UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS CENTRO DE CIÊNCIAS ECONOMICAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS CLOVIS BALBINÓT Gestão de Estoques de Produto Acabado AmBev – Filial Águas Claras do Sul São Leopoldo 2005 CLOVIS BALBINÓT Gestão de Estoques de Produto Acabado AmBev – Filial Águas Claras do Sul Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade do vale do Rio dos Sinos – UNISINOS Orientador : Prof. Dr. Carlos Alberto Diehl São Leopoldo 2005 CLOVIS BALBINÓT Gestão de Estoques de Produto Acabado AmBev – Filial Águas Claras do Sul Trabalho de Conclusão apresentado à Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração de Empresas Aprovado em de . BANCA EXAMINADORA . Professor . Professor . Professor Dedicatória Dedico este trabalho a minha esposa Nara B.da S. Balbinot, minha filha Janine da S. Balbinot, que estiveram ao meu lado em toda minha trajetória , que no início era um sonha, e agora tornou-se uma conquista. Também dedico aos meus pais, Victorio e Lourdes, que foram o início de tudo, e conseguiram mostra-me o caminho correto na vida, com simplicidade, honestidade e caráter educaram seus três filhos. Agradecimento... Agradeço ao meu Orientador Prof. Dr. Carlos A. Diehl, que com seu entusiasmo, dedicação, paciência e excelente orientação tornou possível a realização deste trabalho. Aos colegas de aula que mesmo nos momentos de desavenças, contribuíram para meu crescimento acadêmico, profissional e pessoal. Aos meus colegas da AmBev, pelo apoio, ajuda e compreensão. RESUMO Este trabalho é um estudo de caso realizado na Companhia Brasileira de Bebidas – AmBev, Filial Águas Claras do Sul, uma empresa do ramo alimentício, produtora de cerveja, refrigerante e chopp, distribuindo seus produtos para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e parte do Paraná. Inicialmente é apresentada uma revisão bibliográfica dos conceitos de Logística, Administração de Materiais e Estoques, entre outros, foi desenvolvida para embasar a análise e possibilitar sugestões de melhorias ao final do estudo. Em seguida é desenvolvida uma descrição completa do sistema atual da gestão de estoques de produto acabado da unidade, desde a elaboração da programação de produção até a etapa final que é a venda do produto. Através das entrevistas, consultas a dados secundários e as observações, conseguiu-se obter as informações necessárias para realização do estudo de caso, e posterior comparação a revisão bibliográfica, com o intuito de apresentar a análise final, as sugestões de melhorias e a conclusão. PALAVRAS CHAVES: estoque, produção, vendas, programação. PERÍODO: 2005/2. LISTA DE FIGURAS Figura 01: Processo de Previsão Eficaz....................................................................28 Figura 02: Período de Replanejamento.....................................................................30 Figura 03: Comportamento Dinâmico do Processo de Previsão ...............................30 Figura 04: Fluxo Primário de Informações ................................................................34 Figura 05: Variação de Estoque - Dente de Serra.....................................................40 Figura 06: Gráfico dos Estoques no Modelo de Alto Giro .........................................41 Figura 07: Gráficos dos Estoques no Modelo de Baixo Giro .....................................41 Figura 08: Vista Parcial da Unidade Águas Claras do Sul – AmBev .........................66 Figura 09: Horizontes de Planejamento da AmBev...................................................67 Figura 10: Fluxo de Informações da Malha ...............................................................69 Figura 11: Armazenamento de Produto Acabado “Dois de Alto”...............................83 Figura 12: Produto em Analise – “Tranca Palete” .....................................................84 Figura 13: Dispersão de Vendas Cerveja 600ml Janeiro 2005 .................................88 Figura 14: Dispersão de Vendas Cerveja Lata Janeiro 2005 ....................................88 Figura 15: Dispersão de Vendas Cerveja 600ml Fevereiro 2005 ..............................89 Figura 16: Dispersão de Vendas Cerveja Lata Fevereiro 2005.................................89 Figura 17: Dispersão de Vendas Refrigerante Janeiro 2005.....................................91 Figura 18: Dispersão de Vendas Refrigerante Fevereiro 2005 .................................91 Figura 19: Dispersão de Vendas Skol Lata Jan/Jul 2005..........................................93 Figura 20: Dispersão de Vendas Pepsi Cola Light Jan/Jul 2005...............................94 LISTA DE TABELA Tabela 01: Quadro Comparativo entre Opções de Inventário ...................................57 Tabela 02: Vendas de Cerveja Prevista x Real – Jan/Fev 2005 ...............................87 Tabela 03: Vendas de Refrigerante Prevista x Real – Jan/Fev 2005 ........................87 Tabela 04: Vendas Cerveja Prevista x Real – Jan/Jul 2005......................................92 Tabela 05: Vendas de Refrigerante Prevista x Real – Jan/Jul 2005 .........................92 Tabela 06: Quadro de Sugestões de Melhorias ......................................................103 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 2F: Sistema de Emissão de Notas Fiscais da AmBev 2P: Sistema de Marcações de Puxadas da AmBev CDD: Centro de Distribuição a Distância EFF: Estoques Fora de Faixa ERP: Enterprise Resources Planning – Sistema de Gestão Empresarial FIFO: First in First out – Primeiro Que Entra primeiro que Sai MRP: Materials Requirements Planning MSN: Messenger PCP: Planejamento e Controle de Produção PDV: Ponto de Venda PEF: Programa de Excelência Fabril SAC: Serviço de Atendimento ao Consumidor SAP : Systemanalyse and Programmentwicklung – Sistemas, Aplicações e Produtos de Processamento de Dados Set-up: Troca de Produto na Linha de Produção SKU: Stock Keeping Unit – Número de Itens ou Produto Estocado SÚMARIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 1.1 Situação Problema....................................................................................12 1.1.1 Definição do Problema.......................................................................12 1.1.2 Objetivos ............................................................................................13 A seguir será descrito quais os objetivos deste trabalho. ......................13 1.1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................14 1.1.2.2 Objetivos Específicos.................................................................14 1.1.2.3 Justificativa ................................................................................14 2 GESTÃO DE ESTOQUE........................................................................................16 2.1 Definição de Logística ..............................................................................16 2.2 Dados Gerais do Estoque ........................................................................18 2.3 Características Básicas de Controle de Estoque...................................18 2.3.1 Custos de Estoque.............................................................................19 2.3.2 Objetivos de Estoques .......................................................................20 2.4 Funções dos Estoques.............................................................................21 2.4.1 Estoque de Antecipação ....................................................................22 2.4.2 Estoque de Segurança.......................................................................22 2.4.3 Estoque de Tamanho de Lote............................................................23 2.5 Previsões de Estoques.............................................................................23 2.5.1 Considerações Gerais........................................................................24 2.5.1.1 Natureza da Demanda ...............................................................24 2.5.1.2 Componentes das Previsões .....................................................25 2.5.1.3 Abordagens de Previsão............................................................27 2.5.2 Processo de Elaboração de Previsões ..............................................28 2.5.3 Técnicas de Previsões .......................................................................31 2.6 Planejamento e Controle de Produção – PCP ........................................32 2.7 Gerenciamento de Estoques....................................................................35 2.7.1 Planejamento de Estoques ................................................................35 2.7.1.1 Incertezas ..................................................................................36 2.7.2 Política de Estoques ..........................................................................37 2.7.3 Níveis de Estoques ............................................................................38 2.7.3.1 Estoque Mínimo .........................................................................42 2.7.3.2 Estoque Máximo ........................................................................42 2.7.3.3 Estoque Ponto de Pedido ..........................................................43 2.8 Gerenciamento de Depósitos ..................................................................43 2.8.1 Funções de um Depósito ou Armazém ..............................................44 10 2.8.1.1 Estocagem Estratégica ..............................................................45 2.8.2 Armazenamento de Estoque..............................................................46 2.8.2.1 Localização dos Estoques .........................................................47 2.8.2.2 Técnicas de Estocagem.............................................................48 2.9 Movimentações de Estoques...................................................................50 2.9.1 Manuseio de Materiais .......................................................................50 2.9.1.1 Paletização ................................................................................52 2.9.1.2 Sistemas de Manuseio de Estoques ..........................................54 2.10 Inventário.................................................................................................55 3 MÉTODO................................................................................................................58 3.1 Tipo de Pesquisa ......................................................................................58 3.2 Definição da Área Alvo de Estudo...........................................................59 3.3 Coleta de Dados........................................................................................60 3.4 Análise de dados ......................................................................................61 3.5 Limitações do Método ..............................................................................62 4 ESTUDO DE CASO : AMBEV- FILIAL ÁGUAS CLARAS DO SUL .....................63 4.1 Caracterização da Empresa .....................................................................63 4.1.1 Caracterização da Área de Logística .................................................66 4.2 Situação Atual do Planejamento de Estoques .......................................67 4.2.1 Sistemas Utilizados na Unidade de Águas Claras do Sul ..................69 4.2.2 Malha .................................................................................................70 4.3 Planejamento e Programação de Produção (PCP) ................................72 4.3.1 Programação de Produção ................................................................72 4.3.1.1 Reunião de Produção ................................................................74 4.3.1.2 Negociação de Produção e Distribuição ....................................76 4.3.1.3 Ajuste da Malha .........................................................................77 4.3.4 Gestão da Política de Estoques .........................................................78 4.4 Fechamento de Produção Diária .............................................................81 4.5 Sistema de Armazenamento ....................................................................82 4.6 Inventário de Estoques ............................................................................85 4.7 Programação de Distribuição :Prevista x Realizada..............................86 4.8 Análise e Considerações..........................................................................94 4.8.1 Planejamento de Estoques - Determinação dos Níveis de Estoques 95 4.8.2 Planejamento e Controle de Estoques (PCP) ....................................96 4.8.3 Produção das linhas de Envasamento...............................................97 4.8.4 Outras Considerações .......................................................................98 4.9 Sugestões de Melhoria .............................................................................99 4.9.1 Treinamento dos Analistas e Conferentes .......................................100 4.9.2 Contagem Diária Físico x Contábil...................................................100 4.9.3 Sistema de Codificação dos Estoques.............................................101 4.9.4 Utilização dos Gráficos da Política de Estoques ..............................101 4.9.5 Antecipação da Produção de Cerveja Lata......................................102 4.10 Considerações Finais ...........................................................................102 CONCLUSÃO .........................................................................................................104 REFERÊNCIAS.......................................................................................................106 APÊNDICE A: Roteiro de Perguntas Utilizados na Pesquisa ............................108 APÊNDICE B: Fontes de Dados Utilizadas na Pesquisa....................................109 ANEXO 1: Exemplo de Gráfico Política de Estoques .........................................110 ANEXO 2: Exemplo Protocolo de Justificativas de Estoques Fora de Faixa...111 1 INTRODUÇÃO As empresas e instituições em geral, vem buscando incessantemente a excelência em seus processos. Tal busca visa oferecer produtos e serviços cada vez melhores a preços competitivos; reduzir custos sem comprometer a qualidade; gerar benefícios aos acionistas e funcionários; oferecer aos clientes produtos de qualidade e preço acessível; obter lucro, que é o que todos almejam, com isto garantido a sobrevivência das organizações. Este processo contínuo de melhoria não é apenas uma opção a mais que as empresas possuem para traçar suas diretrizes gerenciais, mais sim uma questão de sobrevivência em ambiente fortemente competitivo. Possuir estoques em níveis adequados, analisar, programar e controlar as diversas variáveis que os estoques sofrem, tornou-se uma das questões de sobrevivência, principalmente no ramo que bebidas, ramo este que versará o trabalho. Os estoques de produto acabado, representam capital parado, capital que poderia ser utilizado em outro investimento, mas sem eles as empresas não conseguem atender às incertezas do mercado. Neste contexto, é inevitável possuir uma gestão de estoques que garanta o atendimento dos clientes e também que não 12 impacte no negócio, mantendo o capital empregado nos estoques em níveis que não comprometam o resultado final da organização. 1.1 Situação Problema 1.1.1 Definição do Problema O ramo de bebidas brasileiro, mais precisamente o cervejeiro, modificou-se muito com a fusão da Brahma e Antarctica, pois esta união consolidou as duas maiores cervejarias brasileiras em uma só, sendo alvo de protestos e ações dos concorrentes contra a fusão. Mesmo sendo líder de mercado, a AmBev compete acirradamente com os concorrentes por cada ponto percentual de aumento de venda, mantendo uma estratégia de crescimento fundamentado em princípios de gerenciamento de receita e persegue continuamente a maior eficiência em custos. Um dos desafios para se manter competitivo, rentável, adaptar-se as incertezas do mercado e buscar possibilidades de minimizar custos, é possuir um sistema de gestão de estoques adequados às necessidades de distribuição dos produtos produzidos. Segundo Ching (1999), a política de estoques exerce influência muito grande na rentabilidade da empresa. Os estoques absorvem capitais que poderiam estar sendo investidos de outras maneiras, desviam fundos de outros usos potenciais e têm o mesmo custo de capital que qualquer outro projeto de investimento da empresa. 13 “Os estoques ajudam a maximizar o atendimento aos clientes, protegendo a empresa das incertezas do mercado”. (ARNOLD, 1999, p.271). Tentando alcançar este equilíbrio, conciliando as incertezas do mercado com o volume de produtos produzidos, não só na Filial Águas Claras do Sul, como também em todas as filiais da AmBev, tenta-se programar a produção a mais próxima possível da realidade, utilizando as previsões de vendas das áreas comerciais, comparando com as vendas de anos anteriores e buscando indicadores que possam antever possíveis variações nas vendas dos produtos. Atualmente a forma utilizada pela área de logística para programar e controlar os estoques vem encontrando grande dificuldade, pois devido ao grande número de variáveis, externas e internas, ocorrem grandes mudanças no decorrer do mês, mudanças estas que interferem diretamente nos níveis de estoques, acarretamento muitas vezes indisponibilidade de produto acabado ou sobra, conseqüentemente onerando o capital empregado da companhia. Neste contexto, a questão do problema de pesquisa é: Quais os meios necessários para que a AmBev, Filial Águas Claras do Sul, possa manter uma política de estoques de produto acabado adequado às necessidades do mercado ? 