Curso Extensivo em Nutrição Aula Demo - Avaliação Nutricional no Cardíaco Professora – Alaine Soledade.Página |1 Conteúdo Introdução...............................................................................3 Importância da avaliação nutricional no cardíaco...........................3 Aconselhamento nutricional do cardíaco.......................................9 Questões comentadas e caso clínico............................................10 Referências Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.Página |2 Introdução O estado nutricional expressa o grau que as necessidades fisiológicas por nutrientes estão sendo alcançadas, para manter a composição e funções adequadas do organismo, resultando do equilíbrio entre ingestão e necessidade de nutrientes. As alterações do estado nutricional contribuem para aumento da morbimortalidade dos pacientes com problemas cardiológicos. Segundo a Associação Americana de saúde pública o estado nutricional: “é a condição de saúde de um individuo influenciada pelo consumo e utilização de nutrientes e identifica pelo somatório de informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos”. Os objetivos da avaliação do estado nutricional são: a) identificar os pacientes com risco aumentado de apresentar complicações associadas ao estado nutricional, para que possam receber terapia nutricional adequada; b) monitorizar a eficácia da intervenção dietoterápica. Importância da avaliação nutricional no cardíaco A doença cardíaca é atualmente a principal causa de morte no mundo. A avaliação nutricional nos pacientes graves deve ser valorizada, pois o estado nutricional comprometido interfere na resposta das intervenções terapêuticas clínicas ou cirúrgicas. O comprometimento do estado nutricional nos cardiopatas está relacionado a diversos fatores, como a redução da ingestão alimentar secundária à anorexia, aumento do gasto energético e alterações do metabolismo mediadas por estímulos Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ neuro hormonais e Professora – Alaine Soledade.Página |3 inflamatórios que favorecem as vias catabólicas. A desnutrição quando instalada, contribui para um pior prognóstico desta população. Na insuficiência cardíaca crônica, a desnutrição tem origem multifatorial e pode estar presente no momento do diagnóstico. A perda de massa muscular ocorre e envolve o miocárdio, o que leva a piora da função cardíaca. Estes pacientes podem ter um gasto energético aumentado, principalmente aqueles que possuem caquexia cardíaca. A Caquexia cardíaca aumenta a mortalidade de pacientes com ICC. Apesar do uso de ferramentas tradicionais pra avaliação nutricional não está validada para estes pacientes, o cálculo do IMC e a classificação nutricional baseada neste índice é o método mais fácil e rápido. No entanto, a utilização isolada não traz informações sobre o estado nutricional destes pacientes, em que manifestações clínicas como o edema esta muito presente nesta população. A PCT é um importante indicador de massa gorda. Por outro lado, a CB e a CMB são importantes indicadores da reserva de massa magra, sendo a CMB é menos afetada pela presença de edemas. As Dosagens de proteínas plasmáticas (albumina, pré-albumina e transferrina) são utilizadas para avaliação do estado nutricional, uma vez que a diminuição da concentração sérica destas proteínas de síntese hepática pode ser um bom indicador de desnutrição protéicocalórica. Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.Página |4 Em pacientes transplantados de coração deve-se fazer a avaliação bioquímica do perfil lipídico (LDL, HDL, Colesterol, Triglicerídes) e glicemia, pois cerca de 70% dos pacientes transplantados de coração apresentam alteração no perfil lipídico e na glicemia. Este aumento é justificado pelo o uso de imunossupressores e corticosteróides. Tabela 1. Classificação do estado nutricional de acordo com os níveis de albumina e transferrina. Parâmetros Eutrofia Albumina Depleção Depleção Depleção leve moderada grave >3,5 3,0-3,5 2,4-2,9 <2,4 >200 150-200 100-150 <100 (g/dL) Transferrina (g/dL) Fonte: COSTA, 2008. O cálculo das necessidades energéticas deve-se utilizar a fórmula de Harris-Benedict, acrescido dos fatores atividade física, lesão e térmico. Em pacientes com caquexia o fator injúria considerado é de 1,6. Equação de Harris-Benedict Homens: TMB (kcal/dia) = 66 + (1,3 x PESO) + (5 x ESTATURA) – (6,8 x IDADE) Mulheres: TMB (kcal/dia) = 655 + (9,6 x PESO) + (1,7 x ESTATURA) – (4,7 x IDADE) Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.Página |5 t TMB: Taxa Metabólica