1 GEVERSON JOSÉ CAPPELLARI DESEMPENHO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL NO MUNICÍPIO DE AUGUSTO PESTANA Ijuí - RS Julho - 2010 2 GEVERSON JOSÉ CAPPELLARI DESEMPENHO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL NO MUNICÍPIO DE AUGUSTO PESTANA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como um dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo, Curso de Agronomia do Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Orientador: Prof. Dr. José Antônio Gonzalez da Silva Ijuí - RS Julho - 2010 3 TERMO DE APROVAÇÃO GEVERSON JOSÉ CAPPELLARI DESEMPENHO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL NO MUNICÍPIO DE AUGUSTO PESTANA Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Agronomia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, defendido perante a banca abaixo subscrita. Ijuí, 21 de julho de 2010. Prof. José Antônio Gonzalez da Silva DEAg/UNIJUÍ - Orientador ................................................................................ Emerson André Pereira Eng. Agro / MSC / Doutorando ................................................................................ 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de conclusão da graduação aos meus pais Roque e Leci, que de muitas formas me incentivaram e ajudaram para que fosse possível a concretização deste trabalho, e também a minha irmã Quelen (in memorian) que já partiu algum tempo, no entanto, tenho absoluta certeza que ela sempre esteve e estará a meu lado em todos os momentos da minha vida. E de forma geral a todos meus familiares, colegas, amigos, e ainda, aos professores do curso de agronomia da UNIJUÍ que contribuíram para minha formação acadêmica. 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus, não apenas por ter cursado um curso de ensino superior, mas sim também pelo fato de ter como pais duas pessoas maravilhosas, os quais me deram todo o incentivo, não apenas financeiro, como também o principal, o amor, este o maior responsável por eu conseguir percorrer toda esta caminhada junto a Universidade. Ao meu orientador, professor Dr. José Antônio Gonzalez da Silva, meu agradecimento pela compreensão, voto de confiança, amizade e valiosos ensinamentos durante o curso, os quais com certeza sempre me estimularam para uma visão dinâmica de tudo que envolve as ciências agrárias. Aos demais educadores que colaboraram de alguma forma para construção do meu conhecimento. A Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), pelo ambiente estimulante e desafiador a formação profissional. Aos amigos e colegas acadêmicos do Curso de Agronomia. A todos colegas integrantes do grupo de pesquisa de Plantas de Lavoura (DEAg,UNIJUÍ), pelo empenho e ajuda na implantação e condução deste trabalho. A professora Cleusa Adriane Menegassi Bianchi Kruger que também auxiliou na condução deste estudo. Aos funcionários e amigos do Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR). 6 DESEMPENHO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL NO MUNICÍPIO DE AUGUSTO PESTANA Aluno: Geverson José Cappellari Orientador: José Antônio Gonzalez da Silva RESUMO O girassol (Helianthus annuus L.) é uma cultura que se adapta a diferentes condições edafoclimáticas, podendo ser cultivada em todo território nacional. É uma cultura que possui muitas opções de aproveitamento, deste a produção de óleo, farelo, silagem, ornamental, apicultura, rotação de culturas e confeitaria. Os atuais genótipos introduzidos no Brasil provêm de programas de melhoramento muito distintos, resultando em cultivares que diferem em múltiplos caracteres, sejam eles morfológicos, fisiológicos, adaptativos e que expressam os componentes do rendimento de grãos e desempenho industrial. Nesse contexto o objetivo do trabalho foi o de estabelecer as diferenças entre os distintos genótipos do ensaio final de segundo ano de girassol, com base nos caracteres morfológicos, fisiológicos, adaptativos e relacionados ao rendimento de grãos e de interesse industrial. O estudo foi conduzido no IRDeR (Instituto Regional de Desenvolvimento Rural) localizado no município de Augusto Pestana – RS, em delineamento experimental blocos ao acaso, com 4 repetições. Os tratamentos aplicados foram 21 genótipos, provenientes do ensaio final de segundo ano de girassol Embrapa 2009/2010. Existe variabilidade genética entre os 21 genótipos de girassol avaliados para todos os caracteres estudados, o que permite a seleção de genótipos superiores, seja para compor populações segregantes, ou em linhagens obtidas a partir da hibridação. Os genótipos AGROBEL976, M735, MULTISSOL, CF101,NTO2.0, HLA887, M734 e BRSGIRA29 apresentaram o maior rendimento de grãos, indicando cultivares adaptadas para cultivo na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Os caracteres massa de mil grãos, número de grãos por capitulo e curvatura do capitulo contribuíram com a maior parte da variabilidade genética observada. Em relação aos parâmetros genéticos, foi possível observar que os três caracteres que apresentaram maior herdabilidade foram massa de mil grãos e curvatura e número de grãos por capitulo. Palavras Chave: Helianthus annuus L., variabilidade genética, hedabilidade, contribuição relativa. 7 LISTA DE FIGURAS Quadro 1. Evolução da área cultivada, produção e produtividade do girassol no RS..............................................................................................................................................13 Quadro 2. Indústrias de beneficiamento de girassol existentes no estado do RS, 2008...........................................................................................................................................14 Quadro 3. Descrição esquemática das fases de desenvolvimento de girassol .................................................................................................................................... 23 Quadro 4. Genótipos de girassol referentes ao Ensaio Final de Segundo Ano de Girassol IRDeR 2009/10 ....................................................................................................................... 29 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Resumo da análise de variância dos caracteres de produção, fisiológicos, do capítulo e de indústria da planta de girassol........................................................................... 32 Tabela 2. Teste de Médias para os caracteres de produção e fisiológicos de distintos genótipos de girassol ............................................................................................................... 35 Tabela 3. Teste de médias para os caracteres relacionados a inflorescência de distintos genótipos de girassol ............................................................................................................... 37 Tabela 4. Teste de médias para os caracteres de interesse da indústria de distintos genótipos de girassol ............................................................................................................................... 39 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .....................................................................................................................11 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..........................................................................................13 1.2 Importância econômica do girassol ............................................................................ 13 1.2 Ecofisiologia do girassol ............................................................................................... 15 1.2.1 Fotoperíodo ............................................................................................................. 16 1.2.2 Temperatura ........................................................................................................... 17 1.2.3 Exigências hídricas................................................................................................. 18 1.2.4 Solos ......................................................................................................................... 19 1.3 Caracteres morfológicos, adaptativos e estádios fenológicos do girassol ................ 19 1.3.1 Caracteres morfológicos ........................................................................................ 19 1.3.1.1 Sistema radicular........................................................................................... 19 1.3.1.2 Caule ................................................................................................................ 20 1.3.1.3 Folhas............................................................................................................... 20 1.3.1.4 Capítulo ........................................................................................................... 21 1.3.2 Caracteres adaptativos .......................................................................................... 22 1.3.2.1 Estatura de planta .......................................................................................... 22 1.3.2.2 Dias da emergência a floração....................................................................... 22 1.3.2.3 Dias da floração a maturação ........................................................................ 23 1.3.2.4 Estádios fenológicos do girassol .................................................................... 23 1.3.4 Componentes do rendimento e suas relações na cultura do girassol................. 24 1.3.5 Índice de colheita, herdabilidade, e produção de óleo ........................................ 25 1.3.5.1 Índice de colheita ............................................................................................ 