1.1.2 Objetivos A seguir será descrito quais os objetivos deste trabalho. 14 1.1.2.1 Objetivo Geral Identificar e analisar o Sistema de Gestão de Estoques existentes na AmBev, Filial Águas Claras do Sul. 1.1.2.2 Objetivos Específicos ¾ Analisar a programação de produção na AmBev, Filial Águas Claras do Sul ; ¾ Identificar as práticas adotadas na gestão de estoques na AmBev, Filial Águas Claras do Sul; ¾ Identificar problemas na gestão de estoques da AmBev, Filial Águas Claras do Sul; ¾ Propor ações, que possam ser adequadas para melhorar a gestão de estoques da AmBev, Filial Águas Claras do Sul . 1.1.2.3 Justificativa Uma preocupação constante em qualquer empresa é os níveis de estoques, portanto, fica imprescindível um controle eficaz na Gestão de estoque. Diante disso, torna-se indispensável uma cadeia logística eficiente e sob controle permanente para obter uma vantagem competitiva que garantirá supremacia em relação aos concorrentes. 15 O mercado de bebidas, principalmente na região sul, sofre muito com a sazonalidade devido aos períodos de frio, portanto, as incertezas da demanda são maiores, e para que sejam minimizados seus efeitos, um controle muito mais efetivo dos estoques faz-se necessário, e se não garante, ao menos minimiza os custos que geram os estoques, ou falta de produto no mercado. Este trabalho proporcionou um levantamento de informações da AmBev, Filial Águas Claras do Sul, com foco no sistema de Gestão de Estoques e suas peculiaridades, para que se possa identificar como a empresa consegue administrar e compor seus níveis de estoques. “O Controle de estoques é a parte vital do composto logístico, pois estes podem absorver de 25 % a 40% dos custos totais, representando uma porção substancial do capital da empresa”. (BALLOU , 1993, p. 204). Portanto, é importante a correta compreensão do seu papel do controle de estoques na logística e de como devem ser gerenciados 2 GESTÃO DE ESTOQUE Frente uma realidade onde são crescentes as exigências em termos de produtividade e de qualidade do serviço oferecido aos clientes, a logística assume um papel fundamental entre as diversas atividades da empresa, para atingir seu objetivos e se manter vivas e competitivas. “O ambiente competitivo, aliado ao fenômeno cada vez mais amplo da globalização dos mercados, exige das empresas maior agilidade, melhores performances e constante procura pela redução de custos” (CHING, 1999 ,p.16). Um dos pontos que poderão fazer diferença se bem administrado é a gestão de estoque, uma vez que a organização que possuir total controle sobre esta gestão, terá vantagens sobre seus concorrentes, pois conseguirá manter-se competitivo atendendo as necessidades do mercado, sem onerar o capital da empresa. 2.1 Definição de Logística Novaes e Alvarenga (2000), não definem explicitamente seu conceito de logística, mas a dividem em: logística de suprimento, logística no sistema industrial e logística de distribuição e marketing, deixando claro que ela trata da identificação 17 das necessidades do cliente, através do marketing e da sua satisfação, indo buscar as matérias primas nos fornecedores, processando os materiais através da produção industrial, até suprir os clientes pela distribuição dos produtos acabados. Segundo Ching (1999,p.18): A logística moderna passa a ser a maior preocupação dentro das empresa. Ela deve abranger toda a movimentação de materiais, interna e externa à empresa, incluindo chegada de matéria prima, estoques, produção e distribuição até o momento em que o produto é colocado nas prateleiras à disposição do consumidor final. “Logística é processo que integra, coordena e controla: a movimentação de materiais, inventário de produtos acabados e informações relacionadas; fornecedores através da empresa; para satisfazer a as necessidades dos clientes”. (IMAM, 1997, p.1). Logística integra o gerenciamento do fluxo físico que começa com a fonte de fornecimento e termina no ponto de consumo. Segundo Ballou (1995, p.24): Logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenamento que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria prima até o ponto de consumo final, assim como os fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis e serviços adequados aos clientes a um custo razoável. A logística é uma área de extrema importância e essencial no atendimento aos clientes e na estratégia competitiva das organizações. Entre as atividades desenvolvidas pela logística está a gestão de estoques, se bem planejada e controlada é o elemento chave para o sucesso de qualquer organização. 18 2.2 Dados Gerais do Estoque Os estoques são materiais e suprimentos que a empresa ou instituição mantém, seja para vender ou para fornecer insumos ou suprimentos para o processo de produção. Freqüentemente, os estoques constituem uma parte substancial dos ativos das empresas, conforme Arnold, (1999). Segundo Arnold (1999), a administração de estoques é responsável pelo planejamento e controle de estoque, desde o estágio de matéria-prima até o produto acabado entregue aos clientes. Como o estoque resulta da produção e distribuição, os dois não podem ser administrados separadamente. “A formulação de políticas de estoques, requer o conhecimento do papel do estoque nas áreas de produção e marketing, deve-se ter uma visão da magnitude dos ativos nele investidos”. (BOWERSOX, 2001, p.224). Conforme Bowersox (2001), existem muitas oportunidades para melhorar a produtividade de estoques. Elas derivam da capacidade que a cadeia de suprimentos integrada têm com o intercâmbio de informações e do esforço gerencial para reduzir incertezas na demanda e nos tempos do ciclo de processamento. 2.3 Características Básicas de Controle de Estoque “O controle de estoques envolve as tarefas de coordenação dos fornecedores, condições físicas, armazenamento, distribuição e registro das existências de todas as mercadorias”. (GURGEL, 2000, p.67). 19 Segundo Ching (1999), existem características que são comuns a todos os problemas de controle de estoque, não importando se são matérias primas, material em processo ou produtos acabados. 2.3.1 Custos de Estoque Qualquer empresa que deseja possuir uma gestão estoques adequada, tendo controle em todos os níveis, desde matéria-prima ao produto acabado, deve ter bem definido os custo que representam os estoques. Conforme Arnold (1999), os custos relacionados abaixo, são utilizados nas decisões sobre a administração de estoques: a) custo por item: é o preço pago por um item comprado , consiste no custo desse item e de qualquer outro custo direto associado ao mesmo, pode-se incluir transporte , seguro e estocagem; b) custo de manutenção; este custo consiste em todas as despesas que a empresa incorre em função do volume de estoque mantido. Pode-se dividir em três categorias distintas: custo de capital, custo de armazenamento e custo de riscos; c) custos de pedidos: os custos de pedidos em uma fábrica incluem: custo de controle de produção, custos de preparação e desmontagem, custo de capacidade perdida e custos de pedidos de compra; d) custo de esvaziamento de estoque: quando a demanda do lead time excede a previsão, pode-se esperar uma falta de estoque, tornando-se caro devido aos custos de pedidos não atendidos; 20 e) custos relacionados à capacidade: este fator aparece quando é necessário alterar os níveis de produção, podendo haver um aumento nas horas extras, contratações treinamentos e demissões. Segundo Ballou (2001), as três classes de custos importantes para determinar a política de estoques são: custo de obtenção, custo de manutenção e custos por falta de estoque. 2.3.2 Objetivos de Estoques O objetivo principal do gerenciamento de estoque é assegurar que o produto esteja disponível no tempo e nas quantidades desejadas, segundo Ballou (2001). Conforme Arnold (1999), uma empresa que deseja maximizar seu lucro deve possuir um investimento mínimo em estoque. Ballou descreve: Os estoques servem para uma série de finalidades. Ou seja, eles melhoram o nível de serviço, incentivam economias na produção, permitem economias de escala nas compras e no transporte, agem como proteção contra aumento de preços, protegem a empresa de incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento e servem como segurança contra contingências. (BALLOU, 1995, p.205) 21 2.4 Funções dos Estoques Segundo Arnold (1999), o propósito básico dos estoques é separar o suprimento da demanda. O estoque serve como um armazenamento intermediário entre: 1) oferta e demanda; 2) demanda dos clientes e produtos acabados; 3) produtos acabados e a disponibilidade dos componentes; 4) exigências de uma operação e resultado da operação anterior. Embora manter estoques tenha um custo, o estoque pode indiretamente reduzir custos operacionais em outras atividades e pode ainda compensar o custo de sua manutenção. Manter estoques pode incentivar as economias de produção por permitir rodadas de produção mais amplas, mais longas e de maior nível, com isto, aumentando a produtividade dos equipamentos devido à redução de set-ups (troca de produto na linha de produção), segundo Ballou (2001). Conforme desempenhadas Bowersox pelos (2001), estoques, que existem estão quatro principais representadas desta funções forma: especialização geográfica, estoques intermediários, equilíbrio entre o suprimento e demanda e gerenciamento de incertezas. 22 2.4.1 Estoque de Antecipação Os estoque de antecipação são criados, para atender demandas futuras, através de previsões, programas de promoções ou até mesmo diante de possíveis greves ou férias coletivas agendadas. Através do método de antecipação as empresas podem nivelar seu nível de produção, com isto auxiliando a redução de custos de mudança das taxas de produção. 2.4.2 Estoque de Segurança “O estoque de segurança é a quantidade extra calculada de estoque mantido e é geralmente utilizado como proteção contra a incerteza relativa a quantidade”. (ARNOLD, 1999, p.269). O estoque de segurança em qualquer empresa, depende dos fatores interligados a ele, tais como : a) variabilidade da demanda durante o lead time; b) freqüência de novos pedidos; c) nível de atendimento desejado; d) extensão do lead time. Quanto maior o lead time, mais estoque de segurança deve ser mantido. 23 Segundo Arnold: O estoque de segurança é mantido para proteger a empresa de flutuações aleatórias e imprevisíveis do suprimento, da demanda ou do lead time. Se a demanda ou lead time são maiores que o esperado, haverá um esvaziamento do estoque. (ARNOLD, 2001, p.269) 2.4.3 Estoque de Tamanho de Lote Os itens comprados ou fabricados em quantidades maiores que o necessário criam imediatamente estoque de tamanho de lote, conforme Arnold (1999). Esse tipo de estoque é muito utilizado nas ocasiões quando se quer tirar vantagem dos descontos sobre a quantidade, para reduzir despesas de transporte, os custos de produção e otimizar set-ups das linhas de produção, produzindo lotes mínimos que representam maximização do lucro desejado. Também é conhecido como estoque de ciclo, pois vai diminuindo à medida que os pedidos chegam e é abastecida ciclicamente quando os pedidos aos fornecedores são recebidos. 2.5 Previsões de Estoques As atividades logísticas de planejamento e controle exigem estimativas acuradas dos volumes de produtos e serviços a serem manipulados pela cadeia de suprimentos. Estas estimativas são feitas tipicamente em forma de previsões, conforme Ballou (2001). Segundo Arnold (1999), antes de se fazer planos, deve-se fazer uma estimativa das condições que existem dentro de um período futuro. Como são feitas 24 as estimativas e com que precisão, é outro problema; mas não se pode fazer quase nada sem alguma forma de estimativa. A previsão tem a função de orientar o planejamento e a coordenação dos sistemas de informação logística. As previsões tendem a serem projeções de valores e quantidades que poderão ser produzidas, vendidas e enviadas pela expedição da empresa, segundo Bowersox (2001). 2.5.1 Considerações Gerais Conforme Bowersox (2001), as previsões dividem-se por local, por quantidade de produto e por período de tempo, com a finalidade de planejamento de operações logísticas. Para desenvolver um processo integrado de previsão, os responsáveis pela logística devem considerar todas as possíveis fontes de informação e as características dos possíveis usuários destas previsões. Os principais componentes da demanda que precisão ser entendidos antes das previsões são: a natureza da demanda, os componentes de previsões e abordagens de previsão. 2.5.1.1 Natureza da Demanda Para que materiais e recursos de capacidade sejam planejados com eficácia, todas as fontes de demanda devem ser identificadas, segundo Arnold (2001). 25 Prever níveis de demanda é vital à empresa como um todo, conforme Ballou (2001), porque fornece as entradas básicas para o planejamento e controle de todas as áreas funcionais, incluindo a logística, o marketing, a produção e as finanças. Bowersox (2001), afirma que as previsões de demanda podem ser classificadas em dois tipos distintos: independentes e dependentes. As demandas dependentes são aquelas que podem caracterizar-se por uma seqüência interligada de atividades de compra ou de produção, ou seja, esta demanda é parte integrante de um pedido que depende deste item para se completar. A demanda dependente estende-se a vários níveis do canal, como fornecedores de matérias primas, fabricantes de componentes, montadoras e distribuidoras. São consideradas demandas independentes aquelas que não se relacionam com a demanda de nenhum outro item. A demanda independente é inicialmente determinada por meio de previsões. Geralmente as demandas dependentes são derivadas das demandas independentes. 2.5.1.2 Componentes das Previsões A área de logística, mais precisamente a programação de produção e controle, precisa de previsões em quantidades de todos os SKU (Stock Keeping Unit -número de itens ou produto estocados) por local de distribuição. As previsões devem ser semanais, quinzenais ou mensais, dependendo do tipo de produto a ser comercializado. Segundo Bowersox (2001), a quantidade prevista é expressa em um único número, porém é formada por seis componentes básicos: o nível de vendas, 26 fatores sazonais, a tendência de crescimento ou queda, os fatores cíclicos, as promoções e os fatores aleatórios. Conforme Corrêa (2000), um dos componentes principais de previsão nas empresas é a estratégia utilizada no sistema de administração da produção. Este sistema deve ser capaz de apoiar o tomador de decisões logísticas a: 1) planejar as necessidades futuras de capacidade produtiva da organização; 2) planejar os níveis de estoques adequados de matérias primas, semiacabados e produtos finais, nos pontos certos; 3) programar atividades de produção para garantir que os recursos produtivos envolvidos estejam sendo utilizados, nos momentos certos e prioritários; 4) ser capaz de informar corretamente a respeito da situação dos recursos disponíveis da empresa (pessoas, equipamentos, produção); 5) conseguir reagir às incertezas do mercado. Considerando os tópicos acima, fica clara a necessidade de um planejamento eficaz do setor de programação da produção, pois, o setor tem o papel fundamental de dar suporte as empresas a atingirem seus objetivos estratégicos. Corrêa (2000), apresente duas definições do conceito de planejar: a) planejar é entender como a consideração conjunto da situação presente e da visão futura influencia as decisões tomadas no presente para que se atinjam determinados objetivos no futuro; 27 b) planejar é projetar um futuro que é diferente do passado, por causas sobre as quais se tem controle. 2.5.1.3 Abordagens de Previsão As abordagens de previsões podem ser elaboradas sob dois aspectos principais, de “cima para baixo” (top-down) ou de “baixo para cima” (bottom-up), conforme Bowersox (2001). A abordagem de “cima para baixo” também é conhecida como analítica, partindo de uma previsão de unidades a nível nacional para, em seguida, decompor o volume total por diversas localidades, sendo mais adequada para situações de demanda estável, ou quando os níveis de demanda variam uniformemente. Já a abordagem de “baixo para cima” é descentralizada, pois as previsões são feitas separadamente, com isto, cada previsão pode identificar e considerar com mais rigor as flutuações de demanda em mercados específicos. A abordagem de “baixo para cima” requer, contudo, sistemas de armazenamento e recuperação de informações mais detalhadas, pois ele não está preparado para uma demanda maior que não seja sistematizada . Conforme Bowersox (2001), o responsável pelas previsões não é obrigado a adotar uma abordagem ou outra, ele deve, no entanto, selecionar uma combinação adequada dos dois tipos de abordagem. Esta combinação deve equilibrar o detalhamento inerente à abordagem de “baixo para cima” com a facilidade de tratamento da abordagem de “cima para baixo”. 