Caderno de resumos

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Caderno de resumos
Comissão Organizadora
Prof. Dr. José Gonzalo Armijos Palácios
Presidente da Comissão Organizadora o II ENEPEFIL e IV EU PENSO
Diretor do Campus da Cidade de Goiás – UFG
Prof. Me. Silvio Carlos Marinho Ribeiro
Coordenador Geral do II ENEPEFIL e IV EU PENSO
Comissão Científica
Profa. Ma. Carmelita Brito de Freitas Felício
Profa. Ma. Julia Sebba Ramalho
Profa. Ma. Priscilla da Veiga Borges
Prof. Me. Silvio Carlos Marinho Ribeiro
Comissão de Divulgação
Prof. Me. Ricardo Delgado de Carvalho
Acad. Aline Franciele Silva Santos
Acad. Cristina da Silva Brito
Acad. Islane Viana de Souza
Acad. João Victor de Albuquerque
Acad. Dionísio da Mata Barroso Pinto
Acad. Marcos Crispim Santos
Comissão de Infra-estrutura e logística
Prof. Dr. José Gonzalo Armijos Palácios
Prof. Me. Silvio Carlos Marinho Ribeiro
Comissão de Cultura
Prof. Me. Fábio Amorim de Matos Junior
Prof. Me. Cláudio Alexandre Figueira Gomes
Profa. Ma. Ana Colantoni
Comissão de material, frequência e certificado
Tec. Adm. Jakeline de Andrade Pacheco
2
Caderno de Resumos II ENEPEFIL e IV EU PENSO. Cidade de Goiás, Campus
Cidade de Goiás, 2013.
1. Filosofia. 2. Ensino de Filosofia. 3. Educação. I Titulo
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 5
1
Aldecir da Cruz dos Santos Ferreira.......................................................................... 6
2
Ana Gabriela Colantoni………................................................................................... 8
3
Antonio Ferreira da Silva............................................................................................ 9
4
Cristina da Silva Brito.................................................................................................. 11
5
Débora Christie Cardoso de Faria.............................................................................
6
Elias Terêncio da Silva................................................................................................. 13
7
Francisco José Porfírio Neto........................................................................................ 15
8
Islane Viana de Souza................................................................................................... 17
9
Joaquim Onofre Silva Neto.......................................................................................... 18
10
Lorena Silva Oliveira.................................................................................................... 20
11
Luiz José de Aquino Alves.......................................................................................... 22
12
Luiza Simões Pacheco.................................................................................................. 23
13
Paulo Freitas ................................................................................................................. 25
14
Ramires Fonseca Silva.................................................................................................. 26
15
Ronaldo Moreira de Souza.......................................................................................... 28
16
Thaís Rodrigues de Souza........................................................................................... 30
17
Thiago Felipe Lima da Mata........................................................................................ 32
12
4
INTRODUÇÃO
No presente caderno constam os resumos das comunicações e relatos
de experiência, de autoria de estudantes e professores, aprovados pela
Comissão Científica para serem apresentados no II ENEPEFIL – Encontro
Nacional de Ensino e Pesquisa em Filosofia e IV EU PENSO – Encontro dos
Estudantes de Filosofia da Cidade de Goiás. A apresentação dos resumos segue
a ordem alfabética relativa aos nomes dos autores dos resumos.
Comissão Científica
II ENEPEFIL e IV EU PENSO
5
A LINGUAGEM COMUM COMO UM POSSÍVEL OBSTÁCULO
PARA O SURGIMENTO DOS PROBLEMAS FILOSÓFICOS
Aldecir da Cruz dos Santos Ferreira1
[email protected]
Palavras – Chave: linguagem, ensino de filosofia, Wittgenstein.
Tendo em vista que a disciplina de filosofia tornou-se obrigatória no Ensino
Médio, trata-se de saber como mostrar para os alunos o conhecimento filosófico.
O que podemos fazer para que a filosofia seja acessível para estes alunos, uma
vez que as aulas de filosofia devem ser filosóficas? Essas questões de cunho
metodológico sugerem pensar em estratégias de ensino adequadas para dar
conta do problema ligado à linguagem comum, por meio de uma investigação
que busque detectar se esta linguagem dificulta o aprendizado da filosofia no
Ensino Médio. Para isso, é necessário descobrir também o que existe de tão
complexo na filosofia para o seu aprendizado. À luz do problema posto, a
proposta deste trabalho tem como objetivo verificar a relação existente entre a
linguagem corrente e o conhecimento filosófico. Partimos da hipótese de que a
filosofia esclarece os problemas filosóficos que surgem pelo uso da nossa
linguagem comum, ou seja, é um conhecimento que mostra a complexidade do
pensamento que expressamos. Por isso, usamos a linguagem completamente
analisada para clarificar os problemas filosóficos, já que ela diz a verdade das
coisas. Esta linguagem é capaz de mostrar o que está por traz das proposições,
ou seja, é uma linguagem que tem a forma lógica do pensamento. Em qualquer
proposição, nela já estão contidas as suas condições de verdade ou falsidade.
Porém, só percebemos isso através de uma linguagem completamente
analisada. Por esta razão, acreditamos haver aí algo que dificulta o ensino de
Filosofia, já que a nossa linguagem não tem a riqueza de elementos que possui a
linguagem
1
completamente
analisada.
O
problema
da
linguagem
Graduando em Filosofia pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás.
6
completamente analisada está na sua complexidade, ou seja, ela acompanha a
forma lógica do pensamento para poder mostrar as condições de verdade ou
falsidade de cada proposição. Ela também nos diz quando é que uma
proposição tem sentido ou não tem sentido. A nosso ver, este é um grande
problema para os alunos acompanharem os argumentos filosóficos, uma vez
que a linguagem comum encobre a estrutura lógica do pensamento. Desse
modo, o que propomos neste trabalho é, à luz de uma leitura de Wittgenstein,
pensar estratégias metodológicas para o ensino de filosofia, a partir de uma
“terapia gramatical”.
