Material Beribéri

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Secretaria de Estado da Saúde - Tocantins
Beribéri Carência Nutricional de Vitamina B1 Assistência, Vigilância Epidemiológica e Atenção Nutricional Palestrante: Frederico Leão Médico – Vigilância em Saúde/Sesau-­‐TO 1
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DEFINIÇÃO Beribéri / Carência nutricional da Vitamina B1 / Carência nutricional de Tiamina Ø Doença pela deficiência vitamina B1 -­‐ Oamina Ø Substância importante no metabolismo de carboidratos e aminoácidos Ø Essencial em reações metabólicas que produzem energia FATORES PREDISPONENTES Ø  Presente em populações com dieta
predominante em carboidratos simples:
Ø mandioca ou farinha de mandioca
Ø arroz polido ou moído
Ø farinha de trigo refinada
Ø Alimentos pobres em vitamina B1/ tiamina
ViTAMINA B1 Ø Vitamina B1 / tiamina
Ø Co-fator de reações relacionadas ao
metabolismo dos carboidratos e
aminoácidos
Ø Dieta altamente energética (rica em
carboidratos) aumenta o consumo e a
necessidade de reposição de tiamina
FATORES PREDISPONENTES Vitamina B1 / Tiamina
•  Instável: hidrossolúvel e termolábil
•  Maior parte da vitamina é perdida no
processo de cozimento e quando a água de
cozimento é descartada
SITUAÇÕES PREDISPONENTES •  Além da dieta insuficiente, pode estar relacionado: •  aumento da demanda metabólica de Oamina •  interferência na biodisponibilidade de Oamina Exemplos: Ø Alcoolismo / EElismo crônico; Ø Demanda metabólica e/ou fisiológica aumentada -­‐ gravidez e lactação, aOvidade Vsica intensa, doença intercorrente (câncer, febre, hiperOreoidismo) e dieta rica em carboidratos; SITUAÇÕES PREDISPONENTES •  Metabolismo prejudicado da tiamina insuficiência hepática
•  Absorção reduzida da tiamina – cirurgia
ou doença gastrintestinal, diarréia crônica.
• Aumento da eliminação da tiamina –
diálise e uso de diuréticos de alça
prolongadamente (como exemplo a
furosemida).
FATORES PREDISPONENTES Ø Reserva
Ø O rganismo humano não consegue
reservas duradouras de tiamina
Ø Deficiência de tiamina pode ocorrer
após um período de 2-3 meses de
ingestão insuficiente.
BERIBÉRI
Deficiência de Vitamina B1
Quadro clínico
•  Beribéri Seco
•  Beribéri Úmido
•  Beribéri Shoshin
•  Sind. Wernicke-Korsakoff
PATOGENIA •  NEUROLÓGICA – Beribéri Seco e Wernick-­‐Korsakoff Ø A deficiência de Oamina causa degeneração de nervos periféricos (degeneração mielínica). Ø Em algumas ocasiões neurônios da medula espinhal podem degenerar-­‐se. Ø Deficiência grave → lesões cerebrais/neurológicas irreversíveis. Ø A administração de Oamina não cura a lesão (degeneração mielínica) já estabelecida, mas evita que ocorra maior desmielinização e lesões mais graves. PATOGENIA •  CARDIOVASCULAR – Beribéri Úmido Ø Vasodilatação periférica Ø Aumento nos shunts arteriovenosos e alteração da microcirculação Ø Diminuição do aporte sanguíneo cerebral e renal e aumento da irrigação muscular. Ø Retenção de sódio e água Ø Aumento da pressão venosa periférica Ø Edema periférico – membros inferiores PATOGENIA •  CARDIOVASCULAR – Beribéri Shoshin Ø O coração torna-­‐se dilatado Ø As fibras musculares ficam edemaciadas, fragmentadas e vacuolizadas, com os espaços intersOciais aumentados pelo líquido Ø Instala-­‐se a Insuficiência Cardíaca CongesEva de Alto Débito. Quadro clínico ü A carência da Oamina pode levar de dois a três meses para manifestar os sinais e sintomas iniciais (sintomatologia leve e inespecífica): Quadro clínico QUADRO – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS INICIAIS RELACIONADAS AO BERIBÉRI Anorexia Mal estar geral Desconforto abdominal ConsEpação intesEnal Fraqueza nos membros Fadiga Plenitude pós-­‐prandial (“empachamento”) Irritabilidade Parestesias Edema Palpitações Déficit de memória Fonte: Coordenação-­‐Geral de Alimentação e Nutrição. Secretaria de Atenção à Saúde. Ministério da Saúde Quadro clínico Beribéri Seco q  NeuropaEa periférica sensiEvo-­‐motora bilateral e simétrica (em bota e luva) q  Caracterizada por pelo menos dois dos sinais e sintomas (e descartadas outras causas) ü  Parestesia e paralisia ascendente e/ou dor em MMII (“pé em gota” e “dedos em gota” ) ü  Diminuição da sensibilidade, dos reflexos e da força muscular em MMII ü  Exacerbação dos reflexos tendinosos e sensibilidade vibratória diminuída nos dedos dos pés Quadro clínico Beribéri Seco
