CARACTERIZAÇÃO DA SURDEZ E A

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CARACTERIZAÇÃO DA SURDEZ E A CONSTRUÇÃO DA SUA
IDENTIDADE POR MEIO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS- (LIBRAS)
Francieli Vanessa Schleider (PAIC/Fundação (ICV-UNICENTRO), Anizia
Costa Zych (Orientadora), e-mail ([email protected])
Universidade Estadual do Centro-Oeste, Setor de Ciências Humanas
Departamento de Pedagogia, Irati, Paraná.
Palavras-chave: comunicação, cultura, deficiência auditiva, interação ,
surdos.
Resumo:
Os termos deficiência auditiva e surdez têm sido considerados sinônimos,
todavia, estes são conceitos diferentes e cada um apresenta características
específicas. Os sujeitos surdos possuem uma cultura diferente da dos
ouvintes e sua interação com os demais membros desta mesma cultura
favorece a construção da sua identidade com o uso da língua de sinais .
Introdução
Os surdos utilizam como instrumento de comunicação a língua
sinalizada. Portanto, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), favorece sua
interatividade sociocultural, contribuindo com
a construção da sua
identidade. É importante lembrar que os surdos não formam um grupo
homogêneo visto que cada um possui uma causa específica e, diferentes
conotações da inaudibilidade. Assim sendo,diferenciadas também são suas
características comportamentais. Há aqueles surdos que aceitam a surdez e
se adaptam à sua cultura de maneira natural, porém há outros que devido ao
fato de interagirem somente com pessoas ouvintes, acabam não aceitando
as suas especificidades e
por consequência tornam-se indivíduos
revoltados desprezando desse modo a cultura surda. É fundamental que o
surdo participe de atividades interativas, a fim de construir a sua identidade
ps caso o contrário, desenvolverá somente seus mecanismos de
sobrevivência.
Material e Métodos
O presente estudo foi desenvolvido através de pesquisa
bibliográfica, fundamentada em autores estudiosos da temática relacionada
à questão histórica e linguística das pessoas surdas, sendo acompanhada
de contatos diretos com a comunidade surda e, participação no grupo de
estudos de Libras.
Resultados e Discussão
A surdez é caracterizada pela falta ou deficiência de funcionamento
do sentido da audição, o que pode provocar alterações na recepção e
interpretação de mensagens comunicativas. O indivíduo surdo fica
impossibilitado de comunicar-se utilizando a fala.
Anais da XVII Semana de Iniciação Científica da UNICENTRO
11 a 13 de setembro de 2012 - ISSN – 2238-7358
Alguns termos são utilizados para definir um indivíduo surdo:
a) Surdo –mudo: ao utilizar a expressão surdo-mudo, pode-se
pensar que o surdo não possui uma língua e é portador de problemas
articulatórios. Além do mais, esse é um termo preconceituoso,
considerando que muitos ainda são taxados de mudinhos.
b) Deficiente auditivo (D.A): termo que originou-se da concepção
médica, que viam a surdez como uma anormalidade que deveria ser
tratada.
c)
Surdo: termo correto que permite inserir o indivíduo em sua
própria cultura, abolindo- o do quadro da deficiência, pois o mesmo
não possui nenhuma anormalidade apenas não houve o som.
O conceito de perda auditiva nem sempre é suficientemente claro
para a pessoa que se depara pela primeira vez com o problema da surdez.
O grau de perda auditiva é calculado em função da intensidade necessária
para amplificar um som de modo a que seja percebido pela pessoa surda.
Esta amplificação mede-se habitualmente em decibéis
O indivíduo com surdez leve às vezes não percebe que apresenta
dificuldades para ouvir. Ele não consegue ouvir a voz de outras pessoas em
tom baixo ou distante e pode solicitar em algumas situações a repetição de
certas palavras que formam ditas.
Já o indivíduo com surdez moderada necessita que o emissor da
mensagem intensifique o tom da sua voz para que seja percebida e na frase,
nem todos os termos que a compõe ele é capaz de identificar. De um modo
geral, ele tem dificuldades em identificar outros ruídos quando estão em
ambientes ruidosos.
O portador de surdez severa identifica apenas alguns traços
familiares e percebe somente sons fortes. Quando criança, poderá levar até
cinco anos para aprender a falar e se a família estiver bem orientada pela
área educacional, essa criança poderá adquirir a linguagem naturalmente
Quanto à surdez profunda, gravidade dessa perda é tal, que o priva
das informações auditivas necessárias para perceber e identificar a voz
humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem oral. Um bebê
que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões
começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação
auditiva externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem
oral. Assim também, não adquire a fala como instrumento de comunicação,
uma vez que, não a percebendo, não se interessa por ela, e não tendo
“feedback” auditivo, não possui modelo para dirigir suas emissões.
