fora isso trabalho em colaboração com artistas plásticos e de
vídeo arte como Roberto Bellini e Lucas Bambosi”.
O respeito foi adquirido pelos interessados nas produções voltadas à
vanguarda sonora, principal característricas do trabalho desse músico
experimental, que conseguiu galgar excelente posicionamento profissional no mercado publicitário. É através da produção de comerciais
para marcas como Lego e Panasonic, que Paulo consegue conservar
sua formação e gosto musical peculiar, o que também lhe garante ser
“dono de uma excelente coleção de sintetizadores”.
Paulo comenta sobre o blog em que reúne trabalhos autorais, raridades em vinil e coletâneas diversas montadas pelo próprio: “O disco
mais baixado no meu blog até hoje foi o da dupla sertaneja Conde
e Drácula, mais de 2500 vezes, seguido pelo disco Tortura, mais de
1000 vezes - um disco que, no meio dos anos 60, era vendido em sexy
shops americanos com sons de pessoas sendo torturadas, tipo S&M
com objetivos eróticos. Outra coisa que é motivo de linkarem meu
blog muitas vezes e encontrá-lo na busca do Google, são as palavras
‘travesti’ ‘brazil’, porque postei um compacto de um travesti dos anos
60 chamado "Valéria, o Travesti". Sabe como é. Internet gira muito
em torno do sexo. Fora isso tento naturalmente equilibrar com essas barbaridades compositores de música séria de vanguarda como K.
Stockhausen, Carl Orff e muitos outros mais obscuros. Mas a regra
principal do meu blog é tentar postar apenas o que ainda não existe
disponível na internet aberta, nunca postar algo que está facilmente
à venda e atrapalhar algum selo. Levantar artistas esquecidos. Coisas
assim. Faço isso com a fantástica ajuda de meu amigo Yupo Tozuka,
grande entendedor e colecionador”.
Prato cheio para tarados sonoros, o site é recheado também de discos seminais da música eletrênica, de vanguarda e krautrock. Vale
também a escuta da rádio safári, ancoradas por Paulo e seu parceiro
Tatá Aeroplano.
por lucas rodrigues
Fudeu! Ligaram o Palhaço Carequinha no pedal Fuzz!
OS FALCÕES REAIS
Carequinha
da
A
é
garotada
diferença
o
e
Acompanhado
da cidade de
mesmo
boa
desse
de
praça
disco
é
pela banda beat:
BARRA MANSA,
sempre
da
que
,
amigo
ditadura
ele
.
estava
na moda, ou seja, no ritmo do Yê-yê-yê.
Procurei esse disco por muito tempo. Pra mim era só uma lenda.
Mas ele existe mesmo e é bom pra caramba. Alguns velhos sucessos
do Palhaço e mais novas canções e interpretações. A cereja do
bolo é a última faixa "The Millonaire" com um arranjo que lembra bandas como The Ventures e é totalmente instrumental. Com
certeza um agrado pra banda. Aliás, esta banda chegou à acompanha-lo nesse período em seu programa de TV. Agora, algo que
realmente me intriga é o segundo integrante da esquerda para a
direita.
Afinal, o que ele toca na banda? Todos os outros estão
Será
que dançava? Será que era o vocalista quando não tinha o Palhaço? O coro infantil é formado por 8 crianças do "Pequenos
Cantores da Guanabara", com certeza um grupo coral da época.
posando em suas funções de forma bem clara, mas, e ele?
Bem,
ga,
pra quem preferir, chupem uma drocoloquem o Carequinha no ipod e
saiam
viajando
na
onda
do
Palhaço!
Podis crê, bicho!!!!!!
por paulo beto
Cosmo Drah
e
As bandas
Massahara
firmaram nos últimos me-
ses uma parceria que tem
se mostrado eficiente.
tos
já
se
Jun-
apresentaram
mais de cinco vezes e vêm
esquentando o público para
a virada do ano no festival
Psicodália,
que terá como
Mutantes e TerBaldio. ambos os gru-
headliners
reno
pos carregam a bandeira do
rock nacional e não pode-
riam ficar de fora dessa
que é a maior celebração
do gênero no país, por isso
organizaram uma excursão e
lotaram o hard bus que par-
30, rumo à cidade
de Rio Negrinho, Santa
Catarina. A oportunidade
tirá dia
de conhecer o trabalho das
bandas
é
estar
na terceira noite
presente
Udigrudi,
organizada por nós, coletivo sÓ e bandas, mais o
Centro Cultural Popular Consolação
Confira na próxima edição:
Eduardo Araújo fala de censura, destrincha a indústria
do disco, apresenta Gil Beltran, e revela os bastidores da
produção do primeiro disco
soul do país, feito em parceria
com o então novato Tim Maia
abaixo um aperitivo
Como você acompanhou as transições da música brasileira?
Porque você fez parte da entrada da guitarra, e depois essa confusão de mpb que não gostava de
guitarrra, e surge a tropicália...
Essa época foi interessante.
A preocupação do pessoal
da mpb é que a gente tomaria
o espaço deles, entendeu?
“Porque o rock'n'roll é importado, essa juventude tá
ocupando espaço”... e com
o negócio das guitarras ia
sumir os acústicos, o violão.
Uma preocupação boba, besta, o acústico tá aí até hoje.
Meu show é todo acústico.
Em vez de se preocupar em
continuar fazendo as coisas
boas que eles faziam, eles
se preocupavam em ir pra
rua fazer protesto contra
guitarra. Um absurdo bixo!
Aquilo eu achava a coisa
mais
ridícula
do
mundo.
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