Experimento E6 CINEMÁTICA UNIDIMENSIONAL 23 de fevereiro de 2011 1 Objetivo Determinar a aceleração de queda livre de uma esferinha metálica. Vericar que o movimento de queda de uma esferinha, quando presa a um disco, é afetado pela resistência do ar. 2 Teoria Quando soltamos um corpo vericamos que este corpo cai. No entanto, a maneira como ele cai depende, entre outros fatores, da forma geométrica deste corpo. Por exemplo, pegue uma folha de papel A4 e deixe-a cair. Observe seu movimento. Agora amasse totalmente este folha de modo a formar uma bola. Solte-a novamente. De fato, seu movimento de queda é bastante diferente do anterior. Embora a massa da folha de papel tenha se mantido a mesma, sua forma geométrica foi alterada. Por outro lado, soltando esta mesma folha de papel amassada e uma esferinha de metal, ambas da mesma altura inicial em relação ao solo, e do repouso, verica-se que ambas caem aproximadamente juntas. Poderíamos concluir que a aceleração de queda depende da massa do corpo em queda? Galileo Galilei propôs que, se toda a resistência do ar pudesse ser eliminada, os corpos cairiam da mesma maneira. Ou seja, se a diculdade que o ar oferece ao movimento dos corpos fosse retirada, se zéssemos um recinto com vácuo e se soltássemos diferentes corpos (com diferentes formas geométricas e diferentes massas), vericaríamos que todos eles caem com a mesma aceleração e mais, que esta aceleração é constante. Ao soltarmos um corpo, por exemplo uma esferinha metálica, vericamos que o mesmo encontra-se sujeito a ação de duas forças verticais (supondo que não tenha vento na direção transversal) que são a força peso, produzida pela Terra, e a força de resistência do ar. Em geral, a força de resistência do ar é proporcional a alguma potência da velocidade do corpo, ou seja, quanto maior a velocidade, maior será a força de resistência do ar. Esta força também depende de uma série de fatores, como a área efetiva do corpo, e a densidade do ar a sua volta. Resumidamente, podemos escrever que (1) Far = αv n , em que α é uma constante que depende da área do corpo e da densidade do ar, entre outras, e n é uma constante positiva. Considere uma esferinha de massa m em queda. Adotando um sistema de referência orientado verticalmente para baixo, a 2ª Lei de Newton dá dv = mg − αv n . (2) m dt Podemos resolver esta equação o caso particular de n = 1. Neste caso, a equação (2) ca m dv dt = mg − αv cuja solução é da forma v = vT 1 − e−t/τ . (3) Sabendo que v = dy , pode-se chegar em dt y = vT t + vT −t/τ e −1 , τ (4) que descreve a altura da esferinha em função do tempo. Nestas equações, vT é chamada de velocidade terminal, ou seja, a velocidade adquirida quando a força de resistência do ar se iguala a força peso. Então a partícula em queda, no caso a esferinha, passa a se movimentar com velocidade constante. τ é uma constante que possui dimensão de tempo e corresponde ao intervalo de tempo necessário para que a velocidade de queda cresça até 63, 2% da velocidade terminal. Para o caso em que n = 2 a solução para a equação (2) é da forma v = vT tanh que fornece para a altura y a função y= gt vT , vT2 gt ln cosh . g vT 1 (5) (6) Nestes dois resultados, vT também é a velocidade terminal da esferinha. Observe que valores diferentes de n levam a soluções diferentes. Observe também que são equações bastante diferentes daquelas características do MRUV. A queda livre é um caso particular em que a resistência do ar pode ser desprezada, o que na equação (2) corresponde a tomar α = 0. Então a equação de movimento é simplesmente a = g 1 e levando a um MRUV. 3 Descrição do experimento Neste experimento, uma esferinha de metal é solta de diferentes alturas e o tempo de queda é medido. São consideradas duas situações distintas: esferinha sozinha e esferinha com disco de papel. O tamanho do disco, portanto sua área, deve alterar a maneira como a esferinha cai, por causa da força de resistência do ar. 4 Equipamento/Material utilizado 1. Contador digital. 2. Suporte com lançador e detector de queda. 3. Esfera de metal. 4. Esfera de metal com disco de papel. 5 Procedimento Experimental (a) Escolha dez alturas diferentes para o lançamento da esfera e complete a tabela na folha de relatório. (b) Prenda a esfera na primeira altura escolhida. Zere o contador eletrônico e prepare-o para o lançamento. Isto é feito, primeiramente, apertando o botão stop, seguido por reset e após, o botão start. Observe que uma luz verde acende no contador eletrônico. (c) Solte a esfera sozinha medindo o tempo de queda diretamente no contador digital e anote o valor na tabela 1. (e) Repita os passos (b) e (c) para a esfera com disco, anotando os tempos de queda, para as mesmas alturas, na tabela 2 da folha de relatório. (f ) Repita os procedimentos anteriores para as demais alturas de lançamento até completar as tabelas. (g) Responda às questões da folha de relatório. 1 Adotando-se um referencial orientado positivamente para baixo. 2 Experimento 6 - CINEMÁTICA UNIDIMENSIONAL Tabela 1 sem disco h( ) tqueda ( Tabela 2 com disco h( ) ) tqueda ( FEX 1001 ) 1. Com os dados das tabelas 1 e 2, contrua um gráco em papel milimetrado e em papel di-log de tqueda × h. Observe os tipos de curva nos dois papéis. Quais conclusões você tira a partir destes grácos? 2. Suponha que tqueda = Ahn . Linearize esta equação e determine as constantes A e n para o caso da esferinha. Mostre os cálculos com clareza e indique os pontos lidos no gráco. dy dv 3. Partindo da denição de aceleração (a = ) e velocidade (v = ), encontre as equações para a velocidade dt dt e altura da esferinha em queda livre, em função do tempo.. 3 4. Com base na equação da altura, obtida acima, escreva uma relação entre o tempo de queda tqueda e a altura h de lançamento. Compare sua equação com tqueda = Ahn e, com base nos seus dados, obtenha o valor da aceleração da gravidade g . 5. Calcule o erro percentual do seu valor em relação ao valor g = 9, 80665 m/s2 . 6. Quais conclusões você pode tirar a respeito do movimento de queda da esferinha com o disco? Justique. 4