1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS EFEITO DE EXTRATOS DA ALGA MARINHA Caulerpa mexicana EM MODELOS DE INFLAMAÇÃO EM MURINOS MARIANA ANGÉLICA OLIVEIRA BITENCOURT Orientadora: Profa. Dra. Janeusa Trindade de Souto NATAL – RN 2011 2 MARIANA ANGÉLICA OLIVEIRA BITENCOURT EFEITO DE EXTRATOS DA ALGA MARINHA Caulerpa mexicana EM MODELOS DE INFLAMAÇÃO EM MURINOS Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFRN, como requisito para a obtenção do grau de Farmacêuticas, Bioanálises. NATAL – RN 2011 mestre área de em Ciências Concentração 3 “Consulte não a seus medos, mas a suas esperanças e sonhos. Pense não sobre suas frustrações, mas sobre seu potencial não usado. Preocupe-se não com o que você tentou e falhou, mas com aquilo que ainda é possível a você fazer”. Papa João XXIII 4 DEDICATÓRIAS À DEUS, Princípio e fim de todas as coisas. Sei que tudo em minha vida tem Seu amor e cuidado. “Grandes são as obras do senhor; nelas meditam todos os que as apreciam”. Salmos 111:2 5 DEDICATÓRIAS Aos meus pais José Maria e Salete Por terem sido fonte eterna de incentivo, inspiração, amor infinito, paciência. Por terem sempre colocado minha educação como prioridade, Pelo carinho, dedicação, por serem meu alicerce, meu existir. Vocês são minha vida, pois com vocês posso chegar onde eu quiser. Sem vocês esta dissertação não existiria. Obrigada por serem o eterno berço onde sei que posso repousar. ESTA DISSERTAÇÃO É DE VOCÊS, MESTRES EM AMOR E DEDICAÇÃO! AMO VOCÊS! À minha Irmã Bárbara. Realmente você é “BÁRBARA”, Minha amiga, companheira, filha e assessora em assuntos de informática, Dedico a você esse trabalho, pois foi fundamental nessa etapa de minha vida. Por sempre acreditar que eu seria capaz de realizar este trabalho. TE ADORO! Ao meu noivo Hélio. Pelo amor, compreensão, paciência, respeito, incentivo, Por ser meio companheiro, amigo e parceiro nesta jornada da vida. Não tenho palavras para agradecer se incentivo e amor. TE AMO! 6 AGRADECIMENTOS É importante dizer que não existem palavras para expressar minha gratidão por estas e por tantas outras pessoas que – por problema de espaço ou de memória – não foram aqui citadas. A todas elas meu carinho e meu muito obrigada! À minha orientadora, Profª Drª Janeusa Trindade de Souto, por me proporcionar orientação e apoio para meu desenvolvimento intelectual e científico; por acreditar em mim e guiar meus passos nesta caminhada. Ao programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da UFRN, pelo suporte oferecido no desenvolvimento da pesquisa e a todos os professores que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste trabalho. Às funcionárias da PPgCF, Fábia e Aureliana, pela disponibilidade em ajudar sempre que necessário. À Profª Drª Bárbara Viviana de Oliveira Santos, por ter gentilmente cedido os extratos da Caulepa mexicana. Às Profª Drª Regina de Fátima dos Santos Braz e Profª Drª Lucymara Fassarella Agnez Lima, por terem gentilmente disponibilizado seus laboratórios para a realização de alguns ensaios. Aos Profª Drª Carlos Augusto Galvão Barboza e Profª Drª Ericka Janine Dantas da Silveira, pelas análises histológicas, paciência e atenção. Às colegas e amigas do laboratório de Imunofarmacologia, por terem participado de forma tão especial desta dissertação, cuja ajuda foi muito importante para a realização deste trabalho, meu carinho e agradecimento a vocês. Aos colegas de pós-graduação, que compartilhamos juntos momentos alegres, como também muitas angustias, tenho por vocês um grande respeito e amizade sincera. 7 Ao seu Raimundo, Dona Ana e Costa, funcionários do biotério, pela ajuda com os animais. Aos animais que vítimas solicitadas pela ciência para o benefício da humanidade, o meu respeito e eterna gratidão. Às Profª Drª Ana Cláudia Galvão Freire e Profª Drª Edna Marque de Araújo Silva, que me receberam na disciplina de Parasitologia Clínica com todo o carinho, agradeço os ensinamentos, palavras de carinho, incentivo e amizade. Exemplos de docente e de pessoas, generosas, espelho para quem quer seguir a vida acadêmica. Ao REUNI, pela bolsa de assistência ao ensino. Às minhas avós Elpídia e Ana, pelas orações e carinho, vovó Elpidia, muito obrigada pelas palavras de sabedoria e conselhos tão preciosos, ao vovô João, que não está mais entre nós, exemplo de sabedoria e honestidade, me ensinou a lutar pelos meus sonhos, guardarei seu amor para sempre, vocês são responsáveis por quem sou hoje. Aos meus familiares de sangue ou de coração, em especial minha tia Marli, agradeço o apoio, confiança, todas as orações, vocês são companheiros de todas as horas. À minha querida “Mainha Mom”, por ter me amado como filha, desde sempre, tenho o privilégio de ter você como mãe de coração. À minha amiga, irmã, companheira e cúmplice, Anna Gabriella, que esteve ao meu lado me apoiando e incentivando, sempre disposta a escutar meus dilemas e aborrecimentos, meu agradecimento mais do que especial, por você fazer parte da minha vida desde quando eu nem sabia o que era amizade. Aos meus queridos Simplício, Wantuilson, Aline e Flavianne, por sempre apostarem nos meus sonhos, agradeço a torcida e amizade, vocês são os irmãos que meu coração escollheu. I 8 RESUMO A regulação da resposta inflamatória é essencial para manter a homeostase. Diversos estudos têm sido realizados para a pesquisa de novas drogas que possam contribuir para evitar ou minimizar um processo inflamatório excessivo. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de extratos de algas verde Caulerpa mexicana em modelos de inflamação. Em camundongos, o modelo de peritonite inflamatória induzida por zimosam o tratamento prévio de camundongos com extrato aquoso e metanólico de C. mexicana foi capaz de reduzir a migração celular para a cavidade peritoneal. O tratamento dos camundongos com os extratos da C. mexicana também diminuiu o edema de orelha induzido por xilol e exerceu ação inibitória da migração de leucócitos em inflamação induzido pelo zimosam na bolsa de ar, sendo tempo-dependente para os extratos testados, no modelo de colite ulcerativa induzida por DSS 3%, o extrato metanólico, mas não o aquoso da C. mexicana, reduziu de forma significativa o quadro clínico da colite, como também a produção de citocinas pró-inflamatórias na cultura do cólon do camundongo, na análise histológica houve uma leve redução da inflamação na mucosa intestinal. Concluímos que a administração dos extratos resultou na redução da migração de células para diferentes modelos experimentais, bem como reduzir a formação de edema induzida por irritante químico. Este estudo demonstra pela primeira vez o efeito anti-inflamatório do extrato aquoso e metanólico da alga verde marinha Caulerpa mexicana. 9 ABSTRACT The regulation of the inflammatory response is essential to maintain homeostasis. Several studies have been performed to search new drugs that can contribute to avoiding or minimizing an excessive inflammatory process. The aim of this study was to evaluate the effect of extracts of green algae Caulerpa mexican in models of inflammation. In mice, the model of peritonitis induced inflammatory zymosan pretreatment of mice with aqueous and methanol extracts of C. mexican was able to reduce cell migration to the peritoneal cavity. Treatment of mice with extracts of C. mexican also reduced the ear edema induced by xylene and exerted inhibitory action on the migration of leukocytes in inflammation-induced zymosan the air pouch, and timedependent for the extracts tested in the model of ulcerative colitis induced by DSS 3%, the extract methanol, but not the aqueous C. mexican, significantly reduced the clinical symptoms of colitis, as well as the production of proinflammatory cytokines in the culture of mouse colon, in the histological analysis there was a slight reduction of inflammation in the intestinal mucosa. We concluded that the administration of the extracts resulted in the reduction of cell migration to different sites as well as reducing the edema formation induced by chemical irritant. This study demonstrates for the first time the antiinflammatory effect of aqueous and methanolic extracts from green marine algae Caulerpa mexican. II10 LISTA DE ABREVIATURAS AINES – Anti-inflamatórios não esteriodal DAMPS – Moléculas padrão associados a danos moleculares DC – Doença de Crohn DCs – Células dendridicas DSS – Dextrana Sulfato de Sódio GAGs – Glicosaminoglicanos i.p. – Intraperitoneal i.v. – Intravenoso IL-1 – Interleucina 1 IL-10 – Interleucina 10 IL-17 – Interleucina 17 IL-4 – Interleucina 4 IL-5 – Interleucina 5 IL-6 – Interleucina 6 IL-8 – Interleucina 8 IFNγγ – Interferon γ NFkB – Fator de transcrição nuclear kB PAMPs – Padrões moleculares associados aos patógeno PGs – Prostaglandinas PMN – Polimorfonucleares PRR – Receptores de reconhecimento padrão PSGL-1 – Glicoproteína-P selectina-1 s.c. – Subcutânea TGF-β - Fator de transformação do crescimento beta TH1 – Linfócito T help 1 TH17 – Linfócito T help 17 TH2 – Linfócito T help 2 TNF – Fator de necrose tumoral TNF-α – Fator de necrose tumoral-α Treg – Células T regulatórias UC – Colite ulcerativa 11 III LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Ativação da resposta imune 19 FIGURA 2: Processo de captura, rolamento e migração transendotelial de leucócitos ao longo do vaso sanguíneo 23 FIGURA 3: Caulerpa mexicana 31 FIGURA 4: Avaliação da produção de IL-6 e IL-12 em macrófagos murinos cultivados com os extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana 45 FIGURA 5: Efeito do extrato aquoso e metanólico de Caulerpa mexicana em modelo de peritonite induzida por zimosam 49 FIGURA 6: Efeito dos extratos aquoso e metanólico de Caulerpa mexicana na cinética de migração leucocitária em modelo de peritonite induzida por zimosam 51 FIGURA 7: Efeito dos extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana sobre a migração de leucócitos em modelo de bolsa de ar no dorso do camundongo 57 FIGURA 8: Efeito dos extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana sobre a cinética de migração de leucócitos na bolsa de ar induzida por zimosam 59 Figura 9: Efeito dos extratos metanólico e aquoso de C. mexicana na cinética da migração de monócitos e de neutrófilos para bolsa de ar induzida por zimosam 60 FIGURA 10: Desenvolvimento do peso corporal em modelo de colite induzida por DSS 3% 63 12 FIGURA 11: Efeito do extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana no índice de atividade da colite (IAD) induzida por DSS 3% em camundongos 64 BALB/c FIGURA 12: Histologia do cólon de camundongos, em modelo de colite induzida por DSS 3% em camundongos BALB/C, avaliação do efeito dos extratos metanólico e aquoso de Caulerpa mexicana 67 Figura 13: Efeito da administração do extrato metanólico sobre os níveis de IL6, IL-17 e IFNγ na colite induzida por DSS3% em camundongos BALB/c 69 IV 13 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Distribuição dos grupos em modelo de peritonite induzida por zimosam (1mg/mL), utilizando o extrato metanólico ou aquoso como droga de escolha 37 TABELA 2: Distribuição dos grupos na cinética da peritonite induzida por zimosam (1mg/mL) como a dose de escolha dos extratos em estudo 38 TABELA 3: Distribuição de grupos no modelo de edema de orelha, utilizando o extrato metanólico ou aquoso como substância a ser testada 39 TABELA 4: Distribuição dos grupos do modelo de