Resumo - Famesp

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A BRINCADEIRA COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Sandra Santos da Silva1, Silmara Vieira da Costa1, Marcia Regina Vital2.
1
Alunas do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Método de São Paulo (FAMESP).
Marcia Regina Vital - Doutora (Universidade de São Paulo)
2 Professora
Resumo
O presente artigo tem por objetivo analisar a brincadeira como ferramenta que
auxilia no desenvolvimento da criança na educação infantil. Para isso, traz o brincar
como ferramenta que auxilia no desenvolvimento cognitivo, físico, social, emocional
e psicológico da criança. Faz uma abordagem do valor da brincadeira na educação
infantil, salientando o papel do professor nesse processo de desenvolvimento. Traz
o papel do professor como mediador frente às práticas pedagógicas realizadas no
ambiente escolar, reconhecendo o desenvolvimento da criança. Assim, a instituição
escolar pode fazer uso da brincadeira como uma ferramenta que pode auxiliar a
construção do ser humano adulto. A pesquisa foi realizada com três professoras, de
uma instituição de educação infantil, localizada na Zona Sul, da cidade de São
Paulo. Na pesquisa de campo foram realizadas quatro questões dissertativas
referentes a utilização da brincadeira como auxilio na aprendizagem da criança e
também de que maneira a brincadeira é utilizada na educação infantil. A pesquisa
bibliográfica foi fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas e
sites, bem como pesquisas de grandes autores referentes ao tema, proporcionando,
desta forma, uma leitura mais consciente acerca do valor da brincadeira para o
desenvolvimento da criança. Por meio da pesquisa pudemos concluir que a
brincadeira integra a cultura infantil, favorecendo na aprendizagem da criança. A
brincadeira está inclusa nas atividades escolares e possui uma grande importância
no desenvolvimento da criança ao desenvolver a memória, a linguagem, a atenção,
a percepção e a criatividade. Portanto, a brincadeira faz parte da fase da infância da
criança e dentro da escola é utilizada como uma ferramenta que auxilia a prática
pedagógica dos docentes em sala de aula.
Palavras-chave: Infância. Educação Infantil. Brincadeira.
ABSTRACT:
This article aims analyze the joke as a tool that assists in the development of the
child in early childhood education. To do this bring the play as a tool that assists in
developing cognitive, physical, social, psychological and emotional child. Makes a
value approach in the early childhood education, stressing the role of the teacher in
this development process. Bring the role of the teacher as mediator in front of the
pedagogical practices performed in the school environment, recognising the child's
2
development. Thus, the school institution can make use of the joke as a tool that can
aid in the construction of the adult human. The survey was conducted with three
teachers, an institution of early childhood education, located on the South side, from
the city of São Paulo. In the field research were carried out four essay questions
regarding use of the joke as aid in learning the child and also how the joke is used in
early childhood education. The bibliographical research was based on reflection of
reading books, articles, magazines and websites, as well as surveys of great authors
regarding the theme, providing thus a reading more aware about the value of the
game for the child's development. Through research we can conclude that the joke is
part of the child culture, favoring learning of the child. The joke is included in school
activities and has a great importance in the development of the child to develop
memory, language, attention, perception and creativity. So, the joke is part of child
and childhood phase within the school is used as a tool that assists the pedagogical
practice of teachers in the classroom.
Keywords: Childhood. Early Childhood. Joke.
INTRODUÇÃO
A sociedade está em constante transformação, e isso ocorre por conta dos
seres humanos que são os sujeitos dessas ações. O ser humano pode ser
compreendido por algumas fases que se inicia quando criança, passa pela
adolescência e chega a fase adulta, nesse processo a criança é um elemento da
sociedade e possui um jeito diferente do adulto para ver o mundo, relacionar-se com
ele, de sentir-se e de aprendê-lo.