28 2.5.2 Processo de Elaboração de Previsões As atividades logísticas de planejamento e controle de produção exigem uma melhor estimativa possível das necessidades de volumes a serem fabricados e distribuídos, divididos individualmente por SKU. Bowersox (2001), salienta que é crescente o número de empresas que está adotando processos integrados de previsão, que incluem a coleta de dados de múltiplas fontes, técnicas matemáticas e estatísticas sofisticadas e pessoal treinado e motivado. Conforme Bowersox (2001), o processo eficaz de elaboração de previsões exige a presença de vários componentes, que estão expostos na figura 01: Base de dados de previsão Processo de previsão Gerenciamento de previsões Histórico de táticas de pedidos Técnicas de previsões Sistema de suporte às previsões Usuários das previsões Finanças Marketing Vendas Produção Logística Figura 01: Processo de Previsão Eficaz Fonte: Bowersox, 2001 p.211 Para Dias (1996), a previsão é o ponto de partida de todo planejamento de estoque. Para que se consiga obter êxito nas previsões, deve-se ter algumas informações básicas sobre a demanda de estoque de produto acabado, que segundo o autor, dividem-se em duas categorias, as quantitativas e as qualitativas : a) Quantitativas ¾ evolução das vendas no passado; 29 ¾ variáveis cuja evolução e explicação estão ligadas diretamente às vendas; ¾ variável de fácil previsão, relativamente ligadas às vendas(população, rendas, etc); ¾ influência da propaganda. b) Qualitativas ¾ opinião dos gerentes; ¾ opinião dos vendedores; ¾ opinião dos compradores; ¾ pesquisa de mercado. Mas segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2000), não adianta apenas possuir um planejamento inicial da administração de produção e mantê-lo, sem possuir uma sistemática de um replanejamento de acordo com as mudanças das variáveis no decorrer do tempo. Segundo o autor, o período de replanejamento depende diretamente do nível da empresa, quando mais dinâmico o ambiente em questão, menor tende a ser o período de replanejamento. A figura 02 apresenta as medidas que devem ser levadas em conta na determinação do período de replanejamento. 30 PERÍODO DE REPLANEJAMENTO LONGO CURTO Ambientes Dinâmicos •Lead times curtos •Demanda estável •Processo pouco confiável •Fornecedores pouco confiáveis Ambientes Estáveis •Lead times longos •Demanda estável •Processo confiável •Fornecedores confiáveis Figura 02: Período de Replanejamento Fonte: Adaptado :Corrêa, Gianesi e Caon, 2000, p. 36 A seguir (Figura 03) é apresentado um esquema do comportamento dinâmico do processo de previsão, Histórico do Consumo Análise do Histórico do Consumo Formulação do Modelo Outros Fatores Informações Diversas Avaliação do Modelo – Geração de Previsão Análise do Histórico do Consumo Decorrido um período Previsto Comprado Com Realizado Modelo ainda válido Modelo não válido =Previsão Confirmada Continuamos com A Previsão Inicial Figura 03: Comportamento Dinâmico do Processo de Previsão Fonte:Dias, 1996, p. 33 31 2.5.3 Técnicas de Previsões Segundo Ballou (2001), geralmente o profissional de logística não necessita estar diretamente ciente de todo o amplo espectro de previsão disponível e das técnicas de previsão, pois freqüentemente está tarefa nas empresas é destinada às áreas de marketing, planejamento ou análise econômica. Uma técnica de previsão consiste num cálculo matemático ou estatístico usado para transformar parâmetros numéricos e dados históricos em quantidades previstas. É cada vez mais evidente que previsões acuradas necessitam de integração de técnicas de previsão com apropriados sistemas administrativos de apoio, conforme Bowersox (2001). Segundo Bowersox (2001), existem três tipos ou grupos de previsões: qualitativo, de séries temporais, e causal. Ballou (2001), também descreve estes três grupos, porém substitui séries temporais por projeção histórica, que possuem o mesmo significado. As técnicas qualitativas usam informações como opiniões de especialistas, a intuição, as pesquisas ou técnicas comparativas e dados especiais, para prever o futuro. Uma técnica qualitativa pode considerar o passado ou não. Uma técnica de séries temporais ou projeção histórica, são métodos estatísticos que usam dados históricos de vendas representativos de relações e tendências estáveis. Este método tem a premissa básica que o padrão do futuro será uma reprodução do passado, ao menos em grande parte. Já as técnicas ou métodos causais são aqueles que tem a premissa básica de que o nível de variável de previsão origina-se de outras variáveis relacionadas. 32 Pode-se salientar que este método consiste na estimativa das quantidades vendidas de cada produto com base em variáveis independentes (frio, calor, chuva,etc.). Dias (1996), classifica as técnicas de previsão em três grupos: projeção, explicação e predileção. A técnica de projeção admite que o futuro será repetição do passado ou as vendas evoluirão com o tempo, sendo uma técnica essencialmente qualitativa. A segunda técnica, explicação, procura explicar as vendas do passado mediante leis que relacionam as mesmas com as variáveis cuja evolução é conhecida e previsível. Já a técnica de predileção apresenta a experiência e conhecimentos dos funcionários como fatores determinantes para vendas do mercado, assim estabelecendo a evolução das vendas futuras. 2.6 Planejamento e Controle de Produção – PCP A área de PCP (planejamento e controle de produção) é responsável pelo planejamento e controle do fluxo de matérias através do processo de produção. Segundo Arnold (1999), suas principais atividades desempenhadas são: 1) Planejamento da produção, possuindo alguns critérios básicos prioritários: a) previsão; b) plano mestre; c) planejamento da necessidade de insumos; d) planejamento de capacidade. 2) Implementação e controle; 3) Administração de estoques. 33 O planejamento da produção, a implementação, o controle e a administração do estoque são atividades que devem ser desenvolvidas em conjunto. Conforme Arnold (1999),no sistema de planejamento de produção, o PCP é responsável pela determinação de alguns pontos básicos nas empresas, devendo identificá-los e administrá-los, de tal maneira, que através do controle dos mesmos, consegue-se obter uma padronização de todo processo. Os pontos básicos são: a lista técnica de materiais, as especificações do processo, o tempo necessário para realizar as operações, os equipamentos disponíveis e as quantidades necessárias. Para que se tenha um bom sistema de planejamento de produção, o mesmo deve responder a quatro questões : 1) O que se pretende fabricar? 2) O que é necessário para fabricar o que se pretende? 3) O que a empresa possui? 4) De que a empresa precisa? Zaccarelli, salienta: O PCP, além de indispensável na administração da empresa, assume funções da mais alta importância para operação desta empresa. Poderá parecer excessivo concentra-se em um departamento ou setor da empresa, todas as atividades relacionadas com o fornecimento de informações para produção e compra, fornecimento de previsões e elementos para controle. Isto, entretanto, é conseqüência inevitável da especialização do trabalho, pois, os trabalhos da mesma natureza ficariam agrupados e teriam imparcialidade em seus controles.(ZACCARELLI, 1987, p. 3) 34 Na figura 04 é apresentado o fluxo primário de informações do PCP. Vendas ou Previsão Controle Estoques Linha de Produtos Capacidade Produtiva Planejamento do Processo Produtivo Quando O que Como Onde Previsões _de despesas _de carga _ de prazos Programação de Produção Compras Fabricação Controles _de eficiência _de custos _ de prazos Estoques Entrega Figura 04: Fluxo Primário de Informações Fonte: Adaptado Zaccarelli, 1987, p. 5 O fluxo da figura 4 representa apenas as informações primárias. Existem ainda muitas outras informações que não estão representadas. Pode-se citar como exemplo ocorrências eventuais (quebra de linha, produtos retidos, estouro da demanda). A área de planejamento e controle de produção, deve possuir uma relação direta e altamente profissional com os outros setores da empresa. Segundo Zaccarelli (1987), os setores mais importantes que o PCP deve ter relação são: a alta administração, coordenação entre produção e vendas, coordenação entre produção e compras e coordenação coma contabilidade de custos. 35 2.7 Gerenciamento de Estoques Os estoques são recursos ociosos que possuem valor econômico, os quais representam um investimento destinado a incrementar as atividades de produção e servir aos clientes. A formação de estoques consome o capital de giro, porém faz-se necessário, motivo peles quais as empresas devem possuir um gerenciamento que projete níveis adequados, objetivando manter o equilíbrio entre estoque e consumo. Segundo Viana : O gerenciamento moderno avalia e dimensiona convenientemente os estoques em bases científicas, substituindo o empirismo por soluções. Assim os níveis devem ser revistos e atualizados periódica e constantemente para evitar problemas provocados pelo crescimento de consumo ou vendas e alterações dos tempos de reposição (VIANA, 2000, P.144). Bowersox (2001), define o gerenciamento de estoque como um processo integrado pela qual são obedecidas as políticas da empresa e da cadeia de valor com relação aos estoques. Deve-se ter uma completa gestão de planejamento, que projeta a movimentação e o destino dos produtos por meio dos canais de distribuição, em conformidade com a demanda projetada e com a disponibilidade dos produtos. 2.7.1 Planejamento de Estoques Um dos objetivos fundamentais da logística é minimizar custos de possuir estoques, ao mesmo tempo maximizando a disponibilidade (serviço e cliente). O 36 sucesso pretendido depende com muita freqüência de uma previsão acurada, conduzindo ao planejamento conciso das necessidades, segundo IMAM, (1997). Existem parâmetros e procedimentos essenciais no planejamento de estoques, mas segundo Bowersox (2001), os aspectos que não podem deixar de ser vistos são: quando fazer o pedido de ressuprimento, quanto pedir e definir os procedimentos de controle. O ponto de ressuprimento deve ser considerado sob condições de certeza de demanda e de ciclo de atividades. Bowersox (2001), enfatiza que, as condições de certeza implicam no conhecimento da magnitude da demanda futura e dos períodos dos ciclos de atividades. Bowersox, define: O ciclo de atividades de estoque é definido como a combinação dos tempos despendidos em eventos relacionados a comunicação, processamento e transporte. Esses eventos fazem com que a informação ou produto se movimente entre dois locais. O ciclo integrado de atividades é a base para planejar a política de estoques (BOWERSOX, 2000, P.247). A determinação do lote de compra,(quando pedir), é principio que rege a determinação dos lotes de compra que visam equilibrar o custo de manutenção dos estoques e o custo de emissão e colocação de pedidos a fornecedores. 2.7.1.1 Incertezas A formulação de política de estoques deve sempre levar em conta as incertezas. Por este motivo, é importante assimilar que uma das principais funções do gerenciamento de estoque é evitar ocorrências de falta de produto. 37 Conforme Bowersox (2001), existem dois tipos de incertezas que influenciam diretamente na política de estoques: as incertezas de demanda e as incertezas relacionadas ao ciclo de atividades. As incertezas de demanda são aquelas que dão origem a flutuações nas quantidades de vendas durante o ciclo de atividades. Já as incertezas relacionadas com a duração do ciclo de atividades, dão origem a variações no ciclo de ressuprimento de estoque. 2.7.2 Política de Estoques “Gerir estoques economicamente consiste essencialmente na procura da racionalidade e equilíbrio com o consumo” (VIANA, 2000, p.118). Conforme o autor, conseguindo este equilíbrio as organizações conseguirão atender as necessidades de seus consumidores, com o mínimo de custo e menor risco de falta. Viana descreve: Política de estoques e o conjunto de atos diretivos que estabelecem, de forma global e específica, princípios, diretrizes e normas relacionadas ao gerenciamento. Em qualquer empresa, a preocupação da gestão de estoques está em manter o equilíbrio entre as diversas variáveis componentes do sistema, tais como: custo de aquisição, de estocagem e de distribuição; nível de atendimento das necessidades dos usuários consumidores etc (VIANA, 2000, p. 118). O gerenciamento de estoques é o processo integrado pela qual são obedecidas as políticas da empresa e da cadeia de valor com relação aos estoques. Bowersox (2000), enfatiza que uma política de estoques deve possuir as seguintes abordagens: 38 a) controle de estoques: procedimento rotineiro necessário ao cumprimento de uma política de estoques; b) métodos reativos: responde às necessidades de controle de estoques de uma empresa, ao longo do canal; de distribuição; c) métodos de planejamento: utilizam bases de dados comuns para coordenar necessidades de estoques nos diversos locais ou elos da cadeia de agregação de valor; d) princípio da adaptação: sistema combinado de gerenciamento de estoques que pode ser usado para contornar alguns problemas inerentes a qualquer método de planejamento. A administração central das empresas é que devem determinar ao setor de controle de estoques o programa de objetivos a serem atingidos, ou seja, estabelecer os padrões que sirvam de guia aos programadores e também de critérios para medir a performance da política de estoque, conforme Dias, (1996). 2.7.3 Níveis de Estoques Viana (2000), salienta que as previsões exageradas por excesso implicam a imobilização desnecessária de recursos financeiros, além do congestionamento de áreas de armazenamento e da sobrecarga de trabalho de manuseio de estoques. Já as reposições reduzidas geram compras repetidas e urgentes, que geralmente são desfavoráveis. 39 Para que se consiga minimizar estes problemas, otimiza-se os estoques por meio dos parâmetros de ressuprimento, que tem a finalidade de manter os níveis de estoques permanentemente ajustados em função da distribuição, da produção e tempo de reposição. Viana, descreve: Além de otimizar, o gerenciamento também objetiva evitar a ruptura do estoque, ou seja, impedi-lo de atingir o nível zero, programando o abastecimento de modo que haja uma reserva. Essa reserva, o estoque de segurança , aparentemente excesso de material, previamente calculado, formará um lastro de emergência, que será utilizado após o nível de estoque ter atingido seu ponto mínimo (VIANA. 2000, P.149). A figura 05 mostra a variação do estoque, também conhecida como dente de serra: Interpretação da figura 05, abaixo: ¾ A: Ponto de ressuprimento, em que há necessidade de emissão da solicitação de compra ou reposição; ¾ B: Ponto de segurança ou estoque mínimo, ao ser atingido, desencadeia providências, para evitar a ruptura do estoque, ou seja, falta do mesmo; ¾ A – B: Tempo de reposição produção de estoque ou produção. 40 Quantidade Estoque Máximo Estoque Ponto de Pedido A Estoque Mínimo B Tempo Figura 05: Variação de Estoque - Dente de Serra Fonte: Adaptada de Viana , 2000, p.150 Em organizações que possuem vários produtos, onde alguns a venda é extremamente alta, e outros baixa, deve-se compor seu nível de estoque de acordo com cada SKU. Também são chamados de produtos de alto e baixo giro. A diferença que pode-se constatar nestes dois tipos de estoque são: no estoque de alto giro o ponto de pedida de produção é chamado de estoque objetivo, pois este nível é considerado o ideal para garantir a demanda. Os estoques, mínimo e máximo são iguais para os dois tipos de produtos. Pode-se identificar melhor este processo através das figuras 06 e 07 de acompanhamento de estoque de alto e baixo giro abaixo: 41 Modelo de Alto Giro Estoques Máximo Objetivo Mínimo t Estoque objetivo: nível de estoque que deve ser perseguido de forma a minimizar custos de estoque. Figura 06: Gráfico dos Estoques no Modelo de Alto Giro Fonte : site www.cel.copead.ufrj.br : acesso 23/04/05 às 23:10h Modelo de Baixo Giro Estoques Estoque Máximo Lote de produção (Q) Ponto de Pedido Estoque Mínimo t Lead-time Figura 07: Gráficos dos Estoques no Modelo de Baixo Giro Fonte :site www.cel.copead.ufrj.br : acesso 23/04/05 ás 23:10h 42 2.7.3.1 Estoque Mínimo O estoque mínimo também é chamado de estoque de segurança. Segundo Viana (2000), é a quantidade mínima possível capaz de suportar um tempo de ressuprimento superior ao programado ou com um consumo desproporcional. Atingindo o estoque mínimo o produto chega em sue ponto crítico, desencadeando providências que devem ser tomadas, tais como: nova compra, programação de produção ou ativação de encomendas, com o objetivo de não de evitar a ruptura do estoque. A quantidade a ser resposta é calculada de acordo com o nível de atendimento determinado pela empresa, em função da importância operacional e dos valores de cada material, além dos desvios estimados ou realizados e o prazo médio de reposição, conforme Viana, (2000). O estoque mínimo ou estoque de segurança, é a quantidade mínima que deve existir em estoque, que se destina a cobrir eventuais atrasos no suprimento, objetivando a garantia do funcionamento ininterrupto e eficientemente do processo produtivo , sem os riscos de falta de estoque, conforme Dias (1996). 2.7.3.2 Estoque Máximo Conforme Bowersox (2001), o estoque máximo e a quantidade máxima de estoque permitida para cada material, calculado de acordo com a política determinada pela administração da empresa. 43 2.7.3.3 Estoque Ponto de Pedido Segundo Viana (2000), o estoque ponto de pedido é a quantidade na qual, ao ser atingida pelo estoque virtual em declínio, indica-se o momento de ser providenciada uma nova produção ou reposição do estoque vendido.Essa quantidade deve garantir o consumo do material durante o tempo de ressuprimento, de tal forma que as vendas não atinjam o estoque de segurança. Esse estoque também é conhecido como nível de reposição ou estoque objetivo, dependendo da nomenclatura adotado por cada empresa. 2.8 Gerenciamento de Depósitos Em um sistema logístico, aparecem fluxos de mercadorias, ou seja, ponto de transição entre a produção e a distribuição física, surgindo com isto a necessidade de manterem os estoques armazenados por um certo período de tempo. Mesmo sendo um período curto, há a necessidade de possuir um depósito ou armazém. Segundo Arnold (1999), os estoques podem ser mantidos por períodos longos ou curtos. Quando os períodos são curtos os depósitos servem como um centro de distribuição, pois os estoques são consumidos rapidamente. Já Ballou (2001), salienta que os depósitos são considerados geralmente um lugar onde são guardados os materiais e produtos. No entanto, em muitos projetos logísticos, o depósito é considerado mais uma instalação de processamento do que um local de guarda de mercadorias. 