bolsa de ar 40 TABELA 5: Distribuição dos grupos na cinética da bolsa de ar induzida por zimosam (1mg/mL) com a dose de escolha dos extratos em estudo 41 TABELA 6: Distribuição de grupos no modelo colite induzida por dextrana sulfato de sódio em Balb/c 43 TABELA 8: Efeito da C. mexicana e dexametasona em modelo de edema de orelha induzido por xilol em camundongos 53 14 SUMÁRIO: RESUMO I LISTA DE ABREVIATURAS II LISTA DE FIGURAS III LISTA DE TABELAS IV 1.0 – INTRODUÇÃO 16 2.0 – OBJETIVOS 32 2.1 – OBJETIVO GERAL 32 2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS 32 3.0 – MATERIAIS E MÉTODOS 35 3.1 – Aprovação do comitê de ética 35 3.2 – Animais de experimentação 35 3.3 – Extratos aquoso e metanólico da C. mexicana 35 3.4 - Cultura de macrófagos 36 3.5 – Modelo de peritonite induzida pela injeção de zimosam 36 3.6 – Edema de orelha induzido por xilol 38 3.7 – Modelo de bolsa de ar no dorso do camundongo 40 3.8 – Modelo de colite induzida por dextrana (DSS) 41 3.9 – Análises estatísticas 43 4.0 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 44 4.1 – Avaliação da produção de IL-6 e IL-12 em macrófagos murinos cultivados com os extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana 44 4.2 – Efeito dos extratos aquoso e metanólico de Caulerpa mexicana em modelo de peritonite induzida pela injeção de zimosam __ 47 4.3 – Avaliação do efeito dos extratos aquoso e metanólico da C. mexicana em modelo de edema de orelha induzido por xilol 52 15 4.4 – Efeito dos extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana em modelo de inflamação induzido por zimosam em bolsa de ar no dorso do camundongo 56 4.5 – Avaliação do efeito dos extratos aquoso metanólico de Caulerpa mexicana em colite induzida por dextrana sulfato de sódio 3% 61 5.0 – CONCLUSÕES 74 6.0 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 76 16 1. INTRODUÇÃO: A inflamação, denominada phlogosis pelos gregos e inflammatio em latim, é um dos mecanismos mais primitivos de defesa do organismo animal a invasão por microorganismos patogênicos. Os sinais cardinais da inflamação foram descritos na era clássica por Aulus Celsus: rubor (eritema), calor (temperatura elevada), tumor (edema) e dor. Um quinto sinal, perda da função foi acrescentado por Rudolf Virchow. No século XVIII, Jonh Hunter verificou a dilatação dos vasos sanguíneos e Julius Cohnhein associou inflamação à migração de leucócitos através das paredes da microvasculatura. No final do século XIX, Eli Metchnikoff enfatizou o papel da fagocitose no processo inflamatório, enquanto a importância dos mediadores químicos foi descrito posteriormente por Thomas Lewis em 1927 (MURPHY & WARD, 2006). Para enfrentar a invasão por um patógeno, nosso organismo recorre a uma variedade de respostas de defesa, dentre as quais se destaca a reação inflamatória (MAHAJAN et al., 2005). Por outro lado, o processo inflamatório que pode ser desencadeado contra outros tipos de lesões causadas por substâncias químicas, luz ultravioleta, calor, substâncias inócuas externas, isquemia, interações antígeno-anticorpo ou contra os próprios tecidos do corpo (distúrbios autoimunes) (CARVAHO & LEMÔNICA, 1998; MAHAJAN et al., 2005). Cada tipo de estímulo provoca um padrão característico de resposta, que representa uma variação relativamente pequena do mesmo tema (CASTELLHEIM et al., 2009). A resposta inflamatória, portanto, consiste de uma intrincada, altamente regulada e coordenada ação de várias moléculas e tipos celulares. Dessa 17 forma, um processo inflamatório devidamente regulado protege o hospedeiro de infecções e permite o remodelamento da estrutura e re-estabelecimento da função dos tecidos danificados após o processo de injúria (YAN & HASSON, 2007). Portanto, durante uma infecção causada por microorganismos, uma injúria tecidual ou um trauma cirúrgico ocorre liberação de mediadores químicos endógenos e exógenos que em geral deflagram os sinais cardinais da inflamação (SERHAM et al., 2008). Atualmente, sabe-se que estes sinais são expressões, na mesma sequência, da vasodilatação e aumentada permeabilidade da microcirculação possibilitando maior oferta local de nutrientes e de oxigênio, produção energética, extravasamento de líquido para o interstício, provocando o intumescimento e o edema, irritação de terminais nervosos com provocação de dor, sendo consequências da liberação de mensageiros fisiológicos químicos encontrados no local da lesão, particularmente, as citocinas (SOUZA, 2008). A resposta inflamatória ocorre em três fases distintas, sendo cada uma aparentemente mediada por diferentes mecanismos: a primeira é uma fase transitória aguda, caracterizada por vasodilatação local e aumento da permeabilidade capilar; já na segunda ocorre a fase subaguda tardia, caracterizada mais proeminentemente pela infiltração de células fagocíticas e outros leucócitos; e a terceira como sendo uma fase proliferativa crônica, em que ocorrem degeneração tecidual e fibrose. As duas primeiras fases são desejáveis e importantes e podem ser consideradas benignas dentro de padrões em que as atividades celulares e os mediadores permanecem apropriadamente regulados e podem ser identificados através de alterações 18 locais notáveis por sinais e sintomas (SANTOS JUNIOR, 2003). A capacidade de desencadear uma resposta inflamatória é essencial para manter a homeostase do organismo, sendo esse um mecanismo importante da resposta imune e a força motriz do sistema imune é a necessidade de reconhecimento e combate a agentes que venham causar danos aos tecidos. Assim, a resposta inicial contra agentes estranhos é organizada e executada pela imunidade inata, influenciada pelo sistema neuroendócrino (MEDZHITOV, 2008). Portanto, num processo infeccioso, a resposta inflamatória começa com a detecção de perigo pelos receptores de reconhecimento padrão (PRR) presentes nas células imunológicas competentes e no endotélio (CASTELLHEIM et al, 2009; KONO, 2008 ). Dentre essas células se destacam as células dendríticas (DCs) que estão presentes em todos os tecidos, sendo células apresentadoras de antígeno profissionais, dotadas de PRR que reconhecem as características únicas de moléculas microbianas, chamadas de padrões moleculares associados aos patógeno (PAMPs). Quando os PAMPs estão presentes, por exemplo, em uma infecção, eles são reconhecidos pelos receptores presentes nas DCs, que são estimuladas a migrar para tecidos linfóides e apresentar os antígenos ligados ao MHC e moléculas coestimuladoras para as células T. Alguns estudos sugerem que o evento chave que controla o início de uma resposta imune não é necessariamente uma infecção, mas pode ser também a produção de sinais de perigo (DAMPS) de células estressadas, danificadas e/ou mortas no tecido local. Estes foram postuladas para agir nas DCs de forma que também os leva a migrar e apresentar antígenos às células T de forma imunoestimulatória. Tem sido 19 especulado que DAMPS podem ser produzidas em resposta a PAMPs e realmente ser o mediador final da promoção de respostas imunológicas em todas as situações, incluindo a infecção. Também é possível que DAMPS e PAMPs possam alertar o sistema imune de forma independente e talvez até de forma sinérgica (KONO et al., 2009). A ativação das células imunes é um dos pré-requisitos para a iniciação da inflamação, através do desencadeamento da produção de mediadores inflamatórios (figura 1). Agente estranho Célula dendrítica Morte celular Micróbio Antígeno Amadurecimento Complexo PRR MHC-ppt Linfonodo Célula T Coestimulação Migração FIGURA 1: Ativação da resposta imune. Fonte: adaptado de KONO et al., 2009. Percebido sinais de perigo, através de vias específicas de sinalização, ocorre ativação do fator de transcrição nuclear kB (NFkB) e outros fatores de transcrição de genes e sistemas de regulação que autoregulam a expressão de 20 mediadores pró-inflamatórios. Os mediadores pró-inflamatórios produzidos estimulam ainda mais a produção de biomarcadores que participam da inflamação (CASTELLHEIM et al, 2009; MEDZHITOV, 2008). Na fase inicial da inflamação ocorrem eventos vasculares levando a alterações no fluxo e calibre dos vasos da microcirculação, esse processo tem início logo após a injúria e desenvolve-se em velocidades variáveis, conforme a intensidade da lesão. Essas alterações consistem em vasoconstricção arteriolar inicial, com duração de segundos, seguida por uma vasodilatação e por aumento da permeabilidade vascular, principalmente venular, a qual é produzida por diversos mediadores, tais como histamina, serotonina, bradicinina e prostaglandinas, que mediam a contração das células endoteliais, abrindo as junções intercelulares (SERHAN, et al., 2008). Em seguida, ocorre abertura dos esfíncteres pré-capilares, aumentando o fluxo sanguíneo local, que é causa do calor e eritema. Além disso, há saída de íons e pequenas moléculas, como água, seguida por moléculas maiores, como albumina e fibrinogênio. A passagem de proteínas para o meio extravascular associada ao aumento da pressão hidrostática local permitirá maior influxo de líquido e seu acúmulo no tecido intersticial, resultando na formação do edema (MURPHY & WARD, 2006). O exsudato líquido contém uma variedade de substâncias e mediadores, o qual é drenado pelos vasos linfáticos e transportado até os linfonodos locais, onde produtos do micro-organismo invasor podem iniciar uma resposta imune (KONO, 2008). A inflamação aguda tem vários processos programados, incluindo a progressão para fibrose tecidual crônica ou o reparo do tecido por completo. O 21 mecanismo usado para debelar o patógeno do tecido injuriado é a infiltração de células fagocíticas do sistema imune inato, neutrófilos e macrófagos, pelas vênulas pós-capilares através de diapedese, em que são atraídos pela detecção de gradientes de concentração de substâncias quimioatraentes. Estes compostos quimioatraentes são mediadores lipídicos endógenos, tais como leucotrienos e proteínas mediadoras, como quimiocinas e citocinas, bem como liberação de quimioatraentes exógenos, por exemplo, produtos microbianos. A progressão da infiltração de células é liderada por subtipos específicos de leucócitos, ou seja, fagócitos, sendo os neutrófilos as primeiras a entrarem no tecido injuriado, seguido por monócitos (SERHAN et al, 2008). O recrutamento de leucócitos desempenha um papel importante na resposta imune a agentes infecciosos e durante doenças inflamatórias e autoimunes. O processo de extravasamento de leucócitos do sangue para o tecido inflamado requer uma complexa cascata de eventos adesivos entre os leucócitos e o endotélio (CHAVAKIS et al., 2009; ZARBOCK et al., 2009). Dessa forma, no decorrer do processo inflamatório, os leucócitos circulantes no sangue periférico aproximam-se da parede vascular ativada pela ação de citocinas pró-inflamatórias, como TNF e IL-1, produzidas por macrófagos ativados por PAMPs ou DAMPs (DEKKER & SEGAL, 2000). O recrutamento de leucócitos é crucial no curso de uma infecção, pois proporciona o direcionamento de células fagocíticas para o sítio de infecção. No entanto, esse processo de migração celular não é tão benéfico em doenças inflamatórias, tais como doenças autoimunes, e doenças pulmonares crônicas. A diapedese compreende várias etapas, incluindo: (i) a inicial que é selectina 22 dependente com captura de leucócitos circulantes, (ii) a ativação de leucócitos induzida por