Nesse artigo abordamos um estudo bibliográfico que visa discutir a brincadeira
como prática pedagógica na educação infantil, salientando a ideia do brincar como
uma ferramenta que auxilia no desenvolvimento integral da criança. Para que
possamos discutir sobre a brincadeira não podemos esquecer-nos dos sujeitos que
envolvem essa temática sendo eles: a concepção de criança, a educação infantil e o
brincar.
A brincadeira faz parte das nossas vidas desde a antiguidade e quando
incentivada faz com que as crianças desenvolvam com mais clareza o seu
conhecimento. O ato de brincar no ambiente educativo não é mero passatempo,
mas um instrumento de desenvolvimento educativo para a criança, portanto o
brincar é tão importante para a criança como trabalhar é para o adulto.
Desta forma, veremos nesse artigo que a brincadeira precisa ser uma das
atividades essenciais na educação infantil, e grande participação neste processo, se
dá por meio do planejamento do professor, organizando o espaço e o tempo,
estimulando a brincadeira em função dos resultados que deseja alcançar.
3
Concepção de criança
Na sociedade vemos que as relações se dão através dos seres humanos, e
os que ainda não chegaram à fase da pré-adolescência são chamados de criança. A
criança é um elemento da sociedade e como tal deve enquadrar-se neste contexto;
diferentemente do adulto possui o seu jeito peculiar de ver o mundo, relacionar-se
com ele, de sentir e de apreendê-lo.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº
8.069/90), podemos descrever criança, como pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade (BRASIL,
1990).
Nesse sentido, a criança está em processo constante de transformação e o
seu desenvolvimento se dá do instante que é um recém-nascido até a fase da préadolescência. O desenvolvimento se dá por meio de aspectos físicos, psicológicos,
sociais e cognitivos. Considerando ainda a criança com seu ativo dentro da
sociedade vimos que seu desenvolvimento segue alicerçado pela lei.
No Art.3º do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) é
assegurado à criança e ao adolescente gozar de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo de proteção integral de que trata a lei,
assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades
a fim de lhes facilitar o desenvolvimento físico, mental, espiritual e social, em
condições de liberdade e dignidade. Percebemos que o desenvolvimento da criança
se dá de forma gradativa, o que implica uma série de vivências que serão essenciais
para a sua formação na fase adulta.
Vivemos num mundo repleto de transformações e estas afetam de forma
significativa as experiências de vida de cada ser humano. Sendo a criança um
grande receptor de informações podemos dizer que a concepção de criança pode
variar. Segundo Craidy (2001) a concepção de criança sofreu modificações nos
últimos três ou quatro séculos, mostra que a figura da criança passou a ter grande
importância no cenário social. No entanto, é preciso ter claro que a compreensão de
criança tem passado por inúmeras transformações, principalmente a partir do final
do século passado.
O avanço de determinadas áreas do conhecimento como a medicina, a
biologia e a psicologia bem como a vasta produção de ciências sociais nas últimas
4
décadas produziram importantes modificações na forma de pensar e agir em relação
à criança pequena. Assim, o modo de pensar da experiência humana nos permite
dizer que a ideia de sujeito em formação e de como é vivida a experiência da
infância podem variar de época para época. (CRAIDY, 2001, P.15).
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998,
v.3) salienta que nas relações de convívio que a criança estabelece, percebe a
grande influência dos pais e de seu grupo familiar, pois através dessas relações ela
pode ampliar seu desenvolvimento. No início imita as ações do adulto, mas depois
cria suas próprias percepções.
De acordo com Stearns (2006, p. 22)
Toda criança é dotada de fragilidade e necessita de atenção e cuidados
especiais, como alimentação e cuidados físicos, requerendo esses cuidados
durante algum tempo. Além disso, as crianças são vistas como seres
diferentes dos adultos que precisam ser preparadas para outras fases da
vida.
Desta forma, conseguimos perceber que as pessoas que rodeiam a criança,
exercem grande influência no seu desenvolvimento. Nesta perspectiva vemos que a
família está inserida em toda trajetória de vida da criança, sendo que no primeiro
momento como referencial de ações e em outros momentos compartilhando
descobertas que a criança faz.