7
A RELAÇÃO ENTRE SENTIMENTOS E O ESTUDO DA MORAL
Ana Gabriela Colantoni1
[email protected]
Palavras-chave: Prazer, dor, moral.
Os autores mais consagrados pela história da filosofia nas principais vertentes
de correntes normativas (ética das virtudes, deontologia e utilitarismo)
relacionam sentimentos de prazer e dor ao estudo da moral. Em Aristóteles, o
prazer pode fazer o homem cometer atos vis, enquanto a dor pode impedi-lo de
realizar atos nobres. Por isso, para o autor, é preciso ponderar prazer e dor pelo
hábito, de tal modo a tornar-se um homem virtuoso, que sente prazer ao
realizar ações nobres (ARISTÓTELES, 2009). Diferentemente, para Kant, uma
ação perde seu valor moral caso seja realizada por causa de alguma inclinação,
ou seja, se uma ação foi realizada com prazer, ainda que ela seja correta, ela
perde o valor moral (KANT, 2009). De um lado oposto, temos Mill, que
considera moral o que traz felicidade, e a felicidade é gerada pela maximização
do prazer e minimização da dor (MILL, 2007). Ainda que com tratamentos
diferenciados, estas três correntes relacionam o estudo da moral aos
sentimentos, o que consideramos um erro. Defendemos que o certo e o errado
devem ser analisados de forma lógica e racional para o atingimento de
determinada finalidade, de tal modo que o sentimento gerado pela ação não
pode ser capaz de dignificar juízos morais e nem de ser fundamento para a
constituição dos mesmos. Por outro lado, após a investigação e análise
sistemática dos juízos, a Ética pode utilizar como instrumento a arte, que é
capaz de mudar sentimentos, para a emancipação de valores e orientação de
condutas.
1
Doutoranda em Filosofia pela UNICAMP. Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de
Uberlândia. Professora do Curso de Filosofia do Campus da Cidade de Goiás da Universidade
Federal de Goiás.
8
A EDUCAÇÃO NO LIMIAR DA MODERNIDADE BIOPOLÍTICA
Antonio Ferreira da Silva1
[email protected]
Palavras-chave: educação, biopolítica, homo oeconomicus.
Esta comunicação tem como objetivo discutir e problematizar o modo como a
escola, o ensino e a educação se constituiram a partir da modernidade, isto é, a
partir da instituição do ensino público, massificado e gratuito, tendo como um
de seus objetivos a formação de sujeitos para abastecer o mercado de trabalho
seguindo meramente os ditames da lógica econômica. Para tal partiremos do
conceito de biopolítica tal como formulado por Michel Foucault, mas, também,
seguiremos algumas pistas presentes nas reflexões de Giorgio Agamben sobre a
nossa modernidade biopolítica para pensarmos essa constitução. Inicialmente
pretendemos discutir a importância da disciplinarização dos corpos para o
capitalismo nascente para, logo em seguida, pontuarmos o locus
de uma
biopolitíca das populações nesse contexto. Ou seja, trata-se de mostrar como a
educação tem um papel central nas relações entre política e vida na medida em
que forja sujeitos para os fins que se almeja mediante uma série de dispositivos
de controle, de sujeição e de docilização. Nesse sentido, trata-se mesmo de
discutir o que Foucault denominou de governamentalidade, entendendo
governamentalidade enquanto uma via pela qual os homens são governados de
maneira bem mais eficiente e capilar e enquanto chave de análise para um tipo
de governamento característico de nossa contemporaneidade: o neoliberalismo
econômico. Enquanto chave de inteligibilidade de todos os âmbitos do
conhecimento, interessa-nos discutir tanto o
alcance do neoliberalismo
econômico quanto o modo como este determina as análises no campo da
1
Graduando em Filosofia pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás. Bolsita
PIBID/Capes.
9
educação. A educação dentro dessa lógica visa formar sujeitos que estejam
aptos para o acumulo e a produção dentro do espaço de ação forjado pelo
capitalismo neoliberal. Entendemos que a finalidade das propostas presentes
nas políticas educacionais levadas a cabo em vários Estados brasileiros tem
como ideal formar um sujeito nos moldes do homo oeconomicus. Seria a
educação a via pela qual se forjaria esse homem que se constitui a si mesmo
como uma empresa? O homo oeconomicus parte da suposição de que agimos
enquanto sujeitos auto-interessados. Desse modo, poder-se-ia dizer que o homo
oeconomicus age de acordo com uma lógica econômica, age avaliando o que é
melhor, mais prazeroso, mais útil para si, independentemente de qualquer
alteridade. Ora, se o que unicamente importa é aquilo que trás felicidade e
prazer, então todos os fins justificariam os meios? O perigo que subjaz à lógica
do homo oeconomicus residiria na aceitação do Estado de Exceção desde que a
sua instauração implicasse um maior quantum de prazer para si mesmo. Mas se
a educação pensada atualmente favorece a constituição de tal tipo de homem,
então ela não estaria contribuindo com a própria barbárie? Nesse contexto, no
qual a educação está inserida, trata-se de pensarmos o próprio ensino de
filosofia, ou seja, qual concepção de ensino de filosofia poderíamos propor
frente ao modo como a educação encontra-se capturada pela lógica da relação
entre política e vida?
10
PRESERVAR A VIDA OU DEFENDER UM IDEAL?
Cristina da Silva Brito1
[email protected]
Orientadora: Profa. Dnda. Ana Gabriela Colantoni
Palavras-chave: Ética, situação limite, utilitarismo, deontologia.
