Neurociência de A a Z Material destinado exclusivamente à classe médica Ano II • Nº 3 • 2011 Atualização Científica Alterações do sono e sintomas depressivos Destaque Caso Clínico Conferência Internacional de Transtorno de Humor Bipolar Eficácia da quetiapina em depressão bipolar Editorial Neurociência de A a Z Ano II • Nº 3 • 2011 Destaque em transtorno bipolar D ando continuidade a mais uma edição da revista Neurociência de A a Z, a AstraZeneca apresenta os mais recentes avanços da psiquiatria relacionados especialmente à depressão bipolar e sintomas depressivos, através de artigos científicos e relatos de casos. No primeiro artigo publicado desta edição, a médica do Instituto do Sono e Professora Livre-Docente do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP, Profa. Dra. Dalva Poyares, aborda as alterações do sono e os sintomas depressivos. A especialista apresenta fatores de risco para insônia, a relação entre a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) e a depressão, e trata também a respeito da polissonografia. Na sequência, o Prof. Dr. Olavo de Campos Pinto, Membro do Internacional Mood Center da Universidade da Califórnia, EUA, traz os principais destaques e novidades da nona edição do congresso da ISBD (Internacional Society of Bipolar Disorders), evento realizado na cidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. A edição traz ainda a apresentação de um caso clínico escrito pela psiquiatra e colaboradora do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) do Departamento de Psiquiatria do IPq-HCFMUSP, Dra. Aline Valente Chaves, no qual a especialista trata a respeito da eficácia da quetiapina de liberação prolongada em depressão bipolar, seguindo a titulação preconizada em bula. Finalizando confira também nossa agenda científica com os principais eventos que serão realizados nos próximos meses. Boa leitura! 8 12 DESTAQUE Conferência Internacional de Transtorno de Humor Bipolar Prof. Dr. Olavo Pinto 4 Atualização Científica Alterações do sono e sintomas depressivos Profa. Dra. Dalva Poyares CASO CLÍNICO Eficácia da quetiapina de liberação prolongada em depressão bipolar, seguindo a titulação preconizada em bula Dra. Aline Valente Chaves 14 AGENDA CIENTífica Próximos eventos e congressos de neurociência Neurociência de A a Z é uma publicação da Office Editora e Publi­cidade Ltda. patrocinada pela AstraZeneca do Brasil Ltda. - Diretor Respon­sável: Nelson dos Santos Jr. - Diretor de Arte: Roberto E. A. Issa - Diretora Executiva: Waléria Barnabá - Publicidade: Adriana Pimentel Cruz, Rodolfo B. 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(04711R) “A PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO” Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 3 Atualização Científica Alterações do sono e sintomas depressivos Profa. Dra. Dalva Poyares* Insônia e sintomas depressivos A * Médica do Instituto do Sono. Professora Livre-Docente do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP. CRM-SP 52.457. 4 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 queixa de dificuldade para iniciar ou manter o sono ao longo de uma noite atinge mais de um terço da população em alguns países e cidades do mundo. A insônia é conhecida por sua cronicidade, associação a outras doenças clínicas (comorbidades), importante impacto na saúde e qualidade de vida e por seus custos e prejuízos, que são muitas vezes imensuráveis. Nos últimos anos a relação entre insônia e transtornos psiquiátricos tem sido vista como bidirecional e sinergística. Doenças psiquiátricas, em particular ansiedade e transtornos do humor, têm sido reconhecidas há muito tempo como causa frequente de sintomas de insônia. Essa associação é tão forte que faz parte dos critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition (DSM-IV). A experiência clínica também mostra que a maioria dos pacientes com transtornos do humor ou de ansiedade apresenta transtornos do sono, tanto cronicamente quanto durante exacerbações dos transtornos psiquiátricos. Por outro lado, a literatura tem sido clara também no sentido de mostrar que insônia crônica também aumenta o risco de recidiva ou de início de um quadro depressivo ou ansioso. A persistência da insônia pode, portanto, piorar quadros psiquiátricos. Atualmente as terapias objetivam a melhora de todos os sintomas, isto é, de insônia e dos transtornos de humor e ansiedade. A exemplo da relação bidirecional, a insônia pode ocorrer em 6080% dos pacientes com depressão maior e sonolência excessiva em até 15-20%. Por outro lado, a depressão é considerada a mais importante comorbidade em pacientes com insônia crônica de qualquer etiologia. Embora depressão e insônia estejam relacionadas, uma associação causal é difícil de ser estabelecida. Entretanto, o controle completo da depressão não é alcançado até que o distúrbio do sono seja corrigido. Além disso, sonolência e insônia podem resultar de efeitos colaterais de antidepressivos. Muitos fatores de risco têm sido identificados para insônia crônica, incluindo gênero, idade e doenças clínicas. Tais fatores de risco se assemelham àqueles para depressão. As queixas de sono podem aparecer meses antes do diagnóstico da depressão e persistir apos sua resolução. Por outro lado, tratar