Forquin (1993) ressalta que em relação ao nascimento e a concepção da
criança, os pais não dão somente a vida aos seus filhos, eles ao mesmo tempo,
introduziram-nos em um mundo. Educando-os eles assumem a responsabilidade da
vida, e do desenvolvimento da criança, mas também da continuidade ao mundo.
Neste contexto percebe-se que a responsabilidade da família sobre a criança
é enorme, pois a criança no futuro será o adulto que estará inserido na sociedade, a
mesma carrega uma significativa bagagem de linguagem e do patrimônio cultural de
seu grupo social.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil traz uma definição
de criança, ressaltando que:
A criança como todo ser humano é sujeito social e histórico e faz parte de
uma organização familiar inserido em uma sociedade. É profundamente
marcado pelo meio social em que se desenvolve, mas também a marca.
Assim através do contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu
ambiente e através da interação com outras crianças e adultos, pode
5
desenvolver suas capacidades afetivas, a sensibilidade, autoestima,
raciocínio, pensamento e linguagem (BRASIL, 1998, v.01, p.21).
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil nos fala que no
processo de desenvolvimento, com a ajuda da família, a criança constrói importantes
referencias referentes a estrutura familiar quanto aos papéis de homem e mulher e
em relação a sua construção da identidade e autonomia.
A identidade e autonomia são características únicas de cada ser, e
dentro do paradigma da concepção da criança sabemos que são
importantes conhecimentos para formação do ser humano, pois no
mundo que vivemos as trocas de experiências se dão através dessas
diferenças singulares de cada ser humano. (BRASIL,1998, v.2, p.14)
Dessa forma, vemos que a concepção de criança se inova a cada momento, e
que cada ser trará características próprias, adquiridas de suas vivências em seu
grupo familiar. Assim percebemos que é importante que a família auxilie no
desenvolvimento da criança, pois sua trajetória de vida pode mudar toda uma
sociedade, já que cada indivíduo deixa sua marca individual no mundo.
Educação infantil
A educação infantil teve seu reconhecimento em 1988 quando pela primeira
vez foi inserida como parte integrante da Constituição Federal, fazendo-se assim
determinada como direito da criança, dever do Estado e escolha da família, a uma
significativa referência aos direitos específicos da criança, não sendo mais restrito
apenas ao âmbito dos direitos familiares.
Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente possibilitou a construção de
um novo olhar, olhar esse que promove novas formas de cuidar e educar, inserindo
a criança e ao adolescente como sujeitos de direitos, como seres ativos e
participativos, protagonistas da sua própria construção, sendo atores do seu próprio
desenvolvimento.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), instituiu a
educação infantil como primeira etapa da Educação Básica. De acordo com o Artigo
29, a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem por finalidade o
desenvolvimento integral da criança entre 0 e os seis anos de idade, em seus
6
aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social complementando a ação da família
e da comunidade.
Mediante o Artigo 29, evidencia-se de forma significativa que a educação
infantil é parte essencial do sistema de ensino, proporcionado assim uma nova
concepção de educação, onde as instituições de educação infantil (creches e préescolas não são mais entendidas como lugar adequado para se deixar a criança
enquanto os pais trabalham). A LDB reconhece que as instituições ao cuidarem e
educarem as crianças desempenha trabalho importante para o seu desenvolvimento
integral, em parceria com a família e a comunidade.
Desde a Constituição Federal (BRASIL, 1988) ficou legalmente definida que
os trabalhadores (homens e mulheres) têm direito à assistência gratuita aos filhos e
dependentes desde o nascimento á idade em creches e pré-escolas (art.º 7/XXV) O
dever com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento em
creche e pré-escola as crianças de zero a seis anos de idade (Art. 208, inciso IV).