No filme, A vida de David Gale, do diretor Alan Parker, é contada a história de
um professor de filosofia que deseja provar para a sociedade que o sistema de
pena de morte é falho. Para tanto, ele simula um crime que não cometeu, de tal
modo que ele seria condenado injustamente à morte, como de fato ocorreu. O
professor e sua colega simularam um assassinato, quando, na verdade, o que
ocorrera foi o suicídio dela programado. O objetivo desse trabalho é analisar
essa situação enquanto uma situação limite e transpô-la para uma questão
digna de uma investigação moral. A atitude do professor poderia ser julgada
correta moralmente? Para refletir sobre esta questão, utilizaremos conceitos de
duas correntes filosóficas: o utilitarismo e a deontologia. Para Kant, um dos
maiores representantes da deontologia, deve-se agir sem analisar as
consequências práticas, de tal forma que o suicídio jamais seria permitido. Para
Mill, um dos maiores representantes do utilitarismo, as ações devem ser
realizadas de modo a se chegar à máxima felicidade, e, tendo em vista o caso de
David Gale, podemos considerar que a morte de duas pessoas, por mais que
tenham gerado dor, foi benéfica para muitos, pois a destituição da pena de
morte, a partir da contestação dos envolvidos, é capaz de minimizar a dor de
inúmeros.
1
Licencianda em Filosofia do curso de Filosofia do Campus da Cidade de Goiás da Universidade
Federal de Goiás. Bolsista do PIBID (Programa Institucional de iniciação à docência)/CAPES.
11
SOB O SIGNO DA INDÚSTRIA CULTURAL:
Cultura de massa, escola e desafios ao ensino de Filosofia
Débora Christie Cardoso de Faria1
[email protected]
Palavras-chave: indústria cultural, ensino de Filosofia, formação.
A proposta de um estudo sobre a indústria cultural e sua relação com o ensino
de filosofia, busca confrontar duas realidades opostas em um mesmo ambiente,
a escola. Pensar o ensino de filosofia e o seu lugar na formação de indivíduos
críticos, conscientes de si, que se reconhecem como parte da sociedade por
outros meios que não o do consumo, é contrapor-se à ideologia difundida pela
indústria cultural que, ao propalar o conformismo social, a alienação, a
reificação, a perda do senso crítico e o afastamento de si, atinge fortemente a
escola. Os efeitos da indústria cultural podem ser atestados pela eficiência com
que se busca conciliar o capitalismo com a cultura através da produção em
massa, o que resulta na perda da força política desta, além da perda por parte
dos indivíduos da capacidade de questionar, refletir e anunciar novas formas de
como o mundo poderia ser. Nesse contexto, a escola, espaço onde deveria
acontecer uma formação intelectual que envolva o desabrochar do pensamento
e da criticidade, vivencia uma crise e não é possível ficar indiferente às
implicações que esta provoca. Em nossa pesquisa partimos dos pressupostos a
partir dos quais Adorno e Horkheimer elaboram os conceitos de cultura de
massa, sociedade, indivíduo e indústria cultural e nossa hipótese se baseia na
ideia de que a indústria cultural seria uma forma de dominação impeditiva do
exercício da liberdade, inclusive a de pensar.
Graduanda em Filosofia pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás.
Bolsista PIBID/CAPES.
1
12
A FILOSOFIA NO CURRÍCULO DO ENSINO FUNDAMENTAL II:
Uma proposta de “Educação para o Pensar”
Elias Terêncio da Silva1
[email protected]
Palavras-chave: Educação, ensino fundamental, Filosofia.
O objetivo deste trabalho é propor a inserção do ensino de Filosofia no currículo
do Ensino Fundamental II da educação formal, com vistas a uma “Educação
para o Pensar”. Porém, esta proposta enfrenta alguns questionamentos, tais
como: A criança teria capacidade de assimilação desta disciplina? Quais seriam
os conteúdos ministrados? Qual seria a utilidade da Filosofia no Ensino
Fundamental II? Considerando o atual sistema capitalista, até mesmo o ensino
deve ser direcionado aos interesses puramente econômicos. Por isso, segundo
Kraemer e Stamm (2009) na atualidade os diversos espaços educacionais e
midiáticos, têm um só clamor, de quem está ocupado e preocupado somente em
treinar e formar o futuro profissional, o trabalhador e também o consumidor do
presente. Nem as crianças escapam, pois estão cercadas de espaços sociais que
as induzem ao consumo. Diante disso, vivemos “sob a égide do útil; perdemos
a noção das coisas importantes” (KRAEMER; STAMM, 2009). Assim, “se em
outros tempos a utilidade era medida pelo tanto que algo servia ao que é
importante, hoje a importância de algo é medida pelo tanto que serve ao que é
útil para o consumo, para a diversão, para o dinheiro” (KRAEMER; STAMM,
2009). Neste sentido, tanto nas escolas públicas quanto nas particulares, e até
mesmo no ensino voltado para formar o profissional bem sucedido, só se fala
nas exigências do mercado de trabalho, fazendo com que o ensino esteja
direcionado exclusivamente para suprir aos interesses das demandas
econômicas, restando à educação básica a função de preparação para o
1
Graduando em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia.
13
vestibular. Nesta corrida rumo aos vestibulares, devido a enorme quantidade
de conteúdo a ser ministrado anualmente, não sobra tempo e nem espaço
suficiente para uma educação reflexiva nas aulas de Filosofia e isso leva os
alunos a perderem o interesse pela Filosofia. Em razão disso, queremos
apresentar o programa de Filosofia para Criança – “Educação para o Pensar”,
elaborado por Matthew Lipman (1922-2010). No Brasil, o Centro Brasileiro de
Filosofia para Crianças (CBFC), fundado em 1985, é o órgão responsável pela
divulgação deste programa. Segundo Lipman, Oscanyan e Sharp o “objetivo
primordial de um programa de Filosofia para Crianças é ajudá-las a
aprenderem a pensar por si mesmas”, porque “a Filosofia preocupa-se em
esclarecer os significados, descobrir as suposições e as pressuposições, analisar
os conceitos, considerar a validade dos processos de raciocínio e investigar as
implicações das ideias e das consequências que tem para vida humana em
sustentar certas ideias em vez de outras” (LIPMAN; OSCANYAN; SHARP,
1994). Portanto, queremos propor a inclusão do ensino de Filosofia no currículo
do Ensino Fundamental II do sistema educacional brasileiro, com o intuito de
ampliar o contato do aluno com a Filosofia. Acreditamos que a ampliação deste
contato, impulsionará o desenvolvimento das habilidades racionais do aluno,
levando a formação de um cidadão capaz de questionar, avaliar e criticar a
realidade que o cerca, por meio de uma educação reflexiva, isto é, uma
“Educação para o Pensar”.
