FACULDADE CIÊNCIAS DA VIDA - FCV CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA SILVANA IZABEL DE OLIVEIRA VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA AFETANDO RELAÇÕES INTERPESSOAIS FUTURAS SETE LAGOAS 2011 SILVANA IZABEL DE OLIVEIRA VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA AFETANDO RELAÇÕES INTERPESSOAIS FUTURAS Monografia apresentada como exigência para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia, do Curso de Psicologia, ministrado pela Faculdade Ciências da Vida - FCV, sob orientação da professora Rosália Campolina. SETE LAGOAS 2011 VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA AFETANDO RELAÇÕES INTERPESSOAIS FUTURAS SILVANA IZABEL DE OLIVEIRA Este trabalho de Conclusão de Curso foi submetido ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para obtenção do Título de: Bacharel em Psicologia E aprovada na sua versão final em ___ de ____________________ de 2011, atendendo às normas de legislação vigente da FACULDADE Ciências da Vida e Coordenação do Curso de Bacharel em Psicologia. ___________________________ Fernanda Dupin Gaspar BANCA EXAMINADORA: __________________________________ Presidente: Rozália Ribeiro Moreira Campolina __________________________________ Membro: Tathiana Martins Carvalho __________________________________ Membro: Márcia Campos de Arruda Lamego __________________________________ Membro: Laura Freire Andrade RESUMO Esta pesquisa objetivou averiguar a violência sexual na infância afetando relações interpessoais futuras. A metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa para análise da violência sexual como interferência no desenvolvimento infantil da criança, existência de problemas nas relações interpessoais, relação entre violência sexual infantil e alterações de comportamento quando adulto e o papel do psicólogo nesse contexto. Os resultados apontaram a violência sexual na infância como o fator que levou a alterações cognitivas e psicossociais. A atuação do psicólogo junto às vítimas através de terapias de grupo e atividades lúdicas tornou-se um fator positivo para proteção das mesmas. palavras-chave: Violência sexual infantil, relações interpessoais, crianças, Psicologia. ABSTRACT The research had the main goal to check the sexual infantile violence affecting interpersonal relations in the future. The methodology used was bibliography research with qualitative approach to analyses of sexual violence as interference in the infantile development of the child existence of problems in the interpersonal relations between sexual infantile violence and alterations of behavior as an adult and the role of the psychologist in this context. The results pointed the sexual violence in the childhood as a factor that results in alterations cognitive and psychosocial. The psychologist’s performance to the victims through therapies of group and play activities, became a positive factor to the protection of the same. KEYWORDS: sexual infantile violence, interpersonal relations, child, psychologist. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 07 1.1 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 09 1.2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 10 1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 10 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................... 10 2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 12 2.1 A VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL COMO CAUSA DE INTERFERÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ........................................................................... 12 2.2 A EXISTÊNCIA DE PROBLEMAS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS FUTURAS DE CRIANÇAS VITIMADAS PELO ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA...................................................................................................................... 14 2.3 A RELAÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA E DESENVOLVIMENTO DE ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM AMBOS OS SEXOS NA IDADE ADULTA ......................................................................................... 17 2.4 O PAPEL DO PSICOLÓGO JUNTO ÀS CRIANÇAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL ........................................................................................................................ 19 3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 23 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 23 3.2 UNIDADE DE ANÁLISE .......................................................................................... 24 3.3 COLETA DE DADOS .............................................................................................. 24 3.4 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................... 24 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................................... 25 4.1. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 25 4.1.1 A EXISTÊNCIA DE PROBLEMAS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS FUTURAS DE CRIANÇAS VITIMADAS PELO ABUSO SEXUAL INFANTIL ................ 26 4.1.2 A RELAÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA E DESENVOLVIMENTO DE ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM AMBOS OS SEXOS NA IDADE ADULTA ......................................................................................... 28 4.1.3 O PAPEL DO PSICOLÓGO JUNTO ÀS CRIANÇAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL ....................................................................................................................... 29 4.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................................... 30 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS, IMPLICAÇÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS .................................................................................. 33 5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 33 5.2 IMPLICAÇÕES DO TRABALHO ............................................................................. 35 5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................................. 36 5.4 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ..................................................... 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 37 7 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho visa mostrar os diferentes ângulos quando se fala sobre violência sexual infantil. Por ser um tema que vem sendo estudado há décadas, no Brasil acometendo ambos os sexos, vindo afetar a vida da criança em futuras relações interpessoais, além de danos psicológicos futuros. Segundo Magagnin; Almeida (2000) essa agressão infantil não se restringe aos dias de hoje e não predomina só em determinada classe, está inserida na nossa cultura e história desde os primórdios. O abuso sexual é mais freqüente entre as classes menos favorecidas, devido a dificuldades financeiras e onde os maiores números de violência sexual infantil nessa classe é alimentado pela pobreza (JUNG, 2006). Conceitua-se violência sexual como a violência no relacionamento sexual sem consentimento do outro praticado por ente familiar ou pessoa desconhecida. Inque; Istum (2008) em seu artigo relatam que em casos de violência sexual por familiar da criança, se é quem sustenta a família, e o mesmo for denunciado, temese por aumentar ainda mais as dificuldades financeiras com a prisão e afastamento do abusador. Conforme Furniss (1993), crianças e adolescentes atingidos pela violência sexual tornam-se mais vulneráveis a fatores como drogas, prostituição, doenças venéreas e ginecológicas, além de distúrbios diversos de ordem psicossomáticos. Sabe-se que a violência sexual sofrida na infância pode levar ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos na criança. Crianças abusadas se tornam traumatizadas pela vida toda, porém só procuram ajuda psicológica quando esses traumas atrapalham a sua vida adulta (PADILHA; GOMIDE, 2004). Para Furnis (1993), os danos psicológicos causados pelo abuso se relacionam a sete elementos que são: idade que foi iniciado o abuso, tempo deste abuso, violência utilizada ou gestos de violência, idade maior do agressor sobre a da criança, relação entre agressor e vítima, falta de proteção familiar, importância de guardar sigilo do fato cometido. Segundo Lima (2007) é comum crianças que foram violentadas sexualmente ficarem amedrontadas e envergonhadas sobre o fato, atrapalhando o ritmo na escola, em sua vida pessoal e de recreação. As mesmas podem permanecer em silêncio para proteger, de alguma forma, o agressor por provocar com isso divisão familiar ou medo de ser castigada pela