quimiocinas, (iii) a adesão firme mediada por integrina e (iv) a migração transendotelial de leucócitos. Finalmente os leucócitos migram na matriz extracelular (LEY et al., 2007; CHAVAKIS et al., 2009). O endotélio vascular tem um papel ativo no processo de rolamento de leucócitos. As células endoteliais expressam E- e P-selectina, sendo moléculas importantes para capturas das células circulantes (LUSTER et al., 2005). As interações transitórias e reversíveis de rolamento entre leucócitos e endotélio são mediadas pela fraca ligação entre as selectinas com seus carboidratos ligantes, tais como a glicoproteína-P selectina-1 (PSGL-1) (CHAVAKIS et al., 2009). O PSGL-1 presente nos leucócitos liga-se à E e a P-selectina endoteliais. A P-selectina é armazenada em corpos de Weibel-Palade, e estímulos inflamatórios induzem sua rápida exposição sobre a superfície apical endoteliais, enquanto a E-selectina é sintetizada devido à estimulação próinflamatória (ZARBOCK et al., 2009). Além disso, os leucócitos em rolamento pelo vaso expressam integrinas em estado de baixa afinidade, que aumenta após ativação dessas células pelas quimiocinas produzidas pelo endotélio vascular ativado. As integrinas agora em estado de alta afinidade estabilizam a ligação mediada pelas selectinas, reduzem a velocidade de rolamento favorecendo a adesão dos leucócitos ao endotélio vascular, promovendo sua passagem, por diapedese, do sangue para os tecidos (LUSTER et al., 2005; LEY et al., 2007; CHAVAKIS et al., 2009). A diapedese envolve desmontagem transitória de junções endoteliais e penetração através da membrana basal subjacente. Uma vez no espaço extravascular, a migração de células usa 23 integrinas diferentes para ganhar aderência em fibras de colágeno, tais como laminina e fibronectina. A migração de células recebe sinalização de conjuntos distintos de quimioatraentes, esse fenômeno envolve a interação dos agentes quimiotáticos com seus receptores específicos, presentes na membrana dos leucócitos resultando na movimentação celular através da matriz extracelular em direção ao gradiente quimiotático. (LUSTER et al., 2005; ZARBOCK et al., 2009 ), figura 2. Figura 2: Processo de captura, rolamento e migração transendotelial de leucócitos ao longo do vaso sanguíneo. Fonte: crono.icb.usp.br Os mediadores químicos responsáveis pelos eventos inflamatórios podem originar-se do plasma, em formas precursoras que devem ser ativadas, e de células, onde podem estar armazenados nos grânulos intracelulares ou serem sintetizados originalmente em resposta a estímulos. Além disso, podem atuar em um ou vários tipos celulares, possuir alvos difusos, ou até mesmo apresentar efeitos diversos de acordo com os tipos de células e tecidos 24 (MURPHY & WARD, 2006). Os principais mediadores envolvidos na inflamação incluem histamina, serotonina bradicinina, metabólitos do ácido araquidônico (AA), neuropetídeos, óxido nítrico (NO), espécies reativas de oxigênio (ROS), citocinas, dentre outros (CASTELLHEIM et al., 2009). As citocinas são mediadores polipeptídicos liberados por células do sistema imune como produtos finais da resposta celular a diferentes mensagens recebidas em sua superfície, que medeiam e regulam reações imunológicas e inflamatórias. Apresentam ação direta sobre os receptores celulares, mas também podem induzir a formação de outras citocinas, constituindo uma cascata de amplificação (ZARBOCK et al., 2009; CASTELLHEIM et al., 2009). Várias citocinas diferentes desempenham um papel essencial na coordenação do processo inflamatório e ativação das células que chegam ao foco inflamatório, especialmente a interleucina 1 (IL-1), IL-6 e o fator de necrose tumoral (TNF). Macrófagos ativados estão entre as células que mais produzem essas citocinas pró-inflamatórias, juntamente com a IL-12 que é um potente agente imunoestimulante, ativadora de linfócitos T auxiliares (Th1) e células natural killer (NK). TNF, IL-1 e IL-6 por sua vez induzem a expressão de numerosos genes para promover as respostas próinflamatórias, causando ativação do endotélio vascular e produção de proteínas de fase aguda (LUSTER et al., 2005). Essas citocinas pró-inflamatórias parecem atuar em conjunto e com fatores de crescimento e outras citocinas, como a IL-8 e outras quimiocinas, promovendo a infiltração e ativação dos neutrófilos, que são as primeiras células a chegarem ao foco inflamatório (LUSTER et al., 2005). Essas citocinas também atuam na indução da enzima 25 ciclooxigenase e lipooxigenase, no aumento da expressão das moléculas de adesão e ativação das células T, B e NK. Outras ações desses agentes provavelmente contribuem para a fibrose e a degeneração tecidual da fase proliferativa crônica da inflamação: estimulação da proliferação dos fibroblastos, indução da colagenase e ativação dos osteoblastos (SPRINGER, 1995; CASSATELLA, 1995). Os processos inflamatórios agudos como a sepse, se não forem devidamente controlados, podem levar o hospedeiro à morte e inflamações crônicas, como a asma e doenças autoimunes podem causar danos teciduais que podem ser irreparáveis com perda da função do tecido ou órgão afetado, como por exemplo, nas doenças inflamatórias do intestino. A doença de Crohn e colite ulcerativa são exemplos de doenças inflamatórias intestinais (DII), e são manifestações de numerosas desordens imunológicas associadas com resposta imune celular e humoral. Apesar de sua etiologia e patogênese ainda não serem bem definidas, sabe-se que fatores genéticos em combinação com fatores ambientais contribuem para a iniciação dessas doenças (CHEN, et al; 2008), que se caracterizam por sintomas como perda de peso, diarréia acompanhada de sangue e/ou muco, febre, desmotilidade gástrica e dor abdominal (KWON, et al, 2007; YOON, et al; 2008). O desenvolvimento das doenças inflamatórias intestinais como a colite ulcerativa atinge primariamente a camada superficial da mucosa do cólon, onde análises histológicas mostraram extenso dano nas criptas e epitélio celular, 26 significante infiltração de granulócitos e células imunes mononucleares, edema tecidual e muitas vezes franca ulceração (STROBER et al, 2002). Evidências em modelos animais indicam que a falha nos mecanismos de supressão da imunidade para antígenos intestinais estranhos ao organismo leva a essa desordem inflamatória. Por exemplo, ativação de células imunes como neutrófilos, macrófagos e células T citotóxicas, causa agressão e destruição da barreira intestinal, quer seja através do contato físico direto ou indiretamente através da liberação de citocinas como TNF-α, IL-1-β e IL-6 (SARTOR, 2006; PAPADAKIS & TARGAN, 2008). Apesar da doença de Crohn e a colite ulcerativa apresentarem semelhanças na resposta a antígenos na mucosa intestinal, essas duas doenças apresentam fisiopatologia consideravelmente diferentes. Estudos mostram que a doença de Crohn está associada a uma resposta mediada por células Th1 (FICHTNER-FEIGL et al., 2005), promovendo um perfil de citocinas (IFN-γ, IL-2 e TNF-α) que gera uma forte resposta imune celular, sendo geralmente observada em casos clínicos de inflamação crônica e tem sido implicada tanto no desenvolvimento da doença de Crohn como na esclerose múltipla e artrite (BONDER et al., 2005). Por outro lado, a colite ulcerativa está provavelmente associada a uma resposta Th2 mediada por células especializadas, como as células T NK e secreção de IL-13 e IL-4, fato esse ainda não elucidado (FICHTNER-FEIGL et al., 2005; SHIH & TARGAN, 2008). Acredita-se que um fator que leva ao desenvolvimento da colite ulcerativa é o desequilíbrio da resposta imune Th1/Th2, tendo nesse tipo de doença predominância da resposta Th2 (IHARA et al, 2009), em que a liberação de 27 citocinas, por exemplo, IL-4 e IL-13, esteja associada com a hipercontratilidade do músculo liso intestinal, porém esse mecanismo ainda não está totalmente esclarecido (AKIHO et al., 2005; IHARA et al, 2009 ). Tem sido mostrado que o desequilíbrio da resposta das células T leva a uma alteração na expressão de citocinas na mucosa e células dendrídicas têm sido caracterizadas como células produtoras de citocinas (IL-6 e TGF-β) que induzem um padrão de resposta imune Th17, que atua como participante dessa reação inflamatória (TAKEDATSU et al, 2008). Afirma-se também que a composição da microbiota intestinal é regulada pelo balanço entre as células Th17 e T regulatórias (Treg) na lâmina própria. O desequilíbrio da expressão dessas células com o consequente aumento das células Th17 leva a susceptibilidade de um processo inflamatório, podendo assim levar ao desencadeamento da colite (IVANOV et al, 2009). Células Th17 participam de respostas inflamatórias e têm funções essenciais na defesa do hospedeiro contra patógenos, como bactérias e fungos, particularmente aqueles encontrados nas mucosas, e também estão envolvidas no desenvolvimento de doenças autoimunes, uma vez que essas células produzem citocinas quimioatraentes de neutrófilos, sabidamente envolvidos na fagocitose dos citados patógenos e também na patologia de algumas doenças autoimunes, como a colite ulcerativa (AUJLA et al. 2008). O tratamento das doenças inflamatórias intestinais (DII) só pode ser iniciado a partir do diagnóstico do tipo de enfermidade. O diagnóstico assim como diferenciação entre doença de Crohn e colite ulcerativa pode ser feito de maneira precisa na maioria dos pacientes, baseado no histórico do paciente, 28 exame físico, ileocolonoscopia, exame por enema de duplo-contraste de bário, biopsia e análise microbiológica (BOSSUYT, 2006). Dentre as substâncias mais empregadas em DII, destacam-se os derivados do ácido 5-aminosalicílico, corticosteróides, imunossupressores e, mais recentemente, as chamadas terapias biológicas, envolvendo o uso de anticorpos anti-TNF (infliximab, adalimumab, certolizumab), anticorpos bloqueadores de quimiocinas e moléculas de adesão (natalizumab), anticorpos monoclonais anti-IL-12/IL-23 p40 (ustekinumab e ABT-874) e anti-IL-6 (tocilizumab), anticorpo anti-CD25 de células T (basiliximab), proteínas de fusão que bloqueiam moléculas coestimulatórias, como CD80/CD86 (abatacept), IL-10 humana recombinate (STALLMACH et al., 2010). O tratamento convencional envolve uso de aminossalicilatos, corticosteróides e imunossupressores, que demonstram eficácia na maioria das vezes, mas nem todos os pacientes podem fazer uso desses medicamentos concomitantemente, sendo uma alternativa o uso da terapia biológica com os anticorpos (STALLMACH et al., 2010). De maneira geral, estes medicamentos apresentam diversos efeitos colaterais, são de alto custo, na maioria das vezes são ineficazes quando empregados isoladamente e a administração concomitante pode elevar o número de efeitos colaterais (infecções, tumores), sem considerar que existe uma alta taxa de reincidência da doença após a realização do tratamento com tais fármacos (STALLMACH et al., 2010; CAO et al., 2005). Tendo em vista esse problema, há interesse em pesquisar a eficácia de produtos naturais no tratamento e prevenção das DIIs como a doença de Crohn 29 e a colite ulcerativa. Atualmente existem várias pesquisas comprovando a eficácia de produtos herbais para o tratamento da inflamação. Um estudo realizado por AL-SAGHIR, et al (2009), foi observado que o extrato da planta Centaurea ainetensis apresentou atividade anti-inflamatória no tratamento da colite. Este panorama revela um rumo