Desse modo, a creche ou pré-escola tem a função de complementação. A
escola junto com a família deve oferecer o que a criança necessita para o seu
desenvolvimento integral.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), determina que
cada instituição do sistema escolar deverá ter um plano pedagógico elaborado pela
própria instituição com a participação do corpo docente.
Dentro das instituições de educação infantil o olhar está totalmente voltado às
crianças pequenas quanto ao seu desenvolvimento; desta forma, podemos dizer que
a educação infantil proporciona a inclusão da criança no mundo como um ser ativo.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998)
define que a educação infantil tem- se revelado importante para o processo de
aprendizagem.
A
criança
socializa,
desenvolve
habilidades,
melhora
o
desenvolvimento escolar futuro, proporcionam às crianças melhores desempenhos
quando chegam ao ensino fundamental. Pode-se dizer que a educação infantil é o
alicerce para a aprendizagem, aquela que deixa a criança pronta para aprender. Na
educação infantil a criança é estimulada a desenvolver diversas capacidades no qual
as interações devem se situar no primeiro plano para aproveitar todo o potencial
educativo das crianças. Contudo na educação infantil uma das funções do adulto é
expandir o mundo imediato da criança abrindo-lhe novos caminhos de interesse.
7
Quando pensamos em educação infantil não podemos deixar de pensar nos
sujeitos que proporcionam as ações às crianças: os educadores. O Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) nos mostra que o papel do
educar frente ao desenvolvimento infantil é proporcionar experiências diversificas e
enriquecidas, a fim de que as crianças possam fortalecer sua autoestima e
desenvolver suas capacidades. O educador que atua na educação infantil, precisa
conhecer o processo de como as crianças pequenas aprendem e se desenvolvem.
Ele deve saber os modos de comunicação próprios da faixa etária, reconhecer as
singularidades do grupo de crianças, conhecer o nível de autonomia de cada uma,
saber colocar desafios que impunham as crianças a necessidade de se relacionar e
resolver problemas do seu cotidiano.
A intervenção do educador é necessária para que a criança possa em
situações de interação social, ampliar sua capacidade de apropriação de conceitos.
Portanto o educador é o mediador entre as crianças e os objetos nas situações de
conhecimento, organizando espaços e situações de aprendizagens que estimulem
as capacidades de cada criança. (BRASIL, 1998.v.1.p.30)
A educação infantil auxiliará no desenvolvimento das faculdades mentais e
físicas das crianças, contudo a educação familiar aliada à escolar permitirá que a
criança ultrapasse as diversas transformações que ocorrerá ao longo de sua vida, de
forma equilibrada e sadia.
Dessa forma, entendemos que a educação infantil tem grande importância na
vida do ser humano, pois ajuda a criança desenvolver características importantes
para o seu equilíbrio e sua inteligência quando adulta.
Brincar na Educação Infantil
Para que possamos falar sobre o ‘’ brincar ‘’ precisamos estabelecer um
parâmetro entre o brincar, a criança e a educação infantil. A criança é um ser que
ainda não chegou à fase da puberdade, segundo o Estatuto da Criança e do
Adolescente (1990), descrever a criança a pessoa com a idade inferior a doze anos.
Sendo assim, a criança vai se desenvolvendo em seu grupo familiar, mas com
o tempo passa ser educada na escola onde adquire os conhecimentos que a
sociedade considera importantes para a formação das pessoas. Neste sentido
8
percebemos que a área da educação nomeada para as crianças será a educação
infantil e dentro deste formato que encontramos o brincar.
Podemos dizer que a educação da criança pequena foi considerada, por
muito tempo, como pouco importante, bastam que fossem cuidadas e alimentadas.
Hoje, a educação da criança pequena integra o sistema público de educação ao
fazer parte da primeira etapa da educação básica, ela é concebida como questão de
direito, de cidadania e de qualidade. As interações e a brincadeira são consideradas
eixos fundamentais para se educar com qualidade (BRASIL, 2012).
