ABORDAGENS METODOLÓGICAS DOS PROFISSIONAIS DA EJA Lúcia Helena Biazoli Alves dos Santos Pacheco Centro Paula Souza – Etec Manoel dos Reis Araújo [email protected] Márcia Regina Oliveira Poletine Centro Paula Souza – GSE – Regional Marília [email protected] Modalidade: Comunicação Oral Eixo Temático: Identidades e Trajetórias na Formação dos Educadores(as) da EJA RESUMO: A pesquisa em relação à educação de jovens e adultos está voltada à prática pedagógica e ao reconhecimento dos direitos adquiridos e que devem ser cumpridos de acordo com as leis estabelecidas, partindo das experiências de vida dos educandos, diferenciando-os das crianças. Será o educador o mediador e quem irá intervir, permear e direcionar o trabalho educativo, ocorrendo assim, um processo de ensino e aprendizagem que vá ao encontro das necessidades e interesses reais da vida cotidiana dos jovens e adultos, com o objetivo de ajudá-los a realizar o sonho de saber ler e escrever, incentivando-os a terem coragem para construir e buscar novos conhecimentos.A abordagem metodológica que se busca é o que o grupo sabe, faz, vive e sente, alcançando a compreensão crítica da realidade para uma prática social criadora e transformadora.São esses saberes e práticas que saem os conteúdos, ou seja, do “diálogo” nasce o tema gerador para o processo de aprendizagem dos adultos. PALAVRAS-CHAVE: Educação; Jovens e Adultos; Metodologias. Introdução No mundo contemporâneo, globalizado, é necessário possibilitar a oportunidade de uma nova visão aos jovens e adultos, para que se tornem cidadãos e possam lutar por seus direitos e deveres. A escolaridade é um instrumento fundamental para a disputa no competitivo mercado de trabalho, porque amplia chances de inserção e permite àqueles que a possuem assumir posturas críticas. O mercado de trabalho espera por trabalhadores versáteis, capazes de comunicar-se, habilitar-se sempre e,que compreendam o processo de trabalho como um todo, dotados de autonomia e iniciativa na resolução dos problemas cotidianos. O ensino de qualidade para todos começa na escola, direcionada a desenvolver um indivíduo integral, valorizando suas capacidades e habilidades físicas, cognitivas, psíquicas, sociais, econômicas, políticas e culturais, a partir de valores éticos e morais, formando cidadãos que exercem a verdadeira cidadania, integrada com sua sociedade globalizada (Oliveira, 2000). Os processos da aprendizagem envolvem a busca pelos conhecimentos necessários para a vida social e para o trabalho, partindo da reflexão crítica sobre a realidade, dialogando com outro em igualdade de condições. O jovem trabalhador que resolve estudar, busca coragem para realizar o seu sonho e tornar-se cidadão independente, autônomo e capaz de resolver problemas cotidianos, mesmo que às vezes, sinta receio de tentar e fracassar. Diante desta realidade, nós educadores devemos ter uma proposta pedagógica que vá ao encontro das necessidades dos nossos educandos jovens e adultos, mediando o processo de aprendizagem, levando-os a quebrarem barreiras como o medo, timidez e a inibição. A escola deve ser espaço democrático, visando à responsabilidade individual e coletiva, respeitando a “Bagagem Cultural” de cada jovem. Portanto, atentos à nossa realidade globalizada, precisamos resgatar valores, costumes e hábitos, como o respeito, a ética,empatia, exercendo na prática a cidadania. O objetivo da pesquisa bibliográfica sobre abordagens metodológicas é destacar a importância da educação de jovens e adultos na atualidade, compreender a relevância de novas metodologias que possibilitem a efetiva aprendizagem. O papel do educador é desenvolver no educando a autoestima e autoconfiança através de sua própria força e capacidade de vencer obstáculos, mediada por uma educação metodológica de desenvolvimento social, pessoal e cultural, refletindo sobre impactos entre alguns conhecimentos, trabalhando com a interdisciplinaridade, como um desafio rompendo paradigmas com um “analfabetismo” de caráter ideológico e das forças políticas dominantes, acabando com a mão de obra barata e que não qualifica, trazendo uma cultura mais “culta e rica” para as camadas populares”. (LEMLE & CARVALHO, 1997). 