25 1.3.5.2 Herdabilidade ................................................................................................. 26 1.3.5.3 Produção de óleo............................................................................................. 27 2 MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................................28 2.1 Local, clima e solo......................................................................................................... 28 10 2.2 Delineamento experimental e tratamentos................................................................. 28 2.3 Manejo da cultura ........................................................................................................ 29 2.4 Variáveis em estudo...................................................................................................... 30 2.5 Análise estatística.......................................................................................................... 30 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................31 CONCLUSÃO........................................................................................................................42 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................43 APÊNDICE ............................................................................................................................47 11 INTRODUÇÃO O girassol (Helianthus anuss L.) é uma cultura que se adapta a diferentes condições edafoclimáticas, podendo ser cultivado no Brasil desde o Rio Grande do Sul até o Estado de Roraima. Em função da disponibilidade hídrica e da temperatura característica de cada região, pode ser opção de primeiro ou segundo cultivo. A baixa sensibilidade fotoperiódica da planta de girassol permite que, no Brasil, o seu cultivo possa ser realizado durante o ano todo, em todas as regiões produtoras de grãos. A espécie se destaca em nível mundial por ser a quarta oleaginosa em produção de grãos e a quinta em área cultivada no mundo, além disso, é a quarta oleaginosa em produção de farelo depois da soja, canola e algodão e a terceira em produção mundial de óleo, depois da soja e canola. A área de cultivo de girassol no Brasil na safra 2008/2009 foi de aproximadamente 113,9 mil ha, mantendo a área estável em relação à safra anterior. Os principais estados produtores em área são Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. A cultura possui um grande potencial de aproveitamento na produção de óleos para consumo humano e biodiesel, apresentando elevado teor de óleo, além da possibilidade do aproveitamento da torta como fonte de proteína na alimentação animal. A planta também possui uso na forma de forragem verde, silagem e grão integral utilizados na alimentação animal. Os grãos de girassol são utilizados na alimentação de pássaros, com opção de aproveitamento na confeitaria para decoração de pratos. Existem novas possibilidades de aproveitamento da cultura em sistemas integrados para a produção de mel ou girassóis coloridos para uso ornamental. A maior parte da produção de girassol é destinada ao processamento industrial resultando em cerca de 12 milhões de toneladas de farelo e 10 milhões de toneladas de óleo. O girassol é uma importante opção para sistemas de rotação de culturas e adubação verde, pois se decompõem rapidamente possibilitando maior ciclagem de nutrientes. É também importante na agregação de renda na agricultura familiar. Contudo, ainda existe um conjunto de dificuldades que limitam a expansão do cultivo desta espécie no estado. Nos últimos anos no Rio Grande do Sul vem ocorrendo aumento no número e intensidade de moléstias que acometem a cultura, com destaque especial para oídio (Golovinomyces cichoracearum). Ainda se deve destacar a dificuldade de controle de plantas invasoras devido a falta de produtos registrados para a cultura. Soma-se a isso, a falta de qualidade e de padrão 12 nas sementes comercializadas, o baixo valor de comercialização da produção, que motivam os agricultores a fazer opção pelo cultivo de outras espécies como milho e soja. O girassol cultivado em safrinha apresenta problemas de ocorrência de pragas como percevejos e lagarta rosca, além da moléstia conhecida como podridão de esclerotinia ou mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum). Os atuais genótipos de girassol em cultivo no Brasil têm origem em programas de melhoramento com objetivos bem distintos. O melhoramento no Brasil visa selecionar genótipos precoces, que são cultivados durante a entresafra das grandes culturas. Por outro lado os genótipos originários dos programas de melhoramento argentino possuem ciclo médio a longo, pois neste país o girassol é cultivado como cultura principal. Estes genótipos diferem em múltiplos caracteres, sejam eles morfológicos, adaptativos, que expressam os componentes do rendimento de grãos, índice de colheita e desempenho industrial. Cada um destes caracteres é governado por um maior ou menor número de genes, que sofrem diferentes efeitos de ambiente. Nesse contexto, a identificação e caracterização de genótipos de girassol de qualidade superior para a produtividade de grãos e rendimento industrial, que tenham maior adaptação as condições edafoclimáticas de cultivo no Rio Grande do Sul, pode potencializar maior aproveitamento desta espécie, sendo uma importante opção para incremento de renda na unidade de produção. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi o de estabelecer as diferenças entre os distintos genótipos do ensaio final de segundo ano de girassol, com base nos caracteres morfológicos, fisiológicos, adaptativos e daqueles que expressam o rendimento de grãos e o desempenho industrial. 13 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.2 Importância econômica do girassol A espécie se destaca a nível mundial por ser a quarta oleaginosa em produção de grãos e a quinta em área cultivada no mundo, além disso, é a quarta oleaginosa em produção de farelo depois da soja, canola e algodão e a terceira em produção mundial de óleo, depois da soja e canola. Os maiores produtores de grãos são a Rússia, Ucrânia, União Européia e Argentina. Atualmente, o girassol é cultivado em todos os continentes, em área que atinge aproximadamente 18 milhões de hectares. Entre os maiores exportadores mundiais estão à Bulgária, Romênia, Ucrânia e Argentina (TECNOLOGIAS de produção girassol, 2009). A área de cultivo de girassol no Brasil na safra 2008/2009 foi de aproximadamente de 113,9 mil ha-1, mantendo a área estável em relação à safra anterior (CONAB, 2009). Os principais estados produtores em área são Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Segundo a CONAB para safra 2004/2005 a produção brasileira foi estimada em 82,2 mil toneladas, sendo 52,8 mil hectares a área semeada, com produtividade média de 1.557 kg ha-1. A região Centro-Oeste é a principal produtora, com 83,7% de produção do país. Safra Área (ha) 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09* 5.200 7.000 6.000 20.000 21.200 18.400 23.600 Produção (t) 5.300 10.000 9.300 30.000 29.300 21.000 30.600 Produtividade (Kg/há) 1.020 1.430 1.550 1.500 1.380 1.500 1.296 Quadro 1. Evolução da área cultivada, produção e produtividade do girassol no RS. * Previsão 2008/09. Fonte: CONAB, 2009. A área de cultivo do girassol no Rio Grande do Sul praticamente triplicou nos últimos anos (Quadro 1). Ao mesmo tempo a produtividade aumentou em praticamente 50% e a produção em toneladas quadruplicou, indicando expansão da cultura neste estado. 14 Quadro 2. Indústrias de beneficiamento de girassol existentes no estado do RS, 2008. Fonte: Reunião nacional de pesquisa de girassol, Embrapa, 2008. No estado do Rio Grande do Sul existiam no ano de 2008 quatro indústrias processadoras de óleo de girassol, sendo três para a produção de biodiesel e uma para óleo comestível (Quadro 2). O girassol é uma planta rica em proteínas, com aproveitamento como planta ornamental, medicinal, rotação de culturas, adubação verde, apícola, semente para pássaros, forrageira na alimentação de animais, farelo, óleo para alimentação humana e biodiesel. A composição do grão de girassol avaliado em estudo conduzido em Goiás apresentou teor de proteína de 21,9% e teor de óleo de 35,6% (FALEIRO, 2001). O teor de óleo varia de 30 a 45% na maioria dos híbridos, enquanto o teor de proteína é de aproximadamente 20%. O farelo de girassol é o subproduto resultante da extração do óleo da semente de girassol e apresenta teor de proteína de aproximadamente 50%, boa palatabilidade para bovinos e seu uso em rações para aves e suínos não apresenta limitantes tóxicos, tendo como único limitante o teor de fibra (24%). O farelo de girassol apresenta teor de lisina inferior ao do farelo de soja, no entanto, apresenta teores de cálcio, fósforo e metionina superiores. O valor biológico da proteína do farelo de girassol e do farelo de soja são bastante semelhantes, o mesmo ocorre com a utilização da proteína verdadeira desses ingredientes (ANDRIGHETTO, 1981). Em média, para cada tonelada de grão são produzidos 400 kg de óleo, 250 kg de casca e 350 kg de torta. A maior parte da produção de girassol é destinada ao processamento industrial resultando em cerca de 12 milhões de toneladas de farelo e 10 milhões de toneladas de óleo. O óleo de girassol é um dos mais cobiçados pelos naturalistas, devido seus baixos teores de gordura saturada, altos teores de ácidos graxos insaturados e polinsaturados e elevados teores de ácido linoléico e oléico, que atuam na prevenção de doenças cardiovasculares (VIEIRA, 2005). O óleo de girassol também vem sendo utilizado como biodiesel. Em