inovador da terapêutica para o tratamento das DIIs, porém, as plantas medicinais apresentam um atrativo a mais como objeto de estudo, por representarem uma fonte importante de novos compostos ativos. Visto isso a indústria farmacêutica tem investido suas pesquisas em medicamentos fitoterápicos, tendo como base a medicina popular e a biodiversidade de nossa flora. As plantas tem sido à base de muitos sistemas tradicionais de medicamentos como a homeopatia e a fitoterapia no tratamento de várias doenças. Além disso, as plantas medicinais são amplamente utilizadas na pesquisa de novas drogas, uma vez que representam uma fonte rica de compostos com atividade farmacológica. O conhecimento tradicional medicamento, juntamente com técnicas modernas tem acelerado o processo de descoberta de drogas derivadas de plantas (ITOKAWA et al. 2008; SAKLANI & KUTTY, 2008; KOLEWE, 2008). Portanto, há uma necessidade de estudar as propriedades curativas das plantas. Estudos têm demonstrado que as drogas derivadas de plantas e preparações de muitas plantas são capazes de alterar a função do sistema imunológico com uma ampla gama de efeitos imunomoduladores. Bem como algumas plantas podem afetar a secreção de citocinas, liberação de histamina, a proliferação de linfócitos e atividade citotóxica (SAKLANI & KUTTY, 2008; PLAEGER, 2003). Interesse em 30 alternativas para a medicina moderna não tem sido maior do que é agora, e uma grande parte desse interesse gira em torno do uso de plantas medicinais como macroalgas marinhas. Vários estudos investigaram como esses compostos naturais exercem os seus efeitos anti-inflamatórios (AL-SAGHIR et al, 2009). A Caulerpa mexicana (Figura 3) é uma alga encontrada no litoral brasileiro (NETO et al, 2008). A literatura mostra que as macrófitas têm muitos compostos bioativos, tais como polissacarídeos, terpenos e alcalóides indólicos extraído a partir deles, que mostram várias atividades farmacológicas, como atividade antitumoral, antiviral, antioxidante, anticoagulante, controle de lipídios, a taxa de crescimento corporal e imunidade do corpo (SHEN et al., 2008; TORRES et al, 2005; ROCHA et al, 2007). Outros estudos mostraram que algumas espécies de Caulerpa têm atividade biológica nos seus extratos com a seguinte ação: atividade antibiótica, citotóxicos e antimitóticos (BALLESTEROS et al, 1992). 31 FIGURA 3: Caulerpa mexicana. Fonte: http://www.sccat.net/#ninebanned-species-in-california-f45a4. Uma vez que nosso laboratório já vem trabalhando com compostos purificados da alga marinha Spatoglossum schröederi, que tem mostrado importantes atividades anti-inflamatórias em diferentes modelos experimentais de injúria pulmonar aguda e artrite e devido à baixa incidência de estudos encontrados com a Caulerpa mexicana e ação biológica de outras espécies do gênero já comprovada, foi então decidido estudar a ação de extratos dessa alga em modelos de inflamação, sendo os objetivos desse trabalho descritos a seguir. 32 2. OBJETIVOS: 2.1. OBJETIVO GERAL Avaliar a ação dos extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana em modelos de inflamação em camundongos. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2.2.1. Pesquisar a produção de IL-6 e IL-12, em macrófagos murinos cultivados com os extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana. A citocina IL-6 é poderoso agente inflamatório liberado por macrófagos ativados, sendo um dos mediadores centrais da inflamação juntamente com TNF e IL-1 (COLEMANN, 2001), essa citocina foi recentemente associada, junto com TGF-β, à diferenciação de células T virgens para o fenótipo Th17, que produz citocinas envolvidas na migração de neutrófilos para os sítios de inflamação (LITTMAN e RUDENSKY, 2010). A IL-12 por sua vez, é uma citocina imunoregulatória, produzida por células dendríticas, macrófagos e células B, sendo uma potente indutora de resposta imune celular mediada pelos linfócitos Th1, produtores de IFN-γ, que age sobre macrófagos aumentando suas funções microbicidas, auxiliando assim na eliminação de microrganismos (SPELLBERG & EDWARDS, 2001). Portanto, foi avaliado o efeito dos extratos aquoso e metanólico da C. mexicana em macrófagos de camundongos quanto à sua capacidade de produzir IL-6 e IL-12. 33 2.2.2. Pesquisar os efeitos de diferentes extratos obtidos da alga Caulerpa mexicana em modelo de peritonite induzida por zimosam: Peritonite é uma inflamação grave que muitas vezes leva a falência múltipla de órgãos e mortalidade (KHAN, 2004). A vantagem desse modelo consiste na quantificação precisa da migração leucocitária por meio do infiltrado celular no exsudato peritoneal. Na peritonite induzida por zimosam há uma rápida resposta inflamatória, apresentando intenso acúmulo de polimorfonucleares (PMN) e citocinas pró-inflamatórias, tais como IL-1, IL-6 e TNF (CHADZINSKA et al, 2005). Com isso, foi pesquisado se diferentes extratos da Caulerpa mexicana apresentam alguma capacidade de inibir a migração de células para cavidade peritoneal de camundongos inoculados zimosam. 2.2.3. Pesquisar os efeitos de diferentes extratos obtidos da alga Caulerpa mexicana em modelo de edema de orelha induzido por xilol. Um dos sinais cardinais da inflamação é a formação de edema e estudos sobre atividade anti-inflamatória de determinados compostos isolados de plantas foram realizados utilizando o modelo de edema de orelha induzido por xilol (HU et al., 2008; PARVEEN et al., 2007). De maneira semelhante, nesse estudo foi avaliada a atividade dos extratos de C. mexicana na formação do edema de orelha induzido por xilol, visto que não há na literatura relatos sobre a função desses extratos em tal modelo de inflamação. 2.2.4. Pesquisar o efeito de diferentes extratos obtidos da alga Caulerpa mexicana em modelo de bolsa de ar no dorso do camundongo induzido por zimosam. O zimosam é uma substância potencialmente inflamatória quando injetada em animais de experimentação, sendo extraído da 34 parede celular do fungo Sacaromyces cerevisiae. Portanto foi avaliado o efeito de diferentes extratos da Caulerpa mexicana em modelo da bolsa de ar no dorso de camundongos, um importante modelo para estudar a inflamação aguda. A administração de zimosam diretamente na bolsa de ar de camundongos induz uma rápida resposta inflamatória caracterizada pelos altos níveis de prostaglandinas (PGs) e leucotrienos no exsudado presente como também a rápida migração de leucócitos para o local da inflamação (ARAICO et al., 2007; YOON et al., 2006). 2.2.5. Pesquisar o efeito de diferentes extratos obtidos da alga Caulerpa mexicana em modelo de colite induzida por dextrana sulfato de sódio (DSS). A colite ulcerativa é uma doença inflamatória crônica da mucosa intestinal, de etiologia desconhecida, que parece resultar de uma série de interações complexas entre susceptibilidade genética, meio-ambiente e sistema imune. Uma das características dessa patologia é um denso infiltrado de neutrófilos na mucosa intestinal com formação de abscesso nas criptas (BALAZS & KOVACS, 1989). Além disso, a retirada de neutrófilos do sangue de pacientes por aférese induz significante melhora em pacientes com colite ulcerativa, sugerindo a participação dessas células nos danos teciduais observados nessa doença. Portanto, foi pesquisado o efeito de diferentes extratos da C. mexicana em modelo colite ulcerativa induzida por DSS. 35 3. MATRIAL E MÉTODOS: 3.1. Animais de experimentação Foram utilizados camundongos Swiss machos (25-35 g) de 6 a 8 semanas de idade provenientes do Biotério Setorial do Departamento de Biofísica e Farmacologia, do Centro de Biociências da UFRN, e camundongos BALB/c fêmeas e machos de 6 a 8 semanas de idade, provenientes do Biotério Setorial do Centro de Ciências da Saúde da UFRN. Os animais foram mantidos em condições de temperatura controlada (22 ± 2 °C), ciclo claro/escuro de 12 horas e com livre acesso a água e ração comercial. Os animais foram mantidos na sala de experimento durante pelo menos uma hora antes da realização dos testes, para adaptação. Os experimentos foram realizados de acordo com as orientações para os cuidados com animais de laboratórios. 3.2. Aprovação do comitê de ética. Os protocolos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob o protocolo de número 044/2009. 3.3. Extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana: A alga Caulerpa mexicana foi coletada no litoral de João Pessoa, PB. Os extratos em estudos foram obtidos e gentilmente fornecidos pela Prof ª. Drª. Bárbara Viviana de Oliveira Santos, do Laboratório de Farmacêutica (LTF) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tecnologia 36 3.4. Cultura de macrófagos. Camundongos BALB/c foram inoculados com 1 mL de tioglicolato de sódio 3% estéril e após três dias esses animais foram sacrificados e os macrófagos colhidos da cavidade peritoneal por lavagem com 5 mL de solução salina 0,9% gelada estéril. A suspensão celular foi centrifugada a 250 x g por 10 minutos a 4°C, o sobrenadante desprezado e o botão celular foi diluído em 1 mL de meio de cultura incompleto RPMI e o número de células determinado em câmara de Neubauer. Os macrófagos (1 x 106/mL) foram distribuídos em placa de 24 poços e incubados em estufa de CO2 com 5% de umidade, por 2 horas para a adesão. Em seguida as células não aderentes foram retiradas por sucessivas lavagens com 1 mL de meio de cultura e adicionado diferentes doses dos extratos aquoso e metanólico (50, 10 e 5 µg/mL) da C. mexicana, e também LPS (100 ng/mL), que sabidamente é um potente indutor ativador de macrófagos (HEINZELMANN et al., 1998). Após 24 horas de cultura os sobrenadantes foram colhidos para determinação dos níveis de IL-6 e IL-12 por ELISA. Foram usados kits da Ebioscience para determinação dos níveis das citadas citocinas, seguindo o protocolo padrão fornecido pelo fabricante dos kits. 3.5. Modelo de peritonite induzido pela injeção de zimosam. Camundongos Swiss foram injetados com os extratos aquoso e metanólico da C. mexicana nas doses de 2 mg/kg, 0.4 mg/kg e 0.2 mg/kg pela via intravenosa e dexametasona a 0,5 mg/kg pela via intraperitoneal. Trinta minutos (30’) após o tratamento com os extratos e a dexametasona, os animais 37 receberam injeção na cavidade peritoneal de 1mL de zimosam (1mg/mL) e 6 horas após, foram sacrificados para a realização do lavado peritoneal. O lavado da cavidade peritoneal dos animais foi feito através da injeção de 5 mL de solução salina 0,9% gelada. A suspensão celular foi centrifugada, o pellet obtido foi diluído em 1mL de solução salina 0,9% e o número de células determinado pela contagem em câmera de Neubauer. Foram utilizados como controles negativos camundongos inoculados apenas com solução salina 0,9% tanto pela via intraperitoneal, como pela intravenosa e como controles positivos camundongos inoculados com zimosam pela via intraperitoneal e com solução salina 0,9% pela via intravenosa. Depois de realizado o experimento doseresposta, uma das doses foi escolhida para fazer o experimento de cinética da migração celular, sendo escolhida a dose de 2 mg/kg. Nesse passo, os animais foram tratados como descrito e o exsudato peritoneal colhido em diferentes tempos (6, 24, 48 horas) após o inóculo com zimosam. Tabela 1 – Distribuição dos grupos em modelo de peritonite induzida por zimosam (1mg/mL), utilizando o extrato metanólico ou aquoso como droga de escolha. GRUPOS Tratamento