44 Os armazéns são espaços necessários para se guardar e administrar estoques, portanto, é indispensável que se tenha um gerenciamento sobre todo complexo, desde o dimensionamento da área (layout), arranjo físico, administração de entradas e saídas de mercadorias e sistemas de controle que garantam a disponibilidade e rastreabilidade dos estoques. 2.8.1 Funções de um Depósito ou Armazém Conforme Alvarenga e Novaes (2000), os depósitos ou armazéns podem ter duas características especificas: a primeira considera o efeito da variação do preço do mercado, que leva certos tipos de empresas a estocarem, à espera de melhoras níveis de preços, só assim comercializam seu produto. A segunda característica específica é considerada apenas sobre o aspecto logístico, ou seja, armazenagem de produtos à espera da venda ou manter seus níveis de estoques adequados devido a oscilações de demanda do mercado. As principais funções de um depósito ou armazém, segundo Alvarenga & Novais (2000), são: a armazenagem propriamente dita, consolidação e desconsolidação de materiais. Uma empresa deve manter um local adequado para estocagem por quatro razões básicas, conforme Ballou (2001): para reduzir custos com transporte e de produção, para coordenar a oferta e demanda, para auxiliar o processo de produção, e para ajudar no processo de marketing. Já o IMAM (1997), salienta que os armazéns ou depósitos representam uma atividade de mais custo agregado do que uma de valor agregado. Segundo o 45 instituto existem seis motivos principais para se ter um armazém: estocagem, logística de produção, mix de produtos, consolidação, distribuição e serviço ao cliente. Todo armazenamento deve ter uma importância estratégica, não devem ser projetados com vistas na manutenção de períodos excessivos, somente em ocasiões que tais períodos se justifiquem, segundo Bowersox (2001). 2.8.1.1 Estocagem Estratégica As melhorias de eficiência de armazenamento, as tecnologias de informações avançadas atendem a estocagem estratégica, pois possibilitam aos gestores de depósitos uma resposta rápida às mudanças, e possibilitam uma avaliação constante nos métodos de controles, conseguindo com isto uma redução nos estoques. Para Bowersox (2001),no ponto de vista conceitual, nenhum depósito deve fazer parte de sistemas logísticos, a menos que a inclusão se justifique plenamente por meio de uma análise de custo-Benefício. As vantagens da armazenagem estratégica são de natureza econômica e de serviço. Ballou (2001), saliente que a estratégia de estocagem é de grande importância, pois, negligenciar os controles, poderá comprometer os resultados esperados, afetando assim todos os processos da cadeia, tais como : transporte, manutenção de estoques e o fluxo de informações. 46 2.8.2 Armazenamento de Estoque A evolução tecnológica, estendeu seus múltiplos benefícios à área de armazenamento, tanto na introdução de métodos de racionalização e dos fluxos de distribuição de produtos, como pela adequação de instalações e equipamentos para movimentação e controle física de cargas. Armazenando estoques, uma empresa pode com freqüência, reduzir os custos de produção através da produção de lotes econômicos em tamanho e em seqüência. A estocagem transforma-se em uma conveniência econômica mais do que em uma necessidade. Segundo Viana (2000), o objetivo principal do armazenamento é utilizar o espaço da maneira mais eficiente possível. Qualquer instalação que compreenda armazenagem, deve proporcionar a movimentação rápida e eficaz de suprimentos desde o recebimento até a expedição. O autor salienta alguns cuidados básicos para escolher o local de armazenamento adequado para cada tipo de produto ou insumo (matéria-prima): 1) determinação do local, em recinto coberto ou não; 2) definição adequada do lay-out; 3) definição de uma política de preservação, com embalagens plenamente convenientes aos materiais; 4) ordem, arrumação e limpeza; 5) segurança patrimonial, contra furtos, incêndio etc; Conforme Bowersox (2001), a decisão de armazenamento requer um estudo detalhado, desde o planejamento do depósito ao produto a ser estocado. Deve-se 47 elaborar um plano que contenha o layout, requisitos de espaços e o projeto do sistema de manuseio de materiais, sem esquecer a localização estratégica dos estoques. Este planejamento irá influenciar diretamente na eficiência das atividades de manuseio e carregamento de estoques da empresa. 2.8.2.1 Localização dos Estoques A localização dos estoques dentro do depósito ou armazém, requer uma atenção especial, pois é através da localização que poderá ser otimizado todo processo de manuseio de materiais, que compreende desde a movimentação da produção para o depósito, expedição e carregamento do produto acabado. Conforme Alvarenga e Novais (2000), nos depósitos existem pontos mais acessíveis, outros nem tanto, que caracterizam movimentações mais demoradas, acarretando custo mais elevados. O autor salienta que para minimizar estás distâncias, deve-se classificar os produtos de acordo com o número médio de movimentações previstas para o mês ou ano. Assim, quanto mais movimentações forem realizadas de um determinado produto, mais próximo e de fácil acesso o mesmo deverá ficar. Bowersox, descreve: Cada produto deve ser analisado quanto a vendas anuais, estabilidade da demanda, peso, volume e embalagem. É também importante determinar o tamanho, o volume e o peso do pedido médio a ser processado no depósito. Estes dados constituem a informação necessária para determinar os requisitos de espaço do depósito, seu projeto de layout, equipamentos de manuseio de materiais e procedimentos operacionais (BOWERSOX, 2001, P.339). 48 Conforme Viana (2000), os produtos de maior saída dos depósitos devem ser armazenados em locais pré-determinados, ou seja, nas imediações da saída ou expedição, a fim de facilitar a reposição e carregamento. Um sistema de localização de estoque deverá estabelecer os meios necessários à perfeita identificação da localização dos materiais estocados, como também deverá indicar precisamente, o posicionamento de cada material, facilitando as operações de movimentação e inventário, segundo Dias (1996). Viana (2000), argumenta que o arranjo físico dos depósitos, é um fator fundamental para o sucesso de uma gestão apropriada de estoques. Segundo o autor o arranjo físico deve compreender os seguintes variáveis: layout de armazenamento, os itens de estoque propriamente ditos, os acessos (portas, corredores, janelas) e o sistema de estocagem. Otimizando-se a armazenagem obtém-se: máxima utilização do espaço, efetiva utilização dos recursos disponíveis, pronto acesso a todos os itens, máxima proteção dos itens estocados e boa organização, conseguindo com isto a disponibilidade do produto na hora desejada. 2.8.2.2 Técnicas de Estocagem Segundo Dias (1996), a dimensão e as características de produtos podem exigir desde a instalação de uma simples prateleira até complexos sistemas de estocagem. Para o autor, as maneiras mais comuns são: em caixas, prateleiras, racks e empilhamento. 49 A escolha do sistema de estocagem de uma empresa deve ser feita de acordo com o espaço físico disponível, do número de itens estocados e seus tipos, do tipo de embalagem e da velocidade de atendimento proposto. Segundo Viana (2000), deve-se levar em consideração alguns critérios, que estão dispostos abaixo: armazenamento por agrupamento, tamanhos de lotes, freqüência e especial. O armazenamento por agrupamento facilita as tarefas de arrumação e busca, mas também nem sempre permite o melhor aproveitamento do espaço. Já o armazenamento por tamanho de lotes permite a otimização do espaço, o por freqüência consiste em armazenar tão próximo quanto possível da saída os materiais que tenham maior freqüência de movimentação. Cabe atenção redobrada ao critério de armazenamento especial, pois nele destacam-se características próprias por produto, conforme descrito abaixo: a) ambiente climatizado: destina-se a materiais cujas propriedades físicas requerem tratamento especial; b) inflamáveis: produtos inflamáveis devem ser armazenados em locais próprios e isolados, projetados sob rígidas normas de segurança; c) perecíveis: os produtos perecíveis devem ser armazenados segundo método FIFO (First In First Out), ou seja, primeiro que entra primeiro que sai. Segundo Bowersox (2001), existem dois métodos usuais para estocagem, o método variável e o fixo. O método variável, também é conhecido como método dinâmico, é aquele que permite a troca de local de um determinado produto a cada chegada de uma nova carga ou produção, visando ao uso mais eficiente do espaço 50 do depósito. Já o método de estocagem fixa, é determinado uma localização permanente para cada produto no layout do depósito. 2.9 Movimentações de Estoques Conforme Dias (1996), um sistema de movimentação de estoques em uma empresa deve atender á algumas finalidades básicas: redução de custos, aumento da capacidade produtiva, melhores condições de trabalhos e melhor distribuição. Bowersox (2001), descreve que o manuseio de estoques é a chave da produtividade dos armazéns por algumas razões importantes: 1) quantidade relativamente grande de mão de obra, necessária ao manuseio de materiais; 2) a natureza das atividades de manuseio de materiais apresenta limitações ao uso de tecnologias de informação; 3) manuseio de materiais não é administrado de maneira integrada com outras atividades logísticas. Entre todas as atividades desempenhadas nos depósitos, a movimentação de estoque é aquela que mais consome mão-de-obra, portanto representa um dos componentes de custo de pessoal mais alto no sistema logístico. 2.9.1 Manuseio de Materiais 51 Um dos objetivos principais do manuseio de materiais é a separação das cargas de acordo com as necessidades dos clientes. As três atividades básicas para se movimentar o estoque são: o recebimento, a movimentação interna e a expedição (venda do produto). Conforme Ballou (2001), o manuseio de materiais é uma atividade de absorção de custos, portanto, deve-se buscar a eficiência através do desenvolvimento de quatro operações: unitização de carga, layout do espaço, escolha do equipamento de estocagem e escolha dos equipamentos de movimentação. Por ser um item que não pode ser evitado no processo logístico, o manuseio de materiais, requer um investimento em equipamentos e processos que minimizem o seu efeito, segundo Bowersox (2001). Bowersox (2001), recomenda uma série de diretrizes para auxiliar a administração no projeto de manuseio de materiais. Os itens a seguir são os mais importantes, pois são responsáveis pela otimização de toda movimentação de estoques, proporcionando assim, uma economia de recursos humanos, de tempo e manutenção: a)equipamentos de manuseio e armazenagem devem ser os mais padronizados possíveis; b) o sistema deve ser projetado para proporcionar o fluxo de produtos mais contínuo possível; c) os investimentos devem ser feitos em equipamentos de manuseio, de preferência equipamentos estáticos (como prateleiras e estantes); 52 d) os equipamentos de manuseios a serem escolhidos devem ter a menor relação possível entre peso e carga útil; e) sempre que possível, a força da gravidade deve ser aproveitada em projetos de sistemas de manuseio. 2.9.1.1 Paletização O palete é utilizado como plataforma, feito geralmente de madeira, plástico, metal ou papelão corrugado, no qual os bens são armazenados para o transporte ou estocagem. Os produtos armazenados em paletes podem ser, fracionado ou únicos, dependendo do tipo de material a ser segregado. Conforme Ballou (2001), a utilização de palete ajuda a movimentação por permitir o uso de equipamentos mecanizados, padronizando assim o manuseio de materiais em uma ampla variedade de produtos. Outro ponto salientado pelo autor, é a otimização do espaço (horizontal e vertical), fornecendo um empilhamento mais estável e, assim, pilhas mais altas do estoque, principalmente em produtos unitizados. “A paletização vem sendo utilizada, com freqüência cada vez maior, em empresas que demandam manipulação rápida e armazenamento racional, envolvendo grandes quantidades” (VIANA, 2000, p. 322), Viana (2000), define algumas vantagens e desvantagens encontradas na utilização de paletes, porém, segundo o autor, as vantagens superam totalmente as desvantagens: 53 a) Vantagens ¾ melhor aproveitamento do espaço disponível para armazenamento, utilizando-se totalmente o espaço vertical, por meio de empilhamento duplo ou triplos; ¾ economia nos custos do manuseio de materiais; ¾ possibilidade de utilização de embalagens plásticas ou amarração por meio de fitas de aço em cargas unitárias; ¾ compatibilidade com todos os meios de transporte; ¾ facilita a carga, descarga e distribuição nos locais acessíveis aos equipamentos de manuseio de materiais; ¾ permite a disposição uniforme do estoque; ¾ os paletes podem ser manuseados por uma grande variedade de equipamentos, como paleteiras, empilhadeiras, transportadores, elevadores de carga e até sistemas automáticos de armazenamento; ¾ unitização de cargas. b) Desvantagens ¾ utilização de paletes não padronizados; ¾ peso dos paletes; ¾ vida útil curta e pragas que os atacam, quando fabricados em madeira; ¾ necessidade de reposição e manutenção, quando fabricados em madeira; ¾ custo de reposição. 54 2.9.1.2 Sistemas de Manuseio de Estoques Os sistemas de manuseio de estoques podem ser classificados em mecanizados, semi-automatizados, automatizados e baseados em informação, conforme Bowersox (2001). Os sistemas mecanizados possuem grande variedade de equipamentos de manuseio. Os equipamentos mais comuns são as paleteiras e empilhadeiras. Já no sistema semi-automatizado, os equipamentos de manuseio mecanizados complementam os automatizados, sendo assim um depósito semiautomatizado possui parte do manuseio mecanizado e parte automatizado. Os equipamentos mais comuns em depósitos semi-automatizados são os veículos guiados por automação, separação computadorizada de pedidos, robótica e vários tipos de estantes inclinadas. Os sistemas automatizados visam reduzir a mão-de-obra, mediante os investimentos em equipamentos e tecnologia de ponta. Este sistema, mesmo apresentado grande possibilidades de aplicação, não é muito utilizado, pois, despende de um grande investimento e um controle total no manuseio dos estoques. Conforme Bowersox (2001), um sistema baseado na informação, utiliza equipamentos de manuseio mecanizados, principalmente a empilhadeira de garfo, pois toda operação é monitorada por um computador, que comanda a operação da empilhadeira através de terminais de bordo que são transmitidos por rádio freqüência. Uma das grandes vantagens deste sistema é a possibilidade de rastreamento e desempenho individual dos operadores. 55 2.10 Inventário Periodicamente a empresa deve contar os estoques fisicamente, para poder verificar as divergências de valor da variação e de quantidades entre físico e contábil, a fim de comprovar sua existência e exatidão. Segundo Viana (2000), não adianta apenas realizar o inventário, deve-se efetuar as conciliações necessárias e identificar as possíveis falhas na rotina ou no sistema, corrigindo-as. Martins (2000), diz que podem ocorrer dois tipos de inventário físico: periódico e o rotativo. ¾ Periódico: quando de período em período ocorre a contagem geral dos estoques, a data varia de acordo com cada empresa, muitas pessoas se envolvem no inventário para efetuar a contagem; ¾ Rotativo: Este método de inventário mantém permanentemente um grupo de pessoas dedicadas a esta tarefa de contagem, em período integral, durante o ano todo. Faz-se um cronograma que contemple pelo menos uma vez ao ano cada item, pode-se contar mais, dependerá da política da empresa. Para Viana (2000), a periodicidade de inventários pode ser dividida em anual e rotativo. O anual requer a paralisação de todas as atividades pertinentes ao estoque. Já o rotativo divide-se em três tipos: inventário automático, programado e a pedido. ¾ Inventário automático: acontece mediante a ocorrência de qualquer um dos eventos a seguir, visa garantir a confiabilidade de materiais vitais na gestão de estoque: 56 a) saldo zero no sistema; b) requisição de material atendida parcialmente; c) requisição de material não atendida; d) material crítico requisitado; e) transferência de localização. ¾ Inventário programado: trata-se de solicitação em sistema para inventário por amostragem de itens, ou seja, itens que serão inventariados são pré determinados de acordo com as diretrizes da empresa. ¾ Inventário de pedido: trata-se do input para solicitação em sistema para inventário item a item por determinação da administração de matérias e controladoria, tais como: a) falhas no processamento; b) solicitações do analista de estoque ou gestor da empresa; c) solicitações da auditoria. A realização de inventário requer uma certa metodologia, deve-se registrar todos as etapas do processo, conseguindo assim a comprovação do estoque físico x contábil. Estas etapas estão representadas abaixo: 1) contagem do estoque físico; 2) registro da contagem do estoque físico; 3) conciliação estoque físico e contábil; 4) recontagem das divergências; 57 5) nova conciliação da recontagem; 6) baixa do sistema das diferenças de estoque encontradas. Viana (2000), faz uma comparação entre os inventários anuas e rotativo, conforme mostra tabela 01, a seguir: Inventário Anual Inventário Rotativo Esforço concentrado, produzindo pico de custo Sem grandes esforços, com custos distribuídos Gera impacto nas atividades da empresa, sem movimentação de estoques e produção É possível a continuidade de atendimento da empresa, carregamento e produção Produtividade da mão-de-obra descrescente ocorrendo falhas durante o processo Incremento na produtividade, com ações preventivas, que, em consequência , reduzem as falhas Não há pessoas especialistas na contagem de Funcionários torna-se especialistas no processo de ajustes itens As causas das divergências não são identificadas O feedback imediato eleva a qualidade, havendo motivação e participação geral; assim, as causas das divergências são rapidamente identificadas e sanadas Confiabilidade não melhora Aprimoramento contínuo e confiabilidade Tabela 01: Quadro Comparativo entre Opções de Inventário Fonte:Adaptado Viana 2000, p. 384 Os resultados do inventário refletem a confiabilidade e qualidade das informações de estoques, portanto, seja qual for o tipo de inventário utilizado, o importante é que haja está prática, pois através do inventário as empresas podem verificar se os controles existentes estão atendendo as necessidades da mesma. 