2 - MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL 1 FEX 1001 Objetivo Determinar a aceleração de queda livre de uma esferinha metálica. Vericar que o movimento de queda de uma esferinha, quando presa a um disco, é afetado pela resistência do ar. 2 Teoria Quando soltamos um corpo vericamos que este corpo cai. No entanto, a maneira como ele cai depende, entre outros fatores, da forma geométrica desse corpo. Por exemplo, pegue uma folha de papel A4 e deixe-a cair. Observe seu movimento de queda. Agora amasse totalmente esta folha de modo a formar uma bola. Solte-a novamente. De fato, seu movimento de queda é bastante diferente do anterior. Embora a massa da folha de papel tenha se mantido a mesma, sua forma geométrica foi alterada. Por outro lado, soltando esta mesma folha de papel amassada e uma esferinha de metal, ambas da mesma altura inicial em relação ao solo, e do repouso, verica-se que ambas caem aproximadamente juntas. Poderíamos concluir que a aceleração de queda depende da massa do corpo em queda e ou de sua forma geométrica? Galileo Galilei propôs que, se toda a resistência do ar pudesse ser eliminada, os corpos cairiam da mesma maneira. Ou seja, se a diculdade que o ar oferece ao movimento dos corpos fosse retirada, se zéssemos um recinto com vácuo e se soltássemos diferentes corpos (com diferentes formas geométricas e diferentes massas), vericaríamos que todos eles cairiam com a mesma aceleração e mais, que esta aceleração é constante. Ao soltarmos um corpo, por exemplo uma esferinha metálica, vericamos que o mesmo encontra-se sujeito a ação de duas forças verticais (supondo que não tenha vento na direção transversal ao movimento) que são a força peso, produzida pela Terra, e a força de resistência do ar. Em geral, a força de resistência do ar é proporcional a alguma potência da velocidade do corpo, ou seja, quanto maior a velocidade, maior será a força de resistência do ar. Esta força também depende de uma série de fatores, como a área efetiva do corpo, e a densidade do ar a sua volta. Resumidamente, podemos escrever que Far = αv β , (1) em que α é uma constante que depende da área do corpo e da densidade do ar, entre outras, e β é uma constante positiva. Considere uma esferinha de massa m em queda. Adotando um sistema de referência orientado verticalmente para baixo, a 2ª Lei de Newton dá dv = mg − αv β . (2) m dt Podemos resolver esta equação para o caso particular de β = 1. Neste caso, a equação (2) ca m dv dt = mg − αv cuja solução é da forma v = vT 1 − e−t/τ . (3) Sabendo que v = dy , pode-se chegar em dt y = vT t + vT −t/τ e −1 , τ (4) que descreve a posição da esferinha, na vertical, em função do tempo. Nestas equações, vT é chamada de velocidade terminal, ou seja, a velocidade da esferinha quando a força de resistência do ar se iguala a força peso. Então a partícula em queda, no caso a esferinha, passa a se movimentar com velocidade constante. τ é uma constante que possui dimensão de tempo e corresponde ao intervalo de tempo necessário para que a velocidade de queda cresça até 63, 2% da velocidade terminal. Para o caso em que β = 2 a solução para a equação (2) é da forma v = vT tanh que fornece para a altura y a função y= gt vT (5) , vT2 gt ln cosh . g vT (6) Nas equações (5) e (6) vT também é a velocidade terminal da esferinha. Observe que valores diferentes de β levam a soluções diferentes. Observe também que são equações bastante diferentes daquelas características do MRUV1 . A queda livre é um caso particular em que não há resistência do ar ou o efeito desta é muito pequeno. Então a equação (2) torna-se, simplesmente, a = g e levando a um MRUV. 1 Lembre-se de que as correspondentes equações do MRUV são v = gt e y= gt2 . 2 Todas as equações apresentadas valem para uma esfera partindo do repouso, num referencial orientado positivamente para baixo com origem no ponto de partida da esfera. 1 3 Descrição do Experimento Neste experimento, uma esferinha de metal é solta de diferentes alturas e o tempo de queda é medido. São consideradas duas situações distintas: esferinha sozinha e esferinha com disco de papel. O disco de papel torna mais evidente o efeito da força resistiva do ar, durante a queda da esferinha. 4 Equipamento/Material 1. Contador digital. 2. Suporte com lançador e detector de queda. 3. Régua centimetrada com lançador. 4. Esfera de metal. 5. Esfera de metal com disco de papel. 5 (a) (b) (c) Procedimento Experimental Escolha dez alturas diferentes para o lançamento da esfera, sendo quatro delas menores do que 10, 0 cm, e complete a Tabela na folha de questionário. Prenda a esfera na primeira altura escolhida. Zere o contador digital e prepare-o para o lançamento. Isto é feito, primeiramente, apertando o botão stop, seguido por reset e após, o botão start. Observe que uma luz verde acende no contador digital. Não altere as escalas do contador! Veja a gura abaixo. Solte a esfera sozinha medindo o tempo de queda diretamente no contador digital e anote o valor na tabela 1. Solte a esfera com o disco de papel da mesma altura e meça o correspondente tempo de queda. (e) Repita os passos (b) e (c) anotando os tempos de queda até completar as tabelas. (g) Responda às questões da folha de questionário. Figura 1: Aparato experimental para estudo da queda livre e queda com resistência do ar. 2 FEX 1001 2 - MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL Tabela 1: esfera sem disco Tabela 2: esfera sem disco h( h( ) tq ( ) ) tq ( ) 1. Represente, num mesmo papel milimetrado, os dados das tabelas 1 e 2 e observe os tipos de curva para a esfera e para a esfera com o disco. As curvas são iguais? Os grácos obtidos eram esperados? Justique. 2. Considere que a relação matemática entre o tempo de queda e a altura de queda seja tq = Ahn , com A e n constantes desconhecidas. Linearize esta equação mostrando claramente os coecientes linear e angular da reta. 3. A relação tq = Ahn pode ser aplicada ao caso da esfera sem disco? E para o caso da esfera com disco? Justique suas respostas. 4. Trace um gráco linear em papel milimetrado para a esfera sem disco e esfera com disco, e determine as constantes A e n para a esfera sem disco. Mostre os cálculos com clareza e indique os pontos lidos no gráco. g 5. Sabendo que o movimento de queda da esfera sem disco é do tipo MRUV, obtemos h = t2q , nos dando a 2 previsão teórica das constantes A e n. Quais são estes valores? O movimento de queda da esfera com disco pode ser considerado como MRUV? Justique. 3 6. Calcule, com os dados das questões 4. e 5., o valor de g para o caso da esfera sem disco. Calcule também o erro percentual tomando como referência o valor 9, 81m/s2 . Calcule ainda o erro percentual no valor de n, tomando como referência o valor teórico. 7. Escolha três alturas de lançamento e determine a velocidade da esfera sem disco no instante em que ela toca a base do sensor. Para isto, utilize o gráco feito na questão 1. e lembre que a velocidade instantânea é dy v= , ou seja, é a inclinação da reta tangente. dt 8. Obtenha a equação do erro propagado no valor de g . Observe que ∆h = 0, 5 cm e que ∆tq = 0, 001 s. Para resolver em casa: Construa, com os dados das Tabelas 1 e 2, um gráco em papel di-log de h × tq . Comente a respeito das curvas. Obtenha os valores de g e n para a esfera sem disco. 4