1- Resgate Histórico da Educação de Jovens e Adultos A preocupação com a educação básica de jovens e adultos, no Brasil, iniciou-se a partir da década de 30, quando começou a consolidar-se um sistema de educação elementar. Esse período foi marcado por transformações políticas, com a quebra da hegemonia dos Senhores do café a ascensão, por golpe de Getúlio Vargas ao poder. Com o desenvolvimento industrial e social, o homem do campo vem à cidade. Novas necessidades surgiram, houve um aumento da oferta de vagas para atender à demanda de diversos setores. Para tanto, o governo federal traçou diretrizes educacionais para o país, delegando responsabilidades aos Estados e Municípios. Nestas ensejavam-se, esforços relativos à educação elementar de adultos, visto que grande parte era analfabeta. E o novo cenário econômico na década de 40 exigia um homem mais preparado. Com o fim da ditadura Vargas em 1945, o país viveu a exigência política do processo de democratização, contribuindo para que a Educação de Jovens e Adultos tivesse destaque dentre outros problemas da época. Com o término da Segunda Guerra, era necessário preparar o povo, “a massa” para o novo modelo econômico – político que se delineava. Emerge então uma identidade para a Educação de Jovens e Adultos com a Campanha da Educação de Adultos em 1947. Na década de 50, o clima de euforia arrefeceu, deixando como herdeira a rede de Ensino Supletivo, sob a responsabilidade dos Estados e Municípios. Na época o adulto analfabeto era uma causa e não um efeito. Ele era tratado como incapaz e marginal, comparado a uma criança, por isso ser conduzido pelas elites. No final da mesma década vozes se fizeram ouvir. O adulto, ainda que analfabeto passou a ser visto como ser humano capaz, dotado de potencialidade e de raciocínio para resolver situações – problema, contribuição das modernas teorias da psicologia e da aprendizagem. As críticas a uma nova visão sobre o problema do analfabetismo e à consolidação de um novo paradigma da educação de adultos cresceram no país e convergiram para uma nova postura, tendo como figura marcante o educador Paulo Freire. O Pensamento pedagógico ou “Método Paulo Freire” tinha uma nova proposta para o Adulto. Ele próprio podia conduzir sua alfabetização, não só das letras, mas com possibilidades de uma leitura crítica do mundo que o cercava, o que lhe possibilitava o caminho do “aprender a aprender”, tornando- o independente, consciente, cidadão. Essa prática foi incorporada no inicio da década de 60. Segundo a proposta de Paulo Freire (apud Gadotti, 1979, p. 72) a Educação de Jovens e Adultos deveria partir sempre da realidade dos educandos, da identificação das origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los. Na educação bancária onde o aluno era um simples depositário de conhecimento sistematizado pela classe dominante, tinha de ser eliminada. Freire indicava uma ação educativa que incorporasse a cultura popular seria possível de ser compreendida através do dialogo. Golpe militar, 1964 pôs fim aos programas que eles representavam, pois formavam seres pensantes. Para contornar a situação, em 1967 lançaram Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL); como resposta do regime militar à grave situação do analfabetismo no país. Na década de 70, o MOBRAL expandiu-se por todo o território nacional e várias iniciativas tomaram forma. Década de 80, o sistema militar mostrou sinais de fraqueza e esse foi o momento propício para que as experiências populares se ampliassem construindo canais de troca de experiências, reflexões e articulações. Em 1990 extinção da Fundação Educar. A partir de 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN 9394/96) foi assegurada as condições para a formação de jovens e adultos e trabalhadores. 2- A educação de Jovens e Adultos na Legislação Atual De acordo com a Lei Nº 9394/96, a EJA é vista como uma modalidade de ensino que vai além da Educação Formal, deve incorporar as práticas e os saberes construídos no cotidiano, assumindo a educação não formal, quase sempre desenvolvida nos movimentos populares e organizações sociais. De acordo com a LDB 9394/96, as unidades educacionais da EJA, devem construir, em suas atividades, sua identidade como expressão de uma cultura própria que considere as necessidades de seus alunos e seja incentivadora das potencialidades dos que as procuram. Essas unidades da EJA devem promover a autonomia do