3 MÉTODO Neste capítulo será descrito o método utilizado para alcançar os objetivos propostos. Nele encontra-se descrito o tipo de pesquisa, definição da área alvo do estudo, coleta de dados, análise de dados e limitações do método. 3.1 Tipo de Pesquisa Yin (2001), cita que existem cinco estratégias de pesquisa possíveis de serem utilizadas: experimento, levantamento, análise de arquivos, pesquisa histórica e estudo de caso. A estratégia deve ser escolhida dependendo do tipo de questão que a pesquisa se propõe a analisar. Para o autor um estudo de caso pode apresentarse em três características distintas que são: causais e exploratórias, descritivas e explanatórias. No caso específico desta pesquisa, a estratégia utilizada foi um estudo de caso, com caráter descritivo sobre a gestão de estoques da AmBev, Filial Águas Claras do sul, onde foram empregados métodos qualitativos e em algumas circunstâncias quantitativos. Segundo, Roesch (1999), o estudo de caso é o método que se caracteriza pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de 59 maneira que permita seu amplo detalhamento e conhecimento, buscando examinar um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto. A definição da pesquisa como um estudo de caso, deve-se ao fato de ser a maneira que tem relação com tipo de pesquisa que será realizada, pois segundo Vergara (1998), a pesquisa de estudo de caso de caráter descritivo, expõem características de determinada população ou determinado fenômeno, bem como estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza. A pesquisa descritiva é indicada quando os objetivos do estudo estão bem claros para o investigador. Conforme Roesch (1999), os procedimentos de coletas e análises de um estudo de caso são bastante simples, comparados com os exigidos por outros métodos de delineamento. Outro ponto positivo do estudo de caso que o autor enfatiza, é que permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real, tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos. Segundo Yin (2001), o estudo de caso da ênfase a totalidade. O pesquisador consegue visualizar todas as dimensões de um problema, focando-o como um todo. 3.2 Definição da Área Alvo de Estudo “Deve-se entender por população o conjunto de elementos (empresas, pessoas e produtos) que possuem as características que serão objetos do estudo”. (VERGARA,1998,p.50). O objeto de estudo foi a empresa AmBev, Filial Águas Claras do Sul, setor de logística, focando o processo de planejamento e controle de estoques de produto 60 acabado. Empresa do ramo de bebidas, focada na produção, venda e distribuição de cervejas, refrigerantes e chopp. A empresa foi escolhida pelo fato do pesquisador ser funcionário da mesma, tendo acesso facilitado às informações necessárias para pesquisa. 3.3 Coleta de Dados Uma das técnicas de coleta utilizadas, foi à entrevista em profundidade, com o gerente da área de logística, supervisor, analista de PCP, analistas de controle e conferentes do armazém de produtos, pois são eles os responsáveis pela gestão de estoques da unidade. Ao se realizar entrevista, o pesquisador deve evitar influenciar respostas, sempre que houver alguma dúvida, ele deve solicitar explicações ao entrevistado, buscando deixar bem claro o que o mesmo quer dizer sobre o questionamento feito a ele. Os dados secundários serviram como base de análise, pois tiveram papel fundamental nas informações pesquisadas. As fontes de pesquisa de dados secundários foram: dados internos, obtidos em todos os departamentos da empresa, através dos sistemas, arquivos e controles que auxiliam as atividades pertinentes à questão estudada, já os dados externos, foram obtidos através de publicações, e sites que tratem do assunto em questão. Como coletas de dados secundários internos, foram utilizados relatórios da empresa, emitidos do sistema SAP (Systemanalyse and ProgrammentwicklungSistemas, Aplicações e Produtos para Processamento de Dados). O SAP é um 61 sistema de Gestão Empresarial – ERP (software, aplicativo que automatiza, integra, compartilha, reproduz e utiliza informações em tempo real) sendo totalmente integrada nas diversas áreas, proporcionando consistência e visibilidade para todas as atividades inerentes ao processo da unidade e da companhia. Através do sistema SAP, o pesquisador conseguiu resgatar o histórico de produções, estoques e vendas de períodos anteriores, possibilitando assim, informações importantíssimas, que serviram como fonte de comparação às levantadas na pesquisa. Outra fonte de coleta de dados que foi utilizada é observação participante, uma vez que, o pesquisador por motivos profissionais tem acesso e participa diretamente na gestão de estoques da AmBev. Para Yin (2001), a observação participante é uma modalidade especial de observação na qual o pesquisador não é apenas um observador passivo. Em vez disso pode-se assumir uma variedade de funções dentro de um estudo de caso e pode, de fato, participar dos eventos que estão sendo estudados. Outros dados internos que foram utilizados são: arquivos de estoques atualizados diariamente, relatórios de vendas, gráficos de política de estoques, inventários e o site GERLOG (site corporativo de logística da AmBev). 3.4 Análise de dados Segundo Vergara (2000), os dados podem ser analisados de forma qualitativa e quantitativa. Quantitativamente, quando são utilizados procedimentos estatísticos, 62 como o teste de hipóteses. Qualitativos, quando os dados são apresentados de forma estruturada para posterior análise. Para este estudo de caso, os dados foram tratados de forma qualitativa e em alguns casos quantitativa, estruturando as informações obtidas, tanto os dados primários e secundários, para a partir daí fazer-se as análises propostas nos objetivos. A análise de dados coletados se deu através de confrontos das informações obtidas nas entrevistas com a pesquisa documental e na observação direta, tendo como parâmetros de análise todo referencial teórico previamente consultado. 3.5 Limitações do Método Através de estudo de caso consegue-se somente descrever e analisar fatos decorrentes de uma determinada empresa, ou seja, da AmBev, Filial Águas Claras do Sul. Os resultados não poderão ser generalizados para outra empresa, pois dificilmente se poderão fazer comparações com empresas de mesmo segmento, até mesmo pela estrutura e foco de mercado. Outra limitação do método se refere na visão que o pesquisador tem de todo processo, por estar envolvido diretamente no meio que ocorre a pesquisa. Para minimizar este efeito, através das entrevistas, foi verificado a percepção e convicções de outras pessoas, que também fazem parte do processo. 4 ESTUDO DE CASO : AMBEV- FILIAL ÁGUAS CLARAS DO SUL 4.1 Caracterização da Empresa Para caracterizar a AmBev, precisa-se resgatar alguns acontecimentos que ocorreram no passado e na história da cerveja. A cerveja chega ao Brasil em 1808, trazida da Europa pela família Real Portuguesa. Nesta época a cerveja era restrita a uma pequena parcela da população, pois só havia marcas importadas. A primeira fábrica de cerveja nasce em 1836, em São Paulo com o nome de Antarctica Paulista. Em 1888, o suíço, Joseph Villiger, acostumado ao sabor das cervejas européias, inaugura a “Manufactura de Cerveja Brahma Villinger & Companhia. A Origem da palavra Brahma é referência ao Deus Hindu. Em 1904, nasceu a Companhia Cervejaria Brahma, resultado da fusão da Brahma com a Preiss Häussler & Cia. Cervejaria Teutônia. Outra data importante foi em 1984, quando a Brahma fecha um acordo com a PepsiCo Internacional e começa a fabricar, comercializar e distribuir a Pepsi no Rio de Janeiro. 64 O início da modernização da Brahma ocorre em 1990, quando o Banco Garantia assume o poder acionário. Em 1999, a Companhia Antactica Paulista e Companhia Cervejaria Brahma comunicam a criação da Companhia de Bebidas das Américas (AmBev), resultante da fusão entre ambas. Surge a maior empresa de bebidas da América Latina e a Sexta maior cervejaria do mundo. O objetivo imediato da histórica união foi consolidar uma organização capaz de ultrapassar as fronteiras do país e difundir as principais marcas brasileiras em todo mundo. Hoje, a AmBev possui 32 unidades industriais no Brasil. A capacidade de produção total é de 134 milhões de hectolitros de bebida (cervejas, refrigerantes, chás, águas e isotônico). Conta também com 32 centros de distribuição direta e mais de 556 revendas, que garantem a distribuição dos produtos da Companhia em um milhão de pontos de venda. A AmBev hoje é líder no nacional na venda de cerveja, possuindo uma parcela de 67% do mercado. Em março de 2004, é anunciada uma aliança global entre a AmBev e a Interbrew (Cervejaria Belga). Essa união resultou na criação da maior cervejaria do mundo, com 15% de toda a produção global. A Filial Águas Claras do Sul, sediada em Águas Claras, distrito de Viamão, Rio Grande do Sul, possuindo uma área de terreno de 324 hectares e uma área construída de 58.392,69m2, e 320 funcionários próprios, é a fábrica mais moderna do Companhia no Brasil, produzindo e distribuindo cervejas 600ml, cervejas em lata, chopp barril, chopp granel e refrigerantes em latas para todo o Rio grande do Sul, Santa Catarina e parte do Paraná. 65 Inaugurada em 31 de agosto de 1998, com capacidade instalada de 4.000.000hl/ano entre cerveja, refrigerante e chopp, utilizando-se de duas linhas de retornáveis (cerveja) e uma linha mista de lata (cerveja e refrigerante) e uma linha de embarrilamento de chopp. Atualmente a filial produz os seguintes de produtos: ¾ Cerveja Retornável 600ml: Antarctica Pilsen, Polar Export, Brahma Chopp, Brahma Extra e Skol; ¾ Cerveja Lata 350ml : Antarctica Pilsen, Polar Export, Brahma Chopp, Skol e Dado Bier; ¾ Chopp Barril 50 litros, 30 litros e Granel: Antarctica e Brahma; ¾ Refrigerante lata 350ml : Guaraná Antarctica, Guaraná Antarctica Diet, Pepsi Cola, Pepsi cola light, Pepsi Twist, Pepsi Twist light, Pepsi X, Soda limonada, Sukita, Teem, Tônica Antarctica e Tônica Antarctica Light. Além de distribuir os produtos fabricados na unidade, a Filial Águas Claras do Sul também distribui produtos que ela não produz, tais como: cervejas long-neck, lata 473ml e Malziber 600. Estes produtos são transferidos de outras unidades produtoras da Ambev , e tem como principal foco atender a demanda das revendas. 66 Figura 08: Vista Parcial da Unidade Águas Claras do Sul – AmBev 4.1.1 Caracterização da Área de Logística A área de logística da Filial Águas Claras do Sul, possui uma estrutura de trinta e oito funcionários, que estão divididos nas seguintes funções: um gerente, um analista de produção, três analistas de controles, um supervisor de armazém , três conferentes líderes, dez conferentes e dezenove operadores de empilhadeira, divididos em turnos , pois a empresa trabalha ininterruptamente trezentos e sessenta e cinco dias por ano. A área e responsável por todo planejamento de produção, armazenamento e distribuição, seguinte às especificações da Logística corporativa, que é responsável pela determinação dos volumes que serão praticados, seguindo os parâmetros de capacidade da unidade. 67 4.2 Situação Atual do Planejamento de Estoques Para verificação do sistema de estoques atual, foram utilizados dados secundários e foram feitos observações nas áreas de PCP, Controle e Armazenamento. Os dados secundários são basicamente os arquivos recebidos pela unidade da Logística Corporativa, onde constam as premissas de produção, distribuição (malha), os sistemas de gestão (SAP, 2P) e as planilhas de controle utilizadas diariamente . Seguindo um Horizonte de planejamento, que é demonstrado na figura 09, consegue-se identificar como são determinadas as fases de planejamento na companhia: 5 anos 1 ano 2 m eses D iá rio P la n o D ire to r P la n e ja m e n to E s tra té g ico : p la n ifica ç ã o fa b ril O rç a m e n to P la n e ja m e n to F a b ril : d im e n sio n a m n e to fa b ril P la n e ja m e n to F in a n ce iro : m e ta s d e c u s to s/d e sp e sa s M a lh a P la n e ja m e n to T á tic o : p la n o d e p ro d u ç ã o m e n sa l P a râ m e tro s d a P o lític a d e E sto q u e s P la n e ja m e n to F in a n ce iro : p la n o d e d istrib u iç ã o Execução M a rca çã o d e re ve n d a s n a s fá b ric a s P ro g ra m a çã o d e p ro d u ç ã o P o lítica d e e s to q u e s Figura 09: Horizontes de Planejamento da AmBev Fonte: Apostila Treinamento Gerencial : AmBev Na AmBev, todas unidades devem cumprir a gestão de estoques de acordo com a determinação da Logística Corporativa, ou seja, todo planejamento dos 68 volumes a serem produzidos e distribuídos, são determinados por dela, ficando vetada qualquer mudança sem a prévia autorização . O processo de determinação dos volumes, também conhecido como “Malha”, é uma tarefa que é desenvolvida por um sistema chamado Otimizar (SNP – Sistema Nacional de Planejamento), sistema esse que visa maximização da margem de contribuição da companhia, entre suas diversas filiais, é baseado em programação linear e foi criado por um professor da PUC/RJ. Para alimentar o sistema Otimizar, deve-se possuir uma previsão de venda mensal, que é determinada pela área comercial da companhia, pelos pontos de venda (PDV) e pelas distribuidoras e revendas. As fábricas também devem enviar suas capacidades de produção, considerando horas máquinas disponíveis e mão de obra. A rede física da AmBev, que engloba o sistema otimizar é composta por: 1) 32 unidades; 2) 25 áreas comerciais; 3) 23 CDD´s (Centros de Distribuição a Distância); 4) 556 Revendas; 5) mais de 200 SKUs 6) preços, incentivos,fretes, etc... O Sistema segue os seguintes critérios de otimização: a) Minimização de custos; b) Maximização de margem. 69 Na figura 10, pode-se verificar o fluxo de informações desde o sistema Otimizar até política de estoques de unidade: Fábrica Dados de capacidade Logística Corporativa Otimizar SNP Restrições Comercial Tendência de vendas Restrições Malha Programação de Insumos Programação de Produção Programação de Distribuição Política de Estoque Figura 10: Fluxo de Informações da Malha Fonte: Apostila Treinamento Gerencial : AmBev 4.2.1 Sistemas Utilizados na Unidade de Águas Claras do Sul Para garantir informações precisas e confiáveis, a logística conta com alguns sistemas que são fundamentais para o processo, pois é através destes sistemas que são realizados os apontamentos de produção, realizado baixa nos estoques e emitidas as notas fiscais. Os sistemas utilizados na AmBev, e que tem influência direta na gestão de estoques são: 70 1) SAP - Administra todas as informações das diversas áreas, desde a entrada de matéria prima até a venda final do produto acabado, controlando índices, apontamentos de produção, estoques, retenções, avarias, habilitação de novos produtos, enfim é o principal sistema da área de logística e também da fábrica; 2) 2P - Sistema de gerenciamento de puxadas da fábrica. É no 2P que unidade visualiza a programação de carregamento (horários, revendas, Centros de Distribuição e produtos), modifica os horários de carregamento, aprova os ajustes de acréscimo de malha solicitados durante o mês, habilita a forma de paletização e unidade produtora dos SKUs, fazendo a interface com o sistema de 2F para emitir as notas fiscais. 3) 2F - Sistema responsável pela emissão de todas as notas fiscais de carregamento da unidade. Através de um arquivo extraído diariamente do sistema 2P, o 2F é alimentado com as informações necessárias para emissão das notas fiscais do dia. O 2F identifica o horário de carregamento, revenda ou CDDs, produto e quantidade a ser carregada. As notas fiscais são emitidas na portaria pela área financeira. 4.2.2 Malha Malha são os arquivos enviados pela Logística corporativa, gerado pelo sistema Otimizar, onde constam todos os dados para que sejam programadas as 71 linhas de produção e as diretrizes de distribuição de produto acabado. As informações da malha são abertas por SKUs, e apresentam os seguintes itens: a) estoques iniciais do mês; b) malha de produção; c) malha de fornecimento; d) estoque final mínimo; e) malha de transferência. A unidade recebe duas malhas mensais, uma delas recebida até dia vinte do mês anterior que é chamada de prévia da malha. A malha oficial para o mês é recebida até o dia três no mês vigente . Está prévia da malha se faz necessária devido ao tempo de fabricação da cerveja (cozimento, fermentação e maturação), algo em torno de doze a treze dias, desde o início do processo até estar pronta para ser filtrada e engarrafada. Outro fator predominando desta antecipação deve-se ao mosto (cerveja pura), pois cada cerveja tem um mosto especifico, com isto são programados mensalmente três tipos de mosto, o Brahma, o Skol e o Antarctica . Na prévia e na malha oficial, é necessária a elaboração e envio à logística corporativa de uma análise crítica , onde são verificados todos os SKUs minuciosamente , pois nesta análise deverá apresentar qualquer impedimento da unidade em atender os volumes solicitados. A malha possui dados que correspondem a uma visão para os próximos dois meses, pois através desta visão que são programados os insumos para realização das produções, que são ajustados no momento do recebimento da malha oficial. 