Intraperitoneal após 30’ Grupo 1 Salina i.v Salina Grupo 2 Salina i.v Zimosam Grupo 3 Ext. Metanólico ou Aquoso 0.2 mg/kg i.v Zimosam Grupo 4 Ext. Metanólico ou Aquoso 0.4 mg/kg i.v Zimosam Grupo 5 Ext. Metanólico ou Aquoso 2 mg/kg i.v Zimosam Grupo 6 Dexametasona 0,5mg/kg i.p Zimosam 38 Tabela 2 – Distribuição dos grupos na cinética da peritonite induzida por zimosam (1mg/mL) com a dose de escolha dos extratos em estudo. GRUPOS Tratamento Intraperitoneal após 30’ Grupo 1 Salina i.v Salina Grupo 2 Salina i.v Zimosam Grupo 3 Ext. Aquoso 2mg/kg i.v Zimosam Grupo 4 Ext. Metanólico 2mg/kg i.v Zimosam Grupo 5 Dexametasona 0,5mg/kg i.p Zimosam 3.6. Edema de orelha induzido por xilol. Camundongos Swiss foram injetados com 100 µL dos extratos metanólico ou aquoso da Caulerpa mexicana nas doses de 2 e 0.4 mg/kg pela via subcutânea e dexametasona (0,5 mg/kg) pela via intraperitoneal. Trinta minutos (30’) após o tratamento com os extratos e a dexametasona, foram gotejados e em seguida pincelados 40µL de xilol sobre a superfície anterior e posterior da orelha direita de cada animal testado, sendo 20µL de xilol em cada face da orelha. Após quinze minutos os animais foram sacrificados, tendo as orelhas removidas. Secções com diâmetro de 7mm foram feitas em cada orelha e pesadas em balança de precisão. O nível de edema foi calculado através da diferença de peso causado pelo irritante, mensurado por subtração de peso da secção de orelha esquerda pelo da secção de orelha direita, que recebeu xilol, para ambos os grupos. Para o controle negativo foi considerada a orelha esquerda dos animais tratados trinta minutos previamente com 100µL de solução salina pela via subcutânea. Para o controle positivo foi utilizada a orelha direita, que recebeu o xilol, em cada animal tratado igualmente com 39 solução salina. A atividade dos extratos metanólico e aquoso da Caulerpa mexicana foram calculados através do percentual de inibição do edema em animais tratados em comparação com os camundongos controle. % Inibição de Edema = 1 - [nDt – nEt] / [nDnt – nEnt] x 100, sendo: - nDt: média aritmética do peso das secções das orelhas direitas de animais tratados com extratos metanólico ou aquoso da C. mexicana; - nEt: média aritmética do peso das secções das orelhas esquerdas de animais tratados com extratos metanólico ou aquoso da C. mexicana; - nDnt: média aritmética do peso das secções das orelhas direitas de animais não tratados; - nEnt: média aritmética do peso das secções das orelhas esquerdas de animais não tratados. Tabela 3 – Distribuição de grupos no modelo de edema de orelha, utilizando o extrato metanólico ou aquoso como substância a ser testada. Tratamento 30' após / Orelha Direita Grupo 1 Salina i.v Xilol Grupo 2 Ext Metanólico ou Aquoso 2 mg/kg i.v Xilol Grupo 3 Ext Metanólico ou Aquoso 0,4 mg/kg i.v Xilol Grupo 4 Dexametasona 0,5 mg/kg i.p Xilol .GRUPOS Tratamento s.c. Tratamento i.p. 40 3.7. Modelo da bolsa de ar no dorso de camundongos. Esse modelo foi realizado de acordo com Vigil et al. (2008) e Yoon et al. (2005, 2006). Para isso, camundongos Swiss foram inoculados com 5 mL de ar estéril no dorso pela via subcutânea, para formação de uma bolsa de ar, após 3 dias os animais receberam no mesmo local nova injeção de ar estéril, desta vez 2,5 mL. No sexto dia, os animais receberam pela via intravenosa, 2 e 0,4 mg/kg dos extratos em estudo e pela via intraperitoneal dexametasona na concentração de 0,5 mg/kg. Trinta minutos (30’) após o tratamento com os extratos e a dexametasona, os animais foram inoculados com 1 mL de zimosam (1 mg/mL) na bolsa de ar. Os animais foram sacrificados após 24 horas, 1 mL de salina 0,9% gelado foi inoculado na bolha e em seguida o exsudato aspirado com seringa. Com esse material foi determinado do número de leucócitos no exsudato. Depois de realizado o experimento dose-resposta, uma das doses foi escolhida para fazer o experimento de cinética da migração celular, sendo escolhida a dose de 2 mg/kg. Nesse passo, os animais foram tratados como descrito e o exsudato da bolsa de ar colhido em diferentes tempos (6, 24, 48 horas) após o inóculo com zimosam. Tabela 4: Distribuição dos grupos do modelo de bolsa de ar. GRUPOS Tratamento Após 30’ na bolsa de ar Grupo 1 Salina i.v Salina Grupo 2 Salina i.v Zimosam Grupo 3 Ext. Metanólico ou Aquoso 2mg/kg i.v Zimosam Grupo 4 Ext. Metanólico ou Aquoso 0,4mg/kg i.v Zimosam Grupo 5 Dexametasona 0,5mg/kg i.p Zimosam 41 Tabela 5 – Distribuição dos grupos na cinética da migração celular bolsa de ar induzida por zimosam (1mg/mL) como a dose de escolha dos extratos em estudo. GRUPOS Tratamento Após 30’ na bolsa de ar Grupo 1 Salina i.v Salina Grupo 2 Salina i.v zimosam Grupo 3 Ext. Metanólico 2 mg/kg i.v zimosam Grupo 4 Ext. Aquoso 2 mg/kg i.v zimosam Grupo 5 Dexametasona 0,5 mg/kg i.p zimosam 3.8. Modelo de colite induzida por dextrana sulfato de sódio (DSS): Nesse modelo foram usados camundongos BALB/c de 6 a 8 semanas de idade, que são susceptíveis ao desenvolvimento de colite induzida por dextrana sulfato de sódio (DSS). A colite experimental foi induzida através da administração de DSS diluída na água de beber dos camundongos na concentração final de 3% (peso/volume) por 14 dias consecutivos, sendo que no 15º recebeu apenas água. Os animais foram tratados pela via intravenosa com a dose de 2 mg/kg dos extratos metanólico ou aquoso da C. mexicana, uma hora antes da liberação da água contendo dextrana. Os animais foram divididos em grupos que recebeu salina intravenosa (i.v.) e bebeu água normal, grupo que recebeu salina i.v. e bebeu água contendo dextrana, e o grupo que recebeu as doses dos extratos i.v. e receberam água contendo dextrana 3%. O consumo de líquido foi monitorado diariamente para certificar que cada grupo estava consumindo quantidades equivalentes de água. Os animais foram tratados em dias alternados com as doses de 2 mg/kg dos extratos pela via 42 intravenosa. Após esse período os animais foram eutanasiados, fragmentos de 0,5cm do cólon ascendente foram usados para análise histológica, como também 0,5cm do cólon transverso foi usado para cultura desse tecido e dosagem de citocinas. A cultura foi realizada lavando exaustivamente os fragmentos do cólon com meio de cultura RPMI suplementado com 2% de soro bovino fetal, posteriormente esses tecidos foram depositados em placa de 24 poços contendo meio de cultura RPMI suplementado com 10% de soro bovino fetal e antibiótico gentamicina. A placa foi incubada em estufa contendo 5% de CO2 umidificada por 24 horas. Após isso, os sobrenadantes foram colhidos para determinação dos níveis de IL-6, IFN-γ e IL-17 por ELISA. Foras usados kits da Ebioscience para determinação dos níveis das citadas citocinas, seguindo o protocolo padrão fornecido pelo fabricante dos kits. Foi avaliado o quadro clínico dos animais em experimentação por meio do índice de desenvolvimento da colite, os níveis de severidade da doença foram determinados da seguinte maneira: ausência de perda de peso ou sangue nas fezes = 0, 1-5% de perda de peso = 1, 5-10% de perda de peso = 2, presença de sangue nas fezes ou em torno do ânus = 2, 10-20% de perda de peso corporal = 3, acima de 20% de perda de peso corporal = 4, sangramento intenso = 4. Relativo a consistência das fezes: fezes bem formadas = 0, fezes amolecidas = 2, diarréia = 4. 43 Tabela 6 – Distribuição de grupos no modelo colite induzida por dextrana sulfato de sódio em Balb/c. GRUPOS Tratamento Intravenoso Água de beber Grupo 1 Salina Água Grupo 2 Salina Água + DSS 3% Grupo 3 Ext. Metanólico 2mg/kg Água + DSS 5 3% Grupo 4 Ext. Aquoso 2mg/kg Água + DSS 5 3% 3.9. Análise estatística. Foram usados a análise de variância (ANOVA), o método paramétrico de Tukey e o test t de studant para determinar as diferenças entre os grupos que foram estimulados com extrato de C. mexicana e aqueles que não foram estimulados. Para realização dessa análise será utilizado o programa estatístico INSTAT, Graph-Pad, San Diego, Califórnia. 44 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO: 4.1. Avaliação da produção de IL-6 e IL-12, em macrófagos murinos cultivados com os extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana: Primeiramente foi avaliada a capacidade dos extratos aquoso e metanólico da C. mexicana em induzir a produção de citocinas próinflamatórias e imunoestimuladoras quando cultivadas com macrófagos murinos. Foi observado que os extratos metanólico e aquoso não foram capazes de ativar esses macrófagos para produção de citocinas próinflamatórias e imunoestimuladoras como a IL-6 (Figura 4A) e IL-12 (Figura 4B), enquanto que as células na presença de LPS, sabidamente estimulador de macrófagos, produziram altos níveis dessas citocinas. Nessa análise o LPS foi usado como controle positivo, pois alguns aspectos da fisiologia dos macrófagos são influenciados de alguma forma pelo lipopolissacarídeo (LPS), um produto das bactérias gram-negativas, induz um aumento no consumo de glicose e oxigênio e então as células adquirem alta capacidade funcional, como a capacidade de matar microorganismos e células tumorais. Desse modo, os macrófagos desenvolveram um eficiente mecanismo para o reconhecimento do LPS, portanto, essa substância está entre os mais potentes estimuladores de macrófagos (ZWILLING & EISENSTEIN, 1994). 45 400 A IL-6 (pg/ml) 300 * 200 100 40 30 20 10 0 M 10 5 0,5 Ext Met (µ µg/ml) 10 5 0,5 LPS Ext Aq (µ µg/ml) 200 * B IL-12 (pg/ml) 150 100 40 30 20 10 0 M 10 5 0,5 Ext Met (µ µ g/ml) 10 5 0,5 LPS Ext Aq (µ µg/ml) FIGURA 4: Avaliação da produção de IL-6 (figura 4A) e IL-12 (FIGURA 4B), em macrófagos murinos cultivados com os extratos aquoso (Ext Aq) e metanólico (Ext Met) da Caulepa mexicana. Macrófagos murinos cultivados com diferentes concentrações dos extratos aquoso e metanólico por 24 horas. *P≤ 0,0001, comparado com meio (M) e os demais grupos. 