desenvolvimento embrionário do mandi-amarelo

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DESENVOLVIMENTO
EMBRIONÁRIO
DO
MANDI-AMARELO,
Pimelodus maculatus. Hellen Buzollo, Alexandre Ninhaus Silveira, Isângela Rodrigues de
Oliveira – Zootecnia – Departamento de Biologia e Zootecnia – Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira – Campus de Ilha Solteira.
O conhecimento do desenvolvimento embrionário das diferentes espécies de peixe é importante
para os estudos de manejo dos estoques pesqueiros, como também nas pesquisas relacionadas ao cultivo
desses animais, pois propicia um maior conhecimento sobre a história de vida destas espécies. Além disso,
a embriologia abre possibilidades para estudos das relações evolutivas, da hereditariedade, dos
mecanismos de desenvolvimento e das influências ambientais nas características estruturais dos
organismos (LAGLER, 1959).
O desenvolvimento embrionário dos peixes é um fenômeno complexo, que além de servir para os
estudos de ontogenia, podem ser utilizados como objetivo de experimentação, assim como na avaliação
da qualidade do ambiente e do efeito de substâncias tóxicas sobre a fauna aquática e como objetivo de
experimentação em uma grande variedade de estudos (FLORES, 2002).
O Pimelodus maculatus é um peixe também conhecido popularmente como mandi-amarelo,
bagre-amarelo, mandi-pintado ou pintado, dependendo da região e enquadra-se dentro das espécies
conhecidas como “bagre”, pertencendo à ordem dos Siluriformes e a família Pimelodidae. É uma espécie
de ampla distribuição geográfica e de grandes variações cromáticas e até estruturais (SANTOS, 1954).
Segundo Castagnolli (1979) e Weingartner & Zaniboni Filho (2004), o mandi-amarelo possui
características interessantes para aqüicultura, como por exemplo, a boa qualidade de carne e a ausência de
espinhos intramusculares, além de se adaptarem facilmente à alimentação artificial, o que representa um
aspecto positivo a se considerar para a viabilidade de criações intensivas.
A descrição das fases embrionárias pode auxiliar na identificação dos ovos viáveis em estudo de
produtividade e sobrevivência, já que os ovos de peixes variam em tamanho, forma, cor, número e
flutuabilidade de acordo com a espécie (LAGLER, 1959).
Apesar da importância ecológica e econômica de Pimelodus maculatus muitos aspectos de sua
biologia ainda são desconhecidos. Assim sendo, este trabalho visou estudar o desenvolvimento
embrionário do mandi-amarelo. Para isto, foram utilizados exemplares adultos, maduros de P. maculatus,
do plantel existente no CEPTA – Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais –
IBAMA, Pirassununga, SP.
Os animais foram submetidos à reprodução induzida com solução de macerado de hipófise de
carpa, Cyprinus carpio, sendo que as fêmeas receberam duas aplicações nas dosagens de 0,5 mg e 5
mg/kg de peso vivo, respectivamente, com um intervalo de 10 horas. Os exemplares machos foram
induzidos, com uma aplicação na dosagem de 1 mg/kg de peso vivo, quando da segunda aplicação das
fêmeas. Após aproximadamente 6 horas da ultima dosagem indutora, foi efetuada a extrusão dos óvulos e
a retirada do sêmen.
Para a fertilização foi utilizado o método “a seco”, aonde os óvulos foram misturados ao sêmen
sem contato com a água. A seguir, foi colocada água do meio para ativação dos espermatozóides e
hidratação dos óvulos. Após a lavagem para retirada do excesso de sêmen, os ovos foram incubados em
incubadoras horizontais. A incubação foi feita a uma temperatura média de 29º C.
Para analisar as possíveis alterações morfo-temporais nos embriões de P. maculatus, foram feitas
coletas com intervalos de 15 minutos até as primeiras 2 horas iniciais e as coletas subseqüentes em
intervalos de 1 hora até o momento da eclosão. As amostras foram fixadas em solução de Glutaraldeído
2,5% por 24 horas, em seguida, lavadas em solução tampão fosfato de sódio 0,1M, pH 7,2, logo após
foram lavadas e mantidas etanol 70%.
As análises foram feitas sob estéreomicroscópio, analisando 50 embriões, em média, por cada
amostra. Para a visualização das fases embrionárias os embriões foram corados com hematoxilina de
Harris.
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O período do desenvolvimento embrionário do Pimelodus maculatus desde o momento da
fertilização até a eclosão da larva ocorreu em 13 horas, sendo estabelecidos os seguintes estágios para o
desenvolvimento embrionário após a fecundação: zigoto, clivagem, gástrula, segmentação, larval e
eclosão.
O estágio de zigoto foi observado logo após a fertilização e subseqüente hidratação dos ovos com
aumento do espaço perivitelíneo, fusão dos pró-núcleos e reorganização citoplasmática com
estabelecimento dos pólos animal e vegetal. Este estágio durou até o período de 0,55 horas do
desenvolvimento embrionário.