testes realizados em São Paulo as máquinas apresentam um rendimento 10% maior por litro consumido em relação ao diesel convencional e não há sinais de desgaste além do normal nos equipamentos, 15 quando se usa o biodiesel em motores não adaptados. Além do menor custo, o óleo de girassol não tem componentes de chumbo e enxofre que poluem a natureza, como o diesel proveniente do petróleo. O girassol apresenta-se como uma cultura que melhora a fertilidade do solo por apresentar uma elevada capacidade de ciclagem de nutrientes absorvidos em profundidade e uma reduzida taxa de exportação de nutrientes. Em uma produção de 2500 kg ha-1 pode restituir ao solo aproximadamente 50 kg de nitrogênio, 25 kg de fósforo e 225 kg de potássio, além de 7 toneladas de matéria seca, produzindo em torno de 1000 litros de óleo e 500 kg de torta com 36% de proteína (CAVASIN JR, 2001). A espécie se insere nos sistemas de rotação de culturas, trazendo benefícios ao solo de ordem química e física. Além da ciclagem de nutrientes, possibilita a descompactação do solo, adição de matéria seca, agregação e estruturação do solo, favorecendo a infiltração e armazenamento de água no solo. Durante o estágio de floração da cultura, é desejável que as abelhas visitem as lavouras, possibilitando a polinização e fecundação das flores. Neste período é possível produzir 20 a 40 kg ha-1 de mel de abelha, com incremento de renda na unidade de produção (CAVASIN JR, 2001). O girassol é uma opção para a confecção de silagem, apresentando teor de proteína superior as silagens de sorgo e de milho (11,73%, 7,97%, 8,65%) de proteína bruta respectivamente. A silagem de girassol apresenta alto valor energético sendo em média 35 % superior aos teores encontrados nas silagens de milho. Pode-se colher até 60 a 70 toneladas por hectare de massa verde. O cultivo desta espécie se insere bem no contexto da unidade de produção familiar. É uma cultura que se adapta as diferentes condições edafoclimáticas, sendo opção para safra ou safrinha, utilizando a área em épocas não tradicionais de cultivo. 1.2 Ecofisiologia do girassol A cultura do girassol tem a duração de seu ciclo afetada basicamente pelos seguintes elementos climáticos: temperatura do ar, radiação solar e fotoperíodo (GOYNE e HAMMER, 1982). 16 1.2.1 Fotoperíodo O termo fotoperíodo se refere ao número potencial de horas de luz solar que incide sobre a superfície terrestre em determinado período do ano. O fotoperiodismo é uma resposta biológica das plantas as modificações diárias nas proporções de luz e escuro (dia-noite) num ciclo de 24 horas (FLOSS, 2006). O fotoperíodo é nas plantas cultivadas o fator ambiental que mais influi na indução a floração, porém a cultura do girassol é classificada como planta neutra para a floração, cuja indução a floração não tem relação com o comprimento do dia, mas com outros mecanismos (FLOSS, 2006; ROBINSON, 1979). Porém algumas cultivares se comportam como plantas de dias curtos ou longos (TECNOLOGIAS de produção girassol, 2008). As plantas indiferentes ao fotoperíodo são aquelas cuja floração não tem relação como comprimento do dia, podendo florescer em qualquer época do ano. Nesta espécie existe uma forte regulação interna da floração que impõem uma fase vegetativa antes que a floração ocorra. Posteriormente ocorre uma fase de transição, no qual o ápice sofre a indução a floração, transformando o meristema vegetativo em floral. Fazem parte deste grupo de plantas o girassol, milho e tomate (FLOSS, 2006). Em trabalho realizado por Massignam e Angelocci (1993) com a cultura do girassol, a temperatura do ar foi a variável estudada que mais explicou a duração do subperíodo emergência-floração nas três cultivares testadas. Por outro lado, estudos realizados por Amorim et al (2008) indicam o número de folhas e a estatura de plantas como os caracteres morfológicos que identificam a indução ao florescimento, mostrando relações positivas e de elevada magnitude entre a variável 50% da floração com o número de folhas e estatura de plantas nesta espécie. As plantas de dias curtos são aquelas que florescem quando o número de horas de exposição a luz solar durante o período de um dia é inferior a um mínimo crítico. Já as plantas de dias longos são aquelas que florescem quando a duração diária do período de exposição a luz solar é maior que um mínimo crítico. 17 1.2.2 Temperatura A cultura de girassol (Helianthus annus L.) adapta-se bem a diversos ambientes. A faixa de temperatura entre 10 ºC a 34 ºC é tolerada pelo girassol, sem redução significativa da produção, indicando a adaptação a regiões com dias quentes e noites frias. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento situa-se em torno de 27 ºC a 28 ºC (TECNOLOGIAS de produção girassol, 2008). As temperaturas para o processo germinativo são 3 a 6 °C para a mínima, 26 °C para a ótima e 40 °C para a temperatura máxima. A temperatura é um dos fatores mais importantes para que a emergência do girassol ocorra de forma uniforme (VRÂNCEANU, 1977). Temperaturas baixas durante a germinação retardam a emergência e induzem a formação de plântulas pequenas. Estudando as temperaturas ideais para girassol, Zaffaroni et al., (1994), menciona que o girassol é uma planta originária de clima temperado e que é ideal uma variação de temperatura de 15 a 30 ºC durante o crescimento e de 20 a 30 ºC do florescimento á colheita. As plantas podem suportar temperaturas baixas por curto período, principalmente nos estádios iniciais. Porém, temperaturas extremamente baixas durante o desenvolvimento inicial podem causar deformação das folhas e danificar o ápice da planta, provocando algumas anomalias, como ramificação do caule. O maior efeito visual da temperatura ocorre sobre a taxa de desenvolvimento, originando plantas menores, com menor área foliar e, conseqüentemente, menor potencial produtivo. Temperaturas baixas aumentam o ciclo da cultura, atrasando a floração e a maturação. Quando ocorrem após o início da floração, podem afetar significativamente o rendimento. Temperaturas altas prejudicam o desenvolvimento da planta principalmente em condições de baixa disponibilidade hídrica. Temperaturas elevadas durante a formação dos grãos afetam mais seriamente a composição de ácidos graxos que o conteúdo de óleo. Verifica-se uma forte correlação negativa entre o teor do ácido linoléico e o aumento de temperatura. Temperaturas acima de 35 ºC reduzem o teor de óleo (TECNOLOGIAS de produção girassol, 2008). No Brasil, a influência do clima na duração do ciclo e dos subperíodos do girassol está relacionada, principalmente, com a temperatura do ar (Massignam & Angelocci, 1993). Trabalhos realizados por esses autores expressam essa relação através da soma térmica ou 18 graus-dia, índice que vem sendo largamente utilizado para estimativa da duração do ciclo de diversas culturas em virtude da sua simplicidade, apesar das suas limitações. 1.2.3 Exigências hídricas A adequada umidade do solo é muito importante para um desenvolvimento satisfatório do girassol e elevada produtividade. Na ocorrência de deficiência hídrica a produção e a qualidade de grãos são negativamente afetadas, ainda que o déficit hídrico na zona radicular seja pequeno. As exigências hídricas da cultura ainda são objeto de estudo. As informações existentes indicam que esta varia entre 200 e 900 mm durante o ciclo (TECNOLOGIAS de produção girassol, 2008). Porém na maioria das vezes precipitações variando entre 500 a 700 mm permitem obter colheitas satisfatórias, desde que bem distribuídas ao longo do ciclo. O consumo de água pela cultura do girassol varia em função das condições climáticas, da duração do ciclo e do manejo do solo e da cultura. A espécie possui baixa eficiência no uso de água, onde cada litro de água consumido produz menos de dois gramas de matéria seca (TECNOLOGIAS de produção girassol, 2008). O aproveitamento da água absorvida aumenta em condições de deficiência hídrica em torno de 20 a 50 %. A planta possui sistema radicular profundo e bem desenvolvido lateralmente e sua capacidade de manutenção da fotossíntese mesmo em condições adversas permitem tolerar curtos períodos de seca, assegurando algum rendimento em condições onde outras espécies nada produzem. A necessidade hídrica vai aumentando ao longo do ciclo da planta. Inicia com 0,5 a 1 mm dia-1 na fase de emergência, atingindo o máximo na floração e enchimento de grãos (6 a 7 mm dia-1), decrescendo após este período. A fase mais crítica ao déficit hídrico é o período compreendido entre cerca de 10 a 15 dias antes do início do florescimento e 10 a 15 dias após o final da floração (TECNOLOGIAS de produção girassol, 2008; SILVA, 1990). A restrição hídrica no início da formação dos capítulos até a floração é a que afeta com maior intensidade o rendimento de grãos. Quando o déficit hídrico ocorre na fase de formação e enchimento de grãos o caráter mais afetado é a produção de óleo. As plantas que sofreram estresse hídrico a partir do início do florescimento ou no enchimento de aquênios tiveram menor produção de matéria seca total, de aquênios e de óleo (CASTRO et al., 2006). 19 1.2.4 Solos As condições de fertilidade dos solos adequadas para o girassol não diferem das exigidas para a soja ou para o milho. O girassol, porém é mais sensível em relação a acidez e compactação do solo. É tido como planta rústica e que se adapta bem a vários tipos de solo, entretanto, o mais correto é dar preferência aos solos corrigidos, profundos, férteis, planos e bem drenados, para que as raízes desenvolvam-se normalmente (TECNOLOGIAS de produção girassol, 2008; SILVA, 1990). Essas características da área de cultivo possibilitam melhor desenvolvimento do seu sistema radicular, permitindo a exploração de grande volume de solo e, desta forma, conferindo maior resistência à seca e ao tombamento, proporcionando maior absorção de água e nutrientes e, conseqüentemente, maior rendimento. A compactação do solo pode ser facilmente constatada em plantas debilitadas que apresentam encurvamento, deformação e crescimento horizontal da raiz pivotante. O girassol pode ser cultivado em todos os tipos de solos, sejam eles arenosos, argilosos ou de textura média (TECNOLOGIAS de produção girassol, 2008). 