jovem e adulto de modo que eles sejam sujeitos do aprender a aprender em níveis crescentes de apropriação do mundo do fazer, do acontecer, do agir e do conviver. Na Lei de Diretrizes e nas Bases da Educação Nacional Nº 9.394/96, consta no Título V, Capitulo II, Seção V, Artigo 37 relacionado, especificamente, à Educação de Jovens e Adultos: Art. 37 – A educação de jovens e adultos será destinada aqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e o médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, considerada as características do alunado, seus interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames. § 2º O poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. A Educação de Jovens e Adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma educação que desenvolva o conhecimento e a integração na diversidade cultural, como afirma Gadotti. (1979 p.74). Ainda para Gadotti (1970 ), deve se considerar : ...a própria realidade dos educandos, o educador conseguirá promover a motivação necessária à aprendizagem, despertando neles interesses e entusiasmos, abrindo-lhes um maior campo para os que estão aprendendo e, ao mesmo tempo, precisam ser estimulados para resgatarem sua autoestima, pois a sua ignorância lhes trará ansiedade, angústia e complexo de inferioridade. Esses jovens e adultos são tão capazes como uma criança, exigindo somente mais técnica e metodologia eficientes para esse tipo de modalidade. (GADOTTI, 1970) A LDB determina em seu art. 37 que cursos, exames são meios pelos quais o poder público deve viabilizar o acesso do jovem e adulto à escola, possibilitando o prosseguimento aos estudos em caráter regular, tendo como referência os componentes curriculares da base nacional comum. Essa concepção de educação de jovens e adultos é garantida através de espaços de formação permanente e continuada dos sujeitos envolvidos, educadores(as) e comunidades para que eles(as) próprios construam, num processo de relações horizontais, uma concepção de educação continuada ao longo da vida, com interação e dialogicidade. 3- Planejamento A atividade educativa, assim como outras atividades complexas, impõe a necessidade de estabelecer planos formalizados e apoiados em registros escritos. Os processos de ensino e aprendizagem são complexos, exigindo uma duração temporal relativamente longa. Além disso, o que está em jogo não são aspirações individuais, mas aspirações de grupos de educadores e educandos, envolvidos com sistemas de ensino. O currículo constitui um primeiro nível de planejamento da atividade educativa, na medida em que nele se estabelecem objetivos gerais em seus desdobramentos em objetivos específicos. Nessa perspectiva, ele é uma ferramenta essencial para orientar a ação do educador e a coordenação de sua ação com a de outros educadores envolvidos na mesma proposta. É do professor a maior responsabilidade com relação à elaboração desse plano, pois ele deve estar em condições de ir calibrando-o durante sua execução, ou seja, realizando os ajustes necessários mediante a avaliação constante de seu andamento. A elaboração de bons planos didáticos exige um conhecimento razoável e uma boa dose de criatividade do professor, de como se realiza o processo de aprendizagem dos referidos currículos. Sua primeira tarefa é estabelecer e ordenar os objetivos de sua ação, para que o currículo seja um parâmetro indispensável. A LDB no art. 61, ”alterada pela Lei Federal 12.014 específica as categorias de trabalhadores para educação básica, Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos: I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.” (NR) Pode-se dizer que a formação de um educador voltado para a EJA, deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino. Assim esse profissional deve estar preparado para interagir enfaticamente com os educandos e estabelecer o exercício do diálogo. Embora haja uma complexidade de fatores que compõem a situação do estudante da EJA, “a formação docente qualificada é um meio importante para se evitar o trágico fenômeno da recidiva e da evasão”, (Parecer CEB 11/2000 ). Em relação à sala de aula, planejar precisa também ter a função de se criar um registro antecipado das nossas ações que contribuam não só para a prática, mas para a possibilidade de troca de diálogo com outras experiências. A elaboração de um bom planejamento implica sempre um repensar, refazer, recuperar e, para isso, é necessário que o educador tenha um conhecimento do processo educativo em que ele está inserido. A proposta de planejamento para EJA é elaborá-lo por “eixos temáticos” para que se estabeleçam conexões entre os componentes curriculares. Essa escolha é realizada de forma adequada, levando em conta as possibilidades de articulação dos conteúdos das áreas. 