72 4.3 Planejamento e Programação de Produção (PCP) Todo processo de gestão de estoque na filial é conduzido pelo setor de PCP, pois, o setor tem a incumbência de garantir a disponibilidade de produtos para distribuição, bem como os parâmetros da política de estoques definidos pela malha, através da programação de produção. Através das observações e com ajuda dos dados secundários no setor de PCP, pode-se descrever todo este processo de gestão, desde seu início que abrange o recebimento e análise da malha, programação e acompanhamento das linhas de produção, até a venda final do produto acabado. 4.3.1 Programação de Produção Após o recebimento da malha que acontece quinzenalmente, o analista de PCP realiza algumas tarefas que são essenciais para programação de produção. As tarefas são: análise da malha, programação de produção e acompanhamento diário real x realizado. Análise da Malha deve abranger todos os SKUs da unidade e o processo produtivo, garantindo com isto a análise dos seguintes pontos: a) análise do volume de produção aberto por SKUs (capacidade fabril x volume malha); b) análise do volume de fornecimento; c) cumprimento da política de estoques; d) avaliar se há algum volume de produção inferior ao lote mínimo; 73 e) checar se há algum produto de transferência que a unidade produz; f) checar possíveis paradas nas linhas de produção devido à manutenção de equipamentos; e) fazer análise crítica da malha em formulário padrão e enviar a logística corporativa; h) garantir estoque final solicitado na malha. Feita análise da malha, o segundo passo é realizar programação de produção. Tarefa bem trabalhosa, pois, através de planilhas Excel, que são abertas por linhas, o analista de PCP, distribui os SKUs de tal maneira que atenda as especificações da malha em um período de trinta dias, tendo como principal desafio garantir uma performance de trabalho das linhas de produção, uma vez que, no decorrer do mês acontecem inúmeros set-ups dos produtos, pois para atender a necessidade de distribuição dos diversos SKUs, as produções são divididas em lotes, garantindo com isso a disponibilidade dos produtos. Outro ponto importante que deve ser observado na programação de produção nas linhas de inteiras (garrafas 600ml), é a situação de vasilhame disponível, pois este é determinante para que a linha possa rodar. Segundo o próprio analista de PCP, este ponto é crucial, pois já aconteceram várias vezes da unidade ter que parar a linha de produção e cancelar vendas devido à falta de vasilhame. Seguindo a lógica de programação, após analisar a malha, programar a produção, o passo seguinte é inserir os volumes programados diários no sistema SAP, para que se possa visualizar e programar a entrega dos insumos pertinentes à programação de fábrica. A unidade não pode comprar insumos, todos os tramites de compra e entregas são centralizados em São Paulo, através da logística corporativa. 74 Portanto, o sistema tem que permanecer sempre atualizado, pois sem isto, corre-se o risco de faltar insumos para produção. Diariamente são realizados os ajustes pertinentes à performance das linhas e vendas realizadas, a atualização das planilhas de produção real e venda real (real x programado), ambas servem para estimar estoque disponível para venda do próximo dia e estoque final para o mês. Segundo o analista de PCP e o gerente da área de logística, que são os responsáveis em garantir a política de estoque da unidade, a reunião de produção, a negociação de produção e distribuição que são realizadas diariamente, são também essenciais para os ajustes de programação e disponibilidade de produto, portanto esses dois itens serão apresentados a seguir. 4.3.1.1 Reunião de Produção A reunião de produção é a reunião mais importante da fábrica, acontece diariamente às 10:30h, com a participação de todas as áreas envolvidas no processo produtivo, ou seja, manutenção, processo, packaging (área de envasamento) e logística. Através da reunião de produção, o analista de PCP consegue as informações pertinentes de cada área, podendo com isso revisar e adequar a programação, sanando possíveis anomalias que possam impedir a realização dos volumes propostos. O analista de PCP é o responsável pela reunião de produção. A pauta mínima a ser tratada é : 75 a) estoques iniciais dos produtos produzidos; b) programação de fabricação de mosto e produção para os próximos cinco dias; c) suficiência de vasilhame e insumos para os próximos cinco dias; d) estimativa de fornecimento e transferência por produto produzido para os próximos cinco dias; e) volume de líquido disponível em adega de pressão e estimativa para consumo; f) eficiência das linhas no dia anterior, acumulada no mês e estimativa para os próximos cinco dias; g) programação de manutenção e estimativas de parada de linha de envasamento e processo ; h) fechamento da programação de produção para os próximos cinco dias. Qualquer modificação da programação de produção (fabricação e envasamento) fora do horário da reunião, deverá ser decidida em consenso com os gerentes de logística, packaging e processo, comunicando via e-mail às áreas e atualizada imediatamente no SAP. Participando de algumas reuniões, nota-se um certo preciosismo das áreas, uma falta de trabalho em equipe, cada uma busca justificar seus impedimentos através das falhas das outras, geralmente demonstrando um certo grau de individualismo, ou seja, “o problema não é meu”. Exemplo disto pode-se destacar, uma cerveja enviada da área de filtração para o packaging, mesmo sabendo que a cerveja estava com a temperatura mais alta que a especificada pelo padrão, a filtração enviou-a para envasamento e não comunicou nada aos operadores da linha, acarretando com isto espumamento e posterior perda de líquido 76 O papel fundamental do analista de PCP na reunião de produção é extrair as informações e conciliá-las, sendo responsável diretamente pela análise e determinação do que cada área deve fazer. 4.3.1.2 Negociação de Produção e Distribuição Diariamente às 12:30h, acontece a negociação de produção e distribuição que é conhecida na unidade como reunião virtual, integrando o analista de PCP e a logística corporativa, através do MSN (messenger) e telefone. Após fechar a programação de vendas para os próximos dois dias, a logística corporativa entra em contato com a unidade para que sejam ajustadas as tendências de produção, baseando-se nas vendas já marcadas. Após rever todas as tendências o analista de PCP, dá aceite ou não na programação de venda, reorganizando se necessário à programação de produção dos próximos dias para atender a demanda. Se a unidade não conseguir atender a demanda ela é penalizado em um farol que mede e pontua o desempenho das logísticas das fábricas. Este farol é conhecido como nível de serviço, ou seja, o volume que a unidade não conseguir atender no mês é dividido pelo volume total de vendas mensal, com isto tem-se o índice do período. A meta mensal é de 0,8%, valor acima disto à unidade perde 10 pontos no PEF (programa de excelência fabril). Muitas vezes esta reunião torna-se desgastante, pois existe previsão de venda de um certo SKU e a unidade não tem como atender, ficando caracterizado como uma indisponibilidade. Antes que este fato possa ocorrer, tenta-se todas as 77 alternativas possíveis, mas quando realmente não tem como atender, a área comercial entra na negociação, envolvendo o gerente de logística da fábrica, ou até mesmo o gerente geral, para que seja confirmada a indisponibilidade. 4.3.1.3 Ajuste da Malha Todos os ajuste de malha são aqueles que não estavam previstos na malha oficial. São recebidos através do sistema 2P, podendo ser ajustes positivos (aumento de demanda) ou negativos (diminuição de demanda). A análise do ajuste consiste em verificar a capacidade da fábrica em incluir mais um lote de produção dentro do mês corrente, e o impacto que essa inclusão pode proporcionar nos estoques dos demais produtos. Semanalmente o analista de PCP revisa o sistema e analisa as solicitações de ajustes que vem abertas por SKU, ficando a seu critério a aprovação ou rejeição do pedido. Durante as observações na área de PCP, houve a oportunidade de verificar alguns ajustes de malha no sistema, e de como são avaliados os diversos SKUs. Primeiramente verifica-se os ajustes negativos, pois, muitas vezes a unidade já realizou todo a produção mensal da malha, ficando impossível de aceitar a redução de venda do mesmo. Para que se aceite um aumento de venda, avalia-se as seguintes premissas básicas: a) disponibilidade de hora máquina; 78 b) no caso da cerveja , verifica-se se há disponibilidade de mosto. Se não houver empecilhos o ajuste é aceito, e já pode ocorrer as vendas referentes ao aumento do volume, mediante negociação na reunião virtual. 4.3.4 Gestão da Política de Estoques O sistema de gestão da Filial Águas Claras do Sul esta constituído da seguinte maneira: Todo processo de acompanhamento da gestão de estoques, bem como a programação de produção é feita com base nas previsões da malha e posteriormente pelo acompanhamento das vendas e produções já realizadas durante o mês, e é de responsabilidade do analista de PCP. Todos as movimentações são feitas através dos sistemas 2F e SAP. Há uma interface do sistema 2F (emissão de nota fiscal) com o SAP (controle de estoques), baixando os volumes automaticamente após emissão da nota fiscal de venda. Um problema identificado é que podem ocorrer emissões de notas fiscais sem que haja saldo do produto, acarretando com isto estoques negativos, por sua vez não se consegue fechar o sistema diário. Este caso na fábrica é conhecido como “nota fora”. Ficando qualquer nota fiscal sem baixar do sistema, a área financeira não consegue gerar os relatórios financeiros do dia anterior, acarretando com isto o não fechamento das finanças da AmBev a nível nacional. Abaixo segue algumas definições que a unidade utiliza no gerenciamento dos estoques: 79 1)Stockout : caracterizado quando o estoque inicial do dia é menor que o fornecimento real, ou o estoque na unidade estiverem abaixo do estoque mínimo definido pela política; 2) Stockover : caracterizado quando o estoque inicial do dia é maior que os estoques máximos definidos; 3) Estoque Fora de Faixa (EFF) : situação onde o produto encontra-se em Stockout ou em Stockover; 4) Produtos de Alto Giro : caracterizado quando o lote de produção é no máximo três vezes a demanda média da malha (malha / dias de fornecimento); 5) Produtos de Baixo Giro : caracterizado quando o lote de produção é maior do que três vezes a demanda média da malha. Semanalmente o analista de PCP tem a incumbência de gerar e analisar os gráficos da política de estoque da unidade (Gerlog - site da área de logística da AmBev), para isto é fundamental que todos os parâmetros da política de estoques, malha, produções já realizadas, programação de produção e tendência de futuras vendas estejam corretas no SAP, pois, sem isto a análise não terá fundamentos. Através dos gráficos gerados (anexo 1), que são abertos por SKUs produzidos na unidade, o analista deve verificar os stockout e stockover , e através destas informações enviar protocolos (anexo 2), justificando os motivos dos EFF e futuras ações que possibilitem o restabelecimento dos níveis de estoques. Vale lembrar que cada produto tem uma parametrização diferenciada, pois possuem 80 características especificas que podem variar a cada mês, dependendo da malha recebida. Este processo é realizado na unidade, porém o analista mesmo gerando os gráficos não utiliza-os, uma vez que tem um controle paralelo em planilhas em Excel, chamadas de MRP. São através destas planilhas, que são determinadas todas as mudanças na programação de produção e níveis de estoques, ficando caracterizado um trabalho manual e diário de atualização das mesmas. Os maiores problemas que ocorrem na gestão de estoques, são as variações dos diversos produtos, tanto para mais, quanto para menos. A interação do PCP é fundamental nestes momentos, uma vez que ele tem o papel fundamental de monitoramento e programação de todos os produtos. Quando ocorre um equivoco nos volumes previstos na programação, sem que haja possibilidade de reverter a situação, no caso de volume maior a unidade é penalizada em seu capital empregado (estoques), em volume menor e considerado como indisponibilidade de produto. Em ambos os casos a unidade perde pontos no programa de excelência fabril (PEF). As causas mais comuns que podem acarretar um erro na programação podem ser: a) tendência errada da malha; b) produção de produtos de baixa giro antes do recebimento da malha oficial; c) não atendimento do lote mínimo de produção para produto de baixo giro; d) otimização da linha de produção, aumento dos volumes para reduzir setups; 81 e) apenas uma linha mista para produzir cerveja e refrigerante em lata, acarretando concorrência dos dezessete SKUs que a unidade produz. 4.4 Fechamento de Produção Diária O procedimento de fechamento produção acontece diariamente, à 01:00h, e caracteriza-se pela conciliação de informações das áreas de filtração (área que envia cerveja para envasamento), packaging (envasamento) e logística (conferentes). Através da observação e entrevista em profundidade com os conferentes do armazém, consta-se uma certa vulnerabilidade neste processo, pois o mesmo é realizado manualmente pelos conferentes, anotando-se os lotes de produção individualmente por SKU em uma planilha impressa. No fechamento diário são somados as quantidades de cada lote para obtenção da produção diária para posterior conciliação. Já nas áreas de filtração e packaging, os fechamentos são realizados por equipamentos automatizados. Na filtração através dos sistemas de controle, pode-se verificar on-line os volumes de cerveja enviado, e no packaging existem dois fechamentos, o volume de cerveja que passou pela enchedora (hectolitros) e também o número de paletes que saíram da paletizadora (equipamento que paletiza as garrafeiras). Antes que seja registrada a produção no SAP, que é uma atividade de responsabilidade do packaging, e deve ser feira até às 07:00h de cada dia, as três 82 áreas fecham individualmente para posterior reunião que irá conciliar e fechar as produções líquidas. Algumas vezes não chega-se a um número, pois há divergências entre as áreas, com isto deve-se definir o volume mais próxima do SKU com problema, e apontar a produção, para posterior conferência e conciliação, que deverá ser realizada neste mesmo dia. Quando acontece um set-up de produto durante o dia em qualquer linha, quem faz este fechamento são os conferentes do turno que aconteceu, tendo os mesmo critérios de conferências do fechamento diário. 4.5 Sistema de Armazenamento Todo produto acabado produzido na unidade é paletizado, portanto requer na sua movimentação e armazenamento o auxilio de empilhadeiras. O sistema de armazenamento adotado na unidade é de Box flutuantes, ou seja, não há definição de qual produto vai em cada Box, portanto cabe ao conferente do armazém de garrafas assinalar e registrar em quais Box estão sendo colocadas as produções, utilizando uma seqüência alfa-numérica representativas da rua e Box utilizado. Exemplo : Localização : A22 : Rua A, Box22. Com a Identificação através do lote alfa-numérico no momento do carregamento e com a realização do Picking , pode-se identificar qual revenda carregou qual produto. 83 Para que seja preservada as embalagens, todo produto acabado somente pode ser empilhado “dois de alto” (figura 11), ou seja, somente pode haver dois paletes sobrepostos, prática está que não acontecia a algum tempo atrás. Está medida foi tomada devido ao aumento de reclamações no SAC (serviço de atendimento ao consumidor) de avarias em embalagens, principalmente na lata. Com este novo procedimento ganhou-se também tempo no armazenamento, pois ao armazenar e retirar os produtos nos Box as empilhadeiras levam menos tempo, sem contar no fator de segurança pessoal, pois a operação de “três de alto” era muito perigosa, principalmente quando envolvia vasilhame, uma vez que as empilhadeiras não possuem abafadores de produto (proteção utilizada em empilhadeiras para prender o produto). Figura 11: Armazenamento de Produto Acabado “Dois de Alto” A seguir serão descritos alguns pontos que requerem uma atenção especial no armazenamento: 84 a) produtos avariados: todo produto que sofre qualquer avaria no depósito é segregado e reembalado. Os produtos que não tem mais condições de consumo são baixados no sistema como prejuízo de movimentação; b) produtos em análise: produto fica retida com “tranca palete”. Tranca palete é um suporte que é colocado entre as aberturas do palete, onde as empilhadeiras não conseguem colocar seu garfo, conseqüentemente não conseguem movimentá-los (figura 12); c) Paletes Mistos: Prática adotada com produtos que não completam um palete no final de produção. Nestes casos é montado um palete com dois ou três produtos e são disponibilizados para venda (figura 13). Figura 12: Produto em Analise – “Tranca Palete” Nos carregamentos são obrigatórias a utilização de cantoneiras metálicas horizontais e verticais, e no caso das latas as cantoneiras não devem estar 85 diretamente sobre as embalagens do produto, e para que isto não aconteça deve-se utilizar um forro de lona entre a cantoneira e o produto. Todos estes cuidados são seguidos para que não haja avarias do produto ao chegar no consumidor e posterior reclamação. 