1.3 Caracteres morfológicos, adaptativos e estádios fenológicos do girassol 1.3.1 Caracteres morfológicos 1.3.1.1 Sistema radicular O sistema de raízes do girassol é pivotante, apresentando uma raiz axial principal que atinge profundidades entre 1,5 e 2,7 m. As raízes laterais variam entre 0,6 a 2,5 m de profundidade. Estas raízes são muito sensíveis a qualquer obstáculo ao seu crescimento, sejam eles físicos (compactação) ou químicos (alumínio trocável). As raízes ocupam o solo com maior velocidade nos 10 cm iniciais, com um ritmo de crescimento de 70 mm dia-1 por dm³ de solo (CASTIGLIONI; OLIVEIRA, 1999). O crescimento destas raízes ocorre até a antese (58 a 68 dias após a emergência) diminuindo de forma significativa após este estágio. Devido a este desenvolvimento de raízes o girassol possui a característica de tolerar a seca quando 20 cultivado em solos profundos. O crescimento inicial da planta até seis folhas define a capacidade de exploração do solo pelas raízes, influenciando a absorção de água e nutrientes. O tamanho do sistema radicular depende do ciclo da planta, além das características de solo (tipo e estrutura). 1.3.1.2 Caule O caule do girassol cultivado não apresenta ramificações e contém no ápice a inflorescência conhecida como capítulo. Alguns genótipos não comerciais apresentam ramificações, sendo denominadas plantas multicapituladas e são utilizadas nos programas de melhoramento para restaurar a fertilidade na produção de híbridos, sendo este caráter determinado por genes recessivos. O diâmetro da haste de girassol varia entre 19 e 23 mm segundo Amorim et al., (2008) e a estatura da planta entre 108 e 144 cm. 1.3.1.3 Folhas As folhas do girassol apresentam varias formas, tamanhos, intensidade de coloração, pilosidade e ângulo do pecíolo. As folhas apresentam disposição oposta e alternada geralmente para os cinco primeiros pares de folhas e as demais disposição alternada. O número de folhas é variável e depende do ciclo das plantas, variando entre 25 e 45 folhas nos híbridos atuais (CASTIGLIONI; OLIVEIRA, 1999). Em trabalho realizado por Amorim et al., (2008) o número de folhas em girassol variou entre 27 e 37. O número de folhas é dependente do genótipo e das condições climáticas como fotoperíodo e precipitação. As folhas apresentam uma maior velocidade de crescimento a partir dos 30 dias após a emergência. Aproximadamente 60 a 80% da área foliar do girassol se encontra nos 2/3 superiores. A área foliar em girassol é uma característica muito importante para a produção de aquênios e óleo, sendo que as folhas da metade superior exportam 75 % do total de fotoassimilados produzidos e mais de 80% é direcionado para o capítulo, ao passo que as folhas inferiores exportam apenas 50% dos fotoassimilados produzidos, e o restante fica 21 retido nas raízes e no caule (CASTIGLIONI; OLIVEIRA, 1999). As folhas jovens se orientam para captar o máximo de radiação solar aumentando 10 a 20 % a sua capacidade de produção de fotoassimilados. 1.3.1.4 Capítulo As flores são hermafroditas em número de 700 a 3000 por capítulo com diferentes formas e tamanhos, variando desde côncavas a convexas. Cada flor fértil ou tuberosa pode originar um fruto chamado aquênio, que varia em forma, cor e peso. As flores perimetrais ou liguladas são assexuadas e estão inseridas radialmente em uma a duas filas, sendo que as lígulas medem 5 a 10 cm, com forma lanceolada e coloração amarela. O capítulo é rodeado por brácteas pilosas e herbáceas. O capítulo se abre mostrando inicialmente as flores liguladas em sua periferia e posteriormente surgem as flores tubulares até o centro do capítulo. A duração da floração depende do tamanho do capítulo e das condições climáticas, e é prolongada em dias frescos e nublados. As flores tubulares tem duração de 24 a 48 horas, ocorrendo sucessivamente emergência das anteras, liberação de pólen, emergência do estigma, fecundação, queda das anteras e do estigma. Em estudo realizado por Amorim et al., (2008) o diâmetro do capítulo variou entre 11 e 13 cm, a curvatura do capítulo variou entre 3 e 4,7 na escala de Knowles (1978) e a altura de inserção do capítulo variou entre 98 e 137 cm. A curvatura do capítulo apresenta grande variabilidade, definida na maturação fisiológica. Não deve ser muito acentuada, mas deve permitir adequada proteção contra o ataque de pássaros, facilitar a colheita e não expor a inflorescência diretamente ao sol. Do ponto de vista agronômico, os capítulos de forma plana e de menor espessura são os mais desejáveis, pois apresentam melhor distribuição dos tecidos vasculares e melhor contato com os grãos, além de facilitar a perda de água após a maturação fisiológica. Schwertner et al., (2009) verificou que a massa de grãos do capítulo por seus efeitos indiretos e positivos sobre o rendimento de grãos, pode ser utilizado como caráter para seleção de genótipos mais produtivos, com a vantagem de ser de mais fácil avaliação em relação ao numero de grãos e índice de colheita do capítulo. 22 1.3.2 Caracteres adaptativos 1.3.2.1 Estatura de planta A estatura de planta em girassol é avaliada da base do solo até a inserção do capítulo. Em trabalho realizado por Carvalho (2004) a estatura média máxima atingida pelas plantas de girassol foi 162 cm. Já em estudo conduzido por Amorim et al., (2008) a estatura da planta variou entre 108 e 144 cm. Contudo a estatura média de plantas variando entre 160 e 180 cm é considerada ideal para o cultivo tecnificado da cultura (CASTIGLIONI; OLIVEIRA, 1999). Schwertner et al., (2009) constatou que a estatura de plantas apresenta efeito direto positivo sobre o rendimento de grãos, porém com elevada interação com ambiente, o que dificulta obter ganhos genéticos. 1.3.2.2 Dias da emergência a floração Em girassol é avaliado geralmente em dois períodos, início e 50% da floração. O inicio da floração é caracterizado pela presença da primeira flor no estágio fenológico R4 e 50% da floração é identificado quando 50% das plantas se encontram no estágio fenológico R4. Em estudo realizado por Amorim et al., (2008) o início da floração variou entre 51 e 70 dias após a emergência e as plantas atingiram 50% de floração entre 61 e 75 dias após a emergência. Segundo Schwertner et al., (2009) maiores variações são observadas nos dias da emergência a floração em relação a dias da floração à maturação, e o aumento nos dias de emergência à floração promove aumento do ciclo total nesta espécie. 23 1.3.2.3 Dias da floração a maturação Este período compreende os dias transcorridos entre a floração e a maturação fisiológica na cultura, que geralmente dependendo do ciclo pode variar de 93 a 105 dias conforme Backes et al., (2008). 1.3.2.4 Estádios fenológicos do girassol O desenvolvimento do girassol é caracterizado por alterações morfológicas e fisiológicas na planta. A descrição dos estádios fenológicos do girassol é apresentada conforme Schneiter e Miller (1981). O desenvolvimento da planta é dividido em uma fase inicial vegetativa e uma final reprodutiva. A fase vegetativa inclui a germinação até o inicio da formação do broto floral, incluindo os seguintes estágios: V-E (emergência) – se refere ao período entre o plantio, (considerando o teor de umidade suficiente no solo), até o aparecimento da primeira folha acima dos cotilédones, que deve apresentar no máximo 4 cm de comprimento. V-l, V-2, V3, V-n – se referem à fase de formação de folhas. Pode ser dividida de acordo com o número de folhas com comprimento maior que 4 cm. Na avaliação, deve-se levar em consideração o número de folhas ausentes por terem sido quebradas ou eliminadas. Quadro 3. Descrição esquemática das fases de desenvolvimento de girassol, adaptado de Schneiter e Miller (1981). A fase reprodutiva inclui o aparecimento do broto floral até a maturação fisiológica dos aquênios, com os seguintes estádios: 24 Estádio R1 – se refere à fase em que, olhando a planta de cima, se observa um pequeno broto floral e não broto de folhas (vegetativo). Neste ponto, as brácteas ao redor do broto floral são semelhantes a uma estrela, porém com vários ápices. Estádio R2 – se refere à primeira fase de alongamento do broto floral, distanciando-se de 0,5 a 2,0 cm da última folha. Considera-se como última folha aquela que está unida ao caule. Estádio R3 – É a segunda fase de alongamento do broto floral, encontrando-se a uma distância maior que 2,0 cm acima da última folha. Estádio R4 (floração inicial) - primeira fase do florescimento. Caracteriza-se por apresentar as primeiras flores liguladas, que, freqüentemente, são amarelas. É nesta etapa que se realiza a proteção dos capítulos, visando o controle de polinização. Estádio R5 - segunda fase do florescimento. Pode ser dividida em subfases conforme a percentagem de flores tubulares do capítulo que estão liberando pólen ou estão abertas: R5.1 - 10% das flores do capítulo estão abertas; R5.5 - floração plena - 50% das flores do capítulo estão abertas. Durante esta etapa é que se procede à emasculação manual e se realizam os cruzamentos desejados. Estádio R6 (floração final) - terceira fase do florescimento. Caracteriza-se pela abertura de todas as flores tubulares e pelo murchamento das flores liguladas. Estádio R7 - primeira fase de desenvolvimento de aquênios. O dorso do capítulo converte-se de verde para amarelo-claro. Estádio R8 - segunda fase de desenvolvimento de aquênios. O dorso do capítulo torna- se amarelo-escuro e as brácteas ainda estão verdes. Estádio R9 (maturação fisiológica) - fase de maturação dos aquênios. As brácteas estão entre amarelo e castanho. 