46 A IL-12 é uma citocina heterodimérica composta pelas cadeias p35 (constitutiva) e p40 (induzível) que se encontram ligadas covalentemente e exercem um grande número de efeitos pleiotrópicos (KOBAYASHI et al., 1989; BRUNDA et al., 1994). Ela é produzida por macrófagos e, em menores proporções, por linfócitos B. A IL-12 atua sobre células NK induzindo a produção de IFN-γ (D’ANDREA et al., 1992; GAZZINELLI et al., 1993). Além disso, a IL-12 induz a diferenciação de células CD4 virgens para o fenótipo Th1 e subsequentemente o desenvolvimento da resposta imune celular. Dessa forma, ela pode constituir uma importante ligação entre os mecanismos da resistência inata e da imunidade adquirida (TRINCHIERI, 2003). Enquanto que a IL-6 é uma citocina multifuncional que atua regulando a resposta imune, hematopoiese, proteínas de fase aguda, entre outras funções indicando que esta citocina desempenha um papel central nos mecanismos de defesa do hospedeiro (KISHIMOTO, 1989), pois pode afetar células T, B e macrófagos, contribuindo para o aumento da inflamação e auxiliando na passagem entre a resposta inflamatória inata e a adaptativa. Além de desempenhar função inflamatória exerce também ação antiapoptótica, atuando em genes fundamentais para o controle do ciclo celular (LIN & KARIN, 2007; GERMANO et al., 2008). Visto que os extratos em estudo não induziram a produção dessas citocinas, pode-se indicar que os extratos aquoso e metanólico da C. mexicana não apresentaram atividade inflamatória in vitro. Podendo então pesquisar sua eficácia no tratamento de processos inflamatórios in vivo. 47 4.2. Avaliação do efeito dos extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana em modelo de peritonite induzido pela injeção de zimosam: O modelo experimental de peritonite permite avaliar a migração leucocitária, por meio da contagem de leucócitos (x106/mL), presentes no exsudato liberado na cavidade peritoneal após administração do zimosam. Observou-se que os grupos tratados com as diferentes doses dos extratos metanólico (Figura 5A) e aquoso (Figura 5B) da alga em estudo apresentaram inibição da migração celular para a cavidade peritoneal quando comparado com o grupo que recebeu apenas zimosam. Para uma maior fidedignidade dos dados foi utilizado uma droga de referência, a dexametasona, que é uma droga anti-inflamatória esteriodal comercialmente conhecida, e assim inibiu de forma significativa a migração celular para o peritônio dos animais que receberam zimosam. Pode ser observado ainda que não houve diferença estatística significante entre os grupos tratados com os extratos aquoso e metanólico nas três doses testadas e o grupo tratado com a dexametasona, ou seja, todos foram capazes, de maneira semelhante, de diminuir significativamente a migração celular para a cavidade peritoneal daqueles animais que receberam zimosam. Portanto, quando comparado ao grupo controle positivo, que recebeu zimosam no peritônio e salina intravenosa, a dexametaxona e extratos da C. mexicana, apresentam atividade anti-inflamatória, demonstrando assim o impedimento da migração leucocitária. Algumas das ações anti-inflamatórias dos corticosteróides podem resultar dos seus efeitos inibitórios sobre a síntese de prostaglandinas. Esse 48 efeito também é medido pela síntese de proteínas, visto que os corticosteróides induzem a síntese de transcortina e macrocortina – proteínas que inibem a síntese de prostaglandinas através da inibição da fosfolipase A2, responsável pela retirada do ácido araquidônico da membrana celular, para produção de prostaglandinas e tromboxanos, este medicamento é amplamente utilizado em casos de doenças auto-imunes como lúpus e psoríase, devido a sua atividade imunossupressora (LUSTER, et al., 2005), no entanto apresenta sérios efeitos colaterais para seus usuários. Atualmente vários estudos são dedicados a pesquisa de produtos naturais em modelos de inflamação, os quais vem apresentando resultados inovadores demonstrando o potencial anti-inflamatório de substâncias extraídas de plantas (AL-SAGHIR, et al.,2009; SAKLANI e KUTTY, 2008; SOUZA et al.,2008, 2009). Diversas espécies de algas do gênero Caulerpa, como a C. racemosa, são alvo de estudo de alguns centros de pesquisas, por exemplo, estudos realizados por SOUZA et al. (2008, 2009) no qual foi comprovado que os extratos dessa alga como também alcalóides purificados da mesma apresentaram atividade anti-inflamatória e analgésica, no entanto polissacarídeos sulfatados extraídos da C. racemosa apresentam comprovada atividade biológica, dentre elas atividade antiviral (GHOSH et al., 2004). O processo pelo qual os extratos usados nesse estudo estão inibindo a migração celular em resposta ao estímulo inflamatório ainda não está elucidado. No entanto, baseado em estudos com produtos obtidos de algas marinhas (HEINZELMANN et al., 1998; ROCHA et al., 2001), pode-se supor que esses extratos possuam substâncias que atuem de forma competitiva ou inibitória 49 A 6 Leucócitos peritoneais (x 10 /ml) 30 * 20 10 0 Salina 0,2 0,4 2 Dexa Ext. Met. (mg/kg) Zimosam (mg/mL) Leucócitos peritoneais (x 106/ml) 25 B * 20 15 10 5 0 Salina 0,2 0,4 2 Dexa Ext. Aq. (mg/kg) Zimosam (mg/mL) Figura 5: Efeito dos extratos aquoso e metanólico de C. mexicana em modelo de peritonite induzida por zimosam. Camundongos Swiss foram tratados com os extratos metanólico e aquoso nas doses de 0.2, 0.4 e 2 mg/kg pela via intravenosa e dexametasona na dose de 0,5 mg/kg intraperitoneal, 30 minutos depois foram injetados intraperitonealmente com 1 mL de zimosam (1 mg/mL). Após 6 horas foi realizado o lavado peritoneal com solução salina e o número de células determinado em câmara de Neubauer. *P≤ 0,001, comparado com salina/salina e os demais grupos tratados. N= 5 50 com o zimosam e seus ligantes por exemplo os receptores do tipo Toll (TLRs) e/ou inibindo a expressão de selectinas, bloqueando a adesão das células ao endotélio vascular ou inibindo os mediadores químicos responsáveis pelo processo edematogênico. Esse(s) mecanismo(s) precisa(m) ser esclarecido(s), sendo matéria de estudos futuros em nosso laboratório. Após ser avaliada a dose resposta dos extratos metanólico e aquoso de C. mexicana sobre a indução da peritonite pelo zimosam, foi avaliada a cinética da resposta (6, 24 e 48 horas) usando uma dose fixa desses extratos (2 mg/kg). Os resultados da Figura 6 mostram que tanto o extrato metanólico quanto o aquoso de C. mexicana inibiu de modo significativo a migração celular para cavidade peritoneal nos três tempos avaliados, inibição essa que não foi nem dose (Figuras 5) nem tempo dependente. Os dados demonstraram que quando comparados com a dexametasona os extratos apresentaram perfis de inibição da migração leucocitária semelhantes à droga de referência. Os extratos em estudo atuam de maneira semelhante nos três tempos estudados, período em que há migração de fagócitos, na sua maioria. Portanto, uma vez que esses extratos apresentam a capacidade de inibir a migração celular nesse período de tempo, podem ser substâncias alvo importantes a serem testadas em modelos de doenças crônicas, como asma e doenças autoimunes. No caso 30 SAL ZIM Ext Met Ext Aq DEXA 6 Leucócitos peritoneais (x 10 /ml) 51 * * 20 * 10 0 6 24 48 HORAS Figura 6: Efeito dos extratos aquoso e metanólico de C. mexicana na cinética de migração leucocitária em modelo de peritonite induzida por zimosam. Camundongos Swiss foram tratados com os extratos aquoso e metanólico na dose de 2 mg/kg pela via intravenosa e dexametasona na dose de 0,5 mg/kg intraperitoneal, 30 minutos depois foram injetados intraperitonealmente com 1 mL de zimosam (1 mg/mL). Após 6, 24 e 48 horas, foi realizado o lavado peritoneal com solução salina e o número de células determinado em câmara de Neubauer. N= 5 52 de doenças autoimunes, a inibição de migração de neutrófilos já tem sido mostrada como importante na melhora do quadro desse tipo de doença, especialmente nas doenças inflamatórias intestinais (CHUNG et al., 2007). 4.3. Avaliação do efeito dos extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana em modelo de edema de orelha induzido por xilol. Edema é um dos sinais cardinais da inflamação, sendo assim, foi avaliado o efeito dos extratos de C. mexicana em modelo de edema de orelha induzido por xilol, pois esse é útil para investigar a atividade anti-inflamatória das substâncias desse estudo em ensaios da fase aguda da inflamação (HU el at., 2008). O xilol causa uma irritação instantânea na orelha do camundongo, levando a formação de edema pela acumulação de líquidos no tecido e a supressão desta resposta é um indício de um provável efeito antiflogístico (PARVEEN et al., 2007; ZHANG et al., 2008). Os resultados obtidos estão demonstrados na tabela 7 e mostram que os extratos aquoso e metanólico, como também a dexamentasona reduziram significantemente o edema de orelha induzido por xilol quando comparado com o grupo tratado com salina, esse efeito foi dose-dependente para o extrato aquoso, mas não para o metanólico, uma vez que ambas as doses desse último extrato inibiu de modo similar o edema. Entretanto o extrato aquoso não obteve o mesmo perfil na atividade anti-inflamatória quando comparado com o extrato metanólico, pois apresentou na dose de 0,4 mg/kg uma maior inibição 53 Tabela 7: Efeito da Caulerpa mexicana em modelo de edema de orelha induzido por xilol em camundongos. Grupos Dose (mg/kg) Peso da orelha direita (mg) Salina (sc) Extrato Metanólico (sc) ______ Extrato Aquoso (sc) 0,4 Diferença das médias (mg) Inibição (%) 68.43 ± 2.283 41.43 ± 3.686 Peso da orelha esquerda (mg) 35.98 ± 1.465 34.00 ± 1.833 32.45 ± 2.603 7.475 ± 2.809 _______ 41.43 ± 3.686 32.98 ± 1.677 8.453 ± 3.500 40.27 ± 4.429 35.33 ± 2.133 4.933 ± 4.916 69.55 ± 4.312 45.10 ± 1.274 24.45 ± 5.212 2 0,4 77,07 %** 73,55%** 2 84,86%*** 25% Dexa 0,5 41.80 ± 32.20 ± 9.600 ± (ip) 1.200 2.100 2.419 n = 5, ** p < 0,001, *** p<0,0001 comparado com o controle 70,60%** 54 do edema (84,86%) do que a dose de 2 mg/kg (25%). Essa diferença na ação das doses ainda não é esclarecida, mas pode-se admitir que esse fato seja ocasionado pelos componentes ativos presentes no extrato aquoso (ainda não conhecidos), em que, quando aumentada a dose, leve a uma inibição da sua atividade anti-inflamatória no modelo de edema de orelha, podendo ser ocasionada por competição entre os compostos bioativos do extrato por receptores responsáveis pela inibição do edema, que quando aumentada a dose, um composto (ainda desconhecido) anula a ação anti-inflamatória do extrato, mesmo assim quando comparados com a dexametasona apresentaram resultados satisfatórios, comprovando a sua atividade antiinflamatória. Testes foram realizados usando a administração intravenosa, mas não obteve resultados satisfatórios. A reação inflamatória aguda tem como característica fisiológica a vascularização tecidual, o aumento da permeabilidade vascular causa o extravasamento de líquido rico em proteínas plasmáticas, incluindo imunoglobulinas, fatores de coagulação e as células nos tecidos lesados com subsequente edema no local (OKOLI et al., 2008). A inflamação induzida pelo xilol desencadeia mecanismos celulares envolvidos na liberação de substâncias bioativas a partir das terminações periféricas de neurônios sensoriais, que agem sobre células-alvos periféricas, tais como mastócitos e outras células do sistema imune, e células da musculatura lisa vascular, produzindo uma resposta inflamatória do tipo neurogênica caracterizada por calor, rubor, edema e hipersensibilidade. Esta inflamação é iniciada pela ação de mediadores, tais como acetilcolina, bradicinina, prostaglandinas e capsaicina. Estes mediadores promovem a excitação dos neurônios, levando à liberação direta dos neuropeptídeos e ativação dos seus 55 receptores, incluindo VR1, B2 e PAR, a qual é promovida, respectivamente, por influxo de cálcio, ativação da proteína quinase C ou desinibição do fosfatidil inositol bifosfato (PIP2) (RICHARDSON & VASKO, 2002). A capsaicina é um mediador cujo mecanismo está relacionado aos canais vanilóides, sendo responsável pela despolarização e pela liberação direta de neuropeptídeos, como a substância P e o peptídeo relacionado ao gene calcitonina (CGRP), os principais iniciadores desse tipo de inflamação. A dexametasona foi usada como parâmetro de comparação com os extratos em estudo. Algumas das ações anti-inflamatórias dos corticosteróides podem resultar dos seus efeitos inibitórios sobre a síntese de prostaglandinas. Esse efeito também é medido pela síntese de proteínas, visto que os corticosteróides induzem a síntese de transcortina e macrocortina – proteínas que inibem a síntese de prostaglandinas através da inibição da fosfolipase A2. As respostas mediadas por células podem ser inibidas indiretamente pela inibição da produção de determinadas citocinas, incluindo o factor de necrose tumoral (TNF) e interleucinas. Embora os extratos usados tenham apresentado efeito similar e até maior ao da dexametasona, no entando não se pode afirmar que o mecanismo de ação da C. mexicana é o mesmo dos corticosteróides, pois seu mecanismo de ação ainda é desconhecido, porém seu efeito antiflogístico assemelha-se à das drogas de referência. 