14
UMA LEITURA DE MUNDO DO MUNDO VIRTUAL:
Contribuições da Filosofia para pensar a educação e a emancipação na
sociedade digital
Francisco José Porfírio Neto1
[email protected]
Palavras-chave: mundo virtual, Filosofia, educação para a emancipação.
No final do século XX a Internet ganhou estrondosa popularidade e hoje a sua
zona de domínio estende-se não somente pelos centros urbanos, mas atinge até
as periferias e zonas rurais. É possível que em um futuro não tão distante toda a
população brasileira tenha acesso à rede. Os investimentos do governo
brasileiro na chamada inclusão digital vêm abrindo as portas das escolas para a
entrada de computadores, incentivando o uso de softwares livres e facilitando a
compra de equipamentos informáticos. Mas será que basta ter acesso à rede e
alguns conhecimentos técnicos para adentrar no mundo virtual e nele
emancipar-se, tornar-se ativo e pensante? Dar a devida atenção a esse problema
é o foco deste trabalho. Trata-se de parar para pensar essa nova sociedade para
bem entendermos como explorar as possibilidades que a web proporciona à
educação e ao exercício da cidadania na sociedade digital, pois do contrário só
teremos mais um meio de difusão de informação que, assim como a televisão, é
dominado pelos grandes conglomerados empresariais que oferecem seus
“produtos” através da cultura midiática massificada transmitida pelos meios de
comunicação.
A virtualidade torna possível a “presença” em vários locais e,
comutativamente, encurta e até anula o espaço. Porém, o computador pode
passar de um facilitador de operações, de um mero acelerador do trabalho e
encurtador do espaço a um objeto de ação, de expansão do intelecto humano e
1
Graduando em Filosofia na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás. Bolsista
PIBID/CAPES.
15
de difusão do conhecimento. Assim, a Internet pode tornar-se meio de
transformação política e social, de exercício da cidadania e um espaço
educativo. Daí a necessidade de explorar as condições de possibilidade de uma
educação para a emancipação na sociedade digital, através de uma análise que
confronta criticamente os efeitos da virtualização com as implicações filosóficas
do problema da emancipação dos “habitantes” da sociedade digital. Partindo
dos textos de Adorno sobre educação e emancipação e dos trabalhos de Pierre
Lévy sobre a sociedade digital, este trabalho pretende explorar a problemática
supracitada através de uma análise filosófica focada nas contribuições da
sociedade digital para a educação e a emancipação.
16
O DILEMA DO POLÍTICO
Islane Viana de Souza1
[email protected]
Orientadora: Profa Dnda Ana Gabriela Colantoni
Palavras-chave: Corrupção, Ética, Dilema.
A ética aplicada realiza suas investigações sobre as ações práticas a partir das
regras das correntes éticas. Assim, temos a constituição de dilemas morais, em
que se é possível chegar a juízos morais divergentes, por terem sidos
fundamentados por regras diferentes. Nesse trabalho, mostraremos um
exemplo da aplicação de regras éticas considerando um caso prático específico.
Analisaremos um dilema moral relacionado a um caso fictício de um político
estrategista que está inconformado com a política no Brasil e resolve comprar os
políticos corruptos com o intuito de criar um ótimo governo. De um lado, ao
aplicarmos as regras da corrente utilitarista de Stuart Mill (MILL, 2007), que
tem em vista a maximização do prazer e a minimização da dor, chegaríamos à
conclusão de que a atitude do estrategista poderia ser correta moralmente, pois
mesmo que esteja agindo de forma corrupta, o político tem o objetivo de criar
um bom governo, o que seria melhor para a maioria. Por outro lado, ao
aplicarmos as regras deontológicas a partir de Kant (KANT, 2009) podemos
chegar à conclusão de que a ação do político estaria errada, pois ele estaria
agindo de forma corrupta, o que não está de acordo com o dever. Aplicaremos
também ao exemplo a Ética das Virtudes de Aristóteles, (ARISTÓTELES, 1991),
para ponderarmos e chegarmos à resolução do dilema.
1
Licencianda em Filosofia do curso de Filosofia do Campus da Cidade de Goiás da Universidade
Federal de Goiás. Bolsista PIBID/CAPES
17
CONSTRUINDO UM NOVO PENSAR: A ENTREVISTA COMO
PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO DE FILOSOFIA
Joaquim Onofre Silva Neto1
[email protected]
Palavras-chave: Ensino de Filosofia, entrevista, Hannah Arendt.
O presente trabalho tem como objetivo principal discutir em que sentido a
entrevista enquanto gênero textual pode contribuir de maneira significativa
para o ensino da Filosofia. O interesse por esse tema de estudo foi motivado,
primeiramente, por um fenômeno bastante comum nas aulas de Filosofia, o
qual se refere à relação entre Filosofia e tipo textual, pois apesar de existir uma
quantidade vasta e variável de gêneros filosóficos, apenas alguns tipos
específicos deles são explorados no espaço da sala de aula, ao passo que outros,
como a entrevista, quando não são inteiramente deixados de lado, aparecem de
forma vaga para o aluno, ora como um gênero menor dentro da Filosofia, ora
como algo que nem mesmo é considerado como parte dela. A partir disso, aqui
se busca entender como os alunos reagiriam diante de modelos textuais
diferentes daqueles que são trabalhados com certa regularidade pelos
professores de filosofia, e com isso avaliar como a exposição ao insólito pode
conseguir criar novas práticas pedagógicas referentes ao ensino de Filosofia.