1.3.4 Componentes do rendimento e suas relações na cultura do girassol O rendimento do girassol é função de diversas características agronômicas como o diâmetro do capítulo, número de aquênios por capítulo, massa e teor de óleo nos aquênios que, interagindo entre si e com o ambiente, possibilitam a expressão do potencial genético da variedade utilizada (CARVALHO; PISSAIA, 2002). 25 Os componentes diretos do rendimento em girassol são número de capítulos por unidade de área, número de aquênios por capítulo e peso de mil aquênios. A associação entre estes componentes determina a produtividade de uma lavoura comercial. Em trabalho realizado por Amorim et al., (2008), a massa de mil grãos apresentou correlação positiva significativa apenas com a produtividade (0,55), não ocorrendo interação com as outras variáveis em estudo. Isso indica que uma elevação na massa de mil grãos provoca um aumento direto no rendimento de grãos. No mesmo estudo foi identificada correlação significativa do caráter teor de óleo com outros de interesse agronômico nesta espécie. Além disso, algumas variáveis estudadas como o diâmetro de capítulo e massa de mil grãos influenciaram de forma positiva na produtividade, indicando que existe um sistema de inter-relações entre os caracteres, que podem influenciar o rendimento por meio de outro caráter correlacionado. Segundo Carvalho e Pissaia (2002) a massa de mil aquênios variou entre 66,5 e 71,1 gramas, o número de aquênios por capítulo entre 417 e 499 e o rendimento de grãos de 1875 a 2180 kg ha-1 em girassol. Já para Amorim et al (2008) a massa de mil aquênios variou entre 31 a 73 gramas e a produtividade entre 699,26 e 1642,20 kg ha-1. 1.3.5 Índice de colheita, herdabilidade, e produção de óleo 1.3.5.1 Índice de colheita O índice de colheita (IC) é o quociente entre o rendimento econômico (grãos) e o rendimento biológico (palha), multiplicado por 100 e expresso em percentagem, o que representa a eficiência com que os fotoassimilados são convertidos em rendimento econômico e é um parâmetro relacionado a espécie. O IC pode ser calculado utilizando a fórmula: IC = peso de aquênios (g) /matéria seca total (g). A faixa adequada para o IC em girassol segundo Merrien (1992) é 0,25 a 0,35. O IC determina o desempenho fisiológico de distintos genótipos, pela relação matéria seca de grão sobre a palha do resto da planta. O entendimento dos processos de alocação de matéria seca durante o ciclo da cultura do milho, sobretudo os fatores e processos relacionados à partição de fotoassimilados para o grão e palha são de grande importância no direcionamento do processo de melhoramento 26 genético e do manejo para incrementar o rendimento de grãos (DURÃES et al. 2002). Segundo os mesmos autores a produção de grãos de um genótipo depende da habilidade em dividir a matéria seca produzida entre os componentes do rendimento econômico (grãos) e os demais caracteres da planta (palha). A síntese, translocação, partição e acúmulo de produtos fotoassimilados na planta são controlados geneticamente e influenciados por fatores ambientais. Adversidades ambientais geralmente redundam em menor IC. Estudos têm mostrado que o IC de uma cultura é marcadamente influenciado pela densidade de plantio, disponibilidade de água e nutrientes e temperatura na estação de crescimento (DURÃES et al., 2002). Segundo os mesmos autores, sendo o IC uma medida da eficiência do transporte de fotoassimilados para o grão, teoricamente, o maior IC observado por uma cultivar demonstra maior eficiência de conversão de produtos sintetizados em material de importância econômica (grãos). O incremento no diâmetro total do capítulo nem sempre se traduz em aumento no rendimento de grãos, sendo o índice de colheita um parâmetro importante em definir maiores níveis de produtividade em girassol (SCHWERTNER, 2009). 1.3.5.2 Herdabilidade A herdabilidade é a proporção herdável da variabilidade total dos genótipos. Em sentido restrito é a proporção da variabilidade observada em razão dos efeitos aditivos de genes (BORÉM, 1998). A variabilidade fenotípica resulta da ação conjunta dos efeitos genéticos e de ambiente. A variação do ambiente ofusca a variação de natureza genética. Quanto maior for a proporção da variação devido ao ambiente em relação a variabilidade total, mais difícil será selecionar genótipos de forma efetiva . A herdabilidade no sentido amplo pode ser definida como a razão entre a variância genotípica e a variância fenotípica. Já em sentido restrito a herdabilidade pode ser definida como a razão entre a variância aditiva e fenotípica (BORÉM, 1998). A herdabilidade em sentido restrito é mais útil, pois qualifica a importância relativa da proporção aditiva da variância genética que pode ser transmitida para a próxima geração. Os caracteres que se desenvolvem em curto período, estão menos sujeitos ao efeito de ambiente e apresentariam maior herdabilidade do que os sujeitos a maiores períodos de 27 interferência, ou seja, quanto menor o período fenológico maior é a herdabilidade (BORÉM, 1998). Em estudo conduzido por Amorim et al., (2007) em girassol a herdabilidade estimada para os caracteres foi de 94% para início da floração, 97,26 % para 50 % da floração, 89,06 % para o número de folhas, 87,90 % para a estatura de plantas, 90,51 % para altura de inserção de capítulo, 85,50 % para o diâmetro de haste, 58,91 % para o diâmetro de capítulo, 82,15 % para a curvatura de capítulo, 78,26 % para porcentagem de grãos normais, 62,34 % para o peso de mil grãos, 73,44 % para o peso do hectolitro e 49,77 % para o rendimento de grãos. O caráter produtividade por planta apresentou o maior coeficiente de variação (25,84 %), pois representa caráter de herança quantitativa e altamente influenciado pelo ambiente. 1.3.5.3 Produção de óleo O conteúdo de óleo das sementes de girassol pode ser obtido mediante o uso de métodos de extração, sendo um processo trabalhoso, lento, que requer a destruição das sementes, contudo apresentando boa precisão. Segundo Carvalho e Pissaia (2002) o teor de óleo em girassol variou entre 44,8 a 52,5 %. Em estudo promovido por UNGARO et al., (1992) houve uma variação de teor de óleo maior entre as sementes de um mesmo capítulo que entre capítulos de uma população. Já para Amorim et al., (2008) o teor de óleo em girassol variou entre 33,69 a 44,74 %. No mesmo estudo o teor de óleo apresentou correlação negativa com a produtividade (-0,20), indicando que aumentos na produtividade causam redução no teor de óleo. O teor de óleo na semente não depende do tipo de solo nem da cultura anterior, mas, está positivamente correlacionado com a disponibilidade de água para a planta e o período crítico em que a falta de água acarreta uma diminuição no óleo compreende os vinte dias que sucedem o final do florescimento. Por sua vez, conforme Zimmerman e Fick (1973) e Matthes et al., (1983), a composição do óleo varia com a posição da semente no capítulo. 28 2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Local, clima e solo O experimento foi conduzido no Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR)/UNIJUÍ, localizado no município de Augusto Pestana-RS, durante o ano agrícola de 2009/2010. O IRDeR está situado a 28° 26’ 30’’ de latitude Sul e 54° 00’ 58’’ de longitude Oeste no Meridiano de Greenwich. Apresenta altitude de aproximadamente 400 metros. O clima da região, segundo a classificação de Köppen é cfa (subtropical úmido), com verão quente sem estiagem típica e prolongada. Os meses de janeiro e fevereiro são os meses mais quentes do ano, com temperatura superior a 22 °C, enquanto que junho e julho são os meses mais frios do ano, com temperatura superior a 3 °C. As observações meteorológicas registradas na estação experimental do IRDeR, registram precipitações pluviométricas de aproximadamente 1600 mm ano-1, com tendência de maiores precipitações na estação do outono e inverno. O solo da área experimental pertence à unidade de mapeamento Santo Ângelo, classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico Típico, originário do basalto da formação da Serra Geral. Apresenta perfil profundo de coloração vermelha escura, boa drenagem, textura argilosa com predominância de argilominerais 1:1 e óxi-hidróxidos de ferro e alumínio. Os dados de precipitação pluviométrica durante o período de realização do experimento foram obtidos na estação meteorológica do IRDeR, assim como o fotoperíodo. 2.2 Delineamento experimental e tratamentos Os níveis do fator tratamento aplicado foram os 21 genótipos de girassol, do Ensaio Final de Segundo Ano de Girassol 2009/10, Embrapa (Quadro 4). O experimento foi conduzido em delineamento experimental blocos ao acaso, sendo quatro blocos com 21 parcelas cada. A área ocupada pelo experimento foi de 0,2534 ha, sendo a área útil dos blocos 0,1843 ha. Cada bloco teve 76,8 m largura e 6 m de comprimento. As 29 parcelas foram de 6 metros de comprimento e 3,2 m de largura, e cada parcela foi constituída de quatro linhas de 6 m de comprimento espaçadas de 0,8 m, e o espaçamento entre plantas será de 0,3 m. N° genótipo Genótipo Empresa N° genótipo Genótipo Empresa 1 M 734 (T) Dow AgroScience 13 HLA 203 CL Helianthus do Brasil 2 ABROBEL 960 (T) Seminium S.A 14 HLA 211 CL Helianthus do Brasil 3 HELIO 358 (T) Helianthus do Brasil 15 HLA 862 HO Helianthus do Brasil 4 BRS GIRA 23 Embrapa Soja 16 HLA 887 Helianthus do Brasil 5 BRS GIRA 26 Embrapa Soja 17 HLA 860 6 BRS GIRA 27 Embrapa Soja 18 HLA 41 7 BRS GIRA 28 Embrapa Soja 19 NTO 2.0 Helianthus do Brasil do Helianthus Brasil Dow Agro 8 BRS GIRA 29 Embrapa Soja 20 M 735 Dow AgroScience 9 CF 101 ADVANTA 21 MULTISSOL CATI 10 V 70004 ADVANTA 11 AGROBEL 976 Tijereta 12 EXP 1463 Tijereta Quadro 4. Genótipos de girassol referentes ao Ensaio Final de Segundo Ano de Girassol - IRDeR 2009/10. 