56 4.3. Avaliação do efeito dos extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana em modelo de inflamação induzido por zimosam em bolsa de ar no dorso de camundongos. Zimosam injetado na bolsa de ar no dorso do camundongo causa um rápido influxo de leucócitos (KWON et al., 2003) levando a uma reação inflamatória na cavidade dorsal, no entanto dados da literatura demonstram que a dexametasona apresenta um efeito antimigratório em modelos de inflamação usando a bolsa de ar, quando o zimosam é utilizado como inflamógeno (PERRETTI et al., 1996). Tendo como base esses dados foi então testada o efeito anti-inflamatório dos extratos aquoso e metanólico da C. mexicana usando como parâmetro de comparação os animais tratados com salina e dexametasona. Os dados demonstraram que o grupo que foi tratado com salina e recebeu o zimosam, apresentou uma intensa infiltração leucocitária para o local da inflamação, enquanto que o grupo que recebeu apenas salina sem o zimosam obteve um pequeno influxo leucocitário para a cavidade dorsal do camundongo. Quando comparado os grupos tratados com os extratos metanólico (figura 7A), aquoso (Figura 7B) e dexametasona com o grupo que recebeu salina intravenosa e zimosam na bolsa de ar, pode-se observar que o extrato aquoso apresentou atividade anti-inflamatória nas duas doses testadas e que o metanólico funcionou bem em inibir a migração celular apenas na dose de 2 mg/kg. Após ser avaliada a atividade dos extratos metanólico e aquoso de C. mexicana em diferentes doses sobre a indução da inflamação na bolsa de ar pelo zimosam, foi avaliada a cinética da resposta (6, 24 e 48 horas) usando 40 A 6 Número de leucócitosr (x10 /ml) 57 * 30 20 10 0 SAL 2 0.4 Ext Met (mg/kg) DEXA 40 B 6 Número de leucócitosr (x10 /ml) Zimosam (1 mg/ml) * 30 20 10 0 SAL 2 0.4 Ext Aq (mg/kg) DEXA Zimosam (1 mg/ml) Figura 7: Efeito do extrato aquoso e metanólico da C. mexicana sobre a migração de leucócitos na bolsa de ar induzida por zimosam. Camundongos Swiss foram tratados com os extratos metanólico e aquoso nas doses de 0.4 e 2 mg/kg pela via intravenosa e dexametasona na dose de 0,5 mg/kg intraperitoneal, 30 minutos depois foram injetados na bolsa de ar com 1 mL de zimosam (1 mg/mL). Após 24 horas o exudato inflamatório foi colhido pela injeção de 1 mL de salina e o número de células determinado em câmara de Neubauer. Em A: *P ≤ 0,05, comparado com salina (SAL) e os grupos extrato metanólico (Ext Met) 2 mg/kg e dexametasona (DEXA). Em B: *P ≤ 0,001 quando comparado ao grupo SAL e grupos tratados com extrato aquoso (Ext Aq) e DEXA. N=5 58 uma dose fixa desses extratos (2 mg/kg). Os resultados da Figura 8 mostram que tanto o extrato aquoso como o metanólico de C. mexicana inibiram de modo significativo a migração celular para a bolsa de ar nos tempos de 24 e 48 horas, inibição essa que foi tempo dependente, pois esses extratos não apresentaram atividade anti-inflamatória no período de 6 horas, mas inibiu de forma significativa a migração leucocitária a partir das 24 horas após a administração do zimosam. Os dados demonstraram que quando comparados com a dexametasona os extratos em estudo apresentaram perfis de inibição da migração leucocitária semelhantes à droga de referência. Através da contagem diferencial das células (Figura 9) presentes no exsudato coletado da bolsa de ar em diferentes tempos (6, 24 e 48hs) após o inoculo do zimosam, observouse que todos os grupos que receberam zimosam na bolsa de ar tiveram um aumento dos monócitos com consequente diminuição do número de neutrófilos no exsudato, tendo seu pico em 6 horas e diminuição gradativa dessas células na cavidade dorsal do camundongo. A resposta inflamatória local induzida por zimosam na bolsa de ar em camundongos é considerada um modelo semelhante à resposta inflamatória de um tecido sinovial (YOON et al., 2005), devido a injeção de ar estéril no dorso do camundongo que forma uma cavidade forrada por células que se assemelham ao ambiente da articulação (CABRERA et al., 2000; YOON et al., 2005). Portanto, quando injetado na cavidade o zimosam é fagocitado induzindo a degranulação e explosão respiratória de neutrófilos, com isso há formação de diversos mediadores inflamatórios, como mieloperoxidase, 59 6 Número de leucócitos (x10 /ml) 50 SAL ZIM Ext Met Ext Aq DEXA 40 * 30 20 * 10 0 6 24 Horas após estímulo 48 Figura 8: Efeito do extrato aquoso e metanólico da C. mexicana sobre a cinética de migração de leucócitos na bolsa de ar induzida por zimosam. Camundongos Swiss foram tratados com os extratos metanólico e aquoso na dose de 2 mg/kg pela via intravenosa e dexametasona na dose de 0,5 mg/kg intraperitoneal, 30 minutos depois foram injetados na bolsa de ar com 1 mL de zimosam (1 mg/mL). Nos tempos indicados, o exudato inflamatório foi colhido pela injeção de 1 mL de salina e o número de células determinado em câmara de Neubauer. *P ≤ 0,05, comparado com salina (SAL) e os grupos extrato metanólico (Ext Met), extrato aquoso (Ext Aq) e DEXA. N=5 Número de monócitos (x106/mL) 60 12 A 9 ZIM Ext Met Ext Aq DEXA 6 3 0 6 Número de neutrófilos (x106/mL) * * 24 Horas após estímulo 50 B ZIM Ext. Met Ext. Aq DEXA * 40 30 48 * 20 10 0 6 24 Horas após estímulo 48 Figura 9: Efeito dos extratos metanólico e aquoso de C. mexicana na cinética da migração de monócitos e de neutrófilos para bolsa de ar induzida por zimosam. Camundongos Swiss foram tratados com os extratos metanólico (Ext Met) e aquoso (Ext Aq) na dose de 2 mg/kg pela via intravenosa e dexametasona (DEXA) na dose de 0,5 mg/kg intraperitoneal, 30 minutos depois foram injetados na bolsa de ar com 1 mL de zimosam (1 mg/mL). Nos tempos indicados, o exudato inflamatório foi colhido e a contagem de neutrófilos e monócitos realizada em microcópio óptico. Em A: *P ≤ 0,001, comparado com Ex Aq e DEXA. Em B: *P ≤ 0,05, comparado com Ex Aq, Ext Met e DEXA. N=5 61 eicosanóides, fosfolipase A2 , oxido nítrico, fator de necrose tumoral-α (TNF-α) e interleucina 1 (IL-1) e IL-6 (CABRERA et al., 2000). Este modelo foi utilizado no presente estudo para investigar o efeito anti-inflamatório dos extratos aquoso e metanólico da C. mexicana, medindo o número de leucócitos que migram para a bolsa de ar. Assim sendo, os extratos em estudo se mostraram como agentes anti-inflamatórios. O mecanismo utilizado pelos extratos para promover a inibição da migração celular para bolsa de ar, assim como na cavidade peritoneal, estimuladas com zimosam, ainda é desconhecido, porém podemos supor que produtos presentes nesses extratos possam estar ligando a receptores do endotélio impedindo o rolamento de leucócitos para a cavidade dorsal, como também inibindo a produção de mediadores responsáveis por desencadear o processo inflamatório. 4.4. Avaliação do efeito dos extratos aquoso e metanólico da Caulerpa mexicana em modelo de colite induzida por dextrana sulfato de sódio (DSS) O próximo passo foi avaliar o efeito dos extratos metanólico e aquoso na colite induzida por DSS 3% em camundongos BALB/c. A DSS induz um quadro no animal de experimentação que mimetiza uma doença inflamatória intestinal. Para se avaliar o desenvolvimento da doença, os parâmetros observados foram os sintomas clínicos tais como, perda de peso corporal (Figura 10) e do índice de atividade da doença (DAI) (Figura 11), causada pela colite duas semanas após o início da administração oral de DSS 3% na água de beber. O grupo tratado com o extrato metanólico apresentou desenvolvimento do peso corporal semelhante ao grupo que recebeu água normal, como também 62 demonstrou baixo índice de desenvolvimento da doença, com ausência de sangue nas fezes e pouca diarréia, quando comparado ao grupo que recebeu apenas DSS, podendo afirmar que o grupo tratado com o extrato em estudo não apresentou um quadro clínico característico da colite. Por outro lado, o grupo tratado com o extrato aquoso apresentou intensa perda de peso, diarréia persistente e presença de sangue nas fezes, dados semelhantes ao grupo que recebeu apenas a DSS 3%, não oferecendo proteção o animal no desenvolvimento da colite, apresentando sintomatologia característica da colite ulcerativa. Para a análise histológica as lâminas foram coradas em hematoxilina e eosina, posteriormente avaliadas ao microscópio de luz e fotomicrografias foram obtidas em aumentos de 40x, 100x e 200x. No estudo histológico foram observados fragmentos de intestino, constituídos por três camadas: mucosa, submucosa e muscular. Não houve alteração no padrão morfológico da submucosa e da camada muscular, nos grupos estudados, porém os achados histológicos mais importantes foram observados da camada mucosa nos diversos grupos estudados. 63 Peso corporal (g) 40 Salina DSS 3% Ext Met Ext. Aq. 30 20 10 * * 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tempo em dias Figura 10: Desenvolvimento do peso corporal em modelo de colite ulcerativa induzida por DSS 3%. Camundongos BALB/c foram tratados em dias alternados com os extratos aquoso e metanólico (2 mg/kg) da C. mexicana com o desenvolvimento do peso corporal avaliado diariamente por 15 dias. * p: 0,0001, comparado com o grupo salina/salina e o grupo tratado com o extrato metanólico. N=5 64 Índece de ativida de colite 4.5 4.0 * 3.5 * 3.0 2.5 * * * * * * * * * * 2.0 Salina DSS 3% Ext. Met. Ext. Aq. 1.5 1.0 0.5 0.0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tempo em dias FIGURA 11: Efeito dos extratos metanólico e aquoso de Caulerpa mexicana no índice de atividade da colite (IAD) induzida por DSS 3% em camundongos BALB/c. Camundongos BALB/c foram tratados em dias alternados com os extratos aquoso e metanólico (2 mg/kg) da C. mexicana por um período de 15 dias. Foi avaliado por meio de score de 1-4, o desenvolvimento da colite experimental, avaliando porcentagem de perda corporal, diarréia e sangramento. * p: 0,0001, comparado com o grupo salina/salina e o grupo tratado com o extrato metanólico. N=5 65 A análise histológica mostrou que os animais que receberam água sem a dextrana apresentaram cólon normal, como criptas e demais estruturas morfológicas conservadas (figuras 12 A e B). O exame histológico das secções do cólon avaliou o estado inflamatório intestinal, microscopicamente, as amostras do cólon dos camundongos que recebeu DSS mostraram alterações inflamatórias típicas na arquitetura do cólon, presença de infiltrado inflamatório difuso, constituído principalmente por mononucleares, em alguns pontos a inflamação é mais intensa, promovendo pequenos focos de ulceração e moderada destruição glandular, dilatação das criptas e depleção de células caliciformes como demonstrado na figura 12 C e D. Quando comparado o grupo tratado com o extrato metanólico (figuras 12 E e F) com o que recebeu apenas a dextrana, foi observada uma leve diminuição do quadro inflamatório, porém apresentou infiltrado inflamatório agudo que foi observado em toda a extensão da mucosa, sendo mais exuberante em alguns focos, onde promove destruição glandular e pontos de ulceração. Em algumas áreas há presença de abscessos, com exsudato sero-fibrino-hermorrágico, sendo que em menor intensidade e mais focal quando comparado com o grupo que recebeu apenas DSS. Já o grupo tratado com o extrato aquoso não apresentou proteção contra o desenvolvimento da colite, sendo seus achados histológicos semelhante ao do grupo DSS (figuras 12 G e H). 