culpa que não existe. Em estudo de 8 avaliação psicológica feito por Habigzang et al (2008), em crianças vítimas de abuso sexual, demonstrou que alterações cognitivas como estresse após o trauma, depressão e ansiedade são conseqüências do abuso sexual. Com relação a crianças que foram vitimadas pelo abuso sexual na infância, pesquisa realizada por Kristensen (1996) revela que meninos abusados têm como primeira reação se tornar confuso em relação à sua própria orientação sexual. Sebold (1987) em seu trabalho com indicadores relacionados ao abuso relata que meninos abusados na infância têm maior potencial de ser abusador na vida adulta. As meninas correm o risco de gravidez precoce, aborto, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) (BORGES; DELL´AGLIO, 2008) e por ser do sexo feminino correm maior risco de se prostituirem. Correm o risco de desenvolver alterações de comportamento na vida adulta, crianças vitimadas de violência sexual, tais como transtorno de ansiedade, de humor entre outros variados tipos de transtornos psicossomáticos (HABIGZANG; CAMINHA, 2004). Borges; Dell´Aglio, (2008) referem que crianças abusadas sexualmente, correm risco, no seu desenvolvimento por possibilidade de seqüelas emocionais e de comportamento, tendo impactos no momento do abuso que repercutem até na vida adulta. O psicólogo entra nesse processo para interagir com crianças vitimadas averiguando se houve mudanças comportamentais após a violência sexual de forma a ajudá-lo a lidar com o trauma. Uma vez que a criança tenha se fortalecido no aspecto emocional terá maior possibilidade de sair desse trauma agüentando os problemas advindos dele, de forma a não se culpabilizar e encontrar saída desse drama sofrido por uma via de escape que sublima o ato acontecido (AZEVEDO, 2001). Padilha; Gomide (2004) em seu estudo de análise terapêutica feito com crianças vitimadas de abuso sexual relatou que, se houver uma exposição do fato ocorrido de forma gradual realizada em grupos facilita para que o mesmo seja revelado e expresse seus sentimentos e até mesmo aceitação desse abuso nessa história vivida por elas. No nível psicológico estudos voltados à violência sexual na infância são de relevante importância tanto do ponto de vista social, quanto familiar e jurídico, por ser ainda, nos dias de hoje, uma realidade chocante. Com relação à violência sexual, esta ocorre em todas as camadas sociais, porém se destaca mais nas de baixa renda pela condição vulnerável em que essas famílias vivem (MAGAGNIN E 9 ALMEIDA, 2000). Pode-se deduzir que se torna necessário os profissionais conhecerem o contexto onde ocorrem estes fatos e colaborar na construção de novo significado dessa história (MARRA; COSTA 2004). A metodologia utilizada foi do tipo pesquisa bibliográfica por conter uma vasta literatura sobre a violência sexual na infância que afeta relações interpessoais futuras, sendo realizado um levantamento pertinente ao assunto. Foi utilizada, neste estudo de pesquisa bibliográfica, a partir de trabalhos publicados, análise rigorosa dos mesmos de forma a identificar e analisar informações pertinentes relacionadas ao tema proposto. Por ser de relevância social, o assunto pesquisado justifica-se para garantir os direitos das crianças e adolescentes sujeitos a violência sexual seja nas relações familiares ou não, porque o fato de serem agredidas na infância prejudica o desenvolvimento psicológico das mesmas no futuro, se não forem tratadas. Segundo Padilha; Gomide (2004) em seu estudo sobre meninas violentadas na infância, adultas que foram abusadas sexualmente seja na infância e/ou na adolescência ficam sequeladas emocionalmente em graus diferentes, sendo necessário trabalho terapêutico para diminuir as seqüelas da violência. Acredita-se que com este estudo seja despertado o interesse por este tema servindo de referencial para futuros trabalhos. 1.1 JUSTIFICATIVA Diante de um tema que acontece desde os primórdios e vem perdurando através das gerações, comprova-se a importância do estudo sobre violência sexual infantil na tentativa de procurar respostas, através de trabalhos realizados por outros pesquisadores, a fim de entender o contexto relacionado à violência sexual contra crianças. Essa violência praticada contra crianças, de uma maneira ampla, é definida como: participar de sexo sem compatibilidade com a idade, sem compreender ou dar consentimento, por imposição de adultos com o objetivo de usar essas crianças só para satisfazerem-se sexualmente (JUNG, 2006). Essa modalidade de violência acontece em todas as classes sociais, se manifestando mais claramente nas mais pobres por serem mais vulneráveis. Segundo Borges; Dell'Aglio, (2008) não existem muitos estudos feitos, relacionados à famílias onde ocorre violência sexual, no meio acadêmico. E, pela 10 importância do tema pode vir a servir de ampliação do conhecimento e prover material para intervir nesse meio. A revisão de literatura feita relacionada ao tema em questão destina-se a contribuir e não se limitar apenas ao fato em si. Em estudo sobre o perfil da violência contra crianças e adolescentes realizado por Costa et al (2007) constatou-se que os números reais de crime de ordem sexual são pouco conhecidos por serem subnotificados. Segundo os mesmos autores, há uma mobilização no Brasil em várias áreas com objetivo de buscar parceiros na elaboração de maneiras de intervir e prevenir a questão enfrentada, para cumprir os princípios que foram assegurados no Estatuto das Crianças e Adolescentes (ECA). 1.2 OBJETIVO GERAL Analisar a violência sexual infantil como causa de interferência no desenvolvimento da criança. 1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar a existência de problemas nas relações interpessoais futuras de crianças vitimadas pelo abuso sexual na infância. Verificar a relação entre violência sexual na infância e desenvolvimento de alterações comportamentais em ambos os sexos na idade adulta. Descrever o papel do psicólogo junto às crianças vítimas de violência sexual. 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO O presente trabalho tem a composição de cinco capítulos; o primeiro capítulo é composto pela presente introdução, com a justificativa, e os objetivos geral e específicos e a estrutura do trabalho. No capítulo segundo, haverá apresentação do referencial teórico utilizado. No terceiro capitulo será apresentada a metodologia com a classificação da pesquisa, análise e interpretação dos dados. 11 O capítulo quarto traz a apresentação e discussão dos resultados, ficando as considerações finais, limitações e implicações da pesquisa bem como sugestões para futuros trabalhos a serem apresentadas no quinto capítulo. 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL COMO CAUSA DE INTERFERÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA. A violência sexual deixa marcas no corpo e na mente das crianças por causar interferência psicossomática em seu desenvolvimento infantil. Azevedo (2001) em seu relato de experiência, cita que este fato se agrava pela intensidade escandalosa dada a circunstância acometida. Sabe-se que essa experiência produz resultado desolador no estado psicológico infantil, além de impressionar os familiares dessa criança. Que, de repente, são volteados por processos, investigações, questionários, sendo obrigada a ficar frente a um fato que, muitas vezes, seria preferível desconhecer (AZEVEDO, 2001). Segundo Furniss (1993), a criança se sente culpada por ter seu senso de responsabilidade confundido na ação de participação do abuso. Esse equívoco, por vezes, é enfatizado por ameaça do abusador que responsabiliza a criança pelo feito cometido e a proibe de divulgar o abuso, a contínua experiência psíquica e a culpa explicam a diminuição da auto-estima e o comportamento posterior de vítima das pessoas que padeceram violência sexual infantil (FURNISS, 1993). Esse sentimento freqüente de culpa, entre os vitimados que foram abusados, permanece por um tempo aumentado, mesmo que não tenha cooperado com o ato sexual. Pfeiffer; Salvagni, (2005) revelam que a freqüência da violência sexual que começa na infância e persiste na adolescência decorre de relação incestuosa, pelo fato do agressor ser parente da vítima, o que determina em sério prejuízo psicológico, maior do que na violência sofrida por pessoa estranha ao círculo familiar. Em caso de incesto, a criança poderá ter suas alterações de desenvolvimento no comportamento emocional e também, a cognição prejudicada de forma séria (AZEVEDO; GUERRA; VAICUNAS, 2000). Crianças que sobrevivem à violência sexual tendem a reproduzir esse ciclo abusivo, praticando a violência sexual contra sua própria prole Scherer; Gauer, (2003). Também Kristensen (1996) refere, que de outra maneira a vítima pode apresentar a capacidade de instalar um tipo de auto-abuso como se verifica em casos em que ela é revitimada. A experiência da violência sexual poderá ter 13 interferências em seu desenvolvimento, uma vez que crianças e adolescentes não possuem independência emocional nem maturidade para consentir a violência sexual, o que faz crer que a participação da criança foi obtida perante força física e/ou psicológica, quebrando regras sociais e o papel de proteção da família. Ferrari; Vecina (2002) relatam que são vários os resultados de uma violência sexual depende basicamente de fatores como idade do agressor e do agredido, tipo de relacionamento vivido, tempo e freqüência da violência, modo e gravidade da agressão e como o ambiente que rodeia a criança reage. Segundo Oliveira; Santos (2006), em casos relacionados à violência sexual aparecem reações em prazo menor ou em longo prazo. Segundo as mesmas autoras, psicologicamente, a criança vitimada se sente deslocada, sem iniciativa e depressiva. Sanderson (2005) refere que a criança, devido ao impacto da violência sexual sofrida, emocionalmente se sente incompetente para controlar seu mundo interior e exterior. A vítima da violência sexual passa a desconfiar dos outros, apresenta comportamento anti-social, como dificuldade em dividir, colaborar e dificuldade de associação com outros (PADILHA; GOMIDE, 2004). A Criança vitima de violência sexual prolongada, normalmente acaba desenvolvendo baixa auto-estima com a sensação de pouca valia e acaba por adquirir uma reprodução desequilibrada de sexualidade, tendendo à retração, podendo chegar ao suicídio (BALLONE, 2005). Borges; Dell´Aglio (2008) refere em estudos citados no seu artigo a consistência por afirmar que o fato de se expor a um estresse contínuo, como violência sexual infantil, pode resultar em temor persistente produzindo resultado negativo em áreas do cérebro que envolve os sistemas de resposta ao estresse, causando alterações, tanto funcionais quanto estruturais no mesmo. Lucânia et al (2009) em seu relato de experiência com uma menina de treze anos através de uma intervenção cognitiva de comportamento da mesma, verificou danos significativos na forma de funcionar psicossocialmente sendo necessário interferir com a psicoterapia. Entre as conseqüências da violência sexual em crianças e adolescentes pode-se desenvolver o transtorno do humor dissociativo, de ansiedade, de alimentação, hábitos intestinais alterados, além de déficit de atenção e hiperatividade (HABIGZANG; CAMINHA, 2004). Cohen (1993) cita o transtorno póstraumático de estresse o mais relatado após a violência sexual. Os transtornos póstraumáticos, como o transtorno de ansiedade e o transtorno de estresse agudo, se não tratados, podem causar uma alteração permanente na personalidade da vítima. 14 As conseqüências de prejuízo no desenvolvimento da cognição, emoção e de comportamento varia a partir de gravidade menor efeito a transtorno psicopatológico de gravidade maior (HABIGZANG et al, 2008). Além de conseqüências psicossomáticas, a violência sexual causa trauma em regiões genital, anal, prurido, DSTs, gravidez indesejada e incômodos com o próprio corpo (Sanderson, 2005). Habigzang et al (2008) aponta resultados de uma avaliação psicológica realizada em dez meninas de nove a treze anos constatando, 7 com diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), 3 hipervigil e relembrança do trauma, e 4 com depressão, identificando também ansiedade, culpa, rendimento escolar diminuído em 8 meninas. Brasil (2005) sobre a interferência no desenvolvimento infantil, relata que a violência sexual tendo invasão de forma agressiva no corpo e mente da vítima, ligase de forma imediata a rompimento no desenvolvimento da cognição e emoção dessa criança podendo levá-la apresentar distúrbios psicossomáticos. 2.2 A EXISTÊNCIA DE PROBLEMAS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS FUTURAS DE CRIANÇAS VITIMADAS PELO ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA. A relação interpessoal configura-se como relacionamento entre pessoas próximas ou familiares, se dispondo na aceitação do outro como ele é, compreendendo que as pessoas têm personalidade própria, precisam ser respeitadas sendo que cada um traz consigo experiências de cunho íntimo. Uma forma de atentar e investigar dificuldades nos relacionamentos pessoais é evidenciar se houve experiências de violência sexual prematuras, por serem experiências negativas causando interferência no desenvolvimento infantil podendo se estender até a fase adulta. A criança tem quebrada a sua confiança e segurança após relacionarem-se com adultos abusivos, tendo como características, desacreditar e desconfiar das pessoas que a cercam, o que será ser refletido em relações interpessoais futuras, com isso, passam a ter menos disponibilidade para relacionamentos, com tendência a se isolarem e a ficarem deprimidas. (PRADO; FÉRES-CARNEIRO, 2005). Prado; Feres-Carneiro (2005) cita que há impedimentos referidos a atuação social de crianças vítimas de violência sexual. Sendo observado, como efeito nesses casos, obstáculo das vítimas no estabelecimento de relações interpessoais de 15 confiança. Uma vez violentada por outra pessoa, na infância, advém daí conseqüências em relações interpessoais futuras, a violência sexual produz conseqüências sutis e ocultas, são lesões invisíveis podendo passar sem serem percebidas como sintoma de qualquer trauma já vivido, porém, ao mesmo tempo, podem ser de efeitos penetrantes com significação na violência sexual infantil (JACOB, 2009). Constatam-se efeitos negativos, em ambos os sexos, na capacidade de estabelecer e sustentar relacionamentos íntimos saudáveis, quando adultos, por se tratar de violência envolvendo a ação humana, o que é diferente de trauma conseqüente de doença e desastre natural (JACOB, 2009). Em se tratando de violência entre pessoas, o abuso pode exibir conseqüências penetrantes e prolongadas na maneira da vítima relacionar-se no futuro. O abuso sexual cometido na infância repercute na vida por um tempo longo. Conforme trabalho de Sant’Anna; Baima (2008), realizado com mulheres adultas vítimas de violência sexual infantil, foram observados sintomas psicológicos que persistiram até a fase adulta, dificuldade em adaptar-se sócio-afetivamente. Reforçando, assim, uma necessidade de prevenir e tratar as vítimas de violência sexual na infância. As autoras também observaram que acima da metade das mulheres pesquisadas possuíam dificuldade no estabelecimento de relações que durassem muito tempo, pela dificuldade de confiança nos parceiros. As vítimas de violência sexual na infância têm dificuldade em relações interpessoais de cunho amoroso por medo de reviverem experiências do trauma sofrido na infância (AZEVEDO; GUERRA 1989). As conseqüências da violência sexual na infância podem ser muitas e agressivas, criando ainda seqüelas sexuais como, conduzir a própria vida sexual de forma inapropriada, devido confusão nos valores pelo fato de ter sido abusada, muitas vezes por pessoa conhecida, além de alterações no comportamento, como isolar-se, falta de confiança nas pessoas e no estabelecimento de relações interpessoais (AMAZARRAY; KOLLER 1998). A experiência de violência sexual infantil pode levar tanto mulheres quanto homens, à construção de um mundo interior caracterizado por sensação de ameaça, traição, abuso e repudio, desenvolve, por isso, insegurança e dificuldade de apego quando adultos (JACOB, 2009). Fala-se muito na literatura sobre as dificuldades femininas em relações interpessoais, porém sabe-se que o sexo masculino quando vitimado também sofre e se sente frágil e inseguro. 