2.3 Manejo da cultura A semeadura foi realizada no mês de outubro de 2009. As linhas foram marcadas com semeadeira e o plantio realizado com saraquá, sendo que a distância entre plantas foi de 0,3 m, totalizando 21 covas na linha. Foram colocadas três sementes por cova, estando a densidade de semeadura entre 40000 a 45000 plantas ha-1. O desbaste foi realizado sete dias após a emergência, deixando 21 plantas na linha. Na adubação de base foram utilizados 200 kg ha-1 de adubo químico de fórmula 5-20-20, e a adubação de cobertura com 100 kg ha-1 de uréia 25 dias após a emergência. Foi realizado aplicação foliar do micronutriente boro, a partir da fonte solúvel borato de sódio (20,5% de boro) em duas aplicações aos 25 e aos 39 dias após a emergência, na dose 1,5 kg ha-1 do produto comercial. As pragas e as moléstias foram controladas de acordo com sua ocorrência tendo por base os níveis de controle, com os produtos registrados para a cultura. A colheita foi realizada a partir da escolha aleatória de 10 plantas por parcela, dessas, três plantas foram colhidas inteiras, para as demais foi feito apenas o corte dos capítulos. As três plantas inteiras foram 30 utilizadas para avaliação dos caracteres estudados, exceto rendimento de grãos, este estimado através da trilha dos sete capitulos. 2.4 Variáveis em estudo Os caracteres avaliados foram: rendimento de grãos (RG), rendimento biológico (RB), rendimento de palha (RP), rendimento biológico por planta (RBP), rendimento de palha por planta (RPP), rendimento de grãos planta (RGP), índice de colheita por planta (ICP), índice de colheita (IC), diâmetro total do capítulo (DTC), diâmetro infértil do capítulo (DIC), massa de capítulo (MC), massa de grãos do capítulo (MGC), massa de palha do capitulo (MPC), número de grãos do capitulo (NGC), curvatura do capitulo (CC), massa de mil grãos (MMG), massa de grão inteiro (MGI), massa de aquênio (MAQ), porcentagem de aquênio (%AQ), massa de mil aquênios (MMA), rendimento de aquênio (RA) e curvatura do capítulo (CC). 2.5 Análise estatística Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância, comparação de médias pelo teste de Scott & Knott (1974). Após, foi realizado cálculo de herdabilidade para os caracteres mencionados, de forma a complementar a análise do desempenho dos distintos genótipos testados no município de Augusto Pestana, RS. 31 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1, que envolve a apresentação dos caracteres de produção e de desempenho fisiológico, foi constatado em todas variáveis testadas, pelo menos um genótipo entre os demais diferiram entre si. Aliado a isso, aqueles caracteres que estão relacionados ao capitulo e do desempenho industrial também mostraram diferença estatística, exceto para o percentual de Aquênio, que não diferiu entre as cultivares. Cabe destacar que para o rendimento de grãos, foi detectado uma produção media de 2662 Kg ha -1 e, rendimento biológico de 9000 kg ha -1. Este fato recai da grande capacidade que apresenta esta espécie, tanto na produção de grãos como de palha, representando uma produção média de 6602 Kg ha -1 de matéria seca, que pode ser disponibilizada para o solo. Aliado a isso, os valores de desempenho da planta individual no seu rendimento biológico de palha e de grãos, confirma o forte potencial da planta de girassol na assimilação de carbono pela fotossíntese na produção de tecido vegetal. Segundo Cavasin Jr. (2001), o girassol representa uma espécie que melhora a fertilidade do solo por apresentar uma elevada capacidade de ciclagem de nutrientes absorvidos em profundidade e uma reduzida taxa de exportação de nutrientes aos grãos. Em suma, uma produção de 2500 kg ha -1 pode restituir ao solo aproximadamente 50 Kg de nitrogênio, 25 Kg de fósforo e 225 Kg de potássio. De modo geral, as cultivares brasileiras tem potencial de produção de valores superiores a cinco toneladas de matéria seca por hectare. Da mesma forma, Shwertner et., al (2009) verificou uma elevada estimativa de RB, que variou de 2278 a 6581 kg ha -1, mostrando também a forte capacidade desta espécie na produção de material orgânico para o solo, permitindo o aproveitamento dos elementos minerais que serão liberados para a cultura subsequente pela sua decomposição. 32 Tabela 1. Resumo da análise de variância dos caracteres de produção, fisiológicos, do capítulo e de indústria da planta de girassol. DEAg/UNIJUÍ, 2010. Quadrado Médio (Caracteres de Produção e Desempenho Fisiológicos) FONTE DE GL RG RB -1 RP -1 RBP -1 -1 RPP -1 RGP ICP IC -1 VARIAÇÃO (kg ha ) (kg ha ) (kg ha ) (g.pl. ) ( g.pl. ) ( g.pl. ) (RGP/RBP) (RG/RB) Bloco 3 856150,5 2927612 1106691 1529,5 578,1 453,3 0,0053 0,01 Cultivares 20 575138,2* 7116430,9* 4861075,1* 3718,0* 2539,6* 413,1* 0,0064* 0,009* Erro 60 162413,7 1614745 1003134 843,6 524 115,8 0,0013 0,004 Total 83 Máximo 3945 13343 10062 305 230 98 0,45 52 Mínimo 1510 5431 3657 124,1 83,6 29 0,16 19 Média Geral 2662 9002 6602 205,7 150,9 54,8 0,26 0,3 CV (%) 15,1 14,1 15,1 14,1 15,1 19,6 13,7 21 Quadrado Médio (Componentes ligados ao Capitulo) FONTE DE DTC DIC MC MGC MPC NGC CC GL (⃘) VARIAÇÃO (cm) (cm) (g) (g) (g) (g) Bloco 3 8,5 1 1305,6 457,8 250,5 33274,8 106,7 Cultivares 20 8,4* 8,0* 1037,9* 415,1* 192,6* 84461,1* 997,1* Erro 60 1,3 1,2 389,6 115,7 122 11525,8 33,9 Total 83 Máximo 21,5 8,8 192 98 93,9 1240 60 Mínimo 12,5 1,5 58,1 29 27,7 476 0 Média Geral 17,1 4,7 104,9 54,8 50 802 15,7 CV (%) 6,8 23,5 18,8 19,6 22 13,3 37 Quadrado Médio (Desempenho Industrial) FONTE DE GL RG MMG MGI MAQ (%) AQ MMA RA VARIAÇÃO (kg ha-1) Bloco 3 856150,5 Cultivares 20 575138,2* Erro 60 162413,7 Total 83 Máximo 3945 Mínimo 1510 Média Geral 2662 CV (%) 15,1 (g) 61,8 221,2* 10,9 (g) 0,01 0,03* 0,01 (g) 0,0156 0,0196* 0,005 (%) 40,8 70,2 43,9 (g) 59,1 133,5* 18,4 (kg ha-1) 658311,8 251646,3* 82808,3 - 76,8 44,2 57,8 5,7 0,91 0,4 0,64 15,7 0,69 0,26 0,43 16,2 87,2 48,3 68,4 9,6 58 26 39,5 10,8 2678 910 1815 15,8 - RG=rendimento de grãos; RB=rendimento biológico; RP=rendimento de palha; RBP=rendimento biológico por planta; RPP=rendimento de palha por planta; RGP=rendimento de grãos por planta; ICP=índice de colheita por planta; DTC=diâmetro total capitulo; DI=diâmetro interno capitulo; MC=massa do capitulo; MGC=massa de grão do capitulo; MPC=massa de palha do capitulo; NGC=número de grãos por capitulo; CC=curvatura do capitulo; RG=rendimento de grãos; MMG=massa de mil grãos; MGI=massa de grão inteiro; MAQ=massa de aquênio; (%) AQ=porcentagem de aquênio; MMA=massa de mil aquênios; RGI=rendimento de aquênio; 33 Nos componentes ligados ao capítulo (tabela 1) fortes amplitudes de variação foram também observadas e, importante ressaltar, o diâmetro total do capitulo que variou de 12,5 a 21,5 cm; a massa de capitulo de 58,1 a 192,0 g; massa de grãos do capitulo de 29 a 98 g e número de grãos por capitulo de 476 a 1240. No trabalho realizado por SHWERTNER et., al (2009), também foram verificados fortes amplitudes de variações entre esses caracteres, onde a DTC variou de 10,0 cm a 17,7 cm; a MC de 46 a 156 g; a MGC de 26 a 96 g e o NGC de 487 a 1534 sementes. Tem se verificado que o diâmetro do capitulo é fortemente influenciado pelo manejo de cultivo, pois, segundo SILVA et al., (2009) estudando o efeito da redução do espaçamento entre linhas para uma mesma densidade populacional em girassol, observaram que não houve alteração no DTC, demonstrando que sua alteração apenas foi obtida pela redução do número de plantas na área de cultivo. Na curvatura do capitulo foi identificado uma forte variação de 0o a 60o, dando suporte na identificação de genótipos de forte curvatura e com inflorescência curvada totalmente rente a superfície do solo (0o), sendo uma característica altamente desejável, pois, reduz a preferência e o ataque causado por pássaros. A curvatura do capítulo deve permitir adequada proteção contra o ataque de pássaros, facilitar a colheita e não expor a inflorescência diretamente ao sol. Do ponto de vista agronômico, os capítulos de forma plana e de menor espessura são os mais desejáveis, pois apresentam melhor distribuição dos tecidos vasculares e melhor contato com os grãos, além de facilitar a perda de água após a maturação fisiológica e sua curvatura. (BORÉM, 1998). Na tabela 1, para as características de interesse da indústria, fortes variações também foram observadas, dando suporte a inferir que estas diferenças tem por base a variabilidade das distintas constituições genéticas, principalmente da massa de mil grãos que variou de 44,2 a 76,8 g; massa de grão inteiro de 0,40 a 0,91 g; massa de aquênio de 0,26 a 0,69 %; massa de mil aquênios de 26,0 a 58,0 g e rendimento de aquênio que expressam valores de 910,4 a 2678 Kg há-1-. Cabe destacar que, considerando a produção média de grãos e de aquênio, 2662 e 1815 Kg h-1, existe uma sobra de casca produzida na indústria de 847 Kg. A distinção no tamanho do aquênio está associada à diferença no seu desenvolvimento, que varia de acordo com a posição das flores no capítulo. Das flores situadas na periferia, desenvolvem-se aquênios considerados normais com amêndoa e pericarpo normais. Nas flores situadas em direção ao centro do capítulo, as amêndoas diminuem progressivamente de tamanho, chegando-se à situação em que há apenas a formação do pericarpo. Neste caso, o aquênio é vazio e o grão é considerado chocho. Na zona central encontram-se resquícios florais, as chamadas flores estéreis ou abortivas, que variam em número conforme a época de cultivo e cultivar (SOLASI; MUNDSTOCK, 1992). 