Para tanto, este trabalho teve como proposta metodológica, na tentativa de
afastar ao máximo o que é propagado pelo academicismo filosófico, a
transmissão do pensamento arendtiano a partir de suas próprias entrevistas ou
por meio das entrevistas que foram realizadas sobre ela. Assim, é bom lembrar,
que a escolha de Hannah Arendt para esse projeto não foi casual, visto que essa
pensadora traduz em si mesma o inconformismo daqueles que não se
enquadram em nenhuma categoria. Como elemento final, este trabalho terá
1
Graduando em Filosofia pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás. Bolsista
PIBID/CAPES.
18
como meta a elaboração de uma entrevista com algum estudioso da obra
arendtiana, tarefa essa que será levada adiante conjuntamente pelo professor e
pelos seus alunos.
19
A PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO POLITICA NO ENSINO DE
AFRICANIDADES
Lorena Silva Oliveira1
[email protected]
Orientadora: Dra. Maria Socorro Ramos Militão2
[email protected]
Palavras-chave: Lei 10.639/2003, Formação Política, Gramsci.
Este estudo analisa a importância da inclusão da Lei 10.639/2003, que torna
obrigatório o ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana, nas grades
curriculares das instituições publicas e privadas de ensino do Brasil. O objetivo
é mostrar a importância da efetiva implementação da Lei, que embora tenha
sido sancionada em 2003, ainda não foi devidamente aplicada. Nesta
perspectiva, buscamos mostrar, tendo como fundamento o legado do filosofo
italiano Antonio Gramsci, que a inserção desta lei pode num processo gradual
contribuir não apenas para a formação básica escolar, mas também para iniciar
um processo de formação política a partir da História e Cultura Afrobrasileira e
Africana. Assim, o problema que orienta este trabalho é: a inclusão da Lei
10.639/2003 pode contribuir com a formação política dos estudantes
brasileiros? Supomos como hipótese provisória desta questão que, a partir da
noção de reforma intelectual e moral, a inclusão da lei juntamente com outros
conteúdos formadores, como: os filosóficos, sociais, políticos, históricos,
geográficos, matemáticos, artísticos, literários, antropológicos, dentre outros,
podem contribuir com a formação política dos estudantes ao longo de sua
formação, desde o ensino básico ao superior.O trabalho se justifica enquanto
um problema filosófico porque a filosofia se preocupa com a totalidade dos
problemas, e porque o tema ora proposto, só pode ser compreendido em sua
totalidade, a partir de seus aspectos humanos, sociais, políticos, econômicos e
históricos. Com efeito, sua análise demanda uma criteriosa reflexão critica e,
por conseguinte, exige o empenho filosófico e sua especificidade própria: que é
a reflexão sobre problemas e conceitos à luz da razão. Além disso, a análise
Graduanda em Filosofia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Bolsista do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência/CAPES - subprojeto: História e Cultura
Afrobrasileira e Africana.
2 Profa. Adjunta do Instituto de Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia.
1
20
deste problema se justifica por poder contribuir para que a sociedade brasileira
avance do ponto de vista filosófico político, por meio do enfrentamento da
complexa questão de reconhecimento da condição de humanidade e dignidade
da comunidade negra e de toda a sociedade brasileira com suas matrizes
africanas. Para isto, este estudo terá como base teórica o marxismo e mais
especificamente o pensamento do filósofo político italiano Antônio Gramsci, em
especial seus conceitos de reforma intelectual e moral e formação política. E
ainda, a lei 10.639/2003.
21
INVESTIGATIO INTERFECTOREM
Luiz José de Aquino Alves1
[email protected]
Palavras - chave: Educação, ensino médio, filosofia, jogos.
O presente trabalho, em formato pôster, visa experimentar o uso de jogos nas
relações de ensino-aprendizagem de Filosofia na educação do ensino médio. O
jogo de cartas Investigatio interfectorem 2 coloca o aluno em situação de vítima e
acusador onde, em uma situação específica, deverá se utilizar dos conceitos e
teorias filosóficas para se manter no jogo. O jogo deverá auxiliá-lo na
compreensão destes conceitos e teorias, bem como facilitar, através da
dinâmica, o trabalho do professor no ensino de filosofia, uma vez que, para
responder às perguntas, como, por exemplo, ‘Por que você não pode ser o
assassino’? ou ‘Por que você acha que ‘ele’ (outro participante) é o assassino?’,
eles devem recorrer ao pensamento filosófico. Na prática do jogo o aluno terá,
como referencial, cartas contendo as frases atribuídas aos filósofos. Com efeito,
eles terão que ter algum conhecimento destas filosofias. Caberá então ao
professor ajudá-los na interpretação e elaboração, tanto da defesa quando da
acusação. Isto permitiria ao aluno o desenvolvimento de um raciocínio crítico
em relação aos argumentos, bem como uma reflexão sobre os princípios éticos
contidos no jogo, relacionados às ações de matar, acusar e mentir.
1
Licenciando do Curso de Filosofia do Campus da cidade de Goiás da Universidade Federal de
Goiás.
2
Em Latim significa “A busca pelo assassino”.
22
ANTOLOGIA FILOSÓFICA DO CEMATF: UMA EXPERIÊNCIA COM O
ENSINO DE FILOSOFIA
Luiza Simões Pacheco1
[email protected]
Palavras-chave: Educação, pesquisa, Filosofia.