16 Jacob (2009) relata que em homens abusados sexualmente na infância são encontrados diminuição da libido, dificuldade na ereção e ejaculação precoce, sendo comuns, também, queixas referentes aos órgãos urinários e genitália, além de impulso sexual como masturbar-se compulsivamente. As vítimas do sexo masculino de violência sexual relataram também erotizar o sofrimento, incluindo as experiências de dor sofridas em sua vivência sexual. Segundo Bowlby (1998) as experiências vividas quando criança são muito importantes na organização da personalidade do indivíduo, tendo atuação até em relacionamentos íntimos criados quando adultos. Segundo Johnson (1992), em sua pesquisa, meninos violentados sexualmente apresentam em prazo menor comportamento compulsivo e ficam confusos em relação à sua própria masculinidade tentando reafirmá-la. Em prazo longo, foi identificado comportamento erotizado e sexualizado e a possibilidade de serem novamente abusados (KRISTENSEN, 1996). Pelo fato da sociedade ter a expectativa de que homens têm que ser fortes, eles experimentam maiores dificuldades em admitirem vulnerabilidade, sendo menos inclinados em relatar que foram violentados sexualmente, por medo de serem rotulados como homossexuais. Autores como, Flores; Caminha (1994) em estudo apresentado, relatam que crianças abusadas sexualmente acabam por possuir um comportamento anti-social, participam menos, auxiliam menos, tem dificuldade de associação com outras crianças, comparadas a crianças que não sofreram abuso. Em relação ao comportamento interpessoal, se tornam retraídas e tendem a ter relacionamentos superficiais e podendo se tornar abusadoras quando adultos. Em estudo de caso, feito por Cerqueira-Santos; Rezende; Correa (2010) na história de vida de três meninas exploradas sexualmente identificou-se conseqüências imediatas a nível físico, sexual, distúrbios emocionais e sociais. Como conseqüências tardias, foram identificados problemas com drogas, dificuldade de aprendizagem na escola, promiscuidade, dificuldade nas relações interpessoais afetando o pleno desenvolvimento dessas meninas. Crianças que sobrevivem à violência sexual podem ter dificuldade em manter relações sociais e íntimas, acabam por manter uma distância em relação aos outros, como forma de se sentirem seguras, tendo distorções nas representações de afeto e amor por associar ao trauma da violência vivida. SILVA; OLIVEIRA (2002) em pesquisa que buscou verificar queixas freqüentes de mulheres que sofreram 17 violência sexual infantil constatou que todas as mulheres exibiram tipos diferentes de disfunção sexual e déficit em relacionamentos interpessoais. 2.3 A RELAÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA E DESENVOLVIMENTO DE ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM AMBOS OS SEXOS NA IDADE ADULTA. A violência sexual na infância é uma das formas mais extremas de violar direitos humanos, causadora de desajustamentos comportamentais e psicológicos nas crianças envolvidas. Essa violência se encontra inserida no contexto de agressão social e estrutural gerada pela desestrutura política e socioeconômica que vigora no país (LIBÓRIO; SOUZA, 2004). Silva; Oliveira (2002) salientam que experiências infantis ao se tornarem negativas, podem ocasionar alterações diversas no desenvolvimento normal da criança, se estendendo até a fase adulta. Amazarray; Koller (1998), traz em seus estudos, achados sobre a questão da violência sexual, como risco em adquirir futuramente distúrbios psiquiátricos e até mesmo o risco de se tornarem no futuro indivíduos abusivos. O Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) é considerado um distúrbio de ansiedade e ocorre, normalmente, após um acontecimento emocional desagradável. Maia (2001), em pesquisa com uma jovem de 22 anos que foi abusada por cerca de oito anos na infância, por seu pai, pode verificar a existência de Perturbação de Estresse e Pós Traumático (PTSD) devido à vivência do incesto, com apresentação de sintomas como dificuldade em concentrar-se, revivência do trauma, intrusão de imagens constantes do fato ocorrido, distúrbios dissociativos e pouco estímulo com o mundo exterior, vindo a apresentar, posteriormente, também, sonhos sinistros. Conforme relato da própria autora a jovem perdera, eventualmente, a capacidade de planejar o próprio futuro pessoal e profissional. Flores; Caminha (1994) relatam que a violência sexual incestuosa causa um trauma maior e com mais dificuldade de ser tratado, além de trazer conseqüências prejudiciais ao desenvolvimento infantil. Esse tipo de abuso é de duração longa porque a criança se encontra e, ainda, na dependência dos pais e, dificilmente, é relatado antes da criança se tornar adolescente. (SADIGURSKY, 1999). A violência sexual incestuosa viola os direitos do ser humano em formação, colocando em risco sua integridade psicológica e física com desrespeito à sua 18 dignidade (FALEIROS, 2000). A criança vítima de violência sexual corre riscos no desenvolvimento de psicopatologias graves, tendo perturbações a nível afetivo, psicológico e sexual (ROUYER, 1997). Sabe-se que, pelas teorias do processo de desenvolvimento humano, a estrutura da mente se forma na infância, neste período todas as experiências vivenciadas farão parte na formação psíquica do indivíduo. Uma vez rompido o curso do desenvolvimento psicossexual normal da criança por despreparo psicológico e físico, conseqüentemente, ela pode vir a apresentar diferentes tipos de distúrbios (JUNG, 2006). Martins; Jorge (2010), em estudo descritivo, realizado no município de Londrina-PR, com o objetivo de conhecer como eram as características da violência sexual em adolescentes e crianças até 14 anos, sendo considerado o número de notificação e não o de crianças, foram notificados 186 casos, constatando 90,3% de lesão corporal, e 97,8% de sequelas psicológicas e físicas. Os autores também ressaltaram o impacto na saúde mental das crianças vitimadas, por deixar marcas e danos irremediáveis no desenvolvimento infantil causando alterações reprodutivas e sexuais. A violência sexual feita contra crianças e adolescentes, estabelece uma questão de saúde pública, além de ser questão policial e jurídica. Silva; Oliveira (2002) em pesquisa qualitativa-descritiva de abordagem analítico-comportamental de mulheres que foram abusadas sexualmente na infância concluíram que as mulheres apresentaram Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), depressão, temor, vergonha, culpabilização, isolamento e sentimento de abandono. Todas apresentaram tipos variados de disfunção sexual, que vem reforçar a idéia da relação entre abuso sexual na infância e desenvolvimento de distúrbios psicológicos na vida adulta. As conseqüências psicológicas, em curto prazo, da violência sexual são dificuldades em adaptar-se sexual e afetivamente, apresentam em geral dificuldades de relacionamento com o sexo masculino, pelo fato da agressão ser, a maioria às vezes praticada por homens (AZEVEDO; GUERRA; VAICUNAS 2000). Em estudo sobre sexualidade na adolescência sem e com história de abuso sexual na infância verificou que meninas que foram abusadas sexualmente manifestavam medo de se envolver com pessoas do sexo masculino e, conseqüentemente, da relação sexual em contraste com as outras (RODRIGUES; BRINO; WILLIAMS 2006). Sendo constatado também pelas autoras que a maior parte das participantes apresentava graus variados de depressão em conseqüência da violência sexual sofrida, além de diminuição da libido. Segundo Pires (1999), 19 questões como apresentar depressão, tendência a isolar-se, apresentar distúrbios sexuais, distúrbios de aprendizagem, comportamento hostil e agressão, tentativas de suicídio, entre outros sintomas, são conseqüências que podem alcançar crianças vítimas de violência sexual. Crianças violentadas sexualmente demonstram desconforto, alterações do sono, distúrbios alimentares, falta de estímulos, apresentam comportamentos de provocar danos em si mesmo (SANDERSON, 2005). Essas crianças, que deveriam levar uma vida saudável, também podem ter desenvolvimento de distúrbios psicológicos e psiquiátricos no futuro. Sant’Anna; Baima (2008) em estudo sobre repercussões futuras da violência sexual infantil observou sintomas de comportamento alterado dificulta a vida afetiva e social de mulheres adultas. Constatado pelas autoras, em relação às alterações de comportamento, promiscuidade, falta de habilidade em evitar que sejam revitimadas, nesse aspecto, de nove mulheres estudadas, seis sofreram abuso novamente, abuso do uso de drogas lícitas e não lícitas, sendo esta situação a mais freqüente. Duas mulheres apresentaram distúrbios alimentares, o sintoma psíquico mais destacado foi sensação de culpa em todas, juntamente com diminuição da auto-estima, depressão, idéias de suicídio e ansiedade. A sensação de culpa é somada com o estigma no qual essa criança sofre por parte de familiares. O conjunto de todos os sintomas apresentados em mulheres vítimas de violência sexual contribui em dificuldades de se adaptarem afetivamente, nas relações interpessoais e vida sexual. (AZEVEDO; GUERRA 1989). A violência sexual pode atingir o desenvolvimento infantil de formas variadas, há crianças que desenvolvem poucos efeitos ou nenhum visível, enquanto outras já desenvolvem distúrbios emocionais, psiquiátricos e sociais graves (HABIGZANG; KOLLER; AZEVEDO; MACHADO 2005). 