DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO HÍBRIDO DE CACHARA (Pseudoplatystoma fasciatum) E PINTADO (Pseudoplatystoma corruscans) Santos, M. 1Dep. *,1.; P Chedid, R. 1 A .; 1 H .; Mori, R. Senhorini, J. Ninhaus-Silveira, A1. 2 A .; Veríssimo-Silveira, 1 R .; Biologia e Zootecnia, Unesp-Ilha Solteira. *[email protected] 2CEPTA/ ICMBIO – Instituto Chico Mendes – Pirassununga-SP Laboratório de Ictiologia Neotropical INTRODUÇÃO RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo Prioli et al. (2003) o uso de híbridos em escala comercial é um fator já bastante difundido atualmente, sendo que os cruzamentos entre as espécies Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) e Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) é de fácil difusão, pois ambas as espécies são morfológica e biologicamente muito parecidas e possuem também locais de origem semelhantes, a destacar a Bacia Amazônica. Porém, a chamada contaminação genética da fauna de peixes no país, tem preocupado especialistas no setor. O conhecimento da biologia dos híbridos, do seu controle ou até mesmo do seu papel em um ambiente natural servirá de subsídios para estudos ecológicos e para o seu sucesso no setor aquícola. Deste modo, o presente trabalho teve como objetivo o estudo do desenvolvimento embrionário do produto resultante do cruzamento entre os peixes Cachara e Pintado, tendo em vista um conhecimento mais aprimorado do desenvolvimento embrionário desta espécie. Figura 1. Pseudoplatystoma Figura 2. Pseudoplatystoma fasciatum corruscans MATERIAL E MÉTODOS As amostras foram coletadas do plantel existente no CEPTA – Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais – ICMBio, Pirassununga, SP. Foram utilizados exemplares adultos e maduros de fêmeas de Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) e de machos de Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) durante o período reprodutivo, sendo estes submetidos à metodologia da reprodução induzida (hipófise de carpa, Cyprinus carpio). Para a fertilização foi utilizado o método “a seco”, onde os óvulos foram misturados ao sêmen sem contato com a água. A seguir, foi colocada água no meio e os ovos foram incubados em incubadoras horizontais. A primeira coleta foi realizada no momento em que os ovos foram colocados nas incubadoras, sendo que as coletas seguintes foram realizadas com intervalos de 10 minutos nas primeiras duas horas do desenvolvimento embrionário. Transcorridas essas duas horas a coleta foi em intervalos de uma hora até a eclosão das larvas. As amostras foram fixadas em Solução de Karnovisky modificado, conservadas em geladeira, posteriormente seguiram para o Laboratório de Ictiologia de Neotropicais da UNESP – Ilha Solteira onde foram lavadas e mantidas em etanol 70%. Amostras representativas de cada fase embrionária foram separadas, sendo realizada a retirada do córion, corados com hematoxilina de Harris-eosina, analisados e fotomicrografados sob estereomicroscópio. O período embrionário do híbrido de Cachara e Pintado se estendeu da fertilização a eclosão compreendendo um período de aproximadamente 24 horas (+24ºC). Os ovos apresentaram formato esférico, translúcidos e pouco espaço perivitelino; foram classificados como telolécitos devido à distribuição e quantidade de vitelo. A clivagem dos ovos foi do tipo meroblástica, ocorrendo somente no pólo animal. O desenvolvimento embrionário foi dividido até o momento em zigoto, clivagem (com 2, 4, 8, 16, 32 e 64 blastômeros, mórula), gástrula, segmentação e eclosão (Tabela 1; Figura 3). Marinho (2007) relata que o período de incubação de ovos de Pseudoplatystoma corruscans, em incubadoras verticais, à temperatura 29,8+ 0,7ºC, desde a fertilização até