Com a Lei 11.684/2008, reconhece-se a obrigatoriedade do ensino de Filosofia
no Ensino Médio. Como pensar, porém, o ensino de Filosofia hoje no Brasil,
quando ainda se tem uma escola que forma estudantes com dificuldades de
leitura e compreensão? Estes são desafios que devem ser encarados por quem
pretende trabalhar com educação. O PIBID (Decreto 7.219/2010) é uma política
pública que vem no sentido de se pensar soluções para tais problemas, e
alternativas a uma educação tradicional que mostra cada vez mais sua
ineficiência – ao estimular atividades extracurriculares; a utilização de
ferramentas além do quadro/giz; o contato dos estudantes da escola pública
com o Ensino Superior; a formação de professores que desde cedo conheçam a
realidade da escola. Assim, pretende-se nesse resumo relatar uma experiência
do PIBID Filosofia UFBA que foi pensada em termos de estimular um contato
lúdico com temáticas da Filosofia. O projeto Antologia Filosófica do CEMATF
aconteceu entre os meses de agosto e outubro de 2012, no Colégio Estadual
Mário Augusto Teixeira de Freitas, na região central da cidade do Salvador. A
atividade consistiu na elaboração de trabalhos escritos, pelos estudantes da
escola, sobre três temas: Patrística, Escolástica e a morte no pensamento do
filósofo Sêneca. Sugeriu-se que os trabalhos fossem feitos em formato de poesia,
cordel, letra de música ou artigo, ficando a critério dos grupos qual destes
utilizar. Os principais objetivos do projeto foram estimular o contato dos
estudantes com os temas, importantes para a História da Filosofia ocidental;
fomentar a pesquisa em Filosofia, que deve ultrapassar os manuais e sites
1
Graduanda em Filosofia pela Universidade Federal de Bahia. Bolsista PIBID/CAPES.
23
introdutórios; incentivar as práticas de leitura e escrita. O projeto dividiu-se em
cinco momentos principais. Inicialmente, houve a escolha dos temas, em
reuniões dos bolsistas com o professor supervisor. Num segundo momento, os
bolsistas fizeram pesquisas sobre os assuntos, buscando fontes de leitura e
referências que pudessem ser indicadas aos estudantes, e que fossem acessíveis
à sua realidade de leitura. A terceira fase do projeto, de consultoria, foi a
principal, pois foi o momento de maior contato com os estudantes. Durante
duas semanas os bolsistas ficaram disponíveis no turno da tarde na escola, para
sanar dúvidas dos grupos e indicar-lhes as fontes de leitura previamente
pesquisadas. A quarta etapa foi de elaboração dos trabalhos e apresentações. O
momento de conclusão foi o de confecção da Antologia, isto é, seleção de alguns
trabalhos e sua impressão no formato de um livreto. Nosso projeto teve como
principal fonte de pesquisa a obra de Pedro Demo, Educar pela pesquisa. Nesta,
Demo traz uma perspectiva da pesquisa não só no âmbito do ensino superior,
mas também na educação básica, já que a encara como elemento fundamental
da educação. Segundo o autor, é através da pesquisa que a postura do
estudante como “um objeto apenas receptivo (...), condenado a escutar aulas,
tomar notas, decorar, e fazer prova” (DEMO, 2007) pode ser superada. Assim, a
pesquisa tem papel emancipatório, devendo ser encarada como atitude
cotidiana – assim como a Filosofia.
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O PAPEL DO FILÓSOFO FRENTE À PROBLEMÁTICA DA EDUCAÇÃO
NA MODERNIDADE
Paulo Freitas1
[email protected]
Palavras-chave: filósofo, educação, modernidade.
O interesse deste trabalho é demonstrar que, já no começo da modernidade, no
século XVII, toma corpo a ideia levada a cabo nos séculos subsequentes, de que
a educação e, particularmente, a Universidade, deve constituir-se no principal
espaço de inovação tecnológica e de modernização, privilegiando, antes de
tudo, a formação de mão de obra, o preparo para o mercado de trabalho. Vista
assim, a educação não tem sido um meio de formação do indivíduo, mas de
regulamentação deste. Trata-se, então, de problematizar de que modo ainda
podemos pensar a formação e a autonomia do indivíduo em meio a este sistema
de controle. A educação, enquanto instrumento utilizado com o propósito de
moldar as pessoas conforme os interesses do Estado, mantém, assim, a grande
máquina econômica e, desse modo, a educação moderna exerce o papel de
fabricar pessoas para o trabalho visando lucros. O Estado, com sua lógica
produtivista, ao enredar o indivíduo na busca pelo status, afirma que é preciso
comprar para ser feliz; para comprar é preciso dinheiro, para ter dinheiro é
necessário trabalhar e para trabalhar o indivíduo deve se adequar aos interesses
da moda trabalhista. O objetivo da educação passa a ser, assim, cada vez mais
produtivista e consumista. O indivíduo, então, não amadurece, não “cresce”, na
medida em que é mantido preso às rédeas do que a máquina governamental
dita. O problema então se apresenta: como pensar uma educação em que o
indivíduo possa se tornar autônomo? Se acompanharmos o pensamento de
Nietzsche, a proposta é que apenas o filósofo – enquanto indivíduo autônomo,
crítico e reflexivo – pode pensar a situação da educação e, à semelhança de um
médico, detectar a doença e receitar o tratamento. Nesse sentido, tratar-se-ia de
convocar a filosofia a se interessar pela problemática educacional. Nosso
interesse por este tema surgiu a partir de análises de textos nas aulas das
disciplinas de Estágio e de Fundamentos Filosóficos e Sócio-Históricos da
Educação, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás.
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Graduando em Filosofia da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás.
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PIBID: ESPAÇO DE COMPREENSÃO E TRANSFORMAÇÃO DO ENSINO
DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Ramires Fonseca Silva1
[email protected]
Palavras-chave: PIBID, Ensino de filosofia, Educação de Jovens e Adultos.