2.4 O PAPEL DO PSICÓLOGO JUNTO ÀS CRIANÇAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL. As crianças vítimas de violência sexual podem desenvolver conseqüências psicológicas e ruptura no desenvolvimento emocional e cognitivo devido ao trauma ocorrido. O trauma significa a destruição do eu, de ser incapaz de atuar, pensar, sensação de impotência e angústia e de resistir com a intenção de se proteger da 20 invasão de outros (MORENO, 2009). Entende-se que adolescentes e crianças são indivíduos em condição especial de desenvolvimento, tendo como direito serem protegidas de qualquer agressão. O abuso sexual viola de forma grave esse direito de proteção absoluta e necessita ser contestado como problema social (KOSHIMA, 2003). O trauma da violência sexual com usurpação agressiva no corpo e mente de crianças, pode dar lugar ao desenvolvimento de transtornos graves podendo levar a criança a apresentar até surtos psicóticos dependendo da gravidade do caso (BRASIL, 2005). A psicanálise infantil facilita as comunicações interpessoais, diminui a amargura psíquica humana, resguardando os direitos e a ética do ser humano por meio da leitura e projeção da evocação de idéias, fantasias, atos falhos e atividades de jogos lúdicos (SOUZA, 2008). Souza, (2008) em sua pesquisa sobre supervisão psicanalítica de atividades lúdicas em crianças vítimas de abandono e trauma, comprovou desorganização e perturbação psicológica nas crianças que sofrem esses traumas concluindo que, a ludoterapia concorre na assimilação de perdas vividas, no aparecimento de um espaço interior aberto para novas capacidades a serem vividas. Silva; Oliveira, (2002) relata em seu trabalho que para ser considerada uma pessoa saudável, o ser humano precisa estar física, social e psicologicamente estável. Cabendo ao psicólogo como profissional da saúde, a investigação das alterações criadas pelo abuso sexual, interviu nesse processo para proporcionar às vítimas um retorno de vida saudável (Silva; Oliveira, 2002). De Antoni; Koller (2000) refere que a violência sexual evidencia-se por prejuízos emocionais na auto-estima e na auto-imagem. Em terapia de grupo cognitivo-comportamental realizado por psicólogas com dez meninas vítimas de violência sexual Habigzang; Koller (2006), puderam constatar que houve redução na ansiedade, depressão e distúrbio de estresse após o trauma, modificou situações de culpa e melhora no desempenho na escola como aspecto positivo. Avaliar psicologicamente adolescentes e crianças vítimas de violência sexual passam a ser uma situação profissional desafiante devido a ser um fenômeno complexo (HABIGZANG, et al 2008). Em artigo que teve como objetivo a utilização de um método avaliativo psicológico em meninas vitimas de violência sexual, que apresentavam sintomas de transtorno de estresse após o trauma, obteve-se resultados efetivos com o modelo avaliativo psicológico utilizado que permitiu conhecer os acontecimentos e sua dinâmica, identificar sintomas psicológicos e 21 alterações de comportamento, emocional e cognitivo melhorando a formação de laços e confiança durante o tratamento (HABIGZANG, et al 2008). Silva; Oliveira (2002) mostra como agravo em sua pesquisa que, crianças vitimadas de abuso sexual, se não tratadas de forma adequada, podem padecer pela vida toda, de conseqüências psicológicas desagradáveis devido à violência cometida. O trabalho de psicanálise vem tendo resultados satisfatórios ao atender vítimas de abuso sexual, partindo de um percurso analítico de forma a permitir que o sujeito compreenda o que ocorreu com ele e se redescobre como um ser merecedor de respeito e afeto. O sujeito, ao compreender-se como vítima de um abuso, não precisa estacionar sua vida e sua libido, tem que renovar essa imagem corporal despedaçada, fortalecer-se emocionalmente para resistir ao choque deste experimento limite, evitando torturar-se, resistindo às pressões sociais e descobre meios de sair desse drama por vias sublimatórias (AZEVEDO, 2001). Em trabalho de intervenção psicológica de grupo multifamiliar que envolveu crianças abusadas e familiares destas, houve a percepção de que os pais entenderam a sua responsabilização e deveres no cuidado com as crianças, proporcionando intervenção em obstáculos conjugais, melhora na relação entre pais e filhos (COSTA; PENSO; ALMEIDA 2005). Todas as pessoas envolvidas são merecedoras de sustentáculo e atenção psicológica profissional competente na intenção de serem reconhecidos como indivíduos de absoluto direito. Lima (2007) em pesquisa realizada com o propósito de averiguar vínculos de crianças violentadas sexualmente, identificou dificuldades no estabelecimento de vínculos sociais, sendo aplicadas atividades lúdicas como oficinas, desenho, teatro, como forma de expressão dos sentimentos, fantasias medos e inseguranças. A autora relata que, através da mediação psicológica, os indivíduos conseguem reconduzir e refazer vínculos perdidos pela essa situação de violência vivida. Amazarray; Koller (1998) referem serem múltiplas as conseqüências da violência sexual tendo efeitos devastadores do ponto de vista físico e psicológico. Conforme Furniss (1993) os efeitos da violência sexual variam de acordo com a intensidade e envolve fatores como, idade, tempo maior do abuso, violência utilizada, idades diferentes, relação entre vítima e abusador, ausência de proteção dos pais, grau de sigilo e gestos de ameaça à criança violentada. A atuação psicológica se torna pertinente às crianças violentadas sexualmente na tentativa de que os fatores envolvidos nessa agressão não alterem o desenvolvimento infantil se 22 arrastando até a idade adulta. Padilha e Gomide (2004) analisaram um processo terapêutico de intervenção psicológica realizado com cinco adolescentes vítimas de violência sexual intrafamiliar, percebendo que o processo facilitou a revelação dos fatos ocorridos, exposição dos sentimentos em relação a ele, aceitação e as adolescentes aprenderam comportamentos para evitar revitimação. Deslandes (2010) em sua tese sobre a avaliação do atendimento a crianças vítimas de abuso sexual de um serviço público no Rio de Janeiro constatou que as psicólogas acolhem famílias, avaliando, inicialmente, problemas de ordem emocional para a criança e a família desta, com intenção de organizar a situação vivida, de maneira que venha prepará-las para serem atendidas psicoterapicamente individualmente ou em grupoterapia. Em geral a violência sexual não deixa traços que os olhos possam ver, todavia deixa seqüelas no desenvolvimento infantil e produz uma desordem psicossocial familiar (FRONER, 2008). Por ser um problema complexo, há exigência de intervenções e acompanhamento psicológico e médico à criança e sua família para protegê-la de futuras situações de abuso (HABIGZANG; KOLLER 2006). A violência sexual na infância pode causar interferência no desenvolvimento, levando a dificuldades nas relações interpessoais e de comportamento na idade adulta, cabendo ao psicólogo atuar junto às crianças para minimizar esses efeitos. 23 3 METODOLOGIA 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA O meio utilizado para a realização dessa pesquisa foi do tipo revisão bibliográfica, para a elaboração deste estudo serão consultadas, através de pesquisa bibliográfica, desde publicações, boletins, jornais, monografias, livros, teses, revistas, além de publicações em periódicos no período de 1987 a 2011. Esse tipo de pesquisa leva o pesquisador a analisar cada informação utilizando diversas fontes.(Gil, 2002). Segundo Marconi; Lakatos (1991) a pesquisa bibliográfica pode ser considerada um estudo sobre tema específico ou particular de suficiente valor representativo obedecendo à rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto em profundidade e todos os seus aspectos e ângulos, dependendo dos fins destinados. Quanto aos fins foi realizada uma pesquisa qualitativa por ser útil em situações que envolvem o desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas idéias. A pesquisa qualitativa é definida como: “Fundamentam-se em dados coligidos nas interações interpessoais, na co-participação das situações dos informantes, analisadas a partir da significação que estes dão aos seus atos. “O pesquisador participa, compreende e interpreta” (CHIZZOTTI, 1995, P.52). A pesquisa qualitativa se preocupa com uma realidade que não pode ser medida, por trabalhar com fenômenos (MINAYO, 1996). A pesquisa foi o tipo qualitativo-descritivo devido busca descrever fatos ocorridos nesse contexto social que engloba o universo subjetivo,e que não pode ser medido. Por não poder quantificar as ações é realizado, a análise através de observações diretas e objetivas para facilitar a sua compreensão sem interferência do pesquisador (ANDRADE, 1995). Gil, (2002), cita a pesquisa descritiva como primordial em descrever e caracterizar populações determinadas, fenômenos ou estabelecer relação entre variáveis. 