a insônia pode ajudar a reduzir o período de depressão. Com relação à sintomatologia, a co-ocorrência de insônia e depressão pode potencializar as consequências psicológicas e cognitivas da insônia, tais como dificuldade de aprendizado, irritabilidade, indiferença a estímulos sociais, fadiga, etc. Algumas teorias existem para explicar a hipervigilância, a depressão e a insônia. Existem mecanismos comuns subjacentes à regulação do sono e do humor que tornam o indivíduo vulnerável a ambas as condições. Estudos demonstram que tanto o diagnóstico da insônia e de sua gravidade estão relacionadas à superativação do eixo hipotálamohipófise-adrenal e à alteração do cortisol. Dados recentes sugerem que pode haver algumas semelhanças neuroendócrinas e clínicas entre insônia e depressão. A desregulação do Fator liberador de Corticotropina tem sido demonstrada em transtornos psiquiátricos, como depressão, O estresse, tanto físico quanto emocional, leva o organismo a apresentar uma série de reações em diversos sistemas; entre os mais importantes está o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), cuja via final é o aumento do cortisol As queixas de sono podem aparecer meses antes do diagnóstico da depressão e persistir apos sua resolução. Por outro lado, tratar a insônia pode ajudar a reduzir o período de depressão Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 5 Atualização Científica A fadiga é um sintoma comum à insônia, depressão e apneia obstrutiva do sono (AOS), sendo também reconhecida pelo grande impacto sobre qualidade de vida, no funcionamento diário e, em longo prazo, na saúde bem como mediando a hipervigilância vista na insônia primária. Além disso, uma possível alteração da regulação homeostática do sono, processo S, pode resultar nas alterações vistas na polissonografia de pacientes com insônia e depressão, tais como redução da latência para início de sono REM e inversão do padrão com deslocamento do sono de ondas lentas para a segunda metade da noite, ou sua redução, com predomínio do sono REM na primeira metade da noite. Pacientes com depressão e insônia geralmente exibem dificuldade em manter o sono e despertar precoce. Fadiga A fadiga é um sintoma comum à insônia, depressão e apneia obstrutiva do sono (AOS), sendo também reconhecida pelo grande impacto sobre qualidade de vida, no funcionamento diário e, em longo prazo, na saúde. Pacientes com insônia frequentemente se queixam de fadiga, que pode ser agravada quando a depressão é associada. Quando aplicado inventário de qualidade de vida, insones relatam muito menos vitalidade comparados aos bons dormidores. Estudos que 6 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 relacionaram a queixa de fadiga com polissonografia mostraram que tais pacientes apresentavam algum grau de aumento da resistência de vias aéreas superiores, principalmente na população de mulheres após a menopausa. Num estudo em pacientes com insônia crônica por uma década em uso prolongado de sedativos hipnóticos mostrou-se que a insônia era de moderada a acentuada de acordo com as medidas subjetivas e polissonografia (registro do sono). A percepção subjetiva do sono era pior em pacientes com sintomas psiquiátricos, que também relatavam sintomas de dificuldade de manutenção do sono e mais queixas de fadiga e pior funcionamento durante o dia. Além disso, esses pacientes apresentaram na polissonografia, como achado, AOS cuja média do índice foi de nível moderado, sendo similar no grupo com e sem sintomas psiquiátricos. Apneia obstrutiva do sono e sintomas depressivos A natureza da relação entre AOS e depressão não está clara. Alguns autores não encontraram diferenças na pontuação de escalas de depressão entre homens e mulheres com AOS; entretanto foi encontrada uma associação entre fatores somáticos e gravidade da AOS, enquanto obesidade e aspectos cognitivos foram apenas significantes em mulheres. Desse modo, os autores concluíram que a gravidade da AOS e a obesidade contribuem de maneira diferente para os sintomas de depressão na AOS. A AOS está fortemente associada a sobrepeso e obesidade, sendo difícil separar os efeitos de ambos na presença de sintomas de depressão nessa população de pacientes com AOS. Resultados de um levantamento nacional realizado nos EUA revelaram que a obesidade abdominal esteve significativamente associada a sintomas de depressão, mas não com depressão maior, independentemente da obesidade geral (IMC). Outro estudo no Canadá também mostrou que em pessoas obesas ou abaixo do peso existe um aumento de cerca de 30 a 40% de risco de sintomas depressivos. É possível que esse efeito da obesidade seja mais forte em mulheres, onde insônia, depressão e ansiedade também são mais frequentes, porém não AOS, que é mais frequente em homens. Sintomas depressivos estão, portanto, associados a transtornos do sono de modo geral, destacando-se a insônia e AOS. É notório que AOS e depressão compartilham sintomas semelhantes como dificuldade de concentração, irritabilidade e sonolência. Dados isolados sugerem que sintomas depressivos podem melhorar com o tratamento efetivo da AOS. Depressão e polissonografia Polissonografia e depressão maior • Latência de sono A depressão maior é conhecida por alterar a estrutura do sono. Tais