Basal Peso em quilo Estatura em cm Fatores para o cálculo do gasto energético Fator atividade Fator lesão Fator térmico (injúria/estresse) Acamado: 1,2 Paciente não complicado: 1,0 Acamado + móvel: Pré-operatório: 1,1 38ºC: 1,1 39ºC: 1,2 1,25 Ambulante: 1,3 Pós operatório câncer: 1,1 40ºC: 1,3 Fratura: 1,2 41ºC: 1,4 Sepse: 1,3 Peritonite: 1,4 Multitrauma reabilitação: 1,5 Multitrauma + sepse: 1,6 Queimadura 30%-50%: 1,7 Queimadura 50%-70%: 1,8 Queimadura 70%-90%: 2,0 Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.Página |6 As necessidades nutricionais são mais bem definidas quando efetuadas por calorimetria indireta. Na anamnese alimentar devem-se investigar os alimentos consumidos em cada refeição, as suas quantidades (recordatório alimentar e freqüência alimentar). Na presença de inadequações alimentares ou alterações nos exames laboratoriais é indicada a correção desta alimentação. Avaliação Subjetiva Global (ASG) É um método de avaliação clínica capaz de identificar pacientes com risco nutricional moderado ou alto. A ASG consta de um questionário com questões simples e relevantes sobre a história clínica e exame físico do indivíduo. Utilização: é muito utilizado em pacientes hospitalizados para relacionar o seu estado nutricional anterior à patologia atual. É um método simples, de baixo custo, com boa reprodutibilidade e confiabilidade. Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.Página |7 Questões que devem ser em avaliadas na ASG: Alteração de peso – o percentual da perda de peso nos 6 meses precedentes é caracterizado com suave (< 5%), moderado (510%) e grave (>10%). Questiona-se também a perda de peso nas ultimas 2 semanas; Alteração da ingestão alimentar isenta de qualquer emagrecimento ou - essa informação deve ser intencionalidade, dietas restritivas como específicas dietas de para um sintoma ou doença; Presença de sintomas gastrointestinais significativos - anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, que somente serão significativos se durarem mais que 2 semanas; Capacidade funcional do paciente – relata alterações das atividades diárias, que devem ser avaliadas por sua duração e pelo seu grau de seu comprometimento das atividades físicas; Exame físico – perda de gordura subcutânea, perda de massa muscular, presença de edema e de ascite, dor óssea e fratura, e alterações na pele. Assim, a ASG seria um instrumento tanto para prognóstico quanto para o diagnóstico. Desta forma a ASG seria um marcador do estado de saúde, sendo o diagnóstico da desnutrição grave um indicador de gravidade de doenças, e não somente índice de déficit de nutrientes. Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.Página |8 Aconselhamento nutricional junto à família do cardíaco O aconselhamento nutricional é um processo de ajuda que visa ajudar no processo de atendimento a grupos e/ou indivíduos. Vários fatores podem interferir no sucesso de aconselhamento nutricional tais como, a intensidade de intervenção; a sua capacidade de ajudar na mudança de comportamentos; o tempo a ser gasto; a existência de fatores externos limitantes (disponibilidade de alimentos e a possibilidade de substituição de alimentos). As fases que compõem o aconselhamento são: Descoberta inicial do problema; Exploração do problema; Preparação para a ação Alcançar estas três fases indica que o paciente encontrou estratégias para solucionar o seu problema. Para tanto, isto será constatado a partir de encontros frequentes com a nutricionista que avaliará a mudança no pensar, no sentir e no agir do paciente, podendo ainda haver uma necessidade de mudanças juntamente coma família do que ainda não foi solucionado. Existem diversos cenários e meios para a realização do aconselhamento nutricional. Os mais comuns são: o hospital, o a visita domiciliar e o ambulatório. No âmbito hospitalar, após uma internação se inicia um plano de educação que segue através de consultas ambulatoriais. A monitorizarão ambulatorial é ideal para a educação intensiva, tanto para indivíduos que não apresentaram internações decorrentes dos Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.Página |9 problemas cardíacos quanto para aqueles que retornam de hospitalizações por descompensações clínicas. As visitas domiciliares mostram redução de hospitalizações e mortes extra-hospitalar. Essa forma é eficaz, pois, permite o conhecimento da dinâmica familiar e o seu envolvimento com o paciente. Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.P á g i n a | 10 Nota sobre as questões: Não há questões específicas sobre este assunto, mas ele serve de embasamento teórico para os outros módulos. As questões de residência na Bahia normalmente fazem um apanhado geral sobre o assunto. 