O estágio de clivagem teve inicio aos 25 minutos do desenvolvimento embrionário e seu final foi
observado à uma hora e trinta minutos do desenvolvimento. Em Pimelodus maculatus, as clivagens são do
tipo meroblásticas, sendo observado o seguinte padrão: a primeira clivagem foi vertical, originando 2
blastômeros, a segunda clivagem foi vertical e perpendicular à primeira, dando origem a 4 blastômeros; a
terceira clivagem foi vertical e paralela a primeira, originando 8 blastômeros, em um arranjo 4x2; a quarta
foi vertical e paralela à segunda, dando origem a 16 blastômeros, em uma formação 4x4; a quinta foi
vertical e paralela a primeira, originando 32 blastômeros, em uma formação 4x8; a sexta clivagem foi
horizontal, dando origem a duas camadas de células, num total de 64 blastômeros. Com o decorrer das
clivagens os blastômeros aumentam em número e diminuem de tamanho, sendo que até a 3º clivagem as
células se mantêm homogêneas e a partir do 4º plano de clivagem, começam a ocorrer blastômeros de
tamanhos diferentes.
A uma hora e quarenta e cinco minutos do desenvolvimento, a blastoderme apresentou forma de
domo. As células continuam a se dividir, mas os planos de clivagem foram indeterminados. O final deste
estágio é demarcado pelo início do movimento de epibolia.
O estágio de gástrula teve início às duas horas e quinze minutos do desenvolvimento e é
caracterizado pelo movimento de epibolia e ocorrência dos movimentos morfogenéticos de convergência e
involução celular, que irão produzir os primeiros folhetos e o eixo embrionário. Este estágio termina às
cinco horas do desenvolvimento com o fechamento completo do tampão pela blastoderme.
O estágio de segmentação teve início na sexta hora do desenvolvimento e transcorreu até a oitava
hora, e neste estágio, ocorreu o desenvolvimento dos somitos, da notocorda, do tubo neural e a
delimitação intestinal inicial e alongamento do embrião, principalmente no eixo céfalo-caudal, seu
término ocorreu quando houve despregamento da cauda. A partir da sétima hora os embriões
apresentavam em média 11 somitos, vesícula óptica, vesícula ótica, vesícula de kupfer, cauda presa e
pigmentação no corpo do embrião; na oitava hora os embriões apresentavam em média 14 somitos,
vesícula óptica e ótica, vesícula de kupfer em regressão, pigmentação no corpo do embrião e cauda presa.
O estágio larval teve início às nove horas do desenvolvimento se estendendo até a décima primeira
hora, caracterizou-se pela cauda livre, 30 somitos, vesícula óptica e ótica, intestino posterior bem
desenvolvido, pigmentação na membrana do vitelo junto à cabeça e a cauda e crescimento da larva.
A eclosão ocorreu com treze horas de desenvolvimento. Neste período as larvas já demonstram
movimentos bem vigorosos de natação, importantes para o rompimento do córion.
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Tabela 01: Desenvolvimento embrionário do mandi-amarelo, Pimelodus maculatus, à temperatura
de 29º C.
TEMPO (HORAS)
ESTÁGIO
OBSERVAÇÕES
0-55
Zigoto
Pólo animal sem segmentação
0,70
Clivagem
100% com 2 células
0,85
Clivagem
1,00
Clivagem
1,15
Clivagem
1,30
Clivagem
7% com 4 células
93% com 8 células
73% com 16 células
27% com 32 células
6% com 16 células
94% com 32 células
100% com 64 células
1,45
Clivagem
100% mórula
2,00
Clivagem
100% mórula
2,15
Glástula
100% com 25% epibolia
3,00
Glástula
100% com 50% epibolia
4,00
Glástula
100% com 75% epibolia
5,00
Glástula
100% com 90% de epibolia
6,00
Segmentação
100% nêurula
7,00
Segmentação
8,00
Segmentação
9,00
Larval
10,00
Larval
11,00
Larval
13,00
Eclosão
11 somitos, vesícula óptica, vesícula
ótica, vesícula de kupfer, pigmentação no
corpo do embrião e cauda presa.
14 somitos, vesícula óptica e ótica,
vesícula de kupfer em regressão,
pigmentação no corpo do embrião e
cauda presa.
19 somitos, vesícula óptica, vesícula
ótica, pigmentação no corpo do embrião e
cauda solta.
24 somitos, cauda solta, vesícula óptica e
ótica e pigmentação no corpo do embrião.
+ de 30 somitos, larva em crescimento,
pré-eclosão, pigmentação na membrana
do vitelo junto à cabeça e a cauda.
100% larvas eclodidas
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Referência Bibliográfica
CASTAGNOLLI, N. Fundamentos da nutrição de peixes. Piracicaba, Livroceres Ltda., 1979.
FLORES, J.C.B.; ARAIZA, M.A.F.; VALLE, M.R.G. Desarrollo embrionario de Ctenopharyngodon
edellus (Carpa herbívora). In: CIVA, 2002. p. 792-797. Disponível em: http://www.civa2002.org.
LAGLER, K.F. Freshwater fishery biology. 2. ed. Dubuque: W.M.C. Brown Company, 1959. 421 p.
SANTOS, E. Peixes de água doce. Rio de Janeiro: Briguit, 1954. 270p.
WEINGARTNER, M.; ZANIBONI FILHO, E. Efeito de fatores abióticos na larvicultura de pintado
amarelo Pimelodus maculatus (Lacépède, 1803): salinidade e cor do tanque. Maringá, v.26, nº 2, p.151157, 2004.
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