alterações podem ser detectadas na polissonografia. Indivíduos com depressão apresentam alterações do sono não-REM e do sono REM, alterando a ciclicidade normal das fases do sono noturno. O sono de ondas lentas (fase mais profunda do sono não-REM) costuma predominar na primeira metade da noite, enquanto o sono REM na segunda metade. No paciente com depressão existe uma inversão desse padrão com latência reduzida para aparecimento do sono REM. Distúrbio de manutenção do sono e despertar precoce também podem ocorrer. Tais alterações podem ser revertidas com o tratamento. Abaixo um esquema das principais alterações do sono em pacientes com depressão (fig. 1). Conclusão Em resumo, insônia é fator de risco para depressão, mas pode ser sintoma cardinal de um quadro depressivo. O tratamento de ambos os transtornos é importante para a melhora clínica mais efetiva. Já a apneia obstrutiva do sono parece estar associada de maneira não esclarecida a sintomas de depressão; é possível que a obesidade também seja fator relevante nessa relação. Entretanto, nesse segundo caso, é relevante enfatizar que AOS e depressão apresentam sintomas semelhantes. Mais estudos são necessários no sentido de esclarecer a natureza de tal relação, bem como a influência do tratamento de ambas as condições clínicas. Sono NREM • Eficiência de sono S • Sono delta S • Despertares W Sono delta começo da noite • Despertar precoce W • Latência Sono REM W S S • Quantidade e densidade REM W • Quantidade sono REM começo da noite W Figura 1 Referências 1. Aloia MS, Armedt JT, Smith L, Skrekas J, Stanchina M, Millman RP. Examining the construct of depression in obstructive sleep apnea syndrome. Sleep Med 2005;6(2): 115-121. 2. Andrews JG, Oei TP. The roles of drepression and anxiety in the understanding and treatment of Obstructive Sleep Apnea Syndrome. Clin Psychol Rev 2004;24(8):10311049. 3. Baran AS, Richer t AC. Obstr uctive sleep apnea and depression. CNS Spectr 2003;8(2):128-134. 4. Krakow B, Ulibarri VA and Romero EA. Patients with treatment-resistant insomnia taking nightly prescription medications for sleep: A retrospective assessment of diagnostic and treatment variables. Prim Care Companion J Clin Psychiatry. 2010;12(4). 5. Chen Y, Jiang Y, Mao Y. Association between obesity and depression in Canadians. J Womens Health (Larchmt) 2009; 18(10):1687-1692. 6. Doghramji K. The epidemiology and diagnosis of insomnia. Am J Manag Care. 2006;12(8 Suppl):S214-20. 7. Guilleminault C, Palombini L, Poyares D, Chowdhuri S. Chronic insomnia, postmenopausal women, and sleep disordered breathing: part 1. Frequency of sleep disordered breathing in a cohort. J Psychosom Res. 2002;53(1):611-5. 8. Leger D, Guilleminault C, Dreyfus JP, Delahaye C, Paillard M. Prevalence of insomnia in a survey of 12,778 adults in France. J Sleep Res. 2000;9(1):35-42. 9. Linde JA, Jeffery RW, Finch EA, Simon GE, Ludman EJ, Operskalski BH, et al. Relation of body mass index to depression and weighing in overweight women. Prev Med 2007;45(1):75-79. 10. Ma J, Xiao L. Obesity and depression in US women: results from the 2005-2006 National Health and Nutritional Examination Survey. Obesity (Silver Spring) 2010;18(2):347-353. 11. Morin CM, LeBlanc M, Daley M, Gregoire JP, Merette C. Epidemiology of insomnia: prevalence, self-help treatments, consultations, and determinants of help-seeking behaviors. Sleep Med. 2006;7(2):123-30. 12. Morphy H, Dunn KM, Lewis M, Boardman HF, Croft PR. Epidemiology of insomnia: a longitudinal study in a UK population. Sleep. 2007;30(3):274-80. 13. Ohayon MM. Epidemiology of insomnia: what we know and what we still need to learn. Sleep Med Rev. 2002;6(2):97-111. 14. Ohayon MM, Reynolds CF, 3rd. Epidemiological and clinical relevance of insomnia diagnosis algorithms according to the DSM-IV and the International Classification of Sleep Disorders (ICSD). Sleep Med. 2009;10(9):952-60. 15. Schenck CH, Mahowald MW, Sack RL. Assessment and Management of Insomnia. JAMA. 2003 May 21, 2003;289(19):2475-9. 16. Sivertsen B, Krokstad S, Overland S, Mykletun A. The epidemiology of insomnia: associations with physical and mental health. The HUNT-2 study. J Psychosom Res. 2009;67(2):109-16. Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 7 Destaque Especialistas em debate durante a nona edição do congresso da ISBD. Conferência Internacional de Transtorno de Humor Bipolar Prof. Dr. Olavo de Campos Pinto Júnior* E ntre os dias 9 e 11 de junho de 2011 teve lugar na cidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, a nona edição do Congresso da ISBD (International Society of Bipolar Disorders). Esse Congresso é considerado o “mun* Residência Médica em Psiquiatria na Georgetown University, Washington, DC, EUA. Fellowship em Doenças do Humor, Universidade da Califórnia, San Diego, EUA. Membro do International Mood Center da Universidade da Califórnia. Diretor da Clínica de Neuropsiquiatria, Rio de Janeiro. CRM 52 - 33.421-3. 