4- Metodologias de Aprendizagens na EJA Na educação de jovens e adultos, o que importa é trabalhar com a realidade através das palavras geradoras e/ou temas geradores, tornando-se um conteúdo de reflexão como ponto de partida para o diálogo, para o ensinar e aprender. Aos educadores cabe articular o aprendizado dos saberes com leitura crítica do mundo. Partindo de temas geradores significativos para os educandos, faz-se necessário, por um lado desenvolver um processo reflexivo sobre o contexto em que estão inseridos, em articulação num âmbito maior, e por outro lado, criam-se condições para que registrem através da escrita o que foi pensado, discutido e aprendido oralmente. O processo de aprendizagem não pode preocupar-se apenas com a técnica da leitura e a grafia da escrita, deve pesquisar junto com os alunos novas informações sobre tal conteúdo trabalhado, questionando e refletindo essas informações. O legado de Freire, (1997) foi construído a partir de uma visão especifica de ser humano e de mundo, e é nessa trama-homem-mulher-mundo, que se dão os processos de humanização, pois “ao perceber o ontem, o hoje e o amanhã”, o ser humano percebe a consequência da sua ação sobre o mundo, nas diferentes épocas históricas, enfim, torna-se sujeito da sua história e responsável por ela. Freire diz que a natureza da educação é política, e que o conhecedor pode ser um ato de domesticar ou libertar. Hoje a escola é para todos, pois é através da cultura que podemos vislumbrar um futuro com uma sociedade mais igualitária, sendo que ainda vivemos em condições de pessoas opressoras e oprimidas. Freire, (1982) não concordava em dar textos aos seus alunos só para serem lidos e memorizados, e sim para serem absorvidos de maneira espontânea e crítica. Ele passou a alfabetizar adultos porque acreditava que este era um ato político e de conhecimento. Muitas vezes as experiências de vida de quem será educado, ultrapassa o tempo de vida de quem educa; desta forma, não pode haver uma concepção de educação unilateral. As experiências e conhecimentos devem ser tratados como uma relação de reciprocidade, pautada sempre no diálogo e no respeito. Freire não acreditava na leitura escrita pelo simples fato de fazê-la; queria sempre que seus educandos tivessem um conhecimento completo e o mais amplo possível dentro das condições objetivas e subjetivas de cada um; não bastava recitar “Eva viu a uva” sem ter a explicação completa de cada uma das palavras; perguntar sempre: quem foi Eva? O que significa ver? E quem planta a uva?. Desta forma, o aluno tinha, em uma simples frase, uma compreensão inteira do que estava aprendendo. Com base nesses aspectos, o método Paulo Freire (1997), indica caminhos para desenvolver um trabalho diversificado, isto é, levar em consideração as experiências que os alunos trazem. É preciso valorizar este conhecimento e estabelecer uma relação de amizade e confiança que cresce a cada dia entre educadores e educandos, dando estímulo e enriquecendo a aprendizagem e a permanência dos alunos nos cursos de alfabetização de jovens e adultos. A aprendizagem dos adultos não pode ficar apenas em transmissão dos conhecimentos científicos, mas em valorizar os conhecimentos adquiridos ao longo da vida e no trabalho, promovendo a articulação destes conhecimentos em benefício do aluno educando. Para assegurar aprendizagem na EJA, o educador deve partir dos conhecimentos que seus educandos trazem da escola da vida e do trabalho, priorizando a troca dos saberes. - Uma educação feita com diálogo. Freire (1997) relata em um dos seus livros que a educação ocorre em cooperação entre homens e mulheres. O educador e o educando são sujeitos do processo educativo e,neste, o educador aprende a ensinar e o educando ensina a aprender. Isto requer uma autêntica relação dialógica, que se constrói a partir de um profundo