Diante da evolução da sociedade o pensamento sobre a criança, educação
infantil passou por grandes transformações e dessa a valorização da educação para
a criança favoreceu a brincadeira infantil.
As crescentes valorizações da criança no seio da família nuclear em
desenvolvimento, assim como as necessidades educacionais de seu
controle e orientação, criam um vínculo estrito entre a brincadeira e sua
educação (WAJSKOP, 2001, p.12).
Portanto, a criança desenvolve-se pelas experiências vividas com os adultos
no mundo. Percebemos que o brincar é uma das formas mais comuns do
comportamento humano, principalmente durante a infância. O brincar ou a
brincadeira é uma atividade principal da criança sua importância reside no fato de
ser uma ação livre, iniciada e conduzida pela criança com a finalidade de tomar
decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si mesma, as outras pessoas
e o mundo em que vive. Ainda que o brincar possa ser considerado um ato inerente
a criança, exige um conhecimento, um repertório que ela precisa aprender. Do ponto
de vista do desenvolvimento da criança, a brincadeira traz vantagens sociais,
cognitivas e afetivas.
Segundo Vygotsky (1984, p. 117), é na brincadeira que a criança se comporta
além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário.
Para este pesquisador, o brinquedo fornece estrutura básica para as mudanças das
necessidades e da consciência da criança.
Segundo a autora WAJSKOP(2001) é na situação de brincar que as crianças
podem se colocar desafios e questões além de seu comportamento diário,
levantando hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhes são
propostos pelas pessoas e pela realidade com a qual interagem. Quando brincam
desenvolvem sua imaginação, as crianças podem elaborar regras de organização e
9
convivência. Assim, as crianças vão construindo a consciência da realidade ao
mesmo tempo em que vivem uma possibilidade de modificá-la. A brincadeira pode
ser um espaço privilegiado de interação e confronto de diferentes crianças com
diferentes pontos de vista.
COSTA afirma que a brincadeira infantil pode constituir-se em uma atividade
em que as crianças, sozinhas ou em grupo, procuram compreender o mundo e as
ações humanas. No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços
valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças
recriam e repensam os acontecimentos que lhe deram origem, sabendo que estão
brincando. (COSTA, 1994, p.188)
Segundo o manual de orientação pedagógica: Brincadeira e interações nas
diretrizes curriculares para a educação infantil (BRASIL, 2012) o principal indicador
da brincadeira entre as crianças é o papel que assumem enquanto brincam, a
brincadeira favorece a auto- estima das crianças, auxiliando- as a superar
progressivamente suas aquisições de forma criativa. É no ato de brincar que a
criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel
assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis,
tomando consciência disto e generalizando para as outras situações.
Por meio da brincadeira, a criança não apenas torna concretas essas
significações apreendidas, como ela se própria transformando-as em ação.
Isto torna evidente o caráter experimental da brincadeira que permite as
crianças apropriação e a estruturação de múltiplos significados dos objetos
sociais e dos comportamentos considerados adequados em sua cultura
(COELHO; PEDROSA, 1995, p.54).
Dentro da brincadeira o objeto principal é o brinquedo no qual para a autora
Kishimoto (1994), o brinquedo é considerado um “objeto de suporte da brincadeira”.
O brinquedo é na verdade o objeto usado como metodologia para a criança por meio
de representações, ou seja, a imaginação passa a representar o momento vivido ou
impõe à criança o adentrar no mundo real.
Segundo Kishimoto (1997) o brincar faz parte do nosso cotidiano e é uma
necessidade do ser humano independente de suas crenças, idade e nível social.
Dessa forma, o brincar vai muito além, ele constrói personalidades, influencia
atitudes, revela medos e vivências, a cada brincadeira a criança cria um elo entre o
seu interior e a situação exterior, pois será conforme as suas experiências
internalizadas que o infantil reagirá em suas brincadeiras.
10
Para Pereira (,2005) o brinquedo assume uma importância que o adulto
concede ao trabalho. A criança brincando auxilia no seu processo de aprendizagem.