8 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 dial” sobre o tema Transtorno de Humor Bipolar e juntamente com o Congresso Europeu (IRBD - International Review of Bipolar Disorders), que este ano se realizou no mês de maio na cidade de Roma, com 1.200 participantes, formam os eventos imperdíveis sobre o assunto. Um dos simpósios mais interessantes do encontro foi o que abordou “Debates in Bipolar Disorder: Antidepressants Are Innefective for Bipolar Depression?” Moderado pelo professor da Universidade Pittsburgh, PA June 9-11, 2011 Why most published research findings are false of British Columbia, Vancouver, Canadá, Lakshmi Yatham e tendo como debatedores os professores S. Nassir Ghaemi da Tufts University em Boston, EUA e John Geddes, do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Oxford, Inglaterra. O primeiro palestrante a falar foi o Prof. Ghaemi, contra o uso de antidepressivos para tratar a depressão bipolar. Inicialmente ele abordou as razões pelas quais a maioria dos estudos gera achados falsos, mostrando que acumulam bias, usam pequeno número de pacientes e têm pequeno poder estatístico. Afirmou que não só o uso de antidepressivos é ineficaz como acaba sendo a principal razão de não resposta dos pacientes ao tratamento proposto. Apresentou estudo em que é claramente demonstrado que os antidepressivos como classe continuam a ser os psicotrópicos mais prescritos no tratamento do Transtorno Bipolar, com 62% de participação total (fig. 1).(1) Ao abordar a eficácia na depressão bipolar aguda apresentou resultados da meta-análise de Gijsman HJ et al., que favoreceu o uso de antidepressivos, onde a participação da combinação fluoxetina + olanzapina com uma participação enorme de pacientes orientou o resultado final.(2) Depois referiu a dificuldade em publicar em revistas de ponta estudos negativos ao uso de antidepressivos versus a facilidade de publicar estudos que favoreçam o uso de antidepressivos na depressão bipolar. Os dois estudos que concentraram os resultados Power O Prof. Truth ratio afirmou Bias PPVsó o Example Ghaemi que não 0.80 1 0.10 uso de antidepressivos é ineficaz 85% como acabaHuge RCT 0.95 0.5 0.30 85% Huge MA sendo a principal razão de não resposta dos 0.80 0.3 0.40 41% Small MA ao tratamento 0.20pacientes0.2 0.20 proposto 23% Small RCT Large 0.80 0.1 0.30 20% Confirmatory (3) O outro estudo citado comEpi pronegativos relacionados ao uso de foi o EMBOLDEN antidepressivos0.1 no tratamento da 0.20 0.30eminência 12% Small Epi II, no qual para o tratamento da depressão bipolar foram o STEPLarge 0.20 .001 0.80depressão bipolar 0.1% aguda foram BD e o EMBOLDEN II. O STEPExploratory Ep comparadas quetiapina nas doses BD, estudo naturalístico realizado de 300 e 600 mg/dia contra paronos EUA sob patrocínio do NIMH, xetina 20 mg/dia e placebo com as Instituto Nacional de Saúde Menduas doses 2005, de quetiapina tal, em que o uso de estabilizador JPA Ionnadis, PLOS Medicine, August Volume sendo 2, Issuesu-8, e124 periores ao placebo e à paroxetina, do humor + antidepressivo versus que não evidenciaram separação.(4) estabilizador + placebo não eviNova meta-análise recentemente denciou diferenças estatísticas no publicada, compreendendo vários tratamento da depressão bipolar. Frequency of Drug Class Prescription between 1996 and 2006 70 61.7 60 50 40 31.5 % 22.4 30 14.3 20 10 0 AD BNZ NL MS R Mojtabai and M Olfson, Arch Gen Psychiatry, 2009 Figura 1 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 9 Destaque Uma meta-análise do uso de antidepressivos na fase de manutenção do Transtorno Bipolar não evidenciou diferenças quando comparado o uso de antidepressivos + estabilizador do humor versus o uso de estabilizadores do humor isolados estudos, mostrou modesta superioridade, RR = 1,18, em favor do uso de antidepressivos (fig. 2).(5) uso de estabilizadores do humor isolados. (6) Esse estudo também mostrou e de forma bem clara que o grupo que usou antidepressivos Eficácia na lidou com um número maior de Manutenção episódios de mania, caracterizando a indução de viradas por uso de Em artigo liderado pelo próprio antidepressivos. Ghaemi, uma meta-análise do uso Depois foram apresentados alde antidepressivos na fase de manuguns estudos concernentes apenas à tenção do Transtorno Bipolar não depressão bipolar do tipo II, em que evidenciou diferenças quando comos resultados positivos obtidos até Ninth International Conference on Bipolar Disorder Pittsburgh, PA parado o uso de antidepressivos + com o uso isolado de antidepressiJune 9-11, 2011 estabilizador do humor versus o vos foram devidos ao curto tempo Paroxetine vs Placebo in Acute Bipolar Depression (EMBOLDEN II: Change in MADRS) Study week 1 LSM change from baseline 2 3 4 5 6 7 8 0 Quetiapine 600 mg (n=232) Quetiapine 300 mg (n=229) Placebo (n=121) Paroxetine 20 mg (n=118) -5 Improvement -10 * ** ** *** -15 -20 ** *** *** *** *p<0.05; **p<0.01; ***p<0.001 vs placebo. ITT, LOCF McElroy SL, et al. J Affect Disord 107(1-3):127-133, 2008. Figura 2 10 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 de duração dos mesmos e ao fato de os estudos incluírem pacientes préselecionados como respondedores ao medicamento em questão. Ghaemi citou também estudo recente de sua autoria em que se encontra modesto benefício com o uso de antidepressivos, em que a descontinuação de antidepressivo em grupo de pacientes fazendo uso de estabilizadores do humor é comparada, com 1 ano de seguimento.