34 Na tabela 2, para o teste de médias do RG, duas classes distintas foram identificadas, destacando os genótipos em Kg ha-1 AGROBEL976 (3007); M735 (2779); MULTISSOL (2822); CF101 (3468); NTO 2.0 (2765); HLA 887 (3042) que apresentaram melhor produção. No RB forte destaque foi conferido a HLA860 com valor médio 12406 Kg ha-1, proporcionando um acúmulo de palha de 9343 Kg ha-1, mesmo com elevado RG (2614 Kg ha-1, classe b). Fato relevante foi que todos genótipos que evidenciaram maior desempenho no RG mostraram classe ``b`` ou ``c`` no RB e RP, exceto para NTO2.0 que evidenciou classe ``a`` de distribuição das médias tanto para RG como RP. Já, na avaliação médias de plantas individuais no RGP apenas os genótipos AGROBEL960, HLA203CL mostraram o menor desempenho, também no RBP e RPP, destacando o genótipo HLA860 como o de maior expressão, tanto no RGP, RBP e RPP, com valores de 70, 283,5 e 213,5 g. plantas-1. Em estudo conduzido por SHWERTNER et., al (2009) para o caráter, RG, foram verificadas 4 classes distintas de distribuição dos genótipos, no entanto, apenas 2 cultivares, das 24 testadas apresentaram classe “d” ou “c”. É sabido que o rendimento do girassol é função de diversas características agronômicas como o diâmetro do capítulo, número de aquênios por capítulo, massa e teor de óleo nos aquênios que, interagindo entre si e com o ambiente, possibilitam a expressão do potencial genético da variedade utilizada (CARVALHO; PISSAIA, 2002). Na avaliação do ICP que envolve a relação RGP/RBP, foi identificado que as cultivares BRS GIRA 28, BRS GIRA 29 E BRS GIRA 23 mostraram estatisticamente a maior partição de fotoassimilados destinados a produção de grãos do que a palha, por outro lado, pode representar uma informação inconsistente, visto que, a informação de planta individual nem sempre esta a associado ao desempenho final. Neste sentindo, foi analisado o IC, que expressa o desempenho fisiológico baseado numa amostragem não da planta individual, e sim por unidade de área, representada pela parcela. Portanto, nesta condição, os genótipos AGROBEL 976, CF 101 e AGROBEL 960, mostraram maior desempenho fisiológico, não corroborando com os dados obtidos do ICP. SHWERTNER et., al (2009) constatou para a variável ICP três classes diferentes de genótipos entre as 21 que foram testadas, onde 15 dessas apresentaram classe “a” e as demais variaram entre as classes “b” e “c”. A cultivar NTO 3.0 apresentou o menor ICP, de 0,19, já a de maior desempenho, neste caráter, foi conferido a 3 genótipos, HLE 17, SAUCE1 e AGROBEL 960, todos apresentando um ICP de 0,56. 35 Tabela 2. Teste de Médias para os caracteres de produção e fisiológicos de distintos genótipos de girassol. DEAg/UNIJUÍ 2010. GENÓTIPO CICLO AGROBEL976 BRSGIRA28 M735 MULTISSOL EXP1463 V70004 HLA211CL HLA41 CF101 NTO2.0 HLA203CL HLA887 M734(T) BRSGIRA27 BRSGIRA29 BRSGIRA26 HELIO358(T) HLA862HO BRSGIRA23 HLA860 AGROBEL960(T) PARÂMETROS GENÉTICOS VP (dias) 105 104 113 110 114 113 112 111 105 113 112 115 107 111 107 113 112 113 113 114 106 - Caracteres de Produção e desempenho Fisiológicos RB RP RGP RBP RPP RG -1 -1 -1 (kg ha ) 3007 a 2294 b 2779 a 2822 a 2681 b 2527 b 2565 b 2247 b 3468 a 2765 a 2033 b 3042 a 3356 a 2697 b 3131 a 2522 b 2251 b 2382 b 2474 b 2614 b 2246 b (kg ha ) 7860 c 7849 c 10083 b 10203 b 8789 c 9338 b 8674 c 7617 c 8653 c 10421 b 7688 c 9751 b 9889 b 9733 b 8580 c 9764 b 8395 c 8992 c 8407 c 12406 a 5944 c (kg ha ) 5723,4 c 5201,3 c 7277,8 b 7610,7 b 6332,0 c 6887,2 b 6699,2 b 5454,1 c 6341,0 c 8159,8 a 6198,9 c 7138,5 b 7020,2 b 7582,7 b 5597,6 c 7208,2 b 6329,9 c 6530,2 c 5455,1 c 9343,5 a 4545,6 c RG RB RP 265594 2990166 1967619 -1 -1 (g.pl. ) (g.pl. ) 48,8 b 179,6 c 60,5 a 179,4 c 64,1, a 239,4 b 59,0 a 233,2 b 56,1 a 200,9 c 56,0 a 213,4 b 45,1 b 198,2 c 49,4 b 174,1 c 52,8 b 197,7 c 51,6 b 238,1 b 34,2 c 175,7 c 59,7 a 222,8 b 65,5 a 226,0 b 49,1 b 222,4 b 68,0 a 196,1 c 58,4 a 223,1 b 47,2 b 191,9 c 56,2 a 205,5 c 67,4 a 192,1 c 70,0 a 283,5 a 31,9 c 195,8 c RGP 190 RBP 1562 ICP IC -1 (g.pl. ) (RGP/RBP) (RG/RB) 130,8 c 0,28 b 0,38 a 118,8 c 0,33 a 0,29 b 166,3 b 0,27 b 0,27 b 174,1 b 0,25 b 0,27 b 144,7 c 0,28 b 0,30 b 157,4 b 0,26 b 0,27 b 153,1 b 0,22 c 0,29 b 124,6 c 0,27 b 0,29 b 144,9 c 0,27 b 0,40 a 186,5 a 0,21 c 0,26 b 141,6 c 0,19 c 0,26 b 163,1 b 0,26 b 0,31 b 160,4 b 0,29 b 0,33 a 173,3 b 0,22 c 0,27 b 127,9 c 0,34 a 0,36 a 164,7 b 0,26 b 0,25 b 144,6 c 0,24 b 0,27 b 149,2 c 0,28 b 0,26 b 124,6 c 0,34 a 0,29 b 213,5 a 0,24 b 0,21 b 103,9 c 0,23 c 0,37 a RPP 1027 ICP 2,5.10 IC -4 0,0052 -3 0,004 VE - 1162413 1614745 100313 115 843 524 1,3. 10 VG Herdabilidade ha2 - 103181 0,38 964485 0,49 74 0,39 718 0,45 503 0,49 1,2.10-4 0,48 1375421 0,45 0,0012 0,23 RG=rendimento de grãos; RB=rendimento biológico; RP=rendimento de palha; RBP=rendimento biológico por planta; RPP=rendimento de palha por planta; RGP=rendimento de grãos por planta; ICP=índice de colheita por planta; IC=índice de colheita; O índice de colheita (IC) é o quociente entre o rendimento econômico (grãos) e o rendimento biológico (palha), que representa a eficiência com que os fotoassimilados são convertidos em rendimento econômico, e é um parâmetro relacionado a espécie. A faixa adequada para o IC em girassol é entre 0,25 a 0,35 (MERRIEN, 1992). Na avaliação dos caracteres fisiológicos, frente aos parâmetros genéticos, se percebe que em todas as condições, a variância de ambiente foi superior a variação genética, em maior 36 ou menor grau, no entanto, o valor mais reduzido da herdabilidade foi conferido ao carater RG, (ha2 = 0,38), seguido do RB (ha2 = 0,45) e RP (ha2 = 0,49). Cabe destacar que os valores obtidos nestas variáveis se equivalem aos encontrados na planta individual. Contudo o IC evidenciou um herdabilidade média da planta em geral na ordem de ha2 = 0,23, respectivamente. SHWERTNER et., al (2009) avaliando a herdabilidade em girassol, observou valores de RG (ha2 = 0,68) e RB (ha2 = 0,42). A herdabilidade é a proporção herdável da variabilidade total dos genótipos. Em sentido restrito é a proporção da variabilidade observada em razão dos efeitos aditivos de genes. A variabilidade fenotípica resulta da ação conjunta dos efeitos genéticos e de ambiente. A variação do ambiente ofusca a variação de natureza genética. Quanto maior for a proporção da variação devido ao ambiente em relação a variabilidade total, mais difícil serra selecionar genótipos de forma efetiva (BORÉM, 1998). Na tabela 3, que envolve a inflorescência do girassol e os caracteres relacionados, é importante destacar que o DTC evidenciou três classes distintas, destacando as cultivares BRSGIRA28 (18,6 cm), M735 (17,2 cm), MULTISSOL (16,9 cm), EXP1463 (18,3 cm), V70004 (18,3 cm), HLA211 CL (17,5 cm), NTO2.0 (17,1 cm), HLA887 (18,2 cm), M734 (17,6 cm), BRSGIRA27 (17,8 cm), BRSGIRA29 (19,7 cm), BRSGIRA26 (17,1 cm), HLA862HO (17,2 cm) e HLA860 (18,7 cm). Por outro lado, a AGROBEL960 foi a evidenciou menor DTC. No DIC que determina a parte da inflorescência com grãos ``chochos`` ou irregulares, destaque foi para a AGROBEL976 (5,5 cm), M735 (5 cm), HLA211CL (6,7 cm), NTO2.0 (6,9 cm), HLA203CL (5,7 cm), HLA887 (6,7cm), BRSGIRA27 (6,3 cm), BRSGIRA26 (5,7 cm), HLA860 (6,3 cm), como os de maior expressão, ou seja, tendem a reduzir a quantidade de grãos normais na inflorescência. Contudo, os demais genótipos mostram desempenho similar entre si, estando na classe ``b``. Para o MC grande número de constituições genéticas destacaram-se, porém de reduzida expressão para o HLA203CL (70,9 g), AGROBEL (66,6 g), o mesmo observado para a MGC. Na MPC, duas classes fenotípicas foram detectadas, com grande expressão na maioria dos genótipos, porém com o demais reduzido desempenho no HLA203 (36,8 g) e AGROBEL960 (34,6 g). SHWERTNER et., al (2009) em seu estudo relacionado aos caracteres da inflorescência do girassol, verificou para o carater DTC entre os genótipos avaliados, duas classes distintas de cultivares, sendo que os genótipos que apresentaram maior diâmetro de capitulo foram PARAISO22 (16,2 cm) e V70003 (15,7 cm), os demais variaram entre valores de 11,8 cm a 14,2 cm, estes pertencentes a classe ``b``. 