24 3.2 UNIDADE DE ANÁLISE Foi realizada uma busca de livros, dissertações, artigos científicos periódicos indexados no Scielo, Lillacs, Google Scholar, sendo selecionados apenas os escritos na língua portuguesa. Relacionados temas relativos à Violência sexual infantil, Família, Relações interpessoais, Crianças, e Psicologia para análise dos mesmos. 3.3 COLETA DE DADOS As buscas foram realizadas no período que compreende entre Janeiro e Agosto de 2011. Em relação ao tipo de material, foram selecionados além de artigos científicos, apenas os escritos na língua portuguesa. Os critérios de inclusão para análise foram tipo de publicação, artigos em periódicos, idioma português, ano de publicação: período de 1987 a 2011, artigos com resumo em português, os critérios de exclusão foram artigos sem resumo ou com ele em outra língua que não português, artigos, que tratavam especificamente de abuso e não de violência sexual, após a seleção dos textos de interesse para o presente trabalho, foi realizada uma leitura criteriosa dos mesmos. 3.4 ANÁLISE DOS DADOS A análise dos dados coletados foram feitas, mediante uma busca relacionada aos descritores propostos, Violência sexual infantil, Família, Relações interpessoais, Crianças, e Psicologia. Após o procedimento de busca dos artigos científicos, identificou-se um total de 90 trabalhos relacionados ao tema investigado. Foram encontrados 20 artigos na Biblioteca Virtual em Psicologia, 20 no Latin American and Caribbean Center on Health Sciences Information (LiIacs) e 15 artigos no Scielo, No Google Scholar foram encontrados 15 artigos, nos quais foram selecionados 10. Seguiu-se com a leitura dos títulos e dos respectivos resumos sendo selecionados 80 artigos para posterior análise do cumprimento de todos os critérios de inclusão. Desses 80 trabalhos, selecionou-se 58 para a presente revisão de literatura. O levantamento dos artigos relacionados acima, contribuiu sobremaneira na realização da presente pesquisa, facilitando na compreensão do tema, por ser este de complexidade social e que causa interferência no desenvolvimento de crianças vítimas de abuso sexual. 25 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Dos artigos que preencheram os critérios de inclusão estabelecidos, foram analisados e preenchidos os objetivos propostos, optou-se em apresentar os resultados por tópico. 4.1. A VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL COMO CAUSA DE INTERFERÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA. O fato de uma criança ser violentada sexualmente atinge não só o físico, mas produz alterações no desenvolvimento infantil (AZEVEDO, 2001). A experiência da violência traz ao universo familiar procedimentos investigativos que agrava ainda mais o estado psíquico da criança. A criança, conforme relato de Furnis (1993), traz para si a culpa na participação da violência sexual, por se achar responsável pelo ato, fato que o abusador enfatiza se o ato for divulgado. Com relação ao incesto, autores como Pfeiffer; Salvagni (2005) e Azevedo; Guerra; Vaicunas (2000) concordam ao afirmar que a relação incestuosa produz graves riscos psicológicos, por ser causada pelo próprio pai, mais do que se sofrida por estranhos, levando a criança em decorrência do incesto, apresentar prejuízos cognitivos e sociais. Scherer; Gauer (2003) citam que sobreviventes de abuso sexual podem repetir esse ato no futuro com sua família. O auto-abuso foi também referido por Kristensen (1996) em crianças revitimadas. Pelo fato de crianças não serem ainda maduras para aceitar o abuso sexual, entende-se que o abuso foi forçado, essa quebra do protocolo da família em proteger a criança leva a esta ter interferências no seu desenvolvimento. Segundo Ferrari; Vecina (2002) os resultados do abuso sexual se tornam variados em função dos fatos relacionados a ele como, idade, relações vividas, tempo, modo de reação do ambiente ao ocorrido, entre outros. A reação da vítima à violência sexual pode aparecer em longo ou curto prazo, com aparecimento de alterações psicológicas e sociais. O comportamento anti-social, segundo Padilha; Gomide (2004) pode prevalecer em vítimas de violência sexual. Ballone (2005) aponta a diminuição da auto-estima em crianças violentadas sexualmente por muito tempo podendo ter idéias suicidas. A exposição constante a fatores psíquicos perturbadores como 26 abuso sexual, pode ter como resultante a alteração no neurodesenvolvimento da criança. Havendo danos psicossomáticos como relatado por Lucânia, et al (2009), com necessidade de intervenção cognitiva. Autores como Habigzang; Caminha (2004) e Cohen (1993) concordam ao citarem que se não tratar os transtornos após o trauma sofrido, a vítima de violência sexual pode ter modificações definitivas na personalidade. As conseqüências psicossomáticas podem ser variadas como, transtorno de afeto, alimentares, dissociativos, entre outros, mas são também significante as conseqüências físicas como, gravidez doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), traumatismo nas regiões genital e anal (HABIGZANG et al, 2008) e (SANDERSON, 2005). Avaliação psicológica feita em meninas de 9 a 13 anos segundo Habigzang, et al (2008) teve como resultado transtorno de estresse pós traumático, culpa, hipevigilância, depressão, revivência da violência sexual sofrida e baixo rendimento escolar. Sobre interferências causadas, Brasil (2005), cita que a violência sexual quebra o desenvolvimento cognitivo da criança, podendo a mesma desenvolver transtornos e até se tornar psicótica. 4.1.1 EXISTÊNCIA DE PROBLEMAS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS FUTURAS DE CRIANÇAS VITIMADAS PELO ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA. As relações interpessoais são citadas como relacionamento entre pessoas de personalidade diferentes, onde devemos aceitar o outro no seio relacional visando o bem estar social. Averigou-se, por meio da literatura revisada, que as relações interpessoais ficam comprometidas em crianças vítimas da violência sexual passando as mesmas a terem um comportamento retraído, tendendo a isolar-se. A investigação de dificuldades relacionais pode ser decorrente de experiências sexuais infantis que intervém negativamente no desenvolvimento da criança até a fase adulta. Almeida Prado; Feres-Carneiro (2005) citam que a criança tem dificuldade em confiar no meio que a cerca após sofrer violência sexual, tendendo à depressão e ao isolamento. Também relatam os mesmos autores, que há dificuldades em relações interpessoais em crianças vítimas de abuso sexual. A violência sexual em crianças acarreta interferências invisíveis que podem passar despercebidas e repercutir de forma negativa. Segundo Jacob, (2009) em ambos os sexos foram constatados conseqüências negativas como, dificuldade de 27 relacionar-se intimamente de forma saudável. Futuramente, a vítima de violência sexual pode apresentar conseqüências psicológicas. Sant’ Anna; Baima (2008) observaram que mulheres apresentaram dificuldades em relações interpessoais e psicológicas por serem vítimas de abuso sexual infantil. As autoras citam serem necessárias a prevenção e tratamento das vítimas de violência sexual na infância. Por receio de revivência da violência sexual, as vítimas passam a ter obstáculos nas relações de afeto. Amazarray; Koller (1998) relatam que alterações comportamentais, vida sexual imprópria, isolamento, desconfiança e dificuldade em relações interpessoais são impedimentos conseqüentes do abuso sexual infantil. O mundo interior da criança fica ameaçado em experimentos como o trauma sexual na infância, gerando medo e desapego. O sexo feminino é muito mais relatado na literatura nas dificuldades relacionais por violência sexual do que o sexo masculino, os meninos, quando vítima de violência sexual também acarreta com dificuldades interiores. Sintomas relacionados no sexo masculino, segundo Jacob (2009) se referem aos órgãos íntimos, masturbação excessiva, erotização do sofrimento, ejaculação precoce, dificuldades eréteis e diminuição no desejo sexual. Bowlby (1998) relata que experiências sofridas na infância repercutem na personalidade e nas relações íntimas. Kristensen (1996) e Johnson (1992) concordam em afirmar que em curto e longo prazo crianças podem ter dificuldade na própria identificação sexual, compulsão, comportamento que denota erotismo e sexualizado e com probabilidade de serem revitimadas. Por medo do rótulo de homossexual, meninos relatam menos a violência sexual. Crianças violentadas sexualmente conforme Flores; Caminha (1994) possuem comportamentos antisociais e dificuldade de interagir com outras crianças, tornando-se desconfiadas, podendo se tornar um abusador no futuro. Habigzang; Koller; Azevedo; Machado (2005) citam que meninas vítimas de abuso sexual apresentaram conseqüências iniciais físicas, emocionais, sexuais, e de afeto e, tardiamente, drogadição, dificuldades no aprendizado, vida promíscua e relação interpessoal afetada. Sobreviventes de abuso sexual na infância exibem distorções em interações interpessoais por terem o seu desenvolvimento afetado com a agressão sofrida. 