a eclosão das larvas foi de 14 horas. Segundo Faustino et al. (2007) o período de incubação à temperatura de 27 a 29°C, de um híbrido de P. corruscans x P. fasciatum estendeu-se de 13 a 14 horas. Sanches et al. (2001) observaram que o período de desenvolvimento embrionário de Leporinus friderici foi de 13,20 horas após a fertilização (27,6°C). Diferente do que observamos em nosso trabalho, o período de embriogênese foi bem maior, o que pode estar relacionado à temperatura mais baixa ocorrida em nosso experimento, como relatado também por Ninhaus-Silveira et al. (2006) em Prochilodus lineatus. Os ovos do híbrido de P. fasciatum e P. corruscans apresentam as mesmas características quanto à forma, coloração e transparência dos ovos de P. corruscans (Marinho, 2007) e de Leporinus friderici (SANCHES et al. 2001), não podendo ser distinguidos no meio. b bl b b A. B. Tempo (Horas) Estágio Observações 0-0,40 Zigoto Pólo animal sem segmentação. 0,60 Clivagem 100% embrião com 2 células. 0,70 Clivagem 100% embrião com 4 células. 0,80 Clivagem 22% 4 células; 78% 8 células. 0,90 Clivagem 66% 16 células; 26% mal formados; 8% 8 células. 1,10 Clivagem 84% 32 células; 16% mal formados. 1,70 Clivagem 26% em mórula inicial e 74% 74 células. 1,90 Clivagem 100% mórula. 2,90 Gástrula 100% com 25% de epibolia. 3,90 Gástrula 90% com 50% de epibolia; 2% mal formados. 4,90 Gástrula 98% com 50% de epibolia; 2% mal formados. 5,90 Gástrula 52% com 75% de epibolia; 48% com 90% de epibolia. 7,90 Segmentação 20% com vesícula ótica e 10 somitos; 30% em nêurula; 46% com 12 somitos; 2% com 10 somitos. 9,90 Segmentação 56% com 24 somitos e vesícula ótica; 20% com 19 somitos e vesícula ótica, 10% em nêurula; 12% mal formados. 11,10 Larval 72% com 30 somitos (Larva em Crescimento); 28% com 28 somitos e vesícula ótica. 11,90 Larval 100% com mais de 30 somitos (Larva em Crescimento). 12,90 Larval 100% Larva em Crescimento. 24,00 Eclosão 100% Eclodidos. D. s v * E. F. G. H. v br I. Tabela 1: Desenvolvimento Embrionário do cruzamento de Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) com Pintado (Pseudoplatystoma corruscans). C. J. Figura 3. Estágio do desenvolvimento Embrionário. Clivagem: A – 2 blastômeros; B – 4 blastômeros; C – 8 blastômeros; D – mórula; Gastrulação: E – 50% epibolia; F – 75% epibolia; Segmentação: G – cauda presa; Larval : H – cauda solta, pré eclosão, vesícula óptica; I – larva em desenvolvimento; Larva Eclodida: J – presença de barbilhão e pigmentos pelo vitelo. Legenda: b – blastômero; bl – blastoderme; v – vitelo; * - vesícula óptica; s – somitos; br – barbilhão. REFERÊNCIAS MARINHO, S. A. M. Sobrevivência e Crescimento de Larvas de Surubim Pseudoplatystoma corruscans (SPIX & AGASSIZ, 1829) sob Diferentes Condições Alimentares.Dissertação – Pós Graduação.Universidade Federal Rural de Pernambuco.Recife. 2007. NINHAUS-SILVEIRA, A. N.; FORESTI, F.; AZEVEDO, A. Structural and ultrastructural analysis of embryonic development of Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836). Zygote, v.14, p.217-229, 2006. PRIOLI, A. J.; PRIOLI, L. M.; PRIOLI, S. M. A. P.; PANARARI, R. S.; BIGNOTTO, T. S.; MANÍGLIA, T. C.; CARLOS, V. A.; JUNIOR, H. Análise Genética de Pseudoplatystoma corruscans (Pintado) e P. Fasciatum (Cachara) e de um híbrido, com base em marcadores mitocondriais e nucleares, 2003. Relatório PELD (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração). Universidade Estadual de Maringá. Maringá. 2003. SANCHES, P. V.; BAUMGARTNER, G.; BIALETZKI, A.; SUIBERTO, M. R.; GOMES, F. D. C.; NAKATANI, K.; BARBOSA, N. D. C. Caracterização do Desenvolvimento Inicial de Leporinus friderici (Osteichthyes, Anostomidae) da Bacia do Rio Paraná, Brasil.Maringá, v.23, p.383-389, 2001