37 Tabela 3. Teste de médias para os caracteres relacionados a inflorescência de distintos genótipos de girassol. DEAg/UNIJUÍ 2010. GENÓTIPO DTC Caracteres ligados ao Capitulo DIC MC MGC MPC AGROBEL976 (cm) 16,4 b (cm) 5,5 a (g) 97,0 b (g) 48,8 b (g) 48,2 a (g) 813 c 41,2 b BRSGIRA28 18,6 a 2,2 b 107,9 a 60,5 a 47,3 a 758 c 28,7 c M735 17,2 a 5,0 a 121,2 a 64,1 a 57,1 a 831 c 12,5 d MULTISSOL 16,9 a 4,6 b 108,4 a 59,0 a 49,4 a 630 d 8,7 d EXP1463 18,3 a 3,8 b 105,6 a 56,1 a 49,4 a 898 b 41,2 b V70004 18,3 a 4,6 b 105,3 a 56,0 a 49,2 a 905 b 32,5 c HLA211CL 17,5 a 6,7 a 90,5 b 45,1 b 45,3 a 713 c 38,7 b HLA41 15,5 b 3,7 b 93,5 b 49,4 b 44,0 a 789 c 7,5 d CF101 16,1 b 4,8 b 103,2 a 52,8 b 50,3 a 811 c 7,5 d NTO2.0 17,1 a 6,9 a 116,6 a 51,6 b 65,0 a 835 c 51,2 a HLA203CL 15,6 b 5,7 a 70,9 c 34,0 c 36,8 b 678 d 4,0 d HLA887 18,2 a 6,7 a 112,3 a 59,7 a 52,6 a 1024 a 4,0 d M734(T) 17,6 a 3,4 b 115,5 a 65,5 a 49,9 a 800 c 2,5 d BRSGIRA27 17,8 a 6,3 a 99,1 b 49,1 b 50,0 a 801 c 12,5 d BRSGIRA29 19,7 a 3,3 b 123,7 a 68,0 a 55,7 a 1051 a 3,5 d BRSGIRA26 17,1 a 5,7 a 108,7 a 58,4 a 50,3 a 745 c 4,7 d HELIO358(T) 14,5 c 3,3 b 93,4 b 47,2 b 46,1 a 571 d 1,7 d HLA862HO 17,2 a 2,6 b 108,4 a 56,2 a 52,1 a 898 b 7,7 d BRSGIRA23 16,4 b 3,6 b 125,3 a 67,4 a 57,8 a 723 c 7,7 d HLA860 18,7 a 6,3 a 129,5 a 70,0 a 59,5 a 1071 a 7,2 d AGROBEL960(T) 13,6 c 4,4 b 66,6 c 31,9 c 34,6 b 502 d 4,7 d DT DI MC MGC MPC NGC CC 3 1,3 1,7 2,9 1,2 1,7 551,6 389,6 162 190,5 115,7 74,8 139,6 122,0 17,6 29759,6 11525,8 18233,8 274,7 33,9 240,8 0,56 0,58 0,29 0,39 0,12 0,61 0,87 PARÂMETROS GENÉTICOS VP VE VG Herdabilidade ha2 NGC CC (⃘) DT=diâmetro total capitulo; DI=diâmetro interno capitulo; MC=massa do capitulo; MGC=massa de grão do capitulo; MPC=massa de palha do capitulo; NGC=número de grãos por capitulo; CC=curvatura do capitulo; 38 Na avaliação do NGC foi observado uma forte variação entre os genótipos testados (4 classes), destacando as cultivares HLA887 (1024 grãos), BRSGIRA29 (1051 grãos), e HLA860 (1071 grãos) que apresentaram maior número de grãos produzido por capitulo, estatisticamente similares e distintas, das demais. Por outro lado, as de valores médios mais reduzidos foram MULTISSOL (630 grãos), HLA203CL (678 grãos), HELIO358 (571 grãos) e AGROBEL960 (502 grãos). Além disso, o carater CC também evidenciou 4 classes diferentes, sendo que a grande maioria dos genótipos testados evidenciaram reduzida CC, ou seja, a parte frontal da inflorescência com tendência a direção do solo, o que é altamente desejável, ficando apenas o genótipo NTO2.0 que mostrou ângulo mais aberto do capitulo em relação à superfície do solo. Para o carácter CC destaque é conferido aos genótipos Aromo 10, M 734 (T), Helio 358 (T), Albisol 20 CL, Agrobel 960 (T), HLT 5009, HLT 5013, Albisol 2 e SRM 840 que apresentaram maior curvatura de capítulo. Na tabela 3 nos caracteres de inflorescência com relação a estimativa dos parâmetros genéticos, se percebe que aqueles relacionados a MC mostraram ação da variância de ambiente maior do que a variância genética, consequentemente, os valores mais reduzidos de herdabilidade (MC ha2 = 0,29; MGC ha2 = 0,39 e MPC ha2 = 0,12). Por outro lado, nos demais caracteres a variância genética foi superior a de ambiente, culminando com valores de média a elevada herdabilidade para o DTC (ha2 = 0,56); DIC (ha2 = 0,58) e NGC (ha2 = 0,61). Cabe destacar a elevada herdabilidade encontrada para o carater CC (ha2 = 0,87), dando suporte e inferir que genótipos que evidenciaram reduzida CC, tendem a maior estabilidade de expressão desta característica frente as alterações de ambiente. Analisando a herdabilidade podemos verificar que todos os caracteres que estão relacionados ao DTC (ICC, MGC, MC, NGC, MMG e RG) apresentam de forma conjunta com este baixa herdabilidade. Os caracteres que apresentaram menor herdabilidade foram DTC (23,25%) e MGC (23,13%), indicando que sua expressão é altamente influenciada pelo ambiente e pouco devido a constituição genética, portanto são caracteres que facilmente são alterados pelas condições de ambiente e de manejo (SHWERTNER et., al, 2009). 39 Tabela 4. Teste de médias para os caracteres de interesse da indústria de distintos genótipos de girassol. DEAg/UNIJUÍ 2010. GENÓTIPO Desempenho Industrial MMG Amostra de 10 grãos RG -1 MGI MAQ (%) AQ MMA RA (kg ha ) (g) (g) (g) (%) (g) (kg ha-1) 3007,4 a 2294,9 b 2778,1 a 2822,0 a 2681,2 b 2527,0 b 2565,5 b 2247,3 b 3468,9 a 2765,7 a 2033,7 b 3042, 9 a 3356,8 a 2687,5 b 3131,8 a 2522,5 b 2251,1 b 2382,4 b 2474,1 b 2614,5 b 2246,6 b 52,8 c 65,1 b 63,5 b 63, 0 b 49,0 d 49,8 d 48,9 d 54, 9 c 60,9 b 55,1 c 46,3 d 49,1 d 70,7 a 54,0 c 58,5 c 66,2 b 68,8 a 55,1 c 69,0 a 57,4 c 55,1 c 0,58 b 0,77 a 0,79 a 0,76 a 0,57 b 0,60 b 0,54 b 0,53 b 0,66 a 0,66 a 0,43 b 0,56 b 0,73 a 0,56 b 0,63 b 0,68 a 0,77 a 0,63 b 0,72 a 0,60 b 0,62 b 0,39 c 0.55 a 0,54 a 0,45 b 0,42 c 0,41 c 0,35 c 0,38 c 0,47 b 0,45 b 0,29 c 0,36 c 0,46 b 0,34 c 0,44 b 0,46 b 0,55 a 0,46 b 0,51 a 0,44 b 0,41 c 66,7 a 71,9 a 69,2 a 58,5 a 73,5 a 69,9 a 64,5 a 72,1 a 71,3 a 67,7 a 67,3 a 64,3 a 63,6 a 60,4 a 70,0 a 68,6 a 71,2 a 73,3 a 72,0 a 72, 6 a 67,6 a 35,0 c 46,9 a 44,1 b 36,9 c 36,0 c 34,9 c 31,5 c 39,6 b 43,5 a 37,4 c 31,2 c 31,4 c 45,0 a 32,7 c 40,9 b 45,4 a 48,9 a 40,2 b 49,6 a 41,6 b 37,4 c 1998,7 a 1635,4 b 1937,8 a 1676,0 b 1973,9 a 1744,8 b 1657,3 b 1615,5 b 2463,2 a 1870, 9 a 1379,1 b 1962,9 a 2142,7 a 1623,7 b 2189,6 a 1729,3 b 1606, 7 b 1737,2 b 1938,9 b 1895,7 a 1541,8 b RG MMG MGI MAQ (%) AQ MMA RA VP 265594 63,4 0,015 0,008 50,4 47,1 125017 VE 162413 10,9 0,005 0,005 43,9 18,4 82808 103181 0,38 52,5 0,82 0,003 0,37 0,003 0,37 6,5 0,12 28,7 0,6 42209 0,33 AGROBEL976 BRSGIRA28 M735 MULTISSOL EXP1463 V70004 HLA211CL HLA41 CF101 NTO2.0 HLA203CL HLA887 M734(T) BRSGIRA27 BRSGIRA29 BRSGIRA26 HELIO358(T) HLA862HO BRSGIRA23 HLA860 AGROBEL960(T) PARÂMETROS GENÉTICOS VG Herdabilidade ha2 RG=rendimento de grãos; MMG=massa de mil grãos; MGI=massa de grão inteiro; MAQ=massa de aquênio; (%) AQ=porcentagem de aquênio; MMA=massa de mil aquênios (MMG X % AQ); RA=rendimento de aquênio (RG x %AQ); Na tabela 4, visando conhecer o desempenho de diferentes genótipos de girassol para aqueles caracteres de interesse da indústria, foi possível observar que os oito genótipos que mostraram os mais expressivos desempenhos de produção (RG), evidenciaram alterações em outros caracteres relevantes. Na MMG apenas três constituições genéticas apresentaram comportamento superior aos demais, que foram M734 (70,7 g); HELIO358(68,8 g) e 40 BRSGIRA23 (69,0 g). Dentre esses três, apenas a M734 mostrou o melhor desempenho no RG (classe ``a``). É importante destacar que a cultivar HLA887 também de desempenho superior no RG, foi classificada entre as que apresentaram o pior desempenho no MMG. Na avaliação dos grãos, pela contagem de 10 sementes e seu descasque, para compor a massa de 10 aquênios, estes valores permitiram estimar também o percentual de AQ. Portanto, com base nestas três variáveis, grande número de genótipos mostraram valores superiores para o MGI, dentre estas apenas os genótipos BRSGIRA28 (0,77 g); M735 (0,79 g); HELIO538 (0,77 g) e BRSGIRA23 (0,72 g) apresentaram melhor desempenho para a variável MAQ. Por outro lado, mesmo a diferença no percentual de aquênio não tendo sido verificado, os valores da MMA destacou 4 genótipos com desempenho superior, BRSGIRA28 (46,9 g); M734 (45,0 g), BRSGIRA26 (45,4 g) e BRSGIRA23 (49,6 g). SHWERTNER et., al (2009) através do teste de comparação de médias, observou 4 classes distintas para a variável MMG entre as constituições genéticas avaliadas e, constatou que as cultivares de maior desempenho foram o HLE17 (62 g), HLE14 (63,9 g), M734 (58,4 g) e V70003 58,8 g). Amorin (2008) em seu trabalho verificou uma produtividade de grãos em média de 1085,11 kg ha-1, variando de 699,26 kg ha-1 para o híbrido V20038 a 1642,20 kg ha-1 para o híbrido V20044. Observou-se nas variedades produtividade média de 1284,46 kg ha-1, 25% superior à média dos híbridos, que ficou em 1030,74 kg ha-1. Esses valores estão em concordância com aqueles verificados na literatura (EMBRAPA, 2003; 2006a). No RA nove constituições genéticas expressaram os maiores valores médio, que foram AGROBEL976, EXP1463, CF101, NTO2.0, HLA887, BRSGIRA29 E HLA860. No entanto, é importante destacar os genótipos CF101 e M734 que evidenciaram de modo simultâneo os valores mais expressivos no RG, MGI, %AQ e MMA, expressaram valores superiores a dois mil quilos de rendimento de aquênio. Na avaliação dos parâmetros genéticos, os caracteres RG, RGI e daqueles estimados com base da amostra de 10 grãos (MGI, MAQ E %AQ) evidenciaram reduzida herdabilidade, por outro lado, a MMG e MMA evidenciaram valores mais estáveis, com sua variação total expressa com maior participação dos efeitos genéticos. Sob baixas densidades há a formação de aquênios mais pesados, o que ocasionaria segundo VRANCEANU (1977), a produção de maior porcentagem de casca em prejuízo à constituição dos componentes internos dos aquênios. Por outro lado, quando se aumenta a densidade de plantas há maior competição intraespecífica fazendo com que ocorra a formação de aquênios com menor massa e, provavelmente, com diferente distribuição de matéria seca entre a casca e a amêndoa. Os caracteres que se desenvolvem em curto período, estão menos sujeitos ao efeito de ambiente e apresentariam maior herdabilidade do que os sujeitos a maiores períodos 41 de interferência, ou seja, quanto menor o período fenológico maior é a herdabilidade (BORÉM, 1998). 42 CONCLUSÃO Existe variabilidade genética entre os 21 genótipos de girassol avaliados para todos os caracteres estudados, o que permite a seleção de genótipos superiores, seja para compor populações segregantes, ou em linhagens obtidas a partir da hibridação. Os genótipos AGROBEL976, M735, MULTISSOL, CF101,NTO2.0, HLA887, M734 e BRSGIRA29 apresentaram o maior rendimento de grãos, indicando cultivares adaptadas para cultivo na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Os caracteres massa de mil grãos, número de grãos por capítulo e curvatura do capitulo contribuíram com a maior parte da variabilidade genética observada. Em relação aos parâmetros genéticos, foi possível observar que os três caracteres que apresentaram maior herdabilidade foram, massa de mil grãos e curvatura e número de grãos por capitulo. 43 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA AMORIM, Edson Perito et al. Correlações e análise de trilha em girassol. Bragantia, Campinas, v. 67, n. 2, p. 307-316, 2008. AMORIM, Edson Perito et al. Divergência genética em genótipos de girassol. Ciência agrotécnica, Lavras, v. 31, n. 6, p. 1637-1644, 2007. ANDRIGHETTO, J. M. Nutrição Animal. 5° Ed. [S.l.]: Nobel, 1981, p. 395. BACKES, Rogério Luiz et al. Desempenho de cultivares de girassol em duas épocas de plantio de safrinha no planalto norte catarinense. Scientia Agraria, v. 9, n. 1, p. 41-48, 2008. 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