28 4.1.2 RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO VIOLÊNCIA DE SEXUAL ALTERAÇÕES NA INFÂNCIA E COMPORTAMENTAIS EM AMBOS OS SEXOS NA IDADE ADULTA. As alterações de comportamento podem ocorrer como causa de agressões físicas e psicológicas sofridas na infância. Conforme relato Silva; Oliveira (2002) experiências negativas na infância podem levar ao comprometimento no desenvolvimento infantil até a vida adulta. Futuramente, como relata Amazarray; Koller (1998) vítimas de violência sexual infantil correm o risco de apresentarem transtornos psiquiátricos e serem adultos abusivos. Após a ocorrência de acontecimentos negativos a nível emocional, pode ocorrer o distúrbio de estresse pós-traumático (TEPT), conforme relato de Maia (2001), TEPT se manifestou em mulher de 22 anos vítima de incesto. Maia (2001) também relata que a jovem devido à violência sofrida apresenta como dificuldade o planejamento de sua vida futura. Segundo Flores; Caminha (1994) o trauma do incesto é o que causa maior interferência no desenvolvimento infantil, por ser em geral, abuso de longa duração (SADIGURSKY, 1999). Faleiros (2000) cita o incesto sexual como violação de direitos humanos. Rouyer (1997) afirma que, se a criança for vítima de violência sexual, haverá riscos em desenvolver perturbações afetivas, psicológicas, sexuais e até aparecimento de psicopatologias. Alterações psicológicas, corporais, reprodutivas e sexuais foram encontradas também em crianças pesquisadas por Martins; Jorge (2010) encontrou, também, nas vítimas modificações na saúde mental das crianças violentadas. O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) também foi encontrado em mulher pesquisada por Silva; Oliveira (2002) reforçando o desenvolvimento de distúrbios em vítimas de violência sexual. A maioria das violências sexuais sofridas pelas mulheres é provocada por indivíduos do sexo masculino, apresentando as mesmas, devido a isso, dificuldades futuras em relacionamentos afetivos e sexuais com o sexo oposto. (AZEVEDO; GUERRA; VAICUNAS, 2000). Comprovou-se o medo no envolvimento com o sexo masculino, segundo Rodrigues; Brino; Williams (2006) em estudo feito com meninas que foram violentadas sexualmente na infância. Constatou também, conforme relato das meninas, libido diminuída e depressão após a ocorrência do ato (RODRIGUES; BRINO; WILLIAMS, 2006). 29 Pires (1999) refere que, como conseqüência, as vítimas podem apresentar distúrbios variados, como depressão, isolamento e problemas psiquiátricos futuros. Sant’ Anna; Baima (2008) cita que a violência sexual pode ter repercussões futuras alterando o comportamento afetivo e social. A culpa aparece, freqüentemente, entre vítimas de violência sexual, principalmente decorrente de incesto (FURNISS, 1993). Habigzang; Koller (2006); Azevedo; Machado (2005) concordam que, crianças abusadas sexualmente, podem ter alterados seu desenvolvimento psicológico e cognitivo, podendo desenvolver transtornos emocionais, sociais e psiquiátricos na vida adulta. 4.1.3 PAPEL DO PSICÓLOGO JUNTO ÀS CRIANÇAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL. As crianças, por ainda estarem em fase de desenvolvimento, se vítimas de violência sexual, podem apresentar alterações emocionais e cognitivas em função do trauma sofrido. Moreno (2009) cita o trauma como eu destruidor, trazendo impotência e incapacidade de pensamento e angústia. Koshima (2003) defende que a criança tem o direito de ser protegida de violência de qualquer natureza por estar em fase de desenvolvimento. Se ocorrer violência sexual na fase de desenvolvimento Brasil (2005) concorda que a criança passa a desenvolver distúrbios graves apresentando até psicose em casos extremos. Souza (2008) cita a psicanálise infantil como facilitadora no contato interpessoal através de fantasias, evocando idéias, atividades lúdicas e atos falhos. Souza, (2008) relata que atividades lúdicas em crianças vítimas de violência sexual ajudam a organizar e assimilar traumas vividos. O psicólogo, conforme Oliveira (2002) e Silva; Oliveira (2002) é o profissional que investiga e intervém para que a criança retorne à vida social, física e psicológica saudável. O abuso sexual, segundo De Antoni; Koller (2000) traz prejuízos à estima e emoções. Habigzang; Koller (2006), na utilização de terapia de grupo cognitivo comportamental em meninas violentadas sexualmente, comprovaram modificações positivas na ansiedade, culpa, depressão e desenvolvimento escolar. Habigzang et al (2008) comprova ser um desafio avaliar vítimas de violência sexual pela complexidade do tema. Em relato de Silva; Oliveira (2002) refere que, se não tratadas, crianças violentadas sexualmente podem adquirir distúrbios psicológicos. 30 Azevedo (2001) cita a via sublimatória como meio da vítima se libertar do trauma sofrido. Costa; Penso; Almeida (2005) relatam que o envolvimento familiar no tratamento traz aos pais a percepção de seus deveres de proteção aos seus filhos. Através de atividades lúdicas feitas com crianças, conforme cita Lima (2007) as mesmas podem melhorar vínculos rompidos decorrentes da agressão sofrida, por serem variadas e destruidoras as conseqüências da violência sexual. Furniss (1993) relata que fatores como tempo do abuso, agressão usada, relações entre criança e abusador, desproteção familiar, sigilo, ameaças e diferenças de idade podem alterar o desenvolvimento normal da criança até a vida adulta. A intervenção psicológica facilita a comunicação das vítimas conforme relatam Padilha; Gomide (2004) por facilitar que o fato seja revelado, expor sentimento, aceitar o ocorrido e aprender a evitar serem revitimadas. A psicologia atua para ajudar a criança e sua família a organizarem-se perante a situação sofrida, intervindo para que a mesma retorne ao seu desenvolvimento normal. 4.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A violência sexual contra crianças é uma problemática que perdura desde os tempos antigos até os atuais causando interferências no desenvolvimento infantil por atingir não só o corpo, mas também a mente da criança envolvida no ato sofrido. Os resultados apontam que a criança, freqüentemente, se culpa pela violência sofrida e não divulga a violência por medo do agressor, o que é confirmado na fala de (FURNISS, 1993). O sentimento de culpa, conforme apontado nos resultados se dá pela criança, ainda, ser confundida e ameaçada pelo pai como a causadora do incesto. A relação incestuosa, pelo fato de ser cometida por pessoa do afeto, confunde a criança causando graves prejuízos cognitivos e sociais. A vítima pode reagir de forma negativa imediatamente ou após um tempo do ocorrido, que vai depender de fatores como idade da criança e do abusador, tipo de relacionamento com o mesmo, tempo em que foi abusada, reação do ambiente ao abuso, entre outros fatores. Pode aparecer como resultados do abuso, comportamento retraído, baixa auto-estima, danos psicossomáticos variados e, se exposta constantemente, haverá modificações importantes na personalidade, cognitivas e até psicose. 31 Os resultados apontaram um comprometimento importante nas relações interpessoais das crianças violentadas sexualmente, passando a mesma a adotar um comportamento de desconforto, medo, afastamento e depressão. As meninas, quando adultas, podem apresentar comportamento promíscuo, dificuldades nas relações afetivas e transtornos psicológicos. Violentados do sexo masculino sofrem em silêncio por medo de serem julgados em relação à sua masculinidade. Os meninos apresentam, conforme apontam os resultados sintomas como masturbação excessiva, ejaculação precoce, podendo até se tornar abusador quando adulto. Denota, portanto, nos resultados, alterações negativas nas relações interpessoais futuras em ambos os sexos. As alterações de comportamento foram apontadas após ocorrência de agressões sofridas na infância por Silva; Oliveira (2002) compromete o desenvolvimento na infância e, posteriormente quando adulto. As alterações que se dão em crianças vítimas de violência sexual são assinaladas como falta de perspectivas, perturbações psicológicas, afetivas, sexuais, dificuldade com o sexo masculino e alterações de personalidade. Os transtornos psiquiátricos mais apresentados pelas vítimas como citam os autores Maia (2001) e Silva; Oliveira (2002) foram, transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e Transtorno do Stress Pós Traumático. Sendo evidenciado que vítimas violentadas sexualmente