Quanto maior for a perda auditiva, maiores serão os problemas
linguísticos e maior será o tempo em que o aluno precisará receber
atendimento especializado. A surdez pode ser descobertas de várias formas.
Uma delas é se o bebê não se assusta com sons altos, pode ser sinal de
que seja portador da surdez severa ou profunda
Embora a sociedade aceite o surdo sua língua e sua cultura, ainda
vê a falta de audição como algo anormal, que a inaudibilidade é uma
deficiência e isso dificulta o processo de construção da identidade do surdo.
O contato com a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é um fator
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relevante para que o surdo construa a sua identidade. O surdo realmente
desenvolve a sua identidade quando se reconhece como ser surdo, e essa
diferença é vista, aceita e respeitada pelos demais. É quando encontra o
semelhante e com ele interage, troca experiências, enfim, interage.
Há muitos surdos que ainda não sabem que existe uma cultura
surda, pois são forçados a se inserir no mundo do ouvinte, o que os deixa
perdidos quanto à identidade. Alguns surdos agem de acordo com o
que
é imposto pelos pais, os quais não aceitam em algumas vezes que o filho é
surdo, que deveria conviver com seus semelhantes e utilizar a Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) para a comunicação.
A identidade surda, assim como o grupo de surdos não é
homogêneo. Esta identidade está dividida em cinco principais
características, que são:
1) Identidade surda: aceitação que o surdo é um ser diferente e que
o mesmo necessita de recursos visuais adequados à sua cultura. Nesta
identidade, os pais aceitam os filhos e não consideram a surdez como algo
perturbador.
2) Identidades surdas híbridas: esta identidade refere-se aos
indivíduos que nasceram ouvintes mas que adquiriram a surdez em algum
momento da vida. Elas captam a comunicação pelo português falado e
passa para os sinais.
3) Identidade de transição: ocorre com aqueles surdos que viviam
isolados sob a égide da cultura ouvinte. Geralmente estes são filhos de pais
ouvintes que o privaram da vida social e do contato com outros surdos.
Como eram acostumados com a cultura ouvinte, no momento em
que entram em contato com o mundo surdo, passa por um processo de desouvintização, mas ainda ficam sequelas da representação que são
evidenciados em sua identidade em reconstrução.
4) Identidade surda incompleta: a hegemonia dos ouvintes é tão
dominante para os surdos, que os mesmos negam a sua própria identidade.
Eles mesmos decidem-se nunca encontrar com os demais surdos.
5) Identidades flutuantes: semelhante a identidade surda
incompleta, em que o surdo quer ser ouvintizado de qualquer maneira,
desprezando a cultura surda.
É de extrema importância quando o surdo interage com os demais
surdos, pois assim há a possibilidade da troca de experiências de uma
maneira compreensível. De um modo geral, alguns surdos preferem manter
relações somente com outros surdos devido ao fato de não compreender o
que diz o ouvinte e por esse também não dominar a língua materna deles
que é a Língua Brasileira de Sinais LIBRAS).
Também é de fundamental importância que o surdo tenha uma vida
social, que a surdez não seja motivo de isolamento. Segundo Skliar (1999),
quando o surdo isola-se da humanidade, o seu único mecanismo que se
desenvolve o de sobrevivência como o fato de alimentar-se, vestir-se, entre
outros, não construindo desse modo sua identidade através da interação
com outros grupos de pessoas.
A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) embora legalmente
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reconhecida, poucos a conhecem ou a dominam. Na concepção de Skliar
(1999), a LIBRAS não deve ser vista apenas como um instrumento de
comunicação utilizado pelo surdo, mas sim como o símbolo de uma
diversidade cultural que não é inferior nem superior as demais, apenas
diferente.
Conclusões
Através desta pesquisa foi possível concluir que os surdos possuem
uma identidade e uma língua diferente das dos ouvintes e que o seu
envolvimento com os demais surdos é de extrema importância para a
elevação da sua autoestima.
Agradecimentos
À DIRPES / UNICENTRO pela oportunidade da pesquisa. Ao Setor de
Ciências Humanas , Letras e Artes, ao Departamento de Pedagogia do
Campus de Irati e à professora Anizia, pela motivação na realização da
pesquisa.
Referências
PERLIN, Gladis; STROBEL, Karin. Surdos: vestígios culturais não
registrados na história. Dissertação de mestrado em fase de elaboração, na
área de educação GES/UFSC, 2006.
SKILIAR, Carlos. Atualidade da Educação Bilíngue para Surdos:
Actualidade de la Educacion Bilingue para Sordos. Porto Alegre:
Mediação, 1999.
SOARES, Maria Aparecida Leite. A educação do surdo no Brasil.
Campinas: Autores Associados/ Bragança Paulista, 1999.
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