Portanto o brincar dentro de suas especificidades contribui para a formação e o
desenvolvimento integral da criança.
A brincadeira é uma maneira surpreendente de aprendizagem, além de
promover a integração entre as crianças. Nesta fase, a criança está sempre
descobrindo e aprendendo novas coisas, é um ser em criação, o brincar nessa fase
é fundamental para seu desenvolvimento social e cognitivo. O brincar é tão
importante à criança quanto se alimentar e descansar, por meio do brincar a criança
estabelece relações de conhecimento consigo, com os outros e com o mundo.
Disponível
em:
<http://www.uninove.br/marketing/fac/publicacoes_pdf/.../v5_n1.../Natali.pdf>acesso:13
de
janeiro 2015.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, v.01, p. 27):
O principal indicador da brincadeira, entre as
assumem enquanto brincam. Ao adotar outros
crianças agem frente à realidade de maneira
substituindo suas ações cotidianas pelas ações
assumido, utilizando-se de objetos substitutos.
crianças, é o papel que
papéis na brincadeira, as
não literal, transferindo e
e características do papel
Conforme o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil. (BRASIL,
1998) a criança por intermédio da brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo
que simbolicamente, nas diferentes situações vividas pelo ser humano, reelaborando
sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes.
O ato de brincar acontece em determinados momentos do cotidiano infantil,
neste contexto, Oliveira (2000) aponta o ato de brincar, como sendo um processo de
humanização, no qual a criança aprende a conciliar a brincadeira de forma efetiva,
criando vínculos mais duradouros. Assim, as crianças desenvolvem sua capacidade
de raciocinar, de julgar, de argumentar, de como chegar a um consenso,
reconhecendo o quanto isto é importante para dar início à atividade em si.
Portanto, a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento
infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados.
Nas situações em que a criança é estimulada, é possível observar que rompe com a
relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que
expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.
11
Segundo Oliveira (2000) o brincar se torna importante no desenvolvimento da
criança, de maneira que as brincadeiras e jogos vão surgindo gradativamente na
vida da criança. Estes são elementos elaborados que proporcionarão experiências,
possibilitando a conquista e a formação da sua identidade. É brincando também que
a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a
respeitar
a
si
mesma
e
ao
outro.
Disponível
em:<http://
www.lcvdata.kinghost.net/.../10melo_mendes_miranda_importancia_:acesso:13
janeiro 2015. Por meio da ludicidade a criança começa a expressar-se com maior
facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo
liderados e compartilhando sua alegria de brincar.
PESQUISA DE CAMPO
Objetivo Geral

Analisar a brincadeira como ferramenta que auxilia no desenvolvimento da
criança na educação infantil.
Objetivos Específicos

Identificar se as docentes utilizam a brincadeira como auxiliar na
aprendizagem da criança;

Pesquisar o uso das brincadeiras na instituição infantil.
Metodologia
O trabalho deu-se com o intuito de verificar se o brincar contribui com a
aprendizagem da criança e se as professoras entrevistadas reconhecem e fazem
uso dessa ferramenta na sua prática pedagógica.
As questões elaboradas foram desenvolvidas a partir dos objetivos citados
anteriormente e fundamentadas de acordo com a pesquisa bibliográfica. Durante a
12
realização da pesquisa bibliográfica informamos a instituição de educação infantil na
qual realizaríamos uma pesquisa de campo com algumas docentes. As docentes
entrevistadas trabalham na instituição de educação infantil por volta de três anos,
ainda não possuem filhos e possuem experiências em diversas faixa-etárias da
educação infantil. As perguntas foram dirigidas para as docentes da instituição de
educação infantil localizada na Zona Sul, da cidade de São Paulo. Na pesquisa de
campo foram realizadas quatro questões dissertativas referentes a utilização da
brincadeira como auxilio na aprendizagem da criança e também de que maneira a
brincadeira é utilizada na educação infantil.