4.6 Inventário de Estoques Existem dois momentos distintos na realização de inventários de estoque de produto acabado na unidade, um acontece diariamente, e o outro que é considerado o inventário oficial mensalmente. O inventário diário também chamado de contagem, acontece diariamente ao final das produções. O conferente de plantão conta todos os produtos acabados e vasilhame que estão disponíveis para produção. Esta contagem serve para verificar as diferenças, como também para verificar possíveis inversões de produtos no carregamento. O inventário oficial utilizado é o rotativo, realizado mensalmente, em datas pré-determinadas, geralmente acontecem em domingos, quando a fábrica fica parada, ou se houver produção, é retirada da programação em torno de oito horas para que seja realizado o inventário e o mesmo seja conciliado. Todos os SKUs são contados. Para que se consiga realizar um inventário sem grandes problemas, a unidade garante a disposição e identificação de todos os SKUs, de maneira que não haja dúvidas no momento da contagem. 86 4.7 Programação de Distribuição :Prevista x Realizada Através da distribuição real durante o mês, consegue-se ajustar a programação de produção, pois, com os controles diários e contatos com a logística corporativa e comerciais, obtém-se um cenário bem mais real do que aquele que a malha sugere. Cabe ao analista de PCP extrair estas informações e realizar constantemente projeções de programação que garantam a disponibilidade de produtos no caso de aumento de demanda, ou redução de produção nos casos de baixa demanda. Nos produtos de alto giro, isto não acarreta grandes dificuldades, pois são realizadas várias produções durante o mês, já não acontecendo com os de baixo giro, principalmente os refrigerantes, exceto o Guaraná Antarctica lata e a Pepsi lata, todos os demais a unidade programa apenas uma produção mensal. É uma tarefa que requer uma atenção especial diária e detalhada por SKU, pois acontecem dispersões de demanda que poderão comprometer o abastecimento de mercado, ou a meta de capital empregado no caso de produção excessiva sem a devida venda. A seguir serão mostradas as variações de vendas das cervejas (tabela 02) e dos refrigerantes (tabela 03) produzidos na unidade, que aconteceram nos meses de janeiro e fevereiro de 2005. Foram escolhidos estes dois meses por tratarem-se daqueles onde ocorrem uma maior venda e também onde acontecem uma maior dispersão entre a distribuição prevista e real. 87 Vendas Cerveja Previsto x Real - Período de Janeiro/Fevereiro 2005 Janeiro de 2005 Fevereiro de 2005 Dúzias Produto Skol Brahma Garrafa Brahma Extra 600ml Antarctica Polar Total Fábrica Caixas Skol Brahma Lata Antarctica 350ml Polar Total Fábrica Previsão Real Diferença Variação Previsão Real Diferença Variação 923.711 477.923 141.698 370.110 567.661 2.481.103 1.151.694 522.397 117.768 522.397 591.780 2.906.036 227.983 44.474 -23.930 152.287 24.119 424.933 24,68% 1.100.871 1.035.744 -65.127 -5,92% 9,31% 468.790 427.895 -40.895 -8,72% -16,89% 132.077 86.940 -45.137 -34,17% 41,15% 398.684 427.895 29.211 7,33% 4,25% 510.718 451.332 -59.386 -11,63% 17,13% 2.611.140 2.429.806 -181.334 -6,94% 1.659.845 633.372 343.569 310.960 2.947.746 1.781.438 483.240 343.992 300.432 2.909.102 121.593 -150.132 423 -10.528 -38.644 7,33% 1.236.062 1.641.596 -23,70% 375.190 431.964 0,12% 258.790 323.026 -3,39% 314.071 319.554 -1,31% 2.184.113 2.716.140 405.534 56.774 64.236 5.483 532.027 32,81% 15,13% 24,82% 1,75% 24,36% Tabela 02: Vendas de Cerveja Prevista x Real – Jan/Fev 2005 Fonte: SAP Vendas Refrigerante Previsto x Real - Período de Janeiro/Fevereiro 2005 Janeiro de 2005 Fevereiro de 2005 Caixas Produto GCA GCAD Pepsi Pepsi Twist Light Pepsi Twist Lata Pepsi Cola Light 350ml Soda Antarctica Sukita Teem Tonica Antactica Pepsi X Total Fábrica Previsão 211.680 68.739 285.994 27.488 62.991 39.320 37.106 66.407 44.823 51.010 21.763 917.321 Real 228.184 65.208 340.560 24.816 67.330 31.680 45.936 80.156 62.304 67.056 45.672 1.058.902 Diferença 16.504 -3.531 54.566 -2.672 4.339 -7.640 8.830 13.749 17.481 16.046 23.909 141.581 Variação 7,80% -5,14% 19,08% -9,72% 6,89% -19,43% 23,80% 20,70% 39,00% 31,46% 109,86% 15,43% Previsão 147.258 51.188 229.933 19.738 48.838 39.570 27.778 56.503 36.784 36.527 142.316 836.433 Real Diferença Variação 96.972 -50.286 34.122 -17.066 167.090 -62.843 18.766 -972 40.172 -8.666 24.618 -14.952 21.648 -6.130 39.601 -16.902 37.246 462 36.432 -95 104.918 -37.398 621.585 -214.848 -34,15% -33,34% -27,33% -4,92% -17,74% -37,79% -22,07% -29,91% 1,26% -0,26% -26,28% -25,69% Tabela 03: Vendas de Refrigerante Prevista x Real – Jan/Fev 2005 Fonte: SAP Analisando as vendas de cerveja (tabela 02), nota-se uma dispersão bem acentuada. Para uma melhor visualização, serão mostrados gráficos das dispersões de vendas de cerveja 600ml e lata destes períodos. Em janeiro, houve uma dispersão positiva nas cervejas 600ml, pois foram vendidas 424.933 dúzias a mais que a previsão inicial, ou seja 17,13% acima da expectativa. Passando este volume para hora máquina equivalem a 5,31 dias de 88 produção. Já na lata houve uma diferença negativa de 38.644 caixas (-1,31%), que equivalem apenas 5,68 horas de produção. 3.000.000 17,13% 2.500.000 dúzias 2.000.000 Previsão 1.500.000 24,68% Real 1.000.000 41,15% 9,31% 500.000 4,25% -16,89% 0 Skol Brahma Brahma Extra Antarctica Polar Total Fábrica Produto Figura 13: Dispersão de Vendas Cerveja 600ml Janeiro 2005 -1,31% 3.000.000 2.500.000 Caixas 2.000.000 7,33% Previsão 1.500.000 Real -23,70% 1.000.000 0,12% -3,39% 500.000 0 Skol Brahma Antarctica Polar Total Fábrica Produto Figura 14: Dispersão de Vendas Cerveja Lata Janeiro 2005 No mês de fevereiro houve uma inversão, o volume de venda da cerveja 600ml, foi menor em 181.344 dúzias (-6,94%) que a previsão, já na cerveja em lata 89 houve um acréscimo na venda de 532.027 caixas (24,36%) acima da previsão inicial do mês, ou seja, 3,31 dias de produção. 3.000.000 -6,94% 2.500.000 dúzias 2.000.000 1.500.000 Previsão -5,92% Real 1.000.000 -8,72% 500.000 7,33% -11,63% -34,17% 0 Skol Brahma Brahma Extra Antarctica Polar Total Fábrica Produto Figura 15: Dispersão de Vendas Cerveja 600ml Fevereiro 2005 24,36% 3.000.000 Caixas 2.500.000 2.000.000 32,801% Previsão 1.500.000 15,13% 1.000.000 24,82% 500.000 Real 1,75% 0 Skol Brahma Antarctica Polar Total Fábrica Produto Figura 16: Dispersão de Vendas Cerveja Lata Fevereiro 2005 Nestes dois meses, o caso mais complicado foi o aumento da demanda de lata em fevereiro, pois, requer produções adicionais que a linha de produção (L511) 90 não comporta, uma vez que é programada cheia nos meses de alta. Produz dezessete SKUs, (cinco cervejas e doze refrigerantes). No caso especifico de fevereiro a unidade conseguiu atender a demanda excedente baixando seus estoques de segurança e terminando o mês praticamente com os depósitos vazios. Já na cerveja 600ml, a unidade possui duas linhas de produção (L501 e L502) para cinco SKUs, não tendo problema no aumento de volume, uma vez que trabalham ociosas, podendo ocorrer empecilhos apenas pela falta de vasilhame ou de líquido, que deve ser programado com antecedência. A respeito dos refrigerantes, também houve dispersões bem acentuadas nos meses de janeiro e fevereiro de 2005, conforme pode-se observar nas figuras 17 e 18. As vendas em janeiro foram 15,43% superiores as previsões, totalizando 141.581 caixas acima das expectativas. Este volume equivale a 20,30 horas de produção, que poderia ficar comprometido se a cerveja lata também possuísse um aumento significativo nas vendas. Já as previsões de vendas de refrigerantes em fevereiro foram muito otimistas, pois tiveram um dispersão negativa 25,69%, volume de 214.848 caixas que conforme previsão não foram vendidas. 200.000 1.000.000 15 ,4 3% 6, 89 % -- 1 9, 43 % 23 ,8 0% 20 ,7 0% 39 ,0 0% 31 ,4 6% 10 9, 86 % -9 ,7 2% -5 ,1 4% 19 ,0 8% 7, 80 % 15 ,4 3% 1.000.000 Produto de janeiro a julho de 2005 de cerveja e refrigerante. 20 ,7 0% 39 ,0 0% 31 ,4 6% 10 9, 86 % 6, 89 % -- 1 9, 43 % 23 ,8 0% 600.000 19 ,0 8% Pe ps i ist Li gh Pe t ps Pe iT ps w iC ist ol So a Li da An ght ta rc tic a Su kit a To ni Te ca em An ta ct ica Pe ps To i ta lF X áb ric a Tw AD A 600.000 -9 ,7 2% -5 ,1 4% Pe ps i G C G C 200.000 Pe ps Tw i ist Li gh Pe t ps Pe iT ps w iC ist ol So a Li da An ght ta rc tic a Su kit a To ni Te ca em An ta ct ica Pe ps To i ta lF X áb ric a Pe ps i AD 7, 80 % 400.000 C A Caixas 400.000 G G C Caixas 91 1.200.000 800.000 0 Produto Previsão Real Figura 17: Dispersão de Vendas Refrigerante Janeiro 2005 1.200.000 800.000 0 Previsão Real Figura 18: Dispersão de Vendas Refrigerante Fevereiro 2005 Nas tabelas 04 e 05, será apresentado um histórico das vendas prevista x real 92 Vendas Cerveja Previsto x Real - Período de Janeiro até Julho 2005 Produto Dúzias Garrafa 600ml Previsão Real Diferença Variação Skol 5.580.459 5.800.040 219.581 3,93% Brahma Brahma Extra 2.571.077 634.496 2.633.070 500.804 61.993 -133.692 2,41% -21,07% Antarctica 2.241.205 2.472.186 230.981 10,31% 3.033.966 2.776.373 -257.593 -8,49% 14.061.203 14.182.473 121.270 0,86% Skol 9.599.936 9.749.377 149.441 1,56% Brahma 2.368.543 2.387.521 18.978 0,80% Antarctica Polar 1.673.230 1.704.483 1.769.582 1.435.709 96.352 -268.774 5,76% -15,77% 15.346.192 15.342.189 -4.003 -0,03% Polar 600ml Total Fábrica Caixas Lata 350ml Total Fábrica Tabela 04: Vendas Cerveja Prevista x Real – Jan/Jul 2005 Fonte: SAP Vendas Refrigerante Previsto x Real - Período de Janeiro até Julho 2005 Caixas Produto GCA Lata 350ml Previsão 1.053.640 Real Diferença Variação 983.553 -70.087 -6,65% GCAD 347.786 300.715 -47.071 -13,53% Pepsi 1.528.253 1.432.768 -95.485 -6,25% Pepsi Twist Light 135.556 122.065 -13.491 -9,95% Pepsi Twist 315.735 337.682 21.947 6,95% Pepsi Cola Light 191.840 158.808 -33.032 -17,22% Soda Antarctica 160.103 171.232 11.129 6,95% Sukita 357.230 364.796 7.566 2,12% Teem 222.872 246.339 23.467 10,53% Tonica Antactica Pepsi X Total Fábrica 251.554 253.891 2.337 0,93% 304.416 4.868.985 299.282 4.671.131 -5.134 -197.854 -1,69% -4,06% Tabela 05: Vendas de Refrigerante Prevista x Real – Jan/Jul 2005 Fonte: SAP Ao analisar as dispersões de vendas nos sete primeiros meses, fica clara a importância do gerenciamento dos níveis de estoques, pois mesmo não havendo uma grande diferença dos volumes totais de distribuição, nota-se uma acentuada diferença na distribuição dos diversos SKUs. A seguir serão apresentados gráficos das dispersões de vendas de Skol lata (alto giro) e Pepsi Cola Light (baixo giro) nos sete primeiros meses de 2005. Foram 93 escolhidos estes dois produtos por terem características de vendas e produção bem distintas: Na figura 19, Skol lata, as dispersões são muito mais significativas, uma vez que é o SKU de maior venda da unidade, conseqüentemente o mais produzido. São realizadas em média doze produções mensais. Por ser um produto de alto giro, e de grande volume de vendas, suas dispersões de vendas negativas influenciam diretamente no capital empregado da unidade, porém tais dispersões podem ser controladas mediante a redução dos volumes de produção nos últimos dias do mês, fato este que já não ocorre nos SKUs de baixo giro (figura 20). SKOL LATA 2.500.000 Caixas 2.000.000 7,33% 6,50% -5,15% 1.500.000 Previsto 3,76 -18,26% Real 1.000.000 -23,41% -2,50% 500.000 Ju lh o Ju nh o M ai o br il A M ar ço iro er e Fe v Ja ne i ro 0 Figura 19: Dispersão de Vendas Skol Lata Jan/Jul 2005 Já às dispersões de Pepsi Cola Light (figura 20), como qualquer outro produto de baixo giro, requerem uma atenção especial, pois é realizada apenas uma produção mensal de cada SKU, mediante a previsão inicial. 94 PEPSI LIGHT LATA 45.000 40.000 35.000 CAIXAS 30.000 7,19% -19,43 Previsto 25.000 -6,45% 20.000 -2,09% Real 15.000 -17,87% -5,81% 10.000 -6,53% 5.000 Ju lh o Ju nh o M ai o br il A M ar ço iro er e Fe v Ja ne i ro 0 Figura 20: Dispersão de Vendas Pepsi Cola Light Jan/Jul 2005 A fábrica não atua diretamente nas causas que ocasionaram a dispersão de vendas, pois esta tarefa é destinada exclusivamente à área comercial. 4.8 Análise do Caso A seguir descreve-se as análises e considerações realizadas durante o trabalho, nas áreas que o pesquisador julga ser as mais importantes e com maior envolvimento na gestão de estoques na Filial Águas Claras do Sul. Alguns análises e comentários já foram realizados no decorrer do estudo de caso. 95 4.8.1 Planejamento de Estoques - Determinação dos Níveis de Estoques Recebendo pronta às diretrizes da política de estoques, a unidade tem a incumbência de administrá-las de tal forma que atendam os volumes de fabricação, bem como os estoques finais mensais esperados, ficando amarradas muitas vezes a determinações errôneas da previsão de vendas que comprometem os indicadores da unidade. Exemplo disto são as dispersões de vendas constatadas na análise da distribuição mensal. O único instrumento que a unidade tem para questionar os volumes propostos é a análise crítica da malha. Este instrumento, segundo o analista de PCP, não funciona, pois o retorno da análise crítica por parte da logística corporativa e muito evasivo, não contendo orientações ou determinações especificas que possam alterar a proposição inicial de estoques. O analista de PCP deve programar a produção fabril de acordo com as estimativas de vendas recebidas da malha. Mesmo possuindo a malha de produção (envasamento), no decorrer do mês o acompanhamento maior é feito nas vendas, pois, é através das vendas que se consegue estimar melhor se realmente as previsões esperadas estão acontecendo. Para melhor visualização e acompanhamento dos estoques, a logística corporativa disponibiliza diariamente para suas unidades gráficos de política de estoques. Na unidade de Viamão estes gráficos não são utilizados. O controle na unidade é feio através de planilhas internas elaboradas em Excel, que representam também uma estimativa mensal de produção e venda, porém sem a riqueza de detalhes que os gráficos representam. 96 4.8.2 Planejamento e Controle de Estoques (PCP) Durante o processo de análise da malha e programação de produção constatou-se uma total dependência de uma pessoa, o analista de PCP, pois é ele que analisa, controla e determina todas as ações que a fábrica deve tomar sobre a gestão de estoques. Um problema que fica evidente para o pesquisador, foi que existe na unidade apenas uma pessoa que conhece bem a gestão de estoque de produto acabado, o analista de PCP, ficando sobre seu controle todo processo, pois não há substituto imediato para o mesmo. Há uma sobrecarga de trabalha nesta função, uma vez que principalmente no verão a fábrica produz e vende todos os dias, inclusive domingos e feriados. Mesmo não estando na fábrica, ele tem participação ativa em todo o processo, pois monitora as produções e vendas através de contatos telefônicos. Com o sistema de gestão de controle de estoques compartilhado com os demais membros da logística, poderiam ser minimizadas as tarefas do gestor, e com isto através de mais idéias otimizar ainda mais as programações. Notou-se que o analista tem controle sobre as variáveis que compreendem o processo de produção de produto acabado na unidade, pois consegue alterar a programação sem grandes problemas, porém este controle é limitado às ações internas de programação, tendo como maior desafio a conciliação de informações das outras áreas envolvidas no processo, e também o acompanhamento das previsões de vendas, que muitas vezes não são confiáveis. A programação de produção é realizada com o intuito de garantir a malha de venda inicial, mais os ajustes de venda que a unidade recebe durante e o mês, e os estoques finais propostos. 97 Na contagem diária realizada pelos conferentes do armazém de produtos, o analista de PCP, tem a disponibilidade exata dos volumes que podem ser vendidos. Um problema que ocorre nesta contagem é no momento da conciliação físico x contábil, pois muitas vezes o conferente não a faz. A conciliação físico x contábil é de extrema importância, pois sem ela a contagem perde totalmente seu intuito, uma vez que é através desta contagem que se consegue identificar qualquer alteração dos estoques, principalmente se houve inversões de produtos no carregamento e se todos os apontamentos diários de produções foram realizados. 4.8.3 Produção das linhas de Envasamento Através dos levantamentos e das entrevistas realizados, verificou-se que a fábrica trabalha muitos meses do ano ociosa, nas duas linhas de garrafas e também na linha de latas, e que o projeto original da empresa foi concebido para atender os volumes de vendas nos períodos de alta, ou seja, no verão. As linhas de garrafas para produzirem dependem do retorno de vasilhame, este retorno se dá no momento da venda dos produtos, como a cerveja é um produto sazonal, em alguns meses as vendas diminuem, com a diminuição dos volumes de vendas, a empresa não tem vasilhame para produzir com duas linhas. Geralmente uma das linhas fica desativada entre os meses de março até setembro, acarretando demissões e posteriores contratações para suprir a demanda nos meses de alta. Já a linha que produz cerveja e refrigerante em latas, também trabalha ociosa nos períodos de baixa demanda (março até outubro), porém com um a peculiaridade 98 nos períodos de alta demanda (novembro até fevereiro), ela não consegue atender a política de estoques sugerida pela malha. Qualquer perda que acontecer na linha de produção, por motivos de quebra de equipamento ou erro operacional, não há mais possibilidade de recuperação do volume de produção perdido, pois a programação abrange todas as horas máquina possíveis no mês, acarretando com isto um volume de produção menor, ou seja, diminuição do estoque final, ou até mesmo em certos casos a falta de produto. 