ü  Fraqueza muscular e dificuldade para deambular
ü  Câimbras musculares nas panturrilhas
ü  Disfonia por paralisia dos músculos laríngeos
Ø  DiagnósEco diferencial: outras causas de polineuropaOa, como Diabetes mellitus, abuso de álcool, deficiência de vitamina B12, envenenamento por metais pesados, mononeuropaOa (ciáOca), distúrbios metabólicos (hipomagnesemia) e Síndrome de Guillain – Barré. Resposta TerapêuEca Beribéri Seco
Antes – 14/06/06 Após Tiamina – 08/11/06 Fotos: Dra. Maria dos Remédios F. C. Branco Quadro clínico Beribéri Úmido •  Vasodilatação periférica •  Com ou sem insuficiência cardíaca congesEva. ü  Edema de membros inferiores (frequente) ü  Edema de membros superiores (raro) ü  Taquicardia sinusal (palpitação) ü  Estase jugular ü  Pressão arterial divergente, devido à queda da PA diastólica (140 x 40 mmHg) Quadro clínico Beribéri Úmido ü  Pulso célere à palpação (pulso forte e em saltos) ü  Coração ü  Sopro sistólico ü  Ritmo de galope DiagnósEco diferencial: outras causas de insuficiência cardíaca de alto débito, como anemia grave, hiperOreoidismo, gravidez, doença hepáOca crônica, estrongiloidíase, e outras causas de edema, como desnutrição do Opo kwashiokor, nefrite, síndrome nefróOca, insuficiência renal, insuficiência venosa periférica, hipoOreoidismo, intoxicação (metais pesados, glicoleOleno, entre outros). Resposta TerapêuEca Beribéri Úmido
Antes – 10/06/06 Após Tiamina – 25/06/06 Fotos: Dra. Maria dos Remédios F. C. Branco InvesEgação de casos e óbitos por beribéri em comunidades indígenas, Uiramutã/RR, junho – julho, 2008 RELATÓRIO ELABORADO POR: Matheus de Paula Cerroni – 1º invesOgador; Jean Carlos dos Santos Barrado – 2 º invesOgador; Aglaêr Alves da Nóbrega – Monitora; Jeremy Sobel -­‐ Supervisor InvesEgação de casos e óbitos por beribéri em comunidades indígenas, Uiramutã/RR, junho – julho, 2008 RELATÓRIO ELABORADO POR: Matheus de Paula Cerroni – 1º invesOgador; Jean Carlos dos Santos Barrado – 2 º invesOgador; Aglaêr Alves da Nóbrega – Monitora; Jeremy Sobel -­‐ Supervisor Quadro clínico Beribéri Shoshin q Insuficiência cardíaca fulminante de início súbito q Descompensação cárdio-­‐respiratória, choque, coma e óbito em horas ou dias. ü  Mal estar geral ü  Dispnéia moderada a intensa ü  Pressão arterial divergente -­‐> queda da pressão arterial diastólica ü  Taquicardia ü  Ritmo de galope Quadro clínico Beribéri Shoshin ü  Hiperfonese de bulhas e sopros ü  Aumento evidente da área cardíaca ü  Congestão e edema pulmonar ü  Hepatomegalia ü  Choque ü  Manutenção da consciência até o choque hemodinâmico DiagnósEco diferencial: miocardite aguda viral ou chagásica, febre reumáOca, miocardiopaOa alcoólica, intoxicação. Resposta TerapêuEca Beribéri Shoshin
Antes – 16/06/06 Após Tiamina – 24/07/06 Fotos: Dra. Maria dos Remédios F. C. Branco Beribéri -­‐ Síndrome de Wernicke-­‐Korsakoff (SWK) q EncefalopaEa q Psicose (descartado outras neuropaOas) v Síndrome de Wernicke-­‐Korsakoff ü  Confusão mental e desorientação ü  Estrabismo unilateral e convergente ü  Nistagmo (oscilação repeOdas e involuntárias rítmicas dos olhos) Foto: Dra. Maria dos Remédios F.C. Branco
Beribéri -­‐ Síndrome de Wernicke-­‐Korsakoff (SWK) ü  Diplopia (visão dupla) ü  Ataxia cerebelar (falta de coordenação dos movimentos) ü  Delírio, perda irreversível da memória recente e confabulação DiagnósEco diferencial: encefalite viral e tumor cerebral. •  BERIBÉRI INFANTIL Ø Manifestações clínicas em lactentes alimentados com leite materno, cujas mães têm deficiência de Oamina, mas não são necessariamente sintomáOcas. Ø Essas formas clínicas são descritas na literatura como beribéri infanOl (até 12 meses de idade) ü  Beribéri InfanEl Agudo ü  Os primeiros sintomas são cólicas, agitação, anorexia e vômitos, com progressão para edema generalizado, cianose e dispnéia, incluindo sinais de insuficiência cardíaca. ü  Taquicardia ü  Aumento da área cardíaca ü  Sopro sistólico ü  Edema pulmonar, Hepatomegalia, Oligúria Diagnóstico diferencial: septicemia e insuficiência cardíaca por