(7) O resultado final do trabalho mostrou modesta melhora sintomática no grupo que manteve o uso de antidepressivos no período. Ghaemi abordou questão de primacial importância em relação à psicopatologia da depressão em geral, e de como as atuais classificações, ao não dar validade ao diagnóstico de depressões mistas, acabam por levar ao errôneo e maciço achado de uma falsa maioria de depressões maiores unipolares. Mostrou com bastante clareza que no espectro do humor apenas 20% das depressões são puras ou unipolares, com 60% delas sendo depressões agitadas, depressões mistas e manias disfóricas e ainda com 20% de manias puras.(8) Por fim, chamou a atenção para os claros malefícios do uso de antidepressivos no Transtorno Bipolar: Indução de mania/hipomania, desestabilização do quadro a longo prazo, suicídio, aceleração dos ciclos, ciclo rápido e problemas médicos. E o pior: a indução de mais depressão. A palavra foi então passada pelo moderador Prof. Yatham para o Prof. John Geddes, que de uma forma bem menos veemente e apaixonada passou a defender e ponderar o uso de antidepressivos. Primeiramente chamou a atenção para o fato de que o tema, tão freqüente na prática clínica diária, do uso de antidepressivos na depressão bipolar ser tão pouco estudado, com um número muito pequeno de publicações sobre o tema e algumas de qualidade muito duvidosa devido a diversos fatores. A sua primeira questão foi a de que inúmeros estudos do passado com antidepressivos tratando depressão de um modo geral incluíam um número significativo de pacientes portadores de depressão bipolar, já que a distinção bipolar versus unipolar é recente na Psiquiatria. E ressaltou que vários desses estudos favoreceram o uso de antidepressivos no tratamento da depressão. Citou, novamente, a meta-análise da qual foi um dos autores principais que claramente favorece o uso de antidepressivos no tratamento da depressão bipolar aguda. (2) Falou da aparente falta de alternativas, como a lamotrigina, que em recente meta-análise não evidenciou superioridade ao placebo no tratamento da depressão bipolar aguda. Citou que a quetiapina tem seu uso oficialmente aprovado no tratamento da depressão bipolar. Após isso o Prof. Geddes, que mais do que uma defesa do uso de antidepressivos fez ponderações e questionamentos a respeito do tema, mostrou dados de estudo ainda a ser publicado mostrando O Prof. Geddes, que mais do que uma defesa do uso de antidepressivos fez ponderações e questionamentos a respeito do tema, mostrou dados de estudo ainda a ser publicado mostrando a eficácia relativa de todos os antidepressivos a eficácia relativa de todos os antidepressivos ora em uso na clínica, mostrando que o mais usado em estudos comparativos bipolares, a paroxetina, não está entre os 10 melhores em eficácia ou segurança. Diz que gostaria de rever esses estudos com o uso da sertralina no lugar da paroxetina. Encerrou então sua mais breve participação clamando por mais estudos de longo prazo, onde a maior atenção estaria em “contar os estragos” do uso prolongado de antidepressivos. Solicitou então o moderador a presença na mesa de debates do Prof. Robert Post, que durante anos comandou as pesquisas em Transtorno Bipolar no NIMH. O Prof. Post começou relatando que estabilizadores do humor podem ficar efetivos quando se suspende o uso de antidepressivos se não estavam efetivos antes. Chamou a atenção para a enorme relevância da comorbidade ansiosa no Transtorno Bipolar e classificou de “vergonhoso’ o pequeno número de pesquisas e atenção dadas a esse gigantesco problema de saúde. Disse que hoje não possuímos dados científicos confiáveis para a depressão bipolar e seu tratamento. No final, colocada em votação pelo moderador qual seria a proposta vencedora após esse interessante debate, a vencedora foi uma terceira opção: No momento não existem dados suficientes para demonstrar se antidepressivos funcionam no tratamento da depressão bipolar. Referências 1. Mojtabai R. Unmet need for treatment of major depression in the United States. Psychiatr Serv 2009;60(3):297-305. 2. Gijsman HJ et al. Antidepressants for bipolar depression: a systematic review of randomized, controlled trials. Am J Psychiatry 2004;161(9):1537-47. 3. Sachs GS et al. Effectiveness of adjunctive antidepressant treatment for bipolar depression. N Engl J Med 2007;356(17):1711-22. 4. McElroy SL et al. Relationship of open acute mania treatment to blinded maintenance outcome in bipolar I disorder. J Affect Disord 2008;107(1-3):127-33. 5. Sidor MM, Macqueen GM. Antidepressants for the acute treatment of bipolar depression: a systematic review and meta-analysis. J Clin Psychiatry 2011;72(2):156-67. 6. Ghaemi SN et al. Long-term antidepressant treatment in bipolar disorder: meta-analyses of benefits and risks. Acta Psychiatr Scand 2008;118(5):347-56. 7. Ghaemi SN et al. Antidepressant discontinuation in bipolar depression: a Systematic Treatment Enhancement Program for Bipolar Disorder (STEP-BD) randomized clinical trial of long-term effectiveness and safety. J Clin Psychiatry 2010;71(4):372-80. 8. SN Ghaemi. Mood Disorders: A Practical Guide. 2nd edition, Wolters Kluwer, 2007. Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 11 Caso Clínico Eficácia da quetiapina de liberação prolongada em depressão bipolar, seguindo a titulação preconizada em bula Dra. Aline Valente Chaves* O transtorno bipolar (TB) é uma patologia altamente prevalente na população e o seu diagnóstico ainda constitui um desafio na área da psiquiatria. Inúmeros estudos clínicos confirmam, agora, que cerca de 40% das pessoas com transtorno bipolar são, primeiramente, diagnosticadas de forma equivocada com depressão unipolar. Em alguns casos, o problema não é tanto o diagnóstico errôneo, como a história natural da doença: se episódios depressivos precedem episódios maníacos, então a nosologia atual, corretamente aplicada, leva a diagnóstico errôneo. Tanto um levantamento como estudos clínicos indicam que é preciso cerca de uma década após o paciente procurar ajuda de profissionais da saúde mental para que a doença bipolar seja diagnosticada de forma correta.(1) Os sintomas atuais da depressão bipolar têm sido considerados por muitos especialistas semelhantes aos observados na depressão unipolar. Contudo, parece que há diferenças entre um e outro tipo no que se refere à apresentação fenomenológica da depressão.(2) Sintomas depressivos atípicos parecem ser mais comuns na depressão bipolar do que na unipolar, assim como a apresentação da depressão com sintomatologia psicótica. A experiência clínica também sugere que esta apresentação em uma pessoa jovem é uma apresentação inicial comum de doença bipolar. Há ainda diferenças entre depressão bipolar e unipolar no curso de determinadas condições, pois a idade de início mais precoce, a recorrência, início de episódio depressivo no pósparto, a duração breve dos episódios, ciclagem rápida (quatro ou mais episódios em 1 ano) são mais comuns na depressão bipolar do que na unipolar.(4) Existem diferenças na resposta a tratamento com antidepressivo, sendo mais comuns na depressão bipolar: mania induzida por antidepressivos; psicose induzida por antidepressivo, estados mistos ou risco de suicídio; ausência de resposta aguda; tolerância e ciclagem rápida.(3) Também precisa ser dado um grande peso diagnóstico a uma história familiar de transtorno bipolar. * Psiquiatra. Colaboradora do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) do Departamento de Psiquiatria do IPq-HCFMUSP. CRM-SP 92.077 12 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 Apresentação de caso CJC, sexo feminino, 48 anos, advogada, branca, casada, natural e procedente de São Paulo-SP, católica. Em 2006, aos 43 anos, CJC começa a apresentar um quadro depressivo que se caracterizava na época por tristeza, desânimo, choro fácil, pensamentos negativos, hipersonia, aumento do apetite, insegurança, autoestima baixa, falta de prazer na vida, isolamento social, concentração e atenção diminuídas. Não conseguia mais realizar as suas atividades de vida diária. Procurou por um psiquiatra após quatro meses de início do quadro, sendo esse diagnosticado como transtorno depressivo maior e iniciado o uso de antidepressivos, tais como escitalopram, venlafaxina, bupropiona, nortriptilina, mirtazapina e tranilcipramina, tanto como medicação única como de forma combinada. Todos em dose e tempo ideais, sem nenhuma resposta clínica. Tentou-se potencializar com o carbonato de lítio quando em uso da associação mirtazapina e venlafaxina, também sem resposta. Foi indicada a realização de ECT (eletroconvulsoterapia) com 12 sessões, mas foram ineficazes. Numa das avaliações durante o seu seguimento, foi levantada a hipótese diagnóstica de TAB, uma vez que a mesma relatara apresentar fases onde ficava dias dormindo menos de quatro horas, muito ativa, inquieta, irritada, com muitas ideias, compulsiva por compras e exagerando na bebida, pois esta lhe deixava calma, uma vez que sentia-se também muito ansiosa, falava muito e alto, às vezes gritando sem controle. Optou-se em introduzir lamotrigina 25 mg/ dia associada ao carbonato de lítio 750 mg/dia (litemia de 0,6 meq/L), sendo deste a máxima dose tolerada. Teve uma resposta parcial, e antes de se pensar em otimizar a dose, a mesma apresentara uma reação alérgica intensa, caracterizando a síndrome de Stevens-Johnson. Ficou internada em hospital geral durante três meses. Antecedentes pessoais CJC nasceu de parto normal, era a primeira de uma prole de três, com desenvolvimento neuropsicomotor normal. Infância e adolescência transcorreram sem alterações. Negou uso de drogas ilícitas, mas fumava bastante e bebia álcool socialmente. Negava uso de outras medicações. O pai era alcoólatra, um tio paterno foi internado como “louco” e duas tias maternas tinham depressão, uma das quais tinha sido internada. Ao sair do hospital, CJC queixava-se de tristeza, ansiedade, muita angústia, choro fácil, ausência de prazer na vida, com pensamentos negativos, inclusive de achar que a vida não valia a pena, insônia mesmo com o uso de benzodiazepínicos, medos diversos, muita insegurança, isolamento social. Na alta, estava somente com o uso de bromazepam 6 mg/dia. Como conduta tomada, reintroduziu-se o carbonato de lítio na dose de 750 mg/dia e associou-se a quetiapina de liberação prolongada na dose de 300 mg/dia, iniciandose no 1º dia com 50 mg, no 2º dia 100 mg, 3º dia 200 mg e no 4º dia 300 mg. Na primeira quinzena, a paciente apresentara uma melhora da ansiedade e da insônia. Dizia estar mais tranquila. Na quarta semana, referia melhora da sintomatologia depressiva, queixando-se