na infância apresentam alterações de comportamento. Os transtornos psiquiátricos adquiridos advindos da violência sexual persistem por toda a vida, denota daí que a experiência do trauma vivido na infância repercute, de forma negativa no desenvolvimento infantil, necessitando que a criança tenha acompanhamento profissional por toda a vida. Os resultados da presente pesquisa mostraram que, por se tratar de um ser em formação, a criança vítima de violência sexual, pode apresentar alterações traumáticas necessita de tratamento psicoterápico. O psicólogo entra nesse contexto através do lúdico, para que a criança venha assimilar melhor a violência vivida, reestrutura vínculos perdidos e apontando saídas por vias sublimatórias (SOUZA, 2008) e (SILVA; OLIVEIRA 2002). Cabe, também, ao psicólogo envolver e assistir à família da criança na recuperação do trauma. Habigzang; Koller (2006) verificou o beneficio que uma terapia de grupo provocou em meninas violentadas sexualmente, mostra diminuição de ansiedade e depressão, melhora no desempenho escolar, além de diminuição da 32 culpa tão característico nestes casos, comprova benefícios da terapia psicológica em crianças violentadas. A atividade lúdica por trazer a criança a um mundo leve, onde não há ameaças, repercute de forma positiva durante o tratamento psicológico beneficiando as mesmas a se recuperarem do trauma da violência sexual sofrida. 33 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS, IMPLICAÇÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS. 5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS Realizou-se uma pesquisa sobre a violência sexual ocorrida na infância, por considerar a sua ocorrência um agravante social alterando a vida das crianças de tal maneira podendo afetar as futuras relações interpessoais. A violência sexual não é específica de uma classe social, pois ela se dá através dos tempos em todos os níveis sociais, sendo prevalente nas classes menos favorecidas por dificuldades financeiras. A violência sexual se configura por ser um tema que choca, mas que ainda perdura. Essa violência é conhecida como cometer ato sexual sem consentimento para que tal fato ocorra. Crianças que foram violentadas sexualmente podem adquirir doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), usar drogas, prostituir e desenvolver variados transtornos psíquicos, desde os mais simples como ansiedade, medo culpa, retração social, até os mais graves distúrbios psiquiátricos relacionados ao trauma. Crianças vítimas sexuais do próprio pai e de pessoas do ciclo familiar se sentem envergonhadas e, por isso, mantém-se em silêncio por medo da divisão da família e de serem castigadas pelo agressor. A criança pode ter alterações na forma de comportar-se com mudanças importantes na sua personalidade quando vítimas de incesto, por terem confusão em relação ao fato, culpabiliza-se e, com isso acabam por proteger o próprio pai com medo de resultar uma possível separação familiar. As meninas violentadas sexualmente, além de correrem risco de passar por uma gravidez, DSTs e aborto por ainda estarem em fase de desenvolvimento do corpo, também comportamento podem ficar sequeladas alterado, com mudanças emocionalmente significativas de e apresentar personalidade repercutindo até na vida adulta. A vítima de violência sexual passa a desconfiar dos outros, desenvolve baixa auto-estima, medo persistente e adquire comportamento anti-social. Entre as conseqüências citadas no presente trabalho podem, também, desenvolver 34 transtornos de estresse pós-trauma, que é o mais relatado na literatura nas vítimas de abuso sexual infantil. A revisão de literatura contemplou aspectos relacionados a violência sexual como causa de interferência no desenvolvimento infantil, por deixar marcas profundas na mente das crianças. Variadas podem ser as conseqüências no desenvolvimento infantil, por estarem ainda desenvolver-se nos aspectos de formação cognitiva e social. Com relação às conseqüências nas relações sociais, as mesmas podem persistir até o futuro, levando à dificuldade de confiar e acabando por isolarem-se, e a adquirir, por vezes, até depressão. Em mulheres adultas, pode haver dificuldade de confiança nos parceiros, de cunho íntimo e afetivo, sendo caracterizado por insegurança e dificuldade de apego. No sexo masculino, foram encontrados distúrbios como masturbação excessiva, ejaculação precoce, diminuição da libido, queixas urinárias e nos órgãos genitais, confusão com a própria identidade sexual e o fato de poderem se tornar eles, hoje vítimas, abusadores no futuro. Comprova-se que o sexo masculino, mesmo que considerado sexo forte, também sofre e sente os distúrbios no seu desenvolvimento, porém de maneira diferenciada por se tratar de diferença de gênero sexual. Bowlby (1998) cita a importância das experiências que a criança vive na organização da sua personalidade e nos relacionamentos íntimos ao se tornarem adultos. Os sobreviventes de violência sexual podem adquirir conseqüências imediatas, ou em longo prazo afetando o desenvolvimento infantil que persiste até a vida adulta. Encontrado na pesquisa de Maia (2001) relato de jovem de 22 anos que vítima de incesto por oito anos, persistiu com sintomas de stress pós-trauma, influenciando até em sua capacidade de planejamento do próprio futuro pessoal e profissional. O abuso sexual confunde a mente das crianças, levando as mesmas a desenvolverem distúrbios psiquiátricos e até psicóticos, se não tratadas. A atuação psicológica se faz necessária em casos em que a criança perde a capacidade de continuar a se desenvolver de forma saudável. A psicanálise infantil facilita a interação entre profissional, criança e familiares, atua para diminuir o amargor do trauma sofrido, através de atividades lúdicas e jogos. A ludoterapia utilizada pelos profissionais psicólogos ajuda a assimilar o trauma sofrido, de forma que a criança tenha retornado à sua saúde mental e física. 35 A psicanálise trata compreendendo a criança como vítima, e ajuda-a renovar sua imagem corporal e fortalecer-se emocionalmente. Por se tratar de crianças, tornamse necessárias pesquisas relacionadas ao tema, aprofunda no sentido de resgatar valores tais como respeito à dignidade da criança que, por desprotegida, se torna, muitas vezes, vítima e não tem seus direitos mais elementares preservados. A agressão sexual em crianças e adolescentes é passível de ser questionada juridicamente por ser questão de saúde pública a sociedade deve ter um maior envolvimento com o tema, preconizando o que trouxe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), denunciar os casos onde ocorre violência sexual na infância. 5.2 IMPLICAÇÕES DO TRABALHO Por ser um tema de grande relevância social, a violência sexual infantil precisa ser acompanhada no meio jurídico e, especialmente, psicológico que é o aspecto pretendido nesta pesquisa, por interferir no desenvolvimento cognitivo e psicossomático das crianças até a fase adulta. O presente trabalho proporcionou uma revisão de forma mais abrangente para conhecer os aspectos relacionados que envolvem as crianças vítimas de violência sexual infantil. 5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA Encontrada limitação no aspecto de abuso sexual incestuoso, com poucas referências na literatura, por ser um assunto pouco revelado pelas vítimas, talvez devido a fatores como vergonha, medo e culpa por possíveis separações familiares. Também, encontrada como limitação na presente pesquisa poucos relatos de atuação do psicólogo no aspecto de tratamento das crianças vítimas de violência sexual, juntamente com a sua família. Outro fator limitante se refere ao sexo masculino, encontrado escassez de estudos relacionados a violência sexual sofrida por meninos, especialmente no tocante ao tratamento psicológico dos mesmos. 36 5.4 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS Sugere-se pesquisas voltadas às vítimas de violência sexual do sexo masculino, colocada na limitação desta pesquisa, por dificuldade em encontrar material de apoio sobre o desenvolvimento infantil de meninos abusados no Brasil. Atuação psicológica, juntamente com apoio jurídico às vítimas de violência sexual, é um importante tema a ser pesquisado, o que não foi encontrado na presente pesquisa e se revelou como necessário a essas crianças, após a apuração dos resultados. 37 REFERÊNCIAS AMAZARRAY, Mayte Raya. KOLLER, Silvia Helena. (1998). Alguns aspectos observados no desenvolvimento de crianças vítimas de abuso sexual. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11(3), 559-578. ANDRADE, Maria Margaria. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo. 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