outras causas.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO ABORDAGEM GERAL DO PACIENTE COM SUSPEITA DE BERIBÉRI Ø IdenOficação dos sinais e sintomas de gravidade Ø Atentar para história clínica e exame usico, com o objeOvo de se idenOficar a carência nutricional e as manifestações caracterísOcas da deficiência de Oamina Ø DiagnósEco do beribéri é fundamentalmente clínico Ø Iniciar o tratamento com Oamina frente a todo caso suspeito Ø A regressão do quadro clínico confirma o diagnósOco => prova terapêuEca Tiamina via oral (VO), uma vez ao dia Dose recomendada: -­‐ Adulto (inclusive gestantes) ou criança > 40 Kg -­‐ 01 comprimido (300mg) -­‐ Crianças < 40 Kg -­‐ 25 mg. Dissolver 01 comprimido (300mg) em 10 ml de água e dar apenas 1 ml à criança (25mg/1mL)*. * Se possível solicitar a manipulação da concentração indicada IMPORTANTE ! v Não se recomenda o tratamento do beribéri com uOlização de polivitamínicos v Principalmente em crianças, pois para se aOngir a dose de Oamina indicada, outros micronutrientes poderão ser oferecidos em excesso e, com isso, ocasionar intoxicação ou hipervitaminose principalmente pelas vitaminas lipossolúveis. •  A reposição oral de Eamina deve ser manOda por no mínimo 6 meses, ou mais a critério médico de acordo com a resposta clínica. •  As consultas médicas de retorno devem ser mensais. •  Na impossibilidade de ser realizada consulta médica, deve-­‐se garanOr consulta de enfermagem. •  O acompanhamento dos casos de beribéri deve ser feito por toda a Equipe de Saúde da Família, inclusive por meio de visitas domiciliares se necessário. •  EnfaOzar medidas efeOvas para prevenção de casos como mudança de hábitos alimentares e a restrição ao uso excessivo de álcool. Profilaxia dos grupos de risco Ø Suplementação profiláOca em casos com risco de deficiência de Oamina. Ø 01 comprimido de Eamina (300 mg) por dia durante três meses. Ø São considerados grupos de risco: Ø adultos jovens alcoolistas Ø estresse Vsico laboral elevado Ø Ingestão exclusiva de alimentos pobres em Oamina CASOS GRAVES Ø Na presença de pelo menos um sinal de gravidade, recomenda-­‐se: -­‐ Iniciar o tratamento com palmitato de Eamina 100mg/ml ou 100.000 UI/ml via IM Dose recomendada: -­‐ Adulto (inclusive gestantes) ou criança > 40 Kg -­‐ 100 mg/dia -­‐ Crianças < 40 Kg -­‐ 25 mg/dia -­‐ Encaminhar o paciente à unidade de saúde hospitalar, preferencialmente com suporte de leito de UTI. Ø Quando não disponível da Oamina injetável IM, uOlizar a Oamina via oral. •  Instabilidade Hemodinâmica -­‐  A recuperação da falência cardíaca pode demorar 2 a 3 dias -­‐  Suporte de UTI, com o uso de drogas vasoaOvas, suporte venOlatório e correção de desequilíbrios ácido-­‐base (acidose metabólica) e eletrolíOcos -­‐  Tratamento: Tiamina 100mg/ml EV a cada 4h até estabilização -­‐  Após estabilização, administrar dose de manutenção de 100mg IM 12/12h. -­‐  Na alta hospitalar manter tratamento com Oamina via oral por 6 meses ou mais conforme evolução clínica / critério médico. Condutas associadas ü  Beribéri Seco: fisioterapia motora, associada ao tratamento medicamentoso. ü  Síndrome de Wernicke-­‐Korsakoff: avaliação psiquiátrica e tratamento fisioterápico. ü  Pacientes eElistas: reposição de outras vitaminas, como ácido fólico, niacina (vitamina B3) e piridoxina (vitamina B6). ü fundamental estabelecer parcerias com as equipes locais de saúde mental, conforme a organização da rede de atenção psicossocial regional (CAPS, NASF’s, Centros de Referência Especializada, etc.). EXAMES COMPLEMENTARES •  O diagnósEco do beribéri é essencialmente clínico e é confirmado pela resposta terapêuEca com Eamina • 
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Confirmação laboratorial (não disponível na rede SUS) Dosagem sérica de Oamina Dosagem da excreção urinária de Oamina EsOmulação da aOvidade da transcetolase eritrocíOca com um agregado de pirofosfato de Oamina. ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL •  Analisar a qualidade da dieta •  IdenOficar a monotonia alimentar •  Promover a diversidade alimentar •  EsOmular o consumo de alimentos fontes de vitamina B1 •  Diminuir ou evitar bebidas que inibam a absorção da vitamina B1 (café e bebida alcoólica) Site Beribéri Tocantins
www.sites.google.com/site/beriberitocantins/
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BERIBÉRI TOCANTINS
Área Técnica Estadual
•  Vigilância Epidemiológica
•  [email protected]
•  Atenção Básica / AT Nutrição
•  [email protected]
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