somente de medo frente a tudo o que passou e de ter que passar tudo novamente. Foi então indicada a realização de psicoterapia semanal, assim como de atividade física. Discussão Visto que o transtorno bipolar continua sendo muitas vezes mal diagnosticado, assim como, provavelmente o era, com mais frequência, em gerações anteriores, alguma atenção deve ser dada a histórias familiares com depressão grave, abuso de substâncias, suicídio, hospitalizações passadas por doença mental e eletroconvulsoterapia. Essas histórias sugerem doença mental grave, com transtorno bipolar, sendo uma condição comum, que pode ter estado com tais apresentações no passado. A escolha da quetiapina leva em consideração toda a história da paciente, as evidências dessa substância como primeira opção no tratamento da depressão bipolar, além de sua eficácia nos sintomas de ansiedade. Referências 1. Angst J et al. Major Depressive Disorder with Subthreshold Bipolarity in the National Comorbidity Survery Replication Am J Psych 2010;167:1194-101. 2. Ghaemi et al. Antidepressant discontinua­ tion in bipolar depression: a Systematic Treatment Enhancemente Program fos Bipolar Disorder (STEP-BD) randomized clinical trial of long-term effectiveness and safety. J Clin Psychiatry 2010. 3. Swartz e Thase. Pharmacotherapy for the treatment of acute bipolar II depressin: current evidence. J Clin Psychiatry 2010. 4. Merikangas KR et al. Lifetime and 12 month. Prevalence of Bipolar Spectrum Disorder in the National Comorbidity Survey. Arch Gen Psychiatry 2007;64:543-552. Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 13 Agenda Científica Agosto IX Simpósio de Neurociências na Interface Cérebro e Mente 1º Congresso Sul-Americano de Esquizofrenia 16 e 17 de setembro/2011 5 a 7 de agosto/2011 Criciúma - SC São Paulo - SP Tel.: (48) 3431-2618 www.sirssouthamerica.org E-mail: [email protected] X Jornada Gaúcha de Psiquiatria 15º Congresso Mundial de Psiquiatria 18 a 22 de agosto/2011 18 a 22 de setembro/2011 Porto Alegre - RS Buenos Aires - Argentina www.aprs.org.br www.lionstours.com/psiquiatria.htm Simpósio “A Clínica dos Transtornos do Humor” Novembro 26 e 27 de agosto/2011 São Paulo - SP XXIX Congresso Brasileiro de www.progruda.com Psiquiatria 2 a 5 de novembro/2011 Setembro Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 2199-7500 XX Jornada Norte Nordeste de Neurologia www.cbpabp.org.br 7 a 9 de setembro/2011 Natal - RN 2011 Scottsdale Headache www.neuronatal2011.com.br/inscricoes.php Symposium 11 a 13 de novembro/2011 XV Congresso da Federação Europeia de Scottsdate - Arizona Neurologia www.americanheadachesociety.org/ 10 a 13 de setembro/2011 events/event.asp?event_id=61 Budapest - Hungria www2.kenes.com Dezembro XXV Congresso Brasileiro X Jornada Catarinense de Psiquiatria de Cefaleia 2 e 3 de dezembro/2011 13 a 17 de setembro/2011 Florianópolis - SC São Paulo - SP Tel.: (48) 3225-9185 www.sbcefaleia.com/congresso www.acp.med.br 14 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 3/2011 Seroquel XRO® fumarato de quetiapina Seroquel XRO® (fumarato de quetiapina) é um agente antipsicótico atípico Indicações: Seroquel XRO é indicado para o tratamento da esquizofrenia e como monoterapia ou adjuvante no tratamento dos episódios de mania e de depressão associados ao transtorno afetivo bipolar. Contra-indicações: Seroquel XRO é contra-indicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente de sua fórmula. Cuidados e Advertências: Advertências: Ideação e comportamento suicidas ou piora clínica: A depressão e certos transtornos psiquiátricos são associados a um aumento de risco de ideação e comportamento suicidas. Pacientes de todas as idades que iniciam tratamento com antidepressivos devem ser monitorados e observados de perto quanto a piora clínica, suicidalidade ou alterações não usuais no comportamento. Familiares e cuidadores devem ser alertados sobre a necessidade de observação do paciente e comunicação com o médico. Neutropenia: Muitos casos de neutropenia grave ocorreram dentro dos primeiros dois meses do início de tratamento com quetiapina. Aumentos de glicose no sangue e hiperglicemia: Aumentos de glicose no sangue e hiperglicemia, e relatos ocasionais de diabetes têm sido observados nos estudos clínicos com quetiapina. Lipídeos: Aumentos de triglicérides e colesterol têm sido observados nos estudos clínicos com quetiapina. Doenças concomitantes: Recomenda-se cautela ao tratar pacientes com doença cardiovascular conhecida, doença cerebrovascular ou outras condições que os predisponham à hipotensão. Convulsões: recomenda-se cautela ao tratar pacientes com história de convulsões. Sintomas extrapiramidais e Discinesia tardia: Se sinais e sintomas de discinesia tardia aparecerem, deve ser considerada uma redução da dose ou a descontinuação de quetiapina. Síndrome neuroléptica maligna: Síndrome neuroléptica maligna (hipertermia, estado mental alterado, rigidez muscular, instabilidade autonômica e aumento da creatino fosfoquinase) tem sido associada ao tratamento antipsicótico, incluindo a quetiapina. Caso isto ocorra, Seroquel XRO deve ser descontinuado e tratamento médico apropriado deve ser administrado. Descontinuação: Sintomas de descontinuação aguda assim como insônia, náusea