respeito ao ser, saber e pensar do outro. É preciso escutar o educando em suas dúvidas, em seus receios, em seus gostos, em seus saberes, em suas experiências de vida, e ao escutá-los, aprender a falar com eles. Também precisamos motivar o educando a falar, pois a sua história de vida está muitas vezes marcada pela pedagogia do silêncio. Esta motivação pode ser feita de diferentes formas, tais como: teatro, poesia, música, notícia, fatos, textos diversos, vídeos, programas de televisão, e também, a partir de um conjunto de questionamentos que o educador constrói, para estabelecer um diálogo com o educando em torno da temática a ser estudada. Para Freire (1981), o educador é o mediador do diálogo com o conhecimento no processo de aprendizagem do educando. A aprendizagem dos jovens e adultos depende muito do trabalho pedagógico, da metodologia a ser aplicada e as articulações das inovações metodológicas numa proposta mais abrangente e coerente. A educação deve propiciar uma ação pedagógica dialética, em que se efetive a construção do conhecimento através de uma prática educativa autônoma, comprometida, criativa, prazerosa, significativa e motivadora. Justificando-se então que: “a motivação depende da força de estimulação do problema e das disposições internas e interesses do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas o estimulador.” (LIBÂNEO, 1995 p.15). Freire (1992), afirma que a partir dos saberes dos educandos não é fixar-se neles, mas sim, passando por eles e superando todos eles. Para ele, ensinar não é só transmissão de conhecimentos, mas sim, prover meios e possibilidades para a produção e a construção do mesmo (Freire, 1997). 5- Considerações Finais A transformação do mundo vai ocorrer através de uma educação, feita a partir da sua realidade cultural, isto é, da história do sujeito, que muitas vezes, esperou mais da metade de sua vida para ir de encontro com a educação formal. É preciso despertar o interesse de muitas pessoas sobre a necessidade de facilitar o acesso de jovens e trabalhadores à escola, inserindo-os no mundo do trabalho de forma digna. Trabalhar com EJA é uma escolha, que exige compromisso com as mudanças, através da ação-reflexão-ação sob o contexto em que o educador está inserido, a partir de um profundo respeito aos saberes, a sua cultura, o modo de interpretá-la, expressá-la e de nela intervir no sentido de sua transformação. Compreender a aprendizagem de jovens e adultos a partir de uma ótica multidimensional sem dúvida é um dos maiores avanços em termos de pesquisa, pois a educação de jovens e adultos passa a ser vista como um processo técnico de aquisição de competências e habilidades, como um fator de humanização, de adaptação do indivíduo na sociedade moderna e de sua constituição enquanto ser político e social. Por traz deste processo há sempre ideologias que fundamentam seus fins constituindoas não apenas como uma ação pedagógica, mas também, como ato político. Entender o processo de aquisição dos conhecimentos significa antes de tudo, compreender as leis e os valores que regem a dinâmica da sociedade. Tanto a escola, quanto professores e alunos são elementos fundamentais no processo de aprendizagem, por isso, a valorização dos mesmos necessita serem resgatadas. É preciso buscar mais qualidade na educação lutando pelos direitos, baseando-se nas leis, com o objetivo de ajudar jovens e adultos a realizar o sonho de ter uma formação humana e profissional, incentivando-os a terem coragem para construir e buscar novos conhecimentos. A escolha por uma metodologia para o EJA, deve se levar em consideração as características do grupo e suas necessidades e o contexto em que vivem. O ponto que se busca é alcançar a compreensão crítica desta realidade a uma prática social e transformadora. Diante de tudo isso, queremos dizer que é na troca dos saberes entre educandos e educadores, na reflexão e ação sobre a realidade em que vivem que o conhecimento é a todo instante construído. Referências Bibliográficas: FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da liberdade. 11ªEd. São Paulo: Paz e Terra, 1997. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 24ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. FREIRE, Paulo. O mundo hoje. Vol.21. 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