4.8.4 Outros Aspectos Gerais Verificou-se alguns problemas que afetam diretamente a gestão de estoques da unidade, mesmo sendo do conhecimento de todos, ainda não há nenhum projeto ou ação para saná-los. Tais problemas serão apresentados a seguir: Os controles de endereçamento dos lotes da produção são feitos manualmente pelos conferentes em folhas que podem ser rasuradas ou modificadas por qualquer pessoa que tenha acesso a elas. Tendo um sistema de localização aleatório de estoque, e através das marcações manuais, a possibilidade de erro é bem acentuada, ficando evidente a importância das anotações corretas dos conferentes no momento de lançar o produto nos Box, e posteriormente no sistema SAP. Outro ponto que chamou atenção nas entrevistas foi o desconhecimento da gestão da política de estoques da unidade pelos conferentes, uma vez perguntado sobre o que eles conheciam sobre o assunto, os mesmo não souberam responder, ficando caracterizando uma total falta de informação sobre o que eles poderiam 99 colaborar na gestão. Os conferentes possuem tarefas críticas, que atingem diretamente a gestão de estoques na unidade. Entre elas pode-se citar: a) conferência das cargas, quantidades e produtos certos no carregamento; b) responsáveis pelo FIFO do armazém de produtos, realizando as baixas dos estoques em cada carregamento e movimentações no sistema; c) análise de produtos avariados e lay-out do armazém d) determinam, registram e identificam os lotes dos produtos em seus respectivos Box; e) garantem a contagem diária de vasilhame que ficarão disponíveis para as linhas de produção. 4.9 Sugestões de Melhoria O objetivo destas sugestões é propor melhorias na gestão de estoques de produto acabado da Filial Águas Claras do Sul, com isto garantir a disponibilidade de produtos, bem como diminuir as alterações pertinentes à programação de produção, uma vez que são elas que despendem de um maior tempo do analista de PCP. Com base no referencial teórico desenvolvido neste trabalho, e com as informações coletadas no estudo de caso, nota-se que a AmBev utiliza praticamente de todas as ferramentas citadas pelos autores, ficando a cargo da unidade, a responsabilidade de garantir os acompanhamentos e ajustes nos níveis de estoques durante o mês. É exatamente nesta gestão interna pesquisada,que concentram-se as sugestões de melhorias para a unidade da AmBev de Viamão. 100 4.9.1 Treinamento dos Analistas e Conferentes Realizar treinamento do sistema de gestão de estoques aos outras analistas da área (ativo de giro e controle) e também aos conferentes, dividindo em módulos, onde cada função terá atribuições e deverá estar opta a interagir nas diversos peculiaridades que a gestão possui. Para os analistas, o treinamento deverá contemplar, desde a análise da malha, programação de produção e análise de vendas, possibilitando com isto que eles possam auxiliar e até mesmo substituir o analista de PCP, em momentos de férias ou de afastamento na unidade. Já o treinamento dos conferentes deverá abranger uma síntese completa da sistemática de estoques que a AmBev adota, explicando detalhadamente os itens que são de responsabilidade deles, e o resultado que se espera obter nas diversas responsabilidades que a função tem. 4.9.2 Contagem Diária Físico x Contábil Criar sistemática de acompanhamento diário da contagem física dos estoques. Inserindo no check-list dos conferentes a rotina de conciliar o físico x contábil diariamente. O conferente ao encontrar diferença de estoque deverá rastrear o motivo desta diferença e informar ao analista de controle que tem a responsabilidade de garantir a acurácia dos estoques. 101 4.9.3 Sistema de Codificação dos Estoques Implantar sistema de codificação de códigos de barras nos estoques de produto acabado, uma vez que hoje todo este processo é feito manualmente. Por se tratar de um sistema de fácil utilização, baixo custo e com um tempo implantação reduzido, este sistema atenderia as necessidades da unidade, garantido com isto as informações de localização e quantidades de cada produto em seus respectivos Box, eliminando com isto os apontamentos manuais que hoje são feitos no armazém de produtos. 4.9.4 Utilização dos Gráficos da Política de Estoques A utilização dos gráficos da política de estoques (Anexo 1), seria um diferencial na programação de produção, pois os mesmos são de fácil interpretação e poderiam ser gerados diariamente, uma vez que não requerem nenhum procedimento a mais na rotina do analista de PCM. Para que se extraia os gráficos da política de estoques, basta entrar no site Gerlog e baixá-los, pois os mesmo são gerados diariamente pela logística corporativa. Através dos mesmos consegue-se verificar claramente, se a unidade esta cumprindo a política de estoques, se suas tendências de produção e venda estão condizendo com a realidade, erros de programação, estouro de venda e níveis de estoques (mínimo, ponto de pedida e máximo). 102 4.9.5 Antecipação da Produção de Cerveja Lata Com uma validade de 6 meses, poderia-se antecipar a produção de cerveja nos meses de setembro e outubro, uma vez que a linha de produção trabalha ociosa nestes meses, garantindo com isto o cumprimento da política de estoques nos meses subseqüentes. Através dos históricos de anos anteriores, poderia-se estimar um volume de produção maior, considerando as perdas da linha de produção e suas respectivas vendas nos meses de novembro e dezembro. Através destes dados, elaborar um estudo e encaminhar à logística corporativa para que a mesma autorize este procedimento, uma vez que a unidade não tem autorização para produzir além do volume solicitado em malha. Este procedimento acarretaria o aumento do capital empregada da unidade, porém garantiria a disponibilidade de produto nos meses de alta demanda. 4.10 Considerações Finais Através da análise e sugestões de melhoria apresentadas anteriormente, acredita-se que a unidade consiga administrar melhor sua gestão de estoque, envolvendo mais pessoas neste processo, e com isto dividindo responsabilidades, a fim de equalizar conhecimentos e ações. A seguir (Tabela 06) será apresentado um resumo dos problemas identificados com suas respectivas sugestões de melhoria, em forma de quadro, pois, assim consegue-se obter uma melhor visualização. 103 P ro b le m a S u g e s tã o d e M e lh o ria P ro p o s ta A p e n a s u m a p e sso a c o n h e c e b e m a g e stã o d e e sto q u e s d a u n id a d e T re in a r o s o u tro s a n a lista s (c o n tro le e A tiv o s d e G iro ) n a g e stã o d e e sto q u e s C o n ta g e m d iá ria d e e sto q u e s n ã o c o n c ilia d a F ísic o x C o n tá b il C ria r siste m á tic a p a ra q u e o s c o n fe re n te s c o n c ilie m o s e sto q u e s d ia ria m e n te N o s m e se s d e a lta d e m a n d a (n o v e m b ro a té fe v e re iro ), a lin h a d e la ta s n ã o c o m p o rta a p o lític a d e e sto q u e s su g e rid a p e la m a lh a A n te c ip a ç ã o d e p ro d u ç ã o d e c e rv e ja n o s m e se s d e se te m b ro e o u tu b ro , a p ro v e ita n d o a o c io sid a d e d a lin h a . D e v e se a lin h a r a n te s e ste p ro c e d im e n to c o m a lo g ístic a c o rp o ra tiv a F ic h a d e a p o n ta m e n to s d e lo te s d e p ro d u ç ã o sã o fe ita s m a n u a lm e n te . U tiliz a r siste m a d e c o d ific a ç ã o e O c o rre m ra su ra s q u e sã o p a ssív e is d e id e n tific a ç ã o a tra v é s d o c ó d ig o d e b a rra s e rro n a h o ra d o la n ç a m e n to p a ra siste m a S A P . N ã o u tiliz a ç ã o d o s g rá fic o s d a p o lític a d e e sto q u e s c o m o fe rra m e n ta d e a n á lise e a u x ílio u n a p ro g ra m a ç ã o d e p ro d u ç ã o P a ssa r a u tiliz a r o g rá fic o s , p a ra v isu a liz a ç ã o d a s p ro je ç õ e s d e e sto q u e s D e sc o n h e c im e n to to ta l d o s T re in a m e n to p a ra o s c o n fe re n te s so b re c o n fe re n te s so b re a p o lític a d e g e stã o d e e sto q u e s. Im p lic a ç õ e s d a s su a s e sto q u e s d a u n id a d e , n ã o ta re fa s n a p o litic a d e e sto q u e s d a c o n se g u in d o id e n tific a r n o se u c o m p a n h ia tra b a lh o o s p o n to s q u e p o d e m a u x ilia r n a g e stã o Tabela 06: Quadro de Sugestões de Melhorias CONCLUSÃO A determinação dos níveis de estoques de um produto é um processo que requer envolvimento constante de profissionais ligadas a eles, exigindo análise detalhada das variáveis envolvidas, principalmente no caso estudado que envolvia diversos produtos que possuíam características muito diferentes. É fundamental que a empresa, através de seus profissionais, tenha pleno conhecimento dos fatores que influenciam na determinação dos níveis de estoques. Existem fatores internos e externos que agem e interagem influenciando diretamente neste sentido. A realização deste trabalho teve como proposta verificar e analisar a gestão de estoque de produto acabado, verificando a influência dos fatores internos, que no caso são as programações de produção, estocagem e controle, e externos, que são as previsões de envasamento e vendas na gestão da AmBev, Filial Águas Claras do Sul. Para tanto foi desenvolvido um referencial teórico e um posterior estudo de caso, onde foram utilizados dados secundários, entrevistas e observações. Através dos dados levantados durante a realização do trabalho, pode-se delinear a situação atual que se encontra a unidade, realizar a análise e sugerir propostas de melhorias. 105 Analisando o processo atual, constatou-se que a unidade não tem ação direta sobre as previsões de vendas, nem sobre a política de estoques que deve ser adotada, uma vez que elas vem prontas mensalmente da logística corporativa, e muitas vezes com previsões que não condizem com a realidade. Cabe a unidade administrar seus níveis de estoques através da programação de produção e vendas realizadas, organizando-se de tal maneira que concilie as previsões recebidas com as programações no decorrer do mês. Sendo assim, hoje a gestão de estoque interno na companhia é feita por uma pessoa, o analista de PCP, fato este que deve ser revisto, pois pela importância que os estoques representam para a empresa, deve haver mais pessoas envolvidas neste processo. A maioria das sugestões de melhorias são passíveis de implementação, sem que hajam custos elevados e que poderão auxiliar a gestão de estoque da unidade, proporcionando assim maior eficiência e conseqüentemente melhores resultados. Entre as sugestões de melhoria, duas requerem uma atenção especial, um estudo mais aprofundado para que se verifique a viabilidade financeira e operacional. São elas: instalação de um sistema digital de identificação de produto acabado com código de barras e antecipação da produção de cerveja lata nos meses de baixa demanda. Estes dois projetos necessitam de um aporte financeiro e também autorização corporativa para sua implementação. Ao final deste estudo, foi possível constatar, que o objetivo principal e os específicos propostos no início deste trabalho, foram alcançados, já que identificouse um problemas e ao final da pesquisa foram propostas melhorias e sugestões com a intenção de minimizar os problemas evidenciados. REFERÊNCIAS ARNOLD, J.R. Tony, Administração de Materiais. São Paulo: uma introdução, Atlas, 1999 BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos; planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. , Ronald H., Logística Empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1995. BOWERSOX, Donald J., DAVID, J. Closs, Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001. CHING, Hong Ching. Gestão de Estoques na cadeia de Logística Integrada. Supply chain.. São Paulo: Atlas, 1999. CORRÊA, Henrique L; GIANESI, Irineu G. N.; CAON, Mauro. Planejamento, Programação e Controle da Produção: MRP II /ERP Conceitos, Uso e Implantação; 3º. ed São Paulo: Atlas, 2000. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística, São Paulo: Atlas, 1996. FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas Para Trabalho Explicação das Normas da ABNT. 13º ed. Porto Alegre, 2004. Científico: GURGEL, Floriano do Amaral, Logística Industrial ; São Paulo: Atlas, 2000. IMAM, Gerenciamento da Logística e Cadeia de Suprimentos; São Paulo: Instituto IMAM, 1997. MARTINS, Petrônio Garcia & ALT; Paulo Renato Campos. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais; São Paulo: Saraiva, 2000. 107 ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estagio e de Pesquisa em Administração: guia de pesquisas, projetos, estágios e trabalho de conclusão de curso. São Paulo: Atlas. 1999. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Administração. 2º ed. São Paulo: Atlas, 1998. Relatórios de Pesquisa em VIANA, João José, Administração de Materiais: Um Enfoque Prático; São Paulo: Atlas, 2000. YIN, Robert K., Estudo de Caso; Planejamento e Métodos. 3º ed. Porto Alegre: Bookmam, 2005. ZACCARELLI, Sério Baptista, Programação e Controle de Produção;. 8º ed. São Paulo: Pioneira, 1987. www.ambev.com.br www.cel.coppead.ufrj.br www.imam.com.br 108 APÊNDICE A: Roteiro de Perguntas Utilizados na Pesquisa Roteiro de perguntas que serão utilizados durante as entrevistas Entrevistados: gerente de Logística, supervisor de armazém, analista de PCP, analistas de controle e conferentes. Assunto: Pesquisa sobre a Gestão de Controle de Estoques de Produtos Acabado. 1) Você conhece como funciona o gerenciamento de estoques da unidade? níveis de estoques, previsões e puxadas? 2) Você conhece como funciona a programação de produção? 3) Você sabe como funciona o fechamento diário dos estoques? 4) Existe muita falta de produto no momento do carregamento? 5) Como você acredita que deve se controlar os estoques? 6) A Localização física dos diversos produtos é adequada? 7) Como funciona o endereçamento, localização e distribuição de cada produto? 8) Os procedimentos utilizados no armazenamento são confiáveis? 9) Como deve-se agir, quando há uma quebra de produto, a fim de mensurar o prejuízo e acertar os estoque para posterior venda ? 10) Na sua opinião, o que poderia ser melhorado no controle de estoques? 109 APÊNDICE B: Fontes de Dados Utilizadas na Pesquisa Lista de documentos, softer, sites e arquivos, que serão consultados para realização do estudo de caso. 1) Planilhas em Excel ¾ Programação de produção; ¾ Acompanhamento da malha de produção; ¾ Malha de produção e distribuição enviadas pela logística corporativa; ¾ Acompanhamento de quebra de produto acabado; ¾ Análise crítica da malha; ¾ Estoques fora de faixa, enviados a logística corporativa semanalmente; 2) Software ¾ SAP:sistema operacional da companhia. Serão utilizadas todas as transações referentes à programação, controle, distribuição e parâmetros de níveis de estoques de produto acabado; ¾ 2F :emissão de Notas Fiscais e histórico de carregamento aberto por produto e revenda; ¾ 2P : marcação de carregamento por revendas, datas, produtos e horários. 3) Sites ¾ www.ambev.com.br ¾ Portal AmBev : site interno. Gráficos semanais da política de estoques de produto acabado; ¾ Gerlog : site interno da logística corporativa 110 ANEXO 1: Exemplo de Gráfico Política de Estoques AmBev - Cia de Brasileira de Bebidas Política de Estoques - Dados em HL Familia ANT PIL LATA - 025 - Filial Viamão 10/03/05 -Volume de Produção Maior que o Estoque Máximo Solicitado pela Política de Estoque 16.000 14.000 30/03/05 - Previsão de Estoque Abaixo do Nível da Política - Antecipar Programação de Produção 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 1/ 3/ 20 2/ 05 3/ 20 3/ 05 3/ 20 4/ 05 3/ 20 5/ 05 3/ 20 6/ 05 3/ 20 7/ 05 3/ 20 8/ 05 3/ 20 9/ 05 3/ 20 10 0 /3 5 /2 11 00 /3 5 /2 12 00 /3 5 /2 13 00 /3 5 /2 14 00 /3 5 /2 15 00 /3 5 /2 16 00 /3 5 /2 17 00 /3 5 /2 18 00 /3 5 /2 19 00 /3 5 /2 20 00 /3 5 /2 21 00 /3 5 /2 22 00 /3 5 /2 23 00 /3 5 /2 24 00 /3 5 /2 25 00 /3 5 /2 26 00 /3 5 /2 27 00 /3 5 /2 28 00 /3 5 /2 29 00 /3 5 /2 30 00 /3 5 /2 31 00 /3 5 /2 00 5 0 Estoq Inic Previsto Estoq Inic Real Estoque Máximo Estoque Mínimo Estoque Objetivo 111 ANEXO 2: Exemplo Protocolo de Justificativas de Estoques Fora de Faixa Política de Estoques - Justificativa Unidades EFF Unidada : Viamão Nome BRAHMA EXTRA 600ML Embalagem Vol EFF GRF 1/1 CERV 1.611 Est Obj EFF % Fi 65.279 98% ANTARCTICA PILSEN 600ML GRF 1/1 CERV 20.466 177.141 POLAR EXPORT 600ML GRF 1/1 CERV 18.121 311.023 Justificativa GUARANA CHP ANTARCTICA LATALATA REFRIG GUARANA CHP ANTARCTICA DIETLATA REFRIG ANTARCTICA PILSEN LATA 350MLLATA CERV POLAR EXPORT LATA 350ML TWELATA CERV TEEM LATA 350ML TWELVE PACKLATA REFRIG 6.789 1.667 25.597 20.925 1.048 86.580 36.363 155.276 164.617 24.221 puxada muito acima da linear 88% no período de out puxada muito acima da linear 94% no período de out otimização de programação 92% com demais refrigs 95% 84% puxada muito acima da linear 87% puxada muito acima da linear 96% SODA LIMONADA ANTARCTICA LALATA REFRIG TONICA ANTARCTICA LATA 350MLLATA REFRIG 781 891 11.165 19.463 93% otimização com demais rerigs 95% PEPSI TWIST LATA 350ML 12-PACLATA REFRIG PEPSI TWIST LIGHT LATA 350ML LATA REFRIG PEPSI X LATA 350ML TWELVE PACLATA REFRIG 1.250 410 19.185 21.434 11.627 20.722 SKOL LATA 350ML TWELVE PACKLATA CERV 88.632 720.911 BRAHMA CHOPP LATA 350ML TW LATA CERV PEPSI COLA LATA 350ML TWELVELATA REFRIG 9.659 3.464 160.775 123.366 SUKITA LATA 350ML TWELVE PACLATA REFRIG 7.932 24.375 94% otimização com demais rerigs 96% 7% puxada muito acima da linear 88% semana dia dos pais puxada muito acima da linear 94% semana dia dos pais 97% otimização de programação com demais refrigs, refrig 67% requer assepsia