e vômito têm sido descritos após uma interrupção abrupta do tratamento com fármacos antipsicóticos incluindo a quetiapina. É aconselhada a descontinuação gradual por um período de pelo menos uma a duas semanas. Uso durante a gravidez e lactação: Categoria de risco na gravidez: C. Seroquel XRO só deve ser usado durante a gravidez se os benefícios justificarem os riscos potenciais. As mulheres devem ser orientadas a não amamentarem enquanto estiverem tomando Seroquel XRO (para maiores informações vide bula completa do produto). Interações medicamentosas: Seroquel XRO deve ser usado com cuidado em combinação com outros medicamentos de ação central e com álcool. A co-administração de carbamazepina aumentou significativamente a depuração de quetiapina, dependendo da resposta clínica, um aumento da dose de Seroquel XRO deve ser considerado. Doses elevadas de Seroquel XRO podem ser necessárias para manter o controle dos sintomas psicóticos em pacientes que estejam recebendo concomitantemente Seroquel XRO e fenitoína ou outros indutores de enzimas hepáticas (por exemplo: barbituratos, rifampicina, etc.). A dosagem de Seroquel XRO deve ser reduzida durante o uso concomitante de quetiapina e potentes inibidores da CYP3A4 (como antifúngicos azóis, antibióticos macrolídeos e inibidores da protease). Outras interações medicamentosas, vide bula completa do produto. Reações adversas: As reações adversas mais comumente relatadas com a quetiapina são: tontura, sonolência, boca seca, sintomas de descontinuação (insônia, náusea, cefaléia, diarréia, vômito, tontura e irritabilidade), elevações dos níveis de triglicérides séricos, elevações do colesterol total, ganho de peso, leucopenia, neutropenia, taquicardia, visão borrada, constipação, dispepsia, astenia leve, edema periférico, irritabilidade, elevações das transaminases séricas (ALT, AST), aumento da glicose no sangue para níveis hiperglicêmicos, elevações da prolactina sérica, síncope, sintomas extrapiramidais, aumento do apetite, rinite, hipotensão ortostática e sonhos anormais e pesadelos (para maiores informações vide bula completa do produto). Posologia: Seroquel XRO deve ser administrado uma vez ao dia, por via oral, com ou sem alimentos. Esquizofrenia e Episódios de mania associados ao transtorno afetivo bipolar: a dose total diária para o início do tratamento é de 300 mg no dia 1, 600 mg no dia 2 e até 800 mg após o dia 2. A dose deve ser ajustada até atingir a faixa considerada eficaz de 400 mg a 800 mg por dia, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade de cada paciente. Para terapia de manutenção em esquizofrenia não é necessário ajuste de dose. Episódios de depressão associados ao transtorno afetivo bipolar: SEROQUEL XRO deve ser administrado em dose única diária noturna, por via oral, com ou sem alimentos. SEROQUEL XRO deve ser titulado como a seguir: 50 mg (dia 1), 100 mg (dia 2), 200 mg (dia 3) e 300 mg (dia 4). SEROQUEL XRO pode ser titulado até 400 mg no dia 5 e até 600 mg no dia 8. A eficácia antidepressiva foi demonstrada com SEROQUEL com 300 mg e 600 mg, entretanto benefícios adicionais não foram vistos no grupo 600 mg durante tratamento de curto prazo.Troca de terapia a partir de Seroquel: Para maior conveniência de dose, pacientes em tratamento contínuo com doses divididas de Seroquel podem trocar o tratamento para Seroquel XRO nas doses equivalentes totais diárias tomadas uma vez ao dia. Pode ser necessário ajuste de dose individual. Insuficiência hepática: A quetiapina é extensivamente metabolizada pelo fígado. Portanto, Seroquel XRO deve ser usado com cautela em pacientes com insuficiência hepática conhecida, especialmente durante o período inicial. Pacientes com insuficiência hepática devem iniciar o tratamento com 50 mg/dia. A dose deve ser aumentada diariamente em incrementos de 50 mg/dia até atingir a dose eficaz, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade de cada paciente. Idosos: A depuração plasmática média de quetiapina foi reduzida em 30% a 50% em pacientes idosos quando comparados com pacientes jovens. Pacientes idosos devem iniciar o tratamento com 50 mg/dia. A dose deve ser aumentada em incrementos de 50 mg/dia até atingir a dose eficaz, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade de cada paciente (para maiores informações vide bula completa do produto). Superdose: A maioria dos pacientes com superdosagem não apresentou eventos adversos ou recuperou-se completamente dos eventos adversos. Em geral, os sinais e sintomas relatados foram resultantes da exacerbação dos efeitos farmacológicos conhecidos da quetiapina, isto é, sonolência e sedação, taquicardia e hipotensão. Não há antídoto específico para a quetiapina. Supervisão médica e monitoração cuidadosas devem ser mantidas até a recuperação do paciente. Apresentações: Embalagens com 10 e 30 comprimidos revestidos de liberação prolongada de 50 mg, 200 mg e 300 mg. USO ADULTO/USO ORAL. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. Para maiores informações, consulte a bula completa do produto. (SER_XRO009) AstraZeneca do Brasil Ltda., Rod. Raposo Tavares, Km 26,9 - Cotia ‑ SP - CEP 06707-000 Tel.: 0800-0145578. www.astrazeneca.com.br Seroquel® XRO. MS – 1.1618.0232. Cód.: 1621089 - Produzido em Julho/2011