DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO HÍBRIDO DE

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DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO HÍBRIDO DE CACHARA
(Pseudoplatystoma fasciatum) E PINTADO (Pseudoplatystoma
corruscans).
Santos, M. P¹,*.; Chedid, R. A1.; Mori, R. H.1; Senhorini, J. A.2; Veríssimo-Silveira, R.1;
Ninhaus-Silveira, A.1
1
LINEO – Laboratório de Ictiologia Neotropical, Dep. Biologia e Zootecnia, Unesp-Ilha Solteira.
2CEPTA/ ICMBIO – Instituto Chico Mendes – Pirassununga-SP
*[email protected]
Introdução
A embriologia é um importante segmento da Biologia no estudo do desenvolvimento em peixes. A
partir do estudo de embriões torna-se possível acompanhar os detalhes evolutivos mais específicos de
cada espécie. O estudo da formação dos complexos órgãos e sistemas de um animal, a partir de uma
única célula indiferenciada pode ser muito vantajoso nas análises ictiológicas de cada espécie,
transmitindo informações valiosas, tais como efeitos genéticos manifestados pela espécie, más
formações e até mesmo um conhecimento mais aprimorado sobre o embrião. (RESENDE, et al. 2009)
Segundo Prioli et al. (2003) o uso de híbridos em escala comercial é um fator já bastante
difundido atualmente, sendo que os cruzamentos entre as espécies Cachara (Pseudoplatystoma
fasciatum) e Pintado (Pseudoplatystoma corruscans), que formam o grupo dos chamados Surubins, da
família Pimelodidae, é de fácil difusão, pois ambas as espécies são morfológica e biologicamente muito
parecidas e possuem também locais de origem semelhantes, a destacar a Bacia Amazônica. Porém, a
chamada contaminação genética da fauna de peixes no país, tem preocupado especialistas no setor.
Como as espécies de peixes híbridos são geralmente novas e de pouco conhecimento, o seu
controle ou até mesmo o seu papel em um ambiente natural é desconhecido e pode muitas vezes
acarretar problemas ecológicos e econômicos.(COELHO, et al. 2005)
O conhecimento da biologia dos híbridos, do seu controle ou até mesmo do seu papel em um
ambiente natural servirá de subsídios para estudos ecológicos e para o seu sucesso no setor aquícola.
Deste modo, no presente estudo, embriões resultantes do cruzamento entre os peixes Cachara e Pintado
foram analisados, tendo em vista um conhecimento mais aprimorado do desenvolvimento embrionário
desta espécie. Os embriões foram acompanhados desde a fase de zigoto até a fase larval, destacando
entre as mesmas os estágios que compreendiam a clivagem, a gástrula, e a segmentação.
Material e Métodos
As amostras foram coletadas do plantel existente no CEPTA – Centro de Pesquisa e Gestão de
Recursos Pesqueiros Continentais – ICMBIO, Pirassununga, SP. Foram utilizados exemplares adultos,
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maduros e fêmeas de Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) e exemplares adultos, maduros e machos
de Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) durante o período reprodutivo.
Estes animais foram submetidos à fertilização induzida com solução de macerado de hipófise de
carpa, Cyprinus carpio, sendo que as fêmeas receberam duas aplicações nas dosagens de 0,5 mg e 5
mg/kg de peso vivo, respectivamente, com um intervalo de 10 horas. Os exemplares machos foram
induzidos, com uma aplicação na dosagem de 1 mg/kg de peso vivo, quando da segunda aplicação das
fêmeas. Após aproximadamente 10 horas da última dosagem indutora, foi efetuada a extrusão dos óvulos
e a retirada do sêmen.
Para a fertilização foi utilizado o método “a seco”, onde os óvulos foram misturados ao sêmen
sem contato com a água. A seguir, foi colocada água no meio e os ovos foram incubados em
incubadoras horizontais. A primeira coleta foi realizada no momento em que os ovos foram colocados nas
incubadoras, sendo que as coletas seguintes foram realizadas com intervalos de 10 minutos nas
primeiras duas horas do desenvolvimento embrionário. Transcorridas essas duas horas a coleta foi em
intervalos de uma hora até a eclosão das larvas.
As amostras foram fixadas em Solução de Karnovisky modificado, conservadas em geladeira,
posteriormente seguiram para o Laboratório de Ictiologia de Neotropicais da UNESP – Ilha Solteira onde
foram lavadas e mantidas em etanol 70%. Amostras representativas de cada fase embrionária foram
separadas, sendo realizada a retirada do córion, corados com hematoxilina de Harris-eosina, analisados
e fotomicrografados sob estereomicroscópio.
Resultados
O período embrionário do híbrido de Cachara e Pintado se estendeu da fertilização a eclosão
compreendendo um período de aproximadamente 24 horas. Os ovos apresentaram formato esférico,
translúcidos e pouco espaço perivitelino, foram classificados como telolécitos devido à distribuição e
quantidade de vitelo. A clivagem dos ovos foi do tipo meroblástica, ocorrendo somente no pólo animal. O
desenvolvimento embrionário foi dividido até o momento em zigoto, clivagem (com 2, 4, 8, 16, 32 e 64
blastômeros, mórula), gástrula, segmentação e eclosão.