No início do mês de novembro de 2014, os instrumentos e termos foram
distribuídos aos sujeitos; o retorno dos formulários ocorreu por volta do dia 19.
Foram entregues três formulários, um para cada docente, cada educadora
respondeu de acordo com seu conhecimento. Ao recebermos a pesquisa
percebemos que todas estavam em condições para servir de base para o artigo.
Sujeitos
A pesquisa contou com a participação de três docentes como apresentado a
seguir:
A) Professoras
Segue abaixo o perfil dos entrevistados apresentados da seguinte maneira:
sujeito, idade, gênero, tempo de formação, formação acadêmica, tipo de escola.
Todos os sujeitos foram esclarecidos sobre a pesquisa e devidamente
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Tabela 1. Informações dos docentes participantes da pesquisa de campo, do artigo
A Brincadeira como prática pedagógica na Educação Infantil.
Sujeito
Idade
Gênero
Formação
Feminino
Tempo de
Formação
15 anos
Ana
32 anos
Ileana
30 anos
Feminino
5 anos
Licenciatura em pedagogia
Jessica
26 anos
Feminino
5 anos
Licenciatura em pedagogia
Licenciatura em pedagogia
A pesquisa foi realizada com três profissionais licenciados em Pedagogia,
sendo três professoras, e que atualmente atuam na instituição de educação infantil.
A pesquisa revela que as três profissionais da educação infantil são do sexo
13
feminino com idades entre vinte e um (21) e trinta e dois(32) anos e formação de
três (03) a quinze (15) anos. Embora a quantidade de entrevistados seja pequena,
os dados mostram que a maioria atuante na educação infantil é formada pelo gênero
feminino e que é composta tanto por uma equipe recém- formada como profissionais
que já atuam há mais de quinze (15) anos.
Análise dos dados
Para facilitar a análise e a visualização dos dados seguem, sequencialmente,
as perguntas direcionadas aos entrevistados acompanhadas das respectivas
respostas.
1. Como você utiliza o lúdico na rotina da instituição infantil?
Os entrevistados declararam de forma participativa que utilizam o lúdico
dentro das atividades na educação infantil por meio das brincadeiras de faz de
conta, rodas de músicas, bolas, bonecas, etc. Dentro das respostas é possível
verificar que os docentes percebem que o brincar contribui para o desenvolvimento
das crianças, sendo eficaz para o desenvolvimento delas. Como podemos perceber,
os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação lúdica e
afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa o
conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é um excelente recurso para facilitar
a aprendizagem, neste sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma que:
[...] desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental
importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que
está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir
coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real
valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.
2. Você acredita que a brincadeira pode auxiliar no desenvolvimento da
criança?
Todos os entrevistados afirmam que a brincadeira auxilia no desenvolvimento
da criança. Ressaltam que as brincadeiras são essenciais para que as crianças
possam compreender o mundo que a cerca. Quando a criança brinca, sem saber
fornece várias informações a seu respeito, no entanto, o brincar pode ser útil para
estimular seu desenvolvimento integral, tanto no ambiente familiar, quanto no
ambiente escolar.
14
De acordo com Zanluchi (2005, p.91) “A criança brinca daquilo que vive; extrai
sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia.”, portanto, as crianças, tendo a
oportunidade de brincar, estarão mais preparadas emocionalmente para controlar
suas atitudes e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores
resultados gerais no desenrolar da sua vida.
3. Qual metodologia você usa nas brincadeiras em sala de aula?
Os entrevistados relataram que a brincadeira pode ocorrer de diversas
maneiras, que tudo vai depender do objetivo da brincadeira, o professor poderá ter a
postura de observador, investigador no qual a criança brincar livremente e é
observada ou o professor pode sentar junto interagir na brincadeira como um sujeito.