1. ( UFSM-2012) Sobre a Avaliação Subjetiva Global (ASG), podese afirmar: I - Baseia-se na história clínica e na avaliação física. II - É um método de avaliação nutricional utilizado apenas para pacientes hospitalizados. III - O exame físico se constitui na aferição de peso, estatura e circunferência abdominal. IV - A massa muscular, a gordura subcutânea e o edema devem ser avaliados a partir da análise de diferentes regiões do corpo. Estão corretas: A) apenas I e III B) apenas II e III C) apenas II e IV D) apenas I e IV E) apenas I, II e IV Letra D. A ASG consta de um questionário com questões simples e relevantes sobre a história clínica e exame físico do indivíduo. É no exame físico que se podem identificar sinais e Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.P á g i n a | 11 sintomas como a perda de gordura subcutânea, perda de massa muscular, presença de edema e de ascite, dor óssea e fratura, e alterações na pele Caso Clínico Paciente do sexo masculino, 56 anos, com diagnóstico de insuficiência cardíaca classe IV, em tratamento clínico submetido a transplante cardíaco há 1 ano. Avaliação nutricional Peso habitual: 91 kg Altura: 1,78 m IMC: 28,7 Kg/m² Circunferência abdominal: 103 cm Circunferência do braço: 27,5 cm Prega cutânea tricipital: 10 mm Anamnese alimentar: Recordatório de 24 horas HORA REFEIÇÃO 8h Desjejum 13h Almoço 20h Jantar 22h Ceia ALIMENTOS CONSUMIDOS Leite integral com açúcar Pão Francês Manteiga com sal Salada de folhas Arroz Feijão Contra-filé grelhado Refrigerante Pizza de mussarela Leite integral Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ QUANTIDADES (medida caseira) 1 xícara 1 colher de chá 2 unidades 2 pontas de faca 1 prato de sobremesa 2 escumadeiras 1 concha 1 bife grande 1 lata 3 fatias 1 copo Professora – Alaine Soledade.P á g i n a | 12 Avaliação bioquímica Glicemia de jejum: 151mg/dL; Creatinina: 1,2 mg/dL; Uréia: 75 mg/dL; Colesterol total: 230 mg/dL; LDL: 145 mg/dL; HDL: 40 mg/dL; Triglicérides: 145 mg/dL Sobre a avaliação nutricional do cardíaco, responda as principais implicações do paciente e a importância do aconselhamento nutricional. Após o transplante cardíaco, alguns pacientes mostram uma alta prevalência do perfil lipídico, com elevação do LDL em cerca de 70% dos pacientes. A alteração do perfil lipídico e o aumento da glicemia estão associados à terapia de imunossupressão, aos corticosteróides, ao ganho de peso ponderal e aos hábitos alimentares inadequados. No entanto, para adequar os níveis plasmáticos de colesterol e glicemia, deve-se incluir uma dieta balanceada para o paciente. Para isso, recomenda-se: Redução no consumo dos alimentos ricos em gorduras saturadas, trans, e colesterol. Dar preferências às gorduras poli e monoinsaturadas; Controlar os carboidratos (restrição dos simples); Restrição do consumo de sódio; Inclusão de alimentos funcionais e de fibras. O aconselhamento nutricional nesta fase deverá ser realizado de maneira ambulatorial e tem como importância ajudar no sucesso do Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.P á g i n a | 13 paciente durante a sua terapia nutricional, através da mudança de comportamentos do hábito alimentar. REFERENCIAS 1. BRUNETTO, S. Aconselhamento nutricional, adesão à dieta e sua relação com parâmetros nutricionais, clínicos e qualidade de vida de pacientes ambulatoriais portadores de insuficiência cardíaca. Disponível em:< http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/ Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/ Professora – Alaine Soledade.P á g i n a | 14 handle/10183/16555/000699406.pdf?sequence=1> Acesso em ABR de 2016 2. COSTA, MH. Avaliação nutricional de pacientes portadores de insuficiência cardíaca no período de pré-transplante. Disponível em:< http://www.teses .usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-24112008-132618/ptbr.php> Acesso em Abr de 2016 3. GLORIMAR, R; PEREIRA, A.F.et.al. Avaliação nutricional do paciente hospitalizado: uma abordagem teórico/prático.p. 41,53. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 4. JARDIM, MN et. al. Avaliação nutricional do cardiopata crítico em terapia de substituição renal: dificuldade diagnóstica. Rev Bras Ter Intensiva. 2009; 21(2):124-128 5. SILVA MCGB. Avaliação Subjetiva Global. In: Waitzberg DL, editor. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. São Paulo: Atheneu; 2000 Curso extensivo em nutrição http://residenciasmulti.com.br/