Após a fertilização, observou-se a hidratação do ovo com aumento do espaço perivitelíneo, fusão
dos pró-núcleos e reorganização citoplasmática com estabelecimento dos pólos animal e vegetal.
Os blastômeros inicialmente aumentaram em número e diminuíram de tamanho, as células
apresentaram-se homogêneas. A partir da 5ª clivagem, começaram a aparecer blastômeros de tamanhos
diferentes. O estágio de clivagem terminou às 3 horas de embriogênese, na fase de mórula. O estágio de
gástrula caracterizou-se pelo início do movimento de epibolia e ocorrência dos movimentos
morfogenéticos de convergência e involução. Às 4,5 horas os embriões estavam em 25% de epibolia.
90% dos embriões encontravam-se em 50% de epibolia às 7 horas. Com 9 horas de desenvolvimento os
embriões encontravam-se com 90% de epibolia.
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Com 10 horas os embriões se encontravam em nêurula inicial, com diferenciação da cabeça e
cauda. Foram contados 12 somitos com o tempo de 11 horas, pode-se observar a vesícula óptica,
vesícula de Kupfer e cauda presa. O estágio larval caracterizou-se pelo despregamento da cauda,
presença de mais de 25 pares de somitos e com o embrião apresentando a forma da larva. A notocorda
se estendia da região cefálica até a cauda e intestino posterior bem definido. Também foi possível
observar neste estágio a ocorrência de movimentos espasmódicos, que foram aumentando com o
decorrer do desenvolvimento. Ao final deste estágio os embriões apresentavam mais de 30 somitos. A
eclosão ocorreu aproximadamente às 24 horas de desenvolvimento (Tabela 1).
Tabela 1: Desenvolvimento Embrionário do cruzamento de Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) com
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans).
Tempo
(Horas)
0-0,40
0,60
0,70
0,80
0,90
1,10
1,70
1,90
2,90
3,90
4,90
5,90
Estágio
Observações
Zigoto
Clivagem
Clivagem
Clivagem
Clivagem
Clivagem
Clivagem
Clivagem
Gástrula
Gástrula
Gástrula
Gástrula
7,90
Segmentação
9,90
Segmentação
11,10
11,90
12,90
24,00
Larval
Larval
Larval
Eclosão
Pólo animal sem segmentação.
100% embrião com 2 células.
100% embrião com 4 células.
22% 4 células; 78% 8 células.
66% 16 células; 26% mal formados; 8% 8 células.
84% 32 células; 16% mal formados.
26% em mórula inicial e 74% 74 células.
100% mórula.
100% com 25% de epibolia.
98% com 50% de epibolia; 2% mal formados.
98% com 50% de epibolia; 2% mal formados.
52% com 75% de epibolia; 48% com 90% de epibolia.
20% com vesícula ótica e 10 somitos; 30% em nêurula; 44% mal formados; 2% com
10 somitos e 2% com 12 somitos.
56% com 24 somitos e vesícula ótica; 20% com 19 somitos e vesícula ótica, 10% em
nêurula; 12% mal formados.
72% com 30 somitos (Larva em Crescimento); 28% com 28 somitos e vesícula ótica.
100% com mais de 30 somitos (Larva em Crescimento).
100% Larva em Crescimento.
100% Eclodidos.
Referências
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Caso de Alevinagem no Rio Bubú (Baía de Vitória, ES). Monografia. Universidade Federal do Espírito
Santo. Centro de Ciências Humanas e Naturais. Laboratório de Limnologia e Planejamento Ambiental.
Vitória. 2006.
CARLOS, V. A.; JUNIOR, H. Análise Genética de Pseudoplatystoma corruscans (Pintado) e P.
Fasciatum (Cachara) e de um híbrido, com base em marcadores mitocondriais e nucleares, 2003.
Relatório PELD (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração). Universidade Estadual de Maringá. Maringá.
2003.
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PEZZATO, L. E. Produção Intensiva de Surubins em Gaiolas: Estudos de Caso. Biblioteca Digital de
Teses e Dissertações da USP. 2005.
NINHAUS-SILVEIRA, A. N.; FORESTI, F.; AZEVEDO, A. Structural and ultrastructural analysis of
embryonic development of Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836). Zygote, v.14, p.217-229, 2006.
PRIOLI, A. J.; PRIOLI, L. M.; PRIOLI, S. M. A. P.; PANARARI, R. S.; BIGNOTTO, T. S.; MANÍGLIA, T. C.;
OLIVEIRA, I. R.; FORESTI, F. P.; NINHAUS-SILVEIRA, A.; VERÍSSIMO-SILVEIRA, R.; SENHORINI, J.
A.; BRANCO, G. S. Desenvolvimento Embrionário do Híbrido Proveniente do Cruzamento Interespecífico
entre Pseudoplatystoma corruscans e Leiarius marmoratus. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE
PRODUÇÃO DE PEIXES NATIVOS DE ÁGUA DOCE, 2009, Cuiabá. Congresso... Cuiabá,MT. (CDROM).
RESENDE, E. K.; RIBEIRO, R. P.; LEGAT, A. P.; BENITES, C. Melhoramento Genético em Peixes –
Uma Revolução na Aqüicultura do Brasil. Boletim da Sociedade Brasileira de Ictiologia n°94 . Rio de
Janeiro, 2009.
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