Relatam que essas situações acontecem na rotina da educação infantil. De acordo
com Vygotsky (1998) é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera
cognitiva. Porque ela transfere para a mesmo sua imaginação e, além disso, cria seu
imaginário do mundo de faz de conta. Portanto, cabe ao educador criar um ambiente
que reúna os elementos de motivação para as crianças. Criar atividades que
proporcionam conceitos que preparam para a leitura, para os números, conceitos de
lógica que envolve classificação, ordenação, dentre outros. Motivar os alunos a
trabalhar em equipe na resolução de problemas, aprendendo assim expressar seus
próprios pontos de vista em relação ao outro.
4. A brincadeira pode favorecer a autoestima das crianças? Como?
.
Todos os entrevistados acreditam que a brincadeira pode favorecer a
autoestima das crianças, pois as brincadeiras favorecem as crianças em expressar
suas ideias, pensamentos, a comunicar-se, conhecer a si mesmo e a outro. Pois é
através da linguagem do brincar que as crianças são motivadas a pensar de maneira
autônoma, desenvolvendo a confiança nas próprias capacidades e expressando-se
com autenticidade. A brincadeira favorece a auto estima nas crianças, auxiliando-as
superar progressivamente suas aquisições de forma criativa (BRASIL, 1998, p.27)
CONSIDERAÇÕES
O presente artigo teve por objetivo analisar a brincadeira como ferramenta que
auxilia o desenvolvimento da criança na educação infantil, bem como identificar se
15
as docentes a utilizam na sua aprendizagem. A partir da fundamentação teórica,
observou-se que as brincadeiras integram a cultura infantil, favorecendo a
aprendizagem das crianças por ser caracterizada pela própria linguagem da criança,
que por meio do brincar se comunica, se diverte e aprende.
Sabemos que a brincadeiras faz parte das nossas vidas desde a antiguidade, e
quando descoberta é motivada, as crianças desenvolvem com mais clareza o seu
conhecimento. Processo este que leva as crianças a terem maior qualidade de
compreensão, brincadeiras diárias, os jogos recreativos, favorecem as fantasias.
Com isto as crianças desenvolvem a percepção, seus movimentos, suas posições,
com várias regras tipos e brincadeiras, diferenciando os jogos e outros recursos que
venham ao com as suas necessidades. Estimulando assim suas vontades e desejos,
por meio a tantos desafios e argumentos, poderão ser submetidos a diferentes tipos
de atividades e dinâmicas, porém poderá levar para um mundo repleto de
criatividades e movimentos expressando o seu interior, maior entusiasmo no seu
meio.
Além da interação que, a brincadeira, o brinquedo e o jogo proporcionam, são
fundamentais como mecanismo para desenvolver a memória, a linguagem, a
atenção, a percepção, a criatividade e habilidade para melhor desenvolver a
aprendizagem. Brincando e jogando a criança terá oportunidade de desenvolver
capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais como atenção,
afetividade, o hábito de concentrar-se, dentre outras habilidades. Nessa perspectiva,
as brincadeiras, os brinquedos e os jogos vêm contribuir significamente para o
importante desenvolvimento das estruturas psicológicas e cognitivas do aluno.
Como afirmado anteriormente a intervenção do educador é necessária para
que a criança possa em situações de interação social, ampliar sua capacidade de
apropriação de conceitos. Dentro desse processo o educador é o mediador entre as
crianças e os objetos de conhecimento, organizando e proporcionando espaços e
situações de aprendizagens que estimulem as capacidades de cada criança.
Em complemento a fundamentação teórica, buscou-se por meio da pesquisa
de campo confirmar o presente estudo, sendo possível confirmar que a
fundamentação pratica está em consonância com a fundamentação teórica. As três
docentes entrevistadas defenderam a brincadeira como uma pratica pedagógica que
acontece e auxilia nas aprendizagens na educação infantil.
16
Embora a pesquisa tenha um caráter simbólico, em razão da população
pesquisada, foi possível observar que os docentes reconhecem que a brincadeira
faz parte da fase da infância e que fazem uso dessa prática pedagógica em sala de
aula.
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