66 Figura 12: Histologia do cólon de camundongos, em modelo de colite induzida por DSS 3% em camundongos BALB/C, avaliação do efeito dos extratos metanólico e aquoso de Caulerpa mexicana. A: Histologia do cólon do grupo controle, administrado apenas água, apresenta parênquima intestinal normal (H/E, 100x). B: Detalhe do parênquima intestinal do grupo controle (H/E, 200x). C: Fotomicrografia de intestino em animal que recebeu dextrana 3% na água de beber exibindo desorganização celular e destruição do parênquima, com presença de edema e infiltrado inflamatório mononuclear difuso (H/E,40x). D: Visão aproximada do infiltrado inflamatório mononuclear (H/E, 200x). E: Fotomicrografia de animal tratado com o extrato metanólico evidenciando discreta quantidade de muco no lúmen intestinal, diminuição do infiltrado inflamatório e diminuição das lesões do parênquima. (H/E,40x). F: Detalhe da área de reparo (H/E, 100x). G: Fotomicrografia do intestino de animal tratado com o extrato aquoso exibindo desorganização celular e destruição do parênquima, com presença de edema e infiltrado inflamatório mononuclear difuso (H/E,40x). H: Visão aproximada do infiltrado inflamatório mononuclear (H/E, 200x). 67 68 Após a realização do modelo da colite induzida por DSS 3%, foi de interesse avaliar a presença de citocinas em cultura de cólon dos animas que receberam apenas água, os que receberam DSS e animais tratados com o extrato metanólico da C. mexicana. Foi observada uma diminuição significativa nos níveis das citocinas IL-6 (figura 13 A), IL-17 (figura 13 B) e IFN-γ (figura 13 C) no sobrenadante de cultura de cólons de camundongos BALB/c tratados com os extratos em estudo, quando comparados com o grupo que recebeu apenas DSS na água de beber. Dessa forma, o extrato metanólico de C. mexicana está atuando na regulação negativa de citocinas importantes no desenvolvimento de colite (PAPADAKIS, 2000) Quando comparando os resultados do quadro clínico da colite, as respectivas análises histológicas e produção de citocinas, pode-se afirmar que o grupo tratado com extrato metanólico apresenta leve diminuição do processo inflamatório intestinal e apresenta significativa diminuição dos sintomas clínicos da colite e da produção de citocinas, levando a concluir que esse extrato não apresentaria eficácia se utilizado sozinho no tratamento de colite ulcerativa, porém seria uma alternativa viável a ser utilizado com complemento da terapia tradicionalmente utilizada, pois permitiu ao animal uma maior sobrevida, redução evidente da diarréia e impediu que o animal perdesse peso durante todo o decorrer do experimento. Visto isso será necessário em estudos posteriores o isolamento dos compostos bioativos do extrato metanólico, para a partir daí entender seu mecanismo de ação no combate a sintomatologia da colite ulcerativa. 69 250 * A IL-6 (pg/ml) 200 150 100 50 0 Salina 60 DSS Ext. Met * B IL-17 (pg/ml) 50 40 30 20 10 0 35 IFN-γ (pg/ml) 30 Salina C DSS Ext. Met * 25 20 15 10 5 0 Salina DSS Ext. Met Figura 13: Efeito da administração do extrato metanólico sobre os níveis de IL-6, IL-17 e IFN-γγ, na colite induzida por DSS 3% em camundongos BALB/c: Dosagem das citocinas IL-6 (A), IL-17 (B) e IFN-γ (C) por ELISA, em sobrenadante de fragmentos de cólon cultivados por 24hs em meio RPMI completo, *p: 0,0001, comparado com o grupo salina/salina e demais grupos tratados. 70 O modelo animal de colite induzida por dextrana sulfato de sódio tem uma série de vantagens sobre os outros, como simples métodos experimentais, pois reproduz de forma semelhante nos camundongos a doença inflamatória intestinal observada em humanos. Portanto, este modelo é confiável para o estudo da patogênese da colite ulcerativa e para testes de drogas ou de fitoquímicos para seu tratamento (KWON et al., 2007). No entanto, o mecanismo de ação da C. mexicana no tratamento da colite ainda é desconhecido, porém algumas hipóteses podem ser levantadas para possível comprovação em ensaios futuros. O mecanismo de recrutamento de PMN para a mucosa intestinal pode fornecer dados sobre a compreensão da lesão tecidual na colite ulcerativa. Um fator importante nos processos de recrutamento é a secreção de citocinas próinflamatórias e quimiocinas pelo epitélio. Há evidências consideráveis de que as células epiteliais do cólon do camundongo similarmente à dos humanos produzam alguns tipos de quimiocinas da família CXC, quimioatraente da polimorfornucleares, durante a colite experimental, incluindo CXCL1 e CXCL5 (OHTSUKA & SANDERSON, 2003). Prova de que esses tipos de quimiocinas efetivamente desempenham um papel em várias doenças inflamatórias é derivado de estudos de manipulação dessas quimiocinas em modelos animais. Por exemplo, oligonucleotídeos feito para bloquear a expressão de CXCL5 nos camundongos com colite induzida por dextrana sulfato de sódio reduziu a infiltração de PMN na mucosa, e essa redução foi associada com menor dano tecidual (KWON ET AL., 2005). Tal constatação demonstra que quimiocinas da família CXC desempenha um papel fisiopatológico na colite experimental uma 71 vez que sua manipulação leva a redução parcial da infiltração de PMN (MUHAMMED, et al., 2009). Portanto o extrato metanólico pode atuar com mecanismo de ação semelhante, pois os resultados demonstraram que os animais tratados com o extrato metanólico apresentaram leve redução do infiltrado celular, como também diminuição do edema e lesão da mucosa intestinal. Outra hipótese seria a atuação desse extrato na inibição de citocinas ou no equilíbrio de suas concentrações, em que essas citocinas desempenham um papel central na modulação do sistema imune intestinal. Níveis de muitas citocinas pró-inflamatórias (IL-1, TNF, IL-12, IL-6, IL-8) e anti-inflamatórias (IL4, IL-10, IL-1ra, IL-11) estão elevados em pacientes com colite. A relação entre citocinas pró e anti-inflamatória é diminuída, levando a um desequilíbrio, ocasionando doenças inflamatórias do intestino (ROGLER, et al., 2008). De acordo com a figura 13, é clara a ação inibitória do extrato metanólico na produção de IL-6, IL-17 e IFN-γ. Essas citocinas tem sido descritas por participarem da patogênese da fase aguda no modelo de colite induzida por DSS (ALEX et al., 2009). Na colite ulcerativa, evidências da literatura demonstram que existe um desbalanço entre citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias (PAPADAKIS, 2004). As citocinas pró-inflamatórias são responsáveis por determinar a natureza da resposta imune na colite ulcerativa, por estimular a rápida síntese e secreção de mediadores inflamatórios como as espécies reativas de oxigênio, do nitrogênio, leucotrienos, fator de agregação plaquetária e prostaglandinas (NEUMAN, 2007). Na doença inflamatória intestinal, ocorre um 72 aumento dos níveis de IL-1, TNF, IL-6, IL-8, além de outras citocinas próinflamatórias, secretadas por macrófagos, linfócitos e neutrófilos, cuja síntese é induzida pelo NFκ−B, um fator de transcrição envolvido na regulação de vários genes associados a inflamação (ROGLER & ANDUS, 1998). Por mais de 20 anos, foi aceito o paradigma do predomínio da resposta imune adaptativa de T helper 1 (Th1) na Doença de Crohn. Este conceito está rapidamente mudando, pela evidência recente de uma nova via efetora mediadora nessa forma de inflamação intestinal, descrita como células Th17 (linfócitos T que produzem interleucina 17 (IL-17), IL-6, TNF, IL-22). A diferenciação dessa sub-população de célula T é dependente de IL-6 e TGF-β e sua manutenção depende da citocina IL-23 (LITTMAN & RUDENSKI, 2010). Portanto, as células Th17, juntamente com células Th1, tem sido apontada como uma importante via de sinalização na imunopatogênese da Doença de Crohn (BAMIAS & COMINELLI, 2007; McGOVERN &POWRIE, 2007). O IFN-γ e a IL-12 agem nas células estimuladoras de antígenos CD4+ T para induzir a diferenciação de células tipo T helper (Th1) secretoras de IFN-γ, enquanto o TGF-β e IL-6 promovem as células Th17 que produzem IL-17 e expressam o receptor da IL-23 (IL23R). A IL-23 produzida pela ativação das células dendríticas sustenta a resposta Th17 e também ativa células inatas incluindo as células mielóides e células natural killer para produzir citocinas inflamatórias incluindo a IL-6, TNF-α e IL-17 que induz inflamação intestinal. A IL-17 estimula a produção de citocinas pelos macrófagos ativados e pode induzir à produção de citocinas e quimiocinas pelas células endoteliais, levando ao recrutamento de neutrófilos (McGOVERN & POWRIE, 2007). 73 De acordo com os resultados demonstrados anteriormente, pode-se sugerir que o extrato metanólico da alga marinha Caulerpa mexicana, pode estar atuando na melhora do quadro da colite induzida por DSS através da inibição da migração celular, bem como na inibição da produção das citocinas IL-6, IFN-γ e IL-17. No entanto o mecanismo de ação desses extratos ainda é desconhecida, mas algumas hipóteses a respeito da atuação desses extratos, seria que os mesmos inibissem a migração de PMN e linfócitos para a mucosa intestinal, ou mesmo, inibindo a ativação dessas células que já migraram para o tecido intestinal, fazendo com que a produção das citocinas anteriormente citadas fosse inibida, apresentando uma ação anti-inflamatória para o tratamento da colite ulcerativa, porém se faz necessário estudos posteriores para que se entenda melhor o mecanismo de ação desses extratos, como também a identificação dos compostos ativos responsáveis pela atividade antiinflamatória. 74 5. CONCLUSÕES: Pode-se concluir que: 5.1 – Os extratos metanólico e aquoso da C. mexicana não induziram a produção de IL-6 e IL-12 em cultura de macrófagos peritoneais murinos 5.2 – Os extratos metanólico e aquoso da C. mexicana, nas três doses testadas, inibiram a migração celular para a cavidade peritoneal de camundongos induzida por zimosam, sendo essa inibição observada 6, 24 e 48 horas após o tratamento. 5.3 – Os extratos metanólico e aquoso foram capazes de inibir significantemente a formação de edema de orelha induzido por xilol, quando administrado pela via subcutânea. 5.4 – O extrato aquoso nas doses de 2 e 0.4 mg/kg e o metanólico na dose de 2 mg/kg, reduziram significativamente o influxo de leucócitos para a cavidade dorsal, em modelo de bolsa de ar em camundongos induzida por zimosam. 5.5 – No modelo de colite induzida por dextrana sulfato de sódio, o extrato metanólico, apresentou significativa redução dos sinais clínicos e leve diminuição das lesões da mucosa do cólon de camundongos. 5.6 – No modelo de colite induzida por dextrana sulfato de sódio, o extrato metanólico, apresentou significativa diminuição da expressão de citocinas pró-inflamatórias na cultura do cólon. 75 5.6 – De modo geral, pode-se concluir que de acordo com os resultados apresentados nos modelos experimentais de inflamação, os extratos aquoso e metanólico de Caulerpa mexicana, apresentaram significativa ação antiinflamatória, possibilitando estudos futuros para avaliar sua atividade em outros modelos, como também o entendimento do mecanismo de ação de componentes bioativos dessa alga. 76 6. 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