A comunicação visa analisar como as propostas curriculares elaboradas pela
Secretaria de Educação do Estado da Bahia, direcionadas ao ensino de filosofia
na modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos (Tempo Formativo III –
Ensino Médio), são assimiladas pelos estudantes no Colégio Estadual Ruth
Pacheco em Salvador-Ba. Partindo da atuação do PIBID (Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência), observa-se que a implementação dos eixos
temáticos, sugeridos pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, não
contemplam uma abordagem de temáticas filosóficas significativas. Ao
contrário, sinalizam em direção de práticas inclinadas a reproduzirem as
condições institucionais de passividade do alunado. Além disso, tem produzido
generalizações que veem servindo para deslegitimar experiências de
professores,
consolidando
assim,
contextos
que
não
condizem
com
procedimentos didáticos significativos. A partir destas perspectivas, a atuação
do Pibid na unidade escolar através dos projetos, de olhares diferenciados dos
licenciandos via metodologias inovadoras, aliado a uma postura mais reflexiva
do supervisor/professor, não contribuiria com a proposta de gerar uma
valorização
do
saber
trazido
pelos
estudantes-trabalhadores,
e
consequentemente, produzir um espaço didático propício à provocação
filosófica efetiva? Além disso, o desenvolvimento da formação do futuro
profissional da educação, neste contexto, não estaria assentado num terreno
fértil de possibilidades de construções investigativas e críticas acerca do ser, e,
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Graduando em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia. Bolsista PIBID/CAPES.
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do estar professor? Portanto, o nosso objetivo é promover um espaço de
observação e acompanhamento do licenciando em filosofia da Universidade
Federal da Bahia através do PIBID, tendo em vista um espaço de atuação na
modalidade de ensino – Educação de Jovens e Adultos no Ensino Médio da
Educação
Pública
–
cujo
foco
principal
é
lançar
possibilidades de
ressignificações do ensino de filosofia, onde prevaleçam intervenções didáticas
que garantam a aprendizagem através da interação dialogal entre professor
reflexivo e alunado com suas experiências cotidianas do mundo do trabalho, as
quais possam ser valorizadas. Neste sentido, a inclusão do bolsista do Pibid,
neste universo pedagógico tem o propósito de mostrar responsabilidades
partilhadas entre o supervisor e o licenciando, permitindo-lhes reconstruir
metodologias, a fim de que compreendam melhor o universo cultural do
alunado. Outro aspecto relevante é a valorização dos saberes construídos além
dos muros da escola, sobre os quais o ensino de filosofia, possa mostrar aos
estudantes sua validade de forma horizontal e pluralista, abrindo-lhes espaços
de interlocuções. Ou seja, o ensino de filosofia encarnado na sociedade, na
“mundanidade” com significados trazidos para dentro do espaço escolar.
Então, parece perfeitamente plausível apresentar para ao licenciando um
ambiente pedagógico, no qual o alunado está inserido dentro de um contexto
peculiar, impregnando-lhe de experiência da vida, que os levem a enfrentar
questões do nosso tempo, e engendrando daí condições de possibilidades de
um ensino de filosofia mais significativo.
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GOVERNAMENTALIDADE NEOLIBERAL, EDUCAÇÃO E
CULTURA DO EMPREENDEDORISMO
Ronaldo Moreira de Souza1
[email protected]
Palavras-chave: Governamentalidade neoliberal, educação, processos de
subjetivação.
Neste trabalho examinamos de que modo a noção de homo oeconomicus, tal como
apresentada por Michel Foucault, no curso Nascimento da biopolítica (1978-1979),
pode contribuir para pensarmos os nexos entre a governamentalidade
neoliberal, a educação e o problema da constituição do sujeito na atualidade.
Partindo da concepção de homo oeconomicus, investigamos de que modo se
constituem os processos de subjetivação, em um tempo em que de parceiro da
troca, o indivíduo foi transformado em “microempresa” e isso significa que,
maneiras de pensar e agir passam a ser produzidas por toda uma
normatividade econômico-empresarial no sentido de promover as habilidades e
competências que o indivíduo deve possuir. O capital humano é, assim,
formado a partir de elementos que são inatos, isto é, herdados, e por elementos
que são adquiridos pela atenção que os pais consagram aos filhos, para depois
serem aprimorados pela educação. A formação deste capital humano se, de um
lado, depende do investimento em educação, de outro, depende do papel
fundamental que os pais têm no desenvolvimento da criança. Esse capital
humano não é algo negociável que pode ser adquirido no mercado, por
exemplo, ou que possa ser vendido. Ele é adquirido, sem dúvida, mas por
intermédio de investimento no próprio individuo. Desse modo, o homem
contemporâneo pode ser caracterizado como aquele que investe em si mesmo, a
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Graduando em Filosofia da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás.
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fim de melhorar o seu capital humano e em consequência obter uma
remuneração, pecuniária ou não, a qual significa para ele a renda de seus
investimentos em si mesmo e seus benefícios são usufruídos quando ela se
converte em sua própria satisfação à medida que ele consome. Em outras
palavras, o homem moderno é um empresário de si mesmo, pois na medida em
que é um consumidor, ao mesmo tempo é um produtor de sua própria
satisfação. Acompanhando as análises de Foucault no referido curso,
verificamos que a educação tem uma função importante nessa mudança de
comportamento, visto que as formas de gestão do sistema educacional e as
teorias que as fundamentam estão respaldadas em concepções neoliberais, cujo
objetivo é tornar a educação um mecanismo de formação do “capital humano”.
Com efeito, a cultura do empreendedorismo que se difundiu nos meios
empresariais e depois se disseminou nos espaços socioculturais, são efeitos
dessa forma de governamentalidade neoliberal nos domínios da educação, que
instituiu como valores normativos o empreendedorismo e o capital humano.
Resta saber, portanto, quais as implicações desses investimentos educacionais
levados a cabo pelo Estado para os processos de subjetivação e individuação,
pois partimos da hipótese de que o sujeito é a dobradiça que conecta as relações
entre a educação e a governamentalidade neoliberal.
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O LUGAR DA LEITURA E DA ESCRITA NO PROJETO FILOSÓFICO DE
NIETZSCHE EDUCADOR:
Por uma educação que privilegie a cultura e a singularidade
Thaís Rodrigues de Souza1
[email protected]
Palavras-chave: Ensino de Filosofia, metodologia, Nietzsche, singularização.
Sabemos que a educação formal habita instituições escolares de caráter
massificador e utilitarista e, também, que a disciplina de filosofia retorna ao
currículo da educação básica em meio a condições precárias de ensino. Somamse a isso, as muitas dificuldades que os professores enfrentam diante da
resistência dos próprios alunos à leitura e à escrita. Nesse contexto, a proposta
de aproximar os estudantes do ensino médio das obras filosóficas pode parecer
ingênua, no entanto, consideramo-la indispensável. Tal como pensamos, uma
proposta metodológica de ensino de filosofia para o nível médio deve estar
assentada numa atitude contrária àquela que busca adaptar os programas
escolares às deficiências do aluno. Desse modo, a proposta deste trabalho está
relacionada ao campo da didática, isto é, ao lugar e à função que devemos
atribuir à metodologia do ensino de filosofia. Entretanto, se não podemos
perder de vista essa dimensão que perpassa a atividade de qualquer tipo de
ensino, em filosofia, certamente, essa atividade requer algo mais. É esse “algo
mais” que está em jogo aqui. Partimos da hipótese de que a didática filosófica
está intrinsecamente relacionada com o modo pelo qual o professor se apropria
do acervo da filosofia para, assim, poder ensiná-la. É dessa perspectiva que,
como professores de filosofia, devemos ensinar a ler. Antes, porém, devemos
aprender a ler. Neste trabalho, debruçamo-nos na leitura de um pensador que
se ocupou intensamente com o tema, objeto de nosso trabalho. Trata-se de
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Graduanda em Filosofia da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás. Bolsista
PIBID/CAPES.
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Nietzsche e à importância que este filósofo atribuiu ao aprendizado da leitura e
da escrita para a formação dos jovens de sua época. Nietzsche constata as
fragilidades do projeto educativo de sua época e propõe às instituições de
ensino uma aproximação dos indivíduos com a cultura, com as obras e os
homens nobres. Em sua crítica à educação de seu tempo, Nietzsche aponta para
o enfraquecimento da cultura. Para ele, a cultura se tornou o cultivo da
fraqueza; sua mobilização primeira é a debilidade e sua única força a
racionalidade, que se impõe como único móvel, impedindo o desenvolvimento
de outras faculdades, como é o caso da sensibilidade. É nesse contexto que
surge uma cultura menor ligada ao “eu” e às necessidades cotidianas, que não
permite que a educação, a arte e a cultura sejam fins em si mesmos. Com isso, o
que Nietzsche propõe é, de um lado, fomentar o desenvolvimento de um
homem que não tenha por princípio apenas a satisfação de suas necessidades
imediatas e, de outro, uma cultura autêntica que “pressupõe a fusão da vida e
da cultura, a partir da necessidade vital de um povo e do desenvolvimento, na
‘justa proporção’, de todos os seus instintos e dons, de modo que frutifiquem
em ações e obras e criem, no estilo da obra de arte, uma unidade viva” (DIAS,
2003, p. 87). À luz do exposto e na contramão de um projeto educativo de
caráter massificador, em um tempo em que a cultura encontra-se generalizada,
há de se repensar o processo educativo na perspectiva da singularização. Eis o
propósito desta comunicação.
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FILOSOFIA E MÚSICA : UMA MISTURA QUE ENCANTA
Thiago Felipe Lima da Mata1
[email protected]
Palavras-chave: Filosofia, música, educação.
O trabalho é um projeto realizado no Colégio Estadual Ruth Pacheco na
periferia de Salvador-BA. O Projeto “Em cantos filosóficos” foi criado por mim
e aderido pelos demais bolsistas do PIBID de Filosofia da UFBA atuantes no
referido colégio do qual também faço parte. O Projeto parte do pressuposto que
para fazer filosofia precisamos estar “encantados” ou ainda “admirados” com
elementos da vida. Esta noção de encantamento ou admiração já é descrita por
vários filósofos. Aristóteles por exemplo já dizia que: "Na verdade, foi pela
admiração que os homens começaram a filosofar” (Metafísica). O Projeto nasce
da proposta do PIBID da criação de práticas docentes para as aulas de filosofia
no ensino médio nas escolas públicas. Consiste no aprendizado de filosofia por
meio de letras de canções da MPB em seus diversos gêneros musicais. Esta é a
tática para “encantar” os alunos da escola e motivá-los a estudarem filosofia.
Alunos estes desmotivados e repletos de preconceitos em relação à disciplina
passam a se interessar por ela tomando como porta de entrada a música. Ao ler
a música identifica-se palavras ou expressões desconhecidas e estimula-se a
capacidade de interpretar. Em seguida é identificado o tema filosófico em
questão e é proposto o debate. Ouve-se a música e partilha-se as impressões. A
denominação do projeto “Em cantos filosóficos” faz alusão a esta temática do
encantamento (Encantos), espanto, admiração (com a noção do verbo grego
thaumazein e suas apropriações pela filosofia) e também ao aspecto lúdico em
que se aprende filosofia (Em cantos). A música na verdade serve de “isca” para
o aprendizado de filosofia. Quando se propõe a ler uma letra de música, por
exemplo, dos “Engenheiros do Havaí” que diz: “Um dia me disseram /Que as
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Graduando em Filosofia da Universidade Federal da Bahia. Bolsita PIBID/CAPES.
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nuvens não eram de algodão/Um dia me disseram/Que os ventos às vezes
erram a direção/E tudo ficou tão claro/Um intervalo na escuridão...” pode-se
debater as questões das crenças, dos mitos e fazer uma relação com o famoso
mito da caverna de Platão. Por fim, o projeto vem apresentar uma filosofia de
forma criativa